QUANDO
DEUS DECIDE FALAR Editora A Partilha
Quando Deus Decide Falar | Pe. Dorival Aparecido de Moraes
Pe. Dorival Aparecido de Moraes
Apresentação.................................................................................. 11 Fazer o Bem sem Olhar a Quem.....................................................14 Cada um Constrói sua Eterna Morada............................................16 Gostar sem Distinção ..................................................................... 17 Ser Mãe é uma Dádiva ...................................................................19 Acredite que é Capaz .................................................................... 20 Faça Sempre a sua Parte ............................................................... 22 Ninguém é Mais do que Ninguém................................................. 23 A Fé Acima de Tudo ...................................................................... 24 A Dignidade do ser Humano ......................................................... 25 Pensamento para o Bem .............................................................. 27 O Amor está num Todo................................................................. 29 A Árvore Majestosa....................................................................... 30 O Camponês e o Filho.....................................................................31 O Ilustre Professor......................................................................... 32 Jovem Astuto e Vaidoso................................................................ 33 O Tempo e um Grande Amor........................................................ 34 Misterioso Voo.............................................................................. 35 Sábios Cegos.................................................................................. 37 Pequeno Vilarejo........................................................................... 38 Escritor Italiano.............................................................................. 39
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Índice
Lavrador Rico e Avarento...............................................................41 A Cor do Balão............................................................................... 43 Vitória sem Violência.....................................................................44 Cinco Macacos numa Jaula............................................................ 45 A Carreira de um Homem..............................................................46 Bom Pastor.................................................................................... 47 Aldeia Chinesa............................................................................... 48 De Bem com a Vida........................................................................49 O Conselho e o Tempo.................................................................. 50 O Discípulo de um Profeta..............................................................51 A Ajuda do Sábio............................................................................ 53 A História do Homem, do Menino e do Burro............................... 54 O Rico e sua Mansão..................................................................... 56 O Homem de muita Fé.................................................................. 58 Um Homem sem Fé.......................................................................60 O Homem e sua Lavoura................................................................61 Famoso Colégio............................................................................. 62 Parto de uma Girafa...................................................................... 63 Conselheiro de Confiança..............................................................64 Pedido de Socorro......................................................................... 65 O Resgate do Amigo...................................................................... 66 O Filho e a Onça............................................................................. 67 Situação Complicada..................................................................... 68 Maus Pensamentos....................................................................... 69 Segunda Guerra Mundial............................................................... 70 Casal Religioso................................................................................ 71 A Roseira e os Espinhos................................................................. 72 A Tempestade................................................................................ 73 A Saúde do Rei............................................................................... 74 A Vida de Deus............................................................................... 76 Em Deus tudo Posso...................................................................... 77 O Menino e o Velhinho.................................................................. 78 O Tempo e o Dinheiro...................................................................80 A Alegria de Viver...........................................................................81 A Pomba Branca............................................................................ 82 O presente para a Irmã mais Velha............................................... 83 A Moeda de Ouro.......................................................................... 85
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A Pedra da Felicidade.................................................................... 87 Presente de Natal.......................................................................... 89 A Bronca no Filho............................................................................91 Ao meu Filho.................................................................................. 93 Tempo para o Filho........................................................................ 95 O Grande Comediante................................................................... 96 Presente para Jesus....................................................................... 98 O Valor de um Amigo.................................................................. 100 A Preciosa Ajuda.......................................................................... 103 A Carta de Ruth........................................................................... 105 O Preço da Ajuda......................................................................... 108 Perdoar as Ofensas....................................................................... 110 Dificuldades e Limitações............................................................. 112 Coração de Ouro........................................................................... 114 A Má Notícia................................................................................. 117 Não Tenha Medo de Obstáculos................................................. 120 Humildade e Orgulho................................................................... 121 A Competição dos Sapinhos.........................................................122 A Borboleta e o Casulo da Vida....................................................123 Carta de uma Adolescente...........................................................125 O Homem e a Pedra.....................................................................126 O Sentido de Equipe.....................................................................128 Força de Vontade para Vencer.................................................... 130 Detalhes tão Pequenos.................................................................132 Violinista Paganini........................................................................135
