É Hora de Acordar!

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Escola Secundária Ferreira de Castro

É hora de Acordar!

O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã Biologia 12 Por_ Márcia Araújo; Mª Fátima Santos; Sara Dias

12ºC

Ano Lectivo 2007/2008


É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã Escola Secundária Ferreira de Castro

É hora de Acordar!

O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã Avaliação_ ______________________________________

A Professora_ _______________________

Professora_ Catarina Santos

Alunas_ Márcia Araújo Mª Fátima Santos Sara Dias

Biologia 12

12ºC

Ano Lectivo 2007/2008

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã

Índice Introdução............................................................................................................................................................. - 7 -

É hora de Acordar!.................................................................................................................................................- 8 -

Poluição/Degradação dos recursos ...................................................................................................................- 9 1.

Contaminantes da atmosfera, solo e água e seus efeitos fisiológicos................................................. - 11 -

H2O – Água ..................................................................................................................................................... - 12 1.

Recursos Hidrológicos ....................................................................................................................... - 12 -

2.

Poluição da Água .............................................................................................................................. - 15 2.1.

Poluição de origem agrícola ..................................................................................................... - 16 -

2.2.

Poluição de origem urbana....................................................................................................... - 17 -

2.3.

Poluição de origem industrial ................................................................................................... - 17 -

3.

Poluição dos Oceanos e Mares .......................................................................................................... - 21 -

4.

A Qualidade da Água......................................................................................................................... - 21 -

Atmosfera ...................................................................................................................................................... - 23 1.

Estrutura Atmosférica ....................................................................................................................... - 23 -

2.

Composição Atmosférica .................................................................................................................. - 24 -

3.

Acção da Atmosfera sobre a radiação solar ....................................................................................... - 24 -

4.

Poluição Atmosférica ........................................................................................................................ - 25 4.1.

Efeitos genéricos da poluição do ar ..........................................................................................- 26 -

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 4.2.

Os poluentes usados no cálculo do índice.................................................................................- 26 -

4.3.

A legislação actual sobre qualidade do ar ................................................................................. - 27 -

4.4.

Fontes dos poluentes ............................................................................................................... - 28 -

5.

Nevoeiro Fotoquímico....................................................................................................................... - 30 -

6.

Efeito de estufa ................................................................................................................................. - 31 6.1.

7.

8.

Produção de gases com efeito de estufa .................................................................................. - 31 -

Camada de Ozono............................................................................................................................. - 32 7.1.

Camada de ozono e a composição da atmosfera ...................................................................... - 32 -

7.2.

Destruição da cama de ozono .................................................................................................. - 33 -

7.3.

Como é que os CFC’s destroem a camada de ozono ................................................................. - 35 -

7.4.

O buraco da camada de ozono e o porquê da Antártida ........................................................... - 35 -

7.5.

O que são raios ultra – violeta e as suas consequências............................................................. - 35 -

7.6.

As consequências da destruição da camada de ozono .............................................................. - 36 -

Chuvas ácidas.................................................................................................................................... - 36 8.1.

Efeitos que a chuva ácida pode causar nas florestas ................................................................. - 37 -

8.2.

Efeitos que a chuva ácida pode causar nas águas ..................................................................... - 38 -

8.3.

Efeitos que a chuva ácida pode causar em construções ............................................................ - 39 -

8.4.

Efeitos que a chuva ácida tem nas pessoas...............................................................................- 40 -

Solos............................................................................................................................................................... - 41 1.

Poluição dos Solos ............................................................................................................................ - 41 -

2.

Degradação dos Solos ....................................................................................................................... - 41 -

Recursos Naturais ...........................................................................................................................................- 49 1.

O que são os recursos naturais ..........................................................................................................- 49 -

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 2.

Recursos naturais não renováveis......................................................................................................- 49 2.1.

Recursos naturais não renováveis............................................................................................. - 50 -

3.

Recursos naturais renováveis ............................................................................................................ - 50 -

4.

Destruição dos recursos naturais ....................................................................................................... - 51 -

Desflorestação................................................................................................................................................ - 52 -

Destruição de Habitats.................................................................................................................................... - 56 -

Extinção de Espécies....................................................................................................................................... - 57 -

O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã....................................................................................................................... - 63 -

Revolução Industrial ....................................................................................................................................... - 65 -

Produção de Resíduos..................................................................................................................................... - 67 -

Redução de impactes negativos......................................................................................................................- 68 1.

2.

Tratamento de resíduos sólidos.........................................................................................................- 69 1.1.

Aterros Sanitários ....................................................................................................................- 69 -

1.2.

Incineração .............................................................................................................................. - 70 -

1.3.

Reciclagem .............................................................................................................................. - 72 -

Tratamento de águas residuais ......................................................................................................... - 73 -

Destruição da camada de ozono ..................................................................................................................... - 75 -

Medidas a tomar para a prevenção/diminuição das chuvas ácidas................................................................... - 76 -

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã Recursos naturais.............................................................................................................................................- 77 -

Desflorestação................................................................................................................................................ - 78 -

Conclusão............................................................................................................................................................ - 79 -

Bibliografia/Webgrafia ........................................................................................................................................ - 80 -

Anexos ................................................................................................................................................................ - 83 1.

Excesso de azoto nos solos leva ao desaparecimento de espécies vegetais ............................................- 84 -

2.

Solos da Beira Litoral com fósforo a mais............................................................................................... - 85 -

3.

O solo: um recurso esquecido mas sem o qual não há desenvolvimento sustentável..............................- 86 -

4.

Concern Over Oceans Despite Receding Oil & Chemical Threats ...........................................................- 88 -

5.

Desflorestação da Amazónia atinge valor quase recorde ....................................................................... - 93 -

6.

Por cada 1% de desflorestação na Amazónia a população de mosquitos da malária aumenta 8% ..........- 94 -

7.

Poluição atmosférica – origens, efeitos e controlo regulamentar ........................................................... - 95 -

8.

Poluição atmosférica 'mata' imagem da cidade de Lisboa...................................................................... - 97 -

9.

Alterações antropogénicas do ciclo do azoto .........................................................................................- 98 -

10.

Cientistas dizem que aquecimento global persistirá durante séculos ............................................... - 102 -

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Introdução A Humanidade vive num sistema fechado que provavelmente será difícil abandonar. Tudo o que resulta da actividade humana terá consequências sobre a qualidade de vida das gerações futuras, do mesmo modo que o nosso mundo é o produto do comportamento dos nossos antepassados. O Homem, como todos os outros seres vivos, está integrado na biosfera. Este subsistema constitui um conjunto cuja complexidade é mal conhecida. As investigações dos cientistas revelam interdependências com os outros subsistemas que põem em evidência as responsabilidades humanas relativamente ao ambiente e à própria Humanidade de que faz parte. O crescimento da população humana, bem como o desenvolvimento tecnológico ocorrido nos últimos tempos, tem vindo a criar problemas novos que urge resolver e assimetrias económicas que é preciso ultrapassar. No nosso mundo é o cruzamento de efeitos e causas, em que cada acção individual se junta às dos outros. Isto implica direitos e deveres: o direito de exigir um ambiente saudável e a possibilidade de desenvolver existências dignas num mundo viável para todos e a responsabilidade de impedir a destruição do meio. O Homem necessita aprender a gerir os bens que a Terra lhe proporciona, por isso, devemos todos nós, a cada dia, tentar salvar parte do nosso planeta.

O que é a Terra? Uma bola no espaço? Um pequeno paraíso? Planeta de gelo fundido E de chama interior? ……………………… Uma dádiva dos céus Um pequeno mundo Cada ave uma guia Cada arvore uma mãe O que é a Terra? Um coração frágil Ofereço esta voz Para salvar a sua E a minha vida Virgínia McKenna, Salvemos a Terra

Este trabalho encontra-se dividido em duas partes, a primeira onde se encontram situações problema, cujo título que lhe demos é ‘É hora de Acordar!’ isto porque é necessário que a humanidade deixe de ser ignorante face aos problemas ambientais existentes; a segunda parte denomina-se ‘O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã’ e tem como principal objectivo demonstrar como era, é e será o nosso planeta, também apresentamos algumas medidas de preservação do ambiente.

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Poluição/Degradação Poluição/Degradação dos recursos A Poluição pode ser definida como a introdução no meio ambiente de qualquer matéria ou energia que venha a alterar as propriedades físicas ou químicas ou biológicas desse meio, afectando, ou podendo afectar, por isso, a "saúde" das espécies animais ou vegetais que dependem ou tenham contacto com ele, ou que nele venham a provocar modificações físico-químicas nas espécies minerais presentes. Todos os seres vivos, incluindo o Homem, tendem a adaptar-se às condições existentes no meio ambiente. Se essas condições forem alteradas, os seres vivos tendem a refugiar-se em ambientes que lhes são mais favoráveis ou a adaptar-se às novas condições. Se isto não acontecer, os seres vivos acabam por ser eliminados. Em qualquer uma das situações, as alterações ambientais persistentes se repercutem, mais cedo ou mais tarde, na vida de todos os seres vivos. Tomando como base a espécie humana, tal definição, aplicada às acções praticadas pela espécie humana, levaria à conclusão de que todos os actos oriundos desta espécie são actos poluidores; o simples acto de respirar, por exemplo. A fim de que se estabelecessem limites para considerar o que, dentro do razoável, fosse considerado como poluição, foram estabelecidos parâmetros e padrões: os parâmetros para indicar o que está a poluir e os padrões para quantificar o máximo permitido em cada parâmetro. Do ponto de vista humano, tudo o que possa ser obtido do ambiente em seu benefício é encarado como um recurso. Alguns dos recursos estão directamente disponíveis, tais como, a luz solar, o vento, a água potável de superfície ou o solo fértil, enquanto que outros recursos, como o petróleo, o ferro, a agua potável subterrânea ou alguns produtos agrícolas, só se encontram disponíveis mediante o emprego de alguma tecnologia.

Podemos classificar os recursos em perpétuos, renováveis e não-renováveis. Alguns recursos renováveis podem transformar-se em não-renováveis se forem utilizados, por um período prolongado, a uma ritmo mais rápido que a sua renovação por processos naturais. Os recursos perpétuos são assim denominados porque, á escala temporal humana, se renovam continuamente. Os recursos renováveis podem ser repostos de forma relativamente rápida, tendo em conta a escala temporal humana, desde que o seu uso não ocorra mais rapidamente que a sua reposição. Caso se ultrapasse a capacidade de renovação do recurso, este fica sujeito a uma depleção ou degradação. A desflorestação e a urbanização do solo com aptidão agrícola são exemplos de degradação ambiental causada por uma depleção excessiva de recursos. Os recursos não-renováveis existem numa quantidade considerada fixa, tendo em conta a escala temporal humana.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã Os recursos não-renováveis nunca são explorados até à exaustão. Antes de tal acontecer, chega-se ao ponto de depleção económica, a partir do qual não é mais rentável explorar esse recurso. Habitualmente, um recurso não-renovável é considerado economicamente esgotado quando já se extraiu e se usou 80% da sua quantidade total existente, visto que o custo da extracção e uso dos restantes 20% excede o valor do recurso. Uma das principais causas da degradação dos recursos e do ambiente em geral é a poluição. A poluição é derivada da ocorrência de uma contaminação, e, uma contaminação é o resultado da descarga de determinados elementos num ecossistema em concentração superior à normal para esse local. Quando a contaminação tem capacidade tóxica potencial, designa-se poluição. Tendo que o meio ambiente pode ser entendido, no sentido mais lato, como tudo o que rodeia e afecta um ser vivo, qualquer alteração que modifique e prejudique as características do ambiente pode ser considerada poluição. A poluição consiste numa alteração das características físicas, químicas ou biológicas do ar, do solo, da água ou até mesmo dos alimentos, que ameaça a sobrevivência, a saúde, ou as condições de vida e actividades dos seres humanos ou de outras espécies. Deste modo, todos os resíduos das actividades antropogénicas (industria, transportes, agricultura intensiva), que não podem voltar naturalmente aos ciclos biogeoquímicos, podem ser considerados poluentes. No entanto, a poluição também pode ter causas naturais (erupções vulcânicas, por exemplo). As fontes de poluição podem ser localizadas ou dispersas. Nas localizadas, os poluentes provêm de locais facilmente identificáveis, tais como a chaminé de uma fábrica, uma conduta de esgoto doméstico ou o tubo de escape de um automóvel. Nas dispersas, os poluentes provêm de uma fonte não localizada, como, por exemplo, a escorrência para um lago de fertilizantes agrícolas. Independentemente da sua fonte, a poluição não conhece fronteiras politicas e provoca efeitos indesejáveis na qualidade de vida dos seres humanos. Esses efeitos podem ser locais ou globais, graduais ou imediatos e neles se incluem diversos riscos para a saúde e degradação ambiental generalizada. A poluição pode ser classificada de acordo com uma variedade de critérios. Os mais comuns são a extensão, a localização e a natureza da poluição. Assim, podemse considerar vários tipos de poluição:

Quanto à extensão, a poluição pode ser local, regional ou global; Quanto à localização, a poluição pode ser atmosférica, aquática ou dos solos; Quanto á natureza, a poluição pode ser química, biológica, radioactiva, etc.

Existem duas formas de lidar com a poluição: prevenindo-a, evitando ou reduzindo a emissão de poluentes, ou limpando-a, removendo os poluentes após a sua emissão. A prevenção da poluição é a solução mais desejável. A limpeza da poluição apresenta alguns inconvenientes. Por um lado, é uma solução temporária, uma vez que não elimina a fonte poluidora. Por outro lado, é, normalmente, muito dispendiosa. Além disso, muitas vezes, a remoção de poluentes de uma parte do ambiente pode causar poluição num outro local. Contudo, embora a prevenção da poluição seja mais desejável do que a limpeza, pois funciona melhor e é mais económica, ambas as soluções são necessárias.

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1.

Contaminantes da atmosfera, solo e água e seus efeitos fisiológicos

Existem vários contaminantes na atmosfera, no solo e na água, que podem ser considerados poluentes. Na tentativa de compreender melhor os efeitos da poluição sobre o ambiente e poder criar soluções para os problemas causados por esses efeitos, é necessário identificar os principais poluentes, bem como os seus efeitos nefastos. A natureza química de um poluente, a sua concentração e persistência são os três principais factores que determinam os efeitos nocivos causados por esse poluente. Em relação à sua persistência, os poluentes podem ser classificados em degradáveis (ou não persistentes), persistentes e não degradáveis. Os poluentes degradáveis podem ser completamente degradados em compostos inócuos, ou reduzidos a níveis aceitáveis, de forma natural, através de processos físicos, químicos ou biológicos. Os poluentes químicos complexos que são metabolizados por organismos vivos e transformados em substâncias químicas mais simples são denominados biodegradáveis. O papel é um exemplo de um poluente biodegradável.

Fig. 1 Molécula de DDT.

Os poluentes persistentes demoram décadas para serem degradados. São exemplos deste tipo de poluente os plásticos ou os pesticidas, como o DDT.

Os poluentes não degradáveis não podem ser degradados por processos naturais. O chumbo, o mercúrio e o arsénio constituem exemplos deste tipo de poluentes.

Fig. 2 O papel é um poluente biodegradável.

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H2O – Água 1.

Recursos Hidrológicos

Corno se sabe, a água é um bem essencial à Vida. No nosso Planeta, a água é um recurso relativamente abundante. Contudo, nem toda esta água, pelas mais diversas razões, pode ser utilizada pelo Homem. Diz-se, muitas vezes, à semelhança do petróleo e de outros recursos, que a água não está distribuída de forma equitativa no globo terrestre. Na Terra, 97% da água está nos oceanos; porém, esta água é salgada, logo imprópria para consumo humano. A água doce constitui os restantes 3%, mas desta percentagem apenas uma pequena porção pode ser usada pelo Homem. Da água doce existente no planeta, cerca de 3/4 está retida nos icebergues e glaciares, sob a forma de gelo, pelo que

Fig. 3 Distribuição da água na Natureza. O bloco da esquerda mostra que cerca de 97% de toda a água existente está nos oceanos. O bloco do meio representa os restantes 3%. Dessa porção 77% está retida nos glaciares e icebergs e 22% constituem a água subterrânea. A distribuição do restante 1% está representada no bloco da direita. Dessa porção 61% corresponde a lagos, 39% distribui-se pela atmosfera e solos e <0,4% aos rios.

resta menos de 1/4 de água doce para poder ser utilizada pelo Homem. Dos números apresentados podemos concluir que, embora exista muita água na Terra, de facto, apenas uma porção relativamente diminuta está ao alcance do Homem. Alem disso, esta água está sujeita à poluição tornando-se, por isso, não potável. Pelas razões apontadas, verifica-se que a água é um recurso precioso, necessário à nossa sociedade, pelo que importa assegurar não só a sua quantidade, mas também a sua qualidade. Embora a água ocorra na Natureza distribuída por diferentes reservatórios (oceanos, atmosfera, lagos, rios, etc.), está num movimento constante de uns reservatórios para outros. Esse movimento constante designa-se ciclo da água ou ciclo hidrológico.

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O conceito de ciclo hidrológico está ligado ao movimento e à troca de água nos seus diferentes estados físicos, que ocorre na Hidrosfera, entre os oceanos, as calotes de gelo, as águas superficiais, as águas subterrâneas e a atmosfera. Este movimento permanente deve-se ao Sol, que fornece a energia para elevar a água da superfície terrestre para a atmosfera (evaporação), e à gravidade, que faz com que a água condensada caia (precipitação) e que, uma vez na superfície, circule através de linhas de água que se reúnem em rios até atingir os oceanos (escoamento superficial) ou se infiltre nos solos e nas rochas, através dos seus poros, fissuras e fracturas (escoamento subterrâneo). Nem toda a água precipitada alcança a superfície terrestre, já que uma parte, na sua queda, volta a evaporar-se. A água que se infiltra no solo é sujeita a evaporação directa para a atmosfera e é retida pela vegetação, que através da transpiração, a devolve à atmosfera. Este processo chamado evapotranspiração ocorre no topo da zona não saturada, ou seja, na zona onde os espaços entre as partículas de solo contêm tanto ar como água. A água que continua a infiltrar-se e atinge a zona saturada das rochas, entra na circulação subterrânea e Fig. 4 Ciclo da Água ou ciclo hidrológico contribui para um aumento da água armazenada (recarga dos aquíferos). Como podes ver na figura 3 na zona saturada (aquífero) os poros ou fracturas das formações rochosas estão completamente preenchidos por água (saturados). O topo da zona saturada corresponde ao nível freático. A água subterrânea pode ressurgir à superfície (nascentes) e alimentar as linhas de água ou ser descarregada directamente no oceano. A quantidade de água e a velocidade a que esta circula nas diferentes etapas do ciclo Fig. 5 Zona não saturada e Zona Saturada do Subsolo. hidrológico são influenciadas por diversos factores como, por exemplo, o coberto vegetal, altitude, topografia, temperatura, tipo de solo e geologia.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã Até hoje, sempre se tem afirmado que a água, subterrânea ou não, é um recurso renovável. Contudo, o aumento demográfico, verificado nalgumas regiões do Globo, fez aumentar de forma acentuada as necessidades em água. A água que consumimos, diariamente, pode ter diferentes proveniências, tais como: Águas de superfície – são constituídas por águas interiores, ou seja, todas as águas lênticas ou correntes à superfície do solo que não sejam costeiras nem de transição. Pode ser captada através dos rios e ribeiras, lagos, albufeiras e canais. Águas subterrâneas - todas as águas que se encontram abaixo da superfície do solo na zona de saturação e em contacto directo com o solo ou com o subsolo. Pode ser captada através de nascentes, furos e poços ou por bombagem onde exista água acumulada. Aquífero: uma ou mais camadas subterrâneas de rocha ou outros estratos geológicos suficientemente porosos e permeáveis para permitirem um fluxo significativo de águas subterrâneas ou a captação de quantidades significativas de águas subterrâneas. Para além das águas de superfície e subterrâneas, que são captadas, tratadas e distribuídas para consumo, existem ainda: Águas costeiras - as águas de superfície que se encontram entre terra e uma linha cujos pontos se encontram a uma distância de uma milha náutica, na direcção do mar, a partir do ponto mais próximo da linha de base a de delimitação das águas territoriais, estendendo-se, quando aplicável, até ao limite exterior das águas de transição. Águas de transição - massas de águas de superfície na proximidade da foz dos rios, que têm um carácter parcialmente salgado em resultado da proximidade de águas costeiras, mas que são significativamente influenciadas por cursos de água doce.

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2.

Poluição da Água

Ao mesmo tempo que aumenta a população, também aumenta a produção de resíduos e de outros materiais poluentes pelo que, actualmente, não é suficiente ter apenas acesso à água, mas também ter acesso a água de qualidade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 3.4 milhões de pessoas em todo o Mundo morrem prematuramente, todos os anos, vitimas de doenças relacionadas com a água. Segundo o que consta no Decreto n.º 73.030/73, art. 13, § 1º, poluição da água é qualquer alteração de suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, que possa importar em prejuízo à saúde, à segurança e ao bem-estar das populações, causar dano à flora e à fauna, ou comprometer o seu uso para fins sociais e económicos. Quando se fala em poluição das águas, devem ser abrangidas não só as águas superficiais como também as subterrâneas. Uma das principais fontes de poluição das águas são os resíduos urbanos, tanto os industriais quanto os rurais, que são despejados voluntária ou involuntariamente. A água pode ser poluída segundo três aspectos distintos: - Poluição Física - Poluição Química - Poluição Bacteriológica A poluição física, talvez a menos comum das três, ocorre quando se verifica uma variação, por exemplo, nos valores de temperatura ou de radioactividade na água de um aquífero. Um despejo de uma grande quantidade de água industrial (usada no arrefecimento de motores ou noutro qualquer processo industrial) pode provocar um aumento na temperatura da água de um aquífero. Tratando-se de um fenómeno temporário, com mais ou menos facilidade, rapidamente o aquífero adquirirá as suas propriedades físicas normais. Os outros tipos de poluição, a poluição química e a poluição bacteriológica, são de remediação muito mais difícil e demorada, senão mesmo impossível. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define poluição química como a introdução na água de substâncias que podem prejudicar a sua utilização, tornando-a desagradável à visão, ao olfacto e ao paladar. Estas substâncias provocam a alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas da água, tornando-a Fig. 6 Poluição da Água imprópria para muitas das suas utilizações. Quando substâncias tóxicas ou organismos patogénicos aparecem na água, tornando-a imprópria para consumo e para as utilizações domésticas, estamos perante uma situação de poluição bacteriológica. Os poluentes que, frequentemente, se encontram nas águas subterrâneas podem ser de origem orgânica, como de origem inorgânica.

