CERVEJARIA ANTARCTICA DA MOOCA: Em busca de um novo polo tuíst í co e cultural
Trabalho Final de Graduação em Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo
Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP
Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC)
Campus Bauru
CERVEJARIA ANTARCTICA DA MOOCA:
Em busca de um novo pólo turístico e cultural
Michelle Yuka Takahashi
Orientador: Prof º Dr º Samir Hernandes Tenório Gomes
Bauru - SP
2021
Figura 1 Imagem das esquadrias da Fábrica Antarctica Fonte: Imagem autoral
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se os ser, muda-se a confiança; todo o Mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades.”
3
- Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, in Sonetos Luís Vaz de Camões (1528)
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Franklin e Miriam que possibilitaram a oportunidade de me dedicar integralmente a minha formação. À família que sempre esteve ao meu lado e compartilhou todos os momentos da minha vida.
Ao meu orientador Samir por todos os ensinamentos, incentivo e esforço para aperfeiçoar este trabalho e a todos os professores que passaram pela minha trajetória educacional.
Ao meu companheiro de tantas horas e emoções, Seiryo que com paciência acompanhou todas as etapas deste estudo.
A amiga de vida, Bruna que acompanhou todas minhas conquistas. Aos amigos que cultivei ao longo de minha graduação, em especial Karina Natasha Vanessa Marcon e Vanessa Matsuoka, com as quais nutro muito carinho e que ofereceram suporte para este projeto.
E à universidade UNESP pela oportunidade de desenvolver meu maior sonho: estudar arquitetura e urbanismo.
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ABSTRACT
TheSão Paulo Railway Company (1867) arriving, drove the introduction of the factories as well as urban installations in the São Paulo capital. An example was in the Mooca, a low-income district in the past, where nowadays is found the former factory of Antarctica Company.
At present, the local landscape is come across deteriorated due to real estate speculation and industry decentralization to the São Paulo countryside from 1970’s decade.
This context grasp promoted the possibility to elaborate a project drawing in the area where boosts the historic, urban and industry architectural heritage preservation, where Antarctica Factory is located. Then, in the urban scale is intended to encourage a requalification path according to São Paulo’s Master Plan on 2014 (Law 16050/14) by the Complex perimeter and in the architectonic scale is intended to rebuild, retrain and rehabilitate the Antarctica Factory buildings with intention to meet a needs program directed to brewery historic redemption through cultural and tourist activities.
Keywords: industrial heritage urban requalification; tourist center; Cia Antarctica; Mooca; São Paulo.
Achegada
da estrada de ferro da São Paulo Railway Company (1867) impulsionou a inauguração de fábricas, bem como novas instalações urbanas na capital paulista. Um exemplo desse testemunho foi a Mooca, antigo bairro operário da cidade onde encontra-se a antiga Cia Antarctica.
Atualmente, a paisagem do local encontra-se deteriorada devido à especulação imobiliária e às descentralizações industriais para o interior paulista ocorridas a partir da década de 1970.
O entendimento desse contexto impulsionou a possibilidade de elaborar um desenho projetual na área que potencialize a preservação do patrimônio histórico, urbano e arquitetônico industrial da região e da antiga Fábrica Antarctica. Assim, na escala urbana pretende-se incentivar um percurso de requalificação com base no Plano Diretor de São Paulo (PDE) de 2014 (Lei 16050/14) pelo perímetro do Complexo e na escala arquitetônica propõe-se restaurar, requalificar e reabilitar os edifícios da Fábrica Antárctica com a intenção de atender a um programa de necessidades voltado ao resgate histórico da cervejaria por meio de atividades culturais e turísticas.
7
RESUMO 8
Palavras chaves: patrimônio industrial; requalificação urbana; centro turístico; Cia Antarctica; Mooca; São Paulo.
SUMÁRIO
Introdução Fábrica Antarctica
1.1. Justificativa
1.2. Objetivos
1.3. Metodologia
Contexto Histórico
2.1. A indústria do século XIX na cidade de São Paulo
2.2. O Bairro da Mooca
2.3. Formação do perímetro urbano da Mooca
Patrimônio Cultural
3.1. Contexto e indentidade
2.2. Patrimônio Industrial
4.1. Surgimento da Cia Antarctica em São Paulo
4.2. Surgimento da Cia Antarctica na Mooca
4.3. Cronologia dos edifícios do Complexo Antarctica
4.3.1. Pimeiros edifícios - 1892
4.3.2. Expansão dos limites 1910 a 1912
4.3.3. Construções e demolições - 1913 a 2021
11 30 53
Estudo Geral da Área
5.1. Limites administrativos
5.2. Lei de zoneamento 16.402/16 e Parcelamento e Uso e Ocupação do Solo (LPUOS)
5.3. Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí (OUCBT) - Projeto de Lei 723/20125
5.4.
Levantamento topográfico e de áreas verdes
5.5.
.1 .4 .5 .2 .3 16 22
5.6.
5.7.
32 34 36 38 39 41 56 58 59 61 62 63 64
Projeto
6.1. Estudo de Casos Repertório Referecial
6.2. Diretrizes Projetuais
6.3. Escala Urbana - Plano de massas e melhorias urbanas
6.4. Escala Arquitetônica Processo de Tombamento da Fábrica Antarctica
6.4.1. Partido e conceito
6.4.2. Programa de necessidades
6.5. Áreas Abertas
6.5.1. Praça das artes
6.5.2. Praça Antarctica
6.5.3. Pátio Interno
6.6. Áreas cobertas
6.6.1. Teatro e Cinema Antarctica
6.6.2. Hotelaria Antarctica
6.6.3. Coworking e Portaria Antactica
6.6.4. Comércio Antarctica
6.6.5. Cervejaria da Mooca
Referências Bibliográficas
Lista de Siglas
Anexos
.6 .7 .8 .9 .10 65 171 182 190 192 69 80 81 91 93 97 102 103 105 109 113 114 120 132 142 148
2.3. Diretrizes teóricas para preservar sítios e monumentos industriais 13 14 15 18 20 21 24 25 26
Levantamento das principais linhas viárias e ferroviárias
Levantamento do transporte, iluminação, acessos e calçadas públicos
Levantamento de edifícios em destaque
Considerações Finais
CERVEJARIA DA MOOCA: Um novo polo turíst í co e cultural Otema sobre
“patrimônio Industrial” vinculado às teorias de restauro e preservação desponta de um período relativamente recente: a partir da década de 1960, “quando importantes testemunhos da industrialização começaram a ser demolidos devido à obsolescência ou desocupação de muitas dessas antigas instalações” (RUFINONI, 2013, p. 188). Foi nesse período, da recém-criada “arqueologia industrial”, que muitos estudiosos viram a necessidade de documentar estes artefatos por meio de diretrizes, uma vez que não se tratava de um monumento reconhecido por “obra de arte”.
A área escolhida para estudo encontra-se na região leste Metropolitana da cidade de São Paulo, no distrito demarcado entre a subprefeitura da Sé e a da Mooca. Tal região obteve povoamento datado desde o século XVI com fazendas e pomares. Mas foi a partir do século XIX com a introdução de ferrovias e indústrias (ambas incentivadas pela economia cafeeira) que o modo de ocupação nessas regiões dos trechos do rio Tamanduateí se diferenciou das grandes chácaras que haviam no local. Trata-se, assim, de uma região com características favoráveis, ora pelas vastas áreas planas próximas a fonte de d’água (rio Tamanduateí) e fácil escoamento de mercadoria (ferrovia), ora pelo valor aquisitivo que era pouco agregado a esses terrenos. (BRUNO,1954)
A partir desse contexto, destaca-se na região da Mooca, bem como em outros bairros operários, uma conformação urbana pela tríade ferrovia-imigrante-indústria, a qual possibilitou a formação de grandes sítios industriais e a introdução de vilas e cortiços que possuíam ativida-
des descentralizadas em relação ao centro de São Paulo. Outra peculiaridade que o bairro possui está na sua memória e identidade cultural de diversas nacionalidades (principalmente a europeia), pois, mesmo com aproximadamente 100 anos passados de política de imigração para o Brasil, ainda hoje, pode-se encontrar as marcas de uma significativa nacionalidade, tanto nos costumes e dialetos do bairro, quanto na representatividade dos comércios locais de familiares dos primeiros imigrantes abrigados no bairro da Mooca.
Assim, considerando-se os conceitos: (1) bairro, memória e identidade de acordo com as observações de Bosi1 (2003); (2) metodologias de restauro que garantam a “fácil leitura do edifício” sem retirar sua identidade de época (CARBONARA, 1942) e (3) sua reinserção na sociedade por meio do “reuso” (BUCHANAN, 1976), busca-se, em referência a esses métodos, reativar a Fábrica Antarctica de modo a garantir respeito em relação a composição que o monumento faz em seu entorno (KUHL, 2009, p.46) e enfatizar a importância que o edifico tem cultural e historicamente de acordo com as recomendações definidas pelas Cartas Patrimoniais Internacionais, principalmente aquelas que se referem ao restauro de sítios industriais (Carta de Veneza, Carta de Burra, etc.).
1 BOSI, Eclea. Memória da cidade: lembranças paulistanas. Estudos Avançados, 17(47), 198-211. Disponível em < http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/9910> Acesso: 26 Mar. 2020
12 .1Introdução
Figura 2 Imagem da Chaminé da Fábrica Antarctica Fonte: Imagem autoral
Aregião da Mooca, uma das antigas áreas industriais desativadas, está localizada na zona leste e serve como palco de “numerosos edifícios e conjuntos arquitetônicos que configuram uma paisagem única”, que estão expostos a “ação do tempo e da especulação imobiliária que descaracteriza o patrimônio urbano a cada novo empreendimento” (RUFINONI, 2013, p.15).
Um exemplo desses conjuntos é a Fábrica Antarctica, que atualmente encontra-se em abandono. Diante desta problemática faz-se a necessidade de compreender a importância histórica do monumento para o bairro por meio de um projeto de centro turístico com o objetivo de promover melhorias arquitetônicas, urbanas, sociais e ambientais.
OBJETIVOS
Oobjetivo deste trabalho é identificar a importância histórica do Patrimônio Industrial do século XIX e como esse influenciou não somente no desenho urbano, mas também nas relações de vizinhança do bairro Mooca. Assim, no primeiro momento pretende-se acentuar e propor melhorias urbanas do entorno da área de estudo com base nas diretrizes e instrumentos contidos no Projeto de Intervenções Urbanas (PIU), previsto na Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí (OUCBT)¹ da cidade de São Paulo. E em segundo, através de uma escala arquitetônica, desenvolver questões projetuais em um recorte na Fábrica Antarctica que enfatizará “preservação, conservação e restauração” pelo campo vinculado às questões “culturais” como determinante e de “ordem prática” (usos,
econômicos, sociais etc.) como concomitante daquele (KUHL, 2010).
Dessa maneira, aplica-se a este trabalho ressaltar: (1) o pertencimento da sociedade paulistana e mooquense ao bairro, (2) enfatizar e conectar espaços públicos e edifícios históricos da região e (3) criar, conforme o PDE de 2014 e estudos realizados de acordo com metodologia deste trabalho, programas que protejam os bens tombados. Além disso, desenvolver atividades de uso misto e recreativo para as regiões históricas, bem como contido nas regras aplicáveis as macros áreas de estruturação metropolitana e zona especial de preservação cultural (ZEPEC):
Art.12. § 3. II- Valorização das áreas de patrimônio cultural com a proteção e recuperação de imóveis e locais de referência da população da cidade, estimulando usos e atividades compatíveis com a preservação e sua inserção na área central. (SÃO PAULO,2014)
“O que se observa na Mooca, é que essa desconcentração gerou vazios: inúmeros e enormes galpões industriais sem uso. (...) Assim, ciente do abandono das grandes indústrias e dos riscos que essas construções oferecem se deixadas vazias, há que se pensar em revitalizar esse patrimônio e propor novos usos.” (FORTUNATO, 2012)
14 13 1 São Paulo, Projeto de Lei 000723/2015de 27 de agosto de 2015. Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí.
JUSTIFICATIVA APROPRIAÇÃO IMOBILIÁRIA DESCARACTERIZAÇÃO ABANDONO X HISTÓRIA PATRIMÔNIO URBANO e PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO
“ “
METODOLOGIA
“Todo projeto de pesquisa deve conter as premissas ou pressupostos teóricos sobre os quais o pesquisador (o coordenador e os principais elementos de sua equipe) fundamentará sua interpretação.” (LAKATOS e MARCONI, 2003, p.224)
Oestudo desse trabalho foi dividido em três etapas: documental, cartográfica e campo.
Assim, no âmbito da pesquisa documental foi realizada uma análise histórica arquitetônica com base nas informações contidas nos órgãos: CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e DPH (Departamento de Patrimônio Histórico de São Paulo). Segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 174) a pesquisa documental baseia-se também na coleta de dados bibliográficos e fotográficos, em consideração a esse contexto, pesquisou-se sobre a formação social, urbana e arquitetônica de São Paulo e do bairro da Mooca para compreender tais estruturas que desenvolveram as tradições que foram deixadas pelas heranças desde nativos aos imigrantes, vale ressaltar a grande contribuição do livro: “Casa de Taipa: O bairro paulistano da Mooca” de Dimas Antônio Kunsch, e Bernadete Toneto.
Em seguida, foram estudados teóricos e cartas patrimoniais internacionais com intuito da melhor compreensão do tema sobre diretrizes e problemáticas do restauro de complexos industriais para, dessa forma, propor uma linha de preservação, pensando-se na reabilitação do edifício Cia Antárctica.
Após a análise teórica, foram elaborados estudos cartográficos e levantamentos do bairro da Mooca para analisar suas ocupações, usos, dinâmicas e costumes da população local com base no site do GeoSampa e na pesquisa em campo.
E por último, traçou-se diretrizes embasadas nos levantamentos cartográficos e analíticos que, mais tarde, possibilitaram o desenvolvimento do programa de necessidades para o projeto do polo turístico e cultural da Fábrica Antarctica da Mooca.
PESQUISA DOCUMENTAL
PESQUISA EM CAMPO
ELABORAÇÃO DE LEVANTAMENTOS
Contexto .2histórico
15
CONTEXTO HISTÓRICO PAULISTA
Para melhor entendimento do local que se desenvolverá o projeto no Complexo Antarctica do bairro da Mooca neste trabalho de graduação, este capítulo contextualiza a Cidade e o bairro que abriga esse palco industrial.
2.1. A indústria do século XIX na cidade de São Paulo
A cidade de São Paulo, diferentemente do que se conhece hoje por metrópole, até o período do século XVIII não passava de uma vila colonial, possuindo em sua aparência uma “estrutura modesta”. (BRUNO, 1954)
É a partir do século XIX, com o fim da colonização da cidade de São Paulo e a introdução da economia cafeeira, que a cidade desenvolve diversas transformações: urbana, econômica e social. Trata-se do início das instalações férreas que mais tarde introduziriam as fábricas; o fim da escravidão e incentivo a imigração no Brasil; novas ocupações habitacionais e estruturas urbanas que darão origem aos bairros operários.
A chegada da estrada de ferro, por demanda da introdução do café, desempenhou papel de ligação entre várias cidades do País. No caso da São Paulo Railway Company (1867), a cidade de São Paulo era uma passagem obrigatória entre
o porto e as regiões de escoamento de café (localizadas, em maior parte, no oeste paulista), o que possibilitou a Cidade uma modernização radical, não somente pelo novo transporte (ferrovia), mas também pelo surgimento de novas classes sociais:
(1) a burguesia cafeeira que possibilitou construções significativas urbanas desde a palacetes na Avenida Paulista (Séc. XIX), em uma escala arquitetônica, até a construção do viaduto do Chá (Séc. XIX) no Centro da cidade, em uma escala urbana;
(2) trabalhadores imigrantes europeus que eram a nova mão de obra na agricultura cafeeira e, mais tarde, das fábricas que possibilitaram novas conformações de bairros operários.
As estradas de ferro promoveram ainda várias transformações em cidades e até, em alguns casos, sua fundação. Pela sua extrema importância para as cidades, influíam na configuração das ruas e até mesmo em seu sistema de identificação, nos meios de transportes urbanos, no estabelecimento de atividades complementares nos arredores de suas estações, tais como a comercial e a hotelaria e a própria estrutura de vida de uma época. (KUHL,1998, p.125)
“ “
Figura 2: Imagem editada de um desenho ilustrativo do bonde da tramways - primeira linha de bonde em São Paulo.
18
Fonte: Histórico Demográfico do Município de São Paulo Acesso em 18/05/2021
Essa nova conformação de cidade em relação a expansão ferroviária fez exigências, também, da implementação de “atividades urbanas”, sendo que muitas delas eram para atender sua própria manutenção (construção civil, manutenção de trilhos, armazenamento de produtos, carvão, maquinários etc.). As fábricas, em sua maioria, foram instaladas próximas às linhas férreas devido a disponibilidade de terrenos a baixo custo, com pouco declive e próximos ao Rio Tamanduateí e Tietê, que eram fontes de água. Mais tarde, essa economia industrial possibilitou o crescimento de uma nova população: trabalhadores de fábricas que em sua maioria, preferiam residir próximos ao trabalho, assim configurando-se os bairros operários (a exemplo da Mooca, Brás, Pari, Bom Retiro, etc.) dispostos de vilas operárias, cortiços e fábricas (Figura 3).
São nesses bairros que surgem as primeiras fábricas na cidade de São Paulo, por exemplo: cervejaria Bavária que mais tarde foi comprada pelo conjunto da Cia Antarctica (1890), Cotonifício Crespi (1897), Armazéns Gerais de Piratininga (1912), Armazéns Ernesto de Castro (1918), Moinho Gamba (1920) e Armazéns das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (1927).
O crescimento industrial de bens de consumo teve sua massiva instalação, principalmente, em meados dos anos de 1930 (período Vagas), mas perdurou-se até a década de 1970 com os Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs) estabelecidos durante o regime militar que incentivaram a descentralização de indústrias para o interior do País.
“(...) além de um número elevado (...) de operários qualificados que vieram ocupar as mais importantes posições no sistema produtivo da indústria (...) o rápido crescimento do potencial energético (...)) vieram criar economias externas necessárias ao surto de industrialização, que a partir dos anos trinta, projetaria definitivamente o estado paulista como o mais importante centro industrial do País” (SUZIGAN, 1971, p.90)
É a partir desse período que muitas construções situadas nas áreas industriais de São Paulo, como o Bairro da Mooca sofreram problemas de abandono, subutilização e periferização.
