Arte conceptual - Iris Van Herpen

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Artes e Letras

Iris Van Herpen Arte Conceptual na Moda

Melissa Rodrigues da Cruz - nº 32456

Trabalho de Investigação para a Unidade Curricular de Movimentos Artísticos Contemporâneos (1º ano/2º semestre)

Licenciatura em Design de Moda (1º ciclo de estudos)

Orientador: Profª Doutora Fátima Oliveira Caiado

Covilhã, Maio de 2013


A arte conceptual nĂŁo ĂŠ sobre beleza, mas sobre conceito.

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INDICE

INDICE ............................................................................................................................... 3 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4 ARTE CONCEPTUAL - Enquadramento teórico ................................................................. 5 AUTORES E OBRAS - com relevância para o movimento ............................................. 8 Marcel Duchamp ...................................................................................................... 8 René Magritte ........................................................................................................... 9 Joseph Kosuth ......................................................................................................... 10 Hans Haacke ........................................................................................................... 12 Joseph Beuys .......................................................................................................... 13 METODOLOGIAS ADOPTADAS ........................................................................................ 15 Ramos da Arte conceptual – Design de Moda Conceptual ............................................ 15 Comme des Garçons ................................................................................................... 17 John Galliano .............................................................................................................. 18 Hussein Chalayan ........................................................................................................ 19 Alexander McQueen ................................................................................................... 21 Iris Van Herpen ............................................................................................................... 26 Biografia ...................................................................................................................... 26 Exibições: ................................................................................................................ 27 Prémios: .................................................................................................................. 28 Iris Van Herpen – Arte conceptual ............................................................................. 29 Obras/Coleções .......................................................................................................... 30 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 41 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 42

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INTRODUÇÃO

Neste trabalho, de Investigação para a Unidade Curricular de Movimentos Artísticos Contemporâneos, pretendo falar sobre a arte conceptual, e abordar o mundo da moda, pois são dois conceitos que separadamente são interessantes e juntos, são o produto de grandes coleções de moda que cada vez mais percorrem o mundo. O titulo – “Iris Van Herpens – Arte Conceptual na moda” – é o mais indicado pois ao longo desta investigação irei abordar a arte em si, os seus principais artistas, a ligação que a moda tem com a arte conceptual, alguns dos artistas deste tipo de arte e por fim, a artista escolhida, Iris Van Herpen. Tal como na arte conceptual, um movimento que considera a ideia e o conceito, o mais importante aspeto que está por detrás de qualquer obra artística, na moda conceptual, também se dá essa importância a estes aspetos. A moda conceptual é utilizada, tal como qualquer arte conceptual para expressar ideias, conceitos e a exuberante criatividade, onde tudo “fala por si”, o tecido, o molde, a pesquisa, a inspiração principal e a história do conceito pretendido. Existe pouca análise académica que pode explicar como é que os designers são destingidos como designers conceptuais, um dos grandes problemas é que os designers não têm contribuído para a pesquisa da moda, o que nos dá, a nós, investigadores, uma grande dificuldade na compreensão do processo conceptual na moda. Esta conexão, entre a arte conceptual e a moda conceptual é feita através do que os investigadores conseguem interpretar das coleções destes artistas, pois os designers conceptuais, demonstram que a moda produz uma moda mais intelectual, em que usa o vestuário como forma de comunicar as ideias, de questionar a natureza da moda, o que os diferencia da moda convencional que é feita como produto comercial.

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ARTE CONCEPTUAL - Enquadramento teórico A Arte conceptual é definida como um movimento artístico contemporâneo, inspirada no absurdo dadaísta, que afirmava a superioridade do pensamento do artista em relação à execução da obra, desprezando a existência material da arte. Esta defende a superioridade das idéias veiculadas pela obra de arte, deixando os meios usados para a criar em lugar secundário. Basicamente rejeitando a funcionalidade visual da parte das artes plásticas, a realidade da arte conceptual consistiu, entre outros fatores, na possibilidade da arte fazer da sua definição uma obra de arte. Trata-se de dar à obra de arte, essencialmente visual, a oportunidade de se ver constituída por uma exclusividade linguística, como Benjamin H. D. Buchloh criticou: “A arte nos anos 60 instou à proibição de toda e qualquer visualidade como uma inescapável regra do final do séc. XX. Tal como o readymade negou não apenas a representação figurativa, como ainda a autencidade e a autoria, introduzindo a repetição e seriação (isto é, lei da produção industrial), substituindo a manufatura original do estúdio, do mesmo modo a arte conceptual substituiu a estética dum mundo de produção industrial e de consumo (a pop arte) por uma estética administrativa com uma organização legal de validação institucional”. (Buchloh, “From the aesthetic of to institucional critique: some aspects of conceptual art,

Figura 1 Porte-Bouteilles" 1914

1962-1969”, Centre Georges Pompidou, 1989). Já o artista Sol LeWitt referiu, que na arte conceptual, “a ideia ou o conceito é o aspeto mais importante da obra. Quando um artista usa uma forma conceptual de arte, significa que todo o planeamento e decisões são tomadas antecipadamente, sendo a execução um assunto secundário. A ideia torna-se na máquina que origina a arte”. Este movimento artístico teve o seu período de afirmação, iniciação e desenvolvimento em meados da década de 1960, mantendo repercussões bastante interessantes até à atualidade. Este está parcialmente em reação ao formalismo, sendo mais tarde sistematizada pelo crítico nova-iorquino: Clement Greenberg. No entanto, Marcel Duchamp, nas décadas de 1910 e 1920, já tinha prenunciado o movimento 5


conceitualista nas suas obras, ao projetar vários trabalhos que se tornariam o protótipo das obras conceptuais, como os readymades (termo inventado por Marcel Duchamp em 1915 para descrever objetos pré-fabricados, muitas vezes produzidos em massa isolados de seu contexto funcional e elevado ao status de arte pelo simples ato de seleção de um artista

e

designação.

(citado

de

http://www.moma.org/learn/moma_learning/themes/dada/marcel-duchamp-andthe-readymade)), ao desafiar qualquer tipo de categorização, colocando-se a questão de não serem objetos artísticos. Não temos diante de nós imagens, mas sim frases, textos. São “readymades“ porque são páginas de dicionário pré-existentes, são frases, ou textos porque são definições escritas de conceito. O autor, Kosuth, nas suas obras conceptuais, propõe por exemplo definições de “arte”, “água”, Figura 2 Ready-Made

“ideia”, ou ate “significação”. Este método,

significa que uma obra de arte é igual à “exposição linguística” da sua definição. É uma das linhas programáticas desta arte: usar a linguagem para inventar objetos, conceitos, definições, práticas... Neste movimento artístico, valoriza-se muito mais o processo mental e a reflexão sobre o trabalho. Assim coincidiu com a “reflexão sobre o trabalho” onde “ a poética substitui a poesia”. Esta arte, arte conceptual apela à reflexão filosófica. Trata-se de uma arte que, ainda mais do que deve ser vista, deve ser pensada. Uma arte em que a linguagem transmitida sobrepõe-se à imagem. Ou seja, ao objeto artístico a arte conceptual antepõe o processo criativo que antecede a sua execução. Esta arte é divulgada através de fotografias, instalações, vídeos, mapas, textos e performances. Não existem limites muito bem definidos, pois esta arte tem como objetivo levar as pessoas a interpretar um conceito, uma ideia. Cada observador vê de maneira diferente, logo, não pode possuir uma singularidade aos olhos de quem a vê.

