ANO 63 – MAIO DE 2006 – Nº 526
1,5 MILHÃO no maior 1º de Maio do mundo O Brasil tem que crescer com mais emprego e distribuição de renda
Eleno Bezerra, presidente do Sindicato e da CNTM
Paulinho, presidente da Força Sindical Mais de 1,5 milhão de pessoas participaram da comemoração do Dia do Trabalho, que teve como lema “Mais Empregos e Menos Impostos”
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ais de 1,5 milhão de trabalhadores marcaram presença na festa do 1º de Maio da Força Sindical, e soltaram a voz na praça Campo de Bagatelle exigindo um Brasil mais justo, com mais empregos e salários melhores. “Queremos menos impostos, mais educação, salário e crescimento”, afirmou Paulinho, presidente da Força Sindical, lembrando que “é com consciência e união que os trabalhadores vão mudar o País para melhor”. Na comemoração da Força, o que se viu foi o exemplo de luta e dignidade do trabalhador. Dirigentes sindicais, políticos e representantes da sociedade civil criticaram a política econômica do governo, que privilegia banquei-
ros e especuladores e penaliza a produção, os empregos e os salários. Todos foram unânimes em reafirmar a necessidade de que se diminuam impostos para o País poder crescer com justiça social, “e dos jovens terem mais oportunidades de trabalho e estudo”, reforçou Eleno Bezerra, presidente do Sindicato, da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e vice-presidente da Força Sindical. E os trabalhadores já sabem: estamos em ano eleitoral. Melhor época para varrer com os políticos corruptos e mostrar aos futuros parlamentares e ao presidente da República qual o caminho a seguir, e exigir as mudanças que queremos. PÁGINAS 4, 5, 6, 7, 8 e 9
MINIRREFORMA SINDICAL Com a reforma Sindical parada no Congresso, o governo decidiu antecipar mudanças previstas na proposta de reforma e assinou duas medidas provisórias, uma reconhecendo as centrais sindicais como autênticas representantes dos trabalhadores e, outra, criando o Conselho Nacional de Relações do Trabalho. Assinou, também, um projeto de lei que vai regulamentar a formação de cooperativas de trabalho. A intenção é acabar com as irregularidades no setor. PÁG. 11
DE OLHO NO IMPOSTO O mesmo movimento que derrubou a MP 232 (de aumento de impostos) botou na rua a campanha De Olho no Imposto, para que a população saiba o quanto paga de imposto em cada produto que compra e nos serviços que contrata. O objetivo é conscientizar e pressionar pela redução dos impostos. PÁG. 9
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MAIO DE 2006
EDITORIAL
Construção Civil
TEMPO DE MUDAR política econômica está na contramão do crescimento, pois continua priorizando o sistema financeiro, em prejuízo da produção e do emprego. O setor bancário é o que mais se beneficia com as altas taxas de juros, ao mesmo tempo em que emprega muito pouco. Só nos dois últimos anos, o lucro líquido dos quatro maiores bancos (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Unibanco) cresceu 25,32% em 2004 e 50,38% em 2005. Já o emprego nesses bancos cresceu apenas 3,45% em 2004 e 3,78% em 2005. A indústria cresceu 27,69% em 2004 e 16,11% em 2005. Apesar da queda, o setor industrial gerou mais empregos: 8,3% em 2004 e 5,3% em 2005. A carga tributária é outro problema que penaliza mais o setor produtivo do que o financeiro, uma vez que a indústria brasileira está exposta à concorrência mundial, e o setor financeiro não sofre competição externa. Então, fica fácil transferir os impostos para seus clientes (população) na
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forma de juros e tarifas absurdas. A indústria, se fizer isto, irá perder mercado para os importados, principalmente os da China, porque o dólar está barato. Quando isto acontece, o emprego desaparece e as empresas acabam fechando suas portas. Outra conseqüência dessa política é o incentivo à terceirização, que precariza as condições de trabalho e reduz os salários. Estamos lutando para que as terceirizadas cumpram a nossa Convenção Coletiva e garantam aos trabalhadores benefícios mínimos e salário igual ao dos efetivos da empresa. Vamos aproveitar este ano eleitoral para votar em pessoas comprometidas com os interesses dos trabalhadores. E exigir as mudanças que queremos.
Eleno Bezerra PRESIDENTE DO SINDICATO
FESTA DA CIDADANIA ais de 1,5 milhão de pessoas na festa do 1º de Maio da Força Sindical deixaram claro que estão insatisfeitas com a política econômica. Uma política em que é tudo para o sistema financeiro e nada para a produção. O resultado não poderia ser outro: há mais de uma década não conseguimos superar o desemprego. De um lado, o lucro recorde dos bancos em 2005, de R$ 28,3 bilhões, o maior de toda a história. Do outro, o crescimento econômico medíocre de 2,3% no mesmo ano, maior apenas que o do Haiti, na América Latina. O Brasil todo vai mal e os bancos vão bem: esta é a nossa tragédia. De um lado, a carga tributária que faz o brasileiro trabalhar 142 dias por ano só para pagar impostos. Os impostos são recorde:
39% do PIB. Do outro, ao ir a um posto de saúde, ao precisar de uma escola, de segurança, o cidadão não vê o retorno. O dinheiro vai todo para pagar os juros da dívida pública... e para o bolso de corruptos. É para mudar que o povo foi às ruas neste 1º de Maio. O trabalhador quer um basta. Chega de corrupção! Chega da política do desemprego! Chega de impostos e juros altos! O trabalhador quer oportunidade e vida digna.