2.2. O Bairro da Mooca
“A Mooca nasce com cara morena, indígena. Não tem documentos de nascença, apenas a suposição de que foi no dia 17 de agosto de 1556, quando os jesuítas construíram a ponte Tabatinguera sobre o rio, para unir a via ao caminho dos bandeirantes” (TONETO, 2006)
“Faz casa” nome dado pelos indígenas ao verem a técnica construtiva em taipa, material este obtido pelas lamas das bordas do rio Tamanduateí que os jesuítas utilizavam para construir as moradias, é neste contexto (em meados do século XVI) que nasce a primeira conformação do bairro da Mooca. Essa paisagem, no entanto, é alterada em meados do século XIX com a inauguração da estrada de ferro São Paulo Railway e da consequente introdução de novas indústrias no perímetro do bairro.
“A ferrovia mudou tudo em poucas décadas. Transformou em bairro o antigo arrebalde ao ligá-lo definitivamente à cidade, trouxe a São Paulo e a Mooca milhares de imigrantes, e atraiu fábricas, depósitos, moinhos, que gradualmente se instalaram às suas margens.” (KUNSCH,2006, p.52)
Além disso, é possível identificar que devido ao trio ferrovia-indústria-imigração a Mooca adquiriu em seu território um desenho urbano desenvolvido não somente pelas indústrias, mas pelos novos moradores do bairro:
“Junto às fábricas surgiram vilas operárias e proliferaram os cortiços. Os operários, como é natural, queriam morar perto do trabalho e seus ordenados eram modestíssimos.” (KUNSCH,2006, p.52)
A implantação de fábricas ou pequenas oficinas de bens de consumo (bebidas, roupas, calçados, etc.) apontavam às necessidades que os moradores da região tinham em relação a serviços, comércios e lazer, haja vista o que demonstravam os bairros Brás, Mooca e Belenzinho: um “núcleo de intensa vida própria a ponto de merecer a designação de “outra cidade ” ou “cidadela ”. Logo obtém-se, por característica desses bairros operários, uma ocupação desordenada e mista pela falta de planejamento, o que resultou em grandes aglomerados de casas, falta de esgoto e excesso de ruas lamacentas que mais tarde apresentariam problemas de salubridade.
“Os operários da Mooca viviam em casas geminadas, sem jardim e com um pequeno quintal nos fundos. As portas e as janelas davam diretamente para a rua, e de dentro das casas se ouviam as conversas dos vizinhos, o pregão do verdureiro e do vassoureiro, as brincadeiras das crianças e as brigas dos bares.” (TONETO,20061)
1 Reportagem disponível em < http://www.portaldamooca.com. br/heranca-que-fica-bernadete-toneto/> Acesso: 11 de Ago. 2020
19 20
Figura 3: Panorama do bairro da Mooca em meados do século XIX Fonte: Portal da Mooca Acesso em 09/03/2020
Figura 4: Mapa de São Paulo de 1916 Fonte: Imagem autoral com base no mapa de São Paulo do ano de 1916 Acesso em 09/03/2020
Figura 5: Imagem da estação de trem da rua dos trilhos Fonte: Trilhos da rua dos trilhos Acesso em 19/05/2021
“ “
Figura 6: Imagem de uma rua do bairro da Mooca Fonte: Bruno Mooca Acesso em 19/05/2021
2.3. Formação do perímetro urbano da Mooca
Partindo-se para uma análise urbana, pode-se afirmar que conforme as indústrias e a densidade demográfica cresciam no Brasil, a região da Mooca também expandia suas ocupações. Observa-se, no entanto, que a restrição de adensamento nessa região era barrada devido as grandes enchentes ocorridas pelo Rio Tamanduateí, impedindo que os bairros do local se incorporassem à cidade até meados dos anos de 1893 quando o rio foi canalizado dando lugar ao Parque D. Pedro II. Pela comparação entre os Figura 7 (Mapa de São Paulo de 1810), Figura 8 (Mapa de São Paulo de 1881) e Figura 9 (Mapa de São Paulo de 1947) observa-se que no primeiro há o limite de ocupação ao leste devido à problemas naturais, como mencionado anteriormente, e no segundo e terceiro, uma grande mudança em relação ao de 1810 visto que trata-se de períodos que já obtinham investimentos da economia cafeeira, ou seja, introdução de ferrovias e instrumentos urbanos; estações e fábricas, além da retificação do rio. O que demostra um traçado de bairro cada vez mais subdividido em quadras.
Apesar do grande abandono que a Mooca vem sofrendo desde a década de 1950, devido à descentralização de fábricas para o interior do Brasil, identifica-se a importância que esta região tem para o Patrimônio Histórico, Cultural e Humano da Cidade, pois, desenvolveu-se junto a um traçado férreo histórico, das primeiras indústrias nacionais e ainda carrega uma forte cultura imigrante1 pelo seu caráter de vizinhança que representa a “memória e pertencimento” do bairro (BOSI, 2003), o que faz desse local um grande arsenal cultural e tradicional da cidade de São Paulo.
“A maior parte seguia rumo ao interior, para trabalhar nas fazendas do café, mas muitos permaneciam na cidade. Tantos, que, no início do século 20, de cada quatro pedreiros trabalhando em São Paulo, três eram italianos.” (KUNSCH,2006, p.53)
1 A Associação que Ama (defende) a Mooca e o Porta da Mooca são instituições promovidas junto a subprefeitura e moradores da região que demonstram o sentimento de pertencimento do bairro em relação à população do local.
Patrimônio.3Cultural
21 16
Figura 7: Mapa de São Paulo 1810 Sem ocupações à leste do Tamanduateí Fonte: Autoral com base na planta imperial de São Paulo Acesso em 09/03/2020
Figura 8: Mapa de São Paulo 1881 Primeiras ocupações à leste do Tamanduateí Fonte: Autoral com base na planta de São Paulo de 1881 Acesso em 09/03/2020
Figura 9: Mapa de São Paulo 1924 Traçados em quadras Fonte: Autoral com base na planta de São Paulo de 1924 Acesso em 09/04/2020
PATRIMÔNIO CULTURAL INDUSTRIAL
Neste
capítulo é feita uma contextualização do patrimônio cultural de modo a refletir sobre a importância histórica do Complexo Antarctica para iniciar as diretrizes de restauro que se pretende realizar no projeto deste trabalho.
3.1. Contexto e identidade
Segundo Françoise Choay (1995, p.11), entende-se por patrimônio histórico um “bem” herdado por um grupo de pessoas que acumularam uma “diversidade de objetos que se congregam por um passado comum: obras, obras-primas das belas artes e das artes aplicadas”. Trata-se de um termo que mais tarde será vinculado com preocupações de preservação da memória, cultura e história de um período. Foi possível, por meio das primeiras constituições nacionais de patrimônio, unificar um referencial comum a uma sociedade e cultura que relembre memórias coletivas de um território.
“Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
- As formas de expressão;
II Os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.” (BRASIL,1988)
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Figura 10: Imagem plataforma da CPTM- Linha esmeralda Fonte: Imagem autoral
3.2. Patrimônio Industrial
Os primeiros estudos e discussões relacionados ao conceito “patrimônio industrial” surgem em meados dos anos 1960 na Grã-Bretanha por Arthur Rainstrik. Junto a esse conceito também é anunciado o campo da “arqueologia industrial” em destaque “interdisciplinar” (BUCHANAN,1972. p.20-21), uma vez que ambos tinham o intuito de demonstrar a importância dos monumentos industriais por suas dinâmicas, tecnologias e meios de comunicação de um determinado período.
É no contexto de pós guerra que enfrentava os países europeus e da “obsolescência de testemunhos da industrialização” (RUFINONI, 2013, p.188) no Brasil que se incentiva a necessidade de uma discussão sobre patrimônio industrial de modo a entender este conceito amplo, visto que, o monumento industrial não almeja somente uma tipologia, mas sim um encadeamento de fatos, logo trata-se de um “complexo” realizado pela industrialização – “fábrica, residências, enfermaria, escola, etc., além de abarcar unidades de produção de energia e meios de transporte”(KUHL, 2008, p.45).
Com a criação de novas cartas, após a Carta de Atenas, tem-se a evolução dos conceitos de restauro e preservação que incluíssem não somente a sociedade, mas a pluralidade de outros conceitos históricos testemunhos de dinâmicas humanas, assim além da Carta de Veneza e Quito que já retratam as indústrias e também paisagens urbanas como um “bem cultural”, em 2003 a Carta de Nizhmy Tagil define melhor o conceito de “patrimônio industrial”.
“O património industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitectónico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de processamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infra-estruturas, assim como os locais onde se desenvolveram actividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação.” (CARTA
DE NIZHNY TAGIL, 2003)
ciente ou inconsciente, as complexas questões de preservação, como ato de cultura, envolve.” (KULH,2008, p. 57)
1
No entanto, por mais que haja e instituições, leis e ferramentas urbanas para proteger os “sítios industriais”, cabe ressaltar que se trata de uma área que vivencia uma realidade com escassez de recursos financeiros, assim pouco valorizada no âmbito governamental e com um quadro insuficiente de mão de obra verdadeiramente qualificada para trabalhar no setor. Segundo Rufinonni (2013, p. 199-201), há um certo distanciamento entre teoria e prática de conservação para estes monumentos industriais, ou por serem complexos não considerados “significativos de obra de arte”, ou pela escassez de discussão para critérios aplicados em projetos de intervenção em Patrimônio industrial.
“Em geral, não é possível avaliar os aspectos verdadeiramente conservativos da ação, pois quase nunca é apresentado um exame do edifício como estava antes e o que se procurou conservar e valorizar no projeto (...).
Ademais, as palavras restauração, conservação ou preservação, raramente comparecem nos artigos. Fala-se com frequência de revitalização, recuperação ou mesmo reciclagem, procurando evitar, de maneira cons-
1 Disponível em < https://ticcihbrasil.com.br/cartas/carta-de-nizhny-tagil-sobre-o-patrimonio-industrial/ > Acesso em: 16 mar. 2020
Devido a esse fato problemático, pretende-se com esta pesquisa enfatizar a importância do Patrimônio Industrial que se tem no bairro da Mooca por meio de questões projetuais norteadas por autores e cartas. E assim elaborar uma proposta que ative a memória dos moradores por meio do restauro e reativação da Fábrica, pensando-se não somente na sua arquitetura, mas no meio em que está evolvido pelas dinâmicas sociais e malha urbana em que se está inserido.
Buscou-se no desenvolvimento deste capítulo descrever as bases teóricas que auxiliaram e embasaram os entendimentos sobre a preservação de sítios e monumentos históricos industriais. Assim, para a área de estudo utilizou-se, no âmbito urbano, as Cartas de Veneza (1964) e de Burra (1980) que como ressaltado na Carta de Nizhmy Tagil devem estar inclusas na Carta do Patrimônio Industrial.
As primeiras citações sobre a preservação dos patrimônios industriais e urbanos surgem na Carta de Veneza (1964), a qual enfatiza a necessidade de compreender que um testemunho histórico compõe um diálogo onde está inserido e não mais de forma isolada. Assim, parte-se de que “A conservação e a restauração dos monumentos visam salvaguardar tanto a obra de arte quanto o testemunho histórico” (Carta de Veneza,1964, p. 2), logo ressalta-se que o “monumento histórico” não somente está nas obras arquitetônicas, mas em qualquer sítio urbano ou rural que tenha adquirido uma significância de cunho cultural independentemente de deste estar atrelado ao “valor” documental ou formal. (KUHL, 2021, p. 292 - 293)
“A noção de monumento histórico compreende a criação arquitetônica isolada bem como o sítio urbano ou rural que dá testemunho de uma civilização particular, de uma evolução significativa ou de um acontecimento histórico. Entende-se não só às criações, mas também às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, uma significação cultural.” (CARTA DE VENEZA, 1964. Art.1, p.2)
A partir dessa resolução é necessário, em revita-
lizações e preservações de sítios industriais, dar uma função útil à edificação sem alterar sua paisagem e leitura arquitetônica (Miklós Horler ), uma vez que estes complexos “costumam agrupar diversos edifícios construídos em diferentes épocas” (RUFINONI,2013, p 92).
“A conservação dos monumentos é sempre favorecida por sua destinação a uma função útil à sociedade; tal destinação é, portanto, desejável, mas não pode nem deve alterar à disposição ou a decoração dos edifícios. É somente dentro desses limites que se deve conceber e se pode autorizar as modificações exigidas pela evolução dos usos e costumes” (CARTA DE VENEZA, 1964. Art.5, p.2)
A Carta de Veneza insere, também, influências de um restauro que apontam a necessidade de buscar uma expressividade marcadamente contemporânea nas novas intervenções. Isso aconteceu devido as destruições da Segunda Guerra Mundial, uma vez que muitas características de edifícios históricos se encontravam devastadas, assim tem-se a resolução de um restauro que mantem questões documentais e históricas como retratado na Carta de Atenas, mas com fundamentos estéticos proposto pelo restauro “crítico” como observado nos artigos a seguir:
“Artigo 12- Os elementos destinados a substituir as partes faltantes devem integrar-se harmoniosamente ao conjunto, distinguindo-se, todavia, das partes originais a fim de que a restauração não falsifique o documento de arte e de história.” (Carta de Veneza, 1964. Art.12, p.3)
1 HORLER, Miklós. La Charte de Venise et la restauration des monuments historiques em Hongrie. Disponível em: < http://openarchive.icomos.org/635/> Acesso em 17 mar. 2020
“Artigo 13 – Os acréscimos só poderão ser tolerados na medida em que respeitam todas as partes interessantes do edifício, seu esquema tradicional, o equilíbrio de sua composição e suas relações com o meio ambiente.” (CARTA DE VENEZA, 1964. Art.13, p.3)
Conforme descrito na Carta de Quito (1967) um local preservado é um espaço que não contém sua total desnaturalização, dessa forma, entende-se a necessidade de compreender as diferenças dos conceitos (Carta de Burra, 1980) sobre: preservação conservação restauro, e reconstrução bem como unir estas concepções à valorização e identificação social que contém afetividade à história do monumento.
“A ideia do espaço é inseparável do conceito do monumento e, portanto, a tutela do Estado pode e deve se estender ao contexto urbano, ao ambiente natural que o emoldura e aos bens culturais que o encerra.” (Carta de Quito, 1967. p.2)
“Reiterar a conveniência de que os países da América adotem a Carta de Veneza como norma mundial em matéria de preservação de sítios e monumentos históricos e artísticos, sem prejuízo de adotarem outros compromissos e acordos que se tornem recomendáveis dentro do sistema interamericano.” (CARTA DE QUITO, 1967. p.11)
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3.3. Diretrizes teóricas para preservação de sítios e monumentos industriais
Termos Técnicos
1- Preservação: compreender os monumentos históricos é necessário para entender os motivos de resguardá-los. Assim, tudo que está exposto nas transformações dos testemunhos do tempo deve englobar ações de tombamento e proteção, pois, preserva-se por justificativa do patrimônio possuir valor cultural e social.
“A preservação se impõe nos casos em que a própria substância do bem, no estado em que se encontra, oferece testemunho de uma significação cultural especifica, assim como nos casos em que há insuficiência de dados que permitam realizar a conservação sob outra forma.” (CARTA DE BURRA, 1980. p.3)
2- Conservação: conservação refere-se aos cuidados para preservação da significação cultural por meio de “medidas de segurança e manutenção” (Carta de Burra, 1980)
“As contribuições de todas as épocas deverão ser respeitadas. Quando a substância do bem pertencer a várias épocas diferentes, o resgate de elementos datados de determinada época em detrimento dos de outra só se justifica se a significação cultural do que é retirado for de pouquíssima importância em relação ao elemento a ser valorizado” (Carta de Burra, 1980. p.3)
3- Restauração e reconstrução: a restauração junto a reconstrução designa ao reestabelecimento de um bem ao estado que era anteriormente reconhecido. Parte-se
da necessidade de respeitar os testemunhos históricos que o monumento possui sem retirar sua passagem pelo tempo.
“A reconstrução deve ser efetivada quando constituir condição sine qua non de sobrevivência de um bem cuja integridade tenha sito comprometida por desgastes ou modificações.” (CARTA DE BURRA, 1980. p.4)
4- Significação, valorização e identidade cultural: pensa-se nas tradições de uma sociedade que faz necessário salvaguardar valores próprios das civilizações urbanas tradicionais representados por relações de paisagens entre homem, cidade e natureza (bairros históricos, forma e traçado urbano, espaços abertos e construídos, etc.)
“A presente carta diz respeito, mas precisamente às cidades grandes ou pequenas e aos centros ou bairros históricos com seu entorno natural ou construído, que além de sua condição de documento histórico, exprimem valores próprios das civilizações urbanas tradicionais” (CARTA DE WASHINGTON, 1986. p.1)
Além das diretrizes e conceitos das cartas patrimoniais citadas anteriormente, pretende-se, para área de estudo, aprofundar também os conceitos de “reutilização”, “reativação “e “requalificação” para adaptar o edifício a um novo uso, seja de cunho de habitação, lazer ou cultural para poder reintegrar o monumento à sociedade.
Técnicas de Restauro
Ainda em decorrência do entendimento sobre patrimônio, dedica-se esta parte da pesquisa aos estudos sobre conservação que servirão de base para às técnicas de preservação arquitetônica dos edifícios contidos na Cia Antarctica, respaldadas por: Gustavo Giovanonni (1987-1947), Cesare Brandi (1906-1988), Giovanni Carbonara (1942) e Salvador Munõz Viñas (2003).
Gustavo Giovanonni (1987-1947) aplica em sua teoria um restauro científico baseado nos estudos de Camilo Boito (1836-1914) que defende a necessidade de diferenciação entre original e restauro. Mas seu grande destaque consiste em seus estudos serem os primeiros sobre a valorização dos conjuntos urbanos por meio da compatibilização entre escalas e morfologias, assim sendo necessário entender as relações entre a “cidade antiga” e a “cidade moderna”.
“(...)um grande monumento tem valor em seu ambiente de visuais, de espaços, de massas e de cor no qual foi erigido, (...) o aspecto típico das cidades ou povoados e seu essencial valor de arte e de história com frequência residem, sobretudo, na manifestação coletiva dada pelo esquema topográfico, nos agrupamentos construtivos, na vida arquitetônica nas obras menores” (GIOVANONNI, p 176. Tradução Manoela Rufinonni.)