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O movimento estendeu-se, aproximadamente, de 1967 a 1978. Foi muito influente, contudo, na obra de artistas subsequentes, como no caso de Mike Kelley ou Tracy Eminque apesar de definidos como artistas conceptuais, são por vezes chamados de conceptualistas da 2º ou 3º geração, ou pós-conceptualistas.

Figura 3 Mike Kelley – 1990

Figura 4Mike Kelley - Gothic - 1997

Figura 5 Tracey Emin – 1963-1995

Figura 6Tracey Emin - Luzes néon

Os conceitos têm variadas vertentes, desde o conhecimento filosófico, conhecimento na área da psicanálise ou até da reflexão sobre a própria civilização contemporânea. O primeiro grupo americano de Arte Conceptual, formou-se em 1967, e nele integrava artistas como o Robert Barry, o Lawrence Weiner, o DouglasHuebler, entre muitos outros. Na europa, destacaram-se Richard Long e de Joseph Beuys. Alguns artistas manifestaram-se contra a criação de objetos, já outros, levavam a arte conceptual de uma forma mais radical, em que a própria escrita, se tornava um instrumento ou até, elemento expressivo que podia estar combinado com outros instrumentos ou elementos plásticos como desenhos, fotografias, ou pinturas. Em paralelo com outros movimentos artísticos, a arte conceptual, rompeu o estatuto tradicional da arte, e a ampliação do papel do artista na sociedade, o que contrariava o grande formalismo que assumia a pintura do expressionismo abstrato e do movimento minimalista e da pop art. 7


Entre vários artistas conceptuais, podemos destacar pela sua relevância, Bruce Nauman Joseph Kosuth (n.1945), Hans Haacke (n.1936) , Joseph Beuys, Keith Arnatt e Denis Oppenheim (n.1938). Alguns deles, enveredaram por outras formas de arte como a Minimal Art, a Arte Pobre e a Land Art, expressando o protesto, a transgressão e o direito a uma criatividade individual. Joseph Kosuth tornou as linhas de pesquisa de René Magritte mais científicas e impessoais como se fossem uma mera análise de laboratório da linguagem e do seu funcionamento. Já em 1966 escreveu um texto que tinha como título “A Arte como Ideia e como Ideia”, onde descreveu os princípios artísticos deste movimento e onde se debate também, o papel do artista na sociedade contemporânea. Para concluir, pode-se dizer que partiu do conhecimento intensivo da filosofia e estabeleceu, paralelamente, ligações entre a linguagem e a perceção visual. AUTORES E OBRAS - com relevância para o movimento Marcel Duchamp Artista francês, nasceu em Blainville, a 28 de julho de 1887, e morreu em Nova Iorque, EUA, a 2 de outubro de 1968. Frequentou a Academie Julian, em Paris onde pintou quadros impressionistas, segundo ele, "só para ver como eles faziam isso". A sua obra deixou

um

marco

importante

para

as

experimentações artísticas como o Dadaísmo, Figura 7Marcel Duchamp

o Surrealismo, o Expressionismo abstrato e a Arte Conceptual.

Este, afirmou que o “artista” não tem total consciência do que realiza no momento da realização, as suas obras são finalizadas apenas quando o público as interpreta e que uma série de elementos subjetivos definem a diferença entre o que se quis realizar e o que foi de fato realizado. Tanto os conceitos, como as criações de Duchamp eram paradoxais. A sua mente estava em constante mudança, lidando sempre com as novas informações da época, contemporâneas.

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Em 1913, quando Duchamp fixou uma roda de bicicleta no assento de um banquinho, explicou-a dizendo apenas que gostava de olhar para ela, assim como gostava de olhar para chamas a dançar na fogueira. Esta obra não tinha nenhuma racionalidade explícita, mas é inegável que estava repleta de ideias, talvez simbólicas, mas ideias. Nas palavras de Jung, “as ideias de que nos ocupamos na nossa vida diurna e aparentemente disciplinada não são tão precisas como queremos crer”. Figura 8 Roda de bicicleta – 1917, de Marcel Duchamp

A grande influência deixada por Duchamp à arte conceptual focase sobretudo na obra “ A Fonte”, de 1917. Uma obra que fez

repercutir o nome de Duchamp em todo o mundo. Esta está baseada no conceito de ready made, assinada por "R. Mutt"; esta obra foi produzida para um concurso de arte promovido nos Estados Unidos, mas a escultura foi rejeitada pelo júri, uma vez que, na sua avaliação, não havia nela nenhum sinal de labor artístico. Vendo na imagem aqui representada, trata-se apenas de um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de construção e assim mesmo enviado ao júri. No entanto há

Figura 9“ A Fonte” - 1917 de Duchamp

quem veja nas formas do urinol uma semelhança com as formas femininas, de modo que se pode ensaiar uma explicação psicanalítica quando se tem em mente o membro masculino lançando urina sobre a forma feminina. René Magritte A 21 de Novembro de 1898 nasceu Magritte, em Lessines, e morreu em Bruxelas, a 15 de Agosto. Este foi um dos principais artistas surrealistas belgas. Magritte foi um pintor, que dava às suas imagens, um tratamento realista, usando processos para criar ilusão a Figura 10 René Magritte

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quem observava as suas obras, procurando sempre o contraste entre o tratamento realista do objeto e uma atmosfera irreal, que o envolvia. Estilo artístico:

• Objetos em contextos inesperados • Imagens bem-humoradas e divertidas • Estilo bizarro • Jogos de duplicações • Manipulações com imagens do cotidiano. Podemos encontrar metáforas, nas suas obras, que se apresentam como sendo realistas, através de objetos comuns, como por exemplo, um torso feminino, um chapéu, um castelo, uma rocha ou uma janela, que são sempre usados para tornar os ambientes e a própria pintura, de certa forma contrariamente, tornar irreal. A obra mais ligada à arte conceptual é “ A traição das imagens- Ceci n’est pas une pipe”. Na imagem, representado um cachimbo, o que nos leva a reportar a um anúncio de uma tabacaria, por exemplo. A frase inscrita na imagem parece uma contradição, mas na realidade está correta: a pintura em si não é um cachimbo, mas sim uma

Figura 11“ A traição das imagens- Ceci n’est pas une pipe”

representação, podemos concluir que é somente um desenho e não um objeto palpável que se pudesse utilizar. "A mente ama o desconhecido. Ela adora imagens cujo significado é desconhecido." - Magritte Joseph Kosuth Naceu em Ohio, a 31 de janeiro de 1945. O seu trabalho baseiase na natureza da arte, focando-se essencialmente nas ideias do dia-a-dia, comuns. Kosuth, é um dos artistas da arte conceptual mais influentes da América. A sua arte é baseada em autorreferências, e sobre a qual disse: “O valor de artistas Figura 12 Joseph Kosuth

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particulares depois de Duchamp, pode ser medido de acordo com o quanto questionaram a natureza da arte.”. Kosuth, escreveu diversos livros sobre a natureza da arte e dos artistas, um dos seus livros mais conhecidos é “O artista como o antropólogo”. Segundo este, o formalismo, limita as possibilidades criativas postas em questão pelo formalismo. ”A crítica formalista não é mais nem menos que uma análise dos atributos físicos dos objectos particulares que existem num contexto morfológico”- Joseph Kosuth A mudança de “aparência” para “conceito”, que começou com Duchamp, é o começo da arte moderna e da arte conceptual. Como Kosuth referiu, “os trabalhos da arte conceptual são trabalhos de exploração analítica, são linguísticos no seu carácter visual, pois

expressam

definições

de

arte”.

