Portfólio

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PORTFOLIO


CONTEÚ DO


Favela Beira Rio: contexto e área de intervenção Método, área de estudo, problemas e potencialidades Habitação, paisagismo e requalificação fluvial Estratégias

Método e concepção


REQUALIFICAÇÃO FAV E L A

B EIRA

RIO


As informações apresentadas neste portfólio fazem parte das disciplinas Desenho Urbano e Projeto dos Espaços da Cidade e Projeto da Paisagem da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. O objetivo deste projeto foi, de forma geral, estudar as relações entre espaços construídos e espaços abertos. Assim, este estúdio ajudou na elaboração de um projeto urbano de uma forma abrangente, considerando as diferentes interações entre o ambiente construído da cidade e seus cidadãos. Nesse projeto, vários aspectos urbanos foram discutidos e pensados, como as atividades econômicas, o uso social, a sua relação com o ambiente natural, percepção espacial, legislação urbana e o contexto histórico da região.

Setores da área de intervenção

Nesta disciplina, foi estabelecida uma área de intervenção, na qual foi possível propor alterações na legislação e desenho urbano. Nós poderíamos escolher um dos seis setores desta área e projetar uma requalificação urbana para uma parte específica deste setor. Escolhemos o setor do Jabaquara, a parte mais vulnerável da área, e projetamos uma requalificação para a Favela Beira Rio. Vista aérea da região de projeto escolhida


Foto de uma de nossas visitas à Favela Beira Rio


1. DIAGNÓSTICO FAV E L A

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Para identificar as necessidades da área de intervenção, pesquisamos alguns indicadores, como densidade urbana, uso do solo, hidrografia, vegetação e renda nas bases de dados da prefeitura e nos censos nacionais. Além disso, visitamos a área para examinar diretamente seus problemas e suas potencialidades. Também entrevistamos alguns moradores e trabalhadores de lá para entender melhor qual lugar precisava mais de uma intervenção. Durante as visitas, muitos aspectos da área nos chamaram a atenção. Um deles era a condição precária da Favela Beira Rio, onde era possível ver crianças brincando no lixo jogado na água. Então, planejamos e projetamos uma requalificação urbana dessa área.


MORADIAS PRECÁRIAS 

Ausência de saneamento básico e abastecimento de água Alta densidade populacional para uma infraestrutura subdimensionada

FALTA DE ÁREAS DE LAZER  

Falta de locais para recreação infantil Ausência de espaços para interações comunitárias

RIO ALTAMENTE POLUÍD O  

Esgoto sendo jogado diretamente no rio Presença de uma camada flutuante de plástico e lixo acumulado no rio


O principal problema da comunidade Beira Rio são as más condições de moradia, com falta de saneamento básico e de água potável aliadas à uma alta densidade populacional com infraestrutura reduzida. Além disso, no contexto urbano dessa comunidade, faltam áreas de lazer, por isso é possível ver muitas crianças brincando no poluído rio vizinho. Esse rio também é um problema, pois é altamente contaminado pelo esgoto comunitário. Embora o rio definitivamente possa ser visto como um problema, ele também pode ser visto como uma potencialidade, pois a água pode trazer mais do que umidade: pode ser um ambiente fresco e natural para atrair interação comunitária e novos negócios para a região. Outra potencialidade da região é o bom clima e solo, o que facilita o aproveitamento de diversos tipos de vegetação em projetos paisagísticos.


MORADIAS PRECÁRIAS

Diferentes tipologias podem ser projetadas para atender à demanda local de habitação Edifícios de uso misto são uma solução interessante para conectar áreas comerciais e residenciais

FALTA DE ÁREAS DE LAZER

 

Projeto de espaços abertos e seguros para interação social e recreação Integrar diferentes campos de intervenção por meio de elementos paisagísticos

RIO ALTAMENTE POLUÍD O

 

Elementos de infraestrutura verde podem ser usados para filtrar a água O rio não deve ser visto como um obstáculo, mas sim como uma potencialidade para a região


2. DIRETRIZES FAV E L A

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Para resolver a questão da moradia, começamos a pesquisar quantas famílias vivem na comunidade do Beira Rio. Esse número é alto: 640 famílias. Para atender a essa demanda, é importante projetar diferentes tipologias de edifícios e conectar os setores comercial e residencial com uso misto. Isso traria novos negócios e uma nova dinâmica para a área. Desenhar espaços de interação com a comunidade também é fundamental para requalificar a área. Nesse contexto, o projeto paisagístico pode ser útil para integrar e melhorar os espaços sociais. O rio não deve ser visto como um problema que precisa de uma canalização, por exemplo. O rio deve ser visto e aproveitado como uma potencialidade natural da região. Para isso, elementos de infraestrutura verde, entre outras soluções, podem ser utilizados para filtrar sua água.