Cesare Brandi (1960- 1988), assim como Giovanonni, reafirma a necessidade distinguir o contemporâneo e o histórico, mas diferente desse, parte de uma teoria estética que se sobressai a histórica. Assim, aponta a distinção entre restauro de produtos industrializados e restauro de obras de arte, sendo o primeiro por inter-
venções com objetivo de restituir a funcionalidade do produto; e o segundo para restabelecer o objeto como uma obra de arte. Desse modo, o restauro serve para recriar a significância que o testemunho perdeu ao longo do tempo, intempéries ou restaurações anteriores e respeitar seu valor artístico sem retirar traços de passagem do tempo ou intervenções realizadas pelo homem.
“A restauração, para representar uma operação legítima, não deverá presumir nem o tempo como reversível, nem a abolição da história. A ação de restauros, ademais, e pela mesma exigência que impõe o respeito da complexa historicidade que compete à obra de arte, não se deverá colocar como secreta e quase fora do tempo, mas deverá ser pontuada como evento histórico tal como o é, pelo fato de ser ato humano e de se inserir no processo de transmissão da obra de arte para o futuro.” (BRANDI, 2008, p. 61)
Para Giovanni Carbonara (1942) o restauro transmite o futuro de uma obra que atribuirá valor histórico, artístico ou ambiental. Assim, não deve cancelar os traços do tempo e facilitar a leitura. O termo “preservar” significa dar novos valores para o edifício por meio da requalificação, reutilização e reabilitação.
E para Salvador Munõz Viñas (2003), o restauro estabelece a necessidade de conservação a partir de uma forma subjetiva, sendo a preservação realizada por meio da significância, simbolismo e sentimentalismo que um objeto tem para uma determinada sociedade. Assim, ressalta que o restauro deve facilitar a leitura do patrimônio e não ser imposta somente pela teoria de estudiosos, pois, a conservação deve ser realizada com
a participação de um grupo, o qual possui o objeto significativo e assim favorecer o potencial do edifício de modo a garantir possibilidade “de surgimento de novos significados no presente e no futuro” (ZANCHETI, p. 8, 2014).
A partir dos quatro estudiosos citados acima, determina-se que o restauro e preservação do edifício Antarctica serão realizados por meio da reabilitação e requalificação para novos usos com o intuito de não haver um possível abandono como a humanidade tem visto durante muitos anos, principalmente com os novos costumes de especulação imobiliária ou o fácil descarte de construções antigas como se tem observado no bairro da Mooca (ROLNICK, 20001) Além disso, como analisado nos primeiros estudos de Giovanonni e Carta de Veneza, pretende-se também preservar e reconstruir uma leitura histórica a partir da análise do entorno do objeto de estudo para poder saber interferir na área respeitando seus aspectos documentais locais.
“Um dos objetivos da restauração é, com feito, preservar a solução arquitetônica para os problemas como resolvidos em outras épocas. (...) Não se trata apenas de respeitar os aspectos materiais, mas também saber entender as questões formais, a composição do espaço, sua solução de distribuição e articulação, para, através da proposta, preservá-los, respeitando escrupulosamente os aspectos documentais. (KUHL,2009, p.222)
1 Disponível em < https://revistapesquisa.fapesp.br/2000/07/01/zona-leste-de-sao-paulo-enfrenta-o-novo-milenio/> Acesso em: 17 mar. 2020
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Espaço e memória
Conforme as resoluções de cartas internacionais de patrimônio e instituições de preservação para atender a necessidade de resgatar e salvaguardar (monumentos, espaços, elementos, festividades, etc.) entende-se, atualmente, que existe uma “conexão entre o espaço e memória” independentemente de o patrimônio ser identificado “material ou imaterial ”1
“A memória se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto. A história só se liga a continuidades temporais, às evoluções, e às relações das coisas. A memória é o absoluto e a história o relativo”
(NORA, 1993, p 09)
Logo, parte-se desses princípios, também, como diretrizes para preservar o patrimônio escolhido, visto que pertence a um bairro tradicional de São Paulo composto de uma cultura muito presente na maioria das famílias descendentes de imigrantes europeus.
1 Entende-se por “patrimônio imaterial” as práticas, representações, conhecimentos e técnicas junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são associados- que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultura. (IPHAN, 2004, p.373)
A Fábrica Antarctica .4
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Figura 11: Foto do armazém da Mooca de 1932
Fonte: Portal da Mooca Acesso em 18/09/2021
Figura 12: Foto da Cantina Romanato Fonte: Portal da Mooca Acesso em 18/09/2021
4.1. Surgimento da Cia Antarctica em São Paulo
Osurgimento da Fábrica Antarctica atrela-se ao contexto das alterações urbanísticas e sociais do século XIX da cidade de São Paulo. Devido a isso, percebe-se que a presença de imigrantes alemães tem papel significativo no surgimento das primeiras cervejarias, uma vez que, trata-se de uma bebida culturalmente forte nos países europeus.
Em relação à Companhia Antarctica Paulista, sua formação é compreendida em dois momentos: o primeiro no bairro da Água Branca e o segundo no bairro da Mooca (local da área de estudo).
Desse modo, data-se seu início em meados dos anos 18851 por Joaquim de Salles em um complexo localizado na Rua Turiassu no bairro da Água Branca (próxima a estrada de ferro SPRW e Sorocabana). A Fábrica funcionava como abatedouro de suínos, conservação de carne, fabricação de presunto, gelo e banha. (SANTOS,2004, p. 24)
A fabricação de cerveja inicia-se a partir de 1882 em sociedade a Louis Bucher (filho de cervejeiros alemães) que detinha de uma cervejaria que utilizava milho, arroz e outros cereais. E no ano de 1888 nasce da associação de Bucher e Salles a “Antarctica Paulista – Fábrica de Gelo e
Acesso
2020
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Cervejaria”.
1 SALGADO. I; SOUSA. D. A Companhia Antarctica Paulista em São Paulo: memória e patrimônio edificado. Revista Arqurb, São Paulo, 2017, p. 51. Disponível em < https://revistaarqurb.com.br/arqurb/article/view/151 > Acesso em 15 abr.
Figura 14: Reportagem sobre o estabelecimento da Fábrica Antarctica Fonte: Jornal “A provínica de São Paulo”- reportagem de 13/07/1889 Acesso em 20/04/2020
Figura 13 Anúncio referente à cervejaria da Antarctica Paulista Fonte: Jornal “A provínica de São Paulo”- reportagem de 13/07/1889
em 20/04/2020
Conforme demonstrado na Figura 15, observa-se que se trata de um complexo fabril imponente, de acordo com a reportagem retirada de “A Província de São Paulo de 13 de julho de 1886, sendo composto de câmaras frigoríferas, espaços para fabricação de latas, salsichas e presuntos, máquinas para produção de gelo, escritórios e moradias de empregados. Além disso, identifica-se uma característica predominante das primeiras indústrias brasileiras: a localização próxima às ferrovias, no caso da Companhia Antarctica, adjacente as estradas de ferro Inglesa Cia. São Paulo Railway e sorocabana (Figura 16).
Segundo Sergio de Paula Santos em “Os Primórdios da Cerveja no Brasil”, no ano de 1891 a Cia Antarctica
Paulista tornou-se uma sociedade anônima com mais de 50 acionistas, dentre eles pode-se citar: João Carlos Antônio Zerrenner, de origem alemã e Adam Ditrik von Bullow, dinamarquês. Foi graças a posse desses como sócios majoritários com a compra das ações da fábrica que se impediu a crise da Cia Antarctica. Foi a partir dessa nova direção que a fábrica cresceu consideravelmente, visto que além de possibilitarem a importação de máquinas para produção de cerveja, Zerrenner e Bullow abriram o complexo industrial ao público no ano de 1902 conhecido por “Parque Antarctica” composto de vilas operárias, casas para gerentes, áreas de lazer, etc. Formando assim, “um agradável e vistoso conjunto no bairro da Água Branca” (Bandeira, 1901, p.35).
4.2. Surgimento da Cia Antarctica na Mooca
Osurgimento da Cia Antarctica mooquense data-se do ano de 1904 com a compra da Cervejaria Bavária pela Companhia. Isso possibilitou a transferência da sede para o bairro da Mooca na Rua Bavária1, permanecendo até a criação da Ambev nos anos 2000 por meio da sua fusão com a Cervejaria Brahma. Identifica-se um fato em comum entre as duas sedes da Companhia, conforme a Figura 17 e Figura 18, a continuação de localização privilegiada da fábrica no bairro: próxima a linha férrea e ao rio Tamanduateí.
Essa transferência da sede do bairro da Água Branca para o da Mooca permitiu a expansão do complexo tanto territorialmente quanto arquitetonicamente.
Atualmente, o edifício que foi desativado em 1995, quando a fábrica foi transferida para o interior de São Paulo, encontra-se tombado pela Resolução 19/2016 (CONPRESP, 2016). Desde a sua fusão com a Brahma nos anos 2000 (criação da Ambev), o complexo tem sido palco de abandono, descaso e subutilização como ocorre em muitos terrenos e edificações históricas do bairro da Mooca.
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Figura 16: Planta de Situação do Parque Antarctica na Água Branca Fonte: Imagem da planta de São Paulo de 1905 Acesso em 20/04/2020
1 Segundo o Decreto n 2688, processo 89145/45 de 20 de setembro de 1954 o Logradouro tem seu nome alterado para Avenida Presidente Wilson pela prefeitura
Figura 15: Fachada da Fábrica Antarctica na Rua Turiassu Fonte: Acervo do estadão
Cronologia
4.3. Cronologia dos edifícios do Complexo Antarctica
Acronologia da antiga Cia Antarctica na Mooca é primordialmente composta pelos edifícios da cervejaria Bavária do ano de 1892, conforme observado nos documentos projetuais encontrados no Departamento do Arquivo Histórico Municipal (DPH) e textos referentes à cidade de São Paulo no século XIX, pode-se afirmar que o Complexo sofreu diversas modificações com reformas e demolições.
4.3.1. Primeiros edifícios - 1892
1982 nasce a fábrica de cerveja Bavária composta de um edifício de tijolo aparente com 5 pavimentos.
“O prédio não tem estylo; é, porém, alto, vasto, vistoso e todo construído de tijolos. Em frente, fica-lhe o escritório, em bonito chalet e nos fundos passa-lhe a Estrada de Ferro Ingleza, com a qual tem communicação. A fábrica ocupa uma extenção de 250 metros de frente por 100 metros de fundos e os escritórios e mais dependecias uma extensão de 80 metros por 120. A parte mais alta do edifício tem 30 metros e a chaminé 36” (PINTO,1979. p. 216)
Além disso, havia na fábrica dois poços artesanais que forneciam água para fabricação de cerveja e gelo. Com a boa localização que tinha (próxima a linha férrea) conseguiu um desvio da linha para facilitar o transporte de seus produtos para fora da cidade e abastecer-se de maquinários, cevada, garrafas e carvão.
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Figura 19: Planta cronológica das edificações do Complexo Antarctica Fonte: Imagem autoral
Em
Figura 20: Composição esquemática do Complexo em 1892 Fonte: Imagem autoral
4.3.2. Expansão dos limites - 1910 a 1912
possível identificar no período de 1910 uma das implantações em relação as edificações dentro do terreno (Figura 21).
Ainda nesse ano, a Companhia expande seus limites com a compra do terreno adjacente, ao norte destinado as construções de oficinas, serraria, fábrica de licores, oficina de ferreiros, de carros e carpintaria.
No ano de 1911 tem-se o registro da construção de uma residência com sete quartos e uma loja a frente voltada à Avenida Bavária (Figura 22); e um novo projeto de fábrica de gelo (Elemento
da Figura 23).
Processo:
No ano de 1912 é anexado outro terreno adjacente, ao sul do lote original, que mais tarde serviria de abrigo para outros edifícios. Além disso, nesse ano é realizada a ampliação do prédio das adegas (Figura 24), uma torre de elevador e um girador.
Ressalta-se que as construções realizadas nesse ano estão remanescentes até os dias atuais, algumas delas sofreram modificações ao longo do tempo, todavia destacam-se na paisagem da linha férrea.
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É
“B”
Figura 23: Desenho dos prédios das adegas
Fonte: Departamento de Patrimônio Histórico Planta e corte das adegas 1921
OP1912_000589_PR001 do Arquivo histórico Municipal de São Paulo
Figura 21: Implantação de edificações de 1910
Fonte: Departamento de Patrimônio Histórico.
Processo: OP1910_000364_PR001 do Arquivo Historico Municipal de São Paulo
Figura 22: Planta de construção de 1911
Fonte: Departamento de Patrimônio Histórico.
Processo: OP1911_000474_PR001 do Arquivo Historico Municipal de São Paulo
Figura 24: Composição esquemática do Complexo em 1910 a 1912
Fonte: Imagem autoral
4.3.3. Construções e demolições - 1913 a 2021
Conforme demonstra a Figura 25, são nos anos de 1913 e 1914 que se constroem os edifícios no terreno anexado ao sul do lote original, que até atualmente destacam-se na paisagem: nova casa de máquinas, uma nova chaminé, casa de fabricação, casa das caldeiras, banheiros, depósito de cevada, local de fermentação, laboratórios e fábrica de gasosa.
Percebe-se nas Figuras 26, 27 e 28 projetos e características referentes a nova casa de máquinas, a um dos portões da Fábrica no ano de 1913 e da nova casa de depósito e fabricação de cevada do ano de 1914 (Figuras 29 e 30).
Figura 26: Vista de um dos portões da Fábrica em 1913
Fonte: Departamento de Patrimônio Histórico.
Processo: OP1913_000660_PR001 do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo
Fonte:
Processo:
do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo
Figura 28: Projeto da casa de máquinas de 1913
Fonte: Departamento de Patrimônio Histórico.
Processo: OP1913_000634_PR002 do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo
Figura 29: Projeto da casa de fabricação e depósito de cevada em 1914
Fonte: Departamento de Patrimônio Histórico.
Processo: OP1914_000596_PR002 do Arquivo Histórico Municipal
Figura 30: Projeto da casa de fabricação e depósito de cevada em 1914
Fonte: Departamento de Patrimônio Histórico.
Processo: OP1914_000596_PR003 do Arquivo Histórico Municipal
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Figura 25: Composição esquemática do Complexo em 1913 a 1914
Fonte: Imagem autoral
Figura 27: Projeto da casa de máquinas de 1913
Departamento de Patrimônio Histórico.
OP1913_000634_PR001
O próximo registro encontrado sobre novas edificações é do ano de 1929 (Figura 31): depósitos, tanques, câmara frigorífica, área de descarga e a ampliação da casa de máquinas.
A ampliação da casa de máquinas seguiu a modulação do edifício original, porém em estrutura metálica, já que a original era em concreto. Sua fachada manteve-se também com o mesmo estilo, exceto pelo acabamento que ficou em tijolo aparente. Nesse ano também é construída no mesmo terreno ao sul, a portaria que servia para acesso principal e comportava escritórios administrativos da Companhia com mesmo estilo arquitetônico das adegas de 1912 e da casa de máquinas de 1913.
Em 1930 é projetado um novo local para o processo de fermentação e uma ampliação da casa de máquinas construída em 1914.
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Acesso: 25/04/2020 Figura 32: Composição esquemática do Complexo em 1929 a 1930 Fonte: Imagem autoral
Em relação as demolições, é a partir dos anos 1949 que se iniciam (Figura 33), para dar lugar a: 4 silos, galpões maiores que serviriam para abrigar as oficinas mecânicas, novas máquinas e outros processos como os de engarrafamento e caixotaria dos produtos (Figura 34). São demolidos, assim, a primeira chaminé do complexo, a casa das caldeiras (quando ainda era a Cervejaria Bavária), e edifícios de descarga e depósitos localizados próximo a linha férrea.
Mais tarde, em 1953, foram demolidos: o depósito, o girador, oficinas e escritórios para construção de um outro prédio que serviu de depósito de vasilhames e processos de engarrafamento.
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Figura 33: Composição esquemática de demolição do Complexo em 1949 a 1953 Fonte: Imagem autoral
Figura 34: Composição esquemática do Complexo em 1949 a 1953 Fonte: Imagem autoral
Em 1972 são demolidos: a fábrica de gelo do ano de 1911, a fábrica de ácido carbônico dos anos de 1929, alguns galpões e a portaria, assim dando espaço para dois galpões que serviram de depósito e processo de engarrafamento.
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Figura 35: Composição esquemática de demolição do Complexo em 1972 Fonte: Imagem autoral
Figura 36: Composição esquemática do Complexo em 1972 Fonte: Imagem autoral
No ano de 1983 são datados os últimos registros de projetos novos na prefeitura de São Paulo, as novas obras eram compostas de adegas e silos. Para isso foram demolidos alguns edifícios, a exemplo do despacho, fábrica de gasosa e dos 4 silos de 1930.
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Fonte: Imagem autoral
Figura 38: Composição esquemática do Complexo em 1983
Fonte: Imagem autoral
A partir do apresentado, em 2021, tem-se uma composição de edifícios construídos em diferentes tempos e muitos desses descaracterizados pelas intempéries e reformas no período que a fábrica ainda funcionava. Enfatiza-se, no entanto, que as fachadas da portaria (Figura 39); construções dos anos de 1892 que comportavam os escritórios e laboratórios, alguns edifícios dos anos 1913/1914 localizados ao lado da linha férrea da estação CPTM Juventus-Mooca, a exemplo da torre e dos três prédios de tijolo (que serviam de depósito); mantiveram, ainda que mal conservados, características imponentes destacando-se na paisagem do bairro da Mooca e no entorno da linha férrea que abriga as estações da região.
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Figura 39: Imagem atual da portaria Fonte: Imagem autoral
Figura 40: Imagem atual da portaria e chaminé Fonte: Imagem autoral
Figura 41: Imagem atual dos edifícios das adegas e torre Fonte: Imagem autoral
Figura 42: Imagem atual do edifício ao Norte do terreno fachada da Avenida Presidente Wilson Fonte: Imagem autoral
Estudo Geral Da Área .5
Neste capítulo, busca-se introduzir o entendimento da área em relação à Cidade. Desse modo, identifica-se em uma escala macro, que se trata de uma região denominada de operação urbana consorciada (PDE 2014) e em uma escala micro, um complexo protegido pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP), por meio do tombamento (Resolução 19/20162). A respeito dos levantamentos apresentados neste capítulo, utilizou-se por base o mapa digital da Cidade de São Paulo (GeoSampa3).