Figura 13 "One and Three Chairs" - Kosuth

Uma obra, que se poderia chamar de poesia conceitual, "One and Three Chairs" tem várias implicações interessantes para o poeta contemporâneo, por tornar mais complexo a objetividade e precisão ou, ao quebrarmos a definição de gêneros que separa os poetas, artistas visuais e músicos em compartimentos, como por exemplo o músico/poeta/performer John Cage ou o artista visual/poeta Joseph Kosuth para

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entendermos o trabalho do poeta como uma forma de expressão, não importando qual o "suporte" para esta pesquisa/obra, seja papel, pedra, vídeo ou gravação sonora. “One and Three Chairs” revela-nos uma expressão visual sobre o conceito das formas, segundo Platão. Esta obra é definida por uma cadeira física, uma fotografia dessa mesma cadeira e um texto retirado de um dicionário acerca da definição dessa mesma cadeira. Esta instalação muda sempre que é alterado o local onde é colocada, podendo assim, ter várias interpretações. Na obra “One and eight”, Kosuth investiu na possibilidade de explorar a ideia de que a linguagem possui sentido apenas em relação consigo mesmo, a sua fonte de inspiração, para a sua criação foram as suas leituras da filosofia de Wittgenstein. Nesta obra, a ideia é Figura 14 One and eight - a description, 1965. Fluorescent tubes 33.0 (h) x 386.1 (w) cm. National Galery of Austrália.

impor no objeto de arte uma série de palavras exclusivamente

relacionadas

com

os

elementos que constituem este objeto, a sua natureza, materiais, o idioma, número de elementos, e assim por diante. Kosuth estabelece assim um curioso jogo de conceituações que aderem ao objeto e são presentificadas para o observador. Tal como ressalta muito acertadamente o escritor Georges Didi-Huberman, o artista americano redobra na linguagem o circuito autorreferencial do volume minimal. A obra não se contenta em mostrar que o que se vê é apenas o que se vê – no caso cinco caixas cúbicas vazias, transparentes e feitas de vidro, mas reafirma isto através de expressões verbais, numa espécie de “redobramento tautológico da linguagem sobre o objeto reconhecido” [DIDI-HUBERMAN, 1998, P.57]. Kosuth é considerado atualmente dos artistas conceptuais vivos, mais importantes. Hans Haacke Nasceu na Alemanha, a 12 de agosto de 1936. Os primeiros trabalhos enquadrados no movimento de arte conceptual concentraram-se em sistemas e processos. Os temas mais abordados incluíam interações entre os sistemas físicos e Figura 15Hans Haacke

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biológicos, animais vivos, plantas e os estados da água e do vento. Fez várias intervenções que o remetem para a Land Art e atualmente, os seus trabalhos baseiamse nas estruturas sociopolíticas, devido à ideia que as galerias de arte e os museus eram usados pelos mais ricos para cativar a opinião pública. Tendo pessoalmente, observado uma das suas obras, no museu nacional centro de arte reina sofía, consigo entender que são obras interessante porque nos dão uma certa indecisão, deixa-nos com uma ideia em aberto.

Figura 16“Shapolsky et al” - 1971

Uma das obras mais importantes da arte conceptual é “Shapolsky et al”, de 1971, que segundo Michael Brenson, jornalista do New York Times, era constituída por mapas, fotos, transações e documentos com foco em apartamentos da propriedade de Harry Shapolsky. Esta obra representou a maior concentração de imóveis em Nova Iorque, sendo por motivos políticos cancelada a sua exibição em vários museus, de vários países. Esta obra, que é uma instalação que inclui 142 fotografias de edifícios, acompanhadas de descrições, com dados sobre as propriedades, moradas, tipo de construção, datas entre outros variados dados. Nesta obra, existe uma oposição entre as exigências do mercado e as necessidades sociais da cidade de Nova York. Haacke tem um lado bastante interessante nas suas obras, que consta do seu trabalho de pesquise dobre a lavagem de dinheiro. Joseph Beuys

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Nasceu a 12 de Maio de 1921 e morreu a 23 de Janeiro de 1986. Este artista conceptual alemão, criou e produzi-o em diversos meios e técnicas, tendo

incluído

escultura,

fluxus,

happening,

performance, vídeo e instalação. É considerado um dos mais influentes artistas alemães da segunda Figura 17 Joshep Beuys

metade do século XX.

“Aqueles que conhecem a linguagem do mundo, ou seja, você e eu estamos habilitados a criar”- Joseph Beuys As suas obras representam, em grande parte, os animais que ele tanto amou. Segundo Alain Borer: “Como os minerais e vegetais, os animais detêm forças elementares e vitais. Beuys está não apenas empenhando em aprender com estes sobreviventes da civilização, (...), mas, ao expor a sua animalidade (roupa de pele, capa de feltro, chapéu de feltro), ele desenvolve os seus projetos junto com eles, na sua (…) ”.

Figura 18“I Like America and America Likes Me” - 1974

Tendo as peças de performance dadas como criações de um grande mestre, como “I Like America and America Likes Me”, do ano de 1974, em que, segundo consta nos seus vídeos das performance, Beuys foi para Nova Iorque, apanhado por uma ambulância, enrolado em feltro, foi transportado para um quarto na Galeria René Block, em que 14


também foi ocupado por um coiote selvagem. Durante três dias, Beuys passou o tempo com o coiote na sala pequena, com pouco mais do que um cobertor de feltro e um monte de palha, envolvido em gestos simbolistas. No final dos três dias, o coiote, que se tornou bastante tolerante perante Beuys, permitiu um abraço do artista, que foi transportado de volta para o aeroporto, através de ambulância. Ele nunca pôs os pés na América, foi lá gravar esta performance, mas não viu nada mais do que aquilo que se passou naquele quarto.

