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Dez temas: Marcelo Freixo avalia papel da Embratur

Dirigente esteve no Rio de Janeiro e em São Paulo para ouvir demandas do trade turístico e apresentar algumas das suas ideias

Natália Strucchi e Pedro Menezes

Nos últimos dias, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, esteve reunido com representantes do trade do Rio de Janeiro e de São Paulo. Na capital fluminense, o encontro ocorreu durante a reunião do Conselho Empresarial de Turismo da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Já na capital paulista, o encontro foi na sede do São Paulo Convention & Visitors Bureau, liderado pelo presidente-executivo do SPCVB, Toni Sando. Nomes de peso do turismo brasileiro estiveram presentes e, em ambas as ocasiões, Freixo revelou muitas das suas opiniões sobre o setor turístico do País e ainda deixou clara a forma como vai conduzir a Embratur nos próximos anos. Quer saber tudo que foi dito de mais importante nos eventos? Listamos abaixo 10 pontos citados por ele. Confira.

1 - EQUIPE DA

Embratur

Quem estava na equipe e tem perfil técnico será mantido, não haverá caça às bruxas. A Jaqueline Gil, diretora de Marketing, por exemplo, foi indicada pelo mercado, pelo seu perfil técnico. Eu não a conhecia antes. Assim como a Renata Haje, que ficará responsável pela captação de recursos; a Camila Sousa, que permanecerá na coordenação do escritório da Embratur no Rio; a Mariana Aldrigui, o Bruno Reis. Temos que associar a boa política à capacidade técnica do setor. Teremos uma equipe mais enxuta, mas com mais capacidade técnica.

2 - PARTICIPAÇÃO NAS FEIRAS INTERNACIONAIS

O Brasil está muito mal nas feiras em termos de estética e programação. O Bruno Reis será o responsável agora por isso. Na Fitur, por exemplo, eu cortei metade das pessoas que “iriam passear” na Espanha. Isso vai ser a norma e a forma do Brasil funcionar. Em Lisboa e Berlim estaremos presentes, mas em ambos os casos a participação foi organizada pela gestão anterior. Já na WTM de Londres quero que passe a funcionar um novo modelo, prezando pela integração da Embratur com os estados. A promoção do nosso País não pode ser feita de maneira isolada. Vamos requalificar a participação do Brasil nas feiras.

3 - MARCA BRASIL

No último governo, sem qualquer estudo, trocaram a marca da aquarela, colocaram Brasil com “z” e uma frase em inglês (visite e nos ame) que foi muito mal vista por conta de sua dupla conotação. Isso tudo será revisto, vamos fazer uma atualização de marca, mas baseados em estudos (a nova marca foi lançada no último dia 14 de fevereiro, leia abaixo).

4 - RECURSOS

A Embratur precisa ter uma gestão sustentável. Hoje o caso é grave. Não se faz promoção sem recursos. Embratur se tornou uma empresa social autônoma, então ela não está no orçamento e lamentavelmente o governo não criou um lugar para que a Embratur tenha sustentabilidade, nem para o seu pagamento de salários, muito menos para promoção. O que temos hoje é uma parceria com o Sebrae, mas queremos chamar todo o Sistema S que tem uma relação direta com o turismo que é parceiro da Embratur para que a gente tenha sustentabilidade. O Brasil vai lucrar muito, vai gerar emprego e desenvolvimento se tiver capacidade de promoção.

Só para se ter uma ideia, o México investe em média US$ 240 milhões de dólares em promoção, o Peru investe US$ 50 milhões, a Colômbia US$ 30 milhões e o Brasil US$ 14 milhões. Sei que não vamos ter os US$ 240 milhões do México, então precisamos gastar a nossa verba com inteligência. Tenho certeza que no Governo Lula nós vamos garantir recursos e sustentabilidade para a Embratur. No último relatório do Canadá, para cada US$ 1 investido no turismo, US$38 voltaram para a economia do Canadá e é essa lógica que queremos seguir aqui no Brasil.

