XILOGRAVURA Gravura
é
a
arte
de
converter
(e/ou
a
transformação em si) uma superfície plana em uma matriz, um ponto inicial para a reprodução dessa imagem, através de diversas técnicas e materiais. O material dessa matriz pode variar e é também ele que vai determinar o tipo de gravura que está sendo executada.
Alguns Links sobre a Gravura: Galeria Gravura Prensas Materiais Bienais e Trienais de Gravura Escola da Gravura I Bisonte - Itália Printworks magazine The Socity Wood Gravers Museu Casa da Xilogravura Xilogravura Suiça
TIPOS DE GRAVURA Xilogravura é a técnica mais antiga para produzir gravuras, e seus princípios são muito simples. O artista retira de uma superfície plana, a matriz geralmente é madeira as partes que ele não quer que tenham cor na gravura. Após aplicar tinta na superfície, coloca um papel sobre a mesma. Ao aplicar pressão(com uma prensa) sobre essa folha a imagem é transferida para o papel.
Calcogravura: A técnica da gravura em metal começou a ser utilizada na Europa no século XV. As matrizes pode ser placas de cobre, zinco ou latão. Estas são gravadas com incisão direta ou pelo uso de banhos de ácido. Água-forte, águatinta, ponta seca são as técnicas mais usuais. A matriz é entintada e utiliza-se uma prensa para transferir a imagem para o papel.
Em
1796
Alois
Senefelder
descobriu
as
possibilidades da pedra calcária para fazer impresões e, após dois anos de experimentações desenvolveu a técnica da Litografia. Esta técnica parte do princípio químico que água e gordura se repelem. As imagens são desenhadas com material gorduroso sobre pedra calcária e com a aplicação de ácido sobre a mesma, a imagem é gravada. Assim como a gravura em metal, essa técninca também necessita de uma prensa para transferir par ao papel a imagem gravada na pedra.
Embora existam registros de trabalhos utilizando stencil
na
China,
serigrafiacomeça
a
no ser
século
VIII,
aplicada
a
mais
freqüentemente por artistas na segunda metade do século XX. Como as técnicas descritas acima, também a serigrafia apresenta diversas técnicas de gravação de imagem. Uma delas é a gravação por processo fotográfico. Imagens são gravadas
na tela de poliéster e com a utilização de um rodo com a tinta a imagem é transferida para o papel.
SIGLAS UTILIZADAS EM GRAVURAS Uma edição de gravuras originais compreende: - Provas numeradas com indicação do total (ex: 1/100 a 100/100); - P.A. (prova de artista); - P.E. e P.Cor (provas de estado e de cor): determinam um estágio anterior à edição; - P.I. (prova do impressor): pertence ao impressor; - B.P.I. (boa para imprimir): a editora tem esse exemplar arquivado, para efeito de autenticidade;
- PAP e P.Exp. (provas de apresentação e exposição): provas utilizadas para lançamento de uma edição; - H.C. (hors du comerce): os exemplares com essa indicação são excluídos da comercialização regular.
AS ORIGENS DA XILOGRAVURA EXPRESSIONISTA NO BRASIL Muitos desconhecem que o Expressionismo e seus precursores – Edvard Munch, Käthe Kollwitz, Alfred Kubin, entre outros – estão muito mais próximos de nós do que comumente se imagina. Há uma espécie de "árvore genealógica" que os liga à arte brasileira – às vezes, de modo indireto; mas, ainda assim, com sólidos galhos e raízes profundas. Neste ensaio, pretendo apresentar algumas breves notas sobre a chegada da xilogravura
expressionista
no
Brasil.
Minha
intenção não é esgotar o assunto, mas meramente
fazer alguns apontamentos sobre o lugar e as origens da xilogravura expressionista no contexto brasileiro.