MORADIAS PRECÁRIAS ATENDER A DEMANDA HAB ITACIONAL

FALTA DE ÁREAS DE LAZER PROJETO PAISAGÍSTICO E DE ÁREAS DE LAZER

RIO ALTAMENTE POLUÍD O FILTR AGEM DO RIO


3. PLANEJAMENTO FAV E L A

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Para atender a demanda habitacional, pensamos em cinco tipologias de edificações diferentes, acomodando um total de 642 famílias, ultrapassando assim a demanda. O piso térreo dos edifícios é destinado ao uso comercial. Nos arredores, foi planejada uma área institucional com escola e quadras esportivas, para educação e recreação comunitária. Melhorar a qualidade do ambiente é fundamental para atrair negócios, por isso, projetamos elementos de mobiliário urbano integrados à vegetação e também criamos ruas compartilhadas. O rio é uma parte importante deste ambiente e, para filtrá-lo, pesquisamos métodos naturais. Também definimos o uso de alguns elementos de infraestrutura verde na área para aumentar a permeabilidade do solo e evitar inundações.


TIPOLOGIA “ A”

TIPOLOGIA “ B”

TIPOLOGIA “ C”

TIPOLOGIA “ D ”

Acomoda 30 famílias

Acomoda 2 famílias

Acomoda 20 famílias

Acomoda 50 famílias

3 famílias/andar

Sobrados geminados

4 famílias/andar

5 famílias/andar

Térreo + 10 andares

Habitação no primeiro andar

Térreo + 5 andares

Térreo + 10 andares

Térreo comercial

Térreo comercial

Térreo comercial

Commercial ground floor


3.1 HAB ITAÇÃ O TIP O LO G I A S

Cinco diferentes tipologias de edificações foram projetadas, em uma abordagem básica, para atender a demanda habitacional, sempre obedecendo às leis de zoneamento da cidade.

TIPOLOGIA “E” 

Acomoda 90 famílias

9 famílias/andar

Térreo + 10 andares

Térreo comercial

Todas as tipologias têm o térreo para uso comercial com acesso público. Isso é fundamental para criar uma nova dinâmica para o bairro, atraindo novos negócios e aumentando a segurança e a qualidade de vida no bairro. Os demais pavimentos destinam-se à habitação, com acesso privativo. Quase todas as tipologias são edifícios, mas um deles é uma casa de dois andares. Foi projetada para ser construída no entorno do rio e da rua compartilhada, obedecendo às leis de zoneamento e preservação aplicáveis na área.


MOBILI ÁRIO URBANO

RUAS COMPARTILHADAS

STORMWATER PLANTERS

Projeto próprio associando bancos com vegetação, com acesso público

Espaços compartilhados entre pedestres, ciclistas e carros em baixa velocidade, inspirados nas woonerfs holandesas

Elemento de infraestrutura verde projetado para captar a água da chuva nas calçadas, a fim de aumentar a permeabilidade do solo


3.2 PAISAGISMO INFRA ESTRUTUR A

V ERDE

BIOVALETAS

Para resolver o problema da falta de áreas de lazer, projetamos elementos de mobiliário urbano, como bancos com vegetação nos espaços de transição das áreas residenciais. Ruas compartilhadas inspiradas nas woonerfs holandesas são uma boa opção para priorizar os interesses e a mobilidade de pedestres e ciclistas. Essas ruas funcionam como um espaço social onde as pessoas podem se encontrar e onde as crianças também podem brincar de forma legal e segura.

Outro elemento de infraestrutura verde caracterizado por uma vala com vegetação e fundo poroso para escoamento pluvial

Soluções de infraestrutura verde, como stormwater planters e biovaletas, foram projetadas para aumentar a permeabilidade do solo e escoamento da água da chuva. Esses elementos podem evitar inundações nos arredores do rio.