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Na seguinte tabela, estão resumidos os principais poluentes: PRINCIPAIS POLUENTES DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Nutrientes ricos em azoto e fósforo Sais dissolvidos Substâncias radioactivas Metais pesados Sólidos em suspensão (ex. escórias de minas e poeiras)

Organismos diversos (ex. Vírus e Bactérias) Derivados do petróleo Óleos Materiais em suspensão (ex. fibras e plásticos) Dissolvidos (ex. detergentes e fenóis)

De maneira geral, a poluição que afecta as águas subterrâneas é causada pelas diferentes actividades do Homem. Assim, a poluição das águas pode ser dos seguintes tipos: - Poluição de origem agrícola - Poluição de origem urbana - Poluição de origem industrial

Fig. 7 Poluição da água subterrânea com diferentes origens.

2.1. Poluição de origem agrícola A agricultura, quando de carácter intensivo, utiliza grandes quantidades de adubos, pesticidas e outras substâncias capazes de fazerem aumentar a produção. Estes produtos possuem substâncias perigosas, algumas tóxicas, tais como nitratos, fosfates e mesmo metais pesados. A assimilação destes produtos, por parte das plantas, nunca é total, pelo que os fosfatas e nitratos não assimilados acabam por ser arrastados pelas águas das chuvas até aos aquíferos, poluindo-os. A agropecuária, dentro da poluição agrícola, constitui também uma importante fonte poluidora. Os resíduos de natureza orgânica, produzidos pelos animais, são utilizados como fertilizantes (estrumes) e são lançados directamente sobre os

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã terrenos agrícolas, podendo, desta forma, contaminar os recursos hídricos subterrâneos.

2.2. Poluição de origem urbana O aumento populacional tem causado enormes problemas de gestão de resíduos que são produzidos pelo ser humano. Os resíduos, mesmo quando depositados em aterros (supostamente, sanitários), com o decurso do tempo, sofrem diversas transformações, que formam materiais perigosos para os aquíferos. Destes materiais, os mais nocivos são as chamadas águas lixiviantes que, caso não sejam convenientemente tratadas, ou caso ocorra uma fuga destas águas, poderão contaminar, de forma irremediável, um aquífero.

2.3. Poluição de origem industrial A actividade industrial, nomeadamente as indústrias petroquímicas, metalúrgica e alimentar, produz resíduos líquidos que são lançados, muitas vezes, nos solos ou nas linhas de água, sem qualquer tipo de tratamento. As substâncias poluidoras (metais pesados, produtos orgânicos e outras) geradas por estas actividades são, em alguns pontos do nosso País, responsáveis pelo estado de degradação em que se encontram alguns aquíferos. Para alem dos tipos de poluição já referidos, a sobreexploração de um aquífero pode, também, provocar a sua poluição. Retirar mais agua do que aquela que os aquíferos são capazes de produzir pode provocar alterações químicas ou bacteriológicas, que os tornam impróprios para consumo. Os casos de sobreexploração mais típicos são os que ocorrem nas zonas costeiras. Assim, se determinado aquífero, localizado no litoral, for explorado em excesso, a diminuição da quantidade de agua doce possibilita o avanço da agua salgada subterrânea em direcção ao continente, acabando por atingir as captações que se localizam mais próximo do mar. Quando esta situação se verifica, dificilmente se conseguirá recuperar um aquífero.

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NATUREZA DOS POLUENTES Grupo de Poluentes

Efeitos resultantes da sua presença na água

Origens usuais desses poluentes

Substâncias biodegradáveis, cujo quantitativo será expressam pelo respectivo valor da carência química de oxigénio

Desoxigenação das águas, morte de peixes e outros organismos aquáticos aeróbios, formação e libertação de odores

Efluentes domésticos e industriais aparentados; destilarias; fábricas de conserva; unid. de fabrico de lacticínios; unid. de fabrico de lacticínios; unid. de produção de pasta e fabrico de papel; criação animal

Substâncias tóxicas, tais como arsénio, cádmio, chumbo, cianetos, cobre, crómio, mercúrio, níquel, zinco e eventualmente radionúclidos

Mortandade de peixes, animais domésticos e de criação; mortandade de algas e demais organismos planctónicos; bioacumulação e biomagnificação em tecidos de moluscos e peixes

Indústrias de tratamento de superfícies metálicas (cromagem, niquelagem, etc.); tratamento de fosforites e de bauxite; produção de cloro; curtumes; fabrico de baterias e acumuladores

Ácidos e alcalis

Ruptura da capacidade tamponizante das águas; alterações nos sistemas ecológicos, com eventuais modificações das populações dominantes

Efluentes de minas de carvão; siderurgias; unid. têxteis; efluentes de ind. químicas; lavandarias; efluentes de lavagem de reactores de unid. de lacticínios; efluentes de unid. de despeliculagem química de vegetais (tomate, etc.)

Desinfectantes, tais como cloro e derivados, ozono, água oxigenada, formalina, fenóis, etc.

Eliminação selectiva de microrganismos; formação de sabores e odores em águas tratadas; formação de derivados tóxicos e/ou mutagénicos, etc.

Unid. de branqueamento de pasta e papel; fabrico de antibióticos; unid. de produção de gás, alcatrões, etc.; unid. de produção de tintas e outros produtos químicos

Sais de origem inorgânica em especial cloretos, fluoretos, silicatos

Modificações das características da água, tais como conductividade, dureza e salinidade; formação de precipitados e suspensões coloidais; formação de colorações

Unid. metalúrgicas de produção de cimento; cerâmicas; descargas e efluentes de minas e unid. de separação de metais; efluentes de poços de combustíveis fósseis

Substâncias oxidantes e reductoras, tais como amoníaco, nitratos, sulfuretos e sulfitos

Desoxidação das águas; possibilidade de indução de efeitos eutrofizantes; crescimento selectivo de microrganismos; formação de odores

Unid. de produção de gás e carvão; fabrico de adubos e fertilizantes; fabrico de explosivos, pigmentos, tintas e fibras têxteis; fabrico e branqueamento de pasta de papel; efluentes domésticos

Substâncias esteticamente questionáveis

Sólidos flutuantes e produtos decantáveis; espumas de eutrofização; depósitos de fundo anaeróbicos; formação de odores e de espumas; mortalidade de peixes

Produção de detergentes; unid. de curtumes; unidades agro-alimentares; produção de açúcar; fabrico de lã; criação de galináceos; refinarias de petróleo; perfurações; efluentes domésticos

Organismos patogénicos

Infecções no Homem e animais domésticos; doenças e pragas vegetais através de águas contaminadas

Efluentes de matadouros; processamento de lã: abate e processamento de galináceos e outras aves; formação de fungos em obras de tratamento de espumas e ETAR

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A poluição aquática pode fazer-se sentir em linhas de água superficiais (rios e ribeiras), em lagos, em águas subterrâneas ou no oceano.

Linhas de água superficiais

As linhas de água superficiais conseguem recuperar rapidamente de descargas de matéria orgânica oxidável ou de poluição térmica devido ao efeito combinado da diluição e da decomposição bacteriana. Porem, esta capacidade de autodepuração tem limites, podendo ser afectada por uma drenagem parcial da água ou por uma descarga poluente demasiado elevada. Por outro lado, poluentes não degradáveis não são eliminados por esta capacidade de autodepuração. A quantidade de matéria orgânica oxidável na agua pode ser determinada através da medição da carência bioquímica de oxigénio (CBO), isto é, da quantidade de oxigénio dissolvido que as bactérias decompositoras necessitam para degradar a matéria orgânica de um determinado volume de água durante um certo período de incubação, a 20 ºC. Geralmente, utiliza-se um período de cinco dias, obtendo-se assim CBO5. Numa corrente de água, a decomposição de resíduos biodegradáveis por bactérias diminui a quantidade de oxigénio dissolvido na água; isto provoca uma diminuição ou mesmo o desaparecimento de populações de organismos com elevadas necessidades em oxigénio, até que a água fique limpa de resíduos. O tempo e a distância necessária à recuperação de uma linha de água dependem do tamanho da descarga, mas também do volume, da corrente, da temperatura e do pH da linha de água.

Lagos

Nos lagos, charcos e nas albufeiras, a diluição dos poluentes é, normalmente, menos eficaz, isto porque contêm menor volume de água e têm muito menos corrente. Além disso, os lagos e as albufeiras podem ser compostas por camadas estratificadas, sujeitas a pouca mistura vertical. Assim, os lagos são mais vulneráveis do que as correntes de água à contaminação por fertilizantes, petróleo e derivados, pesticidas e outras substâncias tóxicas, tais como o chumbo, o mercúrio e o selénio. Estes contaminantes podem matar os organismos bentónicos (organismos que vivem no fundo dos lagos), bem como os peixes e as aves que se alimentam de organismos aquáticos. Muitos químicos tóxicos provenientes da atmosfera (DDT, PCB, compostos radioactivos, compostos de mercúrio), contaminam os lagos. Tanto os lagos como as albufeiras recebem escorrências ricas em nutrientes e sedimentos erodidos provenientes dos terrenos circundantes. Este enriquecimento em nutrientes que se verifica nos lagos denomina-se eutrofização natural. Perto de zonas urbanas ou agrícolas, as actividades humanas podem acelerar o aporte de nutrientes ao lago, o que resulta num processo denominado eutrofização cultural. Este fenómeno é provocado, essencialmente, por efluentes contendo nitratos e fosfatos vindos de diversas fontes. Durante o tempo quente, esta sobrecarga de nutrientes leva a um crescimento exagerado de populações de organismos, tais como algas, cianobactérias e plantas aquáticas, como o jacinto-d’água. Quando as algas morrem, a sua decomposição por bactérias decompositoras provoca uma depleção do oxigénio dissolvido na água, principalmente na camada superficial junto à margem e na camada mais profunda. Esta depleção de oxigénio pode provocar a morte de peixes e outros animais aquáticos. Caso o aporte excessivo de nutrientes continue a afluir para o lago, verifica-se um aumento das bactérias

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã anaeróbias, que produzem gases tóxicos, tais como sulfureto de hidrogénio e metano.

Águas subterrâneas

A poluição dos lençóis freáticos pode provir também de diversas fontes. Os riscos para a saúde humana deste tipo de poluição são acrescidos, devido ao facto da agua subterrânea constituir a principal fontes de agua para consumo humano directo. Estes tipos para a saúde provêm principalmente de água contaminada com petroquímicos (como gasolina), solventes orgânicos (como tricloroetileno), pesticidas, arsénio, chumbo e fluoreto. Contrariamente ao que acontece com as linhas de água superficial, a água subterrânea, quando contaminada, não consegue autodepurar-se de resíduos degradáveis. A razão para isso acontecer reside no facto da água subterrânea ter um movimento muito lento, ter populações muito menores de bactérias decompositoras e ser fria, o que abranda a velocidade das reacções químicas de degradação de resíduos.

Fig. 8 Poluição da água subterrânea com diferentes origens.

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3.

Poluição dos Oceanos e Mares Os oceanos são fundamentais para o equilíbrio do Planeta. Influenciam o clima, intervêm em processos vitais como o ciclo hidrológico, absorvem poluentes como o dióxido de carbono, alem de constituírem uma importante fonte de recursos naturais. Apesar disso, os oceanos e mares foram considerados por muito tempo, como grandes depósitos de resíduos, muitos com elevado teor de substâncias tóxicas e radioactivas. Como a sua capacidade de absorção e renovação não é ilimitada, surgem graves problemas. Os derrames de petróleo e seus derivados, provocados por acidentes com navios petroleiros e por lavagens ilegais de depósitos, são uma das formas mais graves de poluição marinha. Esses acidentes afectam principalmente as áreas de maior circulação marítima. As marés negras desencadeadas pelos derrames de petróleo são graves catástrofes ecológicas uma vez que afectam a flora e a fauna marinhas, degradam as áreas costeiras, assim como os ecossistemas que delas fazem parte, além de interferirem com a vida da população que vive nas áreas costeiras atingidas e que, muitas vezes, tem actividades ligadas ao mar, como a pesca. A poluição dos mares e oceanos tem como principais consequências a perda de biodiversidade e a degradação de habitats marinhos, como os corais.

4. A Qualidade da Água A água pode, por vezes, revelar-se nociva, quando contém elementos e compostos químicos que prejudicam a saúde. Quando não é tratada, a água é um importante veículo de transmissão de doenças. As Nações Unidas estimam que a saúde de cerca de 1,2 biliões de pessoas em todo o mundo é afectada negativamente pela falta de qualidade da água, incluindo 15 milhões de crianças que morrem anualmente devido a doenças relacionadas com a água. A contaminação da água reduz a quantidade de água disponível para consumo, agravando as assimetrias e conflitos existentes pela posse da água e pondo em risco a sobrevivência de espécies, de ecossistemas e do estilo de vida moderno. A água que chega às nossas torneiras é previamente tratada. A água no seu estado natural contém elementos químicos potencialmente nocivos ao ser humano. A água captada passa por um processo de desinfecção, que conduz à destruição de microrganismos causadores de doenças (vírus e bactérias) que possam existir. Mesmo que, à partida, a água não esteja contaminada com estes elementos patogénicos, a desinfecção é aplicada na mesma, para prevenir potenciais contaminações durante o transporte e distribuição da água. Existem outros tratamentos possíveis, cuja aplicação depende das características da água captada, da tecnologia disponível e dos custos do processo. Estes tratamentos são: correcção de acidez, remoção de ferro e manganês, turvação de cheiros e sabores, correcção de dureza (remoção de cálcio e magnésio). O resultado final, que chega às nossas torneiras, deve ser uma água incolor, inodora, sem turvação e sem pesticidas, com pH e teor de alcalinidade aceitáveis e isenta de microrganismos patogénicos. Depois de utilizada, com uma composição física e química diferente da origem, a água é reconduzida ao meio natural, o qual pode não ter capacidade para absorver e reciclar todos os elementos que a água contém. O tratamento das águas residuais é fundamental para manter o equilíbrio e conservar os recursos hídricos. Para além disso, o meio receptor da água utilizada é, grande parte das vezes, o meio emissor da água para captação. O tratamento das águas residuais torna-se também um meio de prevenção contra a contaminação das águas para consumo e reduz os custos de tratamento da água captada.

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A água tem de obedecer a determinados parâmetros de controlo da sua qualidade, esses parâmetros encontram-se nas seguintes tabelas: Tabela 1 Parâmetros, e respectivos intervalos, considerados na classificação da qualidade da água, proposta pela DSCP da ex-DGRAH (1990).

* O pH, sendo um parâmetro muito dependente de características geomorfológicas, pode apresentar valores fora deste intervalo, sem contudo significar alterações de qualidade devidas à poluição.

Tabela 2 Classes de qualidade da água e seu significado (DSCP da ex-DGRAH, 1990) e cores a utilizar em representações cartográficas.

CLASSE NÍVEL DE QUALIDADE

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Atmosfera O manto que envolve a Terra – a atmosfera – proporciona o oxigénio essencial à vida sobrevivência dos seres vivos e evita que uma parte significativa dos meteoritos e das radiações solares prejudiciais à vida atinjam a superfície terrestre.

1.

Estrutura Atmosférica

A atmosfera apresenta alterações, da base para o topo, em termos de temperatura, composição química, movimento e densidade. Baseado nas características da temperatura, os cientistas dividem a atmosfera como se ela consistisse em cinco camadas concêntricas – troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera ou ionosfera e exosfera – e quatro zonas estreitas de transição (pausas) – tropopausa, estratopausa, mesopausa e termopausa. A troposfera é a camada que se encontra em contacto com a Terra e cujo limite superior – a tropopausa – se situa a cerca de 12 km de altitude. Nesta camada, a temperatura diminui com a altitude, numa proporção média de menos 6 ºC por cada 1000 metros – gradiente térmico vertical. É na tropopausa que ocorrem os principais fenómenos meteorológicos. A estratosfera situa-se acima da troposfera e atinge os 50 km de altitude, no seu limite superior – estratopausa. A temperatura mantém-se constante até aos 25 km e, depois, aumenta com a altitude, devido à presença da camada de ozono, que absorve a maior parte das radiações ultravioletas provenientes do Sol. Acima da estratosfera situa-se a Fig. 9 Estrutura vertical da Atmosfera. mesosfera, até ao seu limite superior – mesopausa – a 80 km de altitude. A temperatura desce com a altitude devido à fraca absorção da radiação solar. Na termosfera, dá-se um rápido aumento da temperatura que resulta da absorção de grande parte da radiação solar. Nesta camada, a maior parte dos meteoritos que atingem a atmosfera são destruídos pela força do impacto e pelas altas temperaturas. Ao conjunto da troposfera e da tropopausa designa-se por baixa atmosfera. Ao conjunto da estratosfera e da estratopausa e da mesosfera e da mesopausa – média atmosfera. A termosfera é designada por alta atmosfera.

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2.

Composição Atmosférica

A atmosfera é constituída por uma mistura de gases cuja proporção se mantém praticamente uniforme até aos 80 km de altitude, o que inclui a troposfera, a estratosfera e a mesosfera. Apesar de ocuparem um menor volume, o dióxido de carbono, o vapor de água e o ozono desempenham importantes funções na atmosfera. O dióxido de carbono, que provem essencialmente da decomposição dos seres vivos, da actividade vulcânica e da combustão de substâncias que contêm carbono, como o carvão e o petróleo, absorve parte das radiações solares e terrestres, contribuindo para a manutenção de temperaturas propicias à vida na Terra. O vapor de água é o elemento essencial para a formação de precipitações. O ozono, mais abundante na estratosfera (entre os 17 e os 26 km de altitude), absorve a maior parte das radiações ultravioletas, nocivas à maioria dos seres vivos, impedindo que cheguem à superfície. O ozono existente na estratosfera é benéfico, porque actua com um filtro, ao impedir que cerca de 95% da radiação UV atinja a superfície do planeta e cause problemas, tais como queimaduras solares, cancro da pele e dos olhos, cataratas e danos no sistema imunitário.

Fig. 10 As nuvens resultam da condensação do vapor de água presente na atmosfera.

3.

Acção da Atmosfera sobre a radiação solar Sem a atmosfera, a radiação solar atingiria directamente a superfície terrestre, aquecendo-a em demasia durante o dia. De noite, todo o calor escaparia para o espaço, atingindo-se temperaturas muito baixas. Assim, não seria possível a existência de vida na Terra. É a acção da atmosfera sobre a radiação solar que permite a manutenção de um equilíbrio térmico à superfície da Terra.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã Os diferentes componentes da atmosfera são responsáveis pelos processos que impedem mais de metade da radiação solar atingir a superfície terrestre: A Reflexão pelas nuvens, gases e partículas sólidas da atmosfera, que contribui para que grande parte da radiação solar seja reenviada para o espaço.

A Absorção pelo dióxido de carbono, ozono, vapor de água, poeiras e nuvens, que permite o aquecimento da atmosfera.

A radiação solar absorvida pela superfície terrestre converte-se em energia calorífica (radiação infravermelha) que por sua vez, vai ser emitida pela Terra – radiação terrestre. Uma parte da radiação terrestre é enviada para o espaço, mas outra parte significativa é absorvida pela atmosfera e novamente reflectida para a superfície – contra-radiação. É este processo – o efeito de estufa – que permite a concentração de calor na baixa troposfera mantendo a superfície terrestre a uma temperatura média de cerca de 15 ºC e criando, assim, condições para a existência de vida na Terra.

4.

Poluição Atmosférica

A poluição atmosférica resulta da emissão crescente de gases poluentes que provocam uma degradação dos ecossistemas devido aos depósitos de azoto e substâncias ácidas. Este tipo de poluição não respeita fronteiras, por isso trata-se de um problema local e transfronteiriço. Este tipo de poluição pode dar origem ao efeito de estufa, alterações climatéricas, diminuição da qualidade do ar, problemas de saúde nos seres vivos como diversas doenças respiratórias, diversos tipos de cancros, etc. A poluição atmosférica ocorre sobretudo na atmosfera e na estratosfera. As principais classes de poluentes da atmosfera são :

Óxidos de carbono : monóxido de carbono e dióxido de carbono ;

Óxidos de enxofre : dióxido de enxofre e trióxido de enxofre ;

Óxidos de azoto: monóxido de azoto, dióxido de azoto, óxido nitroso ;

Compostos orgânicos voláteis: metano, propano, clorofluorcarbonetos;

Partículas em suspensão: sólidas (poeira, cinzas, amianto, chumbo, nitratos e sulfatos) e aerossóis (ácido sulfúrico, PCB, dioxinas e pesticidas);

Oxidantes fotoquímicos: ozono, peróxido de hidrogénio, aldeídos;

Substancias radioactivas: radão-222, iodo-131, estrôncio-90, plutónio239;

Outros poluentes cancerígenos, teratogénicos e neurotóxicos: tetracloreto de carbono, cloreto de metilo, clorofórmio, benzeno, dibrometo de etileno, formaldeído.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 4.1. Efeitos genéricos da poluição do ar A poluição do ar tem vindo a ser a causa de um conjunto de problemas, nomeadamente:

Degradação da qualidade do ar;

Exposição humana e dos ecossistemas a substâncias tóxicas;

Danos na saúde humana;

Danos nos ecossistemas e património construído;

Acidificação;

Deterioração da camada de ozono estratosférico;

Aquecimento global/alterações climáticas

Entre os efeitos na saúde humana referem-se os problemas ao nível dos sistemas respiratório e cardiovascular. Quanto aos danos nos ecossistemas podem citar-se a oxidação de estruturas da vegetação, que entre muitas outras consequências pode originar a queda prematura das folhas em algumas espécies ou o apodrecimento precoce de alguns frutos. Finalmente, quando se fala de prejuízos ao nível do património construído pode dar-se como exemplo o caso dos poluentes acidificantes que atacam quimicamente as estruturas construída, causando a degradação dos materiais. Os efeitos dos poluentes atmosféricos variam em função do tempo e das suas concentrações. Este facto faz com que, normalmente, se fale em efeitos crónicos e agudos da poluição atmosférica. Os efeitos agudos traduzem as altas concentrações de um dado poluente que, ao serem atingidas, podem ter logo repercussões nos receptores. Os efeitos crónicos estão relacionados com uma exposição muito mais prolongada no tempo e a níveis de concentração mais baixos. Embora este nível seja mais baixo, a exposição dá-se por um período prolongado, o que faz com que possam aparecer efeitos que derivam da exposição acumulada a esses teores poluentes. As emissões atmosféricas geram problemas a diferentes escalas, desde uma escala local (por ex. as concentrações de monóxido de carbono - CO - provenientes do tráfego junto a estradas congestionadas) até à escala global (cujo melhor exemplo são as alterações climáticas que se traduzem, entre muitos outros efeitos, pelo aquecimento global do planeta com todas as repercussões daí resultantes).

