FACULDADE DE ARQUITECTURA — UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA
JÁ PAROU PARA PENSAR, PORQUE É QUE AVANÇA NO SINAL VERDE E PÁRA NO VERMELHO?
E O BENEFÍCIO QUE É, ENCONTRAR COM FACILIDADE AS URGÊNCIAS DE UM HOSPITAL?
SE AMANHÃ A SINALÉTICA DE UMA CASA-DE-BANHO SE REPRESENTASSE POR UM TRIÂNGULO E UM CÍRCULO, POR QUE PORTA ENTRARIA?
JÁ PENSOU PORQUE É QUE SE LEMBRA DE UMA PUBLICIDADE QUE VIU NA RUA, NA TELEVISÃO OU NA INTERNET?
E PORQUE É QUE RECONHECE FACILMENTE UMA EMPRESA / LOJA / INSTITUIÇÃO, AO VER A SUA MARCA?
E COMO SERIA, SE TIVESSE DE MONTAR UM MÓVEL NOVO, SEM LIVRO DE INSTRUÇÕES?
IRIA ESCOLHER UM LIVRO EM QUE AS LETRAS SE ATABALHOASSEM OU TIVESSEM CORES TÃO BERRANTES QUE O TORNASSE QUASE IMPOSSÍVEL DE LER?
ALGUMA VEZ PENSOU, QUE ESTÁ UM DESIGNER POR DETRÁS DO DESENHO DOS TIPOS DE LETRA QUE ESCOLHE NO SEU COMPUTADOR?
ENTRARIA NUMA PÁGINA DA INTERNET, COM UMA NAVEGAÇÃO TÃO CONFUSA, QUE FOSSE DIFÍCIL ACEDER À INFORMAÇÃO?
JÁ PENSOU SE COMPRARIA UM PRODUTO ALIMENTAR EM QUE A EMBALAGEM NÃO FOSSE APETECÍVEL, TRANSMITISSE SEGURANÇA E HIGIENE?
agora,
Olhe à sua volta... certamente, está rodeado por uma infinidade de comunicação visual. A resposta-chave a todas estas questões é: Design de Comunicação.
O DESIGN DE COMUNICAÇÃO, ESTÁ PRESENTE EM TODO O LADO.
É uma actividade que se propõe comunicar visualmente uma mensagem. Esta, é editada através da articulação entre uma gramática visual* e o conteúdo que se pretende transmitir. Gera um contexto para a compreensão, claro, expressivo e simbólico. Pode estimular diferentes interpretações para uma mesma mensagem.
* ponto, linha, plano, ritmo, equilíbrio, escala, textura, cor, figura/fundo, enquadramento, hierarquia, transparência, modularidade, padrão, tempo e movimento; com tudo isto fazem-se coisas extraordinárias.
O QUE FAZ O DESIGN DE COMUNICAÇÃO? Mapas de metro, sinalética, cartazes, flyers, brochuras, cartões de visita, marcas, revistas, jornais, livros, desenho de tipos de letras, embalagens, manuais de instruções, infografias, diagramas, imagem gráfica de páginas na internet...
QUAL O CONTRIBUTO PARA A SOCIEDADE? Contextualiza projectos e desenvolve ideias; gera reacções e sensações, considerando os aspectos funcionais e de produção; gera uma cultura visual coerente entre o pensamento, sentimento e acção; cria linguagens e códigos visuais baseados na identidade cultural; enriquece e harmoniza a paisagem visual.
O design é uma ferramenta. Use-o para educar, agitar, promover,vender, denunciar, ajudar, identificar, mudar: comunicar informação relevante. os designers de comunicação são os profissionais que organizam a comunicação visual da nossa sociedade.
para que serve o DESIGN DE COMUNICAÇÃO?
O design gráfico ou de comunicação tornou-se omnipresente nas nossas vidas. Não há um dia que passe que não sejamos inundados por logótipos, revistas, sites ou sinais. Porém, mesmo tendo estes elementos de comunicação tão presentes no nosso quotidiano, é ainda pouco nítido quem e o que está por trás da sua criação.
Se o nosso trabalho está tão presente na vida de todos, porque é que ninguém sabe exactamente o que fazemos? Porque é que ainda nos perguntam se um designer é quem desenha móveis? Ou se o nosso trabalho consiste em “fazer bonecos”? Isto são perguntas habituais às quais tentamos responder prontamente e sem hesitações; assim, o que faz realmente um designer de comunicação?
E porque é que é que, estando tão presente no quotidiano de todos, é ainda tão genericamente desconhecido?
A verdade é que é difícil reconhecer o que não vemos. Isto porque, apesar de estarmos a falar de comunicação visual, na maioria das vezes ignoramos o trabalho que está por trás do que estamos a ver. O design gráfico pode ser o que nos faz comprar um livro em vez de outro (sim, porque embora tentemos evitá-lo, também julgamos um livro pela capa), o que nos faz ter mais empatia com uma marca do que com outra de características semelhantes, ou ainda escolher um vinho pelo rótulo. O design está em todo o lado, mas, na maioria das vezes é algo que damos como adquirido. O trabalho de dar forma às palavras desse autor, ou uma imagem a essa marca, passam despercebidas à sociedade. A tipografia por exemplo: quantos sabem ao certo o trabalho que existe por trás de um fonte tipográfica, os estudos que foram feitos para chegar àquelas características e dimensões exactas e o tempo que exigiu? Quantos sabem que foi feita para ser usada neste ou naquele contexto,
porque exprime valores conceptuais e conotativos precisos, ou que uma boa fonte tem direitos de autor e o seu uso tem de ser pago? E que o desenho da letra, o espaço entre as letras, entre as palavras, a dimensão da linha de texto, o espaço entre cada linha são objecto de um estudo intenso? Tal como a história do menino da cidade que achava que os ovos vinham do supermercado, também muitos acham que uma fonte é um tipo de letra que já vem com o computador. Tentemos então elucidar: o design de comunicação é uma forma de sintetizar graficamente uma mensagem ou um conceito. É o processo criativo através do qual se propõe a resolução de um problema de comunicação. É a “actividade que organiza a comunicação visual na nossa sociedade”, citando Jorge Frascara, um famoso teórico do design. Isto porque o design existe quase essencialmente na resposta a um problema específico que o designer, pelos seus meios, tentará resolver. O designer atende às necessidades de quem precisa de comunicar, quer seja criando uma imagem,
Tal como a história do menino da cidade que achava que os ovos vinham do supermercado, também muitos acham que uma fonte é um tipo de letra que já vem com o computador.or.