o metalúrgico
Diretores (Sede de São Paulo) Adnaldo Ferreira de Oliveira, Antonio Raimundo Pereira de Souza (Mala), Carlos Andreu Ortiz (Ortiz), Carlos Augusto dos Santos (Carlão), Cícero Santos Mendonça, Cláudio do Prado Nogueira, David Martins Carvalho, Edson Barbosa Passos, Eleno José Bezerra, Elza Costa Pereira, Eraldo de Alcântara, Eufrozino Pereira da Silva, Francisco Roberto Sargento da Silva, Geraldino dos Santos Silva, Ivando Alves Cordeiro (Geléia), Jefferson Coriteac, João Aparecido Dias (João DD), João Carlos Gonçalves (Juruna), José Francisco Campos, José Lú-
MAIO DE 2006 Ano 63 – Edição nº 526 “o metalúrgico” é o órgão oficial do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo, Mogi das Cruzes e Região. Sede SP - Rua Galvão Bueno, 782, Liberdade CEP 01506-000 - São Paulo - SP - Fone (011) 3388-1000 Sede Mogi - Rua Afonso Pena, 137, Vila Tietê CEP 08770-330 - Fone (011) 4791-1666 Fax (011) 4791-2516 - Mogi das Cruzes - SP Home Page: www.metalurgicos.org.br E-mail: info@metalurgicos.org.br
Trabalhadores, liderados pelo seu presidente, Ramalho (ao centro), fizeram manifestações e greve durante a Campanha Salarial
Em reunião no dia 7 de maio, na sede do sindicato patronal, os trabalhadores da Construção Civil de São Paulo decidiram aceitar um reajuste salarial de 6,01%, a partir de maio. Neste percentual está embutido um aumento real superior aos 2% obtidos pela categoria em 2005. Este é o segundo ano consecutivo em que os operários da construção conseguem aumento real. Antes, ficaram 11 anos só com a reposição da inflação. O acordo entre patrões e empregados prevê, ainda, reajuste de 12,5% no
tíquete-refeição. Alguns produtos da cesta básica foram substituídos por outros, de melhor qualidade. Para o presidente do Sindicato da categoria, Antonio de Sousa Ramalho, o reajuste salarial é bom para o momento. Ele lembra que, com os 25% de acréscimo no conjunto de obras que ocorrerá no setor a partir de junho, pretende voltar à carga e aumentar ainda mais o patamar de ganhos da categoria. Os companheiros da construção civil tiveram apoio do nosso Sindicato na Campanha Salarial.
Exposição fotográfica
ARTIGO
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Trabalhadores encerram greve com aumento de 6,01%
Paulo Pereira da Silva, Paulinho PRESIDENTE DA FORÇA SINDICAL
“Trabalho e Trabalhadores no Brasil” Este é o tema da exposição fotográfica que está acontecendo até o dia 4 de junho, no Sesc Pinheiros. A exposição oferece um panorama da diversidade da experiência do trabalho em nossa sociedade. Em três módulos – Construindo o Brasil, Mundo do Trabalho e Trabalho e Cidadania –, as fotos narram mais de 120 anos de história e ressaltam como o trabalho desempenhou e desempenha papel decisivo na construção da nação brasileira; como o trabalho transformou os potenciais do País em riquezas das quais muito pouco se beneficiou o trabalhador. Como os trabalhadores, na luta pela sobrevivência,
criaram identidades coletivas, geraram símbolos, contribuíram de forma decisiva para que fossem garantidos aos brasileiros direitos individuais, sociais e políticos. A mostra é uma realização do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas, com apoio do Ministério do Trabalho, BNDES, Vale do Rio Doce, Banco do Brasil e SescSP. Local: Sesc Pinheiros, rua Paes Leme, 195, 3º andar, Zona Oeste da capital. Quando: de terça a sexta, das 13 às 21h30. Sábado, domingo e feriado das 10 às 18h30. Entrada: franca
cio Alves (Mineiro), José Luiz de Oliveira, José Maurício da Silva (Ceará), Juarez Martelozo Ramos, Luiz Antonio de Medeiros, Luiz Carlos de Oliveira (Luizinho), Miguel Eduardo Torres, Milton Eduardo Brum, Nelson Aparecido Cardim (Xepa), Paulo Pereira da Silva (Paulinho), Ricardo Rodrigues (Teco), Sales José da Silva, Sebastião Garcia Ferreira, Sílvio Bernardo, Tadeu Morais de Sousa e Valdir Pereira da Silva
Diretor Responsável Eleno José Bezerra
Diretores (Sede de Mogi das Cruzes) Jorge Carlos de Morais (Arakém), Paulo Fernandes de Souza (Paulão)
Edição e Redação Débora Gonçalves - MTb 13.083 Edson Baptista - MTb 17.898 Val Gomes - MTb 20.985 Fotografia Jaélcio Santana, Werther Santana, Iugo Koyama Diagramação Rodney Simões, Vanderlei Tavares Impressão Art Printer Tiragem: 300 mil exemplares
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CURSOS PARA DELEGADOS SINDICAIS
ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES realizados, de níveis 3 e 4 (este último é a grande novidade do novo calendário, para quem concluiu o Nível 3 ano passado). Em 2005, cerca de 1 mil companheiros participaram dos dez cursos realizados nos três níveis. “Os cursos são primordiais na organização dos trabalhadores dentro das fábricas, pois oferecem uma discussão ampla sobre os problemas do Brasil e busca os subsídios necessários para saná-los. Os cursos aprimoram os conheMiguel Eduardo Torres, cimentos, tornando esses companheiros secretário-geral do Sindicato mais atuantes”, afirma Miguel Torres, rosseguem os Cursos de Formação secretário-geral do Sindicato e coordede Delegados Sindicais oferecidos nador dos cursos. Os cursos, realizados pelo Sindicato no Clube de Campo em às sextas-feiras e sábados, vão até o fiMogi. Neste ano, dois cursos já foram nal do ano (veja ao lado a organização).
