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Primeiramão // Inclusão & Acessibilidade // Ano 2 // Edição 20 São Paulo, 14 de dezembro de 2015

//DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Edson Dantas, de 49 anos, treina seis vezes por semana na cidade

INCLUSÃO & ACESSIBILIDADE

Carreira de avaliador de perfume inclui deficientes visuais no mercado de trabalho // Pág. 5

PARATRIATLO// Pág. 4 NOVIDADE NOS JOGOS PARALÍMPICOS DO ANO QUE VEM, MODALIDADE JÁ ESTÁ COLOCANDO MUITA GENTE PARA SUAR A CAMISA POR AÍ!

CORRIDA

para 2016 André Porto/ Metro SP



Primeiramão // Inclusão e Acessibilidade // Segunda-feira, 14/12/2015

dicas//

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Turismo // Desde a última semana, já está disponível a nova versão do Sistema Nacional de Passaportes (Sinpa) para pessoas com necessidades especiais. Os requerentes encontrarão uma série de facilidades, como formulários de requerimento, agendamento, reagendamento e consulta de solicitação de passaportes adaptados no site da Polícia Federal. Fotos: Divulgação

Campanha Com o objetivo de relativizar a definição de “perfeição” para a moda, a agência alemã Jung Von Matt/Limmat pediu que alguns designers fizessem manequins diferentes, inspirados nos corpos de pessoas com deficiência. A ação foi uma iniciativa da Pro Infirmis, uma organização que luta por direitos das pessoas com deficiência. Veja o vídeo em: www.youtube.com/ watch?v=E8umFV69fNg

Empresas inclusivas No último dia 10, Dia Internacional dos Direitos Humanos, o Governo do Estado de São Paulo concedeu às empresas Citibank e Senac-SP, o II Prêmio Melhores Empresas para Trabalhadores com Deficiência. A premição tem como objetivo dar visibilidade e estimular as boas práticas relacionadas à inclusão profissional de pessoas com deficiência. Informações no site www. pessoacomdeficiencia. sp.gov.br.

Whatsapp pra deficiente Lançado em 2012 sem a intenção de atingir exclusivamente o público especial, o aplicativo de troca de vídeo-mensagens Glide virou o favorito dos deficientes auditivos. O app ganhou o prêmio de melhor tecnologia para deficientes pela TDI, organização que luta em nome da igualdade das pessoas com problemas auditivos. Para baixar o app clique em: www.glide.me

Reprodução

Alf Ribeiro/ Folhapress

Imagem Source/Folhapress

Mão na massa O Centro de Tecnologia e Inclusão do Parque Estadual Fontes do Ipiranga (PEFI) é o primeiro centro tecnológico para pessoas com deficiência e está com inscrições abertas para os mais variados cursos. Entre eles, são destaques a oficina de apoio à educação inclusiva, o mobiliário em PVC e a oficina gourmet de massas caseiras. Rod. dos Imigrantes km 11,5, Jabaquara. Informações e inscrições pelo telefone 5021-6663 ou pelo e-mail: sau@ctipfi.spdm.org.br

Cordel ”Uma vida igual para todos no compasso do Cordel” é o tema de uma oficina e palestra com o objetivo de divulgar a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, incorporada à legislação brasileira, em 2009. O evento tem o objetivo de combater o preconceito por meio da arte, poesia e música. Clube Hebraica. Rua Hungria, 100, Pinheiros. Dia 16/12, das 10h às 13h. Gratuito. Inscrições pelo email: cordelsp@libris. com.br.

Renato Luiz Ferreira/Folhapress

Exposição Dez alunos do curso de Fotografia para Deficientes Visuais, realizado pelo Núcleo de Ação Educativa (NAE), da Pinacoteca do Estado de São Paulo, coordenado por João Kulcsár, terão os seus trabalhos expostos no museu na mostra “Transver - fotografias feitas por pessoas com deficiência visual”. Pinacoteca do Estado de São Paulo. Praça da Luz, 2 , Bom Retiro. De terça a domingo, das 10h às 17h30. De R$ 3 a R$ 6. Até 3/4/2016.

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Bibliotecas Todas as bibliotecas públicas nas cidades com mais de 50 mil habitantes deverão garantir atendimento especializado e reservar espaços exclusivos às pessoas com deficiência visual. Isso é o que determina projeto (PLS 138/2014) de Ciro Nogueira (PP-PI) aprovado na última semana na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). A proposta segue para a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) em decisão final.

