1
3
4
“ A cidade é uma emoção estupenda. A cidade é uma invenção, ou melhor: é a invenção do homem! A cidade não é um fato virtual, é um fato físico, porque é cheia de humanidade. A cidade é um contínuo devir. ” Renzo Piano – A Cidade
AGRADECIMENTO "Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas... não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece. Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano." Oslo
Agradecemos ao nosso orientador, Antônio Fabiano por ter-nos pego rio e nos transformado em oceano.
ÍNDICE 1. Contextualização
07
1.1 Rodoanel
10
1.2 Características do Locus
15
1.3 Análise do Território
27
2. Ações Projetuais Gerais
33
2.1 Tomada de posição
33
2.2 Transitar
36
3. Ações Projetuais na área de
43
intervenção e abrangência
4. Recorte
49
5. Referências
55
Conclusão
63
Bibliografia
65
1. CONTEXTUALIZAÇÃO A escolha da área para o projeto de intervenção
Trecho este com implantação no meio da Serra da
urbana, desenvolvido no Pré TFG, vem de frente à
Cantareira, cujas obras para sua construção tiveram
vontade de continuar o estudo urbano que envolve o
início em Março de 2013 e tem previsão para
perímetro completo do Rodoanel realizado, ao longo
inaugurar em 2016 e cujo objetivo principal é desviar,
dos anos, pelos alunos da Faculdade de Arquitetura e
da malha urbana, os fluxos rodoviários de carga que
Urbanismo da Puc-Campinas. Os trabalhos anteriores
cruzam a região metropolitana, em especial na
contemplaram os trechos Sul (ano de 2011) e Leste
direção Oeste/Leste, aliviando o eixo formado pela
(ano de 2010) e, dessa forma, o projeto apresentado
Marginal Tietê e pelas rodovias Presidente Dutra e
desenvolve-se a partir da construção do trecho Norte,
Ayrton Senna.
completando a análise do anel viário proposto pelo Governo do Estado.
07
08
09
1.1 RODOANEL Segundo o Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
1.1.2 OBJETIVO DO TRECHO NORTE
realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, pela
• Completar o anel rodoviário da RMSP, permitindo
Secretaria
dos
Transportes
e
pela
Dersa
seu contorno completo e a interligação de todas as
–
rodovias de acesso;
Desenvolvimento Rodoviário S.A. em 2010, é possível destacar os principais objetivos do Rodoanel e do seu
•
Desviar da malha urbana os fluxos rodoviários de carga
trecho norte:
que
cruzam
a
região
metropolitana
especialmente na direção Oeste/Leste, aliviando o 1.1.1 OBJETIVOS DO RODOANEL
eixo formado pela Marginal Tietê e pelas rodovias
• Interligar o sistema rodoviário que atravessa a
Presidente Dutra e Ayrton Senna;
Região Metropolitana de São Paulo a fim de ordenar o tráfego de transposição dessa região,
•
Criar uma alternativa viária estruturadora na altura da Av. Inajar de Souza, em São Paulo;
principalmente o de carga (caminhões), reduzindo
• Criar uma nova alternativa para acesso viário
os tempos de percurso entre rodovias e a
metropolitano ao Aeroporto Internacional em
solicitação dos sistemas viários locais;
Guarulhos;
Servir de alternativa para os fluxos de longa distância entre as sub-regiões da metrópole.
10
•
1.1.3 INFORMAÇÕES ADICIONAIS • A rodovia terá 44 quilômetros de extensão e ligará os trechos oeste e leste do Rodoanel. Começa na
• O Trecho Norte é o último a ser construído, completando o anel perimetral de 177 km em torno do Estado de São Paulo.
confluência com Avenida Raimundo Pereira
• De acordo com o Desenvolvimento Rodoviário S/A
Magalhães, antiga estrada Campinas/São Paulo
(Dersa), órgão ligado à Secretaria de Transportes
(SP-332), e termina na intersecção com a rodovia
do Estado, a estimativa de desapropriação é de 2,1
Presidente Dutra (BR-116). O trecho prevê acesso
mil imóveis;
à rodovia Fernão Dias (BR-381), além de uma
• A expectativa do governo é que a obra reduza em
ligação exclusiva de 3,6 quilômetros para o
até 23% o volume diário médio de caminhões na
Aeroporto Internacional de Guarulhos;
marginal Tietê, uma média de 17 mil caminhões a
• O trecho passará por diversas cidades da região
menos passando pela região. Com isso, espera-se
metropolitana de São Paulo, como Santana do
que a emissão de gás carbônico dos veículos caia
Parnaíba, Cajamar, Francisco Morato, Franco da
entre 6% e 8%;
Rocha, Caieiras, Mairiporã, Santa Isabel, Arujá,
Guarulhos e São Paulo;
• No Trecho Norte, serão quase 14 quilômetros em
túneis, com o intuito de diminuir os danos ambientais.
11
1.1.4 TRECHOS EM OPERAÇÃO • Oeste (início em 2002); •
Sul (início em 2010).