4.2. Os poluentes usados no cálculo do índice Existem diversos poluentes atmosféricos, mas vai-se focar a atenção apenas naqueles que fazem parte do cálculo do índice de qualidade do ar não só por fazerem parte deste último mas também por serem comuns, especialmente nas áreas urbanas e industriais quotidianas. São cinco os poluentes englobados no índice de qualidade do ar: Monóxido de carbono (CO); Dióxido de azoto (NO2); Dióxido de enxofre (SO2); Ozono (O3); Partículas finas ou inaláveis (medidas como PM10)

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4.3. A legislação actual sobre qualidade do ar A preservação de uma boa qualidade do ar ambiente tem sido uma preocupação prioritária nos trabalhos da União Europeia (UE) desde o início dos anos 80. O quadro legislativo actual nacional referente à avaliação e gestão da qualidade do ar, é constituído por um conjunto de diplomas legais resultantes da transposição para o direito interno de cinco directivas comunitárias: a Directiva-Quadro da Qualidade do Ar, também denominada de directiva mãe, e quatro directivas criadas com base nesta, as directivas filhas. A Directiva-Quadro da Qualidade do Ar, Directiva 96/62/CE de 27 de Setembro, transposta para a ordem jurídica nacional através do Decreto-Lei n.º 276/99 de 23 de Julho, define as linhas de orientação da política de gestão da qualidade do ar: Definindo objectivos para a qualidade do ar ambiente a fim de evitar, prevenir ou limitar os efeitos nocivos sobre a saúde humana e sobre o ambiente na sua globalidade;

Avaliando a qualidade do ar com base em métodos e critérios comuns;

Disponibilizando ao público informação adequada acerca da qualidade do ar ambiente (como, por exemplo, através de limiares de alerta);

Revelando a necessidade de preservação da qualidade do ar quando esta é boa e, nos outros casos, o seu melhoramento, através da implementação de planos de melhoria.

O Decreto-Lei n.º 111/2002 de 16 de Abril, transpôs as Directivas comunitárias 1999/30/CE de 22 de Abril, relativa a valores limite para o dióxido de enxofre, dióxido de azoto, óxidos de azoto, partículas em suspensão e chumbo no ar ambiente, e 2000/69/CE de 16 de Novembro, relativa a valores limite para o benzeno e o monóxido de carbono. Além de estabelecer os valores limite das concentrações no ar ambiente de todos estes poluentes, este decreto-lei define as regras de gestão da qualidade do ar a eles aplicáveis. A terceira directiva filha, a Directiva 2002/3/CE de 12 de Fevereiro, relativa ao ozono, estabelece objectivos de longo prazo, valores alvo, limiares de alerta e informação ao público para as concentrações deste poluente no ar ambiente. Este diploma foi transposto para o direito interno pelo Decreto-Lei n.º 320/2003 de 20 de Dezembro. A quarta e última directiva filha, a Directiva 2004/107/CE de 15 de Dezembro, estabelece valores alvo para as concentrações médias anuais de arsénio, cádmio, níquel e benzo(a)pireno determinados na fracção de partículas inaláveis (PM10). Também determina métodos e técnicas para avaliar as concentrações e deposição destas substâncias, garante a obtenção de informações adequadas e a sua divulgação junto do público. Esta directiva incide sobre determinados metais pesados e hidrocarbonetos aromáticos presentes nas partículas em suspensão exigindo a recolha da amostra e posterior análise laboratorial, como tal, a disponibilização da informação é efectuada numa base temporal diferente da dos restantes poluentes. Esta directiva foi transposta para o direito nacional pelo Decreto-Lei n.º 351/2007 de 23 de Outubro.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 4.4. Fontes dos poluentes As fontes dos diversos poluentes, bem como os efeitos que cada um dos poluentes origina são bastante diferentes. As diferentes características começam pois logo pelos diferentes modos como são gerados os poluentes, assim é possível à partida distinguir dois tipos de poluentes:

Poluentes Primários, são aqueles que são emitidos directamente pelas fontes para a atmosfera, sendo expelidos directamente por estas (por ex. os gases que provêm do tubo de escape de um veículo automóvel ou de uma chaminé de uma fábrica). Exemplos: monóxido de carbono (CO), óxidos de azoto (NOx) constituídos pelo monóxido de azoto (NO) e pelo dióxido de azoto (NO2), dióxido de enxofre (SO2) ou as partículas em suspensão.

Poluentes Secundários, os que resultam de reacções químicas que ocorrem na atmosfera e onde participam alguns poluentes primários. Exemplo: o ozono troposférico (O3), o qual resulta de reacções fotoquímicas, isto é realizadas na presença de luz solar, que se estabelecem entre os óxidos de azoto, o monóxido de carbono ou os Compostos Orgânicos Voláteis (COV).

Os poluentes primários são as substâncias emitidas para a troposfera numa forma potencialmente prejudicial. Uma vez na troposfera, alguns destes poluentes primários podem reagir entre si, ou com componentes básicos do ar, para formar novos poluentes, denominados poluentes secundários.

Fig. 11 A poluição atmosférica pode ter origem em causas naturais ou em actividades humanas.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã No quadro seguinte são apresentadas sinteticamente as principais fontes dos poluentes englobados no cálculo do índice, bem como uma breve descrição de algumas características físicas e químicas destes.

Poluente CO (monóxido de carbono)

NO2 (dióxido de azoto)

SO2 (dióxido de enxofre)

O3 (ozono)

PM10 (partículas)

Características físicoquímicas

Fontes

Incolor Inodoro

Tráfego (especialmente veículos sem catalisador) Indústrias

Castanho claro, quando em baixas concentrações Cria uma brisa castanha desagradável, em altas concentrações

Tráfego Sector industrial, em geral, dado que é o resultado da queima de combustíveis a temperaturas mais ou menos elevadas

Incolor Inodoro, em baixas concentrações Cheiro intenso a enxofre, quando há altas concentrações

Sector industrial (especialmente refinarias, caldeiras queimando combustíveis com altos teores de enxofre – por ex. fuelóleo, indústria química e pastas de papel)

Incolor, embora seja o principal constituinte do smog fotoquímico, que se traduz por uma névoa que se forma alguns metros acima da superfície do solo

Material sólido ou pequenas gotículas de fumo, poeiras e vapor condensado no ar

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Forma-se ao nível do solo como resultado de reacções químicas que se estabelecem entre alguns poluentes primários, tais como os óxidos de azoto, os compostos orgânicos voláteis (COV) ou o monóxido de carbono. Estas reacções dão-se na presença de luz solar, sendo particularmente importantes no verão. Poluentes primários provêm de: Tráfego Indústrias Aterros sanitários Tintas e solventes Florestas (principalmente COV) Pequenas fontes (estações de serviço, equipamentos mecânicos de jardinagem

Tráfego Sector industrial (cimenteiras, indústria química, refinarias, siderurgias, pastas de papel, extracção de madeiras,...) Obras de construção civil Processos agrícolas (ex. aragem dos solos)


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5.

Nevoeiro Fotoquímico

O nevoeiro fotoquímico, também conhecido por smog, consiste numa mistura de poluentes primários e secundários, formandos sob influência da luz solar. Embora possa conter mais de 100 gases distintos, o principal componente do nevoeiro fotoquímico é o ozono fotoquímico. Ocorre em zonas com maiores problemas de poluição, designadamente áreas urbanas e industriais. A principal causa de nevoeiro fotoquímico é a combustão de combustíveis fósseis em veículos e na indústria. Por isso, este tipo de poluição existe mais em grandes cidades como Los Angeles (EUA), Cidade do México (México), São Paulo (Brasil) ou Sidney (Austrália), situadas em locais de clima quente e com grande circulação de veículos Fig. 12 Formação de nevoeiro fotoquímico. automóveis. A reacção de gases proveniente da combustão industrial, automóvel e doméstica (principalmente óxidos de azoto, compostos orgânicos voláteis não metálicos, monóxido de carbono e metano) com a luz solar produz o chamado nevoeiro fotoquímico, cuja característica principal é a presença de ozono na troposfera.

Fig. 13 Evolução do nevoeiro fotoquímico ao longo do dia.

Os valores mais elevados ocorrem usualmente nos dias de maior luminosidade e de grande estabilidade atmosférica junto à superfície, visto favorecerem a acumulação destes poluentes em certas zonas. A visibilidade reduz-se à medida que aumenta a quantidade de partículas poluentes, formando uma bruma (no caso de ar seco) ou actuando como núcleos de condensação para a formação de neblina ou nevoeiro (no caso de ar húmido). Como a formação do nevoeiro fotoquímico está dependente da luz solar, este tipo de poluição torna-se mais evidente em dias quentes e secos. Os níveis de

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã nevoeiro fotoquímico também não são constantes ao longo do dia (Fig.13). De manhã, como o trânsito é mais intenso, aumentam os níveis de óxidos de azoto na atmosfera. À medida que o dia avança, forma-se cada vez mais nevoeiro fotoquímico (aumentam os níveis de ozono fotoquímico), atingindo um pico a meio da tarde, na altura mais quente do dia, podendo provocar irritações nos olhos e no tracto respiratório dos habitantes. A palavra "smog" foi inventada para descrever a combinação de fumo (smoke) e nevoeiro (fog) que envolvia Londres durante os anos cinquenta e que vitimou milhares de pessoas.

6.

Efeito de estufa

Uma estufa é uma galeria envidraçada ou coberta de plástico transparente onde o ar é aquecido, sendo geralmente utilizada para o cultivo de plantas de regiões quentes ou que precisam de cuidados especiais. A atmosfera da Terra funciona um pouco como uma estufa em relação ao planeta, uma vez que possui gases que têm a propriedade de permitir a passagem dos raios solares e de reter o calor que é irradiado pela superfície da Terra. Se não existissem esses gases o planeta seria muito mais frio. O principal gás com propriedades de efeito de estufa é o vapor de água, mas a contribuição das actividades humanas para a sua concentração na atmosfera é considerada mínima, se comparada com a dos processos naturais. Quando se fala de gases com efeito de estufa fala-se principalmente de seis compostos. Três que existem naturalmente na atmosfera: o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O); e três que foram criados pelo Homem: os hidrofluorcarbonetos (HFC), os perfluorcarbonetos (PFC) e o hexafluoreto de enxofre (SF6). De todos, o dióxido de carbono é tido como o que mais tem contribuído para a aceleração do aumento da temperatura global nos últimos 50 anos e serve como indicador comum para medir todos os gases com efeito de estufa. As emissões de todos os outros gases são expressas em “equivalentes de dióxido de carbono”. Por exemplo, uma molécula de metano equivale a 21 moléculas de dióxido de carbono, porque o seu potencial de aquecimento da atmosfera é 21 vezes superior.

6.1. Produção de gases com efeito de estufa

Dióxido de carbono

O excesso de dióxido de carbono produzido pelo ser humano resulta principalmente da queima de combustíveis como o petróleo, o gás e o carvão, sendo os sectores dos transportes e produção de electricidade, aqueles que mais poluem. Estas emissões em conjugação com as alterações no uso do solo, especialmente a destruição das florestas, têm vindo a alterar o ciclo natural do carbono, ou seja, o saldo entre o dióxido de carbono que é absorvido e retido pelos ecossistemas (através da fotossíntese realizada pelas plantas) e aquele que é devolvido à atmosfera.

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Metano

A produção de metano na natureza resulta sobretudo da decomposição de matéria orgânica por parte de bactérias, e da erupção de vulcões. A agricultura, a pecuária, as fugas associadas à extracção e distribuição de combustíveis fósseis, aos depósitos de lixo e ao tratamento de esgoto são as principais fontes antropogénicas de metano.

Óxido nitroso

O óxido nitroso forma-se sobretudo durante o processo pelo qual alguns microrganismos transformam compostos azotados existentes no solo, como a amónia (NH3), em azoto (N2). A contribuição do Homem para a produção deste composto provém sobretudo de processos de combustão, do uso de fertilizantes na agricultura e da gestão de resíduos pecuários.

Hidrofluorcarbonetos, perfluorcarbonetos, clorofluorcarbonetos

Os hidrofluorcarbonetos e os perfluorcarbonetos são produtos sintetizados para fins industriais, e são substitutos dos clorofluorcarbonetos (CFC), cuja produção tem sido banida pela sua acção na destruição da camada de ozono. Os CFCs são também gases causadores de efeito de estufa, mas as suas emissões estão já razoavelmente controladas por acordos internacionais.

Hexafluoreto de enxofre

O hexafluoreto de enxofre (SF6) é sintetizado para servir como isolante eléctrico, condutor de calor e líquido congelante.

7.

Camada de Ozono 7.1. Camada de ozono e a composição da atmosfera

"Estamos frente ao maior perigo que a humanidade já enfrentou”. Dr. Mostafa Toba

Em volta da Terra existe uma frágil camada de um gás atmosférico chamado ozono (O3), que protege os animais, plantas e seres humanos dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol. O ozono é um gás atmosférico azul – escuro que se encontra na estratosfera. A diferença entre o ozono e o oxigénio é muito pequena, pois resume – se a um átomo (enquanto uma molécula de oxigénio possui dois átomos, uma molécula de ozono possui três). Esta diferença, é no entanto fundamental para a manutenção de todas as formas de vida na Terra, pois o ozono tem a função de proteger o planeta da radiação ultravioleta do Sol, sem essa protecção a vida na Terra seria quase completamente extinta. Na atmosfera, a presença da radiação ultravioleta desencadeia um processo natural que leva à contínua formação e fragmentação do ozono, como na imagem

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã abaixo:

Fig. 14 Formação e Fragmentação da molécula de Ozono 3 (O ).

Na superfície terrestre o ozono contribui para agravar a poluição do ar das cidades e a chuva ácida, no entanto na estratosfera é um filtro a favor da vida, pois sem ele os raios ultravioletas poderiam aniquilar todas as formas de vida no planeta. A camada de ozono (ou ozonosfera) forma-se e destrói-se através de fenómenos naturais mantendo um equilíbrio dinâmico, não tendo sempre a mesma espessura. Assim espessura da camada pode alterar-se naturalmente ao longo das estações do ano e até de ano para ano. Mas nem sempre a destruição da camada ocorre por motivos naturais. O ozono estratosférico forma-se geralmente quando algum tipo de radiação ou descarga eléctrica separa os dois átomos da molécula de oxigénio (O2), que então se podem recombinar individualmente com outras moléculas de oxigénio para formar ozono (O3), curiosamente, é também a radiação ultravioleta que “forma” o ozono.

7.2. Destruição da cama de ozono Existem provas de que as substâncias fabricadas pelo homem estão a destruir a camada do ozono. Em 1977 cientistas britânicos detectaram pela primeira vez a existência de um buraco de ozono sobre a Antártida, desde então têm – se acumulado registros de que a camada de ozono se esta ficar cada vez mais fina em várias partes do mundo, especialmente nas regiões próximas do Pólo Sul, e recentemente do Pólo Norte. Existem várias substâncias (por exemplo: CO2 produzido pela queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo; óxidos nítricos e nitrosos expelidos pelos exaustores dos veículos etc.) que acabam por destruir o ozono quando reagem com ele, estas substâncias também contribuem para o aquecimento do planeta, também conhecido por efeito de estufa. No entanto em termos de efeitos destrutivos sobre a camada de ozono nada se compara ao grupo de gases denominados de Fig. 15 Buraco de ozono no Pólo Sul. clorofluorcarbonos, os CFC’s. A destruição da camada de ozono é provocada principalmente pelo uso de gases sintéticos como por exemplo os CFCs (cloro – flúor - carbono), a sus acção sobre o ozono vai originar a mesma reacção que ocorre na estratosfera, com ozono e

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã oxigénio, a única diferença é que esta reacção é uma reacção é artificial e vai alterar o ciclo normal da regeneração da camada. A destruição da Camada de ozono é um dos problemas ambientais mais graves da nossa geração e se a sua destruição continuar ainda que parcial vai diminuir resistência que esta oferece à passagem dos raios solares nocivos à saúde do seres vivos que habitam o planeta terra. Desde 1957 são feitas medições na camada de ozono acima da Antártida e os valores considerados normais variam de 300 a 500 dobsons. No entanto ano de 1982 o cientista Joe Farman juntamente com outros investigadores da British Antartic Survey, observaram pela primeira vez estranhos desaparecimentos de ozono no ar sobre a Antártida, como estavam a usar um equipamento antigo e os dados que estavam a recolher não tinham precedentes, em vista da grande diminuição da concentração do gás (cerca de 20% de redução na camada de ozono), acharam por bem aguardar e fazer novas medições noutra época e com um aparelho mais moderno antes de tornar público um facto tão alarmante. Para além disto, o satélite Nimbus 7 ançado em 1978 com a função de monitorar a camada de ozono não havia até então detectado qualquer nada de anormal sobre a Antártida. Nos dois anos seguintes Joe Farman e os seus colegas continuaram as medições na Antártida, no período de Primavera e constataram não só que a camada de ozono continuava a diminuir e que essa redução era cada vez maior (30%). Nos anos seguintes a concentração de ozono continuou a diminuir na época da primavera e em 1987 verificou-se que 50% do ozono estratosférico tinha sido destruído antes que uma recuperação parcial ocorresse com a chegada do verão antárctico. O satélite Nimbus 7 não tinha detectado as primeiras reduções na camada de ozono por uma razão muito simples, este satélite não tinha sido programado para detectar níveis de ozono tão baixos, pois valores abaixo dos 200 dobsons eram considerados erros de leitura, e por isso não eram considerados. Para além disto em 1987 foram também detectadas ocorrências menores, apelidadas de "mini – buracos" que apareceram próximos à região polar. Em 1991, a NASA anunciou que o ozono estratosférico sobre a Antártida tinha atingido o nível mais baixo até então registrado: 110 dobsons para um nível esperado de 500 dobsons. Também em 1991, o Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (PNUMA) revelou que, pela primeira vez, estava-se a perder importantes quantidades de ozono tanto na primavera como no verão, bem como no hemisfério norte e hemisfério sul e em em latitudes altas e Fig. 16 Variação do buraco na Antártida de 1979 até 1992 médias. Em 1992 verificou-se . que também se tinha formado um buraco sobre Árctico, com uma redução de 20% de ozono, este novo buraco continuou a aumentar durante os três primeiros meses de 1996, crescendo mais de 30& e estabelecendo um novo recorde.

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7.3. Como é que os CFC’s destroem a camada de ozono Depois de serem liberados no ar, os CFCs (usados como propelentes em aerossóis, como isolantes em equipamentos de refrigeração e para produzir materiais plásticos) levam cerca de oito anos para chegar à estratosfera onde vão ser atingidos pela radiação ultravioleta e vão – se desintegrar e libertar cloro, por sua vez o cloro vai reagir com o ozono que consequentemente é transformado em oxigénio (O2), o problema é que o oxigénio não é capaz de proteger o planeta dos raios ultravioleta e por isso uma única molécula de CFC pode destruir 100 mil moléculas de ozono. A quebra dos gases CFC’s é prejudicial no processo natural de formação do ozono pois, quando um desses gases (CFCl3) se fragmenta um átomo de cloro é liberado e reage com o ozono, o resultado é a formação de uma molécula de oxigénio e de uma molécula de monóxido de cloro, mais tarde e depois de uma série de reacções um outro átomo de cloro será liberado e voltará a novamente desencadear a destruição do ozono.

7.4. O buraco da camada de ozono e o porquê da Antártida Uma série de factores climáticos faz da estratosfera sobre a Antártida uma região especialmente susceptível à destruição do ozono., no entanto na Primavera no Hemisfério Sul aparece um buraco na camada de ozono sobre o continente. Os cientistas observaram que o buraco tem crescido e que seus efeitos têm se tornado mais evidentes. O Hemisfério Norte também é atingido: Estados Unidos, a maior parte da Europa, o Norte da China e o Japão já perderam 6% da protecção de ozono. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) calcula que cada 1% de perda da camada de ozono cause 50 mil novos casos de câncer de pele e 100 mil novos casos de cegueira, causados por catarata, em todo o mundo. As massas de ar circulam por todo o mundo e por isso, quando um poluente é laçado por exemplo no Brasil, pode atingir toda a Europa devido às correntes de convenção. No entanto na Antártida devido ao seu rigoroso Inverno de 6 meses essa circulação de ar não ocorre e assim formam – se círculos de convenção exclusivos daquela área. Os poluentes atraídos durante o Verão permanecem na Antártida até a época de subirem para a estratosfera, quando chegar o Verão os primeiros raios de sol vão quebrar as moléculas de CFC encontradas nessa área, iniciado assim a reacção. Em 1988 foi constatado que na atmosfera da Antártida a concentração de monóxido de cloro é cem vezes maior do que em qualquer parte do mundo.

7.5. O que são raios ultra – violeta e as suas consequências Raios ultravioletas são ondas semelhantes a ondas luminosas as quais se encontram exactamente acima do extremo violeta do espectro da luz visível. O comprimento de onda dos raios ultravioletas varia de 4,1 x 10-4 até 4,1 x 10-2 mm, sendo que suas ondas mais curtas são as mais prejudiciais. Apesar de a camada de ozono absorver a maior parte da radiação ultravioleta uma pequena porção atinge a superfície da Terra, e é essa radiação (ultravioleta) que

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã provoca o cancro da pele e que mata milhares de pessoas provocando o câncer de pele, que mata por ano milhares de pessoas em todo o mundo, esta radiação afecta também o sistema imunológico diminuindo a resistência humana às doenças. Os seres humanos não são os únicos que atingidos pelos raios ultravioletas, pois todas as outras formas de vida, inclusive plantas podem ser afectados. Pensas – se também que níveis mais altos da radiação podem diminuir a produção agrícola, o que iria levar a uma menor oferta de alimento. A vida marinha também está seriamente ameaçada especialmente o plâncton (plantas e animais microscópicos) que vive na superfície do mar., estes organismos minúsculos estão na base da cadeia alimentar marinha e absorvem mais da metade das emissões de dióxido de carbono (CO2) do planeta.

