Momentos da Montanha Manteigas e a Serra da Estrela Fotografia Miguel Serra
Texto Jo達o Gabriel Leit達o
Tema: Momentos da Montanha (Abertura para Banda) Autor: Luis Carlos Serra Interpretação: Filarmónica Popular Manteiguense - Música Nova Gravação, masterização e reprodução: Estúdio Singular - Viseu
Momentos da Montanha Manteigas e a Serra da Estrela
Título: Momentos da Montanha - Manteigas e a Serra da Estrela Fotografia: Miguel Serra Texto: João Gabriel Leitão Design e paginação: Miguel Serra Revisão: João Gabriel Leitão e Miguel Serra Produção: Pride Colour - Comércio e Comunicação, Lda. - Guarda 1.ª Edição: Dezembro de 2012 | 1000 exemplares ISBN: 978-989-20-3373-0 Depósito Legal: 352156/12 RESERVADOS TODOS OS DIREITOS DE AUTOR Qualquer transmissão ou reprodução, incluindo fotocópia, só pode ser feita com a autorização expressa dos autores. Fotografias maioritariamente registadas em formato digital RAW, que permite um melhor processamento e rigor na edição, conferindo ficheiros de alta qualidade. Textos escritos de acordo com a antiga ortografia.
Junta de Freguesia de São Pedro
Junta de Freguesia de Santa Maria
Momentos da Montanha Manteigas e a Serra da Estrela
À Elsa e Joana, pela compreensão em todos os “momentos da montanha” que esta obra impôs a minha ausência. Únicas e sempre presentes! Ao meu irmão Luis Carlos, pela interpretação harmoniosa das imagens e da qual desencadeou este majestoso tema musical. À minha família, particularmente aos meus pais, pelo exemplo e dedicação. À Maria do Carmo, amor da minha vida, por ser Aos meus amigos, amantes da fotografia e da
a minha fonte de inspiração e onde vou, perma-
Serra da Estrela, pela partilha de experiências,
nentemente, buscar ânimo para prosseguir.
troca de conhecimentos e convívio. À minha mãe, de onde bebi a sensibilidade de A todos os que desejaria presentear com este
que sou feito, e ao meu pai, por me obrigar a ser
olhar e infelizmente já não convivem entre nós.
sempre o melhor.
Às gentes da minha terra.
À Ribana, por estar sempre lá.
Miguel Serra
João Gabriel Leitão
Prefácio
por Nuno Luis O amor é O sentimento por excelência. A pureza
que trespassa a objectiva escreva imagens únicas,
da sua essência, qual água cristalina a brotar da
onde esta mesma luz transforma a escuridão em
terra e a jorrar por entre montanhas e vales, faz
vida, e o outro autor consagra de forma harmo-
do amor o mais belo dos sentimentos nutridos
niosa numa descrição poética, onde esgrime as
pelo ser humano.
palavras em uníssono com o sentimento que se
Nem sempre fácil de expressar, é na fé que o
eleva dentro de si, quando observa o que o rodeia
amor desvenda o caminho para ultrapassar essa
e os momentos registados que o acompanham
dificuldade de expressão. É o acreditar que nos
pela vida.
move. E diz-se que “a fé move montanhas”. Nunca
A beleza do Parque Natural da Serra da Estrela é
este chavão parece ter feito tanto sentido como
aqui trazida sob a forma de escrita ora a tinta, ora
no registo que adiante se manifesta.
com a luz com que o dia nos presenteia.
Foi o acreditar que moveu os autores a percorre-
Miguel Serra utiliza a câmara fotográfica onde
rem os caminhos e trilhos da montanha em busca
deixa entrar a luz, qual tinta que dá vida à caneta.
do amor e da sua realização. Acreditaram! Na
Torna-se então num poeta de imagem, ao registar
terra que os viu nascer, que os viu enamorarem-se
instantes poéticos e irrepetíveis e que ousam a
pelas mães dos seus filhos, serem pais, na ma-
ode que é feita.
ravilhosa Serra da Estrela que os envolvia, acre-
João Gabriel Leitão utiliza o papel e a caneta
ditaram! Aqui concretizaram o amor em diversas
para ao longo desta obra, e sob a forma de um
formas.
murmúrio, quebrar o silêncio das imagens que a
A partir de, e em, Manteigas, vila onde estão as
compõem.
suas origens e raízes, assumiram um amor ao que
Os autores acreditaram, e os autores consegui-
os rodeava e passaram a captar em imagens e
ram mover-se na mais íngreme montanha e trazer
vocábulos, sem qualquer dificuldade de expres-
um registo único de vida para êxtase de quem
são, cada momento digno de registo e retratado
admira a identidade de cada imagem.
neste livro.