1.1.5 TRECHOS EM PROJETO/CONSTRUÇÃO • Leste (previsão de inauguração em 2014); • Norte (previsão de inauguração em 2016). 1.1.6 TERRITTÓRIO A Zona Norte da cidade de São Paulo é dividida em 7 subprefeituras: Perus, Pirituba, Freguesia do Ó, Casa Verde, Santana, Tremembé-Jaçanã e Vila Maria. Para o desenvolvimento do projeto e, por sua pluralidade e
singularidade,
foram
elencadas
três
das
subprefeituras descritas para análise: Freguesia do Ó, Casa Verde e Santana.
12
E se por um lado temos a complexa carga de não
Entre as três subprefeituras escolhidas existe grande
produzirmos urbanidade uníssona (1), temos por
disparidade de classes sociais que reflete direta e
outro os fragmentos capazes de agir como um
inevitavelmente na paisagem urbana.
conjunto de recordações que dela emergem. Ou seja,
Fazendo parte desse panorama, encontramos uma
a memória urbana é a realidade que marca nossa
área profícua e abundante em rios, que desaguam no
própria fugacidade na história, ao mesmo tempo em
Rio Tietê, sendo a definidora limítrofe justamente
que anuncia a possibilidade de transcendermos nossa
desses fragmentos e disparidades espaciais e sociais
temporalidade individual através de pequenas ações
descritos acima.
coladas e apresentadas justapostas ao nosso alcance, capazes de nos envolver por um caminho em uma mesma reta ou por uma condicionante que costume as histórias urbanas apresentadas na e da própria cidade.
Nota (1) "E o que lhe dá especial sentido contemporâneo, já que há mais de um século, a cultura ocidental, e agora a mundial, globalizada, cessou em produzir cidades, e raramente produz alguma urbanidade. A especificidade urbana portuguesa, tão marcadamente distinta das radicais unificações - e tentativas - de seus vizinhos, pode agora ensinar alguma coisa, em direção a novas possibilidades de sentido urbano que não necessitem reunificação, que aceitem o fragmento constituinte das novas ocupações. Mas que, mesmo assim, afirma a reconstrução dos sentidos de vida coletiva e de seus espaços”. (RECAMÁN in CAFÉ, pg10, 2011).
13
Nesse contexto, as três subprefeituras selecionadas demonstram
essa
fragmentação
marcada
pela
presença de elementos naturais como o grande rio Tietê e seus córregos e as vias de veículos em suas margens. Além disso, outro fator determinante para sua devida escolha foi o fato de que essas são as únicas subprefeituras
que,
em
sua
extensão,
abrangem a Serra da Cantareira em uma das extremidades,
e
a
Marginal
Tietê
na
outra
extremidade, contemplando, assim, os dois objetos delimitadores da região de estudo em questão: a serra e o rio.
14
1.2 CARACTERÍSTICAS DO LOCUS Foram realizados levantamentos do município de São
As principais Rodovias que vem do interior do estado
Paulo, e de maneira mais aprofundada da Zona Norte,
e litoral (Presidente Castelo Branco, Anhanguera, dos
com o objetivo de interpolar relações do todo e da
Bandeirantes, Fernão Dias, Presidente Dutra, Ayrton
parte. Foram abrangidos os temas de Sistema de
Senna da Silva, Anchieta, dos Imigrantes, Régis
Transportes, Aspectos Físicos, Marcos Referenciais e
Bittencourt, Raposo Tavares) e que chegam à São
Equipamentos Públicos que serão apresentados a
Paulo morrem ao longo dele. O projeto do Rodoanel
seguir.
“extende” a cidade incorporando toda essa região periférica, criando novamente uma linha definidora
1.2.1 SISTEMA DE TRANSPORTE:
territorial fazendo com que, após sua conclusão,
Existe um anel viário que circunda a cidade
proporcione a conexão entre as Rodovias que chegam
margeando os rios Pinheiros e Tietê e a ideia do que
à
estava “dentro” da cidade era, por muito tempo,
desnecessários.
cidade
evitando
cruzamentos
centrais
definida por esse anel, que inevitavelmente criava uma cidade delimitada por águas e uma periferia que
se estruturava ao redor dela. A Zona Norte alinhada ao rio Tietê se localiza numa dessas regiões externas, ou seja periféricas, do anel.
15
Atualmente existem as seguintes linhas sobre trilhos
O projeto do TAV (Trem de Alta Velocidade) foi
que chegam à Zona Norte: a linha 1-azul do metrô,
localizado. A linha passará cortando a Zona Norte,
tendo seu destino final Tucuruvi, e a linha 7-rubi, que
com o intuito de ter uma parada no Aeroporto
é uma linha férrea, cujo destino final é Jundiaí. Há o
Campo de Marte, onde há a predominância de
projeto de outra linha para a área, linha 6-laranja,
helicópteros e aviões de pequeno porte, com aviação
com destino final à Brasilândia. Existem três
geral, executiva e táxi aéreo
Corredores de ônibus que passam pelas principais
Esse tipo de transporte não gera passageiros que
avenidas da área. Apesar disso, foi observado que o
usariam o TAV, já que sua predominância não é para
transporte público não é ramificado, já que as linhas
a população em geral.
não se conectam entre elas na Zona Norte, não atingindo todas as áreas e sendo insuficiente às demandas da população ao longo da cidade.