7.6. As consequências da destruição da camada de ozono A principal consequência da destruição da camada de ozono será provavelmente o aumento do cancro de pele, uma vez que os raios ultravioletas são mutagénicos. Para alem disto existe a hipótese de a destruição da camada de ozono poder causar desequilíbrio no clima devido ao efeito de estufa, o que originaria o descongelamento dos glaciares e a consequente inundação de alguns territórios que actualmente se encontram em condições habitáveis. No entanto a maior preocupação dos cientistas é mesmo o cancro de pele, cuja incidência tem vindo a aumentar nos últimos 20 anos, e por isso aconselha – se cada vez mais as pessoas a evitar o sol nas horas em que este esteja mais forte, assim como a utilização de protectores solares.

8.

Chuvas ácidas

A água da chuva não é totalmente pura, pois esta é constituída por vários componentes existentes na atmosfera, onde o dióxido de carbono já existe naturalmente na atmosfera; e ao se dissolver na água torna-a ligeiramente ácida, ficando esta com um pH aproximadamente igual a 5,6. A chuva ácida é um fenómeno causado pela poluição excessiva da atmosfera. Esta pode acarretar muitos e graves problemas para as plantas, os animais, o solo, a água, as construções e ainda também para as pessoas. A chuva ácida em si é caracterizada por ter um pH ácido (abaixo dos 4,5) e esta produz-se quando o Enxofre (S), proveniente da queima dos combustíveis fósseis e o Azoto (N) presente no ar, combinando-se ambos com o Oxigénio (O2); formam os Óxidos de Enxofre (SO2 e o SO3) e também os Óxidos de Nitrogénio (N2O, NO e o NO2); que estando presentes na atmosfera vão-se fundir a outros compostos em suspensão, formando assim ácidos ainda mais fortes, aumentando ainda mais a acidez da água da chuva, como por exemplo, o Ácido Sulfúrico (H2SO4), o Ácido Nítrico (HNO3) e ainda o Ácido Clorídrico (HCl).

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A chuva ácida pode ser transportada através de longas distâncias, através do vento que varre todo o globo terrestre e transporta os poluentes que provocam a acidificação, e que esta vai cair não só apenas nas zonas poluidoras, mas também nas zonas que nada contribuíram para a esta poluição.

Fig. 17 Componentes e formação da chuva ácida.

8.1. Efeitos que a chuva ácida pode causar nas florestas Ao longo do tempo, e através de estudos realizados pelos cientistas, estes cada vez mais preocupados com o futuro, aperceberam-se que actualmente em muitas florestas as árvores não crescem como deveriam e as suas folhas; em vez de crescerem verdes e fortes, crescem já castanhas e caem muito facilmente. Os investigadores acreditam que o principal factor responsável, por estes danos causados às plantas e a morte de muitas florestas é a chuva ácida. Embora a chuva ácida não seja directamente responsável pelas mortes das árvores, o que acontece é que estas vão enfraquecendo cada vez mais e consequentemente as suas folhas morrem. De acordo com os estudos realizados pelos cientistas, a água acidificada dissolve os nutrientes que estão no solo e arrasta-os rapidamente antes que as plantas os possam utilizar para crescer. A chuva ácida, pode causar ainda a libertação de algumas substâncias tóxicas como o alumínio no solo, prejudicando assim a fertilidade dos organismos e das plantas. Apesar de o solo já ser naturalmente resistente às chuvas ácidas, existem ainda as nuvens e o nevoeiro; que na maior parte dos casos, provocam ainda mais estragos, pois estes são ainda mais ácidos que a própria chuva. As protecções das folhas são destruídas quando são expostas às nuvens ácidas, e então as folhas ficam bastante danificadas e com grandes manchas castanhas. Para as árvores crescerem fortes e saudáveis, necessitam que as suas folhas transformem a luz solar em alimento através de um processo denominado fotossíntese; mas como estas morrem muito cedo ou então estão demasiado danificadas; não conseguem produzir a energia suficiente para que a árvore se mantenha saudável. Uma vez que as árvores estão muito enfraquecidas, serão mais facilmente alvos dos seus predadores, como os insectos e também pelas doenças.

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Fig. 18 Estragos nas florestas causados após a passagem da chuva ácida.

8.2. Efeitos que a chuva ácida pode causar nas águas A maior parte dos rios e lagos, possuem um pH entre os 6 e os 8. O pH dos lagos, no entanto pode atingir valores aproximados a 5, quando os solos e a água não têm capacidade de neutralizar a chuva ácida, assim deste modo; todos os organismos que vivem em meios aquáticos poderão morrer em consequência deste fenómeno. Os sapos conseguem suportar os mais variados tipos de pH, mas se o seu alimento também desaparecer acabarão por morrer; não devido à contaminação, mas sim à fome. À medida que a acidez dos lagos aumenta os peixes vão desaparecendo; e até mesmo que alguns destes mais resistentes consigam sobreviver; é praticamente impossível ou bastante difícil que a sua continuidade esteja assegurada, pois uma vez que os seus ovos não têm hipótese de eclodir.

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Fig. 19 Contaminação da água através da chuva ácida.

8.3. Efeitos que a chuva ácida pode causar em construções A chuva ácida pode ser a principal responsável pela corrosão da pedra, do metal, e até mesmo da tinta; praticamente todos os materiais degradam-se gradualmente quando são expostos à chuva, ao vento e à água. A chuva ácida acelera este processo, destruindo tudo, desde as estátuas, prédios, monumentos, os carros e até mesmo as casas. Os mármores são constituídos principalmente de calcário, que este também é muito utilizado nos prédios e nos monumentos; o calcário reage muito facilmente com os ácidos existentes na chuva ácida, promovendo assim uma rápida degradação dos monumentos.

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Fig. 20 Monumentos antes (à esquerda) e depois (à direita) da chuva ácida.

8.4. Efeitos que a chuva ácida tem nas pessoas A chuva ácida tem o mesmo aspecto e gosto que a chuva normal. Os danos causados ás pessoas através da chuva ácida não são directos. Caminhar sobre a chuva ácida ou até mesmo tomar banho num lago acidificado não é muito perigoso; o verdadeiro perigo para as pessoas é a poluição atmosférica que causa a chuva ácida. O dióxido de enxofre e os óxidos de azoto são os principais responsáveis põe esta chuva, são estes gases o verdadeiro perigo para as pessoas, pois podem irritar ou em casos muito extremos, danificar os nossos pulmões.

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Solos O solo faz parte da litosfera, constituindo uma camada superficial cuja espessura é variável.

1.

Poluição dos Solos

Um solo diz-se poluído quando determinadas substâncias produzem alterações nas suas condições químicas, físicas ou biológicas, que afectam o normal desenvolvimento das espécies vegetais que nele se encontram ou dos animais que as consomem. Os resíduos sólidos, nomeadamente os resíduos sólidos urbanos, vulgarmente designados lixos, são os que têm mais visibilidade. No entanto, o solo também pode ser afectado por resíduos líquidos e por contaminantes radioactivos. Os resíduos sólidos são considerados perigosos quando contêm substâncias tóxicas, cancerígenas, mutagénicas ou teratógénicas. Fig. 21 Resíduo Sólido Urbano depositado numa floresta O ‘lixo electrónico’, constituído por televisores, computadores, telemóveis, por exemplo, é o problema de resíduos sólidos a nível mundial que mais tem vindo a aumentar. Este tipo de resíduos constitui igualmente uma fonte de substâncias perigosas, tais como o chumbo, o mercúrio, o cádmio e o bromo, que podem contaminar o ar, a água e o solo. 2.

Degradação dos Solos

O solo é um recurso natural básico, pois este constitui um componente indispensável dos ecossistemas e dos ciclos naturais, tem a função de: reservatório de água, suporte essencial do sistema agrícola e também é um espaço para as actividades humanas e para os resíduos produzidos. Assim, uma vez que o solo e a natureza estão interligados, a degradação do solo está intimamente relacionada com os problemas de outros recursos existentes na natureza, tais como: a poluição e destruição dos recursos hídricos e a biodiversidade. Pois como, o solo é um recurso finito, limitado e não renovável, face às suas elevadas taxas de degradação, que têm vindo a aumentar nas últimas décadas, devido à crescente pressão das actividades Fig. 22 Solo com vestigios de residuos sólidos urbanos, que humanas; em relação às suas taxas de formação e ajudam na sua degradação. regeneração extremamente lentas (decurso natural da natureza).

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã A formação de uma camada de solo de 30 cm leva entre 1000 a 10000anos, a se regenerar. Assim deste modo, os processos de degradação do solo constituem um grave problema a nível mundial, com consequências nefastas a nível ambiental, social e económico. À medida que a população mundial aumenta progressivamente, a necessidade de proteger o solo como um recurso vital, sobretudo para a produção alimentar, também aumenta. Nos últimos 40 anos, cerca de um terço dos solos agrícolas mundiais deixaram de ser produtivos do ponto de vista agrícola, devido à sua degradação/erosão, induzido pelo homem. Podemos observar ainda, que os solos com melhor qualidade encontram-se dispersos e limitados, na maior parte das vezes, a áreas onde a pressão para o uso da terra é extrema, nomeadamente para a construção imobiliária. As zonas costeiras mediterrâneas que antes estavam completamente livres das construções, cada vez são mais raras; evidenciando-se uma rápida necessidade de planificar devidamente a ocupação dos solos e o seu ordenamento territorial.

Fig. 23 Degradação do solo sob a forma de ocupação humana desmedida.

As principais ameaças sobre os solos são: a erosão, a mineralização da matéria orgânica, a contaminação, a impermeabilização, a compactação, a sanilização, o efeito degradante das cheias e os desabamentos de terra.

A erosão é a principal ameaça ambiental para a sustentabilidade e capacidade produtiva do solo e da agricultura convencional. A erosão resulta da remoção de pequenas partículas do solo, por agentes como a água e o vento, que as transportam para outros locais, resultando assim na redução de espessura deste. Este fenómeno poderá ser desencadeado por uma combinação de factores, como por exemplo; fortes declives, o clima em si (ex.: períodos longos de seca seguidos de chuvas torrenciais) e ainda as catástrofes ecológicos (ex.: incêndios florestais). Assim a erosão tem sido intensificada por algumas actividades humanas, ou seja, pela ocupação e gestão inadequada do solo.

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Fig. 24 Degradação do solo através de agentes naturais como a água e também pela acção humana.

A matéria orgânica existente no solo é muito importante, do ponto de vista físico-químico, pois esta contribui para a manutenção e mantêm a estrutura do solo, além de melhorar a infiltração e a retenção da água, aumentando ainda mais a sua produção. Esta tem um importante papel no solo, pois é essencial no ciclo global do carbono. Hoje em dia, existe uma tendência a favor das técnicas agrícolas de conservação, pois estas contribuem para o aumento do teor de carbono no solo, e ao mesmo tempo; evita as perdas deste e as suas emissões para a atmosfera sob a forma de dióxido de carbono (CO2), que como todos sabemos é o grande causador da destruição da camada de ozono.

Fig. 25 A matéria orgânica está presente no nosso dia-a-dia, quer na natureza como também nos grandes centros urbanos, aparecendo sob diferentes formas.

As práticas agrícolas têm tido desde sempre, um enorme e importante impacto sobre o solo, podendo também ter um impacto nos solos não agrícolas e nos lençóis de água (subterrâneos), nomeadamente na emissão de substâncias contaminantes e poluentes. Os contaminantes podem ser armazenados no solo, mas estes podem libertar-se de várias maneiras. Alguns são libertados soba a forma de pesticidas, que eventualmente viram a ultrapassar os limites da capacidade de armazenamento e do efeito tampão do solo, causando assim a danificação nas funções deste; contaminam as cadeias alimentares, desde os mais variados ecossistemas e recursos naturais, colocando assim em risco a biodiversidade dos ecossistemas e a saúde humana. Assim, para conseguirmos avaliar correctamente o potencial do impacto dos contaminantes no solo, temos de ter em conta não só a sua concentração, mas também o seu comportamento face ao ambiente e o seu mecanismo de exposição ao ser humano. O solo pode ser contaminado de diversas formas, de acordo com a sua fonte, o local, o tipo de poluição e o seu tipo de difusão.

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A contaminação local ou também chamada de pontual, está geralmente associada a determinados tipos de fontes, tanto em funcionamento com também depois de encerradas, ou seja, como por exemplo: a exploração mineira, as instalações industriais, os aterros sanitários, e muitas outras tantas, representando assim os elevados riscos para o solo e para a água, no caso dos solos não serem devidamente impermeabilizados e a descarga destes contaminantes não ser controlada.

A poluição difusa está geralmente associada à deposição atmosférica no solo, a certas práticas agrícolas, à reciclagem e ainda ao tratamento inadequado das águas residuais e os resíduos, sendo assim como o seu primeiro efeito, o colapso do efeito tampão do solo.

A deposição atmosférica, deve-se principalmente ao facto das emissões provenientes das indústrias, do tráfego automóvel e da agricultura, libertando assim dos solos os contaminantes acidificantes (ex.: o dióxido de enxofre), os metais pesados (ex.: o cobre, o chumbo, mercúrio) e ainda os compostos orgânicos (ex.: as dioxinas).

Os contaminantes acidificantes, diminuem gradualmente o efeito tampão dos solos, favorecendo assim a sua impregnação nos nutrientes, como consequência a perda da fertilidade do solo, a eutrofização das águas, o abrandamento da actividade biológica e ainda a redução da biodiversidade do solo.

Dados os elevados custos de extracção dos contaminantes presentes no solo, serem muito elevados, é o nosso dever prevenir novas contaminações, nomeadamente através da gestão de resíduos domésticos e a implementação de sistemas de monitorização e um rápido alerta das consciências. A impermeabilização consiste na cobertura do solo pela construção de habitações humanas, estradas e muitas outras ocupações, reduzindo assim a superfície do solo para realizar as suas funções naturais. As áreas impermeabilizadas podem ter um enorme impacto nos solos próximos uns aos outros, através da alteração dos padrões de circulação da água e o aumento da fragmentação da biodiversidade e os seus ecossistemas. O constante aumento da impermeabilização do solo é simplesmente inevitável, sendo a sua principal causa a ausência de estratégias de ordenamento do território, que não têm em consideração os efeitos de perda de solos insubstituíveis, quer ao nível de produção alimentar, quer também ao nível da conservação da natureza e o controlo das cheias. Assim, as consequências da impermeabilização são extremamente prejudiciais para desenvolvimento sustentável e não somente para o meio ambiente ou a agricultura.

Fig. 26 Impermeabilização do solo através da acção humana.

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A compactação do solo dá-se quando este é sujeito a uma pressão mecânica devido ao uso de máquinas, em especial se o solo não apresentar boas condições de transitoriedade; sendo a compactação das camadas mais profundas do solo muito difíceis de inverter. Assim, a compactação reduz o espaço poroso entre as partículas do solo, danificando a estrutura do solo, e consequentemente; dificultando a penetração e o desenvolvimento das raízes, a capacidade de armazenamento da água, o seu arejamento, a fertilidade; as actividades biológicas e a sua estabilidade. Além disso, quando se dá os fenómenos das chuvas torrenciais, as águas já não se conseguem infiltrar tão facilmente no solo compactado, aumentando assim os riscos de erosão e de cheias.

Fig. 27 Processo de degradação dos solos pela acção do homem sob a forma de compactação.

A salinização consiste na acumulação de sais solúveis de sódio, magnésio e cálcio nos solos; reduzindo assim a fertilidade dos mesmos. Este processo, resulta de factores como a irrigação (pois a água da regas apresenta enormes quantidades de sais minerais, sobretudo nas regiões de fraca pluviosidade, com elevadas taxas de evapotranspiração ou cujas características constituintes do solo impedem a lavagem de sais), a manutenção das estradas com sais minerais, durante o Inverno e a exploração excessiva de águas subterrâneas em zonas costeiras (causadas pelas exigências da crescente urbanização, da indústria e da agricultura nestas zonas); conduzindo assim a uma diminuição do nível dos lençóis freáticos e à usurpação da água no mar. A salinização do solo afecta, em média, cerca de um milhão de hectares na união europeia, constituindo assim uma das principais causas da desertificação dos solos.

Fig. 28 Resultados da salinização causada pelo Homem.

As cheias e os desabamentos de terras são, na sua grande maioria, os acidentes naturais que estão intimamente interligados com a gestão do solo, causando a sua erosão, a poluição com sedimentos, a danificação de edifícios e infra-estruturas e a

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã perda de recursos do solo, com o imediato impacto sobre as actividades naturais e das vidas humanas. As cheias podem, em alguns casos, resultar do facto do solo não desempenhar o seu papel no controlo dos ciclos da água; devido à sua compactação ou à impermeabilização, podendo assim serem também favorecidas pela erosão causada pela desflorestação; pelo abandono de terras ou até mesmo pelas próprias características do solo. Assim, juntamente com os processos de degradação estas, estão estreitamente interligadas com o efeito combinado de acções contra as ameaças específicas, sendo benéfico para a protecção e exploração do solo; onde estes deverão ser harmonizados de forma a permitir o desempenho total das suas funções.

Fig. 29 Resultado catastrófico da natureza face às modificações causadas pelo Homem.

Em Portugal, as actividades agrícola e florestal desenvolvem-se em cerca de 80% do território, sendo indispensável conservar o solo e os outros recursos naturais, sobre os quais estas actividades exercem pressão, para manutenção da qualidade do ambiente. Sendo assim necessário tomar medidas de prevenção contra a erosão dos solos, onde podemos adoptar, as seguintes técnicas:

Cultivo de acordo com a capacidade de utilização: As terras devem de ser utilizadas de acordo com a sua aptidão agrícola, que se pressupõe a disposição adequada das florestas/reservas naturais, cultivos permanente, cultivo anuais de pastagens para o gado; desta forma racionaliza-se o aproveitamento do potencial das áreas e a sua conservação. Fig. 30 Aproveitamento do solo degradado.

Plantio em contorno: Este método é também conhecido como o plantio em curva de nível. Assim, neste processo, de cultivo em contorno, tem a função de criar obstáculos, ou seja, o cultivo de árvores e plantas rasteiras, ao longo do declive, diminuindo assim a velocidade de arraste, e ao mesmo tempo, aumenta a infiltração da água no solo. É por esta razão, que este método pode ser considerado um dos princípios básicos, constituindo-se em uma das medidas; mais eficientes na conservação do solo e da água.

Fig. 31 Efeito da acção humana com um papel de carácter benéfico.

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Adubação verde e plantas de cobertura: A adubação verde consiste na incorporação de plantas no solo. Essas plantas, são especialmente cultivadas para esse fim; e são cortadas na época de desabrochamento, para serem enterradas. As plantas de cobertura, são cultivadas com o objectivo de proteger o solo contra a erosão, estas não são cortadas nem incorporadas no solo, mas permanecem todo o sei ciclo de vida cobrindo-o. Tanto a adubação verde como as plantas de cobertura, são muito importantes na melhoria das propriedades do solo. Desta forma, os solos ficam mais ricos em nutrientes, especialmente em nitrogénio. Este enriquecimento ocorre através da adição de resíduos orgânicos ou pela associação com os microrganismos. Ao longo do tempo, aumenta o teor da matéria orgânica nos solos cultivados por essas plantas e melhora as propriedades físicas deste, como a infiltração, o armazenamento da água; a entrada e Fig. 32 A natureza a regenerar-se. saída de gases no solo e penetração das raízes das plantas. Além disso, estas plantas podem controlar as ervas daninhas e alguns tipos de pragas e doenças.

Cordão de vegetação permanente: Estas são plantas cultivadas em linha (cordão), estão dispostas em curva de níquel, com uma largura aproximadamente de um a dois metros. É uma técnica eficiente no controlo da erosão em áreas com um elevado declive.

Fig. 33 Acção humana com um balanço positivo para com a natureza.

Cobertura morta: Estas plantas são “restos” de vegetais utilizados para cobrir o solo e evitar a ocorrência de erosão. Esta técnica evita a perda excessiva de água do solo, mediante a evaporação.

A história da humanidade está intimamente ligada à história do uso da terra para nosso próprio benefício.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã Assim, a conservação do solo e da água que são os principais responsáveis pela riqueza das terras, melhora o rendimento das culturas e ainda garante um ambiente equilibrado, para a nossa e as futuras gerações. Por esta razão, há que preservar e cuidar da natureza com muito carinho e atenção.

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Recursos Naturais 1.

O que são os recursos naturais

Recursos naturais são elementos da natureza com utilidade para o Homem com o objectivo do desenvolvimento da civilização, sobrevivência e conforto da sociedade em geral. Podem ser:

Não renováveis, como o petróleo e minérios em geral. Renováveis: como a água, a energia do Sol e do vento, a flora e a fauna que não estão em extinção, como os peixes e as florestas.

Os recursos naturais são componentes materiais ou não, da paisagem geográfica que ainda não sofreram qualquer alteração humana, e que a sua origem é independente do homem, mas aos quais foram atribuídos valores económicos sociais culturais. Nem todos os recursos que a natureza oferece ao ser humano podem ser aproveitados no seu estado natural, quase sempre o ser humano precisa de trabalhar para transformar os recursos naturais em bens capazes de satisfazer alguma das suas necessidades Os recursos hídricos, por exemplo, têm de ser armazenados e canalizados, quer para consumo humano directo, para irrigação, etc. Fig. 34 Recursos Naturais

2.

Recursos naturais não renováveis

Recursos não – renováveis é o nome atribuído aos recursos naturais que, quando utilizados, não podem ser repostos pela acção humana ou pela natureza num prazo útil. Tanto os combustíveis fósseis como os nucleares são considerados não renováveis, pois a sua capacidade de renovação é muito reduzida comparada com a utilização que deles é feita. As reservas destas fontes energéticas irão esgotar ao contrário das energias renováveis As fontes de energias não renováveis são actualmente as mais utilizadas pelo homem., os combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) são fortemente poluidores, libertando dióxido de carbono quando queimados; causando chuvas ácidas; poluindo solos e água.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 2.1. Recursos naturais não renováveis Petróleo: o petróleo é um combustível fóssil produzido em algumas zonas do subsolo da Terra e é a principal fonte de energia actual. O petróleo e gás natural são encontrados tanto em terra quanto no mar, principalmente nas bacias sedimentares (onde se encontram meios mais porosos - reservatórios), mas também em rochas do embalamento cristalino. É de fácil transporte mas muito prejudicial ao meio ambiente. Gás natural: é encontrado geralmente, junto de reservas petrolíferas. É o mais barato e menos poluente dos combustíveis fósseis, no entanto é difícil de extrair. Carvão: é uma das fontes de energia mais abundante mas também uma das mais poluentes. Combustíveis nucleares: um quilo de urânio é capaz de produzir tanta energia como um milhão de quilos de carvão. É uma fonte de radioactividade, pelo que é de uso bastante perigoso e complicado. Fig. 35 Carvão

3.

Recursos naturais renováveis

Energias renováveis são aquelas que são obtidas de fontes naturais capazes de se regenerar e portanto são virtualmente inesgotáveis, ao contrário dos recursos não – renováveis. As energias renováveis são consideradas energias alternativas ao modelo energético tradicional, tanto pela sua disponibilidade (presente e futura) garantida (diferente dos combustíveis fósseis que precisam de milhares de anos para a sua formação) como pelo seu menor impacto ambiental. No entanto nem sempre uma forma de energia renovável possui um baixo impacto ambiental, pois as grandes hidroeléctricas possuem um grande impacto ambiental e social, como é o caso por exemplo da Barragem das Três Gargantas, recentemente finalizada na China e que provocou o deslocamento de milhões de pessoas e a inundação de muitos quilómetros quadrados de terras.

Fig. 36 Sol, um recurso renovável

Os combustíveis renováveis são combustíveis que usam como matéria – prima elementos renováveis da natureza, como por exemplo, a cana – de – açúcar utilizada

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã para a produção do álcool e também de vários outros vegetais e óleos vegetais que podem ser usados directamente em motores diesel com algumas adaptações. 3.1. Energias renováveis: Sol: energia solar Vento: energia eólica Rios e correntes de água doce: energia hidráulica Mares e oceanos: energia mareomotriz e energia das ondas Matéria orgânica: biomassa Calor da Terra: energia geotérmica

Fig. 37 Mar

4. Destruição dos recursos naturais O abuso e destruição dos recursos naturais do nosso planeta pela mão do homem podem contribuir a curto prazo para o esgotamento dos recursos não renováveis da Terra, sendo este desastre provocados pela mão do Homem, e por isso será importante criar e estabelecer limites para o uso e abuso destes recursos indispensáveis à sobrevivência da população mundial. O crescimento da população mundial e o desenvolvimento industrial, tem um impacto negativo a nível ambiental, mais concretamente nos recursos naturais, pois devido vai ser necessário uma maior utilização dos recursos naturais para se conseguir fazer face às necessidades da população, o que levara:

Fig. 38 Destruição de recursos naturais Esgotamento dos solos Limitação dos recursos Excessivo consumo de matérias-primas não renováveis e exploração dos produtos primários cada vez mais escassos Incapacidade da tecnologia para equilibrar uma sociedade não sustentável

Podemos então concluir que, independentemente do grau de desenvolvimento das sociedades, os modelos de crescimento com base na exploração dos recursos naturais provocaram um ciclo de degradação e destruição de todo o ecossistema Terra. E sendo estes bens ambientais essenciais para a vida humana e para a sobrevivência do sistema económico será obrigatório repensar os sistemas actuais e procurar medidas alternativas para assegurar o futuro das gerações seguintes.

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Desflorestação 1.

O que é a desflorestação

A desflorestação é o resultado de uma intervenção sistemática e plurissecular do Homem no meio ambiente, visando a dominação da natureza. A desflorestação do nosso país, iniciou-se no Neolítico, há cerca de 7500-8000 anos, com a invenção da agricultura e a domesticação de animais.

Fig. 39 Áreas desflorestadas

2.

Causas da desflorestação A desflorestação tem diversas causas: Desbaste comercial: realizado através de maquinaria pesada que para além de destruir a flora provoca a compactação do solo.

Agricultura intensiva: em terrenos desflorestados a agricultura não compensa, porque ao fim de 6/7 anos os solos encontram-se inférteis, porque não houve um descanso por destes e as plantações efectuadas eram monoculturas que na maioria dos casos eram financiadas pelo estado.

Conversão dos solos em pastagens para manadas de gado: existem incentivos governamentais de conversão da floresta em pastagens e em ranchos para manadas de gado (ocupando áreas queimadas que foram recuperadas naturalmente por vegetação rasteira), e criação de vastas explorações agrícolas.

Exploração de minas, de pedreiras e de petróleo: para além de destruírem a zona onde estão implantadas contaminam os solos e a água com produtos tóxicos.

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Construção de barragens, túneis e estradas: vai encorajar a exploração de madeira e a colonização da floresta.

Economia / política dos países: para as nações tropicais a madeira é uma importante fonte de capital estrangeiro. São os países desenvolvidos que em parte obrigam ao abate das florestas uma vez que são eles que mais precisam de matéria-prima. As florestas tropicais localizam-se na maior parte das vezes em países com grandes diferenças sociais e com dívidas externas.

Poluição: as chuvas ácidas vão "queimar" as árvores e destruir os solos.

Causas naturais: destaca – se, os fogos, as doenças e os ciclones; mas estas causas são mínimas comparadas com as provocadas pelo Homem.

Nos países em vias de desenvolvimento a principal causa da desflorestação é a sobre exploração das matérias-primas provenientes da floresta, mais concretamente a madeira. Estes países não têm muitas alternativas e por isso recorrem aos recursos naturais para sobreviverem.

Nos países desenvolvidos as principais causas são:

Desenvolvimento industrial e urbano; Crescimento turístico; Aumento da superfície cultivada; Construção de infra-estruturas.

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3.

Consequências da desflorestação

Redução da biodiversidade A biodiversidade é responsável pela variedade de genes existentes no mundo e estes são necessários para produção de medicamentos, alimentos e outros produtos, são recursos biológicos. Calcula-se que 30 espécies desaparecem por dia na Amazónia, para termos uma pequena ideia basta pensarmos que numa única árvore podemos encontrar 43 espécies de formigas. Desaparecimento de culturas Ao entrarem em contacto com outros povos os Índios perdem hábitos importantes que os têm acompanhado desde sempre. Muitos Índios morreram devido à escravatura, a convulsões sociais e a doenças trazidas pelo homem branco (muitas das quais, como o beribéri, encontravam-se oficialmente erradicadas). Infertilidade do solo Com a desflorestação os solos ficam desprotegidos do vento e das chuvas (erosão do solo) o que provoca o arrastamento de minerais para outros locais. E ainda devido à agricultura intensiva. Redução dos níveis de evaporação: diminuição da taxa de pluviosidade, o que vai originar a secura e esterilidade dos solos, o que vai originar a desertificação. Diminuição de oxigénio; aumento de dióxido de carbono: na fotossíntese as árvores consomem CO2 e produzem O2, logo se as cortarmos estaremos a aumentar os níveis de dióxido de carbono, o que vai contribuir para o efeito de estufa e a diminuição de oxigénio. O aumento de CO2 é também provocado pela queima dos combustíveis fósseis. Os incêndios são muitas vezes usados como meio de desflorestação, o que aumenta ainda mais os níveis de dióxido de carbono. Descontrolo do clima: ocorrência de inundações e de secas, devido ao grande volume de nuvens que se gera pensa-se que as florestas têm um papel primordial na distribuição do aquecimento solar em todo o globo, provocado pela alteração dos mecanismos pelos quais o calor é transferido para as elevadas latitudes.

Fig. 40 Desflorestação para colheita de madeira

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As consequências da desflorestação não se resumem ao enfraquecimento da relação simbiótica entre a vida animal e vegetal, a diminuição da biodiversidade é outro dos efeitos da destruição dos espaços florestais. A intervenção humana pode causar rapidamente a destruição das florestas, o corte de várias áreas de florestas tropicais reduz a quantidade de oxigénio. Outro grave problema é o aumento dos desertos – desertificação como é exemplo a região do Sahel (as margens meridionais do deserto do Sara).

4. Desflorestação na Amazónia Desflorestação da Amazónia atinge valor quase recorde, no espaço de um ano desapareceram mais de 26 mil km2 da floresta amazónica. A floresta amazónica está a desaparecer a um ritmo cada vez mais rápido, só entre Agosto de 2003 e Agosto de 2004 a desflorestação atingiu o segundo valor mais alto de sempre, afectando mais de 26 mil quilómetros quadrados no espaço de um ano o equivalente a um terço da superfície de Portugal, este balanço foi avançado pelo governo brasileiro a quem os ambientalistas pedem mais acção. De acordo com a BBC, a desflorestação da Amazónia ao longo destes 12 meses representa um aumento de 6% em relação ao ano anterior. Na origem do abate de milhares de árvores está entre outros factores, o objectivo de aumentar a área de plantação de colheitas. No Estado de Mato Grosso onde ocorreu quase metade desta desflorestação, a exótica vegetação amazónica deu lugar a campos de soja, uma cultura que em 2004 atingiu recordes nas exportações brasileiras para a China e a Europa. O novo balanço oficial surpreendeu no entanto o próprio governo brasileiro, cujas estimativas apontavam para um aumento na desflorestação da Amazónia de cerca de 2%, no entanto em vez disso a área desflorestada entre o Verão de 2003 e 2004 atingiu os 26 130 quilómetros quadrados, o valor mais alto de destruição da floresta desde que o Brasil iniciou o estudo do problema em 1988.

Fig. 41 Desflorestação da Amazónia

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Destruição de Habitats A diversidade de espécies animais e vegetais é necessária ao equilíbrio da Terra, mas é também a garantia para o Homem de encontrar o que precisa para a sua subsistência. O ser humano é parte da biodiversidade mas tem agido como se estivesse acima dela e, só recentemente, se apercebeu de que a sua atitude pode alterar o equilíbrio do sistema planetário e comprometer o seu próprio futuro. Como resultado, as regiões do mundo com ecossistemas mais ricos, como as florestas, são as mais ameaçadas. A acção humana está na origem da principal causa da perda da biodiversidade – a destruição e degradação dos habitats. Tal facto deve-se à desflorestação – onde milhares de animais e plantas deixam de A riqueza das florestas tropicais ter condições para sobreviver; à poluição do ar – que origina chuvas ácidas e provoca o aquecimento global, catástrofes que As florestas tropicais são húmidas e por sua vez, vão provocar desequilíbrios nos ecossistemas, quentes, e estão localizadas na América do Sul, fazendo desaparecer muitas espécies; à poluição dos rios, América Central, África e Sudeste Asiático. lagos, mares e oceanos – que altera as condições de Existem há milhões de anos e contêm uma oxigenação e luminosidade, provocando o aparecimento de diversidade enorme em fauna e flora. zonas mortas por eutrofização; à degradação dos solos – que é Muitos dos mais conhecidos animais do o suporte de muitos ecossistemas que desaparecem; e à mundo vivem em florestas tropicais: desertificação – que altera os habitats e faz desaparecer muitos chimpanzés, gorilas e gibões e várias outras seres vivos. espécies de macacos; tigres e jaguares; lêmures; Outras causas prendem-se com a exploração dos recursos os pássaros mais belos do mundo, desde o beijavivos, tais como, a introdução de espécies alienígenas que flor e o papagaio até as aves-do-paraíso. Há altera os ecossistemas locais (podendo levar ao milhares de espécies de cobras e de pererecas, desaparecimento de espécies autóctones), a captura excessiva milhões de espécies de insectos – tantas que é de peixe e de outras espécies marinhas (já conduziu algumas à difícil identificá-las. beira da extinção e está a comprometer a renovação dos stocks de muitas outras), a poluição das águas dos rios, lagos, mares e Quando as florestas são destruídas, a oceanos que provoca doenças, acidentes e, muitas vezes, a excepcional vida silvestre é condenada ao morte da flora e da fauna aquáticas, e a caça para tráfico ilegal desaparecimento. Nesses últimos 30 anos, têm de animais ou dos seus produtos (ameaça as espécies mais sido devastadas, para se conseguir madeira ou raras e em maior perigo de extinção). se formar quintas, satisfazendo as necessidades Existem também causas naturais que afectam a dos habitantes da região. Contudo, a taxa de biodiversidade. Por exemplo, as tempestades marítimas desmatamento tem sido fortemente acelerada, degradam os corais e algumas doenças atacam as plantas. em função da moderna tecnologia. Cerca de A diminuição da biodiversidade tem consequências como: Cada espécie – planta ou animal – que desaparece determina o desequilíbrio do ecossistema de que faz parte, colocando em risco outras espécies;

O desaparecimento de determinadas espécies pode impedir o fabrico de medicamentos de que são matéria-prima; A degradação dos solos e a redução da fauna marinha reflectem-se, respectivamente, na agricultura e na pesca.

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metade das florestas tropicais já foi destruída. Se nenhuma acção efectiva contra esse comportamento for iniciada, todas as nossas florestas poderão desaparecer até o início do novo século e uma infinidade de maravilhosas plantas e raros animais também desaparecerão. In Meus Estudos [http://www.meusestudos.com/ecologia/vida-selvagem/adestruicao-do-habitat.html]


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Extinção de Espécies Nos dias que correm, vive-se um processo de extinção em massa, que está a reduzir a biodiversidade no planeta. Ainda assim, existem diversas histórias de recuperação, sendo este o único motivo de esperança, que nos mostra e incentiva a lutar por isso. Podemos observar que, o declínio de uma espécie ocorre quando, nas populações a mortalidade excede a natalidade e a emigração excede a imigração. Em geral, a extinção de uma espécie começa em locais isolados, quando as condições ambientais se agravam. Frequentemente, as extinções locais são desencadeadas quando, por destruição dos habitats, os indivíduos ficam desalojados e não conseguem encontrar um novo habitat adequado para estes mesmos; começam então a ocupar à força os habitats de outros animais, e podem então reduzir a sua taxa de reprodução ou até mesmo desaparecerem devido à sua predação ou ainda devido à falta de recursos. Assim, à medida que o seu habitat se torna cada vez mais fragmentado, a distribuição da espécie vai-se reduzindo a pequenos núcleos populacionais isolados, com reduzido contacto com as outras populações da mesma espécie. Como consequência, estas pequenas populações ficam fragilizadas e com uma capacidade reduzida de resistir às alterações ambientais. Embora a extinção seja um processo natural, tendo-se registado ao longo dos milhões de anos da história da Terra o aparecimento e o desaparecimento de inúmeras espécies, sabe-se que cerca de mais de 75% das extinções históricas foram provocadas pela acção do Homem. Eis algumas espécies em vias de extinção

Lince – Ibérico (Linx pardino)

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Lobo – Ibérico (Canis lupus)

Coelho Bravo (Oryctolagus cuniculus)

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Águia-real (Aquila chrysaetos)

Coruja – do – Nabal (Asio flammeus)

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Pombo – trocaz (Trocaz Pigeon)

Baleia Azul (Balaenoptera musculus)

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Bacalhau (Gadus Morhua)

Tubarão – baleia (Rhincodon typus)

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Sabugueiro (Sambucus nigra)

Estes são apenas alguns exemplo de espécies em vias de extinção, estão a desaparecer devido:

á acção humana, que destruí os seus habitats; por serem muito procurados pelo Homem, por causa das suas peles ou propriedades quer decorativas quer medicinais; às alterações climatéricas; ou ainda, porque o seu alimento desaparece, e estes morrem de fome.

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Existem diversas coisas que o Homem pode fazer para tentar salvar o seu planeta, os primeiros passos e os mais importantes, são a procura de informação, devemos estar informados sobre o problema e o que o causa, utilizando como fontes de informação publicações, escolas, bibliotecas públicas, Internet, etc.

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Revolução Industrial A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível económico e social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era agrícola foi superada, a máquina foi suplantando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenómeno da cultura de massa, entre outros eventos. Essa transformação foi possível devido a uma combinação de factores, como o liberalismo económico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema económico vigente. Antes da Revolução Industrial, a actividade produtiva era artesanal e manual (daí o termo manufactura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) as etapas do processo produtivo. Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a auferir os lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofactura. Esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução tecnológica, económica e social que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos, Suécia. Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, em geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos países mais avançados tecnologicamente: os países protestantes. De acordo com a teoria de Karl Marx, a Revolução Industrial, iniciada na GrãBretanha, integrou o conjunto das chamadas Revoluções Burguesas do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Antiguidade para a Idade Moderna. Para Marx, o capitalismo seria um produto da Revolução Industrial e não sua causa. Com a evolução do processo, no plano das Relações Internacionais, o século XIX foi marcado pela hegemonia mundial britânica, um período de acelerado progresso económico – tecnológico, de expansão colonialista e das primeiras lutas e conquistas dos trabalhadores. Durante a maior parte do período, o trono britânico foi ocupado pela rainha Vitória (1837-1901), razão pela qual é denominado como Era Vitoriana. Ao final do período, a busca por novas áreas para colonizar e descarregar os produtos maciçamente produzidos pela Revolução Industrial produziu uma acirrada disputa entre as potências industrializadas, causando diversos conflitos e um crescente espírito armamentista que culminou, mais tarde, na eclosão, da Primeira Guerra Mundial (1914).

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As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e fabricavam tecidos. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias aumentou muito. E os lucros dos burgueses donos de fábricas cresceram na mesma proporção. Por isso, os empresários ingleses começaram a investir na instalação de indústrias. As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e provocaram mudanças tão profundas que os historiadores actuais chamam aquele período de Revolução Industrial. O modo de vida e a mentalidade de milhões de pessoas se transformaram, numa velocidade espantosa. O mundo novo do capitalismo, da cidade, da tecnologia e da mudança incessante triunfou. As máquinas a vapor bombeavam a água para fora das minas de carvão. Eram tão importantes quanto as máquinas que produziam tecidos. As carruagens viajavam a 12 km/h e os cavalos, quando se cansavam, tinham de ser trocados durante o percurso. Um trem da época alcançava 45 km/h e podia seguir centenas de quilómetros. Assim, a Revolução Industrial tornou o mundo mais veloz.

Fig. 42 Motor a vapor.

A Revolução industrial foi o motor que desencadeou o progresso científico e tecnológico, e, com ele trouxe também as formas de poluição e de destruição do planeta.

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Produção de Resíduos Nos países industrializados as actividades de uma população humana crescente conduzem à produção de resíduos que contaminam o ar, o solo e a água. Os detritos biodegradáveis podem ser transformados pelos microrganismos em substâncias novamente utilizáveis. Porém, grande parte dos resíduos, como por exemplo, os plásticos, automóveis, vidros, latas, etc., não são degradáveis e acumulam-se no ambiente. Actualmente somos 6000 milhões de pessoas na Terra. Após 195o número de cidades com populações excedendo 4 milhões de pessoas passou de 15 para 47. Vinte megacidades têm populações que excedem os 10 milhões. Consequentemente, o número de pessoas que vivem em áreas urbanas cresceu de 740 milhões para 2600 milhões. Nos países industrializados 74% das populações vivem nas zonas urbanas. Além de sermos mais numerosos, também os nossos hábitos se modificaram, tornando-nos numa sociedade de consumo que muito mais Fig. 43 Pneu de um veiculo encontrado depositado no meio da floresta. esbanjadora de materiais. Estas circunstâncias levantam enormes problemas para o armazenamento dos resíduos e para reduzir os seus efeitos sobre o ambiente. É óbvio que é mais difícil lidar com os lixos de uma cidade com vários milhões de habitantes do que com os de uma pequena cidade. Em Portugal, desde 1995, a produção de resíduos urbanos aumentou 15%, tendo sido de 3,8 milhões de toneladas em 1999, ou seja, uma média de 1,3 kg de lixo por habitante e por dia. Como nos outros países, a produção anual de lixos domésticos aumenta de ano para ano. Nos últimos anos as lixeiras têm vindo a ser encerradas e substituídas por outros tipos de tratamento de lixos. A reciclagem está ainda muito atrasada. Em 1999 apenas foram recicladas 52 mil toneladas de resíduos, ou seja, 1,4% dos resíduos urbanos produzidos. Não existe uma solução perfeita, simples, barata e 100% correcta sob o ponto de vista ecológico para não poluir. Por essa razão, existem diferentes soluções adoptadas pelos países ricos. Dispersar, destruir ou isolar os resíduos são tudo processos insatisfatórios por uma razão ou outra. A melhor atitude seria reduzir o consumo dos materiais que usamos na actualidade. Se as pessoas consumissem menos, o impacte sobre a superfície terrestre seria muito menor. Mas, como é fácil compreender, as pressões sociais para que isso não aconteça são enormes.

Fig. 44 Embalagem de preservativos "Control" encontrada na berma de uma estrada que passa pelo meio de uma floresta.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã Redução de impactes negativos Os problemas resultantes da actividade das sociedades moderna: têm de ser enfrentados e resolvidos para que se mantenha um ambiente com um mínimo de qualidade para viver. Tratamento de resíduos sólidos – os resíduos podem ser lançados: sem qualquer tratamento e em lugares pouco convenientes, constituindo as lixeiras. Contudo, esse procedimento é muito perigoso e na actualidade, já são utilizadas outras práticas. De entre os processos utilizados para tratamento dos resíduos destaca-se o lançamento em aterros sanitários, a incineração e, em especial, a reciclagem. A reciclagem merece um realce especial não só pela economia de recursos naturais que envolve como também pela redução de poluentes responsáveis pelo impacte negativo que os resíduos têm sobre o ambiente. A utilização de materiais reciclados permite que as reservas naturais desses materiais sejam poupadas. Além disso, a energia gasta na reciclagem é muito menor do que a energia gasta na obtenção de novas matérias-primas. Por exemplo, gasta-se vinte vezes menos energia na reciclagem do alumínio do que na sua mineração. Em muitos casos a reciclagem também provoca menos poluição do que a produção a partir de materiais originais. A reciclagem torna-se atractiva quando se verificam três condições: o custo da destruição dos resíduos é alto; é economicamente viável por envolver grandes quantidades de resíduos; há mercado para os produtos reciclados. Portugal está colocado na cauda dos países da UE, que exige para 2005 a reciclagem de 25% dos resíduos produzidos. Tratamento de águas residuais – a construção de estações de tratamento de águas residuais é imprescindível para a manutenção da qualidade das águas dos rios e das praias, bem como para a manutenção da vida dos organismos desses ambientes. A água, depois de tratada, é lançada de novo nos rios e os resíduos podem ser lançados em aterros sanitários ou utilizados como fertilizantes. Preservação de zonas frágeis – a ocupação inadequada das zonas costeiras é outro problema que tem começado a atrair a atenção das autoridades, tendo algumas construções já sido objecto de demolição. Controlo da extracção de areias e de rochas – a extracção, por exemplo, de areias das praias ou do leito dos rios representa, muitas vezes, um dos grandes problemas ambientais, sendo cometidos abusos relativamente aos locais de extracção e à volumetria extraída. Também a extracção de rochas, como granitos, calcários, etc., desfigura a paisagem, provocando um grande impacte ambiental.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 1.