METODOLOGIAS ADOPTADAS Para a realização desta investigação, existiu uma exaustiva pesquisa em livros e websites de museus, dos próprios artistas, etc., sobre a arte conceptual, de seguida, uma pesquisa sobre moda conceptual, indo pesquisar sobre os artistas mais vanguardistas do mundo da moda, o que levou à seleção dos designers e intimamente, fazer a investigação, reflexão e abordagem sobre a moda na arte conceptual e os vários artistas, tendo como artista principal Iris Van Herpen.

Ramos da Arte conceptual – Design de Moda Conceptual As obras da arte conceptual são interiorizadas como “arte como ideia”. Trabalham com performance, pintura, escultura, novos meios tecnológicos, instalações, vídeos, entre outros, como anteriormente referidos. Esta arte tem a grande característica, de ter a sedução tanto dos artistas como dos observadores, devido à possibilidade das várias visualizações, perceções e reflecções, sempre ilimitadas. Neste movimento, toda a arte é permitida desde que seja arte, desde que tenha conceito, este intuito de arte/reflecção. O conceito da obra supera a própria aparência, e a reflecção é essencial e intima. A moda refere-se ao nosso dia-a-dia, aos nossos modos e costumes. O que vestimos é aquilo que acreditamos e sentimos. A arte conceptual na moda, procura afirmar e valorizar o ser como indivíduo, tendo o designer de moda a criar o conceito através de criações vanguardistas, fora do comum, que tornam personagens surreais, apresentam criações com interpretações ilimitadas.

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É também uma forma de linguagem, um modo de expressão, que dá oportunidade dos designers expressarem as suas ideias, em espaços com cenários que estão relacionados com todo o conceito pretendido, aos observadores, que lhes dão de certa forma a oportunidade de refletir, para conseguirem a individual interpretação sobre todo o conceito. A moda conceptual não tem a ideia inicial de vender a roupa em si, de ser comercial, mas sim, de vender um conceito, pois estes não são designers que seguem as tendências de moda rigorosamente, e têm o seu punho próprio, tanto que a palavra conceptual na moda, é usada para ilustrar algo vago ou abstrato.

Figura 19 Alexander Mcqueen - “I Like America and America Likes Me”, 1974

O conceito é a palavra-chave para um designer de moda conceptual, pois o vestuário, o cenário, a música, e a própria modelo (maquilhagem e penteado), são meros objetos que transportam a criação geral do artista. É através da admiração, do suspense, do encanto, do efeito visual de todo o desfile que as ideias (ponto importante desta arte), são transmitidas – onde o que verdadeiramente importa é o material usado, o tecido, o molde, o corte e o contexto, a inspiração, a pesquisa e a história que há por trás das grandes criações conceptuais. As peças de roupa são, geralmente únicas, exclusivas, pois são feitas em função do conceito, da complexidade da ideia, da sua arte e não em função da sua venda, podendo ser vendidas, posteriormente ao desfile, fazendo-as sob medida para clientes, fazendo uma venda personalizada.

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As peças de roupa desenhadas por rótulos como Comme des Garçons, John Galliano, Hussein Chalayan, Alexander McQueen ou a mais recente Iris Van Herpen, são intencionalmente difíceis de usar, são peças sem questões de funcionalidade, aspeto bastante Figura 20 Museu com exibições de designers de moda - Hussein Chalayan

importante

para

contemporânea.

a O

moda maior

interesse destes designers, não é vender, e sim passar uma ideia, transmitir uma mensagem, apresentar uma proposta de vestuário que ainda não é adequada à moda comercial.

Comme des Garçons COMME des GARÇONS, do francês “tal como meninos/rapazes”, foi criada pela designer japonesa Rei Kawakubo, que tem uma intensa vontade de reinventar e transformar o vestuário, dando a elas novas interpretações. Uma proposta conceptual de moda, fruto das suas formações: filosofia, arte e literatura na Universidade Keio e trabalhou, no início da carreira, em uma fabrica têxtil, onde se reflete no seu trabalho primoroso com os tecidos e estampas. A primeira coleção foi apresentada em 1981, surpreendendo os observadores com suas novas proporções/volumes e utilização do preto abusadamente. Os críticos e fashionistas descreveram a sua coleção desconstruída de “Hiroshima chic” e “pós-atômico”, já o público aderiu, encontrando finalmente uma

roupa

confortável

capaz

de

expressar

uma

individualidade, uma personalidade própria, algo mais do que simplesmente a beleza pré-estabelecida. Figura 21Comme des Garçons 1982

Kawakubo, pretende em todas as obras, inovar o pensamento sobre a moda comum, colocando homens vestidos de saia nas

suas coleções ou mulheres de fato, além de brincar com os volumes e texturas, de uma 17


forma teatral. Cada obra desta artista, ou cada produção, é um convite a olhar em frente, de olhos bem abertos e passos firmes. A designer faz do vestuário um ato conceptual, materializando sentimentos que muitos ainda não conseguem traduzir.

Figura 22Comme des Garçons - Spring 2014 Ready-to-wear

John Galliano Em 1987 foi eleito o melhor estilista britânico do momento, em 1993 dirigiu a casa Givenchy, em 1999 passou a dirigir a linha feminina da Dior e só em 2003 é que abriu uma boutique com o seu nome. Nesse ano lançou a sua coleção masculina, em 2004 uma linha de lingerie e em 2008, criou relógios, joalharia, prê-à-porter e calçado infantil. Definido pela sua irreverência e estilo camaleónico, Galliano, demonstra o seu lado conceptual já na casa Dior onde surpreendeu exigente plateias com desfiles de moda com conceitos criativos, exuberante, mesclando a moda sofisticada da Dior com maquiagens e cenários surpreendentes, tendo cada coleção uma história e uma estrutura baseada em elementos ficcionais. Estes desfiles são pensados de forma a envolver os espectadores em um meio que os leva a fantasiar, e as modelos

ao

se

movimentarem

na

passarela

desempenham vários papéis, como se estivessem em filmes, tornando as personagens surreais. Além disso, as modelos vestem apenas um único coordenado, sem troca de roupas. Galliano é admirado pela sua constante metamorfose visual, o observador nunca sabe quem (ou o que é que) 18

Figura 23 John Galliano FW 2004 Paris Fashion Week


irá incorporar o fim do espetáculo. Só se tem a certeza de que será inesquecível e conceptual.

Quando se trata de moda masculina, estilistas e grifes renomadas têm cada vez mais afastado o pensamento limitado para expandir conceitos e horizontes. A coleção de roupa de John Galliano, para o Verão 2013, tem aguçado desde que foi apresentada pela primeira vez ao grande público. Só de olhar para qualquer uma Figura 24 Men's wear 2013 - Galliano

das peças de moda masculina, notamos o

ar Surrealista no desenvolvimento dos cortes e conceito em geral. Podendo ter referências ao ícone desse movimento artístico, Salvador Dali.

