Caderno TGI II _ Michele Rossi

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MICHELE_ROSSI

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS



MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS

TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO CAP: Joubert Lancha, Lucia Shimbo e Simone Vizioli TGI 2012_MICHELE MARTA ROSSI UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Esse caderno é uma síntese do processo do projeto: Museu da Cidade de Campinas desenvolvido no Trabalho de Graduação Integrado pela aluna Michele Marta Rossi pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

São Carlos, 2012



Gostaria de deixar aqui registrado o meu sincero agradecimento à todos que contribuíram direta ou indiretamente para concretização deste trabalho. Ao Grande Criador do Universo, por me proporcionar força, sabedoria e tantas conquistas no decorrer de minha vida. À toda equipe do IAU-USP, professores e funcionários que deram todo o apoio durante a graduação, em especial aos professores Joubert Lancha e Miguel Buzzar pelo cuidado e atenção dedicados durante este ano de trabalho em conjunto. À toda equipe do Museu da Cidade de Campinas e do CONDEPACC em especial ao historiador Américo Baptista Villela e ao arquiteto Luiz Antonio Martins Aquino. Aos professores do Departamento de Estruturas da EESC_USP, em especial aos professores: Jorge Munaiar Neto e José Samuel Giondo. À arquitetura 08 , minha segunda família, em especial ao grupo em família. À Camila Teixeira e Paula Jareta pela companhia, auxílio e apoio compartilhados durante este ano. Às amigas Lais Sêga, Bruna Olandin e Talita Costa pelas opiniões e pela ajuda. Sou muito grata à vocês. Ao meu namorado, Marcos Henrique por se mostrar tão presente mesmo distante. Sem palavras para agradecer. E por fim, à todos meus familiares e amigos e especialmente aos meus pais Laércio e Jussara Rossi e ao meu irmão Lucas Rossi, pelo amor incondicional e por serem meu porto seguro!

AGRADECIMENTOS



“ A tradição é um desafio à inovação.” Álvaro Siza

"…não simplesmente restaurar, mas também criar novos desenhos que abriguem, amparem e expressem hábitos

urbanos contemporâneos, do tempo que vivemos." Paulo Mendes da Rocha


INTRODUÇÃO

7

PRÉ_TGI

10

UNIVERSO_PROJETUAL

12

AÇÕES_PROJETUAIS

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CONTEXTO

24

CONTRASTE

35

CONEXÕES

50

PROJETO

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REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

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INTRODUÇÃO 7


Toda cidade tem uma história, que evolui e se constrói no tempo, uma construção embasada em camadas ou fragmentos de camadas em que seus respectivos elementos vão se sobrepondo, se fundindo, se somando e se subtraindo constantemente, resultando em uma verdadeira diversidade oriunda dos variados ciclos de desenvolvimento econômico, social, cultural que podem ser

ilustrados através das edificações, que são a memória visível desta evolução urbana. A importância de preservar esses vários momentos em que na cidade estão representados, para que esse conjunto de bens continue fazendo parte da vida das pessoas ainda que adquirindo novos usos ou significados e sejam preservados como patrimônio coletivo; não consiste simplesmente em restaurar, mas sim em preservar. Ao propor uma arquitetura gerada essencialmente da preexistência, busca-se explicitar diferentes possibilidades de conexões entre temporalidades de modo a enfatizar os contrastes e não confundir ou tão pouco mimetizá-los. Acredita-se que preservar as preexistências não consista em não as tocar por excesso de zelo, mas sim realizar um estudo cuidadoso a fim de levantar os aspectos potenciais desta situação que irão permitir este diálogo harmônico com o contemporâneo. As ações projetuais que guiaram as escolhas decorrentes no processo de desenvolvimento do projeto a fim de organizá-las e as justificar, apontando as premissas e os resultados que se buscava para este trabalho são apresentadas em três camadas: CONTEXTO, CONTRASTE e CONEXÕES. O CONTEXTO urbano é o centro de Campinas, área consolidada, complexa e composta por um conjunto de variáveis que interferem significativamente na dinâmica local como: as preexistências que são subutilizadas (Estação Ferroviária de Campinas, a ferrovia, o túnel de pedestres da Fepasa, o edifício da antiga fundição Lidgerwood, atual museu da cidade que é objeto de estudo desta pesquisa), intervenções viárias como foi o caso da implantação do Complexo Joá Penteado que acabou por ilhar a área por vias de alto fluxo de automóveis e por fim a predominância

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INTRODUÇÃO

comercial o que sugere um uso prioritariamente diurno, acarretando em um cenário noturno marcado pela insegurança. A proposta de reformulação e expansão do Museu da Cidade de Campinas tem como intuito a mudança desta dinâmica local ao passo que propõe um espaço onde a sociedade é convidada e instigada a repensar o conceito de cidade e recriá-lo. O programa do museu é dividido em três espaços: espaços de produção, de apropriação e exposição. O museu é visto então como algo em constante processo de constituição e não como uma peça acabada. Ao propor a expansão do Museu a partir de uma nova edificação em quadra adjacente é abordada a segunda camada de atuação do projeto, o CONTRASTE. A nova edificação apresenta forma e materialidades contemporâneas, ressaltando assim a temporalidade distinta de cada edificação. A antiga fundição Lidgerwood de tijolos, densa e opaca é contrastada pela forma do anexo, derivada de um volume puro, leve e translúcido conseguido através da estrutura de aço corten e vidro. A intervenção se completa a partir da terceira camada de atuação, as CONEXÕES do Museu e do anexo com o contexto urbano circundante. A área do projeto além de ser uma região limítrofe do Centro é circundada por vias de alto fluxo de automóveis o que faz com que o fluxo de pedestres ainda que intenso dificilmente a atinja. Uma das intenções deste projeto é subverter esta lógica, trazendo os eixos peatonais para o interior da quadra a partir do prolongamento do túnel de pedestres da Fepasa que chega em uma galeria subterrânea ao museu, a abertura dos muros que delimitam a quadra do Museu da Cidade em pontos estratégicos e a ligação ao anexo por uma passarela.

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PRÉ_TGI


PRÉ_TGI

Ao

propor

uma

arquitetura gerada essencialmente da preexistência, busca-se explicitar diferentes

possibilidades

de

conexões entre duas temporalidades de modo a enfatizar os contrastes e não confundir ou tão pouco mimetizálos.

Uma

arquitetura

que

tenha como forma volumes puros, mas que as diversas camadas que a constituem possam resultar em uma experiência instigante e complexa de significados.

Palavra: CAMADAS

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UNIVERSO PROJETUAL


UNIVERSO PROJETUAL

Na definição do universo projetual houve uma aproximação a obras e pensamentos

de vários arquitetos que se relacionavam a conceitualização já previamente estabelecida no pré-TGI. Logo, a busca por uma arquitetura gerada essencialmente da preexistência se mantém, no entanto as análises destas referências acabaram por guiar o modo como essa arquitetura se desenvolveu. Assim como nas obras de intervenção em preexistências e patrimônios históricos de Lina Bo Bardi e do Brasil Arquitetura pretendeu-se para a arquitetura neste trabalho proposta um estudo cuidadoso da preexistência, mantendo e intervindo apenas aonde se julgar necessário,

marcando sempre a intervenção de modo a enfatizar e contrastar a conexão entre duas temporalidades distintas. A forma que se deseja é um volume puro ou uma forma que derive de pequenas ações em volumes puros como nas obras de Tadao Ando, mas que o interior traduza a densidade e complexidade do contexto urbano e da contemporaneidade enfatizadas nas propostas de Rem Koolhaas. E que a relação de identidade da arquitetura proposta com o usuário ocorra a partir do momento em que este compreenda o modo como esta foi desenvolvida e elaborada como nas obras de Aldo van Eyck.

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ALDO VAN EYCK

Aldo Van Eyck buscou entender a maneira como o homem percebe, apropria e utiliza o espaço

na

convivência

em

grupo.

Por

isso,

principalmente nos seus projetos para os playgrounds

de Amsterdã, localizados em espaços residuais do contexto urbano, o desenho buscava uma interação com o tecido urbano ao redor, além de ser composto por elementos originários a partir de formas mínimas a fim de estimular a imaginação, a apropriação e diferentes formas de interpretação dos usuários. A

relação de identidade ocorria, então, a partir de uma arquitetura pedagógica, em que o indivíduo após manipulá-la, a entendida e a reconhecia.

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UNIVERSO PROJETUAL

LINA BO BARDI

A

arquitetura de Lina Bo

Bardi é o encontro da sua formação erudita com a cultura popular brasileira, ao passo que Lina conseguiu ver esta como uma significativa

matéria-prima

para

sua

produção. Lina suas

obras

preexistências

de e

principalmente

em

intervenção

em

patrimônios

históricos

contrasta as duas temporalidades seja através da forma ou da materialidade enfatizando assim o valor e a linguagem de cada momento.

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TADAO ANDO

A arquitetura de Tadao Ando consiste

no método compositivo formal do Modernismo, ao passo que trabalha a partir de composições derivadas de formas puras. Todavia, atribui também uma grande importância às peculiaridades do contexto, recriando a arquitetura japonesa, constituindo assim uma importante figura do Regionalismo Crítico,

Segundo Tadao Ando ao desenvolver espaços

de

grande

complexidade

em

formas

geométricas puras, encerra-se o imprevisível, além de estimular a consciência do usuário.

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UNIVERSO PROJETUAL

BRASIL ARQUITETURA

A obra do Brasil Arquitetura

é uma expressão atual e brasileira, sendo eles discípulos de Lina Bo Bardi continuam a sua respectiva tradição baseado no respeito ao preexistente,mas sem receio de propor a linguagem da modernidade. Logo, as obras do grupo são caracterizadas pela dialética

entre

tradição

e

invenção,

buscando respeitar a memória, tradições e contexto ao qual se inserem.

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REM KOOLHAAS

Para entender a complexidade da

obra de Rem Koolhaas é necessário compreender que estas são um reflexo da sua respectiva análise sobre a cidade. Assim, este arquiteto chega a novas soluções e conceitos para programas antigos, como pode ser observado na Biblioteca de Jussieu, projeto para concurso em

que o arquiteto resolve a

disposição de usos a partir da proposta de caminhos que são a continuidade do solo urbano, planos inclinados que sugerem

uma trajetória simples

semelhante ao de uma rua em que ele dispõe os usos e elementos urbanos como praças, cafés.

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AÇÕES PROJETUAIS 19


As escolhas

ações

decorrentes

projetuais no

guiaram

processo

as de

desenvolvimento do projeto a fim de organizá-las e as justificar, apontando as premissas e os resultados que se buscava para este trabalho. As ações são apresentadas em três camadas:

CONTEXTO, CONTRASTE e CONEXÕES.

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AÇÕES PROJETUAIS

A

cidade

preexistente,

mais

especificamente os intervalos ou espaços residuais derivados de edificações preexistentes, buscando sempre um diálogo com o tecido urbano já consolidado

CONTEXTO

através da implantação e da observação atenta de questões como topografia, fluxos peatonais e de veículos, entre outros.

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Pela forma que será derivada da adição,

subtração, fusão ou justaposição de volumes puros e pela materialidade a partir do uso de materiais contemporâneos ou através de processos construtivos que se perpetuam até os dias atuais a fim de marcar a intervenção.

CONTRASTE

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AÇÕES PROJETUAIS

Que a edificação proposta estabelecerá com os edifícios preexistentes seja a partir do:

DISTANCIAMENTO_ em que não haverá a conexão física entre as edificações, sendo esta, no entanto, visual.

APROXIMAÇÕES_ ligações físicas entre as edificações. Estas poderão ocorrer por: fluxos, fusões ou por fragmentos.

CONEXÕES

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CONTEXTO


CAMPINAS

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A cidade de Campinas, situada na Região Metropolitana de São Paulo que atualmente se configura no terceiro município mais populoso do Estado e com alto Índice de Desenvolvimento Humano foi o contexto escolhido para embasar este trabalho. No entanto, o interesse por esta cidade se deu pelas diversas camadas que a constituíram. Serão apresentadas neste momento somente as camadas pertinentes para a contextualização e desenvolvimento do projeto.

1721: Estrada aberta para as expedições de exploração da mineração goiana. 1774: Elevada a Vila de São Carlos. 1842: Elevada a cidade de Campinas. 1872: Inauguração do trecho férreo Campinas- Jundiaí. 1889-1897: Epidemia de Febre Amarela. 1929: Queda da Bolsa de NY. 1934- 1962: Implementação do Plano de Melhoramentos Urbanos (Prestes Maia). 2012: Cidade contemporânea.

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CONTEXTO

HISTÓRICO DE CAMPINAS

A cidade surgiu de uma estrada aberta para que as expedições de exploração da mineração goiana não passassem pelo estado de Minas Gerais, estrada esta que se configurou em um pouso para as bandeiras que por ali passavam. O trânsito crescente e a necessidade de abastecer as bandeiras determinaram o plantio de cereais e o êxito das colheitas, o pouso se expandiu então em núcleos de povoamento que desenvolveram atividades de subsistência e de escambo e mesmo posteriormente com o declínio da mineração e consequente diminuição no trânsito da estrada, estes se mantiveram. Com o aumento da população, os moradores passaram a solicitar independência político-administrativa, sendo em 1774 elevada a Vila de São Carlos e em 1842 em cidade, recebendo o nome de Campinas. Este contexto era marcado pelo declínio da economia açucareira e crescente investimentos na economia cafeeira. Em 1870, Campinas já era considerada o município mais rico da província paulista com 33 mil habitantes. E em 1872 com a inauguração do trecho férreo Campinas-Jundiaí, a produção de café transformou o município em um dos maiores e mais vigorosos polos econômicos do país. No entanto, de 1889 a 1897 a população campineira quase foi dizimada por uma epidemia de Febre Amarela. A epidemia além de alterar o perfil da população de Campinas que migrou de uma população essencialmente campineira para uma formada em sua maioria por imigrantes que chegavam diariamente para o trabalho nas lavouras, também promoveu diversas transformações urbanas, principalmente de ordem urbanístico-sanitária. Em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova York, consequente declínio da economia cafeeira e com a ascensão de Getúlio Vargas em 1930 ao poder do país, houve um grande investimento na industrialização. As indústrias se tornaram os motores da economia e a principal causa de urbanização dos municípios.

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Campinas contou com importante nome do Urbanismo para um dos principais projetos urbanísticos do município, Prestes Maia. O “Plano de Urbanismo”, plano original de Prestes Maia, tinha caráter mais geral, englobando diversos aspectos de organização da cidade; o sistema de radiais e perimetrais que o engenheiro projetou promovia a inserção de outras escalas da infraestrutura do tecido urbano e assim, permitiria a futura expansão do seu perímetro. Ao mesmo tempo, mantinha a ideia de um centro nucleado como foco de sua dinâmica urbana. No entanto, segundo Badaró (1996) o plano urbanístico aplicado em Campinas de 1934 a 1962, “O Plano de Melhoramentos Urbanos de Prestes Maia”, foi uma reformulação do projeto original de Prestes Maia, ao passo que diferentemente do primeiro enfatizava apenas os aspectos viários do plano.