Tratamento de resíduos sólidos

Como já foi referido, os processos que mais se destacam para tratar os resíduos sólidos são, de facto, o lançamento em aterros sanitários, a incineração e a reciclagem. 1.1. Aterros Sanitários Em presença de tão graves contaminações ambientais, resultantes das lixeiras, a solução encontrada para minorar estes aspectos negativos é a criação de aterros com controlo sanitário, os quais expressam já algumas preocupações pelo ambiente, nomeadamente: O local de implantação de um aterro sanitário deve ser objecto de um estudo de impacto ambiental, não sendo um local indiscriminado; O tipo de resíduos que são depositados é controlado, não sendo permitidos resíduos radioactivos; inflamáveis explosivos; infecciosos; hospitalares; muito corrosivos ou com reactividade perigosa; susceptíveis de originar gases ou outro tipo de produtos tóxicos, em contacto com a água ou outros resíduos; Os acessos são controlados; O lixo não está disposto ao ar nem é queimado, sendo enterrado diariamente em compartimentos definidos (células), e recoberto com terra, sobre a qual são semeadas espécies vegetais, sobretudo, arbóreas; Não há ocorrência de maus cheiros, resultantes de queima ou putrefacção; Não ocorre libertação de escorrências directamente para o solo, permanecendo estes desintoxicados devido ao facto de as paredes laterais (taludes) e base (solo9 do aterro serem impermeabilizadas, havendo ainda um sistema de recolha de lixiviados e escorrências, que são encaminhados para uma estação de tratamento de águas residuais e uma rede de captação de biogás, produzido durante a degradação dos resíduos orgânicos; o qual pode ser usado para a produção de energia, assegurando assim uma rentabilização económica dos lixos; Espaços envolventes são arborizados. No entanto, mesmo tendo em conta todas estas preocupações ambientais, o aterro sanitário não é uma solução total para o tratamento/escoamento de resíduos, visto que apenas permite eliminar certos tipos de lixos, além do facto de terem uma duração limitada, devido ao preenchimento do espaço disponível. O aterro deve constituir-se com um complemento das soluções de tratamento industrial de resíduos sólidos urbanos, sendo o depósito final de resíduos após terem ocorrido asa operações de separação de separação de materiais susceptíveis de sofrerem reutilização, reciclagem ou compostagem, e podendo ser também o depósito final das escórias resultantes da incineração de determinados tipos de lixos nãobiodegradáveis ou perigosos para o ambiente, desde que estes estejam inertes, isto é não reactivos e desprovidos de capacidade de contaminação ambiental. Apenas deste modo se poderá prolongar o tempo de vida útil de um aterro com controlo sanitário, reduzindo a quantidade e volume dos resíduos que aí são depositados, evitando a mobilização de novas áreas para o depósito de lixos.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 1.2. Incineração O processo de incineração está relacionado com o aumento da quantidade de resíduos e desperdícios industriais e urbanos, contudo este processo pretende reduzir o espaço ocupado por este tipo de materiais evitando a acumulação destes em lixeiras e aterros. A incineração é um procedimento através do qual os lixos, sobretudo os materiais não biodegradáveis, contaminantes ou tóxicos, são queimados em altosfornos, a temperaturas acima de 1000ºC, sendo os produtos finais de materiais orgânicos não biodegradáveis gás carbónico, vapor de água e energia térmica. Os minerais contidos nos resíduos ficam concentrados nas cinzas resultantes do processo de queima sendo proveniente os gases da combustão tratados de modo a serem neutralizados. A temperatura e residência dos gases reduzam a formação de fumos tóxicos, sendo as poeiras neles contidas, filtradas por filtros de mangas. Os lixos podem ser incinerados em centrais especialmente fabricadas para esse efeito ou então através de recursos da indústria cimenteira e metalúrgica: processo de coincineração. Face as incineradoras, as co-incineradoras apresenta algumas vantagens: O custo de tratamento, por tonelada é 3 vezes mais baixo; Taxa de destruição é superior, devido as temperaturas dos formos que atingem os 1450ºC, junto à chama; O facto das cinzas de combustão do carvão ficarem dissolvidas na estrutura do próprio cimento; Não é necessário um tratamento complementar dos gases, nem ocorre a produção de efluentes líquidos ou lamas, devido ao ambiente alcalino natural das cimenteiras, resultante da utilização de calcário como matériaprima, sendo assim lavadores naturais de gases, neutralizando a sua acidez.

No entanto a incineração em cimenteiras tem algumas desvantagens, que são: Os fornos não têm uma distribuição homogénea da temperatura, apresentando uma extremidade quente junto à chama e uma extremidade fria do lado oposto não garantindo que se evite totalmente a formação de compostos tóxicos indesejados como as dioxinas; Os limites de gases emitidos pelas cimenteiras estão abaixo dos exigidos para as unidades de incineração; Quando uma laboração é interrompida, os filtros deixam de funcionar e os gases libertam-se, quase sem tratamento pela chaminé. A toxidade total, em termos de saúde ainda é desconhecida.

O processo de incineração apresenta algumas vantagens tais como: A enorme redução do espaço/volume ocupado pelos lixos; A eliminação de contaminações bacterianas e virais; A diminuição da quantidade de terrenos a mobilizar para a construção de aterros;

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã A redução da contaminação do solo e das águas, devido a escorrências resultantes de lixos acumulados; A rentabilização energética dos resíduos, já que a energia térmica resultante da sua queima pode ser utilizada para aquecimentos urbanos e produção de electricidade; A rápida eliminação de resíduos perigosos; Os gases de combustão são libertos de poeiras e neutralizados. No caso da co-incineração, a redução da quantidade de matéria-prima e combustível que é necessário utilizar para a produção de cimentos.

No entanto este processo tem conduzido a uma larga contestação, por parte de ecologistas, quer por parte das populações e alguns sectores da comunidade científica, que apresentam os seguintes argumentos: Desinvestimento de programas de reciclagem e de educação ambiental; As cinzas resultantes têm um concentrado de materiais perigosos e tóxicos; Não há garantias totais que não ocorra a produção e libertação de substâncias tóxicas e cancerígenas, como os furanos, dioxinas e metais pesados. Existem formas menos trágicas de tratar certos resíduos perigosos; A libertação de gases como, o monóxido de carbono, óxidos de azoto e enxofre, entre outros, resultante da incineração de resíduos, é altamente prejudicial para o ambiente.

Embora a incineração não seja para já um processo totalmente limpo, é, pelo menos, o processo mais eficiente na eliminação de certos resíduos perigosos e na redução do volume dos lixos acumulados, permitindo ainda a sua valorização energética. No entanto, não deve ser considerada a solução única e total para a eliminação de lixos, devendo ser integrada num sistema global de gestão de resíduos, incluindo este processo de triagem, reciclagem, compostagem e deposição segura de resíduos em aterros com controlo sanitário.

NOTA: As incineradoras permitem diminuir o peso do lixo até 70%, podendo ainda darse várias utilidades aos materiais produzidos durante e após a incineração.

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1.3. Reciclagem Reciclagem é o processo industrial ou artesanal, de reaproveitamento de matéria-prima, roupas, alimentos ou qualquer outro recurso material que possa ser novamente utilizado, seja ele transformado ou recuperado para o uso. Caso não fossem reaproveitados, esses materiais iriam para o lixo, muitas vezes causando sérios problemas ambientais. Reciclar, vem do inglês Recycle, que significa = Re (repetir) Cycle (ciclo).

Ao contrário do que normalmente se pensa, a reciclagem é um processo vulgarmente utilizado. A incorporação de matérias recicláveis no fabrico de novos objectos e de novas embalagens é uma situação recorrente nos diferentes materiais: plástico, metal, papel, vidro ou madeira. Os processos de reciclagem permitem não enviar para o meio ambiente materiais que, com maiores ou menores custos ambientais, constituem sempre formas de poluição. No entanto, reciclar embalagens usadas traz vantagens tanto ambientais como económicas, tais como: Economia de Energia – Fabricar materiais a partir de resíduos consome menos energia do que fabricá-los a partir de matérias virgens. Muitos dos recursos energéticos que se poupam são fontes de energia não renováveis, como é o caso do petróleo. Poupança de matérias-primas – Ao utilizarmos as embalagens usadas, matérias secundárias provenientes da recolha selectiva, como matérias – primas secundárias, estamos a poupar matérias-primas virgens. Alguns destes recursos naturais têm grande valor, como são os casos da madeira, da areia, do petróleo, do estanho ou do alumínio. Redução da quantidade de resíduos nos aterros sanitários – Quanto menos resíduos tiverem como destino final um aterro sanitário, mais anos de vida útil, este terá. Se todos contribuirmos, aumentamos a esperança de vida dos aterros sanitários, evitando desperdiçar recursos na construção de novos destes equipamentos. Deste modo, só deverão ser depositados em aterro os resíduos que não podem ser valorizados. É por isso que a participação, de todos nós, na recolha selectiva é fundamental.

Fig. 45 Ecopontos

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 2.

Tratamento de águas residuais

Também as águas devem ser tratadas, depois de utilizadas e antes de serem reenviadas para o meio ambiente. Os resíduos humanos e os dos animais são, os grandes poluidores das águas doces e oceânicas. O estrume dos animais, produzido em grandes quantidades nas pecuárias, por exemplo, é muitas vezes lançado directamente para os rios, poluindo as águas superficiais. Por isso, nos Países desenvolvidos, as águas residuais são tratadas em estações especiais conhecidas por ETAR (Estações de Tratamento de Águas Residuais). As lamas constituem um produto semi-sólido que deve ser reutilizado sempre que possível. Porém, a noção das vantagens da reutilização das lamas de ETAR, quando livre de poluentes, não foi ainda assimilada por grande parte das entidades com competências nesta matéria. No tratamento primário das lamas incluem-se tratamentos como: O espessamento, que permite aumentar o teor de sólidos nas lamas, através da remoção da fracção líquida, reduzindo os volumes de lama a tratar, com consequentes benefícios ao nível dos custos; A desidratação que visa remover a maior porção possível de água das lamas; A estabilização de lamas, tem por objectivo remover os organismos patogénicos das lamas, eliminar odores ofensivos e inibir, reduzir, ou eliminar agentes de putrefacção, podendo ser efectuada por vários processos.

No tratamento secundário das lamas incluem-se tratamentos como: A digestão anaeróbia, processo de decomposição da matéria por microrganismos na ausência de oxigénio, possui a vantagem de gerar biogás. As principais vantagens deste processo são a produção de gás metano, a redução de 30 a 50% do volume de lamas, um produto final isento de odores e, principalmente, isento de organismos patogénicos; A digestão aeróbia, processo de decomposição da matéria orgânica por microrganismos em presença de oxigénio, permite reduzir o conteúdo das lamas em sólidos, produzindo-se um húmus estabilizado e fertilizante. Não se produz gás metano e os custos da operação são mais elevados. A incineração das lamas das ETAR é uma opção bastante utilizada nos países desenvolvidos. É um processo que requer uma desidratação eficiente. Durante a incineração, ocorre a combustão a alta temperatura dos elementos combustíveis das lamas. Os produtos finais da combustão das lamas são dióxido de carbono, dióxido de enxofre, vapor de água e cinzas, ficando o volume global reduzido para 15% do inicial.

O destino final para as lamas pode ser: Incineração; Deposição em aterro sanitário; A descarga no mar; A valorização agrícola por aplicação no solo; Valorização por aplicação em solos florestais.

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Nota: Em Portugal ainda não foram implementadas medidas de reutilização das lamas para valorização energética e agrícola, em larga escala, no contexto de soluções economicamente sustentáveis. Desperdiça-se assim um importante recurso que, ao ser tratado simplesmente como resíduo, representa apenas custos quando podiam resultar benefícios de diversa ordem, tais como a diminuição dos custos de gestão de resíduos, benefícios sociais, benefícios energéticos e benefícios para os solos agrícolas e florestais.

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Destruição da camada de ozono A única maneira de reparar a camada de ozono é parar a libertação de CFC’s e outros gases que destroem o ozono troposférico (ODS’s), para isso cada um de nos deve por exemplo seguir estas medidas: Tentar usar produtos rotulados como “amigos do ozono”;

Assegurar que os técnicos que reparam os frigoríficos e aparelhos de ar condicionado recuperam e reciclam os velhos CFCs de modo a que estes não sejam libertados para a atmosfera;

Verificar regularmente os aparelhos de ar - condicionado das viaturas sobre eventuais fugas;

Pedir para mudar o refrigerante do carro caso o aparelho de ar condicionado necessite de uma grande reparação;

Retirar o refrigerante dos frigoríficos, aparelhos de ar - condicionado e desumidificadores antes de os deitar fora;

Ajudar a criar um programa de recuperação e reciclagem na área de residência caso tal ainda não exista;

Trocar extintores que usem “halon” por outros que usem compostos alternativos (ex. dióxido de carbono ou espuma);

Sugerir actividades escolares com o objectivo de aumentar a consciência cívica do problema e fomentar a acção local.

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Medidas a tomar para a prevenção/diminuição das chuvas ácidas

Utilizar o metro em vez do carro, pois este polui menos;

Utilizar os transportes colectivos, para assim diminuir o número de carros e consequentemente a poluição;

Utilizar fontes de energia menos poluentes, como por exemplo: energia hidroeléctrica, energia geotérmica, energia das marés, energia eólica (moinhos e vento), energia nuclear (embora esta cause lixo nuclear) …;

Usar combustíveis com baixo teor em enxofre;

Purificar os escapes dos veículos: utilizar gasolina sem chumbo e adaptar um conversor catalítico;

Organização de campanhas governamentais para incrementar o uso de transportes públicos;

Melhor fiscalização dos emissores de poluentes (veículos, indústrias…);

Obrigar as fábricas a utilizar filtros nas chaminés de forma a não serem lançados para a atmosfera os gases mais perigosos.

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Recursos naturais Como já foi referido anteriormente existem dois tipos de recursos naturais, renováveis e não renováveis. Os recursos naturais não renováveis são aqueles que são mais utilizados pelo Homem, só que devido crescimento mundial da população estes recursos estão a diminuir cada vez mais, e por isso que se deve fazer é utilizar os recursos renováveis para que assim se possa assegurar o futuro das próximas gerações.

Algumas medidas a tomar: Retomar formas de produção alimentar em técnicas tradicionais

Introduzir um modelo de desenvolvimento industrial que utilize tecnologias limpas e energias não – poluentes;

Transportes (privilégio aos que utilizam energia eléctrica);

Existência de formação ambiental em cada nação;

Política ambiental de dimensão global (cumprir protocolos de Quioto, Joanesburgo, etc.)

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Desflorestação Como já foi referido as consequências da desflorestação não se resumem ao enfraquecimento da relação simbiótica entre vida animal e vegetal, o aquecimento global do planeta e a diminuição da biodiversidade são outros efeitos da destruição dos espaços florestais. A intervenção humana pode causar rapidamente a destruição das florestas, com a desflorestação de grandes áreas é praticamente impossível voltar a plantar as mesmas espécies acabando por originar zonas de ervas e de vegetação de baixo porte, e eventualmente, terras áridas, e por isso é importe estabelecer estratégias que permitam acabar com a desflorestação, ou que no entanto a possam diminuir.

Estratégias para combater s desflorestação:

Reflorestar;

Conservar e fiscalizar as áreas florestais;

Reciclar o papel;

Desbastar em igual proporção ao crescimento;

Conservar as plantas e animais das florestas tropicais, através da protecção dos seus habitats;

Investir na reflorestação de modo a criar novas fontes de madeira e reabilitar as áreas florestais degradadas.

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Conclusão O planeta é um bem essencial para a vida por isso cabe-nos protege-lo. Hoje em dia o aquecimento global é a maior preocupação da humanidade, que nada faz para o evitar ou diminuir. Ao longo da realização deste trabalho, para além de termos referido alguns dos aspectos que mais afectam o ambiente, também referimos aquilo que cada um de nós poderá fazer para tentar evitar a destruição do planeta. Tentamos, por isso, abranger alguns dos temas mais preocupantes, a nosso ver, para salvar o futuro do nosso planeta. Esperamos que, quem ler este trabalho, consiga perceber a importância do nosso planeta Terra, e que acorde para a realidade.

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Bibliografia/Webgrafia Bibliografia/Webgrafia SILVA, Amparo Dias; e outros; Terra, Universo de Vida – 1ª parte Geologia, Biologia e Geologia 10º ou 11º (ano 1); Porto Editora; 2005. DIAS, A. Guerner; e outros; Geologia 11, Biologia e Geologia – 11º Ano; Areal Editores, 2004. SOARES, J.; RODRIGUES, M.; ARAÚJO, M.; PINTO, M.; Reciclagem de Resíduos – Trabalho de Grupo no âmbito da disciplina de Biologia e Geologia 10º ano, na Escola Secundária Ferreira de Castro, Ano lectivo 2005/2006, Professora Catarina Santos. SIMÕES, Teresa Sobrinho; e outros; Química em Contexto – Livro de texto, Física e Química A, Química 10º ano; Porto Editora; 2003. MATIAS, Osório; MARTINS, Pedro; Biologia 12 – Biologia – 12º ano; Areal Editores; 2006. RODRIGUES, Arminda; Novas Viagens – 3º ciclo, Geografia; Volume 6; Ambiente e Sociedade; Texto Editora; 2003. http://www.polisvilareal.pt/parque/emrcc/agua.htm [visitada em 14 de Maio de 2008] http://ambiente.dec.uc.pt/~jfilipa/Doencas%20provocadas%20pela%20poluicao.ppt [visitada em 14 de Maio de 2008] http://www.esec-prof-dr-f-f-pinto-resende.rcts.pt/agua_fonte_vida/poluicao_da_agua.htm [visitada em 14 de Maio de 2008] http://www.qualar.org/?page=5&subpage=4 [visitada em 25 de Maio de 2008]

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 25A7%25C3%25A3o%2Bdos%2Bsolos%26start%3D20%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3DptPT%26sa%3DN http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/Agua.gif/agua_a gricultura.jpg&imgrefurl=http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/agua_na_agricultura.htm&h=2 60&w=384&sz=22&hl=ptPT&start=5&tbnid=gEn1esZsdE7GEM:&tbnh=83&tbnw=123&prev=/images%3Fq%3Dsaliniza%25C3%2 5A7%25C3%25A3o%2Bdos%2Bsolos%2Bs%25C3%25B3dio%2B%252B%2Bmagn%25C3%25A9sio%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-PT http://www.ferc-cat.org/recursos/cristianisme/marmorta/marmort1.jpg http://gaia.org.pt/sites/default/files/images/soloseco.preview.jpg http://ww1.rtp.pt/noticias/images/articles/327376/cheias_carro.jpg http://www.blogdoamarelinho.globolog.com.br/reboucas.JPG http://www.arikah.net/commons/en/c/c2/Ploughed_acre_20041012_2603.jpg http://www.ambienteemfoco.com.br/wp-content/uploads/39.jpg http://geoportal.no.sapo.pt/images/arvores.jpg http://globorural.globo.com/edic/176/imagens/novatec1.jpg http://www.iac.sp.gov.br/Tecnologias/MucunaPreta/mucuna.jpg http://farm1.static.flickr.com/223/506757366_f5e6b328de.jpg?v=0 http://www.agronomia.com.br/media/imagens_artigos/artigos_leguminosas_tropicais_cajanus_clip_i mage001.jpg http://www.agronomia.com.br/conteudo/artigos/artigos_capim_elefante_paraiso_cogeracao_energia _clip_image002_0001.jpg http://www.dicasdejardinagem.com.br/ntc/fotos/babosa.jpg http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.cpafro.embrapa.br/embrapa/bases/tanzania.jpg&i mgrefurl=http://www.cpafro.embrapa.br/embrapa/bases/tanzania.htm&h=137&w=200&sz=6&hl=ptPT&start=6&tbnid=TkNkYNSguX9G_M:&tbnh=71&tbnw=104&prev=/images%3Fq%3Dcapim%2Bcolon i%25C3%25A3o%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-PT http://www.meupapeldeparedegratis.com.br/nature/pages/bears-in-the-wild.asp http://static.hsw.com.br/gif/acid-rain-3.jpg

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Anexos Aqui poder-se-á encontrar notícias/artigos relacionados com a temática do trabalho. Excesso de azoto nos solos leva ao desaparecimento de espécies vegetais Solos da Beira Litoral com fósforo a mais O solo: um recurso esquecido mas sem o qual não há desenvolvimento sustentável 4. Concern Over Oceans Despite Receding Oil & Chemical Threats 5. Desflorestação da Amazónia atinge valor quase recorde 6. Por cada 1% de desflorestação na Amazónia a população de mosquitos da malária aumenta 8% 7. Poluição atmosférica – origens, efeitos e controlo regulamentar 8. Poluição atmosférica 'mata' imagem da cidade de Lisboa 9. Alterações antropogénicas do ciclo do azoto 10. Cientistas dizem que aquecimento global persistirá durante séculos 1. 2. 3.

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11. 1.