Hussein Chalayan Á frente da moda conceptual, temos Chalayan, um designer que faz diálogo entre a moda e arte nos seus trabalhos. É admirado por usar materiais completamente inovadores, pela sua modelagem e cortes precisos e essencialmente pelo uso de novas tecnologias. O observador, impressiona-se mais com as obras que misturam novas tecnologias e design na moda, como por exemplo, o vestido “Readings” feito com mais Figura 26 Readings

de 200 lasers que se movem, ou o “Before Minus Now”, vestido feito com materiais usados em aeronaves e que muda de formato através do controle remoto. O vestido “Airborne” feito com cristais Swarovski e mais de 15 mil LEDs também é muito admirado. Entre outras obras conceptuais do seu

Figura 25Before Minus Now

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portfólio. Hussein sabe como ninguém mesclar fantasia, desejo e realidade no vestuário que, de tão inusitadas, viram peças de museu. Hussein é um designer inovador, conceptual, em que a aparência é exuberante mas nada prático para as mulheres no seu dia-a-dia, daí ser considerado um designer de moda conceptual, pois mais importante que a aparência, é o conceito em si e a mensagem que se quer transmitir através desta forma de linguagem, Figura 27“Airborne”

o vestuário. Hussein tem vindo desde o inicio de carreira

surpreendendo o público, tornand0-se um dos mais intrigantes estilistas vanguardistas do mundo. Foi nomeado o melhor designer britânico dos anos 1999 e 2000. Este designer aproveitou os avanços da tecnologia para criar suas peças, que deixam a simples função de vestir/cobrir e se tornam peças de instalação artística. “A coleção sempre vem em primeiro lugar. Gasto a maior parte do tempo com roupas, costuras, tecidos e cores. Não penso de imediato no desfile, mas ele é, sem dúvida, parte importante do todo. Gosto da ideia de que as roupas sejam experiências culturais para as pessoas” – Hussein Chalayan Elementos da vida contemporânea, natureza da arte, fenómenos, antropologia, avanços da tecnologia e diversas identidades culturais do mundo são a fonte de inspiração de Hussein. Este, é um dos raros exemplos de artistas que consegue fazer uma apresentação que pode ser considerada como uma síntese de vários fatores sociais, políticos e económicos, conjugando-a com vestuário vanguardista. Entre as suas criações vanguardistas, estão a mesa que se transforma em uma saia de madeira e uma coleção inteira feita de papel, por exemplo.

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Figura 28 Saia-mesa - Inverno 2000

“É um percursor no mundo da moda, um pequeno gênio que nos deslumbra com as suas apresentações e desfiles. Isto porque, os seus espetáculos são daquelas ocasiões cada vez mais raras em que a moda ainda consegue assombrar e causar uma sensação visceral no público”, explica Sarah Mower, jornalista do website Style.com, quando questionada sobre a arte de Hussein Chalayan. Para além da moda conceptual, Hussein assume parcerias de peso com grandes marcas. Uma delas é com a marca desportiva alemã Puma, da qual é diretor criativo desde 2008.

Alexander McQueen Tanto a marca Comme des Garçons, como os designers John Galliano e Hussein Chalayan, fazem parte de uma moda conceptual, provocadora, sem limites. A editora da revista Vogue britânica classificou McQueen como um "génio dos tempos modernos" - "Alexander McQueen influenciou uma geração inteira de designers. A sua imaginação brilhante não conhecia limites enquanto ele produzia coleção após coleção de designs extraordinários". Conhecido pela sua força de transmitir um vestuário emocional e pelo uso de matériasprimas energéticas, bem como a natureza romântica, mas decididamente

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contemporâneo e conceptual. Nas suas coleções havia elementos contrastantes: a fragilidade e a força, tradição e modernidade, fluidez e intensidade. De um ponto de vista emocional e até mesmo abertamente apaixonado se fez um brilhante designer com um profundo respeito e influência para a tradição artística e artesanal. As coleções de Mcqueen combinam conhecimento profundo e trabalho de alfaiataria britânica sob medida, conseguindo identificar o fino acabamento dos ateliers franceses de alta-costura e o acabamento impecável da fabricação italiana. Foi diretor criativo da casa de alta-costura, Givenchy, que a deixou em 2001 para trabalhar na sua própria marca. Desde então, brilhou, até falecer, no mundo da moda, pela justaposição de elementos contraditórios, resultando em coleções únicas, de crescente

poder

emocional

e

energia

crua,

pura

e

cheia

de

paixão.

As coleções "The Horn of Plenty" (O Corno da Abundância) e "Plato’s Atlantis" (Atlântida de Platão) são amostras da mais pura natureza contemporânea e conceptual e do génio negro que McQueen tinha.

Figura 29"The Horn of Plenty"

"The Horn of Plenty" traduz a visão do criador sobre o consumismo e a industrialização, transformando objetos comuns em acessórios prodigiosos, numa vertente ligada à reciclagem e reutilização.

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Figura 30"Plato’s Atlantis"

"Plato’s Atlantis" é a vanguarda da moda, quer pela elaboração técnica do desfile, em que dois robots se apresentam no meio do desfile e transmitem o desfile em directo para todo o mundo. Sob a atualidade, os problemas ambientais e a mudança, a coleção remete para a necessidade de adaptação humana às novas condições ambientais, e propõe que o futuro possa estar no fundo o oceano.

CRONOLOGIA – algumas obras

WOMEN’S SPRING/SUMMER 1999 “NO 13”

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WOMEN'S AUTUMN/WINTER 2001 "WHAT A MERRY GO ROUND"

WOMEN'S SPRING/SUMMER 2007 "SARABANDE"

WOMEN'S AUTUMN/WINTER 2013

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ALEXANDER MCQUEEN WOMENSWEAR SHOW AUTUMN/WINTER 2014

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Iris Van Herpen

Biografia

Figura 31Iris Van Herpen

Iris van Herpen é considerada a “cientista high tech da moda”. Nasceu em 1984 em Wamel, na Holanda. Formada em Design de Moda pela Academy of Fine Arts Arnhem. Em 2007, Herpen começou a desfilar na Amsterdam International Fashion Week e na Tokyo Fashion Week. Estagiou com designers conceituados como Alexander McQueen, em Londres, Viktor & Rolf e Jongstra Claudy, em Amesterdão. As suas criações misturam-se com diversos elementos para além da moda, fazendo peças de roupa parecerem-se com obras de arte, ditas verdadeiras esculturas. Tanto Alexander Mcqueen como Iris Van Herpen provam-nos que regras não existem para os verdadeiros criadores. “Com o meu trabalho, pretendo mostrar que a moda pode certamente ter um valor para o mundo, que é atemporal e que o seu consumo pode ser menos importante. Vestindose roupas podemos criar uma forma muito excitante e imperativa de auto expressão” – Iris Van Herpen Nas suas coleções inovadoras, a artista aposta nas extravagância e na irreverência, tanto no vestuário como nos sapatos, tendo feito trabalhos para uma cantora, bastante inspiradora para a designer, Bjork. Conhecida mundialmente, tem um trabalho que desenvolve com outros designers e cientistas. Esta procura usar a moda como expressão, como plataforma criativa, como linguagem expressiva, explorando novas formas, estruturas, texturas e materiais em cada obra/coleção que cria. São coleções com formas sinuosas e exageradas. 26