A música que acompanha a obra é um comple-
Manteigas, qual bela adormecida de um conto de
mento em forma de suspiro dos recantos e encan-
fadas, que um autor retrata ao permitir que a luz
tos desta montanha mágica.
Despertar branco
Covão d’Ametade | Janeiro 2012
Quem dorme à noite em mim
É frio gelo sem fim
E acorda em mim assim
Sólido de branquejar
A enfeitar-me o despertar
Que se sente no ar
Não é segredo enfim
E por aqui se deixa ficar
Cascata nova
Ribeiro do Porto Novo | Abril 2011 De que se alimenta um poço? Da água que se precipita? Da rocha que se corrói? Ou da excelência do que conjuga? De que se faz um vale? Da água que o cava? De fragas deixadas rasgar? Ou da janela que abre a montanha? Do que se faz uma vida? Do sangue que corre nas veias? Da paixão que acanha o peito? Ou do amor que alivia a dor?
11 Na serra de mares níveos Há icebergs de granito
Iceberg
Torre | Novembro 2010
Que se erguem nas tardes Que quebram a água dura E se arrecadam nas noites
Cume de fogo
Cântaro Magro | Novembro 2011
Incendiado por instantes
Na metade das suas árvores
Faroliza a seus pés o pequeno vale
Na proporção da sua beleza
No seu chão de pedra
Na infinidade dum momento
Flor da Serra
Vale das Éguas | Maio 2011 Este amarelo que sou agora deve-se ao laranja que lá em cima se afasta. Abandona-me todos os fins de tarde. Para me humilhar. Fico da cor das pedras e da terra, das folhas e do ar. Todos sem excepção vergados à ditadura das trevas, aguardando pela reconciliação matinal que nos resgate e revele. E nos desvende uma e outra vez.
Branco primaveril
Cântaro Magro | Abril 2012 Por já não te esperar nasci. Porque vieste tão tarde? Não respeitas o tempo e os tempos? Dispenso-te, vai-te! Sabes que agora apenas anseio o meigo abraço do astro mor. Julgas-te bela, mas és fria como a morte que provocas. Vai-te de uma vez que a tua hora já foi. Este é o tempo das cores e dos amores e não da ditadura branca que impões.
15
Vale profundo
Vale Glaciar do ZĂŞzere | Julho 2009
Num momento, num silĂŞncio
Num instante de entendimento
O verde sujeita o vale de pedras
As frias do ZĂŞzere detĂŞm-se
Num suspiro, num sossego
Nesse ensejo derradeiro
O azul firmamento abriga-o
O vale esmaga-se e esmaga
A turba ululante de braços caídos verga-se lentamente à beleza polar.
Pinhos das Penhas
Penhas Douradas | Fevereiro 2009
Foi do norte que provieram, é o norte que os quer levar. Detêm-se porém o tempo necessário para serem perfeitos. Num cenário branco sombrio que mente à sua identidade dourada.
Acordai damas da noite, inclinai-vos para sorver o imberbe rio e lavar-vos no seu espelho Acordai noivas da floresta pois hoje é o vosso dia, tal como o dia antes e depois deste
Damas da Ametade
Covão d’Ametade | Abril 2011
Acordai mastros de sabedoria, ainda que prefiram o luar para vos incendiar a alma Acordai, peço-vos, para que meus raios vos perpassem e iluminem Assim, terei razões para nascer aqui todos os dias
Casquinhas nevados
Penhas Douradas | Dezembro 2010 Apenas arcamos contigo porque deslumbrantes nos p玫es. Podes esboroar a nossa pele que ainda assim sobrevivemos com esplendor. Podes at茅, com tanto primor com que carregas, derrubar umas quantas de n贸s. Contudo, s贸 nos sentimos verdadeiramente vivas quando nos visitas e te demoras.