5 - LIGAÇÕES AÉREAS

Já me reuni com a Abear e com as principais companhias. As empresas aéreas hoje se preocupam muito mais em levar os brasileiros para fora, do que em trazer turistas. Acho ótimo, mas o que vai gerar emprego e renda é trazer os visitantes internacionais para cá. Em relação ao Aeroporto do Galeão, ressalto que é fundamental para qualquer perspectiva de turismo no Rio de Janeiro recuperá-lo. Não teremos turismo internacional de volta ao Rio se dependemos do Santos Dumont (SDU). A Embratur será aliada do Rio de Janeiro na recuperação do Galeão.

6 - ESCRITÓRIOS NO ESTADOS

Não há representatividade física nos estados, mas acho importante que a Embratur tenha escritório no Rio de Janeiro. Assim que tivermos recursos, certamente teremos uma sede física e acredito que isso aconteça ainda neste ano.

7 - RECEBIMENTO DE TURISTAS INTERNACIONAIS

A pandemia atingiu o mundo inteiro, mas se você olhar o Peru, a Colômbia, a

Argentina, eles já recebem mais turistas internacionais que o Brasil e eles também viveram a pandemia, se recuperaram mais rapidamente que o Brasil, que possui um potencial enorme, com dimensão continental e capacidade para atrair turistas do mundo inteiro. O que falta é promoção, qualidade da informação e investimento. E isso a gente vai fazer. Estamos no patamar atual de três milhões e a nossa meta é dobrar isso agora, alcançando os seis milhões e então passar essa quantidade. Sem dúvida nenhuma, com esse pacto que estamos fazendo com toda a sociedade civil do turismo, vamos conseguir.

8 - FALTA DE DADOS

Não temos informações detalhadas e diagnóstico da realidade do recebimento de turistas internacionais no Brasil. Contratei Mariana Aldrigui e dois outros professores da USP para levantar os dados que precisamos. Hoje não temos informações suficientes para traçar estratégias corretas e isso vai mudar.

9 - GESTÃO

O quadro que encontramos foi a maior crise da história da Embratur. Em dezembro e janeiro, quando a eleição já havia terminado, foram nomeadas e promovidas 37 pessoas na Embratur e isso representa um prejuízo de R$ 3,7 milhões com as demissões. Evidente que anulamos essas promoções e mandamos essas pessoas embora. Todas as demissões foram analisadas caso a caso, todas as pessoas sérias permanecem.

10 - RECADO AO TRADE

Meu projeto é ficar quatro anos à frente da Embratur. Esse é um momento positivo para a reconstrução da imagem do Brasil lá fora. A Embratur está aberta, portanto, usem a Embratur. Procurem a gente. Estou à disposição de vocês. Temos como sair da crise e estou trabalhando nisso. Turismo é comida no prato. Turismo é desenvolvimento, é renda. Precisamos que o mundo volte a visitar o Brasil. O Brasil que a gente quer é o Brasil que temos que mostrar para o mundo. A Embratur é decisiva e estratégica para isso. Estamos recuperando e limpando a Embratur. Abrindo amplo diálogo com a sociedade.

Marca Brasil é relançada e será usada na promoção do país no exterior

A Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) relançou oficialmente a Marca Brasil no último dia 14 de fevereiro, com o objetivo de fortalecer a imagem do país no exterior. O relançamento traz de volta a identidade visual original criada em 2005, durante a vigência do Plano Aquarela, e mantida até 2018, além de substituir o material promulgado pelo governo anterior, que utilizava signos diferentes aliados ao slogan ‘Brazil - Visit and Love Us’. Em relação aos elementos gráficos, a arte criada e atualizada por Kiko Farkas conta com um manual de uso, o qual é aberto a todos os cidadãos do país, desde que seja para a promoção saudável e positiva da imagem da nação.Diferente do que era usado desde 2005, a marca Brasil não conta mais com a palavra ‘Sensacional’, além disso, pequenos ajustes foram feitos para deixá-la mais moderna.

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