Próximo a um mosteiro, um lindo parreiral era cultivado pelas mãos hábeis de uma família de lavradores. Mas veio a seca e a única colheita foi os galhos secos. O lavrador, a sua mulher e os três filhos padeciam de fome. Deixando o orgulho de lado, ele se dirigiu ao mosteiro e foi atendido pela irmã, que era porteira. Expondo-lhe sua situação, pediu que lhe conseguisse ao menos três pães e um pouco de leite para a família. Emocionada, a monja foi consultar a superiora. E logo retornou sorridente com os três pães e o leite. O homem agradeceu-lhe e completando meio sem jeito a frase presa na garganta, disse: - Irmã, estou envergonhado, mas tenho que dizer-lhe que precisarei que esta gentileza se repita por mais alguns dias e não apenas hoje. A irmã tranquilizou-o: Pode voltar sempre que necessitar, e encontrará o alimento de que precisa. Esta cena repetiu-se por semanas, meses, completando um ano. Até que a água benfazeja caiu, regou e devolveu a vida ao parreiral. E ali, em frente àquele portão, onde outrora fora pedinte, aparece o lavrador como doador. Expressando gratidão no belo cacho de uvas que entrega à irmã porteira, em uma bandeja. A irmã sente o desejo de provar a uva tão saborosa, mas eis que se lembra da superiora. Afinal fora ela quem autorizara os donativos. A superiora recebeu com alegria o presente, mas veio à lembrança uma das monjas, que estava doente. Como ela não se alimentava há um bom tempo,
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Fazer o bem sem olhar a quem
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talvez o cacho de uvas lhe abrisse o apetite. A monja recebeu o presente, mas lembrou que a irmã cozinheira sempre entrava e saía de seu quarto com os mais apetitosos pratos e ela nem sequer tocava. Resolvendo premiar tão grande abnegação, levantou-se da cama e com o apoio de uma bengala dirigiu-se à cozinha e entregou à cozinheira o sinal de sua gratidão. A cozinheira recebeu com lágrimas nos olhos o cacho de uvas, e já ia prová-lo, quando lhe ocorreu que o mosteiro havia recebido naquela tarde um presente precioso: uma noviça que agora estava na sua cela a orar. Se ela recebesse esse cacho de uvas, certamente se sentiria plenamente acolhida pela comunidade. A noviça recebeu o cacho de uvas e alegrou-se com a lembrança da irmã cozinheira, porém, quando se preparava para prová-lo, lembrou que talvez fosse melhor entregá-lo à primeira monja que lhe abrira as portas do mosteiro. Foi assim que, estupefata, a irmã porteira recebeu de volta o cacho de uvas. Com alegria, levou-o à superiora. Esta mandou reunir todas as monjas, à hora do recreio, e juntas partilharam o presente do lavrador!
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A gratidão e o reconhecimento são apanágio das almas nobres e o canal que leva a dar vazão a generosidade humana.
Um homem muito rico morreu e foi recebido no céu. Um anjo levou-o por várias ruas e foi lhe mostrando as moradias. Passaram por uma linda casa com belos jardins. O homem perguntou: “Quem mora aí?” O anjo respondeu: “É o Raimundo, aquele seu motorista que morreu no ano passado”. O homem ficou pensando: “Puxa! O Raimundo tem uma casa dessas! Aqui deve ser muito bom!”. Logo a seguir surgiu outra casa ainda mais bonita. E aqui, quem mora? Perguntou o homem. O anjo respondeu: “Aqui é a casa da Rosinha, aquela que foi sua cozinheira”. O homem ficou imaginando que, seus empregados tendo magníficas residências, sua própria moradia deveria ser no mínimo um palácio. Estava ansioso por vê-la. Quando o anjo parou diante de um barraco de tábuas e disse: “Esta é a sua casa!” O homem ficou indignado. “Como é possível? Vocês sabem construir coisa muito melhor”. “Sabemos – respondeu o anjo – mas nós apenas construímos. O material vocês mesmos escolhem e nos enviam lá de baixo. Você só enviou isso!” “Cada gesto de amor e partilha é um tijolo com o qual construímos a eternidade. A caridade que fazemos. O amor a Deus refletindo no próximo é nosso passaporte para o céu!”
Entre o sonho e a realidade há uma distância muito grande, mas o importante é estar disposto à assumir o seu destino.
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Cada um constrói sua eterna morada
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Gostar sem distinção
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Estando para regressar da guerra, um soldado telefonou para os seus pais: - Oi pai, oi mãe, estou voltando para casa, mas tenho um favor a pedirlhes: Eu gostaria de levar em minha companhia um amigo. - Eles responderam: - Claro, nós adoraríamos conhecê-lo! - Há algo que vocês precisam saber – continuou o filho – Ele foi mutilado no combate; ele pisou em uma mina e perdeu um braço e uma perna, não tem nenhum lugar para onde ir e, por isso, eu quero que ele venha morar conosco. - Sentimos muito em ouvir isso filho, talvez possamos ajudá-lo a encontrar um lugar para morar. - Não, mamãe e papai, eu quero que ele fique morando conosco. - Filho, disse o pai, você não sabe o que está pedindo. Alguém com tanta dificuldade seria um grande fardo para nós. Nós temos nossas próprias vidas e não podemos deixar que uma coisa como esta interfira em nosso modo de viver. Acho que você deveria voltar para casa e esquecer esse rapaz. Ele encontrará uma maneira de viver por si mesmo. Neste momento, o filho bateu o telefone. Os pais não tiveram mais nenhuma notícia dele. Alguns dias depois, no entanto, receberam um telefo-nema da polícia. O filho deles havia morrido depois de ter caído de um prédio. A polícia acreditava em suicídio. Os pais, angustiados, foram ao necrotério a fim de identificar o corpo do filho. Eles o reconheceram, mas, para o seu horror, descobriram algo que desconheciam: o filho tinha apenas um braço e uma perna. Os pais, nesta história, são como muitos de nós. Achamos fácil amar aque-
Nossa postura frente a vida é composta de atitudes individuais e sociais com relação aos outros, natureza e a Deus. Quando tudo isso é perfumado pelas virtudes, só podem redundar em prêmio eterno.