A xilogravura é uma técnica de produção artística feita a partir de matrizes de madeira. Nelas é gravada a imagem a ser reproduzida, que é então impressa um certo número de vezes, de forma a compor uma tiragem ou edição. Comumente, após este processo, a matriz é destruída – há exceções, como veremos abaixo. Desta forma, fecha-se a tiragem
de
uma
xilogravura, que
é então
comercializada de acordo com a qualidade da impressão. Em uma tiragem de 50 gravuras, por exemplo, as primeiras são de maior qualidade que as últimas, de modo que a gravura 1/50 (a primeira da tiragem) vale mais do que as 49/50 ou 50/50 (as últimas a serem impressas). De toda forma, essa reprodutibilidade torna a gravura uma obra de arte muito mais barata que a pintura ou o desenho, por exemplo.
No entanto, é preciso observar que estes cânones são modernos. Em tempos mais antigos – por exemplo, nos períodos medieval e renascentista – não existia um limite para a tiragem de uma matriz (a não ser, naturalmente, limites físicos – a própria resistência da madeira). Os maiores gravadores da história, como Albrecht Dürer, assinavam diretamente na matriz, o que conferia autenticidade a qualquer cópia impressa. Hoje em dia, isso não é mais comum; geralmente, a assinatura é feita a lápis, pelo próprio artista, em cada uma das cópias impressas. Nas gravuras dos expressionistas alemães – nas de Ernst Kirchner, por exemplo – já é possível ver que a assinatura do artista não está na matriz, mas na impressão. As mencionadas exceções são tradições populares que, ainda hoje, mantêm-se à parte dos cânones citados. A tradição do cordel é um exemplo: J. Borges, gravador
contemporâneo
internacionalmente
conhecido, mantém a assinatura na matriz, e muitas vezes faz tiragens sem limite estabelecido. As maiores consequências disto dizem respeito, obviamente, ao mercado: uma gravura com tiragem e assinatura comumente chega a valer dez vezes mais do que uma gravura assinada na matriz e de tiragem ilimitada. No fundo, o que está em jogo são a assinatura do artista e a raridade da obra em questão. Já houve tentativas de fazer novamente da gravura uma arte acessível e de baixo custo – Lívio Abramo, um dos mais importantes gravadores brasileiros, combatia expressamente a supervalorização da gravura, defendendo a impressão de grandes tiragens vendidas a preços baixos.
Se pensarmos no caso do Brasil, todavia, veremos que, para além de questões técnicas e de mercado, a
chegada
da
xilogravura
expressionista
representa o encontro de duas "tradições" que vêem a própria gravura de forma diversa. A
xilogravura da tradição cordelista possui feições próprias. Em cada uma de suas linhas, apresenta características particulares, mas tradicionalmente voltadas à comunidade na qual nasce. Há desde as gravuras de linhagem moralista e religiosa até as destinadas
a
perpetuar
mitos
e
histórias
populares. No entanto, seu público, sua função e sentido são totalmente diversos da linhagem xilográfica moderna, de influências européias. A que já foi chamada de "gravura erudita" é cercada de ateliers, exposições, estritamente vinculada ao mercado das fine arts, para usar a expressão inglesa; é cercada de discussões formais e estéticas – veja-se a polêmica em torno da abstração, que teve lugar na gravura brasileira em certo momento do século XX, e, às vezes, certos comprometimentos
com
determinadas
vanguardas artísticas. E, por fim, há a já mencionada questão da valorização da obra: uma preocupação com a autenticidade cujo propósito é diferente daquele que há entre os xilogravadores de tradição cordelista – já que aqui não se trata
apenas de uma questão autoral, mas também de fatores econômicos.
De toda forma, é inegável que este encontro de águas abre horizontes para a gravura brasileira. Nasce, aí, uma infinita riqueza de linguagens – que, longe de se encarcerarem nos grilhões estilísticos
de
determinadas
tradições,
estão
sempre prontas a rompê-las e encontrar novas trilhas. Foi isso que aconteceu com a tradição expressionista.
Quando
falo
do
Expressionismo
como uma
"tradição", uso a meu favor a ampla acepção deste termo. É hoje um consenso entre os especialistas que
não
é
expressionista
possível
falar
uniforme
de
sem
um
"estilo"
incorrer
em
profundos equívocos; de toda forma, espero que o que chamo de "tradição expressionista" torne-se claro através do próprio texto. A princípio,
entenda-se
que
refiro-me
a
xilogravadores
brasileiros que tiveram, diretamente ou não, influências concretas de artistas expressionistas ou a este movimento relacionados, entendendo-se por Expressionismo a
moderna arte
alemã das
primeiras décadas do século XX.