Em 2007, Iris lançou sua marca própria e atualmente faz parte do “Parisian Chambre Syndicale de la Haute Couture”, prestigiado sindicato que regulamenta a alta-costura em Paris. Exibições: 2013 Solo exhibition, overview of all collections, in Calais. Museum Cite-Dentelle in collaboration with Groninger Museum. 2013 Exhibition A Queen Within: Adorned Archetypes, Fashion and Chess, The World Chess Hall of Fame, Missouri U.S. 2013 ArchiLab | Naturalizing Architecture at new FRAC Centre, France 2013 Exhibition SHOWcabinet / SHOWstudio.com, London 2013 MºBA Fetishism in Fashion. Mode Biënnale Arnhem 2013 HAND MADE. Museum Boijmans van Beuningen, Rotterdam, The Netherlands. 2012 Iris van Herpen. Solo exhibition, Groninger Museum, Groningen, The Netherlands 2012 MICRO Impact. Museum Boijmans van Beuningen, Rotterdam, The Netherlands 2012 Excellent Craft. Palace House of Orange. Berlin, Germany 2012 Iris van Herpen. SIEN, exhibition and an exclusive selection of Iris van Herpen. Opening October 13, 2012. Antwerp, Belgium 2011 Self Structure. Lieu du Design, Paris, France 2011 London Design Festival. Victoria & Albert Museum, London, UK 2011 The New Craftsmanship. Iris van Herpen and her inspiration. Centraal Museum, Utrecht, The Netherlands 2011 Basic Instinct. Berlin, Germany 2011 Mode Biennale Arnhem. Arnhem, The Netherlands 2011 Material World. Art, design and fashion. Groninger Museum, Groningen, The Netherlands 2011 Washed up (curated by Judith Clark). Selfridges department store, London, UK 2011 Little Black Dress. The Civic gallery, Barnsley, UK 2011 Transformation. Swarovski exhibition at flagship store in Vienna, Austria 2011 Fashion&Chocolate. Harbour City Exhibition, Hong Kong, People’s Republic of China 27


2010 BLACK. Masters of Black in Fashion & Costume. MOMU, Antwerp, Belgium 2010 Fashion & Architecture. ARCAM, Amsterdam, the Netherlands 2010 In your Face. Centraal Museum, Utrecht, the Netherlands 2010 Dutch Design Awards exhibition. Eindhoven, the Netherlands 2010 Best of Dutch Design. Red Dot Museum, Essen, Germany 2010 Dutch Cultural Pop-up Space. London Fashion Week, London, UK 2010 10xxx. Gallery Helpuzelven, Winterswijk, the Netherlands 2010 Haute Couture Voici Paris. Gemeentemuseum, The Hague, the Netherlands 2009 Harrods launches. In-store exhibition and sales, London, UK 2009 Shape. Mode Biennale Arnhem, The Netherlands 2009 Dutch Design Awards. Eindhoven, The Netherlands 2009 Design Overtime. Eureka Night, Design Museum, London UK 2009 Shanghai Creative Industries Week, Shanghai, People’s Republic of China 2009 Rollan Didier meets Iris van Herpen. Gallery FashionMania, Amsterdam, The Netherlands 2008 Bridges to Fashion. Historical Museum, Rotterdam, The Netherlands 2008 Galeries Lafayette. Paris, France 2008 V!P Gallery. Rotterdam, The Netherlands 2008 Mememachine Gallery, Tokyo, Japan 2007 SPRMRKT. Amsterdam, The Netherlands PrÊmios: 2013 Golden Eye Award 2013 Dutch Design Awards, category fashion 2013 Marie Claire prix de la mode , best Dutch Designer TIME Magazine names Iris van Herpen's 3D printed dresses one of the 50 Best Inventions of 2011. 2010 Mercedes-Benz Dutch Fashion Awards 2010 Dutch Fashion Incubator Awards 2010 Dutch Accessory Awards 2010 Dutch Design Awards, RADO 28


2009 Dutch Design Awards, best product of fashion and accessory 2009 Dutch Media Awards

Iris Van Herpen – Arte conceptual O designer de moda é o autor principal no que toca às ideias, seja dos desejos das pessoas, das ideias das matérias-primas, temas, conceito e indivíduos. A palavra-chave de um designer conceptual é “Ideia”. Pois como já foi referido, “A Arte como Ideia e como Ideia”. Iris, cria uma reciprocidade entre o artesanal com inovação nas técnicas e os materiais que lhe emprega. A riqueza do seu processo criativo está no princípio essencial dos autênticos criadores, a autoria artística. Como a própria explica: “Para mim, a moda é uma expressão de arte que está muito próxima e relacionada a mim e ao meu corpo. Eu a vejo como minha expressão de identidade combinada com desejo, humor e ambiente cultural”. Outra palavra-chave é “corpo”, recorrendo ao uso da expressão “escultural” para descrever o seu trabalho. A peça de roupa e o corpo são complementares, pois a interpretação, a compreensão do conceito que a artista quer transmitir só se dá por completo quando ambos estão completos. Onde podemos confirmar no desfile: Iris Van Herpen - Fall 2014 e no desfile Haute-Couture – Fall-Winter 11/12.

Figura 32Fall 2014

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Figura 33Haute-Couture – Fall-Winter 11/12.

A arte conceptual está ligada à moda de Herpen, na forma como ela afirma e valoriza o ser como indivíduo, sendo Herpen a criar o conceito através de criações vanguardistas, fora do comum, que tornam personagens surreais, apresentam criações com interpretações ilimitadas. Tal como os artistas conceptuais anteriormente referidos, cada obra/coleção desta artista, é um convite a seguir em frente, de olhos bem abertos e passos firmes, pois a arte conceptual vê um passo à frente da arte comercial. Toda a arte que Herpen cria é sem duvida, uma forma de arte que valoriza mais a ideia, o conceito, a mensagem a transmitir, do que a própria forma estética, aparência. Na moda conceptual, não existe limites muito bem definidos para que uma obra ou coleção seja considerada Arte Conceitual já que esta abrange vários aspetos. A arte de Herpen consite em desafiar o observador a interpretar a ideia, o conceito que esta pretende transmitir com as suas peças de roupa consideradas de esculturas. Se as coleções forem apresentadas em vários sítios, vão ser interpretadas de maneiras diferentes, pois a envolvência, todo o espetáculo com as instalações e desfile em si, transmite sentimentos, faz o observador refletir sobre algo. A moda de Herpen está ligada à arte contemporânea, à arte conceptual, onde se utiliza ideias incomuns, onde incluí tanto uma peça de roupa de Herpen como a cadeira de Kosuth.

Obras/Coleções Iris Van Herpen para além de ser conhecida por ser uma artista com criações excêntricas, conceptuais, é conhecida e conceituada devido às suas técnicas inovadoras, como por exemplo a impressão 3D. Esta técnica faz com que as peças de roupa sejam montadas 30


por diversas peças, que recebem um corte especial nas impressoras e são costuradas separadamente para se visualizar o resultado final, como podemos ver no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=IS4Xw8f9LCc.