5.1. Limites adminstrativos
Olocal da área de estudo está localizado na capital de São Paulo, mais precisamente entre os limites adminstrativos do bairro da Mooca e Sé.
Ainda em linhas gerais, de acordo com o Quadro 2 A “Características de aproveitamento construtivo por Macroárea” (São Paulo, 2014, p. 184) trata-se de uma área com coeficiente de aproveitamento mínimo de 0,5, máximo de 1 e com gabarito máximo de 28 metros.
C.A. máx.= 1
C.A. mín.= 0,5
28 pavimentos
1 Brasil, Senado Federal (1988). Lei n.25, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade. Seção X, Art.32.Disponível em < https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2001/lei-10257-10-julho-2001-327901-publicacaooriginal-1-pl.html> Acesso em: 07 abr. 2020.
2 São Paulo. Secretaria Municipal de Cultura- CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) (disponível em: < https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/conpresp/legislacao/ resolucoes/index.php?p=1137 > Acesso em: 20 abr. 2020) Resolução 19/2016 completa no ANEXO 1 dessa pesquisa
3 Disponível em <http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx>
acesso: 17 Ago. 2020
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Figura 43: Mapa dos limites administrativos das Subprefeituras Fonte: Imagem autoral com base nos mapas de subprefeituras da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Paulo
Diagrama 1: Diagrama de localização da área de estudo Fonte: Imagem autoral
Diagrama 2: Diagrama de aproveitamento construtivo Fonte: Imagem autoral
Por tratar-se de uma métropole com diversas características que mesclam heterogeneidades de desenvolvimentos econômicos e urbanos, o Plano Diretor a dividiu em macrozonas e macroáreas. Em relação à Fábrica Antarctica, esta encontra-se em sua ordenação de Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana e Macroárea de Estruturação Metropolitana que abrange a área do Arco- Tamanduateí. Compreende-se, por tanto, que se trata de uma área com grande potencial para transformações urbanas, visto que dos principais eixos que articulam os polos da Região Metropolitana.
5.2. Lei de Zoneamento 16.402/16 e Lei de Parcelamento e Uso e Ocupação do Solo (LPUOS)
Conforme a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS) e Lei de Zoneamento número 16.402/16 (São Paulo, 2016) o terreno da área de estudo, além de classificado por uma ZEPEC – BIR (Zona Especial de Preservação Cultural – Bens Imóveis Representativos) como pode ser observado na Figura 45, também se identifica por uma Zona de uso misto.
Ao seu redor estão as Zonas de Centralidade (ZC) utilizados majoritariamente como Subcentros regionais; Zonas de Interesse Social 3 (ZEIS 3) que são identificadas por áreas urbanas e edifícios deteriorados ou subutilizados destinados (conforme o PDE de São Paulo de 2014) para construção de novos empreendimentos voltados ao interesse social (exemplo: Habitação de interesse social, incentivo a espaços públicos, culturais e comércios locais que auxiliam na renda local).
Encontra-se no local, também, Zonas de Ocupação Especial (ZOE) e Zona de Eixo de Estruturação Urbana (ZEU) destinadas pelo PDE de 2014 para áreas de moradia, recreação e lazer.
É possível indentificar, conforme a Figura 46, a presença de armazéns e edifícios subutilizados em quadras de uso predominantemente residencial ou misto. Nas quadras de uso residencial é possível identificar duas tipologias: residências de até 3 pavimentos que ocupam lotes menores e residências verticais (acima de 5 pavimentos). Na maioria das quadras também há uma diversidade de serviços e comércios locais.
1 Disponível em < https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/ wp-content/uploads/2016/03/PL-272-15-com-raz%C3%B5es-de-veto.pdf> Acesso: 15 Ago. 2020
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Figura 45: Mapa do levantamento de zoneamento Fonte: Imagem autoral com base nos mapas de subprefeituras da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Paulo
Figura 46: Mapa do levantamento de zoneamento Fonte: Imagem autoral com base nos mapas de subprefeituras da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Paulo
Figura 44: Mapa das macroáreas Região metropolitana de São Paulo Fonte: Plano Diretor de São Paulo 16050/2014 Acesso em 01/06/2021
5.3. Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí (OUCBT) - Projeto de Lei 723/2015
“O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (PDE) (...) traz um amplo conjunto de diretrizes, estratégicas e medidas para ordenar a transformação da cidade. Representa um pacto da sociedade em direção à justiça social, ao uso mais racional dos recursos ambientais, à melhoria da qualidade de vida e à intensa participação social nas decisões so bre o futuro de São Paulo.” (SÃO PAULO, 2014)
A necessidade de preservação dos edifícios demarcados pela ZEPEC justifica-se devido as localizações estratégicas que estão os antigos sítios e barracões que abrigaram as primeiras indústrias brasileiras. Os baixos custos desses terrenos e a localização territorialmente privilegiada desenvolveram propostas projetuais, que em muitos casos, evidenciaram uma apropriação arquitetônica e urbana agressiva tanto devido ao rápido crescimento das cidades contemporâneas, quanto pela especulação imobiliária presente em muitas regiões de São Paulo.
Em relação a esse cenário, identifica-se as iniciativas pelo PDE de São Paulo junto às subprefeituras e o mercado privado em promover transformações revitalizadoras com o propósito de dinamizar essas regiões por meio dos instrumentos de valorização previstos pelas operações urbanas consociadas.
Esse instrumento previsto no Estatuto da Cidade (2001) é estabelecido no Plano Diretor de 2002 com o objetivo de melhorar e valorizar zonas urbanas especificas, assim em uma escala local pretende-se por meio de “diretrizes urbanísticas, econômicas, sociais, ambientais e participativas” qualificar bairros identificados com grande potencial na cidade de São Paulo. No caso da Mooca, tais intervenções seguem as ações determinadas por um Projeto de Intervenção Urbana (PIU) proposto para orientar as transformações estruturais de um território (Mooca). Essas diretrizes encontram-se descritas no projeto de lei Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí 1(SÃO PAULO, 2015) (antiga Operação norte e sul), que compreende dois perímetros: (1) Perímetro de adesão e (2) Perímetro expandido. O primeiro é compreendido por incidir um regramento urbanístico específico gerando recursos através de CEPAC2 Certificados de Potencial Adicional de Construção) e o segundo que segue parâmetros de leis de zoneamentos, pode receber recursos das OUCBT para atendimento de interesse social ou melhorias na infraestrutura urbana e não gera CEPAC.
O SETOR MOOCA
Com base no instrumento da OUCTB é possível identifcar que a região da Fábrica Antarctica encontra-se no perímetro do setor da Mooca, o qual compreende uma área com potencial para reconversão de edifícios históricos por meio do incentivo à economia criativa, visto que predomina a ocupação de serviços e comércios. Além de impulsionar a requalificação urbana do local, é pretendido para a área promover o uso misto com o intuito de aproximar o emprego à moradia, bem como aos equipamentos e redes de conexão públicas e sociais.
Deste modo, por pertencer a uma zona industrial com elementos de um patrimônio ferroviário faz-se a necessidade da Fábrica Antarctica seguir as ferramentas conforme o Art.138- Subseção II: Das operações Urbanas Consociadas na Lei 16.050/14, de 31 de julho de 2014 (SÃO PAULO,2014):
“A cerca das questões projetuais:
Fonte:
Acesso em 06/04/2020
(...) a Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí pretende equilibrar a oferta de empregos e de moradias na região, promovendo o adensamento populacional e construtivo, além de uma maior diversidade dos serviços e do comércio local. (...) há ainda um programa de preservação dos territórios produtivos da região existentes ao longo da ferrovia e das indústrias, assim como a valorização do patrimônio da cidade voltado ao trabalho e a história. (SÃO PAULO,2015)
1 ANEXO 2 – Artigo 5 e 6 da OUCBT (Operação Urbana Consorciada Bairro Tamanduateí sobre objetivos e diretrizes)
2 CEPAC (Certificados de Potencial Adicional de Construção) são valores mobiliários emitidos pela Prefeitura do Município de São Paulo, utilizados como meio de pagamento de contrapartida para outorga onerosa de Direito Urbanístico Adicional dentro do perímetro de uma Operação Urbana Consorciada (LEI 10.257/01)
II- Implantar equipamentos estratégicos para o desenvolvimento urbano/ V- Implantar equipamentos públicos sociais, espaços públicos e áreas verdes/ VII- Proteger recuperar e valorizar o patrimônio ambiental, histórico e cultural/ VIII- promover o desenvolvimento econômico e a dinamização de áreas visando à geração de empregos” (SÃO PAULO, 2014).
Em relação ao planejamento de interveções urbanas é possível compreender que o entorno da Fábica abrange um contexto de reconversão de edifícios históricos com a intenção de preservar e valorizar o patrimônio por meio de iniciativas culturais e sociais que componham, também ,na melhoria da circulação e ampliação de espaços públicos através do: alargamento de ruas, maior conexão entre bairros e previsão para novos parques e praças com aumento de áreas verdes e arborização nos passeios públicos a fim de mitigar as ilhas de calor e os alagamentos na várzea do Tamanduateí.
“A partir do rio, desdobram-se os temas dos alagamentos, da drenagem e da degradação ambiental das orlas fluviais. A ferrovia arrasta as questões do patrimônio fabril e ferroviário, da segmentação dos bairros e as indagações sobre o futuro dos espaços produtivos a ela associados. (....) As soluções do projeto tratam de medidas não estruturais (parques inundáveis, canais de retenção, etc.) de mitigação de alagamentos. (...) Tais estruturas de drenagem são concebidas em associação com parques, áreas verdes e corredores ambientais, que adentram os bairros e aproximam os rios dos moradores”. (SÃO PAULO, 2015)
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Figura 47: Mapa das macroáreas de estruturação metropolitana com aproximação a Operação Urbana Consorciada Bairros Tamanduateí
Imagem retirada do projeto de lei 723/205
“ “
Figura 48: Mapa dos setores da Operação Urbana Consorciada Bairros Tamanduateí Fonte: Imagem autoral
Figura 49: Mapa do planejamento urbanítico estratégico no setor Mooca Fonte: Imagem com intervenção autoral retiraco da OUCBT Acesso em 20/04/2020
5.4. Levantamento topográfico e de áreas verdes
A respeito dos levantamentos naturais, é possível identificar que se trata de um local que permeia margens do Rio Tamanduateí e a linha férrea. Além disso, pode-se considerar que mesmo identificada por várzea de rio, o local é praticamente plano (Figura 50), efeito físico que justificou a implantação da linha férrea no local.
Em relação aos levantamentos de áreas verdes (Figura 51) identifica-se, dispersas na paisagem, uma grande quantidade de arbolização de pequeno e médio identifica-se, mas poucos locais públicos permeáveis como praças e parques. É possivel reconhecer uma presença característica de vegetação rasteira ao longo da linha férrea (Figura 52)
Além disso, deve-se ressaltar um problema recorrente na maioria das grandes cidades: as desordens encontradas nos fios elétricos misturados aos galhos e folhagens das vegetações urbanas. (Figura 54).
5.5. Levantamento das principais linhas viárias e ferroviárias
“A rede viária estrutural de nosso Município é considerada um dos elementos estruturadores do território, conforme dispõe o artigo 101 do Plano Diretor Estratégico. Esta classificação abrange três níveis sendo que as vias N1 - são aquelas que estabelecem a ligação da Capital com os demais municípios do Estado de São Paulo e Estados da Federação; as N2 - utilizadas como ligação com os municípios da Região Metropolitana e com as vias do 1º nível; e as N3 - aquelas não incluídas nos níveis anteriores, utilizadas como ligações internas no Município.” (SÃO PAULO, 2007)1
Conforme a Figura 55 é possível identificar o levantamento das vias do entorno: ao norte do terreno de estudo está a Rua Mooca classificada por uma via arterial de Nível 3. Ao oeste do terreno verifica-se a Avenida Presidente Wilson (antiga Rua Bavária) arterial de Nível 3. E ainda, ao oeste na canalização do Rio Tamanduateí tem-se a Avenida do Estado via arterial de Nível 1. Além disso, percebe-se o destaque da linha férrea no entorno sendo uma importante via para o meio de transporte público: a Linha 10 Turquesa da CPTM (Juventus-Mooca).
Ainda em consideração ao levantamento de vias, é realizado um levantamento das principais que permeiam o local:
• Avenida Presidente Wilson: Logradouro da Fábrica Antarctica;
• Rua da Mooca: Rua com destaques ao comércio local e transportes públicos, além de ligar o bairro ao centro da cidade;
• Viaduto Professor Alberto de Camargo: Viaduto sobre a Rua da Mooca e que sobrepõe a linha férrea;
• Avenida Alcantara Machado/Avenida Radial Leste: Via arterial que cruza o eixo leste para a região central paulista;
• Avenida do Estado: Via arterial que liga a região Central da Capital à divisa desta com São Caetano
Faz-se, também, necessário identificar as percepções realizadas com visitas em campo: a primeira em relação ao viaduto que fica ao norte do terreno e sobre a Rua da Mooca que conforme a Figura 56 demonstra como muitos viadutos da Cidade um local inseguro, sem utilização e abandonado; e a segunda na Avenida Presidente Wilson com a impermeabilidade do olhar do pedestre para a ferrovia, visto que os muros da Fábrica Antarctica se fecham completamente para a rua (Figura 57).
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Figura 51: Mapa do levantamento de áreas verdes e vegetação arbórea Fonte: Imagem autoral com base nos mapas de subprefeituras da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Paulo
Figura 50: Mapa topográfico da área de estudo Fonte: Imagem autoral com base nos mapas de subprefeituras da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Paulo
Figura 52: Imagem da linha de trem CPTM esmeralda Fonte: Google Street View
Figura 53: Imagem da arborização da Avenida Presidente Wilson Avenida Principal da Fábirca Antarctica Fonte: Google Street View
Figura 54: Imagem da arborização e fiações urbanas Fonte: Imagem autoral
Figura 56: Imagem do Viaduto Professor Alberto de Camargo Fonte: Google Street View
Figura 57: Imagem dos muros da Cia Antarctica para Avenida Presidente Wilson Fonte: Imagem autoral
Figura 55: Mapa da classificação das principais vias do entorno Fonte: Imagem autoral com base nos mapas de subprefeituras da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Paulo
Disponível em < http://documentacao.camara.sp.gov.br/iah/fulltext/parecer/URBS1724-2007.pdf> Acesso em: 15 ago. 2020
1
5.7. Levantamento de edifícios em destaque
5.6.
Compreende-se, de acordo com este levantamento, que o local detém dos principais eixos que articulam os polos da Região Metropolitana (linhas de trem, metrô, avenidas etc.).
Em relação ao transporte público da área, pode-se afirmar que há uma vasta rede de linhas de ônibus, por mais que haja uma escassez de corredores específicos. Além disso, conforme observa-se na Figura 58, trata-se de um local privilegiado por estar próximo a linha férrea que oferta o
transporte público pela Linha 10 Turquesa da CPTM (Brás/ Rio Grande da Serra).
Sobre a iluminação pública, percebe-se na Figura 59 que o local não sofre escassez, no entanto, a iluminação, em sua maioria, é pensada para auxiliar o uso das vias pelos veículos em período noturno (Figura 60), pois, em muitos casos por conta da vegetação presente nas calçadas a iluminação torna-se uma penumbra para os pedestres que caminharem no local à noite.
Para este levantamento foram utilizados parâmetros de gabaritos que fogem da escala da paisagem urbana do local. Em sua maioria são condomínios residenciais verticais e edifícios classificados pelo Mapa Digital de São Paulo por “notáveis” como a própria Fábrica Antarctica, a Estação Mooca, os galpões da Antiga São Paulo Railway, entre outros. (Firgura 62)
Já em relação aos acessos para pedestres, como faixa e calçadas, a maioria encontra-se em mal estado, ora por falta de manutenção, ora deteriorada por raízes de vegetações inadequadas para passeios urbanos (Figura 61).
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Figura 58: Mapa do levantamento de transporte público Fonte: Imagem autoral com base nos mapas de subprefeituras da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Paulo
Figura 59: Mapa do levantamento de faixa de pedrestre e iluminação pública Fonte: Imagem autoral com base nos mapas de subprefeituras da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Paulo
Figura 60: Imagem da calçada sem iluminação apropriada para pedestres Fonte: Google Street View
Figura 61: Calçada da Av. Presidente Wilson Fonte: Imagem autoral
Levantamento do transporte, iluminação, acessos e calçadas públicos
Figura 62: Mapa de edifícios em destaque Fonte: Imagem autoral com base nos mapas de subprefeituras da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Paulo
Figura 63: Imagens de edifícios que fogem a escala da paisagem Fonte: Ivan Fortunato Acesso em 04/06/2021
Figura 64: Galpões e edifícios históricos da Mooca Fonte: Ivan Fortunato Acesso em 04/06/2021
Diretrizes Projetuais .6
23
METODOLOGIA PROJETUAL Etapas projetuaí s
ste capítulo pretende-se realizar os primeiros direcionamentos projetuais para a Fábrica Antarctica e seu entorno urbano. Para isso, além de utilizar por base o PDE, o PIU das Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí, as Diretrizes de Tombamento da Fábrica Antarctica pela resolução 19/2016 do CONPRESP, os levantamentos cartográficos e fotográficos, serão pontuados estudos de casos para agregar referências projetuais e assim direcionar o plano de massas relacionado ao entorno urbano e arquitetônico do local de estudo.
Objetiva-se, desse modo, aliar todas as diretrizes previstas no plano urbano para área com o projeto que se pretende realizar na Fábrica Antarctica por meio (1) da difusão de equipamentos de cultura e assistência social, assim como, (2) o estímulo ao desenvolvimento de comércios e serviços locais, (3) a previsão de espaços livres e transporte público e a (4) proteção do patrimônio material e imaterial. Ressalta-se que tais propostas serão consideradas extremamente necessárias para o desenvolvimento sustentável da área.
Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí (OUCBT)
Projeto de Intervenções Urbanas (PIU) Tombamento Resolução 19/2016
Master Plan
Cartas Patrimoniais + Técnicas de Restauro
Projeto de Restauro Arqutetônico Polo Turístico e Cultural Cervejaria Antarctica da Mooca
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Plano Diretor de São Paulo
Diagrama 3: Diagrama de segmentos das etapas projetuais da área de estudo Fonte: Imagem autoral
6.1. Estudo de casos repertório referencial
Foram escolhidos quatro projetos referenciais para aumentar o repertório sobre a preservação não somente da arquitetura histórica industrial, mas do local que esse se insere. Assim buscou-se analisar a recuperação destes edifícios por meio dos conceitos de reabilitação, revitalização, reuso e preservação aplicados de diferentes ou semelhantes métodos em cada projeto.
NACIONAIS INTERNACIONAIS
Cervejaria Bohemia (Petrópolis - RJ)
Antigos Studios Kaiser de cinema (Ribeirão Preto - SP)
Cervejaria Kameinice (Repúbica Tcheca)
Distrito Histórico da Destilaria (Canadá)
Cervejaria Bohemia
Ficha Técnica
Nome Cervejaria Bohemia
Ano 2012
Área local 10.000m²
Cliente Ambev
Arquitetos André Vilkas, Carol Kechichian,Daniel Ueda
Local Petrópolis,RJ
Fundada em 1853 por Henrique Leiden, a fábrica de cervejas que em 1898 é de fato batizada por cervejaria Bohemia encontra-se em destaque por ser uma das pioneiras na fabricação da bebida. Sua localização está em Petrópolis município da cidade do Rio de Janeiro. Em 2012 a fábrica da Cidade Imperial é reaberta e revitalizada dando lugar a um programa que contém um museu com percurso histórico da produção de cerveja, um restaurante e um bar
A experiência vivenciada pelos visitantes no local está intimamente ligada à tecnologia quando se trata dos recursos utilizados no museu (vídeos, painéis touch-screen, reprodução de ambientes por Chroma Key, etc). O local possibilita um percurso sobre o processo de fermentação, composto por etapas que demonstram a produção da cerveja artesanal. A experiência finaliza com opções de degustação de bebidas produzidas na fábrica, loja de souvenir e um bar com mais opções de cervejas.
A reforma da fábrica Bohemia atrelou-se à valorização de edifícios patrimoniais para novos usos e ocupação. Considera-se por base os critérios embasados nas classificações de museus corporativos1 que a fábrica apresenta em seu programa memórias vinculadas ao coletivo, estas podendo representar um episódio (o auge da fábrica) ou uma cultura (a da cidade de Petrópolis).
A Cervejaria em questão segue uma tendência de museus contemporâneos pelo uso de tecnologia, dinamismo e participação do público devido as inspirações que foram tomadas para o projeto da fábrica como os espaços corporativos Guinness House e Heineken Experience, por meio disto as experiências que os visitantes possuem de degustação ao retornarem do roteiro de fabricação de cervejas originam-se não somente como um momento “Bohemia Experience”(O GLOBO, 2014) mas uma estratégia de marketing para valorizar o produto da casa.
1 Os museus Corporativos são construídos dentro das próprias empresas ou em suas proximidades. (...)Em uma versão mais contemporânea, os museus corporativos podem também adquirir diferentes formatos, tais como instalações de salas de exposições, centros de visitantes, centros de informação e visitas guiadas às fábricas (Danilov, 1992)
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Figura 65: Fachada da Fábrica Bohemia Fonte: Site da Bohemia Acesso em 04/06/2021
A Fábrica - Antigos estúdios kaiser de cinema
Ficha Técnica
Nome A Fábrica
Ano 2019
Área em torno de 11.000 m²
Cliente Instituto SEB
Arquitetos Governo do Estado de São Paul. Prefeitura de Ribeirão Preto e iniciativas privadas
Local Ribeirão Preto, SP
A fábrica que já abrigou a Cia Antarctica no interior de São Paulo, data sua inauguração no ano de 1914. Após seu período de desativação, em 2007, foi tombada pelo CONDEPHAAT e pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto (CONPPAC).
A fábrica está localizada na Avenida Jerônimo Gonçalves (centro histórico da cidade), às margens do Ribeirão Preto. Em seus arredores encontravam-se a Estação da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro e a Cia. Antarctica.
A revitalização, no entanto, foi iniciada pelo Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Estado da Cultura, Prefeitura de Ribeirão Preto através da Secretaria Municipal de Cultura e da iniciativa privada. Em 2015 nota-se a participação do Grupo SEB responsável por transformar o local em e um conglomerado de atividades culturais, sociais, educacionais ligadas à inovação e ao empreendedorismo.
Ressalta-se, ainda, que em seu restauro são respeitadas as características do edifício, mesmo com a introdução de elementos contemporâneos como um pergolado metálico que serve de cobertura para pedestres que estão ao lado de fora do edifício (Figura 70).
A “São Paulo Film Commission” iniciou o restauro da Fábrica, com a introdução de uma nova sede para produtora, recebendo o nome de Estúdios Kaiser de Cinema. O projeto contava com a adaptação do edifício para as novas funções modernas e tecnológicas que o local precisaria. Além de um processo de restauro totalmente cuidadoso, o complexo de audiovisual continha oito estúdios, anexos com camarins, sanitários e salas de produção, pátio cenográfico, alojamento, vestiário, lavanderia, cozinha industrial, refeitório, depósito de movelaria, oficinas de cenografia e figurinos e sala de exposição com cerca de 50 lugares.
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Figura 66: Fachada da Fábrica Restaurada Fonte: Imagem retirada de blog de viagens Acesso em 02/06/2020
Figura 68: Imagem do restaurante com cobertura metálica e roteiro do museu Fonte: Imagem retirada do site da Bohemia Acesso em 02/06/2020
Figura 69: Imagem do edifício restaurado Fonte: Revista Revide Acesso em 04/06/2021
Figura 70: Imagem do pergolado metálico introduzido pelo restauro Fonte: Site Varal Diverso Acesso em 04/06/2021
O novo projeto comporta espaços de exposições, espaços kids (Figura 71), um café, espaço Maker que serve de laboratório para projetos criativos (figura 72), coworking responsável por abrigar uma incubadora de projetos que contenham impacto social e um auditório para cerca de 400 pessoas (figura 73)
Cervejaria Kameinice
Ficha Técnica
Nome Cervejaria Kamenice
Ano 2018
Área Local 2290.0m²
Arquitetos OTA Atelier Local República Tcheca
Segundo as descrições enviadas pela equipe do projeto, a cervejaria Kamenice, em meados do século XIX, foi um elemento dominante no centro da cidade. Após seu fechamento, precisamente na Segunda Guerra Mundial, o local serviu de armazém para vegetais e para atender a demanda do novo uso foram construídas novas paredes e tetos de concreto.
O escritório OTA atelier apresentou uma proposta de restauro que se baseava nas intervenções realizadas pelo armazém, assim foi necessário limpar as artes valiosas do edifício, retirar as conversões insensíveis, propor um novo layout (Figura 75) e adicionar elementos arquitetônicos contemporâneos para auxiliar nas novas necessidades de acessos (Figura 76).
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Figura 72: Imagem do espaço maker e laboratório Fonte: Site Varal Diverso Acesso em 04/06/2021
Figura 73: Imagem do espaço coworking e auditório Fonte: Site Varal Diverso Acesso em 04/06/2021
Figura 71: Imagem espaço kids Fonte: Site Varal Diverso Acesso em 04/06/2021
Imagem da praça externa da cervejaria Archdaily em 04/06/2021
Figura 75: Planta Térrea da Cervejaria Fonte: Archdaily Acesso em 04/06/2021
Figura 76: Escada e elevador metálicos introduzidos na parte interna da cervejaria. Fonte: Archdaily Acesso em 04/06/2021
O programa conta com uma cervejaria , um bar e uma pequena fábrica de testes (Figura 77). Diante do entendimento desse projeto, é possível identificar as soluções de conectividade entre os ambientes internos e externos, a fim de permitir, por meio de panos de vidros e passagens estratégicas, a abertura do edifício para a praça, dando ao local maior visibilidade.
Distrito Histórico da Destilaria (Distillery Historic District)
Ano 2003
Área do local 56.000 m²
Arquitetos Cityscape Development Cop.
Local Toronto, Canadá
O Complexo que hoje é um dos pontos atrativos de entretenimento e arte na cidade de Toronto, abrigou em 1832 a maior destilaria britânica do século XIX: Gooderham and Worts, de grande importância histórica para os canadenses.
Após ser desativada nos anos de 1990, sofreu um período de esquecimento até sua compra em 2001 por um grupo de investidores privados que possibilitaram o restauro dos 47 prédios e por fim, a reabertura, no ano de 2003 de um sítio industrial com grande importância cultural para a Cidade.
É possível identificar a conservação e restauro do conjunto por meio da: preservação dos edifícios em estilo industrial vitoriano com tijolo aparente (Figura 79), presença de paralelepípedos irregulares no piso, exposições dos maquinários da época e resquícios do cotidiano que havia local como fotos e placas de indicação.
A reutilização e preservação dos espaços aguçam as percepções dos usuários a novos sentidos de viver e morar por meio da lembrança da história local e por novos programas como comércios, restaurantes, galerias e condomínio residenciais. Toda essa experiencia vivenciada é permitida somente na escala do pedestre, visto que no Conjunto é proibida a entrada de veículos
O Complexo tem em seu programa diferentes usos, assim compondo um conjunto que proporciona, em suma: arte, moradia, comércio e entretenimento. É possível observar no mapa abaixo (Figura 80) a variedade de serviços presentes no local:
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Figura 77: Imagens da cervejaria e bar Fonte: Archdaily Acesso em 04/06/2021
Figura 79: Conjunto dos edifícios do Distrito histórico da destilaria Fonte: Site oficial Distillery Historic District Acesso em 04/06/2021
Figura 80: Mapa do Conjunto Fonte: Site oficial Distillery Historic District Acesso em 04/06/2021
Nome Destillery Historic District
Ficha Técnica
A introdução de novos materiais no projeto diferencia-se pelo uso de elementos anacrônicos (metal, vidro e concreto) que geram contraste no monumento (CHOAY, 2001) por meio de materiais tecnológicos e esculturas modernas dispostas ao longo do Complexo.
Em relação ao restauro urbano identifica-se que a inserção do “distrito” na paisagem proporciona dinâmicas de diferentes relações ora pelos usos, ora pelas percepções dos usuários que vivenciam o local por meio da arte, gastronomia e entretenimento. O Distrito demonstra, em sua totalidade, um bom exemplo a ser utilizado como referência projetual de conceito e partido para revitalização de um complexo inserido em um meio urbano, pois introduz em seu projeto pilares como: meios de transporte público próximo à região, edifícios de caráter histórico e usos do solo que propiciam um giro econômico para a sociedade local.
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Figura 81: Imagem da composição do conjunto Fonte: Site oficial Distillery Historic District Acesso em 04/06/2021
Figura 82: Imagem de elementros artíticos e componentes urbanos no distrito Fonte: Site oficial Distillery Historic District Acesso em 04/06/2021
Diretrizes Projetuais
6.2. Diretrizes projetuais As díferentes escalas do projeto
Aproposta para área de estudo visa implantar um centro turístico que possa, por meio de novos serviços, comércios e instituições, acentuar a importância histórica que existe não somente no sítio da Cia Antarctica, mas a própria memória afetiva que o local traz a muitos moradores da região.
Deste modo, considerando que o Complexo possui uma relação urbana com a cidade e o bairro é necessário que haja um estudo relacionado as melhorias e novas propostas urbanas para o entorno. Assim, conforme essa consideração, pretende-se para a área abranger duas escalas:
1 – Urbana: abrangerá um percurso com melhorias urbanas e um plano de massas para o entorno que abriga a Fábrica Antarctica;
2- Arquitetônica: desenvolverá um polo turístico dando novos usos aos edifícios do complexo por meio da revitalização, restauro e conservação da memória do local.
Edificios Complexo Antarctica: escala arquitetônica
Limites da região Mooca OUCBT: escala urbana
Grande São Paulo: limites dos bairros
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Diagrama das diferentes escalas utilizadas no projeto Elaborado pela autora
6.3. Escala Urbana
Plano de massas e melhorias urbanas
Naescala urbana buscou-se a partir do que se pretende no projeto de Lei 723/2015
- Plano de Intervenção Urbana (PIU) da Operação Urbana Consociada para os Bairros do Tamanduateí (OUCBT) (São Paulo, 2015), o qual é instrumentado pelo PDE de 2014 (Lei 16050/2014) dar continuidade aos sistemas que contribuam para cidade uma vida com: “direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações”. (BRASIL, 2001)
Áreas Verdes
• Continuar os percursos verdes propostos no PDE com o intuito de promover requalificação de: (1) logradouros, (2) vias para pedestres como calçadas e conexões de futuros parques e implantação de arborização apropriada para passeios urbanos;
• Incentivar quadras arborizadas para as áreas de ZEIS propostas pelo PDE;
Mobilidade
Patrimônio
• Ampliar os percursos cicloviários do PDE para o Parque Dom Pedro e assim conectar a área com o centro histórico;
• Continuar a ciclovia da Avenida Presidente Wilson para conectar a Estação da CPTM Juventus-Mooca e Metro do Brás;
• Promover a conexão de Edifícios Culturais, Educacionais e de interesse históricos com intuito de proporcionar um percurso turístico;
• Promover ocupação de edifícios históricos para comércios e serviços de interesses culturais que valorizem o patrimônio;
Usos
• Promover ocupação de edifícios subutilizados para moradia em zonas demarcadas por ZEIS e para comércios e serviços em zonas de polos comerciais;
• Incentivar fachadas ativas para edifícios presentes em polos de usos mistos e polos de subcentro;
Sistemas verdes Percursos verdes - arborização de calçadas, sistemas de drenagem e passeios com jardins.
Áreas verdes propostas pelo PDE de São Paulo
Ciclivias e ciclofaixas
Ampliação das vias para bicicletas
Vias para bicicletas propostas pelo PDE
Uso do solo
Uso misto
Subcentros
Edifícios de interesse histórico a serem ocupados
Edifícios históricos, culturais e educacionais Zona Especial de Interesse Social
81 82
1 1 Brasil, Lei n. 10.257,
Artigo 2,
de julho de 2001. Estatuto da Cidade.
inciso
Figura 83: Imagem produzida por Júlia Russo Fonte: Site Otrasmídias Acesso em 18/06/2021
Figura 84: Plano de massas das diretrizes projetuais para o entorno estudado Fonte: Elaborado pela autora
Diagrama 5: Diagrama das camadas projetuais Fonte: Elaborado pela autora
Figura 85: Perspectiva esquemática do masterplan Fonte: Elaborado pela autora
Passeios
Fachadas
Usos mistos Vias para
arborizados
ativas
Alargamento de calçadas
bicicletas
RECORTE URBANO
Para melhor entendimento das propostas urbanas fez-se um recorte mais próximo da área de estudo a fim de demonstrar as diretrizes pretendidas para o local.
Sistemas de áreas verdes
• Promover um desenho urbano arborizado para quadras de Zonas de Interesse Social, Zonas de Centralidade e Zona Mista com o intuito de melhorar os percursos para pedestres;
Sistema viário
• Promover melhoria de sinalização para facilitar a travessia de pedestres na Avenida Presidente Wilson;
• Prever alargamento de calçadas com nichos que contenham mobiliários e fragmentos para descansos, os quais poderão ser utilizados como extensões de comércios, serviços e praças;
• Promover implantação de grelhas de escoamento para chuvas nas extensões da Avenida Presidente Wilson;
Conexões urbanas
• Promover revitalização no Recorte da rotatória (Fragmento A);
• Promover conexões entre a praça da estação da CPTM Juventus- Mooca, Fábrica Antarctica e futuro Parque do Edifício da São Paulo Railway (proposto pelo PDE de 2014 - Fragmento B)
FRAGMENTO A – ROTATÓRIA DA AV. PRESIDENTE WILSON COM CRUZAMENTO DA RUA DA MOOCA:
Ciclovia e iluminação
É possível observar, conforme os fragmentos, algumas das melhorias que possibilitam a melhoria de fluxos de pedestres e permeabilidades visuais pretendidas para a paisagem local.
• Introduzir faróis e sinalização para facilitar a travessia de pedestres;
• Introduzir uma conexão entre a Fábrica Antarctica e o Ecoponto Brás por meio de percurso de pedestres;
• Introduzir uma ciclovia na calçada da Fábrica Antarctica;
• Introduzir Iluminação adequada para pedestres e ciclistas;
• Introduzir iluminação e fachada ativa para comércios ou atividades recreativas abaixo do viaduto;
• Promover a implantação de canteiros nas áreas da rotatória;
Sinalização e faixas elevadas
• Ciclovia delimitada
• Alargamento de calçadas
• Canteiros para vegetação
• Áreas permeáveis
• Iluminação adequada
• Mobiliário urbano
• Faixas elevadas
• Sinaliação urbana
• Vegetação urbana
83 84
Figura 86: Desenho da proposta para o plano urbano aos arredores da Fábrica Fonte: Elaborado pela autora
Figura 87: Fragmento A - desenho esquemático Fonte: Elaborado pela autora
Figura 88: Esquemas perspectivados dos sistemas pretendidos para o Fragmento A Fonte: Elaborado pela autora
FRAGMENTO B – PRAÇA DA ESTAÇÃO JUVENTUS-MOOCA
• Promover a permeabilidade visual da praça que atualmente encontra-se enclausurada por muros;
• Promover a conexão entre a Fábrica Antarctica e a estação CPTM Juventus-Mooca que atualmente encontra-se enclausurada por muros (Figura 89);
• Promover a continuidade do projeto previsto pelo PDE de 2014 com calçadas arborizadas e conexões com ciclovias;
CALÇADAS SISTEMAS DRENANTES E NICHOS PARA DESCANSO
Ainda em relação as propostas urbanas, pretende-se introduzir grelhas de escoamento para chuvas nas extensões da Avenida Presidente Wilson e propor o alargamento de calçadas, pisos drenantes, canteiros e iluminação adequada para os passeios de pedestres. Além disso, com o intuito de reduzir o possível estacionamento de carros no local, pensa-se em projetar nichos para descansos com mobiliários urbanos que poderão ser utilizados como extensões de comércios, serviços e praças (Figura 95).
• Fachadas ativas
• Nichos urbanos para descanso
• Arborização
85 86
Figura 89: Imagem da estação CPTM Juventus-Mooca Fonte: Acervo pessoal da autora
Figura 90: Imagem do pátio da estação com vista para Av. Presidente Wilson Fonte: Acervo pessoal da autora
Figura 91: Planta do Fragmento B Fonte: Elaborado pela autora
Figura 93: Esquema perspectivado do Fragmento B Fonte: Elaborado pela autora
Figura 92: Corte do Fragmento B Fonte: Elaborado pela autora
Figura 94: Esquema perspectivadospara calçadas Fonte: Elaborado pela autora
Conexão de praças Ciclovias Calçadas arborizadas
Figura 95: Planta e corte de um fragmento de calçada Fonte: Elaborado pela autora
87
Figura 96: Perspectiva de uma calçada comercial contemplando parklets Fonte: Elaborado pela autora
88
Figura 97: Perspectiva com vista para Viaduto Prof. Alberto Mesquita de Camargo Proposta de ciclovia e faixas elevadas Fonte: Elaborado pela autora
89
90
Figura 98: Perspectiva da praça da estação da mooca com saída para Avenida Presidente Wilson Proposta de integração dos armazens da antiga São Paulo Railway (SPR) com a Fábrica Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
6.4. Escala Arquitetônica Conceíto e part í do
PROCESSO DE TOMBAMENTO DA FÁBRICA ANTARCTICA
ara dar direcionamento as premissas do partido e conceito pretendidos ao projeto arquitetônico foi necessário estudar a resolução 19/2016 do CONPRESP, que compreende as diretrizes de preservação dos edifícios da Cia Antarctica.
“O tombamento é o instrumento de reconhecimento e proteção do patrimônio cultural mais conhecido, e pode ser feito pela administração federal, estadual e municipal. Em âmbito federal, o tombamento foi instituído n 25m de 30 de novembro de 1937, o primeiro instrumento legal de proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro e o primeiro das Américas, e cujos preceitos fundamentais se mantêm atuais e em uso até os nossos dias”. (IPHAN, 1937)1
A partir dessa resolução de 1937 e das ferramentas contidas no Plano Diretor Estratégico de São Paulo de 2002 para a criação das Zonas de Preservação Cultural (ZEPEC) faz-se o entendimento das diretrizes de tombamento da Fábrica Antarctica, uma vez que é por meio deste zoneamento e pela maior participação da população desses bairros que muitas edificações foram sugeridas como áreas de possível preservação contidos no plano regional da subprefeitura da Mooca.
A respeito da importância da preservação e memória industrial no bairro da Mooca, como apresentado anteriormen-
te, tem-se por justificativa de tombamento dos edifícios da cervejaria Antarctica a significância urbana que esta tem por localizar-se nos arredores da ferrovia Cia São Paulo Railway e ter participado do processo de industrialização da Cidade assim como nos “primeiros momentos do parcelamento e ocupação do solo original do bairro da Mooca”. (CONPRESP, 2016)
“Considerando o patrimônio industrial como vestígio das transformações geradas pela industrialização, que além de reunirem valores históricos, sociais, tecnológicos e arquitetônicos, são testemunhos das técnicas construtivas tradicionais e dos processos produtivos dos primórdios da industrialização paulista.” (CONPRESP, 2016, p.1)
“Considerando a importância da Companhia Antarctica Paulista, herdeira da antiga Cervejaria Bavária para a história da cerveja no Brasil e dos seus processos pioneiros de produção industrial.” (CONPRESP, 2016. p.1)
Ainda nessa resolução são apontados no Artigo 1 (apresentado abaixo) os edifícios de interesse histórico que devem ser preservados e diretrizes sobre propostas de intervenção e projetos de restauro definidas ponto a ponto conforme as particularidades de cada área do complexo (do Artigo 2 ao Artigo 7) que serão melhor aprofundadas nesta pesquisa no capítulo referente as propostas projetuais de reativação.
“Artigo 1º - TOMBAR as EDIFICAÇÕES situadas no perímetro da ANTIGA FÁBRICA ANTARCTICA, localizada na Avenida Presidente Wilson, 251, 307 e 367, SQL 028.046.0075-0, matrícula nº 139.166 do 7º Cartório de Registro de Imóveis, infra especificadas, conforme mapa anexo./ Edifício 1, 2, 3, 4 - Preservação da arquitetura e elementos externos./ Edifício 5 –Preservação da arquitetura e elementos externos, incluindo coberturas, envasaduras, preservação das estruturas metálicas internas e externas./ Edifício 6 – Preservação da arquitetura e elementos externos e preservação da estrutura interna. / Preservação integral da chaminé situada ao lado do edifício 5, incluindo os letreiros.” (CONPRESP, 2016. Art. 1, p. 2)
Por fim, conforme as análises e entendimento sobre as diretrizes propostas tanto na OUCBT quanto na Resolução de Tombamento da área, cabe ressaltar que, como já indicado anteriormente, neste trabalho serão respeitadas e utilizadas, para questões projetuais, as ferramentas contidas e previstas no PDE de São Paulo de 2014 para valorizar o patrimônio da Fábrica Antarctica.
“Art. 87. (...) III. Incentivar a preservação da memória e do patrimônio historico, cultural, religioso e ambiental e a valorização do ambiente construído; V. Proporcionar a preservação e a visualização das características peculiares dos logradouros e das fachadas dos edifícios; VI. Contribuir para preservação e visualização dos elementos naturais tombados em seu conjunto e em suas peculiaridades ambientais;” (São Paulo, 2014)
A partir das premissas de preservação essencialmente necessárias para esta área e estudos de levantamentos do local, evidenciam-se as justificativas de implantar um centro turístico na Cia Antarctica, uma vez que, trata-se de um local com grande potencial cultural e histórico. Além disso, de acordo os estudos de uso do solo e vias estruturais, trata-se de uma área com eixos comerciais (Rua da Mooca) e culturais (Avenida Presidente Wilson), logo pensa-se para o Complexo um uso que se potencialize e relacione com estas temáticas.
Acesso em: 06 abr.
Acesso em 06/04/2020
P
Disponível em <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/126>
2020.
1
.
Figura 99: Mesclagem de edificações históricas e atuais
Fonte: Folha povo online
91
Acesso em 24/06/2021
Figura 100: Planta referente aos edifícios de interesse histórico conforme o artigo 1 da Resolução 19/2016 do CONPRESP
Fonte: Prefeitura de São Paulo
92
“Memória social: O estreitamento do vínculo entre memória social e patrimônio impulsiona a articulação de movimentos sociais, o direito à memória, o direito ao patrimônio enseja que bens materiais investidos de função mnemônica sejam efetivamente protegidos. (p.10109)” (PEREIRA,2017, p. 04)1
Por meio do trecho retirado do artigo de Nabila Pereira (2017), discute-se os processos de democratização do patrimônio cultural. Nesse ponto entende-se a importância da participação popular sobre a preservação de edifícios, que reafirma a construção de relações de pertencimento por meio de “enraizamentos” de “tradições”2 contidos em bairros que tiveram processos de formação histórica e cultural.
A partir dessa premissa é adotado para os edifícios da Cia Antarctica, o partido traduzido na preservação de edifícios históricos pela memória afetiva local.
Além disso, para reconstrução e preservação arquitetônica do local são utilizadas soluções ligadas a Giobanonni, Brandi, Carbonara e Viñas, pois são teóricos que dão destaque a composição do edifício com o meio, diferenciação de materialidade, reconversão, conservação e significância cultural.
Assim, para este projeto foram pensados os conceitos sobre: a integração do Complexo com diferentes ruas de acesso para pedestres que auxiliem:
PREMISSAS GERAIS
Após os estudos referentes a resolução de tombamento da área, conceitos e partidos orientados para o local, destina-se por decisões gerais a reconversão de edifícios com o intuito de reativar os elementos tradicionais dos bairros históricos pelas relações de vizinhança e multifuncionalidade de usos.
a) Caminhos da vizinhança:
Para retomar a memória dos bairros tradicionais e possibilitar um projeto mais próximo a escala do pedestre, pensou-se para os acessos da Fábrica Antarctica providenciar caminhos que remetam pequenas ruas de uma malha urbana que aproximem os edifícios e o “caminhar” ao olhar dos usuários.
b) Demolição e construção
A proposta para o projeto prevê, além da reconversão de usos, a preservação do patrimônio por meio de novos significados. Para isso, foram definidos os edifícios a serem demolidos, construídos e preservados:
(1) na composição dos edifícios em relação ao bairro da Mooca.
“Independentemente do propósito, uma caminhada pelo espaço urbano é uma espécie de “fórum” para as atividades sociais que acontecem durante o percurso, como parte integrante das atividades do pedestre. (...) Caminhar é um meio de transporte, mas também um início potencial ou uma ocasião para outras atividades.” (GEHL, 2013. p.120)
• Para as demolições foram considerados alguns galpões contidos na parte norte do terreno e os muros contidos na Avenida Presidente Wilson, Praça da estação da CPTM e Rua da Mooca.
(2) na utilização de materiais que possibilitem a diferenciação do edifício original e anexos contemporâneos, os quais visam atender necessidades de conforto térmico, acessibilidade universal e sustentabilidade, além de possuírem fácil remoção;
1 PEREIRA, N.S.S Patrimônio cultural, turismo e ordenamento territorial, Disponível em < https://revistas.ufpr.br/turismo/article/view/53958 > Acesso em: 17 mar. 2020
2 Bruck, Mazahir Salomão. Entrevista: Eclea Bosi. 2013 Disponível em < file:///C:/Users/mytty/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/4301-Texto%20 do%20artigo-16908-4-10-20121130%20(1).pdf >
Acesso em 6 abr. 2020
(3) na aproximação afetiva e cultural dos moradores locais em relação a cidade, com intuito de promover a educação patrimonial, valorização da economia local e reafirmar a memória afetiva da Fábrica.
• Para as novas construções, o uso de materialidades contemporâneas que atribuam a nítida diferença entre “velho” e “novo”.
• Para os edifícios preservados, são mantidas as edificações contidas na resolução de tombamento da Fábrica Antarctica.
6.4.1.
Preservar pela
PARTIDO E CONCEITO
historia e memoria coletiva
93
Figura 101: Planta dos caminhos propostos para o Complexo Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
94
Figura 102: Planta dos edifícios a demolir, construir e manter Fonte: Elaborado pela autora
Edifícios para construir
c) Modularidade
O projeto também contempla a necessidade da composição projetual por meio do conforto térmico e a sustentabilidade. Para isso, foram pensados alguns anexos modulares:
• Jardineiras suspensas:
Jardineiras suspensas compostas de gradis para auxiliar na absorção de ruídos, calor e qualidade do ar (Figura 103);
• Brise-soleil e gradil: Brises em estrutura metálica e madeira para proteção térmica e visual (Figura 104);
• Placas termoacústicas:
Placas termoacústicas com acabamento em pintura vermelha para auxiliar na absorção de calor e ruído (Figura 105);
• Módulos em vidro:
Panos de vidro fixo transparentes e espelhados para ampliar a permeabilidade entre espaços fechados e abertos (Figura 105);
d) Conforto térmico
O conforto térmico em um edifício é importante para a satisfação mental de temperatura do ambiente para os usuários. Assim, são utilizados rasgos internos em todos os edifícios com intuíto de promover as principais estratégias bioclimáticas que visam otimizar a ventilação cruzada e a iluminação natural.
“A ventilação proporciona a renovação do ar do ambiente, sendo de grande importância para a higiene em geral e para o conforto térmico de verão em regiões de clima temperado e de clima quente e úmido.” (FROTA e SCHIFFER, 2001, p.124)
“Não menos importante é a orientação das aberturas e dos elementos transparentes e translúcidos da construção, que permitem o contato com o exterior e a iluminação dos recintos” (FROTA e SCHIFFER, 2001, p.16)
Figura 103: Isométrica e corte esquemático da jardineira suspensa Fonte: Elaborado pela autora
Figura 104: Isométrica e corte esquemático do brise solar Fonte: Elaborado pela autora
Figura 105: Isométrica das placas de vidro e metálicas Fonte: Elaborado pela autora
95
Figura 106: Isométrica dos rasgos internos para ventilação cruzada e iluminação natural Fonte: Elaborado pela autora
Diagrama 6: Diagrama do estudo solar Fonte: Elaborado pela autora
96
Diagrama 7: Diagrama do estudo de ventos Fonte: Elaborado pela autora
6.4.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES
Cervejaria Antarctica da Mooca - Em busca de um novo polo tur stico e cultural
Para o programa de necessidades pretendido ao local, pensou-se na setorização do complexo em:
(1) Áreas abertas:
Compreenderão espaços com maior massa de arborização, pisos drenantes e gramados. Nessas áreas será aplicado um programa que incentive atividades ao ar livre, compondo-se assim:
• Praças para conectar espaços e fragmentos verdes;
• Playgrounds;
• Mobiliários urbanos (exemplo: bicicletário, bancos, lixeiras, bebedouros etc.);
• Áreas gramadas para piqueniques;
• Áreas para pequenos eventos (shows ao ar livre, festividades, etc.);
(2) Áreas cobertas:
Para essas áreas serão considerados todos os edifícios novos ou a serem restaurados. Nessas construções serão criados programas que valorizem a arquitetura por meio do incentivo a educação e ao pertencimento histórico que a Fábrica possui à Cidade, assim pretende-se promover polos de atividades com características que componham o complexo:
• Polo recreativo: Edificações para atividades voltadas ao cinema e teatro;
• Polo esportivo: Edificações para quadra coberta, vestiários e sanitários;
• Polo turístico e corporativo: Edificações para galerias gastronômicas locais, comércios, serviços, hotelaria para turistas e escritórios corporativos compartilhados;
• Polo cultural e educacional: Edifícios voltados a reativação de parte da fábrica para produção e comercialização de cerveja artesanal, museu histórico da cervejaria e centro de estudos compostos de salas de coworking e laboratórios e biblioteca;
Legenda de construções
Legenda de cores
Construção
Grama
Mesclagem de piso e grama
Piso intertravado
Piso intertravado
97
Diagrama 8: Diagrama da setorização do programa Fonte: Elaborado pela autora
98
Planta de indentificação de edifícios e pisos
Legenda
1 - Teatro e cinema
2- Banheiro e vestiário externo
3- Quadra poliesportiva
4- Hotel
5- Coworking e comércio
6- Portaria
7- Comércio e serviços
8- Memória Cervejaria da Mooca
Implantação da Fábrica Antarctica
Ruada Mooca 1 2 3 3 4 6 8 Praça das artes Praça Antarctica Pátio central 1 3 4 5 7 8 Praça das artes Praça
Av. Presidente Wilson Pátio central Pátio CPTM Juventus Mooca
Linha Férrea Pátio
Antarctica
CPTM Juventus Mooca
99
Figura 107: Perspectiva isométrica da Fábrica Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
Vista Oeste Fachada para Avenida Presedente Wilson
25 M 25 M 100
Vista Leste Fachada para linha férrea
6.5.Áreas abertas
6.5.1. PRAÇA DAS ARTES
Avenida Presidente Wilson/Rua da Mooca/ Viaduto
Legenda
Localizada
ao norte do terreno e próxima ao edifício teatro e cinema, evidencia-se a necessidade de maior quantidade áreas drenantes por meio da introdução de gramas e vegetação urbana. No local haverá caminhos em piso intertravado, duas quadras poliesportivas e um banheiro externo contendo vestiários. Vale destacar que essas novas construções externas contam com materialidades que destaquem a nítida diferença entre o “velho” e o “novo”.
A praça recebe esse nome pois localiza-se próximo aos polos com incentivo a atividades artísticas, culturais e esportivas.
A) Área de permanência
B) Playground
C) Vista C
A C B
Planta de localização da praça das artes Sem escala
Quadra poliesportiva
Edifício teatro
Banheiro e Vestiários
Av. Presidente Wilson
Grama Piso meclado com grama
Piso intertravado cinza
Piso intertravado marrom
Areia para playground
103
Implantação da praça das artes 10 M
104
Figura 108: Vista C Perspectiva da praça com vista para o edifíco teatro e playground Fonte: Elaborado pela autora
6.5.2. PRAÇA ANTARCTICA
Avenida Presidente Wilson
Essa praça está localizada no centro do terreno do complexo. Sua composição conta com um grande gramado para atividades ao ar livre e um módulo restaurado que pertencia as adegas construídas em meados de 1983, que servirá como um mobiliário urbano contendo um lago artificial, bancos para descanso, redes e uma escada com acesso para o andar de cima. O local recebe este nome devido sua implantação no terreno.
Legenda
A) Área de permanência gramada
B) Antigas adegas de 1893
C) Vista C
D) Vista D
Grama Piso meclado com grama
Piso intertravado cinza
Piso intertravado marrom
Planta de localização da praça Antarctica Sem escala
Implantação da praça Antarctica 10 M
A B D C
Edifício hotel
105
Av. Presidente Wilson
Figura 110: Vista C Perspectiva interna das antigas adegas com vista para lago artificial e escada para segundo andar Fonte: Elaborado pela autora
106
Figura 109: Imagem das antigas adegas de 1983 Fonte: Estúdio vertical 2021 Acesso em 09/07/2021
107
Figura 111: Vista D Perspectiva com vista para hotel e antigas adegas
108
Fonte: Elaborado pela autora
6.5.3. PÁTIO INTERNO
Conforme o artigo 3 do processo de tombamento do Complexo Antarctica-Mooca “o pátio interno dos edifícios históricos não deve conter ajardinamentos, floreiras ou qualquer outra vegetação, permanecendo livres para a circulação.” (CONPRESP, 2021), o projeto, deste modo, conta somente com a introdução de luminárias urbanas para facilitar o passeio de pedestres no período noturno.
Além do pátio, há uma viela entre os edifícios dos depósitos de cevada e a casa de máquinas de 1913, a qual contará com nova iluminação e intervenção artística com guarda-chuvas.