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NÍVEL 1 – Sexta-feira: bate-papo (aquecimento), filme “Nossos Bravos – História do Movimento Sindical”, desenvolvimento do tema “Trabalho”, desenvolvimento do tema “Sociedade”, encerramento. Sábado: filme “Sofunge” e debate, discussão “Qual o papel do Sindicato na sociedade”, debate político com o vereador Cláudio Prado, encerramento. NÍVEL 2 – Sexta-feira: visita à Câmara Municipal, ao gabinete do vereador Cláudio Prado, simulação de negociação coletiva, encerramento. Sábado: filme “A Grande Família”, debate sobre o filme e PLR, discussão “Funções de uma Câmara de Vereadores”, encerramento. NÍVEL 3 – Sexta-feira: visita ao Meu Guri, filme “República do Brasil”, debate sobre o filme, encerramento. Sábado: trabalho em grupo sobre o Meu Guri, debate político com o vereador Cláudio Prado, encerramento. NÍVEL 4 – Sexta-feira: porta de fábrica com o diretor, visita à Bolsa de Valores, visita ao Dieese, matemática sindical, encerramento. Sábado: exercício (matemática sindical), trabalho em grupo sobre visitas à Bovespa e ao Dieese, debate político com o vereador Cláudio Prado, encerramento.
Metalúrgicos se unem contra corte gigante na Volks A Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), da Força Sindical, e a CNM, da CUT, se uniram para defender o emprego de 5.773 trabalhadores da Volkswagen de São Bernardo, Taubaté e São José dos Pinhais (PR). A Volks anunciou um plano de reestruturação que inclui a demissão de funcionários em todo o mundo a partir de 2006 até 2008. Só na Europa, ela pretende cortar 20 mil pessoas. Greves e atos públicos Reunidos no dia 12 de maio, os presidentes da CNTM e vice-presidente da Força Sindical, Eleno Bezerra; dos Me-
talúrgicos de São Bernardo, José Lopes Feijóo; da CNM, Carlos Alberto Grana, e dirigentes dos metalúrgicos de Taubaté e São Carlos aprovaram a estratégia de luta que prevê paralisações de advertência nas unidades da Volks a partir da semana do dia 21, com manifestações públicas para explicar à população o impacto social das demissões. Para as entidades, cerca de 600 mil pessoas podem ser afetadas pelas demissões, pois, para cada operário da montadora há outros 46 na cadeia produtiva. Por esta razão, as greves podem se estender para as fábricas que produzem para a Volks, como autopeças, tintas, vidros, ar-
tefatos de borracha etc. As entidades também estão buscando uma mobilização internacional com os sindicatos metalúrgicos da Alemanha e de outros países. A Volks alega perda de competitividade e lucratividade por causa do câmbio (dólar mais baixo que o real) e ociosidade nas fábricas. “Não Dirigentes Biro-Biro, Grana, Feijóo, Eleno e Ronaldo acreditamos nisto. Depois das demissões, ela quer reduzir 25% dos cus“Será uma longa batalha de enfrentos com pessoal, cortar benefícios, tamento e resistência, que precisa do terceirizar setores e implantar o sitema apoio de toda a categoria metalúrgica”, modular de produção”, disse Feijóo. afirma Eleno Bezerra.
SEGURANÇA E SAÚDE
Assinada a nova edição da Convenção de Prensas
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oi assinada no dia 20 de abril passado, a 2ª edição de uma importante Convenção voltada à proteção no trabalho: a Convenção Coletiva de Melhoria das Condições de Trabalho em Prensas e Equipamentos Similares, Injetoras de Plástico e Tratamento Galvânico de Superfícies nas Indústrias Metalúrgicas no Estado de Eleno fala na solenidade de assinatura da Convenção São Paulo. A nova edição foi assinada por sindicatos, empresários todo o Estado. “Esta questão é tão ime governo na presença de dezenas de de- portante quanto os salários. Vou discutir legados sindicais metalúrgicos, Elza com a nossa Confederação (CNTM) para Costa Pereira, tesoureira do Sindicato, que a Convenção seja assinada em todo Miguel Torres, secretário-geral, e toda o Brasil”, disse Eleno, presidente do Sindicato e da CNTM. Eleno destacou o ema diretoria e assessoria do Sindicato. É uma vitória para o Sindicato, que penho de Luís Carlos de Oliveira, dicomeçou, em 1995, a desenvolver o pro- retor do DSST (Departamento de Segujeto para proteção em prensas, máquina rança e Saúde do Trabalhador) do Sindimutiladora de dedos e mãos. A 1ª edi- cato, em prol da Convenção e da conscição foi assinada em 2002, valendo para entização da sociedade para a questão.
DIA PELAS VÍTIMAS DE ACIDENTES A Força Sindical, demais centrais, nosso Sindicato, governo e entidades sociais realizaram, no dia 28 de abril, passeata (foto) e ato público em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. Segundo a Dataprev, em 2004 foram registradas 7.405 amputações de mãos. No mesmo ano, 23 milhões de trabalhadores recebiam seguro de acidente do trabalho no
País. A Previdência gasta R$ 32,8 bilhões por ano com benefícios para as vítimas. A data – 28 de abril – foi instituída no Brasil em maio de 2005.
FORÇA NA LUTA PELA PREVENÇÃO A Revista CIPA, de março de 2006, traz entrevista com Paulinho, presidente da Força Sindical, sobre Saúde e Segurança no Trabalho. Paulinho ressalta o objetivo da Central Sindical, de conscientizar patrões e empregados da necessidade de um ambiente de trabalho seguro. Entre outras questões, Paulinho defende uma Política Nacional de Prevenção de Acidentes, e diz que a Central vai continuar preparando seus dirigentes e cipeiros para que possam desenvolver um trabalho mais eficaz. “Vamos fazer uma campanha junto à sociedade, envolvendo o con-
sumidor da marca e do produto, para que se exija das empresas qualidade em saúde e segurança do trabalho”, afirma.
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1º DE MAIO DA FORÇA SINDICAL
CRÍTICA E RENOVAÇÃO DÃO O TOM DO DIA DO TRABALHO
O evento do 1º de Maio da Força Sindical de 2006 foi uma demonstração clara de que a população está atenta ao que está acontecendo no País. Os trabalhadores repudiaram a corrupção, a falta de ética dos políticos, cobraram mais empregos e um Brasil diferente evento foi prestigiado por políticos, sindicalistas, representantes da sociedade civil e de organizações sindicais internacionais. Por ser ano de eleição, o 1º de Maio da Força Sindical teve um caráter político. O presidente da Central, Paulinho, lembrou ao povo na praça que “quatro anos atrás conclamamos o povo a votar em quem está comprometido com as causas do trabalhador. Nestas eleições é preciso escolher quem tem história na luta dos trabalhadores.” A comemoração teve um tom crítico à política econômica e à realidade social, que faz com que um em cada cinco trabalhadores esteja sem emprego. “Que o governo veja que os trabalhadores estão a insatisfeitos com essa política voltada para o sistema financeiro e não para a produção”, disse Paulinho. De um lado, o lucro recorde dos bancos, de R$ 28,3 bilhões (2005). De outro, o crescimento econômico de apenas 2,3%, uma carga tributária que faz o brasileiro trabalhar 142 dias por ano só para pagar impostos. O governo cobra a maior carga tributária e não investe no social. “Nossos jovens não têm oportunidade, o Programa 1º Emprego foi um fiasco. Os políticos têm que ter vergonha na cara e trabalhar, garantir emprego e incentivos para a população”, disse Eleno Bezerra, presidente do Sindicato e da CNTM. Não ao abandono “Vamos aproveitar a energia do trabalhador, unir nossas vozes para pedir um Brasil mais justo, mais empregos, vida digna para os aposentados e para nossas crianças”, afirmou Elza Costa Pereira, tesoureira do Sindicato. O povo quer mudanças. “Neste ano eleitoral, os políticos corruptos que se livraram da cassação vão se ver com o povo. Vamos dar um basta nessa gente de uma vez”, bradou Paulinho.
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Mais de 1,5 milhão de vozes reunidas exigindo distribuição de renda, empregos e justiça social
Eleno Bezerra, presidente do Sindicato e da CNTM “Penso nos jovens. O Brasil precisa encontrar o caminho do desenvolvimento econômico e social para gerar empregos, democratizar o acesso à educação e garantir cidadania a todos.”
Paulinho, presidente da Força Sindical “Não conseguimos no governo Lula redução de impostos, respeito aos direitos dos aposentados, emprego para os jovens. Estamos nas ruas para exigir a redução da carga tributária e desenvolvimento social.” Dirce Pereira
Miguel Torres, secretário-geral do Sindicato “O 1º de Maio é historicamente um momento importante para os trabalhadores expressarem suas críticas e seus ideais.”
João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical “Esta é uma cidade não só de paulistanos, mas de trabalhadores de outros Estados e também de outros países. Esta mistura de trabalhadores faz a riqueza do Estado e do País.”
Elza Costa Pereira, tesoureira geral do Sindicato e presidente do Centro Meu Guri “Queremos um Brasil mais justo. Temos a força do voto e este é o momento de mudarmos a situação do nosso País.”
Medeiros, deputado federal “Tudo o que nós, trabalhadores, temos foi conquistado com luta. Nossas conquistas são direitos sagrados. Como deputado federal e fundador da Força Sindical vou lutar por mais emprego e direitos para os trabalhadores.”
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1º DE MAIO DA FORÇA SINDICAL
MENSAGENS E ATOS POLÍTICOS O 1º de Maio da Força Sindical contou com a presença de importantes líderes políticos do País e manifestações legítimas em defesa dos direitos dos trabalhadores e pela busca plena da cidadania. As mensagens vieram dos discursos no palanque e do público presente ao grande ato da Força Sindical
“O 1º de Maio é uma festa suprapartidária, onde todos se unem para prestigiar a mais importante classe do País: a trabalhadora.” Prefeito Gilberto Kassab
“O trabalhador precisa continuar lutando pelos seus direitos porque há ameaças contra esses direitos.” Carlos Lupi, presidente nacional do PDT
1º de Maio, Dia do Trabalhador, um espaço aberto para a sociedade expressar seus sonhos, suas reivindicações e sua alegria
“É um prazer estar aqui com os trabalhadores, nesta data tão importante, e manifestar, junto com vocês, o meu desejo de trabalhar por um País melhor.” Cláudio Lembo, governador de São Paulo
A luta dos aposentados foi diversas vezes lembrada durante o evento. Este cartaz de uma companheira pede mais respeito aos idosos e a liberação de sua aposentadoria, pedida há sete anos
“Hoje, não é só comemorar, mas caminhar na luta por melhoria das condições de vida, emprego, salário, escola. Um não é possível sem o outro. Parabéns, Força Sindical.” Cristóvam Buarque, pré-candidato do PDT à presidência da República
“Estamos aqui para conseguir 1,5 milhão de assinaturas para que o trabalhador e toda a sociedade saibam o que pagam para cobrar melhoria na saúde e segurança e tantos outros direitos.” Guilherme Afif domingos, presidente da Associação Comercial de São Paulo
“Vamos fazer um dia de reflexão para que a gente possa, com luta, junto com a Força Sindical, melhorar nossa condição de vida, sobretudo para os brasileiros que não têm emprego.” Ronaldo Lessa, ex-governador de Alagoas
O sentimento de amor ao País é aqui simbolizado num gesto afetuoso de um trabalhador com a bandeira nacional. Corrupção zero e respeito ao cidadão!