“A implementação deste plano viário trouxe como consequência ao município construções e alargamentos de vias, mas também a destruição indiscriminada de áreas verdes e edificações antigas, colocando abaixo diversos marcos e símbolos da arquitetura e cultura campineira. Neste contexto, surgiram diversos movimentos contestatórios que favoreceram o engajamento artístico às causas políticas, ambientais e sociais, entre eles estava o grupo Febre Amarela que surgiu em 1980 e foi oficializado em 1985 (...)O grupo propunha intervir no ambiente urbano de modo a reagir contra a destruição do patrimônio arquitetônico de Campinas” (BRITTO,2008).

O grupo Febre Amarela conscientizava a população local da importância das edificações, promovia manifestações públicas de abraço e vigília aos edifícios, filmava as tentativas de demolições e suas respectivas ações para impedi-las e foi a partir deste grupo que houve o fortalecimento da questão da preservação do patrimônio histórico da cidade, sendo criado em 1987 em Campinas, o CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) (BRITTO,2008).

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CONTEXTO

Foram duas situações enfrentadas pelo Febre Amarela que culminaram na criação do Conselho: a primeira ocorreu em 1986, quando a Prefeitura Municipal determinou alterações no Largo do Rosário, no entanto estas não poderiam ocorrer sem autorizações do CONDEPHAAT, uma vez que a área estava na envoltória da Catedral Metropolitana tombada por este órgão. E a segunda, ocorreu em 1987, com as ações de combate à demolição do prédio da antiga fundição Lidgerwood Manufacturing Co. para implantações de um novo traçado viário do Centro da cidade (projeto que pretendia ligar a Suleste, atual Lix da Cunha à avenida Aquidaban). O presidente do Febre Amarela recebeu uma denúncia por telefone da demolição do edifício que abrigou por muito tempo uma das primeiras fábricas de Campinas. O arquiteto então filmou os técnicos no local, registrou boletim de ocorrência, e a partir de então membros do grupo e moradores locais montaram vigília no local, culminando em um simbólico abraço da edificação. A situação foi levada ao conhecimento do CONDEPHAAT que diante da relevância do imóvel, deu início ao seu estudo de tombamento inviabilizando assim a concretização do plano viário para aquele local e consequente demolição do edifício da antiga fundição. Devido à inexistência de um órgão de instância municipal houve a necessidade do apelo ao âmbito estadual, por essas razões em dezembro de 1987 é criado em Campinas o conselho local de defesa do patrimônio, o CONDEPACC. Assim, diante desta problemática é possível averiguar que o prédio da Lidgerwood, objeto de estudo deste trabalho, foi foco de acontecimentos fundamentais para a história do patrimônio cultural de Campinas.

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CONTEXTO

ANÁLISE DA ÁREA A área de projeto está localizada em uma região limítrofe do centro de Campinas derivada do encontro da malha ortogonal da cidade com o encontro do traçado sinuoso da linha férrea. Os dois bairros que circundam a área de projeto apresentam características bem distintas. O centro, região consolidada da cidade, apresenta predominância comercial. O calçadão da Treze de Maio se caracteriza como um dos principais pontos comerciais de Campinas. A Vila Industrial situada do outro lado da linha férrea é também uma região consolidada de Campinas, no entanto apresenta uma dinâmica totalmente diversa ao centro, já que é predominantemente

habitacional. Embora a área seja contemplada por um alto fluxo de automóveis, uma vez que tem ligação com as principais rodovias da região, apresenta também um significativo fluxo peatonal. Os principais pontos atratores de fluxos da região em questão são: a Rodoviária de Campinas, o Terminal Viaduto Cury e o Calçadão da Treze. Além do túnel de pedestres locado sob a linha férrea que promove a ligação entre a Vila Industrial e o Centro.

Logo, a área se configura como uma região de passagem devido a este alto fluxo de automóveis e pedestres, além de contar com perfis de usuários bem diversificados

no quesito

socioeconômico.

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ÁREA DE PROJETO

MALHAS QUE CONSTITUEM A ÁREA

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CENTRO_PREDOMINÂNCIA COMERCIAL

CONTEXTO

VILA INDUSTRIAL_PREDOMINÂNCIA RESIDENCIAL ÁREA DE PROJETO

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PRINCIPAIS PONTOS ATRATORES DE FLUXO

ÁREA DE PROJETO PRINCIPAIS EIXOS PEATONAIS

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CONTRASTE 35


O contraste como já fora dito anteriormente ocorrerá pela forma da nova edificação proposta que será derivada da adição, subtração, fusão ou justaposição de volumes puros e pela materialidade a partir do uso de materiais contemporâneos ou através de processos construtivos que se perpetuam até os dias atuais a fim de marcar a intervenção. Logo, neste capítulo serão apresentadas as importantes preexistências presentes na área de projeto que permitirão diante da intervenção proposta este contraste entre duas temporalidades.

ESTAÇÃO CULTURAL DE CAMPINAS O edifício da antiga ferroviária de Campinas sedia atualmente a Estação Cultural de Campinas. Tal instituição não tem uma programação cultural fixa, logo recebe esporadicamente palestras, shows e visitas de grupos escolares. Disponibiliza de uma estrutura composta por duas salas de reuniões, dois salões de exposição e um auditório. Além destas atividades o edifício é sede da Secretaria de Esporte e Lazer, da biblioteca infantil Monteiro Lobato, do CONDEPACC , da Junta Militar e do Centro Profissionalizante “ Antonio da Costa Santos”, o CEPROCAMP.

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ESTAÇÃO CULTURAL DE CAMPINAS

ÁREA DE PROJETO

ESTAÇÃO CULTURAL DE CAMPINAS


CONTRASTE

LIDGERWOOD MANUFACTURING COMPANY O edifício construído em 1885 além de ser uma das primeiras indústrias de Campinas e testemunho arquitetônico da prática construtiva trazida pela ferrovia, foi foco de acontecimentos fundamentais para preservação do patrimônio cultural de Campinas.

1987-1990: Processo de tombamento pelo CONDEPACC.

1992: Inauguração do Museu da Cidade de Campinas.

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CONTRASTE EDIFÍCIO LIDGERWOOD- ATUAL MUSEU DA CIDADE

ÁREA DE PROJETO

EDIFÍCIO LIDGERWOOD_ ATUAL MUSEU DA CIDADE

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LIDGERWOOD MANUFACTURING COMPANY A Lidgerwood Manufacturing surgiu nos Estados Unidos e chegou ao Brasil, na cidade do Rio de Janeiro em 1862, tendo como seu fundador o encarregado de negócios William Van Vleck Lidgerwood. A sua vinda ao Brasil estava, provavelmente, relacionada ao surto de algodão na Província de São Paulo, uma vez que importava descaroçadores de algodão de fabricação americana. Em 1868 abriu seu primeiro depósito na cidade de Campinas, situado inicialmente na Rua do Rosário, atual Avenida Francisco Glicério, mas em decorrência do desenvolvimento dos transportes, da economia cafeeira e pela facilidade de escoamento da produção, a companhia construiu seu prédio em um terreno a frente do Largo da Estação, na Avenida Andrade Neves. Neste momento, a fundição, de ferro e bronze, produzia maquinário para o beneficiamento de algodão e café (descaroçadores, descascadores, ventiladores, catadores, máquinas para picar fumo, arolhar garrafas, além da fabricação de peças ornamentais fundidas, como bandeiras de portas, grades, entre outros). Em 1889, como já fora citado, Campinas passa por uma epidemia de Febre Amarela e com isso, algumas indústrias que se instalavam pela cidade a deixaram. No ano seguinte então, a

Lidgerwood transferiu seus negócios para a capital do estado, mas manteve a filial campineira que funcionou no mesmo lugar até 1922. Neste ano, a empresa fechou suas portas em Campinas e vendeu o antigo galpão para a empresa Pedro Anderson & Co e em 1928 teve suas dependências vendidas a Companhia Paulista de Estradas de Ferro (FEPASA).

