A cultura do ócio Romana

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Os tempos do lúdico; os jogos do circo; a preocupação com as artes


• No século de Augusto , a paz e a prosperidade económica proporcionadas pelas conquistas e pelo bom governo possibilitaram aos Romanos o usufruto do óciotempo livre. • Inicialmente o tempo livre foi usado de forma austera mas com as conquistas os velhos costumes alteraramse. A Roma chegavam gentes de todas as partes do império: prisioneiros de guerra, escravos, soldados, comerciantes, funcionários, aventureiros… • Quem que mais influenciou os hábitos e os costumes foram os escravos e imigrantes gregos. Os intelectuais e os mais abastados apreciavam a sua cultura e começaram a falar a sua língua, a interessarem-se pela filosofia, música e artes.


Entre os ricos o luxo invadiu as residências e ao penteados e vestuário tornaram-se exóticos.


Os banquetes privados e salões das classes altas popularizaram-se na Roma imperial, sendo acompanhados de música, dança, recitação … Entre os principais anfitriões, contam-se algumas damas da sociedade (Pórcia), cujos salões eram requisitados pela intelectualidade da época.



A ida às termas tornou-se um hábito indispensável e

cada vez mais praticado como ritual social. Continham piscinas de água quente e fria, ginásios, estádios, hipódromos, salas de reunião, bibliotecas, teatros, lojas e espaços verdes ao ar livre. Símbolos de poder político, ostentavam ricas decorações com revestimentos a mármore policromo, belas composições de mosaicos, estuques dourados e estatuária. Praticamente todas as cidades tinham termas, na maioria ofertadas ao povo pelo Estado. As mais famosas de Roma foram as de Agripa , de Trajano ,de Caracala e de Diocleciano.



A sociedade urbana, multifacetada e cosmopolita adquiriu outros hábitos de divertimento: os jogos popularizaramse. Inicialmente ligados aos rituais religiosos tornaram-se meios de entretenimento e ocupação do grande número de plebeus sem trabalho que descarregavam nos violentos jogos o seu descontentamento. («política de pão e circo»). Os anfiteatros foram as construções mais populares da arquitectura do lazer. Tinham planta circular ou elíptica, sem cobertura e erguiam-se à altura de vários andares. Foram numerosos em todo o império e ainda hoje se conservam alguns exemplares em bom estado (Nimes, Arles, Mérida,Roma…)


Nos anfiteatros decorriam os combates de gladiadores (profissionais, geralmente escravos, vagabundos ou voluntários atraídos pelos prémios) e as caçadas (inicialmente os combates eram entre feras) e combates entre homens e animais (a partir de Nero os cristãos foram obrigados a lutar contra os animais). Também se realizavam batalhas navais. Os jogos não paravam desde o amanhecer ao pôr-do-sol. A inauguração do Coliseu de Roma prolongou-se por 100 dias, tendo havido no terceiro dia uma espectacular batalha naval


Nos estádios/hipódromos decorriam as corridas de cavalos (as mais apreciadas eram as quadrigas). Os concorrentes davam sete voltas à pista e a passagem dos obstáculos em cada extremidade era muito perigosa. Era possível a realização de cem corridas num dia . Em Roma, no Circo Máximo, as corridas começavam com uma procissão com o prefeito, concorrentes, pessoal das cavalariças e o cônsul e eram maioritariamente financiadas pelos fundos públicos. Os cocheiros ou aurigas vestiam-se por cores (verdes e azuis; vermelhos e brancos) e cada uma tinha os seus partidários nas bancadas que participavam ruidosamente e faziam apostas.


Outras festividades públicas tradicionais em Roma eram as Grandes Procissões que estão na origem das representações teatrais: bailarinos e mimos saíam à rua para representar uma espécie de mascarada ritual frente às estátuas dos deuses. A esta tradição os Romanos associaram a influência do teatro grego, dando origem ao teatro romano. No teatro representavam-se tragédias e comédias mas são as últimas as que melhor se conhecem e parecem transmitir a identidade romana. O teatro também era celebrado em festividades privadas, nomeadamente as fúnebres.


Entre as classes mais cultas e entre a aristocracia provinciana, as práticas citadinas eram repudiadas (Catão de Útica foi dos mais inflexíveis na defesa dos valores tradicionais e, antes de Júlio césar usurpar os poderes em Roma, suicidou-se, dizendo não conseguir sobreviver ao colapso da República romana). As classes superiores preferiam o refúgio nas villas campestres, rodeadas de conforto e onde os prazeres simples do campo se associavam aos da leitura, da música, da filosofia ou das artes que conheceu, neste período, o seu primeiro mercado privado entre a elite próspera e sofisticada do império

Citações dos manuais de História da Cultura e das Artes


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