1. CAMINH O DE PEDRAS

2. CAMINH O DE PLANTAS AQUÁTICAS

3. CAMINH O DE ÁGUA LI MPA

A primeira área de filtragem é um caminho de pedras, com a intenção de criar obstáculos e coletar plásticos flutuantes e outros resíduos

A segunda parte do caminho é preenchida com plantas aquáticas com capacidade de oxigenação da água, a fim de purificá-la

A terceira área também tem plantas aquáticas, mas sua água é mais limpa que a segunda, permitindo que os peixes e a vida aquática prosperem


3.3 RIO PR OCES SO

DE

F ILT R A G E M

Considerar o rio como uma potencialidade natural da região é importante para torná-la um ambiente fresco e agradável, capaz de atrair novos negócios e visitantes. Mas o rio está altamente poluído e seu tratamento é essencial para o sucesso geral do plano urbano. O processo de filtragem do rio foi dividido em 3 partes: primeiro é necessário limpar a água, e isso pode ser feito com obstáculos e pedras coletando plásticos flutuantes e outros resíduos. Depois disso, é importante limpar o rio com plantas aquáticas que possam purificar a água contaminada, como plantas flutuantes que oxigenam a água. O último caminho é onde é possível ver a água limpa e a vida aquática crescendo.



4. PROJETO FAV E L A

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Para projetar essa nova área urbana, usamos diversos softwares. Primeiramente, o masterplan foi elaborado utilizando esboços em papel e posteriormente utilizando AutoCAD. Em seguida, os edifícios residenciais foram criados no Revit, de forma básica, apenas para ter o volume das moradias. Também projetamos no Revit uma área institucional incluindo uma escola e campos esportivos. O mobiliário urbano e os elementos paisagísticos foram concebidos com o SketchUp. E, finalmente, o Adobe Photoshop foi usado para fazer os retoques finais nas imagens renderizadas. A intenção do projeto não é apenas fornecer moradia, infraestrutura, áreas verdes e um rio limpo para a comunidade do Beira Rio. O conceito deste projeto é mais do que isso: ele está na integração de diferentes atividades humanas através do desenho urbano e paisagístico.


1 . ÁREA RESID ENCIAL 2 . ÁREA IN STITUCION AL 3 . P ED RAS 4 . P L ANTAS AQU ÁTICAS 5 . ÁGUA LIMPA 6 . RU A COMPARTILH AD A


4.1 MASTERPLAN FAV E L A

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Primeiramente, a nossa principal preocupação era o problema habitacional. Portanto, começamos o projeto com a implementação dos volumes dos edifícios, pensando na insolação e em uma disposição adequada ao contexto urbano. Depois, pesquisamos a margem de mata ciliar exigida de acordo com as leis de preservação ambiental. Então, o espaço institucional foi desenhado, considerando as construções existentes e a demanda da região. Nesse projeto, a presença de grandes áreas vedes permeáveis se faz fundamental para evitar inundações na região. Considerando tudo isso, os edifícios residenciais não poderiam ocupar tanto espaço e precisavam ser integrados aos espaços urbanos de transição. Foi pensando nessa integração que projetamos os prédios sem muros, para preservar o senso de comunidade.


INTEGRAÇÃO DO RIO

RUA COMPARTILHADA

USO MISTO

MOBILIÁRIO URBANO

ESPAÇOS PÚBLICOS ABERTOS

PAISAGISMO

ATIVIDADES ECONÔMICAS


4.2 AXONOMÉTRICA FAV E L A

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De acordo com as leis de zoneamento vigentes na região, há uma restrição no gabarito dos prédios por se tratar de região próxima ao Aeroporto de Congonhas. Por isso os edifícios possuem no máximo 10 pavimentos. Nesse projeto, consideramos a importância das interações entre o ambiente construído da cidade e seus habitantes, e como isso pode aumentar as atividades econômicas, a convivência social, a segurança e a preservação dos recursos naturais em uma comunidade. O projeto dos edifícios residenciais reflete essa intenção, priorizando as interações dos cidadãos no nível do solo e elevando o domínio privado para o segundo andar.


A rua compartilhada inspirada nos woonerfs holandesas, com carros, bicicletas e pedestres compartilhando o mesmo espaço


4.3 PERSPECTIVAS A rua compartilhada à noite

FAV E L A

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O próximo conjunto de imagens representa as áreas projetadas para esta comunidade. É possível perceber a intenção do projeto, que é promover interações entre as pessoas, a natureza e o ambiente construído. Essa interação é possibilitada por espaços públicos abertos, com vegetação, mobiliário urbano, iluminação eficiente e contato com os recursos da natureza, como as plantas naturais e o rio. Um desses espaços públicos abertos é a rua compartilhada, onde carros, bicicletas e pessoas podem compartilhar o mesmo espaço com respeito e segurança. Essa estratégia pode fazer da rua mais do que um lugar de passagem, mas também um lugar para permanência.

A rua compartilhada pelo olhar do pedestre



Rua compartilhada

Edifícios residenciais e quadras de esporte

O rio Mobiliário urbano integrado com a vegetação


OBRIGADA michelle.pacheco @u sp.b r


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