19 Quando te trilho, não é o ruído de folhas a estilhaçar que oiço Quando avanço em tímidos passos, não é o frio que me prende Quando olho em frente, é afinal por cima do ombro que espreito
Caminho do medo
São Lourenço | Novembro 2011
Quando me detenho, não é para observar o quão tortuoso és Quando corro sem fôlego, não é o entusiasmo que me guia Quando chego enfim, é apenas medo o que trago em mim
Estrada de fogo
Estrada do Poรงo do Inferno | Novembro 2010
Quero seguir nesta estrada de fogo
Quero avanรงar de olhos despertos
Caminho directo prรณ Inferno
Absorver o frenesim de cores
Por entre labaredas que baixam
Repisar o passageiro tapete de folhas
Por entre curvas de รกrvores que despem
Percorrer o Outono numa sรณ jornada
Magro d’ouro
Cântaro Magro | Novembro 2010 Do ouro que emerge Há águas que mergulham Fragas cântaros que fitam Arvoredo que medeia Aquece Sol a minha tibieza Suaviza o cortante vento Que Magro me coloca Mas esbelto me transforma
Lá ao fundo
Vale Glaciar do Zêzere | Janeiro 1999
Lá ao fundo onde o homem vive
Lá ao fundo o calor humano
O branco não é tão branco
Parece arrefecer a vista
Lá ao fundo onde a luz desponta
Lá ao fundo vive-se e morre-se
O frio como que amorna
Aqui em cima a montanha perpetua-se
23
Vestes d’água
Ribeiro do Poço do Inferno | Maio 2011 Deixa-me abraçar-te assim Envolver-te num frio aperto Humedecer-te as faces Deixa-me deslizar por ti Moldar-te o rígido corpo Tornear-te a crosta Deixa-me tão só vestir-te Com vestes de prantos
Inferno em gelo
Poço do Inferno | Janeiro 2011 Enquanto caio dos céus em esperança fluida Discorro o futuro mas ignoro o meu fado Continuarei líquida mas de verde musgo? Ou em viagem para o azul mar? Ou branca como só a espuma pode ser? Acaso ficarei gelada e muda? Nenhum destino me ofende Desde que fique a transpirar neste inferno
Cristalina
Ribeiro do Poço do Inferno | Novembro 2011 Sugando-te cresço Entre calhaus enrolados Nas margens morridas De encoberto destino Subindo precipito-me Nos fÊrteis penedos De prantos sem fim De vida sem mim
27 Salgadeiras sem sal salgado
As Salgadeiras
Salgadeiras | Novembro 2010
Simples sulcos cinzelados nos seixos Doces de a莽煤car salpicado Suplicam s贸s e s贸 por Sol soalheiro
Pior que apenas sobreviver é fazê-lo desamparada. Quem me dera ter aqui um despropositado à minha
Solidão
Salgadeiras | Novembro 2010
beira. Que não me trouxesse nada além do estar. Nem que fosse mudo e quedo. Ou então um impertinente insuportável. Ou até um tirano da pior casta. Ia adorá-los a todos nos seus defeitos. Preferiria tudo a viver assim. Como ilha rodeada de fria indiferença.
O Gordo
Lagoa do Cântaro Gordo | Março 2012 Como é que gordo me convocam
Como é que gordo me insultam
Como é que por gordo me tratam
Se garboso me sinto
Se sou o preferido do Sol nas madrugadas
Se a grandeza em mim é banal
E o espelho não me ilude
E nas noites a Lua dorme sobre mim
E de corpulento só tenho o meu ego
Se escrevem direito por linhas tortas foi certamente Ele quem as plantou.
Linhas de Deus
Covão d’Ametade | Março 2009
Que lhes ordenou que, de braços abertos, se arvorassem aos Céus. Que se mantivessem puras da cor da neve que as visita na invernada. E noivas toda a vida na terra.
31
Poio dos Cães
Lagoa da Paixão | Agosto 2012 Daqui do outro lado Canino te denunciam Sem ladrares de dia E tão pouco uivares à noite Guardião de distância Vigias sem descanso O que tanto nos une e separa
Nave aurora
Nave de Santo Antรณnio | Junho 2012 Esta falha que percorre A cama de glaciar deitado Que a domina interiormente E a sobressalta com mudez Um dia se revelarรก E nem mil-homens a pararรก
Charca de Setembro
Charca do Perdigueiro | Março 2011
Eis que chega
Eis que nasce
Ainda de Primavera
Ainda de timidez
A luz que me ilumina e me suga
A candeia que me espelha
O dia que desponta e me esmorece
A jornada que se anuncia e me prenuncia
Os raios que me aquecem e me esquecem
O calor que me extingue até às águas de Setembro
Poio do Judeu
Nave de Santo Ant贸nio | Junho 2009
Pedra abandonada pelo Glaciar
Poio abrigo de lenda
Afogado rio abaixo
De Judeu recolhido e salvo
Rasto de tempos gelados
De rebanho defendido e enxuto
Testemunha de passagem
De grandeza al茅m do seu tamanho
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Águas de Outono
Caldas de Manteigas | Novembro 2011 Enquanto me adornas as margens Arrefeço a minha existência E abro fôlego para Janeiro Enquanto coloras as minhas ribas Engrosso as minhas fileiras E ganho coragem para combater os seixos
Fragmentos de Outono
São Lourenço | Novembro 2010 É um fogo, da copa ao chão, do solo ao ar É um fogo, do que não arde, do que não ama É um fogo, do que é belo, daquele que não tem senão É um fogo, que respira e sonha, e que passa…
Picos de gelo
Barroqueira | Março 2010
O gelo assim é
É morcego de água doce
Cume às avessas
A dormitar na gruta
Espinho cravado pela base
Aguardando ardentemente
Um penitente em extinção
Projectar-se no nada
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Penumbra
São Lourenço | Novembro 2011 O dia aqui nunca nasce, não lho é permitido. Pode morrer as vezes que lhe convier, mas viver, viver somente nos fins de tarde. Naquela luz que não é luz. Na raia que separa o dia da noite. No exacto momento antes do anoitecer e depois do entardecer. Em que os seres do dia podem esbarrar com os da noite e que o temor conquista os corpos e paralisa os espíritos.
