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TURISMO LGBTQIA
from BTM 2022
BRASIL É O 2º MAIOR MERCADO LGBTQIA+ DO MUNDO
De acordo com dados oficiais, segmento é responsável por 15% da movimentação financeira do turismo mundial
Com potencial mundial de consumo de US$3 trilhões anuais, segundo dados da Organização Mundial do Comércio, a comunidade LGBTQIA+ tem despontado no setor e reforçado sua relevância. De acordo com a Organização Mundial do Turismo, o segmento LGBTQIA+ é responsável por movimentar 10% da indústria em volume de viajantes e 15% em relação ao financeiro.
“Se fôssemos um país, seríamos a quinta economia turística. Que país quer perder os visitantes da quinta economia do planeta?”, indaga Pablo De Luca, presidente da Câmara de Comércio LGBT da Argentina (CCGLAR).
O Brasil é o segundo maior mercado LGBTQIA+ no mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos. E, apesar de nunca ter sido feito nenhum levantamento oficial, a Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, estima que essa população invista pelo menos R$ 150 bilhões por ano em viagens.
“O trade nacional começou a ver nosso turista com mais volume, viajando internamente com o fechamento das fronteiras, além disso, tivemos a entrada muito forte de grandes marcas apoiando a comunidade LGBTQIA+ e isso foi dando a este público mais confiança de viajar à vontade pelo nosso país, o que antes não acontecia tanto”, afirma Alex Bernardes, criador e diretor geral da LGBT+ Turismo Expo.
“Estou muito otimista com o turismo LGBTQIA+ nacionalmente falando. A pandemia obrigou a gente a redescobrir o Brasil em todos os segmentos, mas principalmente para o nosso público, que tinha medo de ser mal recebido”, afirma Bernardes. Para ele, a indústria turística nacional precisa se qualificar para receber o viajante e prestar um serviço de qualidade. “O treinamento é a base de tudo. Não só para o público LGBTQIA+, mas para todo mundo. Por isso, empresas privadas e marcas investem tanto neste quesito. Ser bem atendido é o objetivo de todos. Quando falamos em diversidade e inclusão, as pessoas dizem que o turismo recebe bem todos os públicos, mas não é bem assim”, aponta.
No que tange ao perfil do público, um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, dentre os casais que moram juntos, os homoafetivos são mais bem-sucedidos que os héteros. A renda média de famílias gays é 65% maior do que uma família composta por heterossexuais com filhos.
Foto: Mercedes Mehling
PARADA DO ORGULHO LGBT+
Graças a flexibilização dos protocolos de biossegurança em combate à Covid-19, aos poucos, temos visto o retorno dos eventos e festivais ao mercado. Em junho, houve a tradicional celebração do Orgulho LGBT+ a nível mundial, que resultou em uma série de paradas, festas e feiras para a comunidade celebrar, conquistar e reforçar causas, impactando, ao mesmo tempo, a economia.
Conforme dados da Empresa Municipal de Turismo de São Paulo (SPTuris), a Parada do Orgulho LGBT é o evento que mais atrai turistas à cidade. Em 2022, os dados apontam para alta de 15,1% em gastos médios por turistas, chegando a R$ 1.881,84 em comparação com os R$ 1.634,20 de 2019. Já o gasto médio no evento, por pessoa, foi de R$ 132,30 – 7,5% a mais que 2019 (R$ 123).
“A Parada do Orgulho LGBT não acontece somente no domingo, são três dias muito bem planejados e que contam com uma feira de negócios, onde podemos evidenciar as oportunidades de negócios já disponíveis e criar novas”, afirma Clovis Casemiro, coordenador da Associação Internacional de Turismo LGBTQIA+ (IGLTA) no Brasil.
As informações são da pesquisa “Perfil e Satisfação de Público Parada LGBT+ 2022”, realizada pelo Observatório do Turismo da cidade de São Paulo. Os dados mostram que 40% dos participantes foram visitantes. Destes, 12,3% eram de cidades da região metropolitana de São Paulo e 14,5% do interior do estado. Turistas de outras localidades totalizaram 13,6%, sendo a maioria de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia e Santa Catarina. Ainda sobre o público, cerca de 40% esteve no evento pela primeira vez neste ano, 50,1% participaram da Parada em 2019 e 10,2%, nos anos anteriores.