Figura 34Coleção Iris Van Herpen

A mistura de materiais sólidos e flexíveis proporciona a liberdade criativa que a designer precisa para inovar. Mesmo aderindo a tantos recursos tecnológicos, a designer conceptual preserva a principal característica da alta-costura: o trabalho artesanal.

FRAGILE FUTURITY - July 2007, Amsterdam Fashion Week Ponto de partida para esta coleção foi a fusão do instinto animal e da racionalidade humana. A combinação das criaturas / criações que reflete a visão de Van Herpen sobre o futuro: frágil, vulnerável e evoluído. Formas de asas, chifres e estampas de cobra. 31


Figura 35FRAGILE FUTURITY - July 2007, Amsterdam Fashion Week

CHEMICAL CROWS – January 2008, Amsterdam Fashion Week Um grupo de corvos que vivem em torno do estúdio de Van Herpen desencadeou sua associação com magia negra e alquimia. Corvos são conhecidos por sua inteligência, predileção por brilhantes objetos, e são tradicionalmente associados com sigilo e simbolismo. Van Herpen compartilha com alquimistas uma paixão para controlar e transmutar materiais. Como os alquimistas tentaram transformar metais em ouro, Van Herpen transformou diversos projetos costelas dourados de guarda-chuvas de 700 crianças em formas que lembram o movimento das asas e penas.

Figura 36CHEMICAL CROWS – January 2008, Amsterdam Fashion Week

REFINERY SMOKE – July 2008, Amsterdam Fashion Week O caráter ambíguo de fumaça de refinaria, ao mesmo tempo bela e venenosa, inspirou esta coleção. Van Herpen traduziu a indefinição do fumo industrial em gaze de metal 32


especialmente tecida. Ela virou fios de metal em um material extremamente macio e flexível. O metal manteve sua característica de oxidação e Van Herpen considera este processo químico como inerente (visualmente), refletindo o duplo aspeto da fumaça industrial.

Figura 37REFINERY SMOKE –July 2008, Amsterdam Fashion Week

MUMMIFICATION – January 2009, Amsterdam Fashion Week Van Herpen ficou cativada com a beleza macabra da mumificação egípcia antiga e a devoção intensa que envolve o processo. Com técnicas para swaddle, enrolar e cobrir o corpo, juntamente com os padrões típicos geométricos e gráficos das múmias egípcias, esta elabora a prática dos antigos egípcios para criar uma nova realidade para os seus mortos.

Figura 38MUMMIFICATION – January 2009, Amsterdam Fashion Week

RADIATION INVASION – September 2009, London Fashion Week Invasão de radiação traduz à pergunta de Iris van Herpen no que poderíamos fazer com a nossa dose diária de ondas eletromagnéticas e de informação digital córregos se 33


pudéssemos vê-los. Nesses projetos o observador parece estar cercado por uma complexa lunática dos raios ondulados, piscando padrões, partículas vibrando, e refletindo pregas.

Figura 39RADIATION INVASION – September 2009, London Fashion Week

SYNESTHESIA – February 2010, London Fashion Week Sinestesia é uma condição neurológica que resulta numa combinação de perceções sensoriais. Ressalta a hipersensibilidade do corpo, e visualizar este emaranhado de perceções sensoriais, Van Herpen usou folha de metal brilhante no couro especialmente tratado que gerou um efeito visual confuso, sem um ponto de fixação firme.

Figura 40SYNESTHESIA – February 2010, London Fashion Week

CRYSTALLIZATION – July 2010, Amsterdam Fashion Week Por iniciativa do ARCAM (Architecture Centre of Amsterdam) uma colaboração foi organizada entre Iris van Herpen e Benthem Crouwel Architects. O projeto de Benthem Crouwel para uma nova extensão para Stedelijk Museu de Amsterdão tinha ganho o apelido de “banheira”. Isto inspirou Van Herpen para projetar um vestido que iria cair em torno de o modelo como um esguicho de água, como estivesse imerso em um banho 34


quente, e para expressar na coleção dos diferentes estados, estruturas e padrões de água. Destaca-se que nesta coleção Van Herpen apresenta seu primeiro 3D-print que criou em colaboração com o arquiteto baseado em Londres Daniel Widrig e que foi impresso por MGX.

Figura 41CRYSTALLIZATION – July 2010, Amsterdam Fashion Week

ESCAPISM – January 2011, Paris Haute Couture Week Fugindo da realidade cotidiana através do entretenimento digital viciante que incita em Iris van Herpen não apenas sentimentos de vazio, mas também associações com o grotesco, o extremo e o fantástico. Esta coleção tem como objetivo capturar tanto a exaltação desses vícios, como a atenção desproporcional para as celebridades (os "novos heróis ") e sua Elipsoide escuro, a fome nunca cumprida que é inerente a ele. Outra importante fonte de inspiração foram as esculturas barrocas exuberantes do artista americano Kris Kuksi. Dramáticas formas esféricas esbugalhados alternadas com impressões 3D, tecidos cinza-prata que parecem refletir a sua própria superfície de rendas.

Figura 42ESCAPISM – January 2011, Paris Haute Couture Week

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CAPRIOLE – July 2011, Paris Haute Couture Week Iris van Herpen fez sua estreia em Paris como membro da Chambre Syndicale de la Haute Couture com esta coleção. Além de ser uma compilação de destaques de coleções anteriore, esta nova coleção também apresentou cinco roupas marcantes que evocam o sentimento antes e durante um para-quedas em queda livre. O “salto no ar" (o significado da palavra francesa Capriole) que Van Herpen de vez em quando faz para redefinir o seu corpo e mente. As cinco roupas são um reflexo dos sentimentos extremos experimentados durante esse salto. Por exemplo, o vestido que consiste de formas sinuosas feitas de placas de acrílico preto, apelidado de "vestido de cobra" , evoca o estado mental no momento antes do salto, quando, como Van Herpen, explica: " toda a minha energia está na minha cabeça e eu me sinto como se minha mente está serpenteando através de milhares de curvas ".

Figura 43CAPRIOLE – July 2011, Paris Haute Couture Week

MICRO – January 2012, Paris Haute Couture Week Inspirado pelas imagens que o fotógrafo Steve Gschmeissner tomaram ciência usando a tecnologia de Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), Micro amplia o mundo dos microorganismos que está completamente escondidas de nossa visão. As imagens mostram os espécimes que são mortos, secos e quimicamente fixado para preservar e estabilizar suas estruturas. Van Herpen continua interessada no organismo vivo. As suas criações fazem alusão a armadura, tentáculos, estruturas celulares e plasma. Alguns parecem húmidos, a brilhar e a mover no ser desgastado, vindo a viver no corpo.