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VALEU O TRABALHO! A Diretoria e a Assessoria do Sindicato se empenharam para que a comemoração do Dia 1º de Maio da Força Sindical fosse uma grande manifestação dos trabalhadores pela dignidade, pelo emprego, por salário digno, ética e cidadania. Eles foram para as portas de fábrica, ruas, praças, estações de trem, ônibus e metrô para convocar a população e os desempregados, grandes batalhadores em busca de emprego. A festa durou apenas um dia, mas a luta por um Brasil melhor continua! Nosso agradecimento, também, às Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, médicos(as) e enfermeiros(as), que trabalharam para garantir a segurança e o bem-estar dos participantes
Jefferson Coriteac
Tadeu Morais de Sousa
Luís Carlos de Oliveira (Luisinho)
José Francisco Campos
João Carlos Gonçalves (Juruna)
Carlos Andreu Ortiz
Momento de confraternização: Miguel, Elza, Eleno e Paulinho no palco do maior 1º de Maio do mundo
Jorge Carlos de Morais (Arakém)
Carlos Augusto dos Santos (Carlão)
Edson Barbosa Passos
David Martins
Juarez Martelozzo
Eraldo Alcântara (Maloca)
Adnaldo Ferreira de Oliveira
José Maurício (Ceará)
Deputado federal Medeiros
Milton Brum
Geraldino dos Santos Silva
José Lúcio (Mineiro)
Paulo Fernandes (Paulão)
Eufrozino Pereira
Roberto Sargento
Sîlvio Bernardo
João Aparecido Dias (João DD)
Vereador Cláudio Prado
Sales José da Silva
José Luiz de Oliveira
Ricardo Rodrigues (Teco)
Nelson Cardim (Xepa)
Sebastião Garcia
Ivando Cordeiro (Geléia)
Antonio Raimundo (Malla)
Valdir Pereira
Cícero Mendonça
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1º DE MAIO DA FORÇA SINDICAL
FESTA, MÚSICA E PARTICIPAÇÃO O 1º de Maio da Força Sindical reuniu muitos artistas populares na praça Campo de Bagatelle para dar o toque festivo ao evento. São artistas muito queridos pela população brasileira, que sabem agradar o público – formado por jovens, crianças, adultos e idosos – e que estão conscientes de estarem colaborando com a nossa luta por um País melhor para todos
A vibração e a alegria no rosto da juventude
Daniel levou o seu abraço aos trabalhadores e cantou com com toda disposição para a moçada
Alexandre Pires, com sorriso largo, parabenizou os trabalhadores
Bombeiros jogam água para refrescar o público
Chitãozinho e Xororó emocionaram e levantaram a galera
A alegria e a simpatia de Adriana contagiaram os presentes
A juventude expressa suas emoções
Rick e Renner: presenças constantes na festa dos trabalhadores da Força Sindical
Com seu canto e fala, Frank Aguiar incentivou os trabalhadores a continuarem a sua luta
Festa de todas as idade: um olhar de esperança!
Vanessa Camargo levou seu carinho e sua atenção aos trabalhadores Felipe Dylon: “Salve, salve, São Paulo. Salve, salve, trabalhador! Salve, salve o maior 1º de Maio do mundo!”
Um espaço aberto para receber os deficientes
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DE OLHO NO IMPOSTO
SOCIEDADE SE MOBILIZA CONTRA CARGA TRIBUTÁRIA Na tenda montada no dia 28 de abril, no Pátio do Colégio, pela Associação Comercial, OAB e Força Sindical foi alcançada a milionésima assinatura
o evento do 1º de Maio ocorreram diversas manifestações contra a enorme carga tributária que é imposta aos setores produtivos e aos trabalhadores em todo o País. O objetivo é conscientizar a sociedade sobre a necessidade de se exigir a redução dos impostos, considerados os mais altos do mundo. A campanha pela redução dos impostos partiu da Força Sindical, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Associação Comercial de São Paulo e outras entidades que, juntas, já conseguiram, com a mobilização, derrubar no Congresso Nacional a MP 232, que aumentava os impostos das empresas prestadoras de serviços e dos autônomos. PROJETO DE LEI Estas entidades integram agora o movimento De Olho no Imposto, que já recolheu mais de 1,5 milhão de assinaturas para um projeto de lei que determina que o valor dos impostos cobrados em todos os produtos seja colocado nas embalagens. Só na praça Campo de Bagatelle, no 1º de Maio, foram recolhidas mais de 500 mil novas assinaturas. Vale lem-
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brar que, para o Congresso Nacional aceitar o projeto de lei, são necessárias 1 milhão de assinaturas, mas a idéia é conseguir mais para que os governos municipal, estadual e federal reconheçam esta iniciativa popular. “Todos têm direito de saber quanto pagam de imposto, e exigir do governo segurança, saúde e educação, entre outros direitos. Aliás, a Constituição Federal (art. 150 – parágrafo 5º) diz que o consumidor tem o direito de ser informado sobre os tributos que paga na compra de bens e serviços. Queremos criar a consciência de defesa do contribuinte como já aconteceu com o Código do Consumidor”, ressaltou Paulinho, presidente da Força Sindical. Ele dá o exemplo do consumidor que, ao comprar uma garrafa de água, paga 45% do seu preço final em impostos. Para Eleno Bezerra, presidente do nosso Sindicato, o cidadão brasileiro está sendo muito prejudicado com essa carga tributária e os juros altos. “O brasileiro trabalha em média cinco meses e meio para pagar impostos e juros. Não há quem agüente isso!”, disse Eleno.
CONFIRA OS PREMIADOS A Força Sindical sorteou dez carros, cinco apartamentos e nove bolsas de estudo da Unioeste na festa do 1º de Maio. Miguel Torres, secretário-geral do Sindicato, comandou os sorteios APARTAMENTO
CUPOM
Ana Carla Dias de Oliveira............... Joana de Lourdes ............................ Edvaldo Belmiro Santos .................. Edgar Siqueira Veloso ..................... Elvis Lucas Macedo Silva ................
4751076 5235645 0917578 0985115 3177531
CARRO CUPOM Cícera Mariano da Cruz ................... 0585026 Jocélia Ribeiro da Silva ................... 4699286 Josélia Rodrigues ........................... 0636697 Severino da Silva Bernardino .......... 6077719 Amanda Marques da Silva ............. 5461584 Rafael José Santos ......................... 3118595 Sueli Ap. M. de Almeida ................. 0027538 Maria Cecília Alves de Souza ......... 0045344 Viviane Jesus da Silva Santos ........ 5650658 Josefa Bezerra Lino ......................... 2902768
Miguel Torres, secretáriogeral, comandou os sorteios
Ana Carla, grávida, levou um apê. ”Ganhei o ano.” Jocélia, desempregada, ganhou um carro
PARA RETIRAR O PRÊMIO: A entrega dos prêmios foi feita no dia 16/05, na sede da Força Sindical Endereço: Rua Galvão Bueno, 782, Liberdade. Mais informações pelo telefone: 3347-4000
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CNTM
VEM AÍ O 1º CONGRESSO NACIONAL A
s plenárias estaduais que a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) da Força Sindical organizou regionalmente foram fundamentais para consolidar as propostas que serão levadas ao 1º Congresso Nacional da CNTM – “Ampliando Conquistas para os Metalúrgicos do Brasil”. “Ouvimos as bases sindicais de todas as regiões e Estados brasileiros. Assim, democraticamente, vamos chegar ao Congresso Nacional da CNTM com uma visão ampla da realidade nacional dos trabalhadores metalúrgicos. Só desta forma vamos definir as ações da Con-
federação em defesa dos direitos da categoria em todo o País”, diz Eleno Bezerra, presidente da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi e vice-presidente da Força Sindical. O 1º Congresso Nacional da CNTM será realizado nos dias 6 e 7 de junho, em Praia Grande, na Colônia de Férias dos Têxteis. Haverá palestras sobre as reformas sindical e trabalhista e conjuntura econômica (na visão dos empresários e na dos trabalhadores), debates, grupos de trabalho e as deliberações que vão nortear as ações da Confederação.
Plenária Estadual da CNTM em Bento Gonçalves (RS)
CNTM ajuda metalúrgicos da Mitsubishi O presidente da CNTM e do nosso Sindicato, Eleno Bezerra, está solidário à luta do Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (GO), presidido por Carlos Albino, junto à Mitsubishi, por uma justa reavaliação do Plano de Cargos e Salário (PCS) e contra as demissões na empresa. As negociações vinham aconte-
cendo há vários dias, sem avanços. Diante do impasse, os 1.600 trabalhadores fizeram greve no dia 24 de abril, com apoio da CNTM e do nosso Sindicato, fazendo com que a empresa recuasse em sua proposta de novas demissões e propusesse outras rodadas de negociação. Sobre o PCS, o diretor do nosso Sindicato Eufrozino Pereira,
que acompanha os fatos de Catalão, informa que a empresa havia prometido uma premiação especial aos trabalhadores após a produção do novo carro da montadora (Pajero Sport). Os trabalhadores se empenharam, o carro foi aprovado pela auditoria, mas apenas 15% dos funcionários tiveram avaliação de desempenho considerada posi-
MOBILIZAÇÃO
1º Encontro da Juventude Metalúrgica A
lô, trabalhadores(as) jovens da categoria. O Sindicato vai realizar, no segundo semestre deste ano, o 1º Encontro da Juventude Metalúrgica de São Paulo. O objetivo é conscientizar o jovem para a importância do movimento sindical, discutir propostas para inserção do jovem no mercado de trabalho, primeiro emprego, capacitação profis-
O SINDICATO NA TV Acesse o site do Sindicato e assista aos programas “Metalúrgico em Notícia”, exibidos no Canal Comunitário. O programa traz como entrevistado o presidente do Sindicato e da CNTM, Eleno Bezerra, falando sobre sindicalismo, as ações do Sindicato, política e economia e também a festa do 1º de Maio da Força Sindical. O programa vai ao ar toda segunda-feira, das 22h30 às 23h30, no canal 9 (Net) ou 72 (TVA). A produção é da PlusTV. Sintonize um dos canais e acesse o site www.metalurgicos.org.br
sional, sindicalização e o problema sério das drogas, que tanto destróem vidas e famílias. O evento, coordenado pelo diretor Jefferson, que também é secretário Nacional da Juventude da Força Sindical, terá também um cunho cultural, com apresentação de capoeira, grupo musical e outras atividades de interesse da
juventude. Outros sindicatos filiados à Força Sindical também estão realizando encontros como este visando a conscientização e o envolvimento dos jovens nas lutas das suas categorias. Fique ligado, companheiro(a)! Traremos mais informações nas próximas edições de “o metalúrgico”.
tiva pela empresa e, mesmo assim, receberam “aumentos” salariais de apenas R$ 5 a R$ 80 reais. “Estamos aguardando agora uma nova posição da empresa para resolver estas injustiças”, afirma Pereira. A Mitsubishi também possui um escritório em São Paulo com cerca de 250 funcionários, em Santo Amaro.
NOTA DE FALECIMENTO Adeus ao companheiro TARUGO
EDUCAÇÃO
Já são 30 as faculdades conveniadas O Sindicato já firmou convênios com 30 faculdades garantindo descontos nas mensalidades para os trabalhadores sindicalizados e seus dependentes. O convênio garante o acesso a vários cursos: administração, belas-artes, sociologia, jornalismo, tecnologia, direito, área da saúde, educação física e outros. “São muitas as opções para o trabalhador”, afirma Eufrozino Pereira, 3º vicepresidente do Sindicato. Para saber quais as faculdades conveniadas, basta acessar o site do sindicato, (www.metalurgicos.org.br), depois, clicar no endereço eletrônico das escolas para saber sua localização e os cur-
sos disponíveis. Para saber sobre descontos, o interessado deve ligar para o Sindicato, no telefone 3388-1011, com Roberta. “Continuamos negociando para incluir outras universidades no convênio e, assim, atender o maior número possível de trabalhadores”, afirma Tadeu Moraes de Sousa, vice-presidente do Sindicato. Caso o trabalhador esteja cursando uma faculdade que não tenha convênio com o Sindicato, ele pode entrar em contato com a diretoria e indicar a faculdade para que possamos negociar o convênio. O interesse é dos trabalhadores também.
