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INVESTIGAÇÃO | PÁGINA
from Midiamax Diário - Edição Dourados | 27 de setembro de 2022 | Laudos confirmam material de campanha d
INVESTIGAÇÃO Laudos confirmam material de campanha de Marquinhos apreendido em prostíbulo de ex-servidor da prefeitura
Reprodução
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Renata PoRtela
Material de campanha dos candidatos a deputado estadual Pedro Pedrossian Neto e Otávio Trad (vereador) e a governador, Marquinhos Trad, todos do PSD, foi apreendido na casa de prostituição do ex-servidor da prefeitura preso em 31 de agosto durante investigações de assédio sexual contra o ex-prefeito. Essa poderia ser a ligação entre os dois acusados.
Conforme dados dos laudos periciais a que o Jornal Midiamax teve acesso, na casa de prostituição do ex-servidor –que já se tornou réu pelas acusações–, foram encontrados materiais de campanha dos 3 candidatos. São “santinhos” e adesivos, encon-
Material de campanha foi apreendido na casa de prostituição do ex-servidor
trados em meio a camisinhas também apreendidas.
Havia 5 pessoas no local no momento do cumprimento de mandado. Foi apurado pela Polícia Civil que ali residiam o réu (ex-servidor) e também as garotas de programa. Ele foi preso no dia, mediante cumprimento de mandado de prisão preventiva, e responde por coação no curso do processo, corrupção ativa de testemunha e favorecimento à prostituição.
Alegações
Ao Jornal Midiamax, o candidato Pedro Pedrossian Neto questionou quem seria o réu, alegando desconhecer o dono do prostíbulo, e disse que não saberia o motivo pelo qual o material de campanha estaria na casa de prostituição.
Em nota ao Jornal Midiamax, a defesa de Marquinhos Trad afirma que “ele não pode ser responsabilizado por eventuais crimes que seus eleitores ou apoiadores venham a praticar”.
O jornal também tentou contato com Otávio Trad, que não atendeu à ligação até o fechamento desta reportagem.
Intimado a depor
Marquinhos Trad foi intimado para prestar um primeiro depoimento na Deam na quarta-feira (21). Momentos antes, a defesa pediu adiamento para depois da eleição. Na quinta (22), o candidato foi intimado novamente em Dourados, onde fazia caminhada. Ele se negou a prestar depoimento, alegando que está com agenda cheia e que só poderá comparecer após o dia 2 de outubro. Na sexta (23), decisão judicial concedeu habeas corpus para que não fosse obrigado a comparecer na Deam. (RP)
Ex-servidor foi preso sob suspeita de coagir testemunha a mudar seu depoimento na Deam
Na quinta-feira (22) o ex-servidor da prefeitura preso preventivamente durante investigações de assédio sexual que implicam Marquinhos Trad (PSD) se tornou réu.
Ele é acusado de levar vítimas e testemunhas até um cartório de Campo Grande, coagindo-as a mudar depoimentos.
A juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3.ª Vara Criminal, recebeu a denúncia do Ministério Público.
O ex-funcionário foi preso no dia 31 de agosto, após o cumprimento de mandados pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Segundo a Polícia Civil, o ex-servidor foi indiciado no mesmo dia da prisão. Ele permaneceu em silêncio no interrogatório.
‘Recuo’
Ele é acusado de coagir testemunha a “voltar atrás” em depoimento prestado no inquérito que investiga as denúncias de assédio sexual. Ele teria procurado uma das testemunhas ouvidas no caso e a convencido a “desmentir” o depoimento prestado.
Ela teria sido levada a um cartório, onde documento foi assinado, relatando o contrário do que tinha sido dito anteriormente à polícia.
O fato se assemelha ao da
Dono de casa e site de prostituição
No dia da prisão, equipes da Deam também cumpriram mandados de busca e apreensão na casa e em um “estabelecimento” do réu, onde funcionaria a casa de prostituição. Foram apreendidos material de campanha dos 3 candidatos. Outros objetos como celulares foram apreendidos pela polícia.
Além da casa de prostituição, o homem também é apontado como dono de um site usado para favorecimento à prostituição. (RP)
ex-mirim que “desistiu” de denúncia por assédio contra o ex-prefeito. O caso foi denunciado inicialmente em 2018 e noticiado após os outros relatos de assédio virem à tona, em julho deste ano.
A jovem afirmou que tinha documento assinado em cartório relatando que o assédio não teria acontecido.
Coação de vítimas
Duas vítimas relataram que no dia 18 de julho de 2022 foram procuradas pelo ex-servidor. Ele disse que tinha um “negócio” bom para elas e que envolvia dinheiro, mas precisava falar pessoalmente em seu lava-jato. No dia 22, eles se encontraram e ele mandou que as mulheres desligassem os celulares e deixassem as bolsas para fora do escritório.
Durante a conversa, o ex-servidor falou para as vítimas “deixarem para lá” a denúncia, já que tinham família, amigos e filhos e que a investigação demoraria 2 anos no mínimo, não daria em nada e ainda exporia a imagem delas.
Segundo as mulheres, a conversa com o ex-servidor foi intimidadora. (RP)
Tentativa de censura barrada pela Justiça Eleitoral
O TRE rejeitou tentativa de censura de Marquinhos Trad contra o Jornal Midiamax. A defesa foi à Justiça para remover a reportagem “VÍDEO flagrou ex-servidor preso por coação com suposta vítima de Marquinhos em cartório”, publicada no site no dia 14 de setembro.
Na petição, os advogados do ex-prefeito acusam o jornal de publicar “matéria sensacionalista e sabidamente inverídica”. Vale ressaltar que o Jornal Midiamax sempre se limita a noticiar reportagens devidamente apuradas, elaboradas por jornalistas profissionais.
Neste caso, a reportagem foi construída com base em laudo policial a que o Jornal Midiamax teve acesso. Além do documento, a reportagem também teve acesso a vídeos de câmera de segurança, na íntegra, sem edições ou cortes, que revelaram a movimentação no cartório no mesmo dia em que o ex-servidor investigado por coação levou a testemunha para assinar desistência de seu depoimento dado à Polícia Civil –marcados pela apreensão da jovem, que em diferentes momentos aparentava chorar quando o servidor se aproximava.
Sem transgressões
Em sua decisão, o juiz substituto José Eduardo Chemin Cury, não viu qualquer transgressão por parte do Jornal Midiamax.
“O exame da matéria impugnada indica que, embora desfavorável à imagem do candidato, seu conteúdo não traz elementos suficientes à configuração de qualquer transgressão comunicativa, uma vez que não se depara com inverdade inconteste e patente, mas mera interpretação e narração de fatos, amparadas por vídeo, ao qual os jornalistas, eventualmente, tiveram acesso”, pontuou. (RP)
Candidato apontou ‘armação política’
Marquinhos Trad alegou na época das denúncias, que tudo seria parte de uma “armação política” para prejudicar a candidatura dele a governador de Mato Grosso do Sul após uma discussão por WhatsApp com o secretário de estado de Segurança, Antônio Carlos Videira. O candidato admitiu que cometeu adultério com 2 denunciantes enquanto era prefeito, mas negou os crimes sexuais. Já em 2018, denúncia envolvendo suposto assédio contra uma menor-aprendiz da prefeitura chegou ao conhecimento da Polícia Civil –o caso acabou
Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax/Arquivo
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Marquinhos disse ver ‘armação’