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Figura 44MICRO – January 2012, Paris Haute Couture Week

HYBRID HOLISM – July 2012, Paris Haute Couture Week O projeto Hylozoic terra pelo arquiteto e artista canadense Philip Beesley forneceu a inspiração para esta coleção. Hylozoic refere-se a Hylozoism , a antiga crença de que toda a matéria é , em certo sentido vivo. Beesley criou um sistema de arquitetura ágil que usa hylozoism de uma forma bastante específica. Todo o ambiente respira e movese em relação às pessoas que andam com ele, tocá-lo e senti-lo. Microprocessadores investir esse ambiente com uma inteligência primitiva ou inseto-como como um recife de coral ou um grande swarm. Iris van Herpen está intrigado com esses tipos de possibilidades para um futuro de forma que pode assumir formas muito inimagináveis. Moda que pode ser em parte viva e crescente, e, portanto, existente em parte independente de nós, que por sua vez permite um novo tratamento por seres humanos. Em vez de descartar a forma após o uso, nós prezamos, valor e mantê-lo em suas habilidades para mudam constantemente. Van Herpen traduziu esta visão de futuro em uma coleção que é altamente complexa e extremamente diversificada em termos de forma, estrutura e material. Van Herpen introduziu uma técnica conhecida como estere litografia mamute que se refere a um método de impressão 3D. Este processo de 3D impressa é construída fatia por fatia de baixo para cima, num vaso de polímero que endurece quando é atingido por um raio laser.

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Figura 45HYBRID HOLISM – July 2012, Paris Haute Couture Week

VOLTAGE – January 2013, Paris Haute Couture Week Para sua quarta coleção apresentada em Paris como membro convidado da Chambre Syndicale de la Haute Couture, Iris van Herpen explora a eletricidade do corpo. Experiências com a sua utilização no campo da criação, esta coleção procura retratar o seu movimento e poder tangível. Esta capacidade de luz e energia elétrica para alterar os estados e os órgãos é reproduzido utilizando as tecnologias mais inovadoras. Descrita como uma abordagem alquimista da moda, desenhos de Van Herpen perpetuamente abraçar novas colaborações com artistas, arquitetos e pesquisadores. Como parte do desfile em que colaborou com o novo artista Zelândia Carlos Van Camp, ecoando sua noção de controle de alta tensão de energia elétrica e sua interação com o corpo humano. Baseando-se na idéia de movimento, os vestidos 3D flexíveis impressos são uma revolução, um resultado de colaborações com Neri Oxman do MIT Media Lab, bem como Keren Oxman e Prof Craig Carter, do MIT com Stratasys , e o arquiteto Julia Koerner.

Figura 46VOLTAGE – January 2013, Paris Haute Couture Week

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WILDERNESS EMBODIED - July 2013, Paris Haute Couture week A natureza é selvagem. Gerado por forças poderosas, através da criação de beleza surpreendente. A sua colaboração com o artista Jolan van der Wiel, que passou vários anos, possibilitou o magnetismo, que eles criaram, vestidos cujas formas muito são gerados pelo fenômeno de atração e repulsão. Iris van Herpen chama igualmente sobre a força da vida que pulsa através das esculturas de DavidAltmejd. As suas formas orgânicas selvagens derivadas dos processos de regeneração da natureza têm inspirado Selvagem encarnados. A alma espirituosa humana forjada desta mesma energia vital, e correndo em erupção através dos limites do corpo em exposições suchresplendent de tradição ou tecnologia extrema como piercings, escarificação ou surgery. Esta selvagem imagem do corpo humano, desmarcada, pois é íntimo, é aquele que o hassought designer para revelar o arquiteto collection. With Isaie Bloch e Materialise continuam a desenvolver vestidos 3D- impressos, que ela foi a primeira a apresentar em formas estáticas e flexíveis. Sua parceria com a United Nude Rem Koolhaas e D. Stratasys levou a sapatos como teias emaranhadas de árvore-raiz de todo o pé.

Figura 47WILDERNESS EMBODIED - July 2013, Paris Haute Couture week

prêt-à-porter - outono-inverno 2014/15 O artista Lawrence Malstaf apresenta uma instalação na passarela: 3 mulheres vivas dentro de saquinhos fechados a vácuo em versão gigante. Esta é a 2ª coleção de prêt-àporter de Iris van Harpen, de outono-inverno 2014/15. Onde o brilho líquido, o glossy predomina.

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Figura 48prĂŞt-Ă -porter - outono-inverno 2014/15

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CONCLUSÃO No fim de ter adquirido uma série de conhecimentos, competências, aptidões e atitudes sobre a arte conceptual na moda, tendo como principal artista a Iris Van Herpen, consigo chegar à conclusão, que esta, representa uma ligação entre artesanato e inovação na técnica e materiais. Criando uma nova direção de costura que combina técnicas handwork finos com tecnologia digital futurista. A essência da marca tem o objetivo de expressar o carácter e as emoções de uma mulher única e o objetivo de alargar a forma do corpo feminino em detalhe. Ela mistura artesanato com inovação e materiais inspirados no mundo vindouro. Como Herpen refere: "Para mim a moda é uma expressão de arte que está muito próximo relacionado a mim e ao meu corpo. Eu a vejo como minha expressão de identidade combinado com o desejo, o humor e a definição cultural. Em todo o meu trabalho eu tento deixar claro que a moda é uma expressão artística, mostrando e vestindo arte, e não apenas um. Funcional e desprovido de conteúdo ou ferramenta comercial com meu trabalho, pretendo mostrar que a moda pode certamente ter um valor acrescentado para o mundo, que é atemporal e que o seu consumo pode ser menos importante, então o seu início. Vestindo roupas pode criar uma forma muito excitante e imperativo de autoexpressão. "A forma segue a função" não é um slogan com o qual eu concordo. Pelo contrário, acho que se forma complementar e mudar o corpo e, assim, a emoção. Movimento, tão essencial para e no corpo, é tão importante no meu trabalho. Ao trazer a estrutura, forma e materiais juntos em uma nova maneira, eu tento sugerir e perceber a tensão ideal e movimento ". No nosso dia-a-dia deparamo-nos com imagens de desfiles bastante vanguardistas, que de certa forma podemos identificar como moda conceptual, pois essas peças de roupa tem como relevância a ideia e o conceito e não a aparência da roupa em si. O maior interesse não é vender e sim passar uma mensagem através do próprio vestuário, cenários, músicas, e até maquiagens e penteados. A moda conceptual tem como base reações de espanto, exagero, admiração, que leva o observador a parar para pensar, para refletir e tirar a sua própria interpretação. Estas reflexões dão caminhos de investigação para outros e uma consciência ao autor do trabalho daquilo que realmente conseguiu dominar (humildade científica).

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BIBLIOGRAFIA LEWITT, S. “Tópicos sobre Arte Conceitual”, Artform, 1967. GUGGENHEIM COLLECTION - Disponibiliza uma biografia de Joseph Kosuth e obras, como “Art as Idea of Art”. http://www.guggenheimcollection.org/site/artist_bio_79.html Ehttp://www.guggen heimcollection.org/site/artist_works_79_0.html http://Google Image http://Style.com http://www.theartstory.org/artist-duchamp-marcel.htm http://www.moma.org/learn/moma_learning/themes/dada/marcel-duchamp-andthe-readymade

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