É com imenso pesar que comunicamos o falecimento, no último dia 27 de abril, do nosso companheiro Francisco Carlos Tonon, o Tarugo, diretor desta Casa e ex-presidente do Força Esporte Clube. Tarugo nasceu em São Paulo no dia 28 de abril de 1956 (completaria 50 anos de idade no dia em que foi enterrado). Sócio do Sindicato desde 1977, ingressou na entidade como assessor em 1986, passando a diretor em 1990. Participou das lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores e será sempre lembrado por seu companheirismo e por sua dedicação ao futebol, uma de suas grandes paixões. Aos familiares e amigos nossas mais profundas condolências pela perda irreparável!
o metalúrgico - 11
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POLÍTICA - REFORMA SINDICAL
Centrais são legalizadas, mas sem verba para sua sobrevivência O
presidente Lula anunciou, por Medida Provisória, no último dia 8, a legalização das centrais sindicais, que a partir de agora são reconhecidas como efetivas representantes dos trabalhadores. Paulinho, presidente da Força Sindical; Eleno Bezerra, vice-presidente, e João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral, entendem que as medidas são positivas, um primeiro passo para uma reforma Sindical mais ampla, mas consideram inviável apenas reconhecer as centrais legalmente sem definir as formas de financiamento. “A reforma ainda é muito acanhada. O próximo passo é conseguir dinheiro para administrar as lutas das centrais. Hoje, o imposto sindical (desconto de um dia de trabalho por ano de cada trabalhador) é dividido da seguinte forma: 60% do valor arrecadado para os sindicatos, 15% para as Federações, 5% para as Confederações e 20% para o governo. Como as centrais vão
se sustentar? Nossa proposta é que uma parte do que vai para o governo seja destinado às centrais”, defende Paulinho. “Já conversamos com o presidente da Câmara, deputado Aldo Rabelo, e do Senado, Renan Calheiros, para que a parte da contribuição recebida pelo governo seja repassada às Centrais, e uma proposta de emenda neste sentido será encaminhada ao governo”, esclarece Juruna. A criação do CNRT (Conselho Nacional de Relações do Trabalho), com representantes dos trabalhadores, do governo e do empresariado, também foi anunciada, e sua função será dirimir conflitos trabalhistas. Eleno, que também é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), entende que “nada mais justo do que o dinheiro que o governo recebe passar a ser recebido pelas centrais. Afinal, é dinheiro dos trabalhadores, e deve
CONSAGRAÇÃO DA IMPUNIDADE
financiar as lutas dos trabalhadores”. EXIGÊNCIAS Pela MP do governo, alguns critérios de representatividade deverão ser atendidos pelas centrais para sua participação no CNRT: a – Filiação de, no mínimo, 100 sindicatos das cinco regiões do País; b – Filiação em pelo menos três regiões do País de no mínimo 20 sindicatos em cada; c – Filiação de sindicatos em, no mínimo, cinco setores de atividade econômica; d – Filiação de trabalhadores com um mínimo de 10% de associados em âmbito nacional; Temas como trabalho aos domingos, regulamentação das cooperativas de trabalho e o incentivo para o seu funcionamento serão discutidos futuramente.
O jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves foi condenado a 19 anos de prisão pelo assassinato da ex-namorada, Sandra Gomide. Ele assumiu que matou, foi condenado por crime hediondo, mas não foi para a cadeia. Ele vai continuar livre enquanto recorre da sentença. É a consagração da impunidade, um dos fatores que alimentam a criminalidade.
PROPINA NA CUECA - 1 A assessora do Ministério da Saúde, Maria da Penha Lino, disse na Polícia Federal que 170 deputados federais recebiam propina da empresa Planam, de Mato Grosso, para vender emendas ao Orçamento. Os deputados recebiam dinheiro vivo dos executivos da Planam, que fornece ambulâncias e equipamentos médicos e odontológicos.
CÂMARA MUNICIPAL
PROPINA NA CUECA -2
Projetos de Lei do vereador Cláudio Prado geram empregos reocupado com o grande número de desempregados na região metropolitana de São Paulo, quase 1,7 milhão, segundo a Fundação Seade e Dieese, o vereador Cláudio Prado vem desenvolvendo um projeto trabalhista para gerar renda para os trabalhadores da capital. A Lei Municipal 14.007/2005, que cria os Centros de Apoio ao Trabalho – CATs, de autoria do vereador, empregou mais de 6 mil pessoas nos últimos oito meses, nas quatro unidades da Capital. A criação dos CATs, além de empregar milhares de pessoas, beneficiou dezenas de trabalhadores do Centro de Solidariedade ao Trabalhador – que passou para a gestão da Prefeitura –, que não foram demitidas. Outro projeto que cria empregos – segundo o Sindicato dos Comerciários, mais de 20 mil –, e favorece os jovens que buscam o primeiro emprego, é o que obriga hipermercados e supermercados da
P
capital a contratar “embaladores” para colocarem as mercadorias dos clientes dentro de sacolas ou pacotes. O Projeto de Lei 554, de 2005, vai atingir somente os estabelecimentos com mais de cinco caixas, não onerando, portanto, os pequenos comerciantes. Para o vereador Cláudio Prado, a iniciativa, destinada a empregar jovens, não impede que aposentados e outros trabalhadores sejam contratados para esta função. “Por ano, milhares de jovens acessam o mercado de trabalho e não têm oportunidades para trabalhar. Por isto elaboramos este projeto”, concluiu. Segurança no ambiente de trabalho também foi uma preocupação do vereador ao apresentar o Projeto 239, de 2005, que autoriza a criação, instalação e funcionamento do Serviço Municipal Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho. O projeto, além de zelar pela segurança dos funcionários públicos, vai
Um motorista levava os donos da Planam para a garagem do Congresso. Ali, eles pegavam malas, colocavam dinheiro no paletó, nas meias, nas cuecas. Passavam pelo detector de metal do Congresso, iam de gabinete em gabinete acertando. Acabava o dinheiro, voltavam para o carro, pegavam mais. Na cara dura!
PAÍS DO FAZ-DE-CONTA -1
Vereador Cláudio Prado
gerar empregos para os técnicos de segurança do trabalho, cargo obrigatório para o funcionamento deste serviço. O vereador Cláudio Prado foi eleito pelos metalúrgicos, trabalhadores em geral, funcionários públicos e cidadãos de bem para lutar por eles e, na esfera municipal, vem desempenhando este papel, criando empregos e tentando diminuir as desigualdades e o desemprego.
Marco Aurélio de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, disse que o Brasil se tornou o “País do Faz-de-Conta”, pelo fato de o presidente Lula afirmar repetidamente que não sabia das irregularidades que provocaram um prejuízo milionário ao País.