montando uma exposição, paginando um catálogo, quer seja até, por vezes, criando soluções pouco gráficas mas que incentivam o encontro entre quem precisa de comunicar e o seu público potencial. A resposta do designer deve, portanto, resolver um qualquer problema comunicacional que exista e fazer com que a mensagem possa ser entendida pelo público a que se destina; ao designer compete-lhe construir uma ponte entre a entidade que comunica e quem recebe essa informação, compreendendo que o conhecimento das características e especificidades de ambas as partes são essenciais ao êxito da solução final. Embora seja necessário existir um objectivo racional durante o processo, não significa que o trabalho final seja “neutro”; aquilo que vemos é o produto do diálogo entre a preparação do designer e a visão do seu encomendador. Um designer não é, nem deve ser, um elemento passivo neste processo, mas deve dar à mensagem uma expressão única. Sustentar uma correspondência de interesses entre quem comunicar e quem recebe a comunicação.
O Design de Comunicação
“é uma actividade que organiza a comunicação visual na nossa sociedade” Jorge Frascara
Nos dias de hoje, com a quantidade de informação, comunicação e novidade com que nos deparamos, a tarefa do designer torna-se mais árdua, no sentido em que lhe compete criar, surpreender, influenciar, inovar e mudar percepções e valores. O designer deve ser um observador, que compreende o comportamento humano e usa a informação que absorve do mundo que o rodeia para o seu trabalho. É por isso que, mais do que dar ao cliente o que ele quer, o designer deve dar-lhe o que ele nem sabia que queria. No design, como em qualquer outra área, é exigido bastante treino, dedicação, educação e prática a quem pretenda fazer um bom trabalho. É neste contexto que interessa referir a importância da capacidade de saber pensar e de estar num ambiente propício à criatividade: aberto ao diálogo, em permanente formação, curioso em relação à sociedade, disponível para trocar e aprender; de outra forma é difícil criar bom design.
É verdade que todas as áreas do saber recorrem hoje ao uso de ferramentas informáticas para acelerar e aperfeiçoar resultados. Mas se é evidente que não basta a um bom gestor dominar ferramentas informáticas de estatística e cálculo, é também evidente que a fluência em programas e ferramentas técnicas de design é sem dúvida importante, mas o pensamento informado e criativo é-o ainda mais. É a inteligência que distingue o bom do mau designer. Se “não é a cola que faz a colagem” como dizia Max Ernst, também não é a destreza em software que faz o designer. O ambiente académico é estruturante, mas precisa de ser permanentemente alimentado ao longo da prática com outros factores como o talento ou a imaginação, para poder resultar numa produção criativa e com sentido. “As imagens gráficas são mais do que ilustrações descritivas de coisas vistas ou imaginadas. São signos cujo contexto lhes dá um sentido especial e cuja disposição pode conferir-lhes um novo significado.”, afirma Richard Hollis, um historiador do design.
O designer deve ser um observador, que compreende o comportamento humano e usa a informação que absorve do mundo que o rodeia para o seu trabalho.
No mapa do metro e no horário dos comboios; na embalagem de medicamentos e na caixa de fósforos; no cartaz eleitoral e no convite para uma exposição de artes plásticas; no website para o homebanking ou no menu do telemóvel; na capa de um disco ou na sinalização de um parque de estacionamento; nas instruções para montar um móvel ou para construções de crianças; numa embalagem de cereais ou no saco de uma livraria; no manual escolar ou no bilhete para um jogo de futebol; no cartão do cidadão ou numa estação de correios estão presentes de forma evidente, se o soubermos reconhecer, a criatividade e a inteligência do trabalho de um designer de comunicação.
Em suma, o designer de comunicação procura – como a própria palavra indica - solucionar problemas comunicacionais, designar com vivacidade, procurando adequar a resposta ao problema equacionado. É importante relembrar que não se resume à utilização do Photoshop, tal como a advocacia não se resume à leitura do Código Penal. Cabe-nos a nós, designers, sermos merecedores deste título, produzir design carregado de humor e inteligência, transmissor de conceitos e valores; entusiasmante, original, responsável e que acrescente diferentes perspectivas ao quotidiano. Cabe à sociedade reconhecer o design de comunicação como uma profissão essencial e imprescindível para todos podendo influenciar e melhorar decisivamente a cidadania e a sociedade.
Design de Comunicação [o que é, para que serve] Uma edição da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, pelos alunos do primeiro ano do mestrado em design de comunicação, para a comemoração do dia mundial do design de comunicação 2012
Textos de Constança Soromenho e Ana Raquel Amaro Projectos gráficos iniciais de Marta Jacques e Rita Sousa, desenvolvidos por Mafalda Matos e Sara Brás capa: miolo de pão de Sara Brás Tipo de letra Flama (Mário Feliciano)
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