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les que são bonitos ou saudáveis, mas não gostamos das pessoas que nos incomodam ou nos fazem sentir desconfortáveis. De preferência, ficamos longe destas e de outras que não são saudáveis, bonitas ou espertas como nós somos.
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Os seres humanos valem pela sua dignidade de cidadãos e filhos de Deus, motivos suficientes para serem respeitados e amados pelos outros. Amar apenas os que nos trazem vantagens e conforto é puro egoísmo.
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Ser mãe é uma dádiva
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Conta a fábula que um dia Deus resolveu dar um passeio pelo mundo, levando consigo Pedro, seu velho amigo e porteiro do céu. Entraram num barraco e viram uma mulher que, sentada, dava de comer aos seus dois filhos com apenas um pão, repartindo-o em duas porções. Ela, infeliz, ficou sem nada. - “Você viu o que ela fez?”, disse Deus a Pedro. Este respondeu: - “É que ela não tem fome!”. - “Não, é que ela é mãe!”, emendou Deus. Depois chegaram a uma região muito fria. Num barraco encontraram uma mulher que tirava parte da própria roupa para agasalhar o filho pequeno. - “Não te parece estranho?”, comentou Deus. - “É que ela não está com frio!”, adiantou Pedro. - “É porque ela é mãe!”, respondeu Deus. Já no fim da viagem, depararam com uma velhinha, toda alquebrada, quase cega, desgastada e curvada pelo trabalho e pelo sofrimento. - “É que ela viveu muito”, apressou-se Pedro. - “É porque ela foi mãe”, sublinhou Deus. Poucos dias depois de regressarem ao céu, a campainha da porta tocou e Pedro foi abrir. Vendo que era uma mulher idosa, sorriu e logo a convidou: - “Pode entrar, a senhora, é santa.” - “Pode entrar, a senhora é mãe”, corrigiu Deus. Pedro aprendeu a lição. Cada vez que vai abrir a porta, se é mulher, já pergunta se é mãe. Sendo positiva a resposta, em tom solene lhe diz: “Entre e tome seu lugar de honra”.
Pedrinho foi convidado a trabalhar com o grupo de liturgia, mas não aceitava o convite porque se considerava incapaz. Desde pequeno, as pessoas costumavam dizer que ele era um desajeitado, que não fazia as coisas direito. Convencido de que em nada podia ajudar, ficava isolado. Um dia procurou Fausto, seu padrinho, um homem sábio. “Padrinho, o senhor podia me ajudar a tornar-me uma pessoa útil. Sou tão imprestável”. O padrinho de Pedro, que naquele momento fazia algumas contas, olhou para o afilhado e disse: “Pedrinho, estou com um problema muito sério. Tenho uma dívida muito alta e não tenho dinheiro para pagar. Pegue este anel e vá à cidade vendê-lo para mim. Se você me ajudar, terei tempo para resolver seu problema”. “Mas, padrinho, será que não vou fazer um mau negócio?” - Disse Pedrinho. “Não venda por menos de mil reais, e já me terá ajudado muito”. Pedrinho saiu ofertando o anel a todos os conhecidos. Todos lhe diziam que o anel não valia nada. O máximo que conseguia eram cem ou duzentos reais de oferta. Voltou triste, para dar a péssima notícia ao padrinho. “Caro Pedrinho, você deve procurar vendê-lo a um joalheiro. Ninguém sabe melhor do valor de alguma joia do que o seu criador”. Pedrinho foi até o joalheiro e este, após analisar a joia, disse que o anel era uma peça rara, especial e que valia muito. Poderia valer vinte mil reais. Pedrinho,
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Acredite que é capaz
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animado, voltou para dar a boa notícia ao padrinho, sem, no entanto, fazer a venda. Fausto, ao ouvir o afilhado empolgado, disse-lhe: - “Eu nunca pretendi vender o anel; queria apenas que você encontrasse a sua verdade. Ninguém conhece mais o seu valor do que Deus, o criador”. Os seres humanos não sabem valorizar-se, nem ao seu semelhante. Zombam e desprezam o próximo. Todos somos joias valiosas criadas por Deus. E se Ele o chama ao serviço em comunidade é porque você tem muito de si para oferecer”.
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Cada homem tem uma missão à cumprir. O importante é descobri-la para servir ao próximo.