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CONTRASTE

O EDIFÍCIO O prédio da antiga fundição Lidgerwood que foi construído em 1885 e passou abrigar as funções da indústria já em 1886 (LORETTE, 1991). Encontrava-se em um terreno resultante do encontro da malha ortogonal da cidade com o desenho sinuoso da linha férrea e apresentava como solução espacial o modelo das indústrias norte-americanas após meados do século XIX, soluções essas, adaptadas dos antigos modelos ingleses. A construção ficou sob responsabilidade de Heinrich Husemann, engenheiro alemão, um dos mais requisitados nesta época em Campinas. “O corpo “principal” do prédio, salientado pela topografia levemente acidentada, foi dividido em três pisos: o porão como continuação da fundição e oficinas, o escritório com a porta voltada ao Largo da Estação e aos fundos, o “show-room” para exposição das máquinas e peças; e o sótão com o piso que divide o pé-direito, provavelmente utilizado como depósito de peças de montagem”. (LORETTE, 1991, p.08).

Segundo explicitado no processo de tombamento, a importância deste edifício se configurou por ter sido a primeira indústria de Campinas a produzir equipamentos para a mecanização agrícola, que atendia as necessidades de “progressos” dos fazendeiros de café dessa época e também pelo testemunho arquitetônico da prática construtiva trazido pela implantação da Ferrovia, neste caso em especial, pelo edifício possuir além dos materiais de construção importados da Inglaterra, materiais fabricados na própria indústria.

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No entanto para Lorette (1991), o edifício da Lidgerwood se configura como uma construção primorosa deste período pelo uso racional de tijolos e madeiras, proporcionando ritmos novos à fachada, além de soluções espaciais adequadas à função industrial, de acordo com o pesquisador o uso do tijolo em Campinas era anterior a 1868, mas na construção do prédio da Lidgerwood foram aproveitadas pela primeira vez, as qualidades decorativas deste material.

“A Companhia Lidgerwood soube aproveitar das qualidades decorativas do tijolo, enriquecendo a superfície de suas paredes com saliêcias (...) O prédio se constitui de embasamento com pedras entaipadas (misturadas com barro) em sua periferia, e sobre esse, paredes autoportantes de alvenaria de tijolos aparentes. O aparelhamento dos tijolos é do tipo inglês (...) As telhas são de Marselha e no galpão da fundição foram utilizadas telhas onduladas de zinco, substituídas por novas inglesas, em 1925. As calhas e condutores eram confeccionados em cobre, porém, muitas delas foram substituídas por zinco, e depois, ferro zincado” (LORETTE, 1991, p.10).

Para a caixilharia e folhas das portas e janelas da fachada foram usada madeira pinho-de –Riga que segundo Lemos era de talho fácil e comportamento absolutamente estável. Já nas portas da parte inferior ou nas tesouras dos telhados foi utilizada peroba. Nas esquadrias das janelas, grades do porão e bandeira de portas e janelas o uso do ferro fundido na própria fundição foi presente

e no intuito de personalizar o edifício as bandeiras apresentam uma águia em relevo sobre o tronco, referência simbólica ao brasão dos Estados Unidos, com fundo de ramos de café e algodão, lembrando as duas culturas ao qual a empresa se dedicou na produção de maquinário para seus respectivos beneficiamento (LORETTE, 1991).

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CONTRASTE

Como já fora dito anteriormente, após a desativação da fundição Lidgerwood o prédio passou por outros dois donos e com isso sofreu várias intervenções a partir da década de 20 a fim de se adequar as novas funções. Durante o processo de tombamento o edifício ficou abandonado e à mercê das deteriorações causadas pelas intempéries. O processo do edifício teve início em janeiro de 1989 e assim que o CONDEPACC aprovou o tombamento do edifício Lidgerwood em 1990, este já tava destinado a sediar o Museu da Cidade de Campinas.

O PROJETO MUSEOLÓGICO No Processo de Tombamento consta que o único projeto museológico para o Museu da Cidade de Campinas foi do Secretário Municipal da Cultura e Turismo de 1990, Célio Turino, o qual idealizava um espaço em que houvesse a quebra da hierarquia característica até então em espaços de museus, onde o que é preservado e estudado é a história das elites e não a popular. O projeto conceitual idealizado por Célio Turino teve o seu respectivo projeto arquitetônico e de restauro desenvolvido pelas arquitetas Ana Aparecida Villanueva, na época supervisora do CONDEPACC e Sandra Maria Geraldi. A execução deste projeto foi divida em três etapas, sendo apenas duas concluídas. A execução das obras ficou sob responsabilidade da Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO), sob forma de patrocínio, a título de apoio cultural. Segundo a arquiteta Ana Villanueva, no projeto de restauro do edifício Lidgerwood ela se utilizou do olhar respeitoso e das orientações da Carta de Veneza.

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O programa do projeto arquitetônico previa: auditório, bar-café, livraria, área de convivência, área de exposição, reserva técnica, administração e sanitários. Atualmente o museu se encontra em estado bastante precário e de abandono, configurando-se em um verdadeiro depósito de acervo, além de ser uma instituição desconhecida por grande parte da população campineira.

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TÚNEL DE PEDESTRES SOB A LINHA FÉRREA

ÁREA DE PROJETO

TÚNEL SOB LINHA FÉRREA


CONTRASTE

TÚNEL DE PEDESTRES SOB LINHA FÉRREA

O túnel de pedestres sob a linha férrea foi construído em 1918 em resposta ao crescimento habitacional da Vila Industrial. O túnel sob a gare da Estação Ferroviária de Campinas foi construído pela Companhia Paulista e promove a ligação entre o Centro e a Vila Industrial diariamente das 6 às 23 horas. O túnel de aproximadamente 160 metros de extensão, 2 metros de largura e 4 metros de profundidade tem paredes de tijolos caiados, sendo a sua cobertura em mesmo material em abóbada de berço, o piso é de ladrilhos hidráulicos nas cores preta e natural (cimento) e as escadas de acesso também são de concreto. Os vestíbulos do túnel localizados nas ruas Lidgerwood e Coronel Antonio Manoel com Francisco Teodoro são de estruturas metálicas apoiadas sobre embasamento de tijolos caiados.

A ventilação no percurso é permitida por um único orifício circular locado no centro deste e a iluminação é predominantemente artificial. O túnel que pertence ao Complexo Ferroviário foi tombado pelo CONDEPACC no processo deste Complexo.

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CONEXÕES


CONEXÕES

A área de projeto além de ser uma região limítrofe do centro é circundada por vias de alto fluxo de automóveis, o que faz com que tal área fique “ilhada”. Uma das intenções deste projeto é subverter esta lógica, trazendo os eixos de fluxos peatonais para o interior da quadra ou permitindo que estes sejam realizados de forma mais segura Logo, tem-se como premissa o prolongamento do túnel de pedestres para o interior da quadra, chegando em uma galeria subterrânea, a abertura dos muros que delimitam a quadra do Museu da Cidade em pontos específicos transformando este espaço em local permeável aos pedestres e por fim a ligação ao anexo do Museu, locado em quadra adjacente, a partir de uma passarela.