16
17
1.2.2 ASPECTOS FÍSICOS:
Na Zona Norte se localiza a Reserva da Cantareira,
Foram levantados os parques, praças, rios, córregos e
onde há vasta vegetação remanescente da Mata
corpos d`água relevantes do município de São Paulo.
Atlântica comparando-se ao resto de São Paulo,
Foi observado que a Zona Sul possui vasta hidrografia,
conjuntamente com os Parques Anhanguera e
com grandes corpos d`água e alta quantidade de rios
Jaraguá. É na Reserva da Cantareira que há o Horto
e córregos. Nela existem a Reserva do Curutu, o
Florestal, onde a população pode ter o contato com
Parque do Estado, a APA Capivari-Monos, e a APA
um resquício de mata nativa, e em sua encosta sul
Bororé-Colônia.
existe o Parque Estadual da Cantareira. A quantidade
Na Zona Leste há ocorrência de quantidade
de rios e córregos também é significante e
significante de rios e córregos, e nela existe a APA –
ramificada, sendo eles nascentes na Serra da
Parque e Fazenda do Carmo, e a APA – Parque
Cantareira, com sua foz no rio Tietê. Muitos desses
Ecológico do Tietê. Na Região central os rios e
córregos, atualmente estão canalizados. São os
córregos se encontram muito escassos, assim como
córregos que, no mapa, terminam sem ter foz visível.
os parques e praças, sendo o mais relevante, o
É popularmente difundida a ideia de que a Serra da
Parque do Ibirapuera.
Cantareira, com seus 64.800 ha, possui a maior floresta urbana do mundo possuindo cobertura vegetal de mata atlântica além de diversidade de fauna e flora, sendo tema de pesquisas e trabalhos acadêmicos.
19
O Projeto do Rodoanel Norte passará pela Serra da
O impacto social da obra se fundamenta no fato de
Cantareira, tendo que ser feito grande quantidade de
que as remoções das famílias já estão ocorrendo, e as
desmatamento, além de gerar trânsito de caminhões
pessoas sendo expulsas de suas casas sem que o
no meio da mata, criando alto impacto ambiental e
plano de reassentamento esteja definido. Além disso,
social. A prefeitura de São Paulo pediu para o
há córregos e riachos que nascem às centenas ao pé
governo estadual que construísse nove parques
da Serra da Cantareira, e que já estão sendo atingidos
cercados como compensação ambiental pelo Trecho
pela obra.
Norte do Rodoanel e esses espaços ficam antes da
No Mapa Hipsométrico, é comprovado que o desnível
área do Parque Estadual da Serra da Cantareira. A
entre Serra da Cantareira e o Rio Tietê é por volta de
ideia é construir uma espécie de escudo verde para
400m, e sua distância em planta é de 5km. A Serra da
impedir que haja ocupações nas margens da rodovia,
Cantareira é um dos pontos mais altos de São Paulo
como aconteceu no Trecho Oeste do Rodoanel. Essa
tendo seu pico na Pedra Grande (com 848m).
ação não compensa o impacto feito para a fauna e flora da Serra e já foram decepadas milhares de
árvores apenas para a passagem das máquinas de escavação dos túneis.
20
21
1.2.3 MARCOS REFERENCIAIS:
Na escala da Zona Norte, além do Campo de Marte e
Em relação à São Paulo, foram apontados 13 marcos
do Sambódromo, o Horto Florestal, o Parque da
relevantes para a escala da cidade. Dentre eles, 2 se
Juventude, o Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó e a
localizam na Zona Norte: o Aeroporto Campo de
Rodoviária do Tietê, tem caráter muito significativo
Marte e o Sambódromo do Anhembi. Os demais são:
para a cultura, turismo local, sendo o último de uso
a Estação da Luz, o Mercado Municipal, a Catedral da
de toda população da cidade de São Paulo.
Sé, o Estádios do Pacaembu e Morumbi, a Avenida Paulista, o Jockey Clube, o Parque do Ibirapuera, o Museu do Ipiranga, Aeroporto de Congonhas e o Autódromo de Interlagos.
22
23
1.2.4 EQUIPAMENTOS PÚBLICOS:
Equipamentos de Educação – Fonte: Mapa Digital da
Com o auxílio de levantamentos realizados pelo
Cidade (MDC), 2003/2004. Dipro/ SDMU, 2013.
Departamento de Desenvolvimento Humano da
Elaboração: Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Prefeitura de São Paulo, referente à região do Arco
Urbano de São Paulo.
do Tiete, tornou-se possível notar a relação da quantidade de equipamentos presentes nas três subprefeituras em relação à região central da cidade. Este levantamento tornou evidente a falta de equipamentos de caráter público que sirvam a região norte,
com
aproximadamente
2
milhões
de
habitantes. É notável que os equipamentos de cultura são os mais escassos na região.
24
Equipamentos de Saúde – Fonte: Mapa Digital da
Equipamentos de Esporte – Fonte: Mapa Digital
Cidade (MDC), 2003/2004. Dipro/ SDