CURITIBA Segunda-feira, 31 de março de 2014 Edição nº 731, ano 3 MÍN: 18°C MÁX: 24°C
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HÁ CINCO DÉCADAS, NO DIA 31 DE MARÇO, UM GOLPE MILITAR DERRUBOU DO PODER O ENTÃO PRESIDENTE DEMOCRATICAMENTE ELEITO JOÃO GOULART. NESTA EDIÇÃO, O METRO JORNAL RELEMBRA O QUE ACONTECEU NAQUELE DIA E MOSTRA AS CONSEQUÊNCIAS DO ATO QUE MUDOU OS RUMOS DO BRASIL PÁGS. 3,, 4 E 5
Eufrásio Correia, a praça das drogas Frequentadores reclamam do consumo e tráfico durante todo o dia em área ao lado da Câmara PÁG. 02
Jovem é morto após ocupação de favela
Coxa só empata e está fora da final
No complexo da Maré, no Rio de Janeiro, houve tiroteio entre facções depois da chegada da polícia PÁG. 06
Coritiba precisava vencer o Maringá por dois gols de diferença. Time do interior é o primeiro finalista PÁG. 14
Placar foi de 1x1, ontem, no Couto | GERALDO BUBNIAK / FOLHAPRESS
1 FOCO
Jaime Lerner
Reabertura Pedreira O ex-governador do Paraná e arquiteto Jaime Lerner esteve presente na reabertura da Pedreira Paulo Leminski, no sábado, com o show de Roberto Carlos. Autor do projeto, Lerner não escondeu a alegria de ver o espaço voltar a funcionar. “Nós vamos poder viver daqui para frente um novo momento. A Pedreira vai bombar e eu estou me preparando para isso”, disse, arriscando até uma dancinha no final.
Cotações Dólar - 0,39% (R$ 2,25) Bovespa + 0,24% (49.768 pts) Euro - 0,88% (R$ 3,10) Salário Selic (10,75% a.a.) mínimo (R$ 724)
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Praça Eufrásio Correia vira ponto de drogas Reclamações. Espaço fica ao lado da Câmara de Curitiba. Guarda Municipal instalou um módulo fixo para tentar melhorar a situação A Praça Eufrásio Correia, que fica ao lado da Câmara de Curitiba, no centro da cidade, já se tornou um conhecido ponto de uso e tráfico de drogas. O consumo e a venda acontecem em plena luz do dia e quem precisa passar pelo local acaba desviando. “A praça está cheia de traficantes e usuários de drogas. Isso ocorre a todo momento, não tem dia nem hora. Não melhorou em nada mesmo com a presença da polícia, porque eles voltam quando a polícia sai”, comenta o garagista, Josemar Roberto. A auxiliar de limpeza Fátima Santos diz que o problema já é antigo e que qualquer um pode ser abordado. “Os próprios usuários chegam para as pessoas que estão na praça oferecendo drogas. Essa situação está do mesmo jeito
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ocorrências envolvendo consumo e tráfico de drogas foram atendidas na Praça Eufrásio Correia de janeiro a março deste ano pela Guarda Municipal. Dez pessoas foram abordadas em flagrante e encaminhadas à delegacia. Desses, quatro eram menores de idade. faz tempo”, critica a auxiliar de limpeza, Fátima Santos. Além das drogas, a questão da prostituição também gera reclamações da população. “Tem muita relação sexual em plena luz do dia”, conta a médica Regina Souza. De acordo com o diretor da Guarda Municipal, inspetor Cláudio Frederico, há algumas explicações para o uso
constante de drogas na praça. “Há uma grande aglomeração de jovens lá e muito desembarque de pessoas por causa dos ônibus em frente”, diz. Como consequência, outros crimes acabam ocorrendo na praça. “São os pequenos furtos no entorno”, lembra o inspetor. Para tentar melhorar esse cenário atual, a Guarda Municipal ativou novamente o módulo fixo em frente à Câmara Municipal, que fica da manhã até às 20h. Depois, segundo Frederico, são feitas rondas constantes pela regional Matriz. “Como o monitoramento é maior, estamos flagrando com mais facilidade os casos”, frisa. LINA HAMDAR METRO CURITIBA
Corpo de Belmiro Valverde será enterrado hoje à tarde Morreu no sábado em Curitiba o professor e ex-secretário da Educação e do Planejamento do Estado Belmiro Valverde Jobim Castor. Ele estava em casa e sofreu um infarto enquanto dormia. Seu corpo será enterrado hoje à tarde no Cemitério da Água Verde. Belmiro nasceu em Juiz de Fora (MG) e era bacharel em Direito formado pela Universidade do Estado da Guanabara e PhD em Administração Pública pela University of Southern California. O professor Belmiro foi secretário do Planejamento por duas vezes, entre 1975 e 1979 e entre 1983-84. E foi secretário da Educação, entre 1987 e 1988, durante o governo de Álvaro Dias. Deu aulas em três universi-
Belmiro também foi executivo do Bamerindus | UFPR
dades em Curitiba: UFPR, Positivo e PUC, além de FAE Business School. Além das atividades profissionais, Belmiro dedicava-se a ações filantrópicas. Criou em Piraquara, na região metropolitana, uma instituição que atende crianças carentes com
atividades complementares à escola totalmente gratuitas. Ele deixa a mulher, Elisabeth Bettega Castor, e duas filhas. Católico fervoroso, planejava assistir em Roma, em abril, à cerimônia de canonização do Papa João Paulo II.
Consumo de drogas acontece em plena luz do dia | HEULER ANDREY/METRO CURITIBA
Repercussão
Richa e Fruet lamentam morte O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), lamentou a morte do professor Belmiro Valverde. Em nota veiculada na Agência de Notícias do governo, ele disse: “O Paraná sofre uma grande perda. Nos últimos 30 anos, desde os tempos de secretário do Planejamento no governo de meu pai, José Richa, Belmiro Valverde contribuiu de muitas formas para o desenvolvimento paranaense, na vida pública e na iniciativa privada”. O prefeito Gustavo Fruet (PDT), também divulgou nota. “Seu espírito crítico e sua inteligência farão muita falta”, disse Fruet. METRO CURITIBA
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Curitiba. Câmara vota norma própria para o metrô A Câmara vota hoje projeto do executivo que possibilita a criação de uma regulamentação específica para o futuro metrô da cidade. A proposta torna o sistema metroviário uma exceção à atual norma que rege o transporte coletivo. Na justificativa do projeto, o prefeito Gustavo Fruet diz que a mudança na regra de 2008 é necessária para preservar a integridade jurídica do projeto do metrô, cuja contratação será feita com modelagem diferente daqueles que são administrados pela Urbs hoje em dia. O metrô de Curitiba tem custo estimado de quase R$ 5 bilhões e será construído via sistema de parceria-público-privada. METRO CURITIBA
Editado e distribuído por Metro Jornal S/A. Endereço: rua Santa Cecília, 802, Pilarzinho, CEP 80820-070, Curitiba, PR. Tel.: 041/3069-9191 O jornal Metro é impresso na Gráfica RBS – Zero Hora Editora Jornalística S/A. A tiragem e distribuição desta edição são auditadas pela BDO. 30.000 exemplares
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ADRIANO CODATO O cientista político, professor da UFPR, diz, nesta entrevista ao Metro Jornal, que o autoritarismo à brasileira deixou duas marcas profundas na sociedade: a tolerância com a violência policial-militar e a crença de que, diante de uma crise, os problemas podem ser resolvidos por decreto. Codato vê semelhanças apenas superficiais entre o momento atual do país e a fase pré-golpe de 1964
HEULER ANDREY/METRO CURITIBA
A VIOLÊNCIA COMO HERANÇA
Passados 50 anos do golpe e 30 da redemocratização, o que pode ser considerado consequência de 1964? As heranças mais negativas de 1964 e do regime que se seguiu ao golpe, que durou mais de 20 anos, foram ao menos duas. A tolerância da sociedade brasileira com a violência policial-militar e a crença difusa, que emerge sempre que há alguma crise, segundo a qual os problemas do país poderiam ser resolvidos por decreto, por um ditador protegido de qualquer crítica por um regime forte e discricionário. Essas duas disposições são a essência do autoritarismo à brasileira. Quais os maiores prejuízos que o país sofreu com os governos militares? O balanço das perdas está ainda sendo feito. Mas a regressão autoritária, além de ter mantido o Brasil como um país culturalmente provinciano, politicamente violento e socialmente de-
sigual, atrasou demais a extensão dos direitos de cidadania a toda a população. Houve alguma contribuição positiva, na sua opinião? Os governos militares foram nacionalistas e desenvolvimentistas. O regime assumiu um projeto de modernização das estruturas arcaicas do capitalismo brasileiro. Isso exigiu grandes investimentos em infraestrutura, telecomunicações, energia, a criação de um banco central e de um mercado de capitais. Geisel distanciou a política externa brasileira da influência estrita dos Estados Unidos. A ditadura refez a contabilidade pública, a administração do Estado e a organização das universidades, por exemplo. E tentou fazer das mais de 100 empresas estatais que criou instrumentos de governo. Mas esse desenvolvimento não foi acompanhado de uma política de distribuição de renda. As desigualdades básicas da sociedade brasileira foram conservadas.
Em algum estado da Nação o regime foi mais sentido? Como foi no Paraná? A repressão ditatorial foi mais intensa nos estados onde havia uma contestação mais organizada. As cassações, perseguições e prisões atingiram primeiro os políticos trabalhistas. Logo depois, os militantes e dirigentes comunistas. Em seguida, os estudantes universitários e suas lideranças, as organizações de luta armada, o partido da oposição (o MDB), as associações de profissionais de classe média (advogados, jornalistas). A contabilidade de desaparecidos foi maior nos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. No Paraná a repressão também foi muito violenta, mas concentrada em certos períodos. O Brasil tem uma democracia bem consolidada? Sim e não. Do ponto de vista institucional, sim: liberdade de expressão, justiça independente, direito à oposição,
eleições livres e periódicas, respeito à alternância no poder, tolerância diante de movimentos sociais e de trabalhadores, partidos, sindicatos e organizações como canais de representação de interesses e opiniões. Mas nunca se está seguro. Há correntes de opinião autoritárias e intolerantes, violência e arbitrariedade policial, uma cidadania segmentada por classe, oligopólio na produção e difusão de informações e uma incompreensível indisposição dos nossos liberais em defender apenas a liberdade para fazer dinheiro, e não as liberdades individuais. Há sinais, atualmente, de que podemos voltar a ter um regime de exceção? Não há. Os movimentos reacionários, os grupos de extrema-direita, os partidos conservadores combatem os próprios fantasmas (o comunismo, a reforma agrária, a ditadura gay). E alimentam um ódio de classe diante das políticas sociais (bolsa fa-
mília) e do acesso ao mercado de consumo por parte de outras camadas sociais. Com uma agenda dessas, é difícil ser muito popular. Como interpretar iniciativas como a reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade? Essas passeatas ultraconservadoras, seu figurino militar e a estética fascista, suas palavras de ordem retrógradas, o projeto golpista que as anima, a intolerância política, a incompreensão sobre os fundamentos da democracia são a manifestação mais eloquente de uma cultura autoritária. Essa cultura foi incentivada, aperfeiçoada e reforçada pelo regime ditatorial-militar. Até a gramática é a mesma. Reformas sociais são iguais a “comunismo”, conflitos e contestações são sinônimos de “desordem” e a única métrica para julgar os governos (os de esquerda, bem entendido) é a taxa de “corrupção”. Existem outras semelhanças
entre o momento atual e a fase pré-golpe de 64? As semelhanças são muito superficiais. As crises políticas entre 1961 e 1964, a retórica das principais personagens, suas tomadas de posição contra ou a favor do governo Goulart estavam muito influenciadas pela polarização ideológica da Guerra Fria. No Brasil dos anos 60 essa divisão era até mais complicada, porque sobre esse eixo havia outros, que opunham reformistas e conservadores, tradicionalistas e trabalhistas, católicos e populistas. Hoje se pode dizer que os três grandes temas que unificaram a oposição golpista contra o governo de Goulart estão de volta: caos social, corrupção política e “comunismo”. Mas estão de volta mais pela batalha retórica que grupos muito pequenos de extrema-direita travam contra o governo social-reformista liderado pelo PT. Esses grupos às vezes parecem muito mais importantes do que de fato são. METRO CURITIBA
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Os personagens Governistas Militares
Golpistas Militares
ASSIS BRASIL Chefe do Gabinete Militar. Criou o dispositivo militar montado para dar segurança ao presidente durante a implementação das reformas de base
AMAURY KRUEL Chefe do 2º Exército em São Paulo. Aderiu ao golpe após Goulart se negar a demitir ministros de esquerda
LADÁRIO PEREIRA TELLES Comandante do 3º Exército. Defendeu a resistência armada ao golpe. Afirmou ter número suficiente de homens para garantir Jango na presidência
ANTÔNIO CARLOS MURICY General do Exército. Chefiou as tropas de Minas Gerais que seguiram para o Rio de Janeiro
PERY CONSTANT BEVILAQUA Chefe do Estado-Maior. Tentou convencer Jango a resistir ao golpe e a retomar o comando Forças Armadas
GOLBERY DO COUTO E SILVA Um dos articuladores do golpe. Fundou e operou o SNI (Serviço Nacional de Informações) OLYMPIO MOURÃO Comandante militar em 1964, ã frente da 4ª Divisão de Infantaria do 1º Exército. Liderou as tropas que saíram de Minas para o Rio
Políticos SAN TIAGO DANTAS (PTB) Ministro da Fazenda. A pedido de João Goulart, tentou reunir todos os aliados do governo para evitar o desfecho do golpe
Políticos
LEONEL BRIZOLA (PTB) Deputado federal. Consumado o golpe, tentou montar uma resistência armada no sul do país. Desistiu após a decisão de Jango de ir para o Uruguai
AURO DE MOURA ANDRADE (PSD) Presidente do Senado. Fez um apelo às Forças Armadas pedindo a garantia da ordem no país
DARCY RIBEIRO (PCB) Ministro-chefe da Casa Civil. Antropólogo, defendeu o bombardeio das tropas golpistas. Planejou a ocupação do Congresso
ADHEMAR BARROS (PSP) Governador de São Paulo. Fez uma série de discursos em cadeia estadual de rádio e televisão afirmando o apoio do governo paulista ao golpe
LUÍS CARLOS PRESTES (PCB) Ao ser informado do início do golpe, convocou todos os dirigentes do Partido Comunista. Tentou planejar o bombardeio do Palácio da Guanabara, no Rio
RANIERI MAZZILLI (PSD) Presidente da Câmara. Assumiu o poder após a derrubada de Jango. Articulou a escolha do novo presidento com o Comando Militar
MIGUEL ARRAES (PST) Governador de Pernambuco. Na manhã de 1º de abril, tropas golpistas cercaram a sede do governo. Arraes ficou preso por 11 meses
CARLOS LACERDA (UDN) Governador da Guanabara. Pediu a queda de Jango acusando o presidente de se aliar ao comunismo. Acabou cassado em 1966
ALMINO AFFONSO (PTB) Ministro do Trabalho. Apoiou as reformas de base de João Goulart. Affonso foi cassado logo após o golpe. Passou 12 anos no exílio
JOSÉ MAGALHÃES PINTO (UDN) Governador de Minas Gerais. Articulou o golpe com os militares. Participou dos bastidores para derrubada de João Goulart
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A morte d Ditadura. 31 de março marca 50 anos da tomada do poder no país
O golpe militar, que colocou o país em um vácuo constitucional por 21 anos, completa hoje cinco décadas. Ao tomar o poder, o chamado “Comando Supremo da Revolução”, responsável pela queda do presidente eleito democraticamente João Goulart (PTB), abriu caminho para o funcionamento de uma máquina burocrática de expurgos, perseguições, torturas, assassinatos e suspensão de direitos. A esquizofrenia, típica dos movimentos golpistas, elencou inimigos em todos os setores da sociedade, não deixando fora da lista nem mesmo companheiros de caserna. Documentos da Escola Superior de Guerra revelam que 146 militares foram afastados em abril de 1964. Ao ocupar o Palácio do Planalto, levado pelas armas, e não pelos votos, o general Humberto Castello Branco, sob a justificativa de proteger o país de uma ameaça comunista, determinou a cassação de parlamentares e a suspensão de direitos políticos por dez anos. Jango foi para o exílio, após levar para o centro do debate, em plena Guerra Fria, reformas que tiravam o sono da elite brasileira: agrária, trabalhista e urbana. Sem o lastro dado aos governos democráticos para gerir o país, os militares adotaram os Atos Institucionais, instrumento do poder discricionário, para manter o país sob vigília. O AI-5, em 1968, foi o mais violento e acabou com qualquer esperança de redemocratização. Em poucas linhas, ele deu ao presidente o poder de fechar o Congresso, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. Foi suspensa uma das principais garantias da República, a do habeas corpus. O direito de detenção sem justificativa foi imposto nos casos de crime político, contra a segurança nacional e a ordem econômica. Passados 50 anos do dia que resultou na derrocada de todas as instituições democráticas em funcionamento no país, é preciso avaliar a reação da sociedade brasileira. Anestesiada pelo chama-
As últimas horas da democracia NOITE DO DIA 30 DE MARÇO Jango deixa, às 22h, o Palácio das Laranjeiras, no Rio, e segue para o Automóvel Clube. Em discurso para suboficiais e oficiais do Exército afirma a necessidade das reformas de base MADRUGADA DO DIA 31 DE MARÇO Após tomar conhecimento do discurso, o general Olympio Mourão parte com suas tropas de Juiz de Fora, em Minas, para o Rio de Janeiro e Guanabara
do “milagre econômico”, cujo resultado mais expressivo foi o crescimento de 14% do PIB, em 1973, grande parte da população fechou os olhos ao terrorismo de Estado, que teve sua representação máxima em órgãos como o DOI-CODI e a Oban (Operação Bandeirantes), em São Paulo. O saldo desses braços da repressão podem ser vistos pelos números apresentados pela iniciativa do “Brasil Nunca Mais”. Entre os anos de 1964 e 1985, são 6 mil denúncias de casos de tortura e 356 de mortos e desaparecidos. Hoje, busca-se, por meio de Comissões da Verdade em todo o país, cobrar a responsabilidade dos que participaram diretamente desses crimes ou os autorizaram (leia ao lado). Nos últimos 20 anos, o país elegeu um professor
MANHÃ DO DIA 31 DE MARÇO General Assis Ribeiro, chefe do gabinete Militar da presidência, alerta as tropas governistas sobre um possível enfrentamento com militares golpistas TARDE DO DIA 31 DE MARÇO Embaixada dos EUA é informada do golpe por militares golpistas. A Marinha norte-americana coloca uma esquadra em alerta próximo a Santos
cassado pelo regime, um operário que liderou movimentos grevistas ainda durante a ditadura e uma mulher que foi vítima da máquina de tortura do Estado. A jovem democracia brasileira passou, também, pelo teste da queda de um presidente, Fernando Collor de Mello, que deixou o governo pela força da lei e da vontade popular, não das armas. Este ano, o país elegerá, pela sétima vez após o fim do regime militar, um novo presidente. Não importa quem seja o eleito, o que os brasileiros esperam do vencedor é que ele mantenha o país no rumo da democracia e do respeito às leis. DAVI FRANZON METRO SÃO PAULO
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da democracia JOÃO MARQUES/UH/FOLHAPRESS
ARQUIVO/FOLHAPRESS
AS REFORMAS DE BASE Em um dos últimos atos de seu governo João Goulart promete realizar as reformas agrária, urbana e eleitoral, além de apertar o cerco contra o fluxo de capital estrangeiro Ao lado da esposa, Maria Tereza Goulart, Jango discursa na Central do Brasil, no Rio ARQUIVO/FOLHAPRESS
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Os militares presidentes HUMBERTO CASTELLO BRANCO (1964 A 1967) Chefe do Estado-Maior do Exército. Eleito presidente, cancela as eleições de 1965, extingue partidos e decreta nova Constituição
ARTHUR DA COSTA E SILVA (1967 A 1969) Chega ao poder com o apoio da linha dura do regime. Com a entrada em vigor do AI-5 (Ato Institucional) em 1968, determina a suspensão das garantias previstas na Constituição e o fechamento do Congresso por um ano
JUNTA MILITAR (DE AGOSTO A OUTUBRO DE 1969) Aurélio Lyra Tavares, Augusto Rademaker e Márcio Souza de Mello (Junta Militar). Após Costa e Silva sofrer um derrame, ela governa o país por dois meses Tropas do Exército ocupam o centro de São Paulo na tarde de 1º de abril
População ocupa a praça da República, no centro, no dia 1º de abril
EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI (1969 A 1974)
TARDE DO DIA 31 DE MARÇO Sob a justificativa de proteger o chefe do Estado-Maior do Exército, Castello Branco, um pelotão ocupa o Ministério da Guerra FINAL DA TARDE DO DIA 31 DE MARÇO Tropas do general Carlos Alberto Muricy chegam à divisa de Minas com o Rio NOITE DO DIA 31 DE MARÇO O general Amaury Kruel liga para Jango e pede a saída dos ministros
ligados à esquerda. Com a recusa, adere ao golpe
Laranjeiras abandonam o posto e rumam para o Palácio Guanabara
MANHÃ DO DIA 1º DE ABRIL Jango deixa o Rio com destino a Brasília. San Tiago Dantas detalha a participação dos EUA no golpe
TARDE DO DIA 1º DE ABRIL Em Pernambuco, tropas golpistas invadem o Palácio das Princesas, sede do governo, e prendem o governador Miguel Arraes
TARDE DO DIA 1º DE ABRIL Oficiais ocupam o forte de Copacabana e declaram apoio ao golpe. Tanques que faziam a segurança de Jango nas
NOITE DO DIA 1º DE ABRIL Acompanhando a situação, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade,
acerta a adesão do Congresso. Ao saber da decisão, Jango deixa a Granja Torto e parte para Porto Alegre MADRUGADA DO DIA 2º DE ABRIL Em sessão extraordinária, Andrade articula a institucionalização do golpe. O chefe da Casa Civil, Darcy Ribeiro, envia carta afirmando que Jango não deixou o país e segue presidente. O documento é ignorado, e Andrade declara vaga a Presidência da República
MADRUGADA DO DIA 2º DE ABRIL Acompanhado de Moura Andrade e do presidente do STF, Ribeiro Costa, Ranieri Mazzilli, presidente Câmara, segue para o Palácio do Planalto. No caminho, o grupo passa a ser seguido por dezenas de parlamentares. Todos entram sem dificuldade na sede do governo federal. Ao chegarem ao terceiro andar, no gabinete da presidência, Mazzilli é empossado presidente
Comissão quer mostrar história real Em 31 meses de trabalhos, a Comissão Nacional da Verdade abriu espaço para que, de maneira inédita, torturadores e torturados contassem histórias ainda desconhecidas da ditadura militar entre 1964 e 1985. As primeiras conclusões revelam que 50 mil pessoas, classificadas como subversivas, foram presas. Pela primeira vez, um testemunho formal admitiu que a tortura nos porões da ditadura foi uma prática recorrente. O coronel reformado Paulo Malhães confessou ter torturado e ocultado corpos. Ele atuava na chamada Casa da Morte, que funciona-
va em Petrópolis (RJ). O militar chegou a admitir ter desaparecido com o corpo do ex-deputado Rubens Paiva -- mas depois retirou o depoimento. Amanhã, o general reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham, que comandou o DOI (Destacamento de Operações de Informações) do Rio de Janeiro, onde, segundo a comissão, Paiva foi morto, deverá ser ouvido na Câmara. A comissão busca dar respostas às famílias dos desaparecidos políticos e as causas de mortes que, mesmo com o passar de décadas, seguem desconheci-
das. É o caso, por exemplo, da morte do ex-presidente João Goulart, cujo o corpo foi exumado. A versão oficial é de ataque cardíaco (leia entrevista na pág. 6). A conclusão deve finalmente revelar se Jango foi vítima de envenenamento, como alvo da operação Condor, que uniu ditaduras do Cone Sul para assassinar opositores na década de 1970. A busca por entender a história motivou pelo menos 100 outras comissões, em universidades, Assembleias Legislativas, sindicatos e Estados. A comissão nacional buscará apontar ainda quais
eram as empresas responsáveis pelo financiamento do regime militar. A lista inclui ao menos 125 empresas, como Light, Cruzeiro do Sul, Refinaria de Petróleo União, que, segundo relatório preliminar, que tinham cotas de até 70% dos recursos consumidos pelas Forças Armadas. “Precisa construir a questão de como deve ser cobrada a reparação das empresas aos trabalhadores. Estamos lutando por tudo isto”, afirmou a coordenadora do Grupo de Trabalho sobre o golpe de 1964, Rosa Cardoso. A comissão apresentará em 16 de dezembro a conclusão dos trabalhos, mos-
trando as violações dos direitos humanos entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. O ponto mais sensível da conclusão -- que ainda recebe o carimbo de confidencial -- é a proposta de revisar a Lei de Anistia e punir agentes do Estado acusados de torturas, mortes e desaparecimentos. Em 2010, o STF decidiu, por 7 votos a 2, manter livre de punições autores de crimes relacionados ao regime militar. A nova composição da Corte, com Roberto Barroso e Teori Zavascki, alimenta o desejo de muitos de revisitar a questão. METRO BRASÍLIA
Período marcado pela escalada da violência contra as organizações de esquerda que optaram pela luta armada e os movimentos estudantis. Durante o governo Médici, o país registra o chamado “milagre econômico”. O PIB (Produto Interno Bruto) registra crescimento de 14% em 1973
ERNESTO GEISEL (1974 A 1979) Inicia a fase da distensão. Geisel revoga o AI-5 e declara que a abertura será lenta, gradual e segura. Movimentos operários e populares ganham força em todo o país
JOÃO BATISTA FIGUEIREDO (1979 A 1985) Autoriza a criação de novos partidos políticos e das eleições diretas para governador. Movimentos pela retomada da democracia ga nham espaço. Lei da Anistia entra em vigor FONTE: ARQUIVO NACIONAL E PALÁCIO DO PLANALTO
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Guerra entre facções mata um após ocupação da Maré Pacificação. Operação contou com 1,5 mil policiais. Forças de segurança entraram na região em 15 minutos. Treze pessoas foram presas Horas depois da ocupação do complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, pelas forças de segurança do Estado, uma provável guerra entre facções deixou um adolescente, de 15 anos, morto. Jovens rivais de duas comunidades da região, Baixa do Sapateiro e Nova Holanda, estariam jogando pedras uns contra os outros, até que um deles tirou uma pistola e atirou, dando início ao confronto. Além do morto, que foi encaminhado para a UPA Vila do João, mas não resistiu, outros dois menores ficaram feridos e deram entrada no Hospital Federal de Bonsucesso. Um de 16 anos foi baleado nas costas e um de 13, na face. À tarde, 27 jovens foram
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é o número de favelas que fazem parte do complexo da Maré, onde vivem 122 mil pessoas. detidos por policiais do Batalhão de Choque, acusados de depredar carros. Eles estavam jogando pedras em veículos que passavam na Linha Vermelha. Segundo familiares, o grupo foi protestar na via expressa contra a morte do adolescente atingido por tiros. As 15 favelas da Maré, onde moram mais de 122 mil pessoas, foram ocupadas no início da manhã. Com apoio de blindados da Marinha, cerca de 1,5 mil
Moradores entraram no caveirão da PM | MAURÍCIO FIDALGO/FUTURA PRESS
policiais entraram no complexo e retomaram o território em 15 minutos, sem disparar um tiro. Às 9h40, as bandeiras do Brasil e do Estado do Rio foram hastea-
das. “Estou aqui rezando para vir a paz”, comentou Maria do Socorro da Silva, moradora da Maré. Na operação, 13 pessoas foram presas dentro do
complexo e também em outras ações realizadas na cidade e na região metropolitana. Entre elas, Daiene Rodrigues, presa pela Polícia Federal em Niterói. Ela é ex-namorada de Marcelo Santos das Dores, o Menor P, chefe do tráfico da Maré, preso na semana passada. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança, 118 pessoas já foram presas desde 21 de março, quando começaram os preparativos para a ocupação do complexo. A data para a entrada das Forças Armadas nas comunidades deve ser definida nesta semana. Durante a varredura, os agentes apreenderam 452 kg de maconha e encontraram armas e carregadores que estavam enterradas nas proximidades da Vila
Olímpica e do Ciep Maré. “Essa ocupação é muito significativa, demonstra que não toleramos de forma nenhuma o poder paralelo, seja a milícia, o comando A ou B. Gerações nasceram aqui e se acostumaram a conviver com uma pessoa de fuzil, um jovem, às vezes amigo da escola, determinando quem entra e quem sai. Quantos jovens assistiram a esses meninos morrerem, mães desesperadas, serviços públicos paralisados por causa de tiroteio… É uma cidade dentro da cidade que se integra à cidade. É um dia histórico”, comemorou o governador Sérgio Cabral, que acompanhou a ação do Centro Integrado de Comando e Controle, na Cidade Nova. METRO RIO
MUNDO
EUA enviam chefe militar para a Europa Crise. Em meio à tensão na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, o governo americano decidiu enviar general de volta à região Os EUA enviaram de volta ontem para a Europa o principal representante militar do país no continente, o general Philip Breedlove, em uma medida de “precaução” diante do que Washington chamou de “falta de transparência” do governo russo sobre a movimentação de tropas na fronteira com a Ucrânia. Breedlove é o chefe militar dos EUA na Europa e também atua como comandante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na região. Ele havia sido convocado para
depor no Congresso. Em meio à crise, a Alemanha disse ontem estar prestes a oferecer apoio militar a países do Leste Europeu membros da Otan. O país poderia disponibilizar até seis caças, segundo a revista alemã “Der Spiegel”. No sábado, contudo, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que não há intenção de enviar tropas para a Ucrânia, mas acrescentou que Moscou está pronto para proteger os direitos dos representantes russos no país. “Não temos absolutamente nenhuma intenção
ou interesse de cruzar as fronteiras da Ucrânia”. Tropas russas ocupam a Crimeia, território anexado por Moscou. O Ocidente tem ameaçado impor fortes sanções econômicas caso Moscou envie mais tropas ao país vizinho. De acordo com os EUA, mais de 40 mil soldados russos estão nas proximidades da fronteira com a Ucrânia. Ontem, Lavrov minimizou o impacto das sanções, dizendo que elas provocam “algum transtorno”, mas não têm sido muito doídas para o país. METRO
Veículos militares supostamente russos são vistos em estrada próxima à fronteira da Ucrânia | DAVID MDZINARISHVILI/REUTERS
Diplomata critica papel brasileiro diante de crise Na semana passada o Brasil se absteve da votação, na Assembleia Geral da ONU, que condenou Moscou e considerou o referendo realizado na Crimeia ilegal. O chanceler Luiz Alberto Figueiredo defendeu uma solução “negociada” e pediu moderação. Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o
ex-embaixador dos EUA no Brasil Thomas Shannon criticou o país pelo que chamou de “omissão” após a invasão russa. “Países grandes e com grandes ambições precisam se definir, para o benefício de todos”, disse. Em julho, o presidente russo, Vladimir Putin, deve vir ao Brasil para o encontro dos Brics.
“Obviamente, o Brasil toma suas próprias decisões. Mas era de se esperar que um país tão grande e com a trajetória pacífica do Brasil tivesse uma posição clara nesse caso”, afirmou. Mas para o professor de Relações Internacionais da FGV Oliver Stuenkel a passividade “não é necessariamente algo ruim”. METRO
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Empreendedorismo
BRUNO CAETANO BRUNO.CAETANO@METROJORNAL.COM.BR
SEMANA DE APOIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL Jonas é eletricista na cidade de São Paulo. Ele se formalizou como Microempreendedor Individual (MEI) no ano passado, adquirindo o direito à cobertura da Previdência Social. Mas ao solicitar o auxílio-doença devido a um problema de saúde, teve o pedido negado. O motivo? Ele faz parte dos 55% de MEIs que encerraram 2013 inadimplentes e tiveram os benefícios suspensos. Já falei aqui como é preocupante uma categoria estar, em sua maioria, na inadimplência. Principalmente uma que reúne 906 mil integrantes no Estado de São Paulo e 3,6 milhões no Brasil. É um passo atrás para quem obteve, há apenas poucos anos, incentivo para sair de uma situação irregular e assu-
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{ECONOMIA}
mir novo status no mercado. Pesquisa do Sebrae de 2013 mostra que 68% dos MEIs do país aumentaram as vendas após a formalização. Não é à toa que o grupo cresce sem parar desde sua criação, em 2008. Mas Jonas é um dos MEIs que caíram na inadimplência porque têm dificuldade para acessar a internet e imprimir as guias de recolhimento (por cerca de R$ 40 ao mês, o MEI garante benefícios previdenciários e quita impostos). Outros aguardam a chegada do boleto em casa. Como não chega, não pagam. E há ainda os que desconhecem a obrigação. De nada adianta o trabalhador se formalizar e pouco depois ficar novamente em situação irregular. Daí a necessidade de auxílio cons-
tante para o empreendedor. Para ajudar nessa e em outras questões, o Sebrae intensifica sua atuação de hoje a 5 de abril, com a Semana Nacional do MEI. Trata-se de uma mobilização extra para dar apoio completo ao empreendedor e capacitá-lo. A equipe do Sebrae-SP está em seus postos e nas ruas, em unidades móveis, orientando sobre gestão, legislação e muito mais, inclusive no sábado. A criação do MEI foi um passo para a cidadania. Mas esta só será perene se houver suporte para as conquistas. A formalização é a primeira etapa. É preciso qualificar o empreendedor e construir um ambiente favorável para seus negócios prosperarem. Esses são objetivos pelos quais o Sebrae-SP não abre mão de trabalhar. Assim como Jonas fez, escreva para mim e conte sua história. Este espaço também é seu. Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP e mestre e doutorando em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. O Sebrae-SP é uma instituição dedicada a ajudar micro e pequenas empresas a se desenvolverem e se tornarem fortes. Saiba mais em www.sebraesp.com.br
Falta só um mês para entregar o IR Imposto de renda. Apenas 4,6 milhões DECLARAÇÃO DO IR PESSOA FÍSICA 2014 já enviaram os dados para a Receita QUEM DEVE DECLARAR: Quem recebeu rendimentos tributáveis cuja Federal. Prazo para soma foi superior a R$ 25.661 em 2013, pessoa física é Quem recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na dia 30 de abril fonte, acima de R$ 40 mil, em 2013 O prazo para a entrega da declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) 2014 será encerrado dentro de exatamente um mês, no dia 30 de abril. De acordo com o último balanço divulgado pela Receita Federal, 4,6 milhões de contribuintes já haviam enviado a declaração até quinta-feira, 27. O número representa 17% do total de 27 milhões de declarações que a Receita estima receber. A novidade deste ano está na possibilidade de fazer a declaração pré-preenchi-
ção A declaraanual e st ju de a ente previam passou a id h c preen este ano a valer
ENTREGA DA DECLARAÇÃO A entrega deve ser feita pela internet, utilizando o Receitanet, programa de transmissão da Receita Federal, ou por meio de dispositivos móveis tablets e smartphones para sistemas operacionais Android e iOS (Apple) Início da entrega a partir do dia 6 de março O prazo final será o dia 30 de abril A multa mínima para quem não entregar no prazo é R$ 165
da para aqueles contribuintes que possuem certificação digital. A declaração deve ser enviada pela internet, usando
RESTITUIÇÃO Lotes regulares começam a ser liberados no dia 16 de junho e terminam em 15 de dezembro de 2014
o programa disponível no site da Receita Federal (receita.fazenda.gov.br) ou os aplicativos para smartphones e tablets. METRO
2 CULTURA ‘Sonata de Otoño’
Bergman no palco
O Guairinha recebe hoje e amanhã as apresentações do espetáculo argentino ‘Sonata de Otoño’, drama intimista que expõe um delicado acerto de contas entre mãe e filha afastadas há anos. Com ingressos à venda, a peça leva aos palcos do Festival de Curitiba a história do cineasta Ingmar Bergman.
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{CULTURA}
Atos e peça lembram os 50 anos do Golpe Nesta semana. Ato público, palestras na OAB e espetáculo no Festival de Curitiba recordam os anos de regime militar Hoje, dia em que o golpe militar de 1964 completa 50 anos, a OAB-PR realiza um ato público em homenagem aos paranaenses que foram presos, ameaçados ou sofreram perseguição política durante a ditadura. A programação da OAB sobre começa hoje e vai até o final de abril, com série de palestras sobre o período militar e o processo de redemocratização nas principais universidades de Curitiba. Estão agendadas palestras na Unibrasil (3/4), na PUC-PR (23/4), na Universidade Positivo (24/4), na Unicuritiba (25/4) e na UFPR (28/4). Em 22 de abril, a OAB também fará a palestra e o lançamento do livro “Depoimentos para a história – A resistência à
1964 – Constrangimento e Violação de direitos Na UFPR, também haverá eventos relembrando 1964, em especial no curso de Jornalismo, que completa 50 anos na mesma data.
A UFPR também fará palestras sobre 1964, ano de criação do seu curso de Jornalismo ditadura militar no Paraná”, de Narciso Pires, Fábio Bacila Sahd e Silvia Calciolari. Com entrada franca, o curso de História da PUC-PR, o Círculo de Estudos Bandeirantes e o Instituto Ciência e Fé promovem hoje o seminário “Golpe de
Teatro No Festival de Curitiba, que segue até 6 de abril, o espetáculo ‘Nem mesmo Todo o Oceano’ aborda questões obscuras da Ditadura Militar. Depois de duas temporadas no Rio de Janeiro, a montagem da Cia OmondÉ foi indicada ao Prêmio Questão de Crítica e é uma adaptação do romance homônimo de Alcione Araújo. Em cartaz neste sábado e domingo, às 21h, no Guairinha. METRO CURITIBA
‘Nem mesmo Todo o Oceano’ estreia neste sábado no Guairinha | DIVULGAÇÃO
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{VARIEDADES}
O QUE ROLOU NAS COPAS
Os invasores
Calçada da Sete de Setembro
SERGIO PATRICK DA RÁDIO BANDEIRANTES
AM 840 / FM 90,9
FASCISMO E BOLA
Cruzadas
O primeiro título europeu em copas ficou com a Itália depois de muito esforço em 1934. Primeiro, os donos da casa jogaram uma eliminatória para entrar no torneio e venceram a Grécia por 4x0. Já na Copa, foram quatro jogos em oito dias entre a estreia e a semifinal. Depois de golear os EUA por 7x1, a Azzurra empatou com a Espanha por 1x1 nas quartas de final e teve que ganhar o jogo-extra, no dia seguinte, com vários jogadores sem condições físicas, por 1x0. Na briga por vaga na decisão, o gramado molhado deu ainda mais dramaticidade à vitória sobre o timaço da Áustria, do craque Sindelar, por 1x0. Na final, o placar de 2x1 sobre a Tchecoslováquia garantiu ao ditador Benito Mussolini a festa nacionalista em Roma.
O evento cresceu em relação à edição anterior, passando de uma para oito cidades e com transmissões ao vivo pelo rádio para 12 dos países participantes. A Copa contou com Eliminatórias e teve histórias curiosas. A seleção do México bateu Cuba e viajou para a Itália, mas os Estados Unidos se inscreveram no Mundial logo em seguida. Com isso, os mexicanos tiveram que fazer mais um jogo, perderam por 4x2 e ficaram fora da Copa. O Uruguai não quis disputar o Mundial se tornou o único campeão a não defender o título porque a Itália havia se recusado a jogar a primeira Copa. A Argentina perdeu vários vice-campeões de 30 para a Itália, como Monti, DeMaria, Guaita e Orsi, todos de origem italiana.
Gostaria de saber o valor do metro quadrado da nova calçada da Av. Sete de Setembro. Estão colocando a mesma placa de concreto de três centímetros para pedestres, e onde trafegam carros também! Resumindo, está quebrando tudo! Quem foi o engenheiro que aprovou aquilo? VITOR JUNIOR - CURITIBA
Falta lombada Vários pedidos já foram protocolados junto à central 156 para que seja implantado uma lombada em frente ao Conjunto Moradias Boa Esperança 1, na rua Pres. João Goulart, no Tatuquara, mas todas reivindicações dos moradores foram ignorados pela prefeitura, que parece esperar que ocorra um atropelamento fatal para tomar as providências cabíveis. CÉLIO BORBA - CURITIBA
Metro pergunta
VIAJOU, MAS NÃO JOGOU
O que você achou do resultado da pesquisa Siga o Metro no Twitter: do Ipea, na qual 65% @jornal_metroCTB dos entrevistados concordam que “mulher com roupa curta ‘merece’ abuso”? @anneloise
Sudoku
Um absurdo sem tamanho. @tthms
É fruto do machismo crônico da sociedade brasileira. Precisamos enfrentá-lo com educação e respeito.
O VELHO MESTRE Enquanto o técnico do Brasil, Luiz Vinhaes, que contava com o craque Leônidas, recebeu críticas pela eliminação logo no primeiro jogo contra a Espanha, o comandante italiano foi festejado como um dos principais responsáveis pelo título. Vittorio Pozzo se encantou pelo futebol enquanto estudava na Inglaterra e foi o responsável pela consolidação de algumas caraterísticas táticas do futebol italiano. Líder autoritário e paternalista, chegaria ao bicampeonato em 38, fato jamais igualado por um treinador.
@LuizFerrador
Não sabia que ainda estávamos neste estágio de barbárie. @GlauciaDhye
É deprimente saber que estamos nesse nível cultural. O artigo deixa claro que é da cultura brasileira a postura “machista”.
Metro web
Colaboraram Alexandre Praetzel e Leandro Quesada, da Rádio Bandeirantes.
Para falar com a redação:
Sergio Patrick é apresentador e coordenador de esporte da Rádio Bandeirantes, que comanda a Cadeia Verde e Amarela das rádios do Grupo Bandeirantes nas transmissões da Copa do Mundo. A coluna O QUE ROLOU NAS COPAS traz histórias e personagens de todos os mundiais. Envie sua sugestão para spatrick@band.com.br .
Horóscopo
Leitor fala
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Está escrito nas estrelas
A Lua continua seu signo, o que traz tendências para ampliar condutas sentimentais e uma postura nostálgica. Foque no presente.
Aproveite para exercitar a mente com atividades culturais, principalmente compartilhando interesses com quem gosta.
Procure curtir mais lazer, a família e ter diversões com mais intensidade, sem se preocupar antecipadamente com obrigações da semana.
Aproveite para repor energias de desgastes vivenciados anteriormente. Interesses por temas culturais e espirituais serão essenciais.
Às vezes é essencial dar um tempo com afazeres que estejam provocando desgastes para retomarmos com nova visão e motivações diferentes.
A atenção com temas domésticos será mais intensa, tanto no esclarecimento de algo para o lar como na relação com familiares.
A dedicação a assuntos de amigos e grupos tomará sua atenção de maneira mais intensa. Convivências sociais preencherão o dia.
Há tendências para lidar de maneira mais constante com diferenças junto a outras pessoas, o que requisitará paciência.
Quanto mais ocupar a mente com cultura e afastar pensamentos de problemas, mais revitalizado estará para a semana.
Projetos a longo prazo são propensos a tomar dedicação mais intensa. Atente-se para que a ansiedade não faça antecipar etapas.
Um pouco mais de preocupação com o corpo e a saúde será essencial, especialmente se abusou de diversões nos últimos dias.
Atente-se para que alguns excessos – ou com algumas vaidades ou com o seu bolso - não comprometam o dia e a semana.
3 ESPORTE
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{ESPORTE}
Coritiba empata no Couto e é eliminado Paranaense. Coxa ficou apenas no 1x1 com o Maringá e deu adeus ao sonho do pentacampeonato. Torcida protestou ao final do jogo
O Coritiba foi eliminado do Campeonato Paranaense e adiou o sonho do pentacampeonato, após apenas empatar em 1x1 com o Maringá no Couto Pereira, ontem à tarde, pelas semifinais. Como perdeu o jogo de ida por 2x1, fora de casa, o Coxa precisava vencer por dois gols de diferença para chegar à final. O Maringá aguarda a partida de volta entre Atlético e Londrina para saber com quem vai disputar o título.
Ele bateu forte, mas a bola foi pela linha de fundo. Na segunda etapa, o Alviverde veio com duas alterações e continuou pressionando. Em uma cobrança de falta de Alex aos 2’, a bola desviou o quase entrou. O Maringá apostava nos contra-ataques e em um deles acabou abrindo o placar. Reginaldo cruzou na área e Cristiano marcou. Na sequência, o time quase ampliou. Juninho, livre na área, cabeceou,
O jogo Desde o início, o Coritiba se lançou ao ataque, mas pecava nas finalizações. Aos 3’, em uma bola dentro da área, Alex cabeceou e a boa passou por cima do travessão. Seis minutos depois, novamente o camisa 10 recebeu na área e chutou cruzado levando perigo. Roni também teve uma boa chance, aos 33’.
1 1 • •
mas Vanderlei defendeu. O empate por pouco não veio com Alex, que após um cruzamento de Chico perdeu mais uma grande oportunidade na frente do gol chutando por cima. Apenas aos 23’, o Coxa conseguiu marcar. Na cobrança de escanteio de Dudu, Luccas Claro subiu bem e mandou para as redes. LINA HAMDAR METRO CURITIBA
Vanderlei; Victor Ferraz, Luccas Claro , Chico e Diogo ; Gil , Robinho ( Dudu ), Carlinhos ( Geraldo) e Alex; Roni e Keirrison ( Julio César) Técnico: Dado Cavalcanti
CORITIBA
Ednaldo; Reginaldo, Juninho, Fabiano, Fernandinho ( Diego); Zé Leandro , Serginho ( Bahiano), L. Maringá, Max; Cristiano ( Fábio Martins), G. Barcos Técnico: Claudemir Sturion
MARINGÁ
Gols. Cristiano, aos 14’ e Luccas Claro, aos 24’ do 2ºT Arbitragem. Rodholfo Toski Marques, Moisés Aparecido de Souza e Pedro Martinelli Christino.
Atlético
Fórmula 1. Felipe Massa desobedece ordem e não deixa Bottas passar
Furacão abre vantagem para chegar à final
Futsal
Brasil perde para Argentina
já sem Falcão -que anunciou sua aposentadoria após desentendimentos com a Confederação Brasileira --, a Seleção Brasileira de futsal perdeu ontem a III Copa das Nações. O time do técnico Ney Pereira (foto) foi superado por 3 a 2 pela Argentina.
Com a vitória por 3x1 diante do Londrina, sábado no Ecoestádio, o time sub-23 do Atlético pode perder por um gol de diferença no jogo de volta, na quarta-feira, que mesmo assim chega à final do Estadual. Já o Tubarão precisa de dois gols de diferença para levar a decisão para os pênaltis. METRO CURITIBA Paraná
Roque Júnior será observador técnico da Seleção A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciou que o diretor executivo do Paraná, Roque Júnior, que foi pentacampeão pela Seleção em 2002, vai acompanhar os jogos dos adversários do Brasil durante a Copa do Mundo e auxiliar o técnico Felipão. METRO CURITIBA
Coxa pressionou, mas não conseguiu vencer | JOKA MADRUGA/FUTURA PRESS
Will Power conquistou sua 22a vitória na carreira | CHRIS TROTMAN/GETTY IMAGES
Indy 2014. Will Power estreia com vitória O australiano Will Power passeou em St. Petersburg e garantiu a vitória na primeira etapa da Fórmula Indy em 2014. Ryan Hunter-Reay ficou com a segunda colocação e o brasileiro Helio Castroneves, da Penske, fechou o pódio. O outro brasileiro na corrida, o baiano Tony Kanaan -que fez sua estreia pela equipe Ganassi -- ficou apenas com a sexta colocação. Power foi inteligente e usou de estratégia e habilidade para conquistar a vitória na estreia. Estratégia para, antes de uma relargada,
3ª
foi a colocação do brasileiro Helio Castroneves, piloto da Penske, na estreia da Fórmula Indy diminuir muito a velocidade a ponto de causar a batida de Jack Hawksworth com Marco Andretti. A habilidade ao volante apareceu na hora de realizar belas ultrapassagens sobre Scott Dixon e Tony Kanaan. METRO
A nova temporada da Fórmula 1 trouxe muitas novidades para os pilotos. Para um, em particular, 2014 tem sido uma nova era. Por muito tempo, Felipe Massa ouviu a ordem para deixar Fernando Alonso ultrapassá-lo quando eram companheiros de Ferrari. Ontem, no Grande Prêmio da Malásia, o mesmo pedido, com as mesmas palavras, se repetiu. Massa, entretanto, fez que não ouviu e não cedeu lugar para seu companheiro na Williams, Valtteri Bottas. “Eu acho que eu fiz o melhor possível na minha corrida. Lutei até o final”, comentou o brasileiro, que terminou como sétimo colocado. Após a prova, a equipe afirmou que caso Bottas, que tinha pneus mais novos, não conseguisse ultrapassar Jenson Button, o sexto colocado, ele devolveria a posição para o brasileiro. Na segunda corrida da temporada, novamente a disputa não foi acirrada -- os pilotos estavam mais preocupa-
dos em poupar equipamento e gasolina do que atacar os adversários. Lewis Hamilton venceu sem problemas, seguido pelo seu companheiro de Mercedes, Nico Rosberg, líder do campeonato. Sebastian Vettel, da Red Bull, completou o pódio. METRO POA
“Acho que fiz o melhor possível na minha corrida.” FELIPE MASSA, PILOTO DA WILLIAMS
Massa não deixou Bottas ultrapassá-lo | SAMSUL SAID/REUTERS