Uma das presenças mais fortes, neste sentido, é Oswaldo Goeldi. Carioca, nascido em 1895, Goeldi foi ainda criança para a Europa, onde inseriu-se no mundo artístico. Marcelo Grassman, que o conheceu pessoalmente, observou que Goeldi disse-lhe pessoalmente que sua grande revelação havia ocorrido em uma exposição de Edvard Munch, da qual saiu "vendo gravura em tudo". No entanto, mais do que isso, Goeldi teve importantes relações com um dos expressionistas da chamada "primeira geração", pré-guerra: Alfred Kubin, genial gravador e desenhista que participou d'O Cavaleiro Azul, o seminal grupo no qual estavam Wassily Kandinsky e Franz Marc. Kubin foi, além
de amigo, incentivador de Goeldi: este, como conta Aníbal Machado em seu clássico ensaio sobre o artista, enviou àquele certo dia, assaltado pela dúvida e incerteza, seus trabalhos, a fim de colher uma opinião crítica. A resposta de Kubin – "seus instrumentos de gravar tiram faíscas misteriosas e feiticeiras do bloco de madeira" – deu início a uma correspondência
que
atravessou
décadas.
Experiência similar foi a de Lasar Segall, russo naturalizado brasileiro em 1927. Este, por sua vez, conviveu com a chamada "segunda geração" de expressionistas; chegando a fundar, junto a Otto Dix, Conrad Felixmüller, Otto Schubert e outros, o Grupo 1919. Pode ser interessante lembrar que, dentre as obras recolhidas para a exposição nazista de Arte Degenerada, em 1937, estavam dez obras de Segall.
É importante falar também dos alunos de Axel Leskoschek, austríaco que exilou-se na Suíça em 1938, vindo para o Brasil como refugiado de
guerra. Na Europa, havia sido aluno de Käthe Kollwitz, expressionista cuja obra expressa intensa preocupação social e política. Basta que se veja seu Memorial para Karl Liebknecht, gravura de tiragem ilimitada vendida a preços baixos, cuja renda foi revertida para financiar as exposições do proletariado berlinense. Leskoschek, como observa Fayga Ostrower, tinha uma capacidade única de "captar o clima mental de uma cena ou de uma narrativa, o que fazia de maneira brilhante"; e deixou marcas em uma grande quantidade de seus alunos – entre os quais estavam, além de Fayga, gente como Ivan Serpa, Renina Katz e Edith Behring. Pode-se lembrar ainda que a própria Fayga Ostrower teve declarada influência de Käthe Kollwitz.
À guisa de conclusão, gostaria de observar que, como demonstram estas notas, a xilogravura expressionista chegou ao Brasil por caminhos bastante
visíveis.
Na
história
da
gravura
brasileira, trata-se de um capítulo seminal, dada a fundamental
influência
de
Goeldi,
Segall,
Leskoschek e tantos outros na nossa arte gráfica. Deste
livro,
os
primeiros
capítulos
apenas
esparsamente foram até o momento escritos; entretanto, todos nós, artistas ou amantes da arte, estamos,
ainda
que
muitas
inconscientemente, entre seus leitores.
vezes
O QUE É GRAVURA EM METAL OU CALCOGRAVURA? A gravura em metal é o processo de gravurafeito numa matriz de metal, geralmente o cobre. Pode também ser feita em alumínio, aço, ferro ou latão amarelo. A gravura em metal pode ser definida como gravura de encavo (do francês gravure en creux), termo genérico que é aplicado para definir certos procedimentos da gravura. A palavra encavo pretende ressaltar que o depósito de tinta para impressão é feito dentro dos sulcos gravados e não sobre a superfície da matriz, como no caso da xilogravura.
As ferramentas mais comuns usadas para gravar uma imagem na matriz são a ponta seca e o buril. Mas na maneira direta há também o roulette(que
permite
conseguir
um
traçado
irregular,
granulado, como um lápis grafite). Já o berceau, o brunidor e o raspador, são instrumentos usados na técnica conhecida como maneira negra (do francês manière noire) ou também conhecida como meia-tinta (do italiano mezzo - tinto). Existem ainda técnicas nas quais são utilizados produtos químicos, como na água fortee na água tinta.