Excesso de azoto nos solos leva ao desaparecimento de espécies vegetais 2008-02-06

Uma acumulação, mesmo fraca, de depósitos de azoto na vegetação e nos solos tem como resultado o desaparecimento gradual de espécies vegetais, alerta um estudo hoje divulgado pela revista Nature. A concentração actual desses depósitos, devida à Desaparecimento gradual de espécies vegetais é um risco utilização de fertilizantes azotados na agricultura e à queima de combustíveis fósseis, chega a ser sete vezes superior à que existia antes da revolução industrial, segundo investigadores norte-americanos. No Leste e no Centro dos Estados Unidos, a concentração de azoto passou de 1 a 3 quilogramas (kg) por hectare (ha) e por ano para 7 kg/ha/ano, enquanto na Europa Central chega a atingir 17 kg/ha/ano e em partes da Holanda a 100 kg/ha/ano. Os cientistas prevêem que o ritmo de crescimento da deposição de azoto nos solos em países asiáticos e latino-americanos em desenvolvimento venha a alcançar o dos países ricos dentro de 50 anos. Em síntese, o estudo - realizado por Christopher Clark e David Tilman, da Universidade de Minnesota (EUA) - conclui que a deposição de azoto nos ecossistemas diminui o número de espécies vegetais e modifica o funcionamento e a composição dos habitats. Ao estudaram as concentrações de azoto em pradarias do Minnesota, os dois investigadores constataram que o número de espécies vegetais diminui mais quando a taxa de azoto ultrapassa o seu nível natural. No local do estudo observaram que um aumento da concentração de azoto de 10 kg/ha/ano em relação ao nível natural observado nesse local, de cerca de 6 kg/ha/ano, provoca uma diminuição de 17 por cento do número de espécies vegetais. Quando a taxa sobe mais, o número de espécies diminui mas numa proporção mais fraca, reflectindo uma maior resistência das espécies sobreviventes às concentrações elevadas de azoto. "A boa notícia" - assinalam - "é que a perda de biodiversidade não é completamente irreversível: uma experiência mostrou que dez anos depois de se ter deixado de depositar azoto, o número de plantas voltou ao seu nível anterior. Mas as diferentes espécies não ficaram tão abundantemente representadas como anteriormente". In Ciência Hoje [http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=25041&op=all]

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2.

Solos da Beira Litoral com fósforo a mais 15-05-2008 - 16:19h Excesso deve-se à actividade agrícola, que o utiliza como adubo. Trabalho de investigação de professora universitária vai ser premiado em Espanha

A Beira Litoral é uma das regiões onde mais se nota o excesso de fósforo no solo devido à actividade agrícola, que o utiliza como adubo, alerta Maria do Carmo Horta, docente da Escola Superior Agrária de Castelo Branco. «O excesso é desnecessário e pode piorar a qualidade das águas de rios e albufeiras», disse à Agência Lusa aquela professora universitária, cuja tese de doutoramento teve como tema a utilização do fósforo no solo nacional, trabalho que vai ser premiado em Espanha. Maria do Carmo Horta defende que a legislação e as boas práticas agrícolas devem prever um limite para a utilização do fósforo, limite a partir do qual o excesso já não é absorvido pelo solo (não rende na produção agrícola) e acaba por ser escoado para águas superficiais. Defende também a sensibilização de todos os agentes agrícolas para este facto, afirmando que, «em termos médios, Portugal tem uma utilização de adubos fosfatados relativamente baixa, mas em regiões como a Beira Litoral existe mais sobrefertilização, porque existe maior actividade agrícola», em contraste com o Alentejo, por exemplo. No entanto, esta constatação não significa que não haja quintas na planície alentejana com forte recurso a adubos e onde «possa existir uma concentração excessiva de fósforo. Nas 33 amostras de solo que recolhemos e que abrangem as diversas regiões, os resultados estão sempre ligados ao tipo de cultura dessas terras». «O fósforo não faz mal à saúde das pessoas, nem dos animais», garantiu, adiantando que, no entanto, quando existe em excesso nas águas de rios e albufeiras «há um crescimento muito grande do fitoplancton», algas mais pequenas, que em grandes quantidades impedem que a luz chegue a maiores profundidades e alguns peixes morrem. In IOL Diário [http://diario.iol.pt/ambiente/fosforo-solos-agricultura-beira-litoral-adubo/952619-4070.html]

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3.

O solo: um recurso esquecido mas sem o qual não há desenvolvimento sustentável

Carlos Alexandre (Prof. Auxiliar da Universidade de Évora) Instituto de Ciências Agrárias Mediterrânicas, Departamento de Geociências

Apesar da aprovação iminente de uma Directiva Europeia para a Protecção do Solo, verifica-se que são raros os casos em que se faz alguma alusão ao solo quando se fala de recursos naturais. E, no entanto, a importância do recurso solo está bem expressa em alguns indicadores à escala global. Por exemplo, compare-se o contraste existentes nas condições de vida dos 80 % da área total dos continentes e ilhas que têm uma cobertura de solos, com as condições existentes nos restantes 20 % que, em vez de solo, apresentam superfícies rochosas, areias instáveis e gelos permanentes. Outro índice revelador é dado pela produção de biomassa (usada na alimentação humana e animal, na produção de fibras e de bioenergia) – 99 % da produção mundial é obtida a partir do recurso solo. Mas o que se entende por solo? A definição ISO 11074-1 de 1/08/1996 diz que o solo é a camada superficial da crosta terrestre constituída por partículas minerais, matéria orgânica, água, ar e organismos vivos. Numa perspectiva mais funcional é de salientar também que o solo é o meio natural mais importante para o crescimento das plantas. Além do seu papel determinante para a produção de biomassa, o solo desempenha várias outras funções ecológicas, como regulador do ciclo hidrológico e dos ciclos biogeoquímicos, como meio natural de reciclagem de compostos orgânicos e como reserva genética de biodiversidade. Exerce ainda funções de natureza sócio-económica, como suporte de infraestruturas, fonte de matérias-primas, reserva de património natural e cultural (por exemplo, de paisagens protegidas, tesouros arqueológicos e paleontológicos e vestígios paleoambientais). A expressão do carácter multifuncional do recurso solo depende do tipo de uso da terra que lhe é alocado. Enquanto, por exemplo, o uso florestal ou agrícola permite algum grau de compatibilização da função de produção de biomassa com outras funções ecológicas do solo, outros usos, como a ocupação urbana ou a exploração de matériasprimas, implicam normalmente o esgotamento definitivo deste recurso nessa única função. Cada solo é um meio natural dinâmico que reflecte as condições a que esteve sujeito ao longo da sua formação. Reflecte não só o efeito da acção conjugada de vários factores ambientais (clima, organismos, material originário, relevo), geralmente ao longo de muitos milhares de anos, mas também reflecte o efeito de acções humanas que se acentuaram especialmente, em extensão e intensidade, durante o século XX. O aproveitamento do solo para diversos tipos de usos da terra tem revelado que este recurso não tem uma resistência ilimitada e pode, pois, sofrer vários tipos de degradação.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã A proposta de Directiva Europeia para a Protecção do Solo considera os seguintes tipos de degradação: erosão, declínio da matéria orgânica do solo, salinização, compactação, deslizamentos de terras, contaminação e impermeabilização. Alguns destes tipos de degradação começam por implicar a deterioração da qualidade do solo (declínio da matéria orgânica, salinização, compactação, contaminação) enquanto outros concorrem para o seu desaparecimento de forma progressiva (erosão) ou mesmo abrupta (deslizamentos de terras e impermeabilização). O facto do solo poder desaparecer obriga-nos a considerá-lo um recurso esgotável. Por outro lado, sabe-se também que a formação do solo é sempre um processo muito lento – a formação de 1 cm de espessura de solo requer, em termos médios, cerca de 100 anos. Perante o risco de desaparecimento de um recurso vital que praticamente não se renova, torna-se evidente que a adopção de medidas de protecção do solo adequadas a cada tipo de uso da terra é o único caminho viável para um desenvolvimento sustentado. Uma das acções humanas mais abrupta e irreversível sobre o solo resulta da sua impermeabilização e/ou remoção para instalação de infraestruturas diversas. Enquanto a impermeabilização de solos delgados ou pedregosos, por exemplo, pode ter um custo ecológico e social facilmente compensado pelos benefícios obtidos, o balanço final é bastante mais difícil de fazer quando estão em causa solos de grande valor ecológico. As pressões de crescimento económico, o elevado valor do espaço urbano, o desconhecimento dos custos reais associados à perda do recurso solo, nas suas componentes locais, regionais e nacionais, imediatas e a longo prazo, fazem com que, frequentemente, se sobrevalorizem os benefícios imediatos de curto prazo e se esqueçam os custos futuros que se assumem com a perda, irreversível, do recurso solo. A protecção do solo começa no ordenamento do território e na adopção de critérios de uso da terra que permitam a máxima expressão das funções ecológicas do solo. Por exemplo, mesmo em áreas sujeitas a grande pressão urbanística é possível promover a concentração de infra-estruturas em solos de menor qualidade e reservar os solos com melhor desempenho nas funções ecológicas para usos compatíveis com essas funções, como é o caso de parques e espaços verdes em geral. In Alentejo Litoral [http://www.alentejolitoral.pt/PortalAmbiente/TerritorioSustentavel/Desenvolvimentosutentavel/Paginas/Osol o,umrecursoesquecidosemoqualnaohadesenvolvimentosustentavel.aspx]

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Concern Over Oceans Despite Receding Oil & Chemical Threats

Sewage Discharges to Destruction of Coastal Habitats Top Global Concerns for Oceans and Seas Good Progress However Scored on Oil and Chemical Pollution Says New UN Environment Report The Hague, 4 October 2006 – A rising tide of sewage is threatening the health and wealth of far too many of the world’s seas and oceans, a new report by the United Nations Environment Programme (UNEP) says. In many developing countries between 80 per cent and nearly 90 per cent of sewage entering the coastal zones is estimated to be raw and untreated. The pollution-- linked with rising coastal populations, inadequate treatment infrastructure and waste handling facilities-- is putting at risk human health and wildlife and livelihoods from fisheries to tourism. There is rising concern too over the increasing damage and destruction of essential and economically important coastal ecosystems like, mangrove forests, coral reefs and seagrass beds. The problems contrast sharply with oil pollution. Globally, levels of oily wastes discharged from industry and cities has, since the mid 1980s been cut by close to 90 per cent. Other successes are being scored in cutting marine contamination from toxic persistent organic pollutants like DDT and discharges of radioactive wastes. The study, called the State of the Marine Environment report, says overall good progress is being made on three of nine key indicators, is mixed for two of them and is heading in the wrong direction for a further four including sewage, marine litter and ‘nutrient’ pollution. Nutrients, from sources like agriculture and animal wastes, are ‘fertilizing’ coastal zones triggering toxic algal blooms and a rising number of oxygen deficient ‘dead zones’. Meanwhile, the report flags up fresh areas in need of urgent attention. These include declining flows in many of the world’s rivers as a result of dams, overabstraction and global warming; new streams of chemicals; the state of coastal and freshwater wetlands and sea level rise linked with climate change. Researchers are also calling for improved monitoring and data collection on continents like Africa where the level of hard facts and figures on marine pollution remains fragmented and woefully low. The report has been compiled by UNEP’s Global Programme of Action for the Protection of the Marine Environment from Land-Based Sources (UNEP/GPA).

IGR-2 Beijing The findings will be given to governments attending an intergovernmental review of the 10 year-old GPA initiative taking place in Beijing, China, from 16-20 October. Achim Steiner, United Nations Under Secretary-General and UNEP Executive Director, said today:” An estimated 80 per cent of marine pollution originates from the land and this could rise significantly by 2050 if, as expected, coastal populations double in just over 40 years time and action to combat pollution is not accelerated”. He said the GPA was the key initiative, backed by the international community, in order to conserve and reverse declines in the health of the world’s oceans and seas. Currently more than 60 countries across Continents including Africa, Asia and Latin America and the Caribbean are now part of this global effort. Many are integrating the GPA into national development strategies and some are working with neighbouring countries to develop integrated coastal zone management. “But, as the new State of the Marine Environment shows, old problems persist and new ones like nutrient-rich ‘dead zones’ and the impacts of climate change are emerging.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã So we have a long way to go politically, technically and financially if we are to hand over healthy and productive seas and oceans to the next generation,” said Mr Steiner. He said the Beijing meeting offered a golden chance for governments and international donors to review their planning and investment strategies to ensure they are genuinely marine-friendly. The UNEP/GPA was adopted by governments in 1995. It is tasked with assisting governments in combating nine key coastal problems which the new report assesses.

Highlights from the State of the Marine Environment report The report says good progress has been achieved in three areas: Persistent Organic Pollutants-these are long-lived industrial chemicals, pesticides or by-products of combustion linked with a wide range of impacts on human health and wildlife. Some countries brought in bans two decades ago and 12 of these chemicals, including DDT and Polychlorinated Bi-Phenols (PCBs) are now controlled under the 2001 Stockholm Convention on Persistent Organic Pollutants. In the Baltic Sea there has been a 50 per cent reduction in pollution loads and levels, especially of DDT, and other pesticides are also generally falling in the marine environments of eastern and western South America. Levels of several key persistent organic pollutants are dropping too in the Northeast Atlantic although some contaminants, like PCBs, continue to be found above European Union limits. The report points to rivers such as the Seine in France; the Schedlt and the Rhine on the border between Belgium and the Netherlands and the Ems in Germany. Less sterling progress is being made in the Arctic, where old and new persistent organic pollutants enter the human food chain via fish and seals and in the Western Mediterranean sea. The Caspian Sea is also highlighted. Here, DDT and a chemical called endosulphan are a “serious cause for concern”. Concern is also underlined in some parts of South-East Asia and the South Pacific— here levels of some persistent chemicals are high in the river systems and sediments of Malaysia and Thailand. High concentrations of DDT and its breakdown products are found in Papua New Guinea and the Solomon Islands—the legacy of malarial mosquito control. Problems are also underlined along the coastlines of Sub-Saharan Africa, including the Indian Ocean where countries are heavily dependent on agriculture, and the seas of East Asia where the chemicals are produced.

Radioactive Substances In 1993, the disposal of low-level radioactive waste at sea was prohibited under the London Convention. Authorized releases from nuclear fuel-cycle installations do continue at sites such as Sellafield in the UK; La Hague, France; Trombay, India and Toki-Mura, Japan. A potential future problem is the decommissioning of the Russian nuclear fleet. But the report concludes that most contamination is coming from natural radioactive sources and that measures to control human-made contamination are working.

Oils Overall less oil is entering the marine environment now when compared with the mid 1980s with pollution down around two thirds. “Total oil inputs decreased to 37 per cent of 1985 levels” with spills from tanker accidents down 75 per cent, from tanker operations by 95 per cent and from municipal and industrial discharges by close to 90 per cent.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã The report does however note concern in some areas like the Arctic rivers of Russia; the Baltic and the Gulf of Finland and in the Persian Gulf. Asia. Climate change and the loss of ice is also opening up the North East Passage across the roof of the world to shipping and oil exploration raising the risk of further pollution. Local pollution is also severe on coasts and around ports in countries like Bangladesh, Indonesia, Malaysia, Nigeria and Pakistan as a result of spills. The report notes ‘mixed progress’ in two areas.

Heavy Metals Controls have been introduced by most developed countries across a wide range of heavy metals. But new quantities of substance like mercury are entering the marine environment from emerging economies as a result of industrial and mining operations and the burning of fossil fuels for power generation and transportation. The report highlights concern for human health in the Arctic. In some areas concentrations of mercury are now between two and to four times higher in the bodies of ringed seals and beluga whales than 25 years ago. Other heavy metals—linked with the deployment of catalytic converters on cars and including platinum and rhodium—are many times higher than they were a few decades ago. “The environmental and health effect of these metals are not well known,” says the report. It says that lead, cadmium and mercury inputs into the North Sea have fallen by 70 per cent, although targets for some other substances like copper and tri-butyl tin—used as an anti-fouling coating on boats-- have not been met. Other areas of progress include the North East Atlantic where concentrations of cadmium, mercury and lead in mussels and fish have fallen over the past decade or so and in the Mediterranean where a similar trend is emerging. However concern remains in places like the Caspian Sea where an estimated 17 tonnes of mercury and nearly 150 tonnes of cadmium are discharged annually. In the seas of East Asia, rising amounts of electronic wastes—which can contain up to 1,000 different materials, many of which are toxic—is an increasing problem with as many as nine million batteries dumped annually.

Sediment Mobilization Movement of sediments and soils are being dramatically altered by dam building, large-scale irrigation, urbanization, loss of forests and land change uses linked with agriculture. Some coastlines, once fed by regular amounts of sediments by rivers, are shrinking because the soils are being trapped by barrages upstream. Others are suffering for precisely the opposite reason---artificially high amounts of sediments are now swilling down rivers choking seagrass beds, silting up coral reefs and clogging up other important habitats and coastal ecosystems. The report points to the Mediterranean where river flows have been reduced by 50 per cent as a result of damming thus cutting sediment flows to the coast. Soil particle flows in the River Ebro in Spain have fallen by 95 per cent and from the Rhone in southern France by 80 per cent. In South Asia, some 1.6 billion tones of sediment are now reaching the Indian Ocean via rivers on the Indian sub-Continent. Total sediment loads in rivers in Bangladesh are 2.5 billion tones of which the Brahamaputra carries 1.7 billion tones and the Ganges 0.8 billion tones. In the seas of East Asia the levels of silt draining into river basins is three to eight times the global average.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã Studies from Indonesia and the Philippines estimate that the environmental damage to coral reefs far exceeds the economic benefits from logging which is triggering the silt. In the Wider Caribbean, sediment loads are estimated to be one Giga-tone or 12 per cent of the global level with deforestation the main trigger. The economic impact of reduced loads is starkly underlined on the Nile. The building of the Aswan dam in the 1960s had led to close to 100 per cent of the soils and sediments being trapped behind the dam. Erosion has occurred at the mouth of the Nile and there have been declines in sardine catches of 95 per cent.

Worse Progress is being registered in four areas: Sewage Over half of the wastewater entering the Mediterranean Sea is untreated. In Central and Eastern Europe a quarter of the population are connected to some kind of treatment plant but many large cities discharge virtually untreated wastewater. Around 60 per cent of the wastewater discharged into the Caspian Sea is untreated. In Latin America and the Caribbean the figure is around 85 per cent. In East Asia the figure is close to 90 per cent; in the South East Pacific, over 80 per cent and West and Central Africa, 80 per cent. In West Asia, among countries like Bahrain, Iran, Iraq, Kuwait, Saudi Arabia and the United Arab Emirates, “sewage treatment plants exist in all countries, but the level of treatment varies and capacity is not sufficient to deal with existing loads”. Globally, an estimated $56 billion more is needed annually to address the wastewater problem. “On balance, it is perhaps the most serious of all the problems within the framework of the GPA. It is also the area where least progress has been achieved,” says the report. Nutrients The number of coastal dead zones has doubled every decade since 1960 with the rise linked to nutrients—nitrogen and phosphorus—arising from sources such as agricultural fertilizer run off; manure; sewage and fossil fuel burning. “Nutrient over-enrichment” can lead to wild and farmed fish kills; degradation of seagrass beds and coral reefs and toxic algal blooms. Nitrogen exports to the marine environment from rivers are expected to rise globally by 14 per cent by 2030 when compared with the mid 1990s. The problem was once largely confined to developed countries but is now spreading to developing ones. Rivers running through Cambodia, China, Malaysia, Thailand and Vietnam now deliver well over 600,000 tonnes of nitrogen to the waters above the Sunda Shelf. Toxic algal blooms or ‘red tides’ affected 15,000 square kilometers of offshore waters in China in 2001. Major problems are also now being registered in the estuaries and coastal areas of the Philippines. Marine Litter “The problem of marine litter has steadily grown worse, despite national and international efforts to control it,” says the report. Impacts include threats to human health and wildlife. Litter can harm the aesthetic appearance of beaches and tourist resorts with economic implications. Sources include municipal, industrial, medial, fishing boats and shipping discharges. Much of the litter is not bio-degradable.

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã The precise amount of litter is unknown but thought to be rising. Around 70 per cent of marine litter ends up on the seabed, 15 per cent on beaches and a further 15 per cent is floating. The annual ‘International Coastal Cleanup’ organized by the NGO Ocean Conservancy collected over six million pieces of rubbish weighing 4,000 tonnes in 100 countries in 2001. An example of costs comes from the west coast of Sweden where municipalities spend over $1.6 million a year cleaning up litter from 3,600 km of coast. Physical Alteration and Destruction of Habitats Close to 40 per cent of the world’s population live on just the costal fringe which is just over seven per cent of the land. Average population density in the coastal zone rose is set to rise from 77 people per square kilometer in 1990 to 115 in 2025. The growth, in terms of more settlements, overuse of marine resources, pollution and damage and loss of ecosystems, is having serious impacts. In the North Sea, sand and gravel extraction is an issue. The sea bed can take up to a decade to recover. The impact of new infrastructure is underlined with a case from Morocco in the Mediterranean. A new harbour and port, built in the 1990s, changed the levels of sediments deposited on local beaches. As a result Tangier lost over 50 per cent of its international tourist night-stays and local craftsmen lost a quarter of their business. Close to 90 per cent of coral reefs in South East Asia are threatened by human activity and the region’s mangroves—important for coastal defence and fisheries—are under assault from aquaculture ponds and agriculture. Close to a third of North America’s wetlands have been lost to urban development with agriculture claiming a further quarter. Many Caribbean countries have seen a deterioration of their coastal environments as a result of sand mining and the construction of breakwaters and seawalls. The Virgin Islands (USA) have lost half of their mangroves in the past 70 years. Loss of coastal habitats in Latin America have impacted fisheries. An extreme case is the 90 per cent reduction in coastal fisheries in the Magdalena River delta of Colombia over the last two decades. Extensive losses of mangroves in Ecuador and Colombia and salt marshes in southern Brazil are reported. Agricultural and urban development has resulted in an up to 50 per cent loss of wetlands in Southern and Western Africa while around 80 per cent of the Upper Guinea forest has been cleared. In United Nations Environment Programme [http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=486&ArticleID=5364&l=en]

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 5.