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ÁREA DE PROJETO VIAS DE ALTO FLUXO DE AUTOMÓVEIS

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


ÁREA DE PROJETO

CONEXÕES

VIAS DE ALTO FLUXO DE AUTOMÓVEIS CONEXÕES PROPOSTAS COM O ENTORNO

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PROJETO


PROJETO

O PROGRAMA A proposta de projeto promove a continuidade do programa já existente no local, de Museu da Cidade de Campinas. Como já fora dito anteriormente, o Museu tem sede no antigo edifício da fundição Lidgerwood que é caracterizado como uma das preexistências subutilizadas da área de projeto. Por razões de ordem financeira, esta instituição promove esporadicamente atividades

e

pequenas exposições do acervo próprio, o qual grande parte já está deteriorado. Logo, o Museu é tido atualmente como um depósito de acervo, além de ser desconhecido muitas vezes até pela própria população campineira. Tendo isso em consideração, decidiu-se por um projeto de reformulação e expansão da área do Museu da Cidade de Campinas. O programa é então dividido entre a quadra da antiga fundição Lidgerwood e o anexo, locado em quadra adjacente. Todavia, para que isso seja possível é necessário entender primeiramente: o que é um Museu da Cidade? E o que significa um Museu da Cidade na cidade contemporânea? A seguir será apresentado o conceito de Museu da Cidade, segundo Célio Turino, secretário da Cultura em 1992 quando houve a inauguração do Museu da Cidade de Campinas e idealizador do projeto museológico deste. E também a visão do que vem a ser esta instituição segundo o Comitê Internacional para coleções e atividades dos Museus da Cidade. “A proposta básica do projeto era direcionar a atuação do museu para as diferentes formas do cidadão conhecer e olhar a cidade, entendidas como apropriação, interpretação e transformação para problematizar questões relacionadas à cidade e à cidadania, o museu teria como linhas de abordagem a produção cultural, a ocupação espacial e a organização social, política e econômica de Campinas (...) Em linhas gerais o museu deveria ser um centro de pesquisa, preservação e divulgação da história e da memória de Campinas e um centro difusor para propostas de preservação do patrimônio urbano”. (Luciana Britto sobre o projeto museológico de Célio Turino).

55


“ Os museus de ou da cidade são centros especializados na história e na cultura urbanas, dedicados à seleção, conservação, pesquisa, exposição dos patrimônios natural e artificial, material e imaterial das cidades onde estão sediados, devem acolher a multidisciplinariedade, a diversidade e a participação comunitária para contribuir com o desenvolvimento humano”. (Comitê Internacional para coleções e atividades dos Museus da Cidade).

COMO É O MUSEU DA CIDADE CONTEMPORÂNEA?

LOCAL ONDE A CIDADE SE REPENSA E SE RECRIA

Logo, o programa apresentado para o Museu da Cidade será dividido em três tipos de

espaços: ESPAÇOS DE PRODUÇÃO, ESPAÇOS DE APROPRIAÇÃO E ESPAÇOS DE

EXPOSIÇÃO. Espaços multiusos, teatro arena, palquinho, café, constituem os espaços de apropriação. Já os espaços de produção são as oficinas de teatro, dança, música, fotografia, artesanato e formação de professores.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

O museu é visto então como algo em constante processo de constituição e não como uma peça acabada.Logo, não apresenta um acervo fixo, a partir do momento que o próprio material neste local desenvolvido é que constitui os espaços de exposição.

ESPAÇOS DE APROPRIAÇÃO

ESPAÇOS DE PRODUÇÃO

ESPAÇOS DE EXPOSIÇÃO

57


A IMPLANTAÇÃO A busca por uma arquitetura gerada essencialmente de uma preexistência é ressaltada na implantação do edifício proposto ,o anexo do Museu da Cidade de Campinas. A forma desta nova edificação surge de um volume simples: o retângulo que tem uma das suas quinas, a voltada para o edifício da antiga fundição Lidgerwood, subtraída; resultando assim em uma grande face voltada para esta preexistência. A área triangular que se forma entre as duas edificações, configura-se em ambas as

quadras em grandes áreas de apropriação pública e de continuidade do tecido urbano. Como diretriz para Estação Ferroviária, atual Estação CulturaL, propõe-se a manutenção do seu programa e a instalação de um Poupatempo.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


ÁREA DE PROJETO

PROJETO

EIXOS DA IMPLANTAÇÃO DO EDIFÍCIO PROPOSTO

59


5

4

3

2

1 1. TÚNEL DE PEDESTRES DA FEPASA COM NICHOS DE EXPOSIÇÕES 2. ESTAÇÃO CULTURAL DE CAMPINAS 3. EDIFÍCIO LIDGERWOOD_ATUAL MUSEU DA CIDADE 4. PASSARELA 5. ANEXO PROPOSTO DO MUSEU DA CIDADE

N

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

61


TÉRREO Na

edificação

preexistente,

edifício

Lidgerwood,

atual Museu da

Cidade, a proposta é de um ambiente

expositivo.

edificação algumas

foram

Nesta

realizadas

ações

visando

o

restauro e melhor preservação do edifício, como a aplicação de jatos de areia para a retirada das pichações

e

posterior

impermeabilização dos tijolos e a troca de materiais de vedação das

aberturas

deteriorados

que

como

estão

vidros

e

madeiras. A intervenção proposta para esta edificação consiste em um mezanino, uma grande rampa lateral e uma sala que pode sediar palestras, reuniões e a oficina de formação de professores a cerca da história de Campinas , a importância da preservação e cuidado com as preexistências . As estruturas propostas não tocam no edifício, sendo distantes dele 1m em cada face. A grande rampa metálica vermelha locada lateralmente permite uma espacialidade melhor para a realização de exposições, podendo estas serem transitórias ou permanentes, tendo no segundo caso como mostra o próprio acervo do Museu.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

TÉRREO

6 7

4 5

4

3 1. EDIFÍCIO LIDGERWOOD_ESPAÇO EXPOSITIVO 2. SALA PARA PALESTRAS / REUNIÕES 3. BANHEIROS 4. CAIXAS DE CIRCULAÇÃO VERTICAL 5. CAFÉ-BAR 6. TEATRO ARENA 7. BANHEIROS

2 1

N

63


A sala de palestras totalmente de vidro permite que o usuário permaneça em constante contato ainda que apenas visual com a edificação preexistente, mas o uso da técnica de serigrafia em diferentes densidades no vidro de vedação desta sala até a altura de 1,1m do chão garante a individualidade de cada programa. A rampa lateral e o mezanino permitem a configuração de um acesso alternativo ao museu que não pelo térreo.

Detalhe da serigrafia no vidro da sala de reuniões do edifício Lidgerwood

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

Espaço de exposição no edifício Lidgerwood

65


No térreo da quadra do edifício Lidgerwood foi proposta a retirada do telhado e dos seus respectivos pilares, a realocação de um banheiro externo existente que se encontra em má condições, a retirada do portão e a proposição de rampas, com o objetivo de possibilitar um uso público mais dinâmico.Tais ações serão melhor desenvolvidas no subcapítulo conexões.

Térreo da quedra da edificação Lidgerwood.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

O anexo do Museu da Cidade de Campinas proposto em quadra adjacente tem a forma derivada de um volume puro, o retângulo, que tem uma de suas faces subtraídas a fim de se conseguir uma grande face voltada para a preexistência, o edifício Lidgerwood. Esta nova edificação apresenta no térreo espaços voltados para apropriação, palquinho, café-bar, teatro arena. O acesso ao prédio é dado a partir de uma caixa de circulação vertical ou através de um grande piso-rampa que se diferencia da rua e traz para dentro do prédio a materialidade do asfalto. Por esta rampa o usuário percorre visualmente os diversos níveis do prédio.

Detalhe da rampa de acesso de asfalto

67


ANDAR 01_0FICINAS

No primeiro piso o usuário é convidado a produzir. Três oficinas de 72 m2 (6m x 12m) que podem abrigar diversas atividades como teatro, dança, música, artesanato, fotografia, são dispostas neste piso, apresentam como materialidade o steel frame com vedação metálica tendo suas respectivas faces voltadas para um pátio que se configura entre elas, de vidro, permitindo assim que os distintos usos se interfiram ainda que visualmente.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

.