De um lado a morte. Triste, caduca, exposta… Do outro lado a vida. Fresca, vigorosa e exuberante. Ao meio o rio. Símbolo de vida, transporte de morte. Numa margem a palidez defunta. Na outra a esperança verde. No centro a testemunha líquida. De uma banda vê-se mudança. Da outra constância. Do flanco da morte
A morte não é o fim
Ribeiro do Poço do Inferno | Novembro 2012
vislumbra-se renovação. Do da vida apenas manutenção. No lado da morte há risco e inovação. Ambição de nascer de novo. No da vida existe conservadorismo. A aventura da vida que morre para regressar mais viva contrasta com a apatia da vida que apenas se quer preservar. E ao meio um rio.
Largo espelho
Lagoa do C창ntaro Gordo | Junho 2011 Para t찾o largo ser Lago espelho Para melhor espelho ser Lago largo Para belo lago ser Largo espelho
Vale U
Vale Glaciar do Zêzere | Outubro 1999
Extenso
Rectilíneo
Ao enfrentar Manteigas fina-se
Ao encarar Manteigas curva-se
Não porque assim o desejasse
Não num sinal de respeito
Apenas porque não era natural que prosseguisse
Apenas porque a sua natureza lho determinou
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Magro sou
Cântaro Magro | Janeiro 2011 Eis-me, o ícone da Serra da Estrela da neve. E o da sem neve também! O mais descoberto e marcado e que mais alcance atinge. Sou um vaidoso, o galã da montanha! Símbolo da grandeza deste lugar. E de poder! Sou a atracção mor de tão raro parque. O molde das mãos do vento e a neve fica sempre bem em mim. Sou, enfim, a matriz da estrela maior de Portugal.
Entreluz
São Lourenço | Agosto 2012 Linhas escritas ao alto Transversais à Terra e ao Céu Paralelas ao ar e ao homem Infinitas
O sol desenhado no lápis de uma criança, de raios coincidentes com o seu imaginário.
Estrela-guia
Covão d’Ametade | Janeiro 2011
A limpa neve espera que ela a decida pisar e a afeiçoar num boneco. A imagem do inverno estrelar que mantém a felicidade permanentemente na infância. E que, por magia, a faz lá habitar para sempre.
Nascimento de Rei
Chafariz d’El Rei | Julho 2010
Se escolhi nascer aqui
Quando me afastar no fim da tarde
Foi apenas pela profusão do silêncio
E ao granito voltares
E se nem tudo o que reluz é ouro
Não temas as trevas
Há esplendores que o superam
Porque aqui sempre ressuscitarei
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A Lagoa
Lagoa do Vale do Rossim | Agosto 2012
Este mar de serra poente Que se funde ao céu
Que banha dourado
Jaz por todo o vale
Na parede da grossa pedra
A praia de pés ásperos
Renova-se entre penhas
Verdes anos
São Lourenço | Agosto 2012 Verdes estão as colinas a oriente do Coração. Ramos frugais que se unem num só abraço. Numa só exaltação. Porém frágeis como a vida, ainda que fortes como o amor. Tenros momentos que pintam de esperança as cortinas do Vale. Que as lavam e mudam. Que as vivem.