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Segunda-feira, 14/12/2015// Inclusão e Acessibilidade // P Primeiramão

Paratriatlo ar

é a ap aaposta p para ESPORTE// / MODALIDADE ADAPTADA PARA DEFICIENTES FARÁ SUA ESTREIA NOS JOGOS PARALÍMPICOS DO RIO Modalidade conhecida e adorada na Olimpíada desde o ano 2000, o triatlo terá uma versão adaptada para pessoas com mobilidade reduzida pela primeira vez no próximo ano. Nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o paratriatlo irá explorar a resistência física dos atletas na natação, no ciclismo e na corrida, sem interrupções, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. A prova ainda está longe de acontecer, é fato, mas, mesmo faltando nove meses para o evento que irá agitar a Cidade Maravilhosa em setembro do ano que vem, os treinos para a seletiva já começaram e quem pensa em conquistar uma vaga na competição, já está suando a camisa por aí. De olho no pódio, Edson Dantas, de 49 anos, é um que já está à espreita da competição. Após perder a perna em um acidente de trem, em 1992, Dantas não quis ficar parado: começou a praticar natação, em 1998 e, após um período observando corredores, passou a correr nos clubes da cidade. Desde então, já coleciona algumas medalhas, como as que ganhou na São Silvestre e na maratona de Nova Iorque, por exemplo. “Quando me tornei deficiente não aceitava a minha condição,

era um simples cobrador e achava que a minha vida tinha acabado. Pensei até em me matar. Mas o esporte me deu a oportunidade de voltar a trabalhar, estudar e de deixar de ter vergonha da minha condição. Salvou a minha vida”, conta o atleta que migrou para a categoria de paratriatlo em 2010, quando soube que a modalidade seria incluída nos Jogos Paralímpicos do ano que vem. “Sempre gostei de desafios e, como tinha o sonho de disputar uma Olimpíada, encarei a mudança de modalidade esportiva para competir”, conta. Vice-campeão PanAmericano e, atual-

Edson Dantas, de 49 anos, tem uma prótese adaptada para cada esporte

Fotos: André Porto/ Metro

mente, o sexto melhor atleta mundial na categoria, Dantas é um dos 30 esportistas de alto rendimento cadastrados na Confederação Brasileira de Triatlo (CBTri) apto para disputar circuitos mundiais. Para quem não sabe, hoje, além dos Jogos Pan-Americanos e dos Jogos Olímpicos, a modalidade também é referência no país, no Campeonato Brasileiro de Paratriathlon. Nas competições em geral, apenas são aceitos os atletas cuja deficiência mínima se-

ja a amputação de um dos membros superiores ou inferiores ou daqueles que possuem até duas amputações. Os atletas são classificados, de acordo com a deficiência em uma das seis categorias previstas para o esporte. Treino intenso De acordo com Hilton Lopes, membro da coordenação de Paratriathlon da CBTri e técnico de Dantas, a preparação física do atleta desta modalidade não difere muito da convencional.

“É preciso uma rotina que combine treinos de condicionamento físico e de fortalecimento a exercícios de alto impacto”, afirma. Entre os benefícios do esporte para a saúde está a melhora no funcionamento dos sistemas circulatórios, intestinais e urinário e, no âmbito social, a reintegração do deficiente na comunidade. “O esporte inclui e, para muitos, acaba se transformando em uma profissão, um meio de ganhar a vida”, diz Lopes. COLABOROU: LUCIANA LIMA