Desflorestação da Amazónia atinge valor quase recorde

No espaço de um ano, desapareceram mais de 26 mil km2 da floresta amazónica S. J. * A floresta amazónica está a desaparecer a um ritmo cada vez mais veloz. Só entre Agosto de 2003 e Agosto de 2004, a desflorestação atingiu o segundo valor mais alto de sempre, afectando mais de 26 mil quilómetros quadrados no espaço de um ano, o equivalente a um terço da superfície de Portugal. O balanço foi avançado pelo governo brasileiro, a quem os ambientalistas pedem mais acção. De acordo com a BBC, a desflorestação da Amazónia ao longo destes 12 meses representa um aumento de 6% em relação ao ano anterior. Na origem do abate de milhares de árvores está, entre outros factores, o objectivo de aumentar a área de plantação de colheitas. No Estado de Mato Grosso, - onde ocorreu quase metade desta desflorestação -, a exótica vegetação amazónica deu lugar a campos de soja. Uma cultura que, em 2004, atingiu recordes nas exportações brasileiras para a China e a Europa. O novo balanço oficial surpreendeu, no entanto, o próprio governo brasileiro, cujas estimativas apontavam para um aumento na desflorestação da Amazónia de cerca de 2%. Em vez disso, a área desflorestada entre o Verão de 2003 e 2004 atingiu os 26 130 quilómetros quadrados. O valor mais alto de destruição da floresta - desde que o Brasil iniciou o estudo do problema, em 1988 - remonta ao período entre Agosto de 1994 e Agosto de 1995 29 059 quilómetros quadrados. Numa reacção aos números divulgados, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, citada pela Lusa, destacou o elevado crescimento económico do país em 2004 como um dos factores que contribuíram para o aumento da desflorestação. No entanto, a governante considerou o cenário "indesejável" e admitiu que as medidas adoptadas por Brasília para inverter a situação não produziram efeito. Entre as acções realizadas pelo Executivo de Lula da Silva destacam-se a criação de áreas protegidas e o reforço da vigilância via satélite sobre as zonas mais ameaçadas. No entanto, embora consi- deradas "positivas", estas medidas não satisfazem os ambientalistas, que desafiam as autoridades locais a ir muito mais além. "Para que se consiga marcar a diferença no terreno, o governo precisa de restringir a plantação de soja a áreas já desflorestadas, combater o abate ilegal de árvores e implementar, de forma efectiva, o seu próprio plano anti-desflorestação", afirmou Paulo Adario, coordenador da campanha da Greenpeace. Também para o Fundo Mundial para a Conservação da Natureza (WWF, sigla em inglês), o governo de Lula da Silva tem "falhado" o cumprimento dos objectivos a que se propôs em 2003. Em comunicado, a organização alerta para os efeitos desta devastação a nível ambiental e social, numa altura em que 18% da floresta já foi destruída. *Com agencies In Diário de Noticias [http://dn.sapo.pt/2005/05/20/sociedade/desflorestacao_amazonia_atinge_valor.html]

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 6. Por cada 1% de desflorestação na Amazónia a população de mosquitos da malária aumenta 8% A desflorestação da Amazónia está a abrir portas para o desenvolvimento dos mosquitos vectores da malária, promovendo o aumento da doença na população humana. A população destes mosquitos tem aumentado abruptamente nas zonas abertas. Naturlink (04-12-2003)

Uma equipa de investigadores no seu trabalho de monitorização de mosquitos da floresta da Amazónia tem obtido dados que apontam para o acréscimo da população de Anopheles darlingi, a espécie de mosquito local que transporta o parasita da malária para os humanos. Através de imagens satélite, os investigadores relacionaram os dados com os níveis de desflorestação da Amazónia e concluíram que por cada 1% de aumento da desflorestação a população destes mosquitos aumenta 8%. Estes investigadores temem que a Anopheles darlingi possa vir a dominar as outras espécies de mosquitos que perdem as suas condições essenciais de sobrevivência nas zonas abertas, sem as árvores e a sombra que proporcionavam aos lagos. O problema não existiria se esta espécie de mosquito não tivesse surgido na Amazónia nos anos 90 através da introdução de peixes tropicais de aquicultura, mas agora a tomada de medidas contra a proliferação da doença começa a ser urgentes, numa altura em que a desflorestação da Amazónia voltou a aumentar, devendo-se essencialmente à procura de terras para agricultura e à pressão urbana. In Naturlink [http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=12582&iLingua=1]

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã 7.

Poluição atmosférica – origens, efeitos e controlo regulamentar A atmosfera é um recurso global, sem fronteiras, que determina todas as manifestações climáticas e constitui um suporte básico da vida. Por isto a poluição da atmosfera é tão preocupante, colocando em risco o equilíbrio dos ecossistemas. Cláudia Fulgêncio

Apesar da composição natural da atmosfera não ser muito variável durante longos períodos de tempo, notam-se cada vez mais os efeitos dos poluentes emitidos para o ar, associados ao desenvolvimento urbano, industrial e à crescente utilização de veículos motorizados, o que se reflecte, cada vez mais, em efeitos negativos no equilíbrio dos ecossistemas. A principal origem da poluição do ar é a combustão, isto é, a combinação do oxigénio com os elementos componentes das matérias combustíveis. A combustão é o princípio fundamental de três categorias de poluição: poluição industrial, poluição devido ao aquecimento e poluição em consequência dos veículos motorizados. Desta forma são enviados para a atmosfera óxidos de carbono, de azoto, de enxofre e vapor de água. Existe também a volatilização de metais pesados presentes em certos combustíveis (chumbo, zinco e cádmio). As reacções fotoquímicas da atmosfera são consideradas como fonte secundária de poluição. Pela acção dos raios solares, os óxidos de azoto e os hidrocarbonetos existentes na atmosfera são, assim, transformados em ozono (principal constituinte do nevoeiro fotoquímico). Uma outra via de poluição é a evaporação, responsável pela dispersão dos componentes químicos do ar. É o que acontece no caso dos compostos orgânicos voláteis (por exemplo hidrocarbonetos), que durante o armazenamento e distribuição dos carburantes se propagam na atmosfera. Os efeitos da poluição atmosférica são numerosos e diversos, estendendo-se dos toxicológicos aos económicos. Materiais, plantas, animais e pessoas podem ser indiscriminadamente molestados pelos efeitos de poluentes, quer directa, quer indirectamente. São vários os estudos de saúde que atribuem à poluição atmosférica aumentos na taxa de doenças ou alterações na actividade pulmonar. Mas a poluição do ar é um fenómeno complexo, para o qual há que considerar um grande número de parâmetros, como a natureza exacta dos poluentes, as quantidades realmente absorvidas, factores meteorológicos, infecções bacterianas ou virais relacionadas com as estações do ano, factores pessoais (idade, tabagismo, estado de saúde, etc.), entre outros. Assim, os efeitos de uma determinada concentração de poluente não se farão

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã sentir de igual modo em todos os indivíduos, tornando-se difícil estabelecer uma correlação entre um poluente e a sua sintomatologia.

As extrapolações feitas com base nos resultados obtidos nas experiências realizadas em animais de laboratório, têm também sempre associado um certo grau de incerteza, pelo que é difícil determinar os valores da concentração de poluentes abaixo dos quais não há efeitos no organismo. Consequentemente é complicado estabelecer padrões de qualidade do ar e salvaguardar a saúde pública. Habitualmente, consideram-se os efeitos de poluentes isoladamente, embora na maioria das vezes não seja esta a forma como eles ocorrem, combinando-se os seus efeitos de forma benéfica ou adversa.

Legislação Portuguesa sobre a Qualidade do Ar O controlo da poluição passa pela definição de valores limite e de valores guia para as emissões e controlo dos níveis de poluentes na atmosfera, no sentido de proteger a saúde pública e o ambiente. Em Portugal, o Decreto-Lei n.º 352/90, de 9 de Novembro, regulamentado pela Portaria n.º 286/93, de 12 de Março, e o Decreto-Lei n.º 276/99, de 23 de Julho, que define as linhas de orientação da política de gestão da qualidade do ar e transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva nº 96/62/CE, do Conselho, de 27 de Setembro, constituem a base do corpo legislativo em relação à qualidade do ar.

O Ministério do Ambiente tenciona alterar a legislação vigente, revendo os limites para os valores sectoriais de emissões e de aplicação geral, numa tendência que se prevê mais restritiva. A nova lei criará um novo regime de enquadramento e deverá ser publicada até final do ano. Entretanto, já foi transposta a Directiva do Conselho n.º 1999/13/CE de 11-03-1999, relativa aos compostos orgânicos voláteis (COV), que define limites de emissão para uma série de indústrias que usam derivados do álcool, como as tipografias, fábricas de tinta e empresas de limpeza a seco, pelo Decreto-Lei n.º 242/2001 de 31-08-2001.

In Naturlink [http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=5602&iLingua=1]

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Poluição atmosférica 'mata' imagem da cidade de Lisboa Luísa Botinas Paulo Spranger (imagem)

09.03.07

Se nada for feito para inverter o avanço da poluição ambiental e da degradação da qualidade do espaço público de Lisboa, a breve trecho, a capital verá ameaçadas a sua imagem e pretensão em matéria de competitividade no contexto europeu. Fonseca Ferreira, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, já deu o alerta às autoridades locais sobre esta situação há ano e meio. "Mas nada foi feito até agora", acusa ao DN este responsável, lamentando o estado a que a capital chegou. "Lisboa está suja, desordenada, com estacionamento caótico e muito poluída." A poluição atmosférica é o que mais preocupa o presidente deste organismo governamental. "É bom que as pessoas saibam que, em Lisboa, 80 % da poluição medida tem origem nos combustíveis fósseis utilizados pelos automóveis. Apenas 20% da poluição é de origem industrial", diz Fonseca Ferreira, lembrando que a Câmara de Lisboa, e concretamente o seu presidente, Carmona Rodrigues, tem afirmado que não defende a adopção de medidas radicais para a contenção do transporte individual na cidade. "Apenas se tem dito que não às portagens à entrada da cidade, mas não se apresentam alternativas. Enquanto isso, a situação da cidade vai piorando de dia para dia", afirma ainda Fonseca Ferreira. "É a estratégia de desenvolvimento e competitividade para a própria região metropolitana de Lisboa que está ameaçada. Senão vejamos: a área metropolitana tem potencialidades e condições naturais únicas para ser competitiva no contexto europeu. Mas Lisboa, sendo o 'coração' de toda esta região, não pode continuar a 'viver ou a sobreviver' se estiver doente. Quem é que vai querer investir numa cidade com estacionamento caótico? Ou quem é que quer visitar uma cidade cada vez mais suja e poluída?", questiona Fonseca Ferreira. A adopção de medidas minimizadoras da poluição ambiental impõe-se rapidamente . "Não tem que ser a CCDRLVT a dizer o que deve ser feito. Cabe às autoridades locais fazerem-no e há um leque de soluções possíveis, algumas delas já experimentadas noutras capitais europeias", salienta o responsável. O condicionamento da circulação automóvel nas áreas centrais da cidade parece ser uma inevitabilidade neste contexto. Mas para Fonseca Ferreira há outras formas de reduzir a poluição. E dá um exemplo: a circulação alternada de veículos (com base nas matrículas). In Diário de Noticias [http://dn.sapo.pt/2007/03/09/cidades/poluicao_atmosferica_mata_imagem_cid.html]

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Alterações antropogénicas do ciclo do azoto

Antes do Homem intervir no ciclo natural do azoto, este elemento encontrava-se escassamente disponível para o mundo biológico. No último século as actividades humanas aceleraram a sua taxa de fixação, alterando toda a dinâmica deste ciclo. Maria Carlos Reis

O azoto é um componente essencial à vida, participando na constituição das proteínas, do ADN (Ácido Desoxirribonucleico), do ARN (Ácido Ribonucleico), da clorofila e de outras importantes moléculas orgânicas, representando o quarto elemento mais abundante nos tecidos vivos. Apesar do azoto (N2) ser o elemento predominante da atmosfera terrestre (cerca de 78%), a maioria dos seres vivos não possui a capacidade de utilizá-lo directamente nesta forma, tal como fazem com o oxigénio e o dióxido de carbono. Em vez disso, eles esperam que o azoto seja fixado, i.e., “puxado” da atmosfera e ligado a oxigénio e hidrogénio por determinados microorganismos (bactérias, fungos e cianofíceas), muitas vezes associados simbioticamente às plantas, formando compostos que elas podem usar nas suas sínteses fotossintéticas, sendo, assim, disponibilizado a todos os níveis tróficos das cadeias alimentares. Outro processo de disponibilização do azoto para o mundo biológico corresponde a reacções de simplificação da matéria orgânica resultante dos cadáveres dos seres vivos e dos seus excrementos, protagonizadas por microorganismos, uma vez que estas moléculas são demasiado complexas para serem directamente utilizada pelas plantas. Estas são algumas fases do ciclo do azoto, ou seja, do mecanismo que assegura a reciclagem do azoto na biosfera. Antes do Homem intervir no ciclo natural do azoto, este elemento estava escassamente disponível para o mundo biológico, funcionando como um factor limitante, que controlava a dinâmica, biodiversidade e funcionamento de muitos ecossistemas. Durante o último século, as actividades humanas aceleraram a taxa de fixação do azoto nos solos, duplicando a transferência anual de azoto da fonte inesgotável, mas inacessível, que é a atmosfera, para formas biológicas acessíveis, de grande mobilidade.

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Fontes de alterações do ciclo do azoto Fertilizantes azotados A fixação industrial de azoto na forma de fertilizantes teve início na Alemanha, durante a I Guerra Mundial. A sua produção cresceu exponencialmente deste 1940, mas nas duas últimas décadas este aumento foi fenomenal. Por exemplo, a quantidade de fertilizantes aplicados na agricultura entre 1980 e 1990 igualou a quantidade utilizada deste o início da sua produção. O problema da aplicação dos fertilizantes é que cerca de metade das quantidades utilizadas não chega a contribuir para a construção de novos tecidos nas plantas, pois é perdido por evaporação, escorrência ou infiltração, deixando de estar disponível. Até finais da década de 70 a maior parte dos fertilizantes azotados produzidos industrialmente destinava-se à aplicação nos países desenvolvidos, mas o cenário tem vindo a alterar-se e neste momento são os países em vias de desenvolvimento os maiores consumidores. As previsões de aumento populacional, especialmente nestes países, indiciam a manutenção desta tendência. Utilização de culturas fixadoras de azoto Cerca de um terço da superfície terrestre está votada a usos agrícolas e pastoris e o Homem converteu extensas áreas de vegetação natural em monoculturas de leguminosas. Uma vez que estas plantas suportam comunidades de microrganismos fixadores de azoto, estas culturas representam novas fontes biológicas de azoto facilmente disponibilizável. Fontes pontuais de azoto Os aportes de azoto para os ecossistemas são muitas vezes provenientes de efluentes domésticos, agrícolas ou industriais não tratados. As instalações de criação intensiva de animais são muitas vezes responsáveis pelo aumento dos níveis de nutrientes azotados dos solos e massas de água envolventes. Mobilização de azoto armazenado Além da fixação de azoto, as actividades antropogénicas são igualmente responsáveis por aumentar a quantidade de azoto que se encontra em circulação. Por exemplo, a queima de combustíveis fósseis, que ocorre nos veículos e indústrias, liberta para a atmosfera azoto armazenado nas formações geológicas durante milhões de anos e que assim teria permanecido se não fossem as actividades humanas. Mas existem outros exemplos do aumento da mobilização do azoto, como a queima de florestas, a utilização de madeira como combustível, a drenagem de zonas húmidas, que estabelece as condições ideais para a oxidação da matéria orgânica do solo, e as desflorestações para preparação de terras agrícolas.

Efeitos das alterações antropogénicas do ciclo do azoto Óxido Nitroso Apesar das atenções terem estado centradas na redução das emissões de dióxido de carbono, devido ao seu papel no aquecimento global do planeta, o N2O, libertado essencialmente pela combustão, é também um importante gás de efeito de estufa, 200 vezes mais potente que o CO2 (embora por cada 3000 moléculas de CO2 libertado, apenas uma molécula de N2O chegue à atmosfera). Para além deste aspecto, ele é pouco reactivo na troposfera, podendo permanecer por mais de 150 anos a exercer os seus efeitos. Quando sobe para a estratosfera, e na presença das energéticas radiações ultravioleta, este gás pode desencadear reacções que levam à depleção da já fina camada protectora de ozono.

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Óxidos de azoto e amónia Ao contrário do anterior, os óxidos de azoto (NOx), particularmente o monóxido e dióxido de azoto emitidos pelos processos de combustão e como produtos de reacções do N2O, e a amónia volatilizada são altamente reactivos e, por isso, de vida muito mais curta, pelo que as alterações na composição química da atmosfera de sua responsabilidade são apenas detectadas a nível local ou regional. Estas alterações incluem a catalização da reacção de formação de ozono na troposfera, o principal constituinte do nevoeiro fotoquímico, que tem consequências perigosas para a saúde humana, assim como para a produtividade dos ecossistemas. O NO pode ainda ser transformado em ácido nítrico, um os maiores componentes da chuva ácida, que destrói monumentos e acidifica solos e sistemas aquáticos, desencadeando profundas alterações na composição das suas comunidades bióticas. Em relação à amónia, ela pode reagir com o dióxido de enxofre para formar um aerossol de sulfato de amónia, que também contribui para o nevoeiro fotoquímico, aumentando a sua densidade e persistência. Nitratos A ingestão de água contaminada com nitratos (NO3-) pode conduzir a sérias disfunções, após este ião ser reduzido a iões nitrito (NO2-) no tracto gastrointestinal. Por exemplo, uma vez no sangue, estes iões impedem que a hemoglobina transporte o oxigénio, ao transformarem-na em metahemoglobina.

Excesso de nutrientes Existem limites para o crescimento proporcionado pela adição de fertilizantes azotados. Quando as deficiências naturais de azoto estão satisfeitas, e se atinge o máximo de produção de biomassa vegetal, o crescimento das plantas passa a ser controlado por outros factores, como o fósforo, o cálcio e a água – chegou-se ao ponto de saturação de azoto, situação que acarreta uma série de consequências nefastas para os ecossistemas. As reacções químicas entre os compostos azotados, desencadeadas por acção bacteriana, conduzem à libertação de iões negativos, que quanto saem do solo, arrastam consigo iões positivos de outros importantes nutrientes, como o cálcio, o magnésio e o potássio. Ou seja, a fertilização excessiva conduz a uma perda de fertilidade do solo a longo prazo. Os nitratos podem ainda ser conduzidos, por escorrência, para as massas de água, originando a sua eutrofização, ou atingirem os lençóis freáticos, contaminando as águas de consumo. Redução da biodiversidade Acompanhando os outros efeitos, os aportes de azoto para os ecossistemas causam, normalmente, um desequilíbrio na composição de espécies, ocorrendo uma alteração das espécies dominantes, conducente a uma redução da biodiversidade. Na Holanda, que ocupa um dos lugares cimeiros quanto à utilização de fertilizantes, todos os ecossistemas sofreram alterações, verificando-se que zonas de enorme riqueza biológica foram substituídas por florestas e pastagens de reduzida biodiversidade. Apesar dos ecossistemas terrestres serem vulneráveis ao excesso de azoto, os sistemas aquáticos são os que sofreram mais até hoje, pois são os receptáculos finais do excedente deste elemento, que chega por escorrência ou através de descargas directas de efluentes não tratados.

Perspectivas futuras Existem algumas linhas de investigação, no sentido de serem produzidas estirpes de bactérias simbióticas fixadoras de azoto para inocular os solos, ao mesmo tempo que se

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É hora de Acordar! O Planeta Ontem, Hoje e Amanhã tenta modificar as plantas para que elas próprias adquiram essa capacidade, de modo a reduzir as quantidades de fertilizantes aplicados. Apesar destas soluções parecerem ideais, elas não serão imediatas e o fornecimento de azoto na forma de fertilizantes deverá continuar de forma a suprir necessidades alimentares de uma população que se pensa duplicar até ao final deste século. No entanto, existem formas de tentar travar este aumento ou mesmo diminuir a utilização de fertilizantes. Uma delas será tornar a utilização mais eficiente, através de um conjunto de práticas que permitem diminuir as perdas, sem sacrificar as produções e lucros (e por vezes até aumentá-los), ao mesmo tempo que se travam as alterações globais. Por exemplo, a dissolução do fertilizante na água de irrigação, a monitorização das quantidades de azoto no solo, de forma a optimizar a altura das aplicações, com doses melhores calculadas, são apontadas como soluções minimizadoras dos impactos. A rotação das culturas, a plantação de legumes, a conservação dos solos e a reciclagem de detritos orgânicos são técnicas igualmente desejáveis, mas é claro que não são suficientes. Se todos os agricultores desejassem praticar agricultura biológica, retornando às práticas tradicionais, não seria possível alimentar a população mundial. Existem também mecanismos que impedem que o azoto dos fertilizantes chegue aos sistemas aquáticos. Muitas áreas agrícolas foram construídas à custa da regularização das margens dos rios, da destruição de zonas ripícolas e da drenagem de zonas húmidas. No entanto estas zonas actuam como tampão, retendo grandes quantidades de azoto. Restaurar zonas ripícolas e mesmo construir zonas húmidas artificias são soluções apontadas para prevenir que o azoto chegue aos sistemas aquáticos. Relativamente aos óxidos de azoto, seria fundamental melhorar a eficiência das combustões e desenvolver mecanismos para interceptar estas emissões antes da sua chegada à atmosfera. A utilização de energias alternativas é também apontada como medida minimizadora. No entanto, nenhum destes passos é simples e óbvio, pois estão envolvidos muitos interesses políticos e económicos. Inquestionável é a importância de transportar todas estas tecnologias mais eficientes para os países em vias de desenvolvimento, para que o seu crescimento possa já ter por base a aplicação de metodologias mais limpas. In Naturlink [http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=6191&iLingua=1]

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10. Cientistas dizem que aquecimento global persistirá durante séculos da Efe, em Gijón 24/05/2008 - 12h14 A comunidade científica está convencida de que o aquecimento global persistirá durante vários séculos, embora as emissões de gases do efeito estufa sejam reduzidas substancialmente. Os cientistas que participaram do simpósio sobre os efeitos da mudança climática nos oceanos, realizado na cidade espanhola de Gijón nesta semana, dizem acreditar que o processo é praticamente irreversível. Mesmo que se deixe de emitir totalmente CO2 na atmosfera, a temperatura média subiria dois graus durante os próximos 50 anos pela inércia adquirida pelo fenómeno, segundo os pesquisadores. As previsões mais optimistas da comunidade científica estimam que nos próximos anos acontecerá uma redução da emissão de gases poluentes pela consciência social e política do problema. No entanto, isto não será suficiente para reverter o fenómeno, uma vez que o aquecimento global persistirá durante "vários séculos", segundo consta no sumário de conclusões do seminário. O simpósio, organizado pelo Centro Oceanográfico de Gijón do Instituto Espanhol de Oceanografia, reuniu cerca de 450 pesquisadores de 60 países para analisar os efeitos da mudança climática sobre os mares. Em dez sessões temáticas, os cientistas debateram sobre 200 comunicados orais e foram criados 150 painéis. O director do Centro Oceanográfico de Gijón, Luis Valdés, alertou sobre a gravidade da situação e defendeu um maior "diálogo" entre a comunidade científica e os políticos para tomar medidas urgentes. Os especialistas concluíram que carecem de uma metodologia precisa para medir a interacção dos efeitos da mudança climática na relação do mar com o ar e a terra. Valdés afirmou que é necessário "definir com clareza as acções que o homem pode adoptar para diminuir os efeitos da mudança". In Folha Online – Ambiente [http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u404990.shtml]

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