O amor
Paixão
Lagoa da Paixão | Junho 2011
À primeira vista
E que dizer da paixão
Tal qual aqui se apresenta
No último fôlego
Do amor em aceleração
Em panorama
Que importa
Do coração em disparos
Avassaladoramente
Se ardesse em teu chão A tempestade de luz matinal O vulcão em erupção
Nave incandescente
Nave de Santo António | Janeiro 2011
O fogo do amor a acercar A rendição presente da paixão A explosão seria como esta
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Mar doce afundado em Outono suspenso
Neblina outonal
Encosta de São Lourenço | Novembro 2011
Alvo alagadiço em encostas de ouro De pó sepultado em vale imenso Guarda mostra tão cortante tesouro
Menos d’Ametade
Covão d’Ametade | Fevereiro 2012 Neste jeito de rio que não parte Dum ficar permanente No desconcerto de horizonte De pedras que não encaixam De águas escassas e sombrias Que desesperam por se balancearem Se consumirem vale abaixo E regressarem
Pão Romão
Campo Romão | Julho 2009
Pão da montanha
Pão que dança
De ibério horizonte
Em coliseu romano
De batalhas ganhas
De ceifa marcada
Em guerra perdida
No suor do Verão
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Lá ao fundo 1.º Prémio no XIII Concurso Fotográfico de Manteigas 1999, subordinado ao tema Manteigas - Núcleo da Serra da Estrela, promovido pela Câmara Municipal de Manteigas.
Página 27
As Salgadeiras Melhor foto no 1.º Concurso de Fotografia de Natureza 2011 e melhor foto na Categoria de Paisagem Natural, promovido pela Natugrafia - Associação de Fotografia de Natureza.
Página 39
Penumbra Melhor foto no X Concurso de Fotografia de Ambiente do CISE Património Ambiental da Serra da Estrela 2012, promovido pelo Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE).
Miguel Serra nasceu em Manteigas a 13 de Junho de 1973, terra que o viu crescer e onde permanece. Temporariamente ausente aquando da frequência do Ensino Superior é Licenciado em Comunicação e Relações Públicas e detém uma Pós-Graduação em Marketing Territorial, desempenhando funções na Câmara Municipal de Manteigas, no serviço de Cultura, Comunicação e Imagem. A paixão pela fotografia e o amor à natureza faz com que acorde, com muita frequência, antes que todos. O invulgar despertar da Estrela provoca-lhe insónias. A sua Serra é um íman que o atrai madrugada atrás de madrugada. E que a ela não consegue resistir. Esta “fatalidade” fá-lo adquirir, em 1998, a sua primeira máquina fotográfica reflex. Mas o verdadeiro investimento, que não apenas material, surge apenas dez anos depois com a compra da DSRL. Com esta em mãos é impelido a participar em workshops de paisagem natural. Os prémios de fotografia que vai somando, passados escassos anos, vieram apenas atestar o percurso. Feito em paisagens que conhece, respeita e quer divulgar.
João Gabriel Leitão nasceu em Manteigas a 25 de Agosto de 1975. De interesses variados, formou-se do lado das ciências por pragmatismo de vida, mas é nas letras que se aconselha e emociona. Engenheiro civil de profissão, vive e trabalha na sua terra, o que por si só o faz sentir um privilegiado. No que à escrita diz respeito, manteve durante 4 anos e meio, com sucesso à escala local, uma coluna na última página do “Notícias de Manteigas” intitulada “Manteigas Vale”. Com necessidade de ter em permanência a mente ocupada desafiou o Miguel Serra a deixá-lo embarcar nesta viagem pela montanha maior de Portugal Continental, fazendo de guia imaterial dos momentos únicos que a sua lente captou.
Este é um livro de imagens. É um livro de uma viagem de madrugada, percorrida em muitas madrugadas. De uma viagem feita de momentos, de instantes irrepetíveis e mutáveis, numa Serra da Estrela cujo centro de massa é Manteigas. Um livro de histórias. De histórias narradas nas imagens que sobem e descem a montanha cimeira deste rectângulo que à beira-mar plantado, não só de beira-mar é feito. Este livro é um romance. De um homem que persegue a vida antes do dia nascer. Da paixão da busca pelo melhor momento, do melhor registo, da fotografia da existência que se demora por instantes singulares. Um livro que retrata altos ensejos na serra mais alta, esculpidos na lente do primeiro homem e desarmados pelo segundo. A visão versus o tacto. A aparência com essência. Os olhos que vêem e o coração que sente. Páginas pejadas de imagens criadas a montante do dia, depois traduzidas em sensações pela mera intuição. Páginas onde o belo é apenas um facto que se apresenta como tal. Apenas na sua pureza. É enfim um livro para sonhar de olhos bem despertos e de repente os cerrar e sentir na pele o arrepio dos acordes melodiosos dos abismos da vida. De uma vida de cumes e sopés. Gravada em momentos da montanha…