ANDAR 01_OFICINAS

5 5 4 3 5

2

4

1. MEZANINO 2. PISOS REBAIXADOS DE VIDRO 3. BANHEIROS 4. CAIXAS DE CIRCULAÇÃO VERTICAL 5. OFICINAS

1

N

69


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

71


ANDAR 02_EXPOSIÇÃO

O segundo piso se configura como uma área expositiva em que apenas algumas paredes de steel frame com vedação metálica na cor branca são dispostas a fim de dar suporte para as exposições. Uma parede central pivotante permite a configuração de diferentes espacialidades. Neste andar ocorre a chegada da passarela que promove a ligação com a outra porção do Museu da Cidade, este elemento será melhor explicitado no subcapítulo conexões.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

ANDAR 02_EXPOSIÇÃO

5 4

3 2

1

4

1. PASSARELA 2. PISOS REBAIXADOS DE VIDRO 3. BANHEIROS 4. CAIXAS DE CIRCULAÇÃO VERTICAL 5. ESPAÇO EXPOSITIVO

N

73


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

75


ANDAR 03_BIBLIOTECA SEBO

No terceiro piso a biblioteca-sebo e hemeroteca caracterizam um ambiente de troca de informação e sociabilidade. O mobiliário deste espaço é composto por estantes e mesas coletivas. Neste andar já é possível visualizar a arquibancada do anfiteatro e acessá-lo ainda que por uma pequena entrada destinada prioritariamente para os palestrantes.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

ANDAR 03_BIBLIOTECA SEBO

5

3

1

4

2

1. BIBLIOTECA_SEBO 2. PISOS REBAIXADOS DE VIDRO 3. BANHEIROS 4. CAIXAS DE CIRCULAÇÃO VERTICAL 5. PALCO DO ANFITEATRO

N

77


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

79


ANDAR 04_ANFITEATRO

Por fim no último piso, o anfiteatro com capacidade para 150 pessoas permitirá apresentações e discussões sobre o que foi produzido no Museu. A localização do anfiteatro no último piso, diferentemente do convencional de locá-lo no primeiro piso, tem como pretensão reforçar a ideia do usuário dentrar no Museu na condição de produtor, servindo-se das oficinas e não imediatamente como espectador, além de enfatizar a questão do fluxo. Isto é, para acessar o auditório é necessário percorrer física e visualmente a espacialidade de todo o museu pela rampa. Este anfiteatro por ter um caráter central no projeto apresenta uma linguagem forte, a estrutura desnuda assim como do edifício e com fechamento em steel frame com vedação metálica e pintura com manchas amorfas, em diferentes cores, configurando assim não só num elemento funcional, mas também plástico e gráfico.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

ANDAR 04_ANFITEATRO

1 4

3

2

1. ANFITEATRO 2. PISOS REBAIXADOS DE VIDRO 3. BANHEIROS 4. CAIXAS DE CIRCULAÇÃO VERTICAL

N

81


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

83


COBERTURA

Na cobertura da edificação há a utilização da telha zipada com isolamento termoacústico com inclinação de 2,5 % e na caixa de escada e de banheiros laje de concreto impermeabilizada com i=2%, o sistema de calhas conduz a água pluvial aos tubos de queda que estão embutidos nos pilares de perfis tubulares. Sobre a caixa destinada a banheiros e caixa d’ água do anexo do Museu da Cidade é locada uma buzina de navio que soará às 9h, 12h e 18h, promovendo uma marca ainda que imaterial da memória local da ferrovia e da fundição, no entanto assumindo o ritmo do novo uso característico local, o comercial.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

COBERTURA

N

85


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

87


CONEXÕES

Neste subcapítulo será abordado as diferentes possibilidades de conexão do Museu da Cidade de campinas (edifício Lidgerwood e anexo) com o contexto urbano circundante.

2 3

2

1

1. PROLONGAMENTO DO TÚNEL DE PEDESTRES SOB LINHA FÉRREA E GALERIA SUBTERRÂNEA 2. ABERTURAS DOS MUROS QUE DELIMITAM A QUADRA DA LIDGERWOOD 3. PASSARELA

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

CONEXÃO_ PROLONGAMENTO DO TÚNEL DE PEDESTRES SOB LINHA FÉRREA E GALERIA SUBTERRÂNEA

89


CONEXÃO_ PROLONGAMENTO DO TÚNEL DE PEDESTRES SOB LINHA FÉRREA E GALERIA SUBTERRÂNEA O prolongamento do túnel de pedestres sob a linha férrea é uma das conexões propostas do Museu com o entorno circundante. O túnel é muito utilizado diariamente, uma vez que promove a ligação entre a Vila Industrial e o Centro. Devido à necessidade de tornar este local uma travessia mais agradável foram propostos alargamentos, com aberturas no nível da superfície, ao longo do seu trajeto aumentando assim a ventilação e iluminação natural. No entanto, a esses nichos, pensados inicialmente como uma resposta funcional a ineficiente situação de conforto do local, foi agregado o uso expositivo, a fim de promover diferentes percepções desta passagem aos pedestres que ali transitam cotidianamente. Esses nichos ocorrem em três momentos nos primeiros 105 m do percurso no sentido da Vila Industrial ao Centro, sendo impossibilitada sua ocorrência após esse trecho devido a existência dos trilhos da Fepasa ainda utilizados por trens de carga. Essas reentrâncias apresentam 25 m2 (10m x 2,5m) e ocorrem a cada 20 m.

Esses nichos despontam no pátio da Fepasa como caixas constituídas dos tijolos, que foram retirados do túnel para sua respectiva execução, e do concreto. Estes volumes brutos e densos contam com aberturas ameboides com vedação de chapas metálicas vermelhas, fazendo uma citação explicita a Lina Bo Bardi, um importante nome do restauro crítico, ao utilizar aberturas semelhantes às projetadas por ela para o SESC Pompéia; apresentam alturas variadas (3, 4 e 5m), de modo a poder ser visto de diferentes

pontos tanto da Vila Industrial quando do interior da Estação Cultural, constituindo não só marcos urbanos, mas também instigando a curiosidade dos visitantes e passantes.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

LINHA FÉRREA NICHOS DE EXPOSIÇÃO

N

91


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

Estes locais podem abrigar tanto pequenas exposições bidimensionais quanto tridimensionais, no entanto, priorizam-se mostras que possam ter conteúdo de apreensão rápida, logo optam-se por frases, fotos serigrafadas no concreto ou mostras visuais de materiais desenvolvidos nas próprias oficinas do museu ou ainda objetos ou imagens relevantes à história do município. A todo o momento houve a preocupação de não ter perdas das características inerentes do túnel. Foi proposto então, em alguns pontos da face do nicho voltada para o seu interior, paredes de concreto que reforcem a linearidade tão característica deste local de passagem. O piso tanto dos nichos como da área do prolongamento, foi uma releitura do ladrilho hidráulico nas cores preta e natural presentes no túnel. Foi elaborado então, uma paginação com módulos maiores em tecno-cimento nas cores preta e concreto, assentados também a 45o.

PISO TECNO-CIMENTO PRETO E CONCRETO

PAREDES DE CONCRETO: RESSALTAR A LINEARIDADE DO TÚNEL

93


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

VISÃO SERIAL DO TÚNEL

01- TÚNEL DE PEDESTRES SOB LINHA FÉRREA QUE PROMOVE A LIGAÇÃO DA VILA INDUSTRIAL AO CENTRO.

03- INÍCIO DO PROLONGAMENTO DO TÚNEL

02- NICHOS DE EXPOSIÇÃO.