Legenda
A) Jardim do edifíco comercial (antiga casa de máquinas 1913)
B) Viela
C) Jardim do edifício museu Antarctica (antigo depósito de cevada de 1913)
D) Vista D
E) Vista E Grama
Piso meclado com grama
Piso intertravado cinza
Piso intertravado marrom Piso em grelha metálica
10 M
A B D E C 109
Implantação do pátio interno
Planta de localização do pátio interno Sem escala
Figura 113: Vista D Perspectiva da viela entre os edícios da casa de máquinas e depósito de cevada de 1913 Fonte: Elaborado pela autora
Figura 112: Foto da viela entre os edícios da casa de máquinas e depósito de cevada de 1913
110
Fonte: Folha online Acesso em 09/07/2021
110
Figura 114: Vista E- Perspectiva do pátio central co vista para o jardim das antigas adegas de 1913 e da parede com grafite da portaria
111
Fonte: Elaborado pela autora
6.6.Áreas cobertas
TEATRO E CINEMA ANTARCTICA
Aconstrução deste edifício data-se em meados dos anos de 1910 quando a fábrica expandiu seus limites para o norte. Seu uso original era destinado para fabricação de licores e, com o passar dos anos, sofreu algumas modificações de usos e reformas para adaptar-se a oficinas, vestiários e escritórios.
Considerou-se no projeto a conservação das paredes externas com os mesmos acabamentos, o restauro das esquadrias, bem como as estruturas das coberturas. Em relação aos anexos modulares, foram introduzidos os fechamentos termoacústicos nos vãos para auxiliar no conforto ambiental e sonoro das salas que serão utilizadas para auditórios, salas de teatro e cinema. Além disso, foram introduzidas jardineiras suspensas para dar mais privacidade às novas aberturas dos banheiros.
Visões gerais de preservação:
• Paredes externas: Bom
• Paredes internas: Desconhecido
• Cobertura: Desconhecido
• Esquadrias: Médio
• Estrutura: Desconhecido
Em decorrência da impossibilidade de identificar os fechamentos internos antigos, ressalta-se que os novos elementos introduzidos se referem aos acessos: escadas e rampas metálicas, elevadores com acabamentos em vidro corrimãos e fechamentos internos em drywall e amadeirado.
6.6.1.
Diagrama 9: Diagrama de localização de edifícios teatro Fonte: Elaborado pela autora
Figura 115: Fotografia do edifício destinado ao teatro e cinema Fonte: Lucas Furlani Acesso em 19/07/2021
Diagrama 10: Diagrama dos fechamentos do edifício teatro e cinema Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
Telha metálica termoacústica (sanduíche)
Policarbonato
Fechamento termoacústico Jardineira suspensa
Painel ripado de madeira articulável
Rampa concretada
114
Escada metálica e elevador
115
Figura 116: Imagem ilustrativa da fachada do edifício teatro e cinema Antarctica Fachada Oeste (Avenida Presidente Wilson Fonte: Elaborado pela autora
PROGRAMA DE NECESSIDADES
O térreo é composto por um programa destinado a uma sala para administração do edifício, bilheteria, lanchonetes e espaços para convivência e estar, banheiros acessíveis, um jardim interno e duas salas que podem servir de auditório, cinema ou teatro.
O andar superior conta com um hall e dois mezaninos, quatro salas para estudo de artes corporais, duas salas de teatro e banheiros acessíveis.
Em relação à cobertura, de acordo com os desenhos encontrados no DPH, supõe-se que suas estruturas sejam restauradas para que possa, conforme o projeto original, manter-se à vista para os usuários. Assim, como é observado no corte, somente será utilizado o forro acústico em salas que necessitam desse tratamento.
Térreo
TABELA DE ÁREAS
ItemAmbienteÁrea (M²)Piso Forro
1 Lanchonete 102 ConcretoForro de gesso
2 Recepção e bilheteria 82 Concreto e Piso cerâmico Forro de gesso
3Administração39Piso LaminadoForro de gesso
4Jardim interno6GramaNenhum
5 Hall dos banheiros 16,18GraniliteForro de gesso
6 Recepção lateral/ café 136,22ConcretoForro de gesso
7 W.C Feminino e W.C. PNE feminino 11GraniliteForro de gesso
8 W.C Masculino e W.C. PNE masculino 11GraniliteForro de gesso
9 W.C Feminino e W.C. PNE feminino 8,4GraniliteForro de gesso
10 W.C Masculino e W.C. PNE masculino 8,4GraniliteForro de gesso
11Auditório 193,32 Vinílico amadeirado e carpete
12Auditório 277 Vinílico amadeirado e carpete
3Administração39Piso LaminadoForro de gesso
4Jardim interno6GramaNenhum
5 Hall dos banheiros 16,18GraniliteForro de gesso
6 Recepção lateral/ café 136,22ConcretoForro de gesso
7 W.C Feminino e W.C. PNE feminino 11GraniliteForro de gesso
8 W.C Masculino e W.C. PNE masculino 11GraniliteForro de gesso
9 W.C Feminino e W.C. PNE feminino 8,4GraniliteForro de gesso
10 W.C Masculino e W.C. PNE masculino 8,4GraniliteForro de gesso
11Auditório 193,32
Vinílico amadeirado e carpete
12Auditório 277 Vinílico amadeirado e carpete
Forro acústico amadeirado
Forro acústico amadeirado
13 Hall do 1 pavimento 140Concreto Estrutura do telhado aparente
14Sala 140,6Vinílico Estrutura do telhado aparente
15Sala 286,36Vinílico Estrutura do telhado aparente
16Sala 330,8Vinílico Forro acústico amadeirado
17Sala 443,7Vinílico Forro acústico amadeirado
18Auditório 393 Vinílico amadeirado e carpete
19Auditório 477 Vinílico amadeirado e carpete
20
Forro acústico amadeirado
Forro acústico amadeirado
13 Hall do 1 pavimento 140Concreto Estrutura do telhado aparente
14Sala 140,6Vinílico Estrutura do telhado aparente
15Sala 286,36Vinílico Estrutura do telhado aparente
16Sala 330,8Vinílico Forro acústico amadeirado
21
Forro acústico amadeirado
Forro acústico amadeirado
W.C Feminino e W.C. PNE feminino 8,4GraniliteForro de gesso
W.C Masculino e W.C. PNE masculino 8,4GraniliteForro de gesso
TOTAL 978,78
1 Pavimento
1 Pavimento
116 2 7 10 12 11 9 21 19 18 14 13 15 16 17 20
Corte A Corte B 5M 5M 5M A A A A B B B B 117
Planta térreo e superior
DETALHE:
É possível identificar neste detalhe dois diferentes usos de uma sala, ora podendo ser integrada, ora separada. Além disso, enfatiza-se neste desenho, as propostas para os panos de vidros internos que integram os jardins aos edifícios.
Painel Ripado com vedação e articulado
Panos de vidro Jardim interno Guarda- corpo do mezanino
118
Figura 117: Detalhe perspectivado da sala 15 Fonte: Elaborado pela autora
6.6.2. HOTELARIA ANTARCTICA
Clarabóia
Oedifício escolhido para abrigar o hotel encontra-se ao centro do terreno. Trata-se de uma construção de 1949 que serviu para abrigar máquinas, oficinas e processos de engarrafamento.
Em relação aos fechamentos externos, pretende-se restaurar as fachadas e introduzir módulos de brises e jardineiras onde há a necessidade de maior privacidade. A inserção de novos panos de vidro foi pensada para os locais onde contém espaços de convívio e permanência.
Ainda em relação a fachada do edifício, foi introduzida uma abertura no térreo para possibilitar maior integração entre espaços fechados e abertos e promover permeabilidade visual entre a Avenida Presidente Wilson e a linha férrea. Para certificar maior segurança na estrutura, foi introduzido neste rasgo um reforço estrutural.
Laje
Telha sanduíche
DETALHE:
Ao centro do andar, está a rampa principal que dará acesso a todos os halls centrais dos pavimentos tipos.
Plano de vidro
Elevador
Visões gerais de preservação:
• Paredes externas: Bom
• Paredes internas: Desconhecido
• Cobertura: Médio
• Esquadrias: Médio
• Estrutura: Desconhecido
Pilar metálico perfil “I”
Solda
Pilar metálico perfil “I” em pintura eletrostática - cor vermelho
Base em concreto armado
Escada concretada
Jardineira suspensa
Escada concretada Vidro fixo
Plano de vidro para rasgo interno
Elevador
Guarda - corpo metálico
Jardim interno
Jardim vertical
Rampa
Corrimão metálico
Portão
Viga metálica perfil “I”
Rampa central
Diagrama 11: Diagrama de localização de edifícios hotel Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
Figura 119: Detalhe do Pilar do reforço do térreo Fonte: Elaborado pela autora
Figura 120: Detalhe da junção pilar e viga do reforço do térreo Fonte: Elaborado pela autora
Figura 118: Fotografia do edifício destinado a hotelaria Fonte: Amadeu Acesso em 19/07/2021
Diagrama 12: Diagrama dos fechamentos do edifício Hotelaria da Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
120
Figura 119: Detalhe perspectivado da rampa central do edifício Hotelaria Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
Painel Ripado Vazado de madeira carvalho
Elevador
concretada
121
O térreo desse edifico contém um programa para aproximar os espaços públicos e privados. Para isso, além da grande abertura que se encontra por uma nova composição estrutural, o local ganha uma praça de alimentação rodeada por restaurantes, lojas que podem servir de abrigo a diversos comércios e serviços e rasgos para jardins internos. Ao centro do andar, está a que dará acesso a todos os halls centrais dos pavimentos tipo
122
Figura 120: Perspectiva externa do edifício hotelaria - Fachada Leste (linha férrea)
123
Fonte: Elaborado pela autora
SISTEMAS DE HOTELARIA:
A partir do primeiro andar é possível identificar dois diferentes usos de hotelaria: um hostel e um hotel.
O programa para o hotel volta-se para usuários que não pretendem compartilhar seus dormitórios, porém, contém em seu programa alguns ambientes que promovam o convívio social:
a) área social: recepção, restaurante com mezanino, restaurantes internos, salas compartilhadas para coworking, reuniões e eventos; e um rooftop contendo salão de jogos, academia e solarium.
b) área íntima: quartos individuais contendo dormitórios em diversas tipologias para que possam atender às necessidades de cada usuário.
Diagrama 13: Diagrama de programa do edifício hotelaria
Fonte: Elaborado pela autora
O hostel, conhecido por um espaço de hospedagem compartilhado, foi pensado para um ambiente que incentive o convívio social, assim, pensou-se para seu programa duas divisões:
(a) área social: recepção, bar, salas de jogos, televisão, coworking, cozinha e lavanderia compartilhadas em todos os pavimentos tipo; e um rooftop que contém solarium e academia.
(b) área intima: Dormitórios compartilhados contendo banheiros.
Ressalta-se que o programa para o local contém acessibilidade universal, conforme a NBR 9050, incluindo alguns dormitórios com banhos próprios para portadores de necessidade especial (PNE).
Forro de gesso
23 Restaurante do hotel 140 Porcelanato Forro de gesso e ripado de madeira
24 Dormitório com banhos PNE 351 Laminado porcelanado Forro de gesso
25 Lavanderia 25 Porcelanato Forro de gesso
26 Saída de emergência 35 Escada metálica Forro de gesso
27 Dormitórios e banhos 410,28 Laminado porcelanado Forro de gesso
15.600 m²
Hall central ItemAmbienteÁrea (M²)Piso Saläo de entrada W.C Masculino W.C. PNE masculino W.C Feminino W.C. PNE feminino 4Lojas1353PorcelanatoForro de gesso Restaurantes 6 alimentação 7 8 Circulação área de permanência Jardins internos 10 emergência 11 12 Recepção do 13 convivência do 14 Restaurante do 15 permanência do 16 Lavandeira compartilhada 17 compartilhada 18 Dormitório compartilhado com banho PNE 19 Dormitório compartilhado 20 Recepção do restaurante 21 permanência do hotel 872 Porcelanato Forro de gesso 22 Coworking do hotel 74 Porcelanato
Térreo Pavimento tipo TOTAL
124 01 02 03 06 07 08 09 09 09 09 09 10 02 04 05 05 05 05 05 05 05 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 03 Planta térreo 5M A A 125
11 12 13 14 20 15 21 22 23 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 25 26 27 27 27 27 27 27 27 27 27 27 26 16 17 17 17 18 18 18 18 18 18 19 19 19 19 19 18 18 18
A A 126 Corte A 5M 127
Planta tipo pavimentos superiores 5M
DORMITÓRIO HOSTEL
Os dormitórios do hostel contemplam banheiros compartilhados. As tipologias variam em duas:
(a) dormitórios com um banho
(b) dormitórios com dois banhos, contemplando um banho PNE.
Beliches com cortinas
Banho PNE
Banho comum
Banco de plástico
Nicho em concreto
Barra
Bancada
Planta tipo PNE
Planta tipo comum 2,5M
2,5M
WC PNE
WC WC Armários Camas Camas
128
Figura 121: Detalhe perspectivado da tipologia com banheiro PNE e comum Fonte: Elaborado pela autora
Figura 122: Detalhe perspectivado de um banho comum Fonte: Elaborado pela autora
Figura 123: Detalhe perspectivado de um banho PNE Fonte: Elaborado pela autora
Ladrilho hidráulico Ladrilho hidráulico
de alumínio
em concreto
129
DORMITÓRIO HOTEL
Os dormitórios do hotel variam em três tipologias, podendo adequar o padrão de camas de acordo com a necessidade do usuário:
(a) Loft com copa, living e mezanino para abrigar o dormitório.
(b) Dormitório PNE contemplando dimensões ergonômicas para pessoas portadoras de necessidade especial.
(c) Dormitório comum com banhos que possuem banheira, espaço para camas e um pequeno living.
2,5M 2,5M 2,5M
Planta tipo loft Planta tipo PNE Planta tipo comum
130
Banho Banho Banho Hall Hall Copa Living Dormitório Dormitório Living
Figura 124: Detalhe perspectivado de um dormitório tipologia loft Fonte: Elaborado pela autora
131
Closet aberto Mezanino Copa
6.6.3. COWORKING E PORTARIA ANTARCTICA
Este edifício de 1892 encontrado no centro do terreno abrigou, primeiramente, a fábrica Bavária e os primeiros anos da Antarctica no Complexo. Trata-se de um prédio robusto e com poucas aberturas por conta do seu uso original: adega, casa de caldeiras, casa de máquinas e área de despacho.
A partir de 1910, a Fábrica expande seus limites territorialmente e arquitetonicamente. Em relação às adegas da antiga Bavária, essa recebe uma ampliação voltada para Avenida Presidente Wilson (antiga Rua Bavária).
Nesse projeto, pensou-se para os fechamentos externos o restauro das fachadas que possuem uma característica de molduras em toda a construção. Sua composição recebe alguns anexos modulares como:
- brises e jardineiras para dar maior privacidades a alguns cômodos
- Panos de vidro transparentes e espelhados para substituir vãos de janelas irrecuperáveis que sofreram por conta da intempérie e abandono.
Telha sanduíche Rasgos para jardim Policarbonato Estrutura do telhado restaurado Fechamento em drywall Jardineiras suspensas
Rasgos internos com
Elevador Jardineira suspensa
Vidro fixo
No edifício central há uma abertura com intuito de integrar o Complexo por meio de um grande pórtico utilizado como reforço estrutural no vão promovido ao centro dos edifícios (Diagrama 16)
Estrutura de tesoura e pilares metálicos em pintura verde
Elevadores e escadas metálicas
Escada de concreto
Visões gerais de preservação:
• Paredes externas: Bom
• Paredes internas: Desconhecido
• Cobertura: Bom
• Esquadrias: Médio
• Estrutura: Desconhecido
Em relação aos fechamentos internos, foram pensados alguns rasgos com jardins para promover maior luminosidade natural e ventilação no edifício E para as coberturas, foram restauradas suas estruturas, mas prevê-se em alguns momentos pequenos rasgos para promover a iluminação zenital.
Diagrama 16: Diagrama do pórtico do edifício coworking Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
Vãos internos para integrar edifícios
Diagrama 14: Diagrama de localização de edifícios coworking e portaria Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
Figura 125: Fotografia do edifício destinado para o coworking e portaria Fonte: Imagem autoral
Diagrama 15: Diagrama dos fechamentos do edifício coworking Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
fechamento em vidro
Elevadores Reforço estrutural 132
Policarbonato e ripa metálica em pintura - cor verde
133
Reforço estrutural para abertura de vão. Pintura cor vermelho
134 135
Figura 126: Perspectiva externa do edifício destinado para coworking, comércio e biblioteca elevação sul Fonte: Imagem autoral
PROGRAMA
O local foi pensado para comportar um conjunto de escritórios compartilhados e uma biblioteca. Os edifícios são separados em dois blocos (A e B) devido à forma de conexão utilizada: vãos, escadas e elevadores e aberturas externas no prédio.
A composição “A” recebe ao centro da construção uma escada metálica e um elevador. Esse bloco recebe diversas salas para escritórios, copa, banheiros acessíveis, jardins internos e uma biblioteca.
A composição “B” recebe no térreo diversas galerias para comportar um programa comercial e nos demais pavimentos tipos: escritórios, copa, banheiros acessíveis, salas de reunião e de estar.