As
nomenclaturas
e
as
diferenciações
dos
inúmeros procedimentos que caraterizam o que genericamente denomina-se "gravura em encavo" são fundamentadas a partir de características básicas de suas variantes técnicas processuais: a gravura em metal, por se utilizar de um metal como matriz; a calcogravura do latim calco que significa comprimir; o talho-doce (do francês taille-douce);
e
também
por
especificidades
técnicas como gravura a buril, a água-forte, a
água-tinta, que podem referir-se tanto à técnica quanto ao instrumento utilizado na gravação.
A gravura em Metal é uma das mais antigas técnicas de gravura. Existem obras nesta técnica datadas de 1500, produzidas por vários gênios da Renascença, como o alemão Albrecht Durer, por exemplo. A gravação em metal estava no princípio ligada ao trabalho de ourivesaria, como obra de entalhe e desse modo voltada à ornamentação. O desenvolvimento de processos gráficos a partir do século XV, impulsionado por novas necessidades na realização de imagens impressas e na procura de técnicas que permitissem um trabalho gráfico da
imagem
resistência
impressa às
grandes
de
alta
tiragens
qualidade e
e
edições,
encontrou no meio ligado à ourivesaria o ambiente necessário para o emprego de matrizes de metal e para o aparecimento das técnicas da gravura em metal. A gravura em encavo, assim denominada
como oposição à gravura em relevo, deposita a tinta nos sulcos realizados pela gravação.
A técnica do Metal consiste na "gravação" de uma imagem sobre uma chapa de cobre. Os meios de obter a imagem sobre a chapa são muitos, e não seria exagero dizer que são quase "infinitos", pois cada artista desenvolve seu procedimento pessoal no trato com o cobre. A maneira mais direta de fazer uma gravura em metal é com ferramentas, como a ponta seca - um instrumento de metal semelhante a uma grande agulha que serve de "caneta ou lápis". A ponta seca risca a chapa, que tem a superfície polida, e esses traços formam sulcos, micro concavidades, de modo a reterem a tinta, que será transferida por meio de uma grande pressão, ao passar por uma prensa de cilindro conhecida como prensa calcográfica, e imprimindo assim, a imagem no papel. A impressão da imagem gravada em encavo baseiase na retirada da tinta que se encontra nos sulcos
gravados, o que exige uma considerável pressão mecânica e portanto equipamento adequado que difere do tipográfico, ou de uma impressão manual, como ocorre na xilogravura.
Além de ferir a chapa de cobre com a ponta seca, obtendo o desenho, a chapa também pode receber outras ferramentas diretas como o buril, o roulette e outros. Nos meios indiretos, água-forte e águatinta , os produtos químicos, conhecidos por mordentes (ácido nítrico, percloreto de ferro e etc.) atacam as áreas da matriz que não foram isoladas com
verniz,
criando
assim
outro
tipo
de
concavidades, e consequentemente, efeitos visuais. Desta forma o artista obtém gradações de tom e uma infinidade de texturas visuais. Consegue-se assim uma gama de tons que vai do mais claro, até o mais profundo escuro. Estes procedimentos ainda podem ser usados em conjunto.
São inúmeros os exemplos de artistas que produzem obras onde a gravura é utilizada não apenas
como
ponto
de
partida
para
o
desenvolvimento de todo um processo, mas também como meio expressivo autônomo, que recupera
antigas
técnicas
e
procedimentos
tradicionais mas também incorpora imagens produzidas por equipamentos e tecnologia de ponta nos dias atuais. Desde as primeiras manifestações
gráficas
os
diferentes
procedimentos da gravura têm encontrado papel de destaque, tanto como meio de comunicação de idéias, ou como meio difusor de conhecimento, ou ainda como um importante recurso expressivo.
A gravura como meio de expressão e de pensamento, com sua linguagem própria, se manifesta indiscutivelmente no contexto da arte contemporânea,
a
considerar
sua
enorme
importância na formação do pensamento e da cultura ocidentais.