FAZ-DE-CONTA - 2 “Faz de conta que não se produziu o maior dos escândalos nacionais, que os culpados nada sabiam. Faz de conta que não foram usadas as mais descaradas falcatruas para desviar milhões de reais, causando um prejuízo irreversível em um País de tantos miseráveis.”
OPINIÃO POLÍTICA
Os erros “bolivianos” de Lula A crise gerada pela nacionalização das empresas e reservas de gás e petróleo na Bolívia está servindo para mostrar novamente o total despreparo político do governo Lula na área de relações internacionais. O assunto tinha que ser tratado somente entre Brasil e Bolívia, mas o governo federal não teve uma postura digna. Foi um erro o
presidente Lula participar da reunião que, além do presidente boliviano, Evo Morales, contou com Ernesto Kirchner (Argentina) e foi intermediada por Hugo Chaves (Venezuela). Depois, ele ainda apareceu sorrindo nos jornais, como se nada estivesse ocorrendo de negativo para o Brasil. Devemos respeitar a soberania dos
povos, mas o presidente Morales, sob o pretexto popularesco da nacionalização, agrediu o Brasil ao invadir militarmente as refinarias da Petrobras, legitimamente instaladas em solo boliviano, colocando em risco nossos interesses e os investimentos da empresa nacional no país vizinho. O que tem que ser discutido agora é a questão do preço do gás, pois acredita-
mos que a Bolívia não vai cortar o fornecimento desse produto para o Brasil. Cabe aqui uma última crítica: é inadmissível o desconhecimento do governo brasileiro sobre a posição que o presidente Evo Morales, anunciada em campanha, iria tomar sobre o caso. É inadmissível, também, o Brasil ficar dependente de um único país no fornecimento de gás.
12 - o metalúrgico
MAIO DE 2006
POLÍTICA
Absolvição de envolvidos no mensalão transforma Brasília em uma grande pizza uando pensamos que as coisas vão começar a funcionar e que políticos corruptos vão ter os seus mandatos cassados, a Câmara dos Deputados, em Brasília, dá uma aula de antipatriotismo e descaramento absolvendo parlamentares afundados até o pescoço no Escândalo do Mensalão. Desta vez, o mais recente “inocente” da história é o deputado Vadão Gomes (PP-SP), acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões do Valerioduto. Antes dele, dez outros políticos já haviam sido inocentados pelo plenário da Câmara, o que fez com que seis deputados deixassem o Conselho de Ética em protesto contra o festival de absolvições em que se transformou a Casa. “A existência do Mensalão foi reconhecida. Alguns parlamentares confessaram ter recebido dinheiro do Valerioduto, e mesmo assim foram absolvidos. Em que se transformou a Câmara dos Deputados? Até onde vai a falta de rigor ético da Casa e a impunidade dos envolvidos? Até quando vamos assistir essa festa da pizza? Alguma coisa tem de ser feita para moralizar nossa política”, desabafa Eleno Bezerra, presidente do Sindicato. Dos 19 acusados de pertencerem ao esquema do Mensalão, apenas três foram cassados: Roberto Jefferson (PTB), que denunciou o esquema, o ex-ministro José Dirceu (PT-SP) e Pedro Correa, presidente do PP. Os outros dez “inocentes” são: João Magno (PT-MG), José Mentor (PT-SP), Professor Luizinho (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Josias Gomes (PT-BA) Pedro Henry (PP-MT), Roberto Brant (PFL-MG), Sandro Mabel (PL-GO), Wanderval Santos (PL-SP) e Romeu Queiroz (PTB-MG). Haja pizza!
Q
A deputada petista Angela Guadagnin dançou no plenário da Câmara para festejar a absolvição do deputado João Magno, um dos envolvidos no esquema do valerioduto
RECEITA Pizza 171 à moda de Brasília (Receita “caseiro”) QUANTIDADE: milhões de pedaços aperitivos a serem DICA: faça o disco um pouco maior do que o recipiente, “engolidos” pelo povo brasileiro para que as bordas possam ser recheadas a gosto (um recheio que cai muito bem é a pasta de valerioduto). Leve ao INGREDIENTES PARA A MASSA forno e deixe assar até descobrirem e acabarem com a far171 xícaras de desonestidade ra. Sirva dançando! 171 xícaras de safadeza 171 xícaras de corrupção (para a massa crescer) DICA: asse preferencialmente em forno de lenha de árvo171 colheres de sopa de desrespeito res da Amazônia, que, além de queimarem melhor, ajuda a 171 colheres de sobremesa de traição desmatar e fazem com que você economize gás, que de171 colheres de sopa de mentira pura (para ficar crocante) pois da crise da Bolívia vai ficar mais caro. 171 colheres de sopa de bandalheira 171 colheres de sopa de impunidade (para dar liga) PREÇO DO PRATO: quantos dólares couberem em uma cueca ou quanto você conseguir “garfar” no bingo, enquanto COBERTURA a pizza está assando. 171 unidades de falcatrua cortada em rodelas finas 171 unidades de roubalheira verde (sem caroço) 171 unidades de rapinagem cortadas em cubos A 171 colheres de sobremesa de canalhice mai pizza s fam 171 colheres de sobremesa de enrolação d o Br osa Uma pitada de quebra de sigilo asil Mensalão e orgias a gosto ! DICA: Se quiser polvilhar com um pouco de ética, pode, mas esta pizza, comprovadamente, quanto mais anti-ética, melhor. MODO DE PREPARAR Coloque num mesmo recipiente (pode ser o plenário) a desonestidade, a safadeza, a corrupção, o desrespeito e a mentira. Bata tudo até virar uma meleca. Acrescente a traição, a mentira pura, a bandalheira e bata novamente. Acrescente a impunidade para dar liga.
BRASÍLIA
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etite p A m
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Congresso Nacional – Edifício Principal Pça. dos Três Poderes – CEP 70160-900 - Brasília – DF O Ministério da Saúde adverte: PIZZA PODE CAUSAR OLHO ROXO E UMA OU OUTRA CASSAÇÃO