TABELA DE ÁREAS
ItemAmbienteÁrea (M²)Piso Forro
1 Saläo de entrada 596 ConcretoForro de gesso
2 W.C Masculino e W.C. PNE masculino 29,14 Granilite Forro de gesso
BLOCO “A”
• Espaços e escritórios corporativos compartilhados
• Biblioteca
Vão integrador
3 W.C Feminino W.C. PNE feminino 29,14 GraniliteForro de gesso
4 Circulação de emergência 39,3ConcretoForro de gesso
5 Circulação interna área de permanência do coworking 213,88PorcelanatoForro de gesso
6 Copa 53,72PorcelanatoForro de gesso
7 Salas para escritório reuniões 677VinilicoForro de gesso
BLOCO “B”
• Lojas
• Espaços e escritórios corporativos compartilhados
TABELA DE ÁREAS
ItemAmbienteÁrea (M²)Piso Forro
Saläo de entrada 596 ConcretoForro de gesso
W.C Masculino
W.C. PNE masculino 29,14 Granilite Forro de gesso
W.C Feminino e W.C. PNE feminino 29,14 GraniliteForro de gesso
Circulação de emergência 39,3ConcretoForro de gesso
Circulação interna e área de permanência do coworking 213,88PorcelanatoForro de gesso
Copa 53,72PorcelanatoForro de gesso
Salas para escritório reuniões 677VinilicoForro de gesso
Jardins internos 104,51Grama 1742,69
Vão livre de passagem 442,27Piso intertravado Cobertura em estrutura original pilocarbonato 442,27
10 Circulação e pemanência 998ConcretoForro de gesso
11 W.C Masculino
W.C. PNE masculino 31,45GraniliteForro de gesso
12 W.C Masculino
W.C. PNE feminino 31,45GraniliteForro de gesso
13 Circulação de emergência 58,11ConcretoForro de gesso
14 Lojas 447,34PorcelanatoForro de gesso
15 Jardins internos 73,02Grama 1639,37
16 Recepção da biblioteca 56,19Concreto Estrutura do telhado aparente forro de gesso
17 Biblioteca 424,88Granilite Estrutura do telhado aparente forro de gesso
18 W.C Masculino
W.C. PNE masculino 32,31 Granilite Forro de gesso
W.C Masculino
19
W.C. PNE feminino 32,31 Granilite Forro de gesso
20 Circulação do coworking 463,42Concreto Forro de gesso
8 Jardins internos 104,51Grama 1742,69
21 Copa 53,72Porcelanato Forro de gesso
9 Vão livre de passagem 442,27Piso intertravado Cobertura em estrutura original e pilocarbonato 442,27
10 Circulação pemanência 998ConcretoForro de gesso
11 W.C Masculino e W.C. PNE masculino 31,45GraniliteForro de gesso
12 W.C Masculino e W.C. PNE feminino 31,45GraniliteForro de gesso
13 Circulação de emergência 58,11ConcretoForro de gesso
14 Lojas 447,34PorcelanatoForro de gesso
Diagrama 17: Diagrama de divisões de blocos
Fonte: Elaborado pela autora
22 Salas para escritório reuniões 417,91Vinilico Forro de gesso 1480,74
23 Circulação e permanência 998Porcelanato Forro de gesso
24 W.C Masculino
W.C. PNE masculino 31,45GraniliteForro de gesso
25 W.C Masculino
W.C. PNE feminino 31,45GraniliteForro de gesso
26 Circulação de emergência 58,11ConcretoForro de gesso
27 Salas para escritório reuniões 447,34PorcelanatoForro de gesso 1566,35 6871,42
15 Jardins internos 73,02Grama 1639,37
16 Recepção da biblioteca 56,19Concreto Estrutura do telhado aparente forro de gesso
17 Biblioteca 424,88Granilite Estrutura do telhado aparente forro de gesso
W.C Masculino e
TOTAL 6.871,42 m²
Térreo Bloco Pavimento Bloco Térreo Bloco intermediário Térreo Bloco
Térreo
A
Bloco
Pavimento Bloco
136 Planta térreo Planta tipo - pavimento superior 10M 10M A A A A 137
Térreo Bloco intermediário Térreo Bloco Planta Tipo Bloco B
Corte A 10M
138
Figura 127: Detalhe perspectivado de uma sala compartilhada do coworking Fonte: Elaborado pela autora
139
Figura 128: Detalhe perspectivado da copa do coworking Fonte: Elaborado pela autora
PORTARIA
A portaria data de 1929 e encontra-se ao centro do terreno com sua fachada principal voltada para Avenida Presidente Wilson.
Visões gerais de preservação:
Paredes externas: Bom
Paredes internas: Desconhecido
Cobertura: Desconhecido
Esquadrias: Médio
Estrutura: Desconhecido
Pretende-se neste edifício restaurar toda fachada, bem como as esquadrias. Em relação ao seu programa foi pensado para se readequar à parte administrativa do complexo turístico e cultural da fábrica Antarctica da Mooca.
140 141
Figura 129: Perspectiva externa da fachada oeste da Portaria Fachada da Avenida Presidente Wilson Fonte: Imagem autoral
6.6.4. COMÉRCIO ANTARCTICA
Esse edifício, construído em meados de 1913 serviu de ampliação das adegas para a Avenida Presidente Wilson. É possível identificar que a fachada ao leste do terreno possui acabamento e pintura das paredes, já ao oeste é composta por tijolo aparente.
Pretende-se, para seus fechamentos externos, a preservação das fachadas e uma ampliação de um vão de porta que será substituída por um pórtico metálico, que servirá de entrada para um jardim construído nas ruínas do local e proporcionará a integração da rua ao Complexo.
Os módulos de jardineiras e panos de vidro foram utilizados para dar maior privacidade às áreas dos banheiros e substituir esquadrias irrecuperáveis.
Em relação a parte interna, foram utilizados fechamentos em drywall, panos de vidro, escadarias metálicas, elevadores e rampas.
Visões gerais de preservação:
• Paredes externas: Bom
• Paredes internas: Desconhecido
• Cobertura: Ruim
• Esquadrias: Médio
• Estrutura: Bom
Diagrama 18: Diagrama de localização de edifício comércio Fonte: Elaborado pela autora
Figura 130: Fotografia do edifício destinado para o comércio Fonte: Site Mapio Acesso em 19/07/2021
Diagrama 19: Diagrama dos fechamentos do edifício comércio Antarctica Fonte: Elaborado pela autora
Policarbonato Guarda-corpo metálico Jardineira suspensa Vidro fixo
Pórtico em estrutura metálica
142
Elevador
Figura 131: Detalhe perspectivado do jardim realizado nas ruínas da fábrica Fonte: Imagem autoral
Pórtico inserido em vãos de antigas portas
143
Iluminção pública
144
Figura 132: Perspectiva externa da fachada oeste do edifício comercial (Avenida Presidente Wilson)
145
Fonte: Imagem autoral
PROGRAMA
Esse edifício recebe plantas tipos para abrigar lojas comerciais e serviços. Por conta da ausência de cobertura, pensou-se para o último andar um rooftop que comportará um jardim.
ItemAmbienteÁrea (M²)Piso Forro
Térreo
1 Jardim interno60,91 Grama
2 Hall de entrada51,62 ConcretoForro de gesso
3 Circulação556,01 ConcretoForro de gesso
4 W.C Masculino e W.C. PNE masculino 13,12 GraniliteForro de gesso
5 W.C Feminino e W.C. PNE feminino 13,12 GraniliteForro de gesso
6Lojas302,91PorcelanatoForro de gesso
7Jardim das ruínas212,42 Grama e piso intertravado
TOTAL 1.210,11 m² Planta térreo 5M A A 146 5M Corte A 147
1210,11 TABELA DE ÁREAS Planta
CERVEJARIA DA MOOCA
Oaltogabarito que possuem esses edifícios destaca-se até mesmo em meio aos novos edifícios do bairro da Mooca. Essas construções surgem em meados de 1914 para comportar um conjunto que continha uma casa de fabricação, sala de cozimentos e depósito de cevada.
Foi possível identificar em plantas encontradas no DPH que os monumentos possuem em sua cobertura treliças metálicas e fechamentos em tijolo maciço aparente
Pretende-se para o local o restauro dos fechamentos externos e esquadrias em bom estado. E para os novos elementos, a introdução de módulos de jardineiras nas áreas privativas (exemplo: banheiros), panos de vidro para substituir esquadrias em mau estado que não possam ser restauradas e rampas metálicas externas para acessos.
Telha sanduíche Policarbonato
Treliça metálica Antigos silos Escadas e
SETORES
Esse conjunto abriga um programa voltado para cultura e educação. Tem a proposta de resgatar a história do conjunto por meio de um museu, incentivar a produção de cervejas artesanais em laboratórios e galerias; e promover espaços que fomentem a valorização do patrimônio e artes plásticas.
Antiga casa de fabricação Programa: Museu da cerveja
Visões gerais de preservação:
• Paredes externas: Bom
• Paredes internas: Desconhecido
• Cobertura: Ruim
• Esquadrias: Médio
• Estrutura: Bom
Nos espaços internos, pretende-se compor espaços integrados e amplos que valorizem plantas livres com intuito de promover a versatilidade no layout de acordo com o uso. Serão também introduzidos elementos que promovam a acessibilidade universal de espaços por meio de piso tácteis, rampas e elevadores.
Além disso, pensou-se incorporar rasgos internos no edifício que promovam mais luz e ventilação natural no interior dos edifícios.
Jardim interno Rampa de acesso interno
Rasgo interno com
Antigos silos
Programa: Restaurante, laboratórios, área de exposição
Antiga casa das caldeiras Programa: galerias
Escada do museu
Antigo girador Programa: bosque
Antigas adegas Programa: Laboratórios, salas de estudo e salão de exposição
6.6.5.
Diagrama 20: Diagrama de localização da Cervejaria Antarctica da Mooca Fonte: Elaborado pela autora
Figura 133: Fotografia do edifício em funcionamento Fonte: São Paulo antiga Acesso em 19/07/2021
Diagrama 21: Diagrama dos fechamentos do edifício Cervejaria Antarctica da Mooca Fonte: Elaborado pela autora
elevador
jardim
Vidro fixo
148
Diagrama 22: Diagrama de setorização do conjunto de edifício Cervejaria Antarctica da Mooca Fonte: Elaborado pela autora
Torre
149
150
151
Figura 133: Perspectiva externa da fachada sul do edifício destinado para Cerjaria Antarctica da Mooca Fonte: Imagem autoral
PROGRAMA
Para a antiga casa de fabricação (ao oeste), é destinado um museu que contempla dois andares que ligam-se por meio de um elevador e duas escadas.
O projeto tem a proposta de demonstrar aos usuários um percurso com os processos de fabricação, degustação e história da bebida.
Para a antiga casa das caldeiras (ao sul), é proposto um salão com pequenas galerias que incentivem o comércio das produções locais do bairro. Por se tratar de um pé direito alto, foi pensado módulos com andares superiores que se assemelham a varandas.
É possível identificar no local as estruturas aparentes das treliças e dos tijolos maciços das adegas.
Para o conjunto das antigas adegas (edifícios em destaque com acabamento em tijolo maciço), foi pensando no térreo uma planta livre que possibilite a versatilidade de layouts de acordo com as necessidades dos usuários e um restaurante que funcionará no ambiente dos antigos silos Nos andares superiores foi projetada uma planta-tipo voltada para comportar salas, laboratórios e mesas compartilhadas para grupos de estudo e desenvolvimento maker.
O último andar conta com uma planta semelhante ao térreo: livre. Seu programa conta com um grande salão para comportar exposições artísticas
TABELA DE ÁREAS
Item Ambiente Área (M²) Piso Forro
Planta Térreo
1 Circulação e área de exposição 1.681,01 Concreto Forro de gesso e estrutura aparente
2 Jardins internos 40,78 Grama
3 Galerias 200,93 Concreto Forro de gesso e estrutura aparente
4 W.C Masculino
W.C. PNE masculino 32,93 Granilite Forro de gesso
6
5
W.C Feminino e W.C. PNE feminino 32,93 Granilite Forro de gesso
W.C Feminino e
W.C. PNE feminino masculino 22,33 Granilite Forro de gesso
7 Restaurante Antarctica 317,88 Porcelanato Forro de gesso
8 Museu Antarctica 515,18 Concreto Forro de gesso 2843,97
TOTAL 2.843,97 m²
152 Planta tipo 10M A A 153
Corte A 10M 154
Nos olhares do observador - Edifi cio Cervejaria da Mooca Pespectivas Internas
Museu da Cerveja
159
A) Museu da cerveja
Figura 134 Perspectiva interna do museu da cerveja - andar superior Fonte: Imagem autoral
Galerias
A) Museu
160
da cerveja
Figura 135: Perspectiva interna do museu da cerveja - andar inferior Fonte: Imagem autoral
B)
162 163
B) Galerias de cervejas artesanais
Galerias de cervejas artesanais
Figura 136: Perspectiva interna das galerias para comércio de cervejas artesanais andar térreo Fonte: Imagem autoral
Figura 137: Perspectiva interna do mezanino das galerias para comércio de cervejas artesanais - mezanino Fonte: Imagem autoral
B) Galerias de cervejas artesanais 164
Restaurante Antarctica
Figura 138: Perspectiva interna do mezanino das galerias para comércio de cervejas artesanais mezanino Fonte: Imagem autoral
C) Restaurante Antarctica
166
167
C) Restaurante Antarctica
Figura 139: Perspectiva interna do restaurante Antarctica andar térreo Fonte: Imagem autoral
Figura 140: Perspectiva interna do restaurante Antarctica andar térreo Fonte: Imagem autoral
Planta Tipo
168 C) Restaurante Antarctica
Figura 141: Perspectiva interna do restaurante Antarctica andar térreo Fonte: Imagem autoral
D) Laboratório
D) Mesas compartilhadas
170 171
Figura 142: Perspectiva interna dos laboratórios - Planta- tipo Fonte: Imagem autoral
Figura 143: Perspectiva interna mesas para estudo Planta- tipo Fonte: Imagem autoral
Último Pavimento
172
D) Áreas de estar
Figura 144: Perspectiva interna mesas para estudo e área de estar Planta- tipo Fonte: Imagem autoral
E) Salão de exposições
E) Escada e elevadores
174
175
Figura 145: Perspectiva interna das escadas último andar Fonte: Imagem autoral
Figura 146: Perspectiva interna da área para exposições - último andar Fonte: Imagem autoral
E) Salão de exposições
E) Salão de exposições
176
177
Figura 147: Perspectiva interna da área para exposições - último andar Fonte: Imagem autoral
Figura 147: Perspectiva interna da área para exposições - último andar Fonte: Imagem autoral
Considerações.7Finais
23
Apreservação do patrimônio industrial conforme discutido no corpo desta pesquisa desfruta de algumas emblemáticas da sociedade contemporânea. Percebeu-se que a cidade de São Paulo onde localiza-se a Fábrica Antarctica - é um dos exemplos intermitentes no que diz respeito aos complexos industriais protegidos, porém à mercê das intempéries climáticas e do abandono.
Dessa maneira, percebeu-se que o tombamento e os instrumentos urbanísticos como as operações urbanas, direito de preempção etc., são importantes para a proteção do patrimônio, porém, faz-se necessário entender e discutir o que será preservado. Em decorrência disso, buscou-se estudar o contexto histórico da área de estudo para nortear a importância cultural que existe sobre a Fábrica Antarctica e, em seguida, compreender as conexões urbanas e sociais entre o edifício e seu entorno -atualmente no bairro da Mooca.
Essas leituras auxiliaram nas primeiras diretrizes pretendidas para o Complexo: (1) reativar a Fábrica com o intuito de resgatar as memórias afetivas que esta possui em relação ao bairro, (2) desenvolver seu contexto urbano com o entorno da cidade e (3) atender as demandas da população local por meio de incentivos às edificações de usos mistos e zonas de interesse social; passeios arborizados e conexões públicas. Ainda nesta linha de raciocínio, para o restauro e preservação do Complexo, buscou-se autores e cartas que aprimorassem nas discussões do patrimônio de edifícios e sítios urbanos industriais.
Compreendeu-se que a afetividade local entre memória e edifício se associa a muitos moradores e ex-moradores do bairro, ora por ter desenvolvido urbanisticamente e economicamente a Mooca, ora pelos trabalhadores que ali viveram e por muitos anos foram funcionários da Companhia. Nesse sentido, foi desenvolvido um projeto que atendesse a importância da Companhia nas escalas urbana e arquitetônica.
É partir do entendimento das propostas projetuais previstas no Plano Diretor de São Paulo, Planejamento Urbano da Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí e nos levantamentos cartográficos, que são desenvolvidas as diretrizes projetuais para Fábrica Antarctica. Elas têm intenção de projetar um centro turístico que harmonize as conexões entre edifícios e caminhos históricos por meio de espaços públicos, instrumentos urbanos do PDE e reativação da Fábrica, bem como a possibilidade de estabelecer o acesso à cidade e o patrimônio à todos.
Após o desenvolvimento projetual, pode-se concluir a grande potencialidade cultural social e econômica que o local possibilita, visto que proporciona a inserção da importância histórica dos primeiros testemunhos industriais do século XIX do Brasil na cidade contemporânea da cidade de São Paulo.
181
.8Referências
Bibliográficas
23
LIVROS
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BRANDI, C. Teoria da restauração. Tradução de Beatriz Mugayar Kulh. Cotia/ SP: Ateliê Editorial, 2008.
BRUNO, Ernani Silva. História e Tradições da Cidade de São Paulo. Rio de Janeiro: Editora José Olimpio, 1954
BUCHANAN, Robert Angus. Industrial Archaeology in Britain. California: Viking Adult, 1976
CANO, Wilson. Raízes da Concentração Industrial Em São Paulo Campinas/ SP: T A Queiroz, 1981
CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio São Paulo: Editora UNESP: Estação Liberdade, 1995.Tradução Luciano Vieira Martins
COELHO, Gustavo Neiva; VALVA, Milena D´Ayala. Patrimônio Cultural Edificado Goiânia: Ed. Da UCG, 2001.
FROTA, Anésia Barros e SCHIFFER, Sueli Ramo. Manual de Conforto Térmico 5 ed. São Paulo: Studio Nobel, 2001.
GEHL, Jan. Cidade Para Pessoas. 3 ed. São Paulo: Perspectiva, 2015. Tradução Anita Di Marco
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades São Paulo: martinsfontes, 2014. Tradução: Carlos S. Mendes Rosa.
KUHL, Beatriz Mugayar. Arquitetura do Ferro E Arquitetura Ferroviária Em São Paulo São Paulo: Ateliê, 1998
KUHL, Beatriz Mugayar. Gustavo Giovannoni textos escolhidos Cotia/SP: Ateliê, 2017
KUHL, Beatriz Mugayar. Preservação do Patrimônio Arquitetônico da Industrialização: Problemas Teóricos de Restauro. São Paulo: Ateliê, 2008
KUHL, Beatriz Mugayar. Notas sobre a Carta de Veneza. Fonte: Anais Museu Paulista, 2010.
KUNSCH, Dimas Antônio e TONETO, Bernadete. Casa de Taipa: O bairro paulistano da Mooca São Paulo: Editora Salesiana,2006
PAES, Marilena Leite. Arquivo Teoria e Prática São Paulo: Editora FGV, 2010.
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Conpresp - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo
CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico
DPH - Departamento de Patrimônio Histórico
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
PDE - Plano Diretor Estratégico
.9Lista de Siglas
PIU - Planejamento de Intervençoes Urbanas
OUCBT - Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí
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191
.10Anexos
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ANEXO 1 - Resolução 19/2016 do CONPRESP sobre o tombamento da Fábrica Antarctica
ANEXO 2 - Art. 5 e Art. 6 da Seção IV: Dos objetivos gerais e das estratégias de transformação urbanística
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