Primeiramão // Inclusão e Acessibilidade // Segunda-feira, 14/12/2015

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uando o paulistano Maurício Oliveira, de 30 anos, ficou sabendo do curso de avaliador olfativo da Fundação Dorina Nowill para Cegos, em 2013, torceu o nariz. “Estava desempregado e uma amiga me indicou o curso, mas, quando vi que era para trabalhar com perfumes, achei algo feminino e não levei muito a sério”, conta. Deficiente visual desde que nasceu devido à uma má formação na retina, Oliveira conta apenas com 10% da visão e, mesmo tendo formação em Tecnologia da Informação, encontrava dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho. “Quando eu deixei o preconceito de lado, passei a gostar da área e a enxergar uma oportunidade profissional”, afirma. O curso na Fundação contou com quatro edições, entre os anos de 2011 e 2014, e tinha como objetivo capacitar profissionalmente deficientes visuais totais ou, com baixa visão, para trabalhar no mercado de perfumes avaliando e selecionando fragrâncias. “Com a legislação que obriga as empresas a terem uma cota de pessoas com deficiência em seu quadro de funcionários e com a difusão da temática da inclusão, as oportunidades aumentaram, mas os deficientes ainda encontram dificuldades para se colocar no mercado de trabalho”, diz Susi Maluf, gerente de Serviços de Apoio à Inclusão da Fundação Dorina Nowill. Inclusão no mercado Logo após se formar, em 2014, Oliveira foi indicado para participar de um processo seletivo na empresa de fragrâncias Firmenich & Cia, em São Paulo, onde ingressou como trainee e, pouco depois, passou a ocupar o cargo de assistente de laboratório na empresa. “Passei pelos setores de avaliação, perfumaria, aplicação e até de marketing. Atualmente, estou no controle de qualidade, que

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inclusivo

Maurício Oliveira, de 30 anos, trabalha com perfumes desde 2014

CARREIRA// DEFICIENTES VISUAIS POSSUEM MAIOR PERCEPÇÃO SENSORIAL E ENCONTRAM NA PROFISSÃO DE AVALIADOR OLFATIVO UMA OPORTUNIDADE DE INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO André Porto/ Metro

consiste nas avaliações de painéis sensoriais e aprovação de matérias-primas, tudo de forma olfativa, antes do perfume ir para o mercado”, conta Oliveira, que conta que a baixa visão também é um diferencial para a profissão.

“As pessoas são muito visuais e, por isso, normalmente, não prestam tanta atenção nos outros sentidos que possuem, como o olfato. Quando perdemos a visão, entretanto, aumentamos a percepção sensorial”, diz Oliveira.

Os benefícios da inclusão de deficientes no mercado de trabalho vão desde a questão social até a financeira. “É uma questão de cidadania, por ser um direito, mas também econômica e de resgate da autoestima”, diz Susi, que

tem o reforço de Oliveira em tal afirmação. “Passei a acreditar mais em mim mesmo e a me sentir útil para a sociedade e para a empresa em que trabalho. Também passei a ser mais independente, pagar as

minhas próprias contas e a tirar o estigma de coitado que a sociedade às vezes coloca. Pretendo me aperfeiçoar, fazer uma especialização e chegar a assistente de avaliação olfativa”, informa o profissional. COLABOROU: LUCIANA LIMA


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Segunda-feira, 14/12/2015 // Inclusão e Acessibilidade // Primeiramão

Em ascensão no mundo todo, a chamada Tecnologia Assistiva tem como foco criar recursos digitais para pessoas com os mais variados tipos de deficiência. O Primeiramão apresenta aqui alguns desses aparelhos inovadores, ‘vestíveis’ (wearables) e aplicativos que podem fazer a diferença no dia a dia de muita gente.

Smartstones Touch Esse pequeno dispositivo em formato de pedra foi projetado para auxiliar o “falar” por meio de métodos nãoverbais. Trabalhando em conjunto com um smartphone conectado, utiliza uma série de gestos, movimentos, ondas, sons e vibrações táteis para enviar mensagens curtas. Como a ideia é facilitar o contato das pessoas que não podem ou não conseguem falar com a família e os amigos, esse gadget também pode ser bastante útil para crianças e idosos. Fácil de usar, as Smartstones foram desenvolvidas com o apoio de instituições médicas, cientistas e até pacientes.

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Disponível no site: Smartstones.co. Pré-venda a partir de US$ 99 a US$ 799 (dependendo da quantidade).

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gadgets para pessoas com necessidades especiais Aplicativo Be My Eyes

Caneta ARC

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A Dopa Solution desenvolveu a caneta ARC, uma ferramenta para pessoas que sofrem de Parkinson. on. Maior que uma caneta normal, o dispositivo utiliza vibrações para combater os tremores das mãos e estimula ula os músculos de forma que o ato da escrita fique mais fácil. De acorcordo com os criadores, a invenção será eficaz contraa a micrografia, que faz com que a caligrafia se tornee menor e mais apertada conforme a enfermidade avance.