04- PROLONGAMENTO DO TÚNEL

95


GALERIA SUBTERRÂNEA O

prolongamento

de

aproximadamente 39 m do túnel é realizado através de trincheira ou da tecnologia do túnel bala, este prolongamento ainda que apresente a mesma altura, largura e formato do túnel preexistente, é diferenciado pela materialidade, ao passo que é utilizado o concreto e também por uma leve declividade neste trecho a fim de ser perceptível ao pedestre a intervenção. Esse prolongamento do túnel desemboca na galeria subterrânea. A

galeria

subterrânea

foi

pensada como um espaço de grande vão livre conseguido através do uso da laje nervurada e como um local de convívio. Onde são dispostos platôs

elevados,

um

café-bar

com

mesas

coletivas e lojas quiosques, além de fotos antigas de importantes momentos da cidade. Um recorte de vidro na laje além de incrementar a ventilação

e iluminação da galeria permite que os usuários visualizem

as

contemporânea

duas e

temporalidades, a

a

preexistente

simultaneamente. A caixa de circulação vertical locada na centralidade da galeria, conecta esta porção subterrânea da intervenção ao térreo do

prédio da Lidgerwood.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

5

4 1 3 2

1. PLATÔS ELEVADOS 2. MESAS COLETIVAS 3. CAFÉ-BAR 4. CAIXA DE CIRCULAÇÃO VERTICAL 5. LOJAS QUIOSQUES

N

97


CORTE AA

Mobiliário desenvolvido para a galeria

subterrânea:

mesas

coletivas de aço inox e módulos das lojas quiosque e café-bar de : aço inox e vidro.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

99


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

CONEXテグ_ ABERTURA DOS MUROS QUE DELIMITAM A QUADRA DA LIDGERWOOD

101


CONEXÃO_ ABERTURA DOS MUROS QUE DELIMITAM A QUADRA DA LIDGERWOOD

A abertura dos muros que delimitam a quadra da Lidgerwood em pontos estratégicos e a implantação de rampas permitiram que tal local tivesse um uso público mais dinâmico.

A conexão desta parte do museu ao seu respectivo

anexo

locado

em

quadra

adjacente pode ocorrer de duas maneiras ou pela faixa de pedestre que recebe o mesmo tratamento de pisos cimentícios utilizados em ambos os térreos ou por uma passagem elevada, a passarela.

2

3 1. RETIRADA DO PORTÃO. 1

2. ABERTURA DE UMA PARTE DO MURO QUE DELIMITA A QUADRA DA LIDGERWOOD. 3. RETIRADA DA GRADE

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

SITUAÇÃO 01_ ATUAL

SITUAÇÃO 01 PROPOSTA: Retirada do portão.

103


SITUAÇÃO 02 ATUAL

SITUAÇÃO 02

PROPOSTA:

Abertura de

uma parte do muro que delimita a quadra da Lidgerwood e a ligação pela faixa de pedestres ao anexo do Museu.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

SITUAÇÃO 03_ ATUAL

SITUAÇÃO 03 PROPOSTA: Retirada das grades e criação de rampas que promovem a ligação entre a cota mais baixa e a mais alta, além da configuração de uma entrada alternativa ao Museu.

105


CONEXテグ_ PASSARELA

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

107


CONEXÃO_ PASSARELA

O acesso à passarela se dá pela caixa de circulação vertical locada na quadra do

Museu da Cidade (edifício Lidgerwood). A passarela foi pensada como uma alternativa de acesso de forma mais segura ao anexo proposto, uma vez que esse elemento de ligação elevado permite que usuário o acesse sem ter que fazer a travessia da Av. Dr. Campos Salles que além de apresentar um alto fluxo de automóveis tem também o túnel de carros. No entanto, a passarela foi projetada não só como um elemento de conexão entre as duas porções do museu, mas também como mirante e local onde a própria cidade é a obra exposta. A estrutura de viga vierendel metálica promove diferentes

possibilidades de enquadramentos da cidade pelo usuário ao longo do percurso. A passarela alcança o anexo do museu no piso de exposições.

SITUAÇÃO ATUAL

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

SITUAÇÃO PROPOSTA_PASSARELA

109


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

111


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

113


MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_NICHO DE EXPOSIÇÃO

TÚNEL PREEXISTENTE LOCADO A 4,35 m DE PROFUNDIDADE COM LARGURA DE 2 m e ALTURA DE 3 m.

CORTE NO TERRENO DE MODO A CONFIGURAR UM TALUDE ESTÁVEL (INCLINAÇÃO 45 O).

VIGA DE CONCRETO ARMADO SOLIDARIZADA COM A ESTRUTURA DO TÚNEL PREEXISTENTE

PAREDE DE CONCRETO PAREDE LATERAL DO TÚNEL PREEXISTENTE A SER DEMOLIDA

115


DETALHAMENTO_NICHO DE EXPOSIÇÃO

LAJE DE CONCRETO IMPERMEABILIZADA COM i= 2% RUFO PINGADEIRA RUFO ACABAMENTO CALHA (15 cm) SUPORTE PARA CALHA

TUBO DE QUEDA DE 4” QUE SE LIGA A REDE LOCAL

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_NICHO DE EXPOSIÇÃO

ABERTURAS AMEBOIDES COM VEDAÇÃO EM CHAPA METÁLICA PERFURADA (e=5MM) COM PINTURA ELETROSTÁTICA NA COR VERMELHA.

Detalhe da chapa perfurada_vedação das aberturas amebOides.

117


DETALHAMENTO_NICHO DE EXPOSIÇÃO

UTILIZAÇÃO DOS TIJOLOS RETIRADOS DO TÚNEL PREEXISTENTE

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS

BLOCO DE FUNDAÇÃO SEGUINDO A PAREDE DE CONCRETO COM ESTACAS DE 30 CM DE DIÂMETRO ESPAÇADAS EM 3m E PROFUNDIDADE A SER DEFINIDA APÓS DE SONDAGEM DE SOLO LOCAL.


PROJETO

PROLONGAMENTO DO TÚNEL REALIZADO ATRAVÉS DE TRINCHEIRA OU PELA TECNOLOGIA DO TÚNEL BALA.

119


PAREDES DE TIJOLOS DA EDIFICAÇÃO PREEXISTENTE FUNDAÇÃO DA EDIFICAÇÃO PREEXISTENTE

VIGA METÁLICA

TRAVES METÁLICAS PREENCHIDAS COM CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO

ESTACAS RAIZ

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_GALERIA SUBTERRÂNEA

LAJE NERVURADA: NERVURAS DE 15 cm DE ESPESSURA E 1 m DE ALTURA. PAREDE DE CONCRETO (e=25 cm) FUNCIONANDO COMO ARRIMO.

121


DETALHAMENTO_GALERIA SUBTERRÂNEA

TELA PERFURADA (e= 5mm)

VIDRO DE ALTA RESISTÊNCIA

PROLONGAMENTO DAS NERVURAS

ILUMINAÇÃO

PLACA DE POLICARBONATO ALVEOLAR

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_PASSARELA A passarela que promove a ligação entre o Museu e seu anexo locado em quadra adjacente foi

estruturada em viga vierendel de aço corten com perfis tubulares.

Para maior

estabilidade do sistema ela está engastada nas duas caixas de circulação vertical de concreto, constituindo-se assim núcleos rígidos.

PAREDE ESTRUTURAL DE CONCRETO

CHUMBADORES

VIGA METÁLICA COM CHAPA DE TOPO SOLDADA Detalhes sem escala

123


DETALHAMENTO_PASSARELA

LAJE DE CONCRETO IMPERMEABILIZADA

ESQUADRIAS: ARMAÇÃO METÁLICA E VEDAÇÃO DE VIDROS LAMINADOS

LAJE DE STEEL DECK E MANTA ASFÁLTICA (e=20 cm).

CORTE AA

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_ESTRUTURA

ESPAÇOS SERVENTES ESPAÇOS SERVIDOS

O sistema estrutural consiste em um estrutura independente de aço corten. Os perfis são tubulares, sendo as ligações parafusadas e soldadas somente quando necessário. A estrutura foi elaborada de modo que os maiores vãos

abrigassem os usos

prioritários da

edificação, os espaços servidos e os menores os espaços de apoio e elementos de circulação, os espaços serventes.

125


DETALHAMENTO_ESTRUTURA

ESTRUTURA PRINCIPAL ESTRUTURA SECUNDÁRIA PILARES MISTOS CAIXA ESTRUTURAL DE CONCRETO

A estrutura principal apresenta vãos de 9 e 12 m, sendo constituída por vigas e pilares de perfis tubulares de aço corten de 30 cm x 60 cm. A estrutura secundária apresenta vãos de 3m e é constituída por vigas metálicas de perfil quadrado de aço corten de 20 cm. A estrutura secundária foi projetada nestes vãos para melhor apoiar a laje do tipo steel deck. A estrutura também conta com alguns pilares metálicos preenchidos de concreto, a fim de aumentar a rigidez em pontos de sobrecarga, como ocorre nos pilares que recebem o carregamento do anfiteatro e da rampa que é estaiada em quatro pontos.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_ESTRUTURA

ESTRUTURA PRINCIPAL: PILARES (30 cm x 60 cm) VIGAS (30cm x 60 cm) ESTRUTURA SECUNDÁRIA: VIGAS (20 cm x 20 cm)

PILAR METÁLICO COM CHAPA DE TOPO SOLDADA CHUMBADORES BLOCO DE COROAMENTO ESTACAS DE DIÂMETRO DE 30 cm E PROFUNDIDADE A SER DEFINIDA APÓS SONDAGEM DE SOLO LOCAL.

127


DETALHAMENTO_ESTRUTURA

ESTRUTURA PRINCIPAL ESTRUTURA SECUNDÁRIA

Exemplo da grelha secundária no piso das oficinas.

Como cada andar possui um desenho distinto a grelha da estrutura secundária vai sofrendo modificações, uma vez que tem como função estruturar a laje de piso.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_ESTRUTURA

ESTRUTURA PRINCIPAL ESTRUTURA SECUNDÁRIA

Exemplo dos pisos rebaixados _ andar das oficinas.

Todos os andares apresentam alguns locais em que os pisos são

rebaixados e que a pavimentação de asfalto se interrompe dando lugar ao vidro permitindo assim não só a qualificação de locais de estar, mas também uma diferente interface entre os andares através da transparência e consequente interferência visual.

129


DETALHAMENTO_LAJES

A laje utilizada nos pisos do anexo proposto do Museu da Cidade é do tipo steel deck. Esta laje por ser constituída de aço e concreto e ter conectores de cisalhamento promovendo a ligação com a estrutura, trabalha

como uma laje mista e por este motivo vence vãos maiores. Acima da laje como uma das intenções do projeto era trazer a materialidade do asfalto para dentro da edificação, foi aplicada uma manta asfáltica.

Nas rampas tanto do anexo Detalhes sem escala

quando do edifício Lidgerwood foi utilizada a laje tipo slim floor

que é caracterizada por

incorporar o perfil metálico na laje de concreto.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_ESTRUTURA

LAJE STEEL DECK APLICAÇÃO DE MANTA ASFÁLTICA (e=20 cm) CHAPA METÁLICA DE FECHAMENTO VIDRO DE ALTA RESISTÊNCIA

REBAIXO DE 25 cm da GRELHA DA ESTRUTURA SECUNDÁRIA Detalhes sem escala

Detalhe dos pisos rebaixados.

131


DETALHAMENTO_ESQUADRIAS As esquadrias são de armação metálica e vidros laminados leitosos, a fim de promover uma visibilidade difusa e não absoluta das atividades e do uso interno, instigando assim o usuário a adentrá-lo e desvendá-lo. A caixa de banheiros apresentam como fechamento das aberturas uma releitura das esquadrias dos antigos vagões restaurantes da Fepasa. O aspecto que se deseja com a utilização do vidro leitoso é semelhante ao

conseguido por Peter

Zumthor no projeto Kunsthaus Bregenz em Bregenz

Kunsthaus Bregenz em Bregenz, projeto de Peter Zumthor.

Esquadrias do vagão restaurante da FEPASA. Foto de Tasso Rosa Campos.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_ESQUADRIAS

133


DETALHAMENTO_TELA PERFURADA Sobre as esquadrias é disposta a tela perfurada composta por módulos com diferentes transparências decorrentes da densidade e do tamanho das perfurações. Sendo que o formado desta tela se inicia com a projeção da inclinação do anfiteatro na fachada e vai se desenvolvendo e levando em consideração a orientação solar, chega à face oeste promovendo quase que o seu total recobrimento, funcionando assim como brise. O aspecto que se espera obter com a utilização desta composição de tela perfurada é um efeito semelhante ao proposto pelos arquitetos João Pedro Backheuser e Alfredo Britto no projeto de concurso para a Expansão do Meio Ambiente do Rio de Janeiro.

Composição de tela perfurada utilizada pelos arquitetos João Pedro Backheuser e Alfredo Britto no projeto de concurso para a Expansão do Meio Ambiente do Rio de Janeiro.

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_TELA PERFURADA

135


DETALHAMENTO_TELA PERFURADA

MUSEU DA CIDADE DE CAMPINAS


PROJETO

DETALHAMENTO_COBERTURA CAIXA DE BANHEIROS E CAIXA D’ ÁGUA COM LAJE DE CONCRETO IMPERMEABILIZADA COM i=2%.

TELHA ZIPADA DUPLA COM PREENCHIMENTO TERMOACÚSTICO COM i=2,5% e CUMEEIRA (h=45 cm).

CAIXA DE CIRCULAÇÃO VERTICAL COM LAJE DE CONCRETO IMPERMEABILIZADA COM i=2%.

RUFO PINGADEIRA RUFO ACABAMENTO CALHA (25 cm) SUPORTE PARA CALHA TUBOS DE QUEDA DE 6” EMBUTIDOS NO PILAR METÁLICO DE PERFIL TUBULAR E QUE SE LIGA COM A REDE LOCAL. A telha zipada dupla além de apresentar isolamento termo-acústico é ideal para grandes coberturas por apresentar baixa declividade e alto grau de estanqueidade.

137


BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL


LIVROS, TESES E TEXTOS CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. São Paulo: Estação Liberdade; Editora Unesp, 2001 (edição original: 1992). VILLANUEVA, Ana A. Preservação Como Projeto - Área do pátio ferroviário central das antigas Cia. Paulista e Cia. Mogiana – Campinas,SP. São Paulo, 1996. 3 v. Dissertação. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP. vol.1. BADARÓ, Ricardo de Souza Campos. ”Campinas, O Despontar da Modernidade”. Campinas: Área de Publicações do Centro de Memória – Unicamp, 1996. LORETTE, Antonio C.R. Lidgerwood Manufacturing Company LimitedCampinas, 1991, Dissertação. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP. BRITTO, Luciana D. Museu da Cidade: arte, história, espetáculo. Campinas, 2008, Dissertação. Faculdade de Artes da Unicamp. HARVEY, David. “Modernidade e Modernismo”. In A Condição Pós- Moderna. Rio de Janeiro: Edições Loyola, 1993. Processo nº 003, de 17/01/89 – Estudo de Tombamento da Lidgerwood Manufacturing Ltda. Campinas, CONDEPACC.

Processo nº 001, de 1989 – Complexo Ferroviário de Campinas. Campinas, CONDEPACC. BUZZAR, M. O novo brutalismo. São Paulo. FAU/USP, 1996. http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=12372&sigla=Legislacao &retorno=paginaLegislacao- Carta de Atenas - CIAM - Novembro de 1933.

http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=12372&sigla=Legislacao &retorno=paginaLegislacao -Carta de Veneza - Maio de 1964.

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