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Prevenção: Saúde e Bem-Estar
Brincar é coisa séria…
E ajuda no desenvolvimento e saúde das crianças.
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Ao brincar, as crianças expõem-se de maneira saudável a micro-organismos do ambiente, apresentando-os ao seu sistema de defesa em quantidade e situação favorável para que ele aprenda o que deve ou não tolerar. Protege contra as alergias e estimula mecanismos de defesa contra doenças (sem adoecer), à semelhança do que acontece com as vacinas. Além disso, o estímulo motor leva à melhor expetoração das secreções respiratórias e a uma melhoria no apetite, contribuindo para a prevenção de doenças. Quando falamos de saúde devemos abranger a psicológica e social. Estimular uma criança a brincar tem um grande impacto para o crescimento saudável. É fácil perceber como este estímulo contribui para a criatividade e a aprendizagem cognitiva e motora, mas é menos óbvio como influencia na aprendizagem social da criança. Ajuda e ensina no relacionamento social, a perceber e respeitar diferenças e semelhanças, a defender e a partilhar. É uma ferramenta imensa para aprender a competir, a saber organizar e a percecionar regras (quando estas devem ser seguidas e quando podem ser infractas).
Brincar e Saúde Psicológica. Existe ligação?
Ainda menor do que o impacto social está a perceção do contributo para a saúde psicológica. Durante o ato de brincar, a criança aprende a controlar a ansiedade (enquanto espera pela sua vez, por exemplo), a lidar com a frustração da derrota e como se erguer para tentar de novo, como expressar empatia ao colocar-se no lugar do outro seja na dor/ derrota ou na alegria/vitória, a expressar autonomia, a impor a personalidade e também a permitir que o outro imponha a sua própria personalidade. A criança aprende também a não ter medo do “novo”, que nesta fase é uma nova brincadeira ou um alimento diferente, mas que no futuro pode ser o facto de enfrentar uma mudança de emprego, de cidade, um novo relacionamento, entre outros.
Crianças, tecnologia e as novas formas de brincar
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A verdade é que a brincadeira é a base de tudo. Permite-nos ser genuínos e espontâneos. É
onde podemos rir ou chorar sem julgamentos. É uma aventura que se encontra assinalada na Declaração Universal dos Direitos das Crianças desde 1959. Por isso, além de um direito,
deveria também fazer parte da lista de deveres diários das crianças.
Ainda não há muito tempo, brincar na rua era
quase uma regra. Quase como verdadeiros
exploradores, inventores, construtores…
passava-se horas com apenas dois berlindes e três elásticos.
Os tempos mudaram e as brincadeiras também. Foram substituídas, na sua grande maioria, por
videojogos o que, a juntar ao tempo que as
crianças passam na escola e em atividades extracurriculares, o tempo que resta é escasso
para explorar e construir novas brincadeiras. Por vezes, separar este tempo parece muito difícil. Talvez a solução
passe por mudar o pensamento, passando de fazer tudo por eles para fazer mais coisas com eles! Sim, várias coisas... muitas coisas... as coisas possíveis com as nossas crianças.
Reforçar momentos em família funciona como um importante amortecedor emocional, conforta as quedas e alivia as frustrações. Não as evita, mas enfraquece-as, conseguindo-se mudar o foco
para outras tarefas ou momentos de prazer que melhoram a
autoestima, o bem-estar e, acima de tudo, fortalecem os laços
relacionais!
E pode ser tão fácil! Um jogo de tabuleiro, um baralho de cartas ou dominó, um passeio de bicicleta ou de patins, uma ida à praia ou ao
parque, um conjunto de bonecos, um livro de colorir, peças para
construir, ou fazer umas bolachinhas para o lanche!
Tudo (ou quase tudo) pode ser usado para ganhar competências, pensar mais além, voar mais alto!
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Um canal privilegiado de relação e emoção!
É discreta e quase invisível, como se não existisse. A doença mental, alvo ainda de muita desconfiança e preconceito, não é palpável como uma perna fraturada ou uma ferida em sangue e é vista tantas vezes como sinal de fraqueza.
O suicídio permanece uma das principais causas de morte nos jovens entre os 15 e os 24 anos. Os problemas de saúde mental são os que maior impacto tem na qualidade de vida das crianças e adolescentes e, simultaneamente, os que menos resposta têm em Portugal. É através da brincadeira, dos jogos estruturados, mas acima de tudo dos jogos não-estruturados, do faz-de-conta, que se ensaiam diferentes papéis e personagens, que se podem interiorizar regras e limites, viajar por mundos desconhecidos, enfrentar medos, cuidar e curar como os médicos.
Durante a brincadeira reciclam-se emoções negativas e afastam-se pensamentos negativos. Ensaiam-se conflitos e
descobre-se a melhor forma de os resolver.
Testam-se soluções e descobre-se melhor as personalidades, do que se gosta ou como se pode ser mais feliz!
Sabia que? Entre 10% e 20% das crianças e jovens em Portugal sofrem de algum tipo de perturbação psicológica, sendo que apenas 25% são referenciadas para algum serviço de saúde.
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