Aplicativo Talk Different

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Com um layout simples e divertido, esse novo aplicativo utiliza mais de 700 imagens, cores, ícones e sons para criar mensagens que podem auxiliar pessoas com deficiência auditiva a se comunicar com os outros. Ele foi desenvolvido por Marie Spitz, uma mãe francesa cuja filha, Pauline, é autista e sofre com um grave distúrbio na fala. Descritas como “universais”, as funções do app servem para pessoas do mundo todo, não importa língua ou cultura.

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Download no site: Talkdifferent.com. Para iOS (US$ 0.99 celular e US$ 4.99 tablet) e Android (R$ 3,22).

Sapatos Lechal

Esse app tem como meta conectar pessoas cegas com voluntários que enxergam. Os deficientes visuais utilizam o vídeo chat de seus telefones para solicitar ajuda de qualquer tipo, como ler os ingredientes de uma embalagem ou pedir orientações sobre como chegar a determinado local. Os voluntários, por sua vez, recebem uma notificação e só precisam “emprestar os olhos” para quem necessita.

Pensando nos deficientes visuais, a startup indiana Lechal criou sapatos esportivos inteligentes que contam com GPS e vibram para indicar ao usuário qual é a direção correta a se seguir. Sincronizado com um aplicativo doo Google Maps, os dispositivos podem ser usados em qualquer er lugar do mundo e ados, aas também servem para contar o número de passos dados, calorias queimadas e a distância percorrida.

Download no site: Bemyeyes.org, Para iOS, grátis.

Disponível no site: Lechal.com. Preço sob consulta.

Mais informações: Dopasolution.com. Ainda sem pre preço e data de venda definidos. ENTREVISTA//

de desenvolvimento. Na verdade, ainda há uma relutância compreensível para investir em um produto novo.

Há cada vez mais dispositivos do tipo no mercado. O que eles representam? A tecnologia de hoje oferece ajuda significativa para muitas pessoas com necessidades, mas somente se for acessível financeiramente, fácil de achar e que conte com suporte adequado. Bom, então os preços altos explicariam por que eles ainda não são populares? Esses dispositivos variam dos mais simples (low-tech) aos mais sofisticados (high-tech). O grande problema está no fato de que os simples não são vistos como atraentes

Dispositivos com recurso de ‘ajuda inteligente’ são mais úteis

Fred Chalub/ Folhapress

pelas empresas já que os lucros são mínimos. Quer dizer então que o mercado está

interessado apenas nos mais caros? Sim. Dispositivos hi-tech são produzidos em quantidades muito pe-

quenas e, portanto, são inevitavelmente muito caros e isso significa mais lucro. Os fabricantes são cautelosos sobre custos

Mas o senhor acha que esses aparelhos podem ficar mais acessíveis em breve? Um aspecto promissor é a capacidade de construir uma gama de funcionalidades em dispositivos modernos de alta tecnologia que são produzidos em massa para o mercado mainstream. E muitos deles podem ser personalizados para que fiquem utilizáveis por uma pessoa com deficiência a preços bem mais acessíveis.

Em que os usuários precisam prestar atenção antes de comprar esses gadgets? Algo a se levar em conta é se existe treinamento sobre como usar esses gadgets. Prover treinamento dá bastante trabalho e fica caro, por isso as empresas ainda estão com receio de fornecer isso para os compradores. Uma dica é procurar dispositivos que tragam a função “ajuda inteligente”. JOHN GILL CIENTISTA APOSENTADO E ESPECIALISTA EM TECNOLOGIA DA BRITISH RNIB (INSITUTO REAL NACIONAL DAS PESSOAS CEGAS)


Primeiramão // Inclusão e Acessibilidade // Segunda-feira, 14/12/2015

Getty Images

LANÇAMENTOS//

Conheça os novos amigos que já estão no mercado Budgee Budgee é um amigo artificial criado pela Five Elements Robotics que se comunica e carrega suas coisas. É literalmente uma cesta de basquete sobre rodas que utiliza sensores para te seguir onde você for. Pode ajudar a vida de quem tem dificuldades de locomoção e famílias grandes com muitos filhos, que não têm como carregar todas as coisas.

FURO-i É um robô de interação emocional criado pela empresa sul-coreana Future Robot. O Furo-i Home tem um tablet e mostra uma face android amável com uma variedade de sensores. É capaz de receber ordens diretas de um usuário verbalmente. O usuário pode instruir o robô a ajustar a temperatura ambiente ou ligar e desligar equipamentos de iluminação ou aparelhos.

Robôs prometem facilitar a vida dos seres humanos e até fazer parte dela

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL// ROBÔS PROMETEM REVOLUCIONAR A VIDA DE DEFICIENTES E IDOSOS QUE PRECISAM DE CUIDADOS ESPECIAIS DENTRO DE CASA Durante décadas inspirados pela indústria cultural, os humanos sonham em incorporar robôs à sua rotina. Apesar de inúmeras pesquisas, até agora os resultados alcançados não foram tão promissores, porém, neste ano, foram revelados lançamentos de diversos tipos de autômatos que prometem revolucionar a indústria robótica. Os chamados “robôs domésticos” foram desenvolvidos para ajudar os humanos nos trabalhos de casa. Os desenvolvedores dos autômatos veem enormes chances da invasão das máquinas em todas as casas, consideram o robô como alguém que fará parte das famílias e ajudará os seres humanos em suas tarefas diárias, especialmente as pessoas que precisam de cuidados especiais. “Estes robôs são necessários para as pessoas com deficiência e os idosos, que são os que mais precisam de nossos

cuidados e supervisão”, disse Alexandra Barsukova, diretora de negócios e de desenvolvimento de Branto, um robô com o qual o usuário pode monitorar e gerenciar sua casa mesmo não estando nela. “Os robôs podem ser úteis de várias maneiras: carregam compras e outros objetos de pessoas que precisam andar bastante até suas casas ou mesmo mães com crianças pequenas”, acrescenta Wendy Roberts, CEO da Five Elements Robots, empresa que desenvolveu o Budgee, robô assistente. Ano passado, essa indústria provou ser versátil e superou as expectativas. “Robôs estão conquistando o público e perdendo o rótulo de falhos. A Robótica industrial foi um negócio equivalente a U$ 29 bilhões em 2014 (de acordo com a Federação Internacional de Robótica); vendas de robôs de serviço alcançaram os U$ 3,5 bilhões; e as vendas de robô

pessoal/de casa foram de U$ 1,8 bilhão. Todos deverão crescer 14% ao ano até 2020”, revela Thomas Green, editor chefe da revista Robotics Review. Outro aspecto em que os desenvolvedores trabalham - e ainda está em fase experimental - é a inteligência artificial para robôs pessoais. Três estudantes da Universidade de Maryland e um dos NICTA (Austrália) estão trabalhando na criação de um robô que pode aprender a cozinhar ao assistir tutoriais no YouTube. Li Yi, um dos participantes do projeto, acredita que os robôs com inteligência artificial poderiam fazer parte efetiva da vida dos seres humanos. “Em geral, os robôs têm que ter inteligência e capacidade de raciocinar em cima dos acontecimentos inesperados. Em outras palavras, um robô que é autônomo pode ser parte das famílias”, acrescenta. A inteligência artificial

é precisamente a questão que mais preocupa os críticos de autômatos. Em dezembro passado, o professor Stephen Hawking advertiu em uma entrevista com a BBC que a humanidade enfrenta um futuro incerto ao tentar fazer com que com a tecnologia aprenda a pensar por si mesma e se adaptar ao seu ambiente. Em resposta a esses temores, os desenvolvedores dizem que trabalham na inteligência artificial, mas explicam que esta tecnologia ainda está em processo de evolução. Já existem dois robôs pessoais para venda (Papper da Softbank e FURO-i, de Future Robot Coreia do Sul) e mais dois estarão prontos no final deste ano (Jimmy de Intel e Jibo). Além disso, “para 2015, os consumidores estão mais do que prontos para robôs pessoais e têm dinheiro para gastar”, acrescentou Green.

Branto A startup ucraniana Branto desenvolveu um hub que tem uma câmera de 360 graus embutido e alto-falante para a segurança e telepresença, além de ser capaz de operar dispositivos através de Bluetooth, Wi-Fi, ZigBee e infravermelho. Por mais que o robô não tenha uma aparência humanóide, é muito útil no controle de sua casa remotamente pelo smartphone.

Pepper Pepper é um robô humanóide criado pela empresa japonesa SoftBank. Ele vem equipado com recursos e uma interface que permite a comunicação com as pessoas, incluindo a mais recente tecnologia de reconhecimento de voz, tecnologia superior conjunta para realizar gestos, e reconhecimento de emoções que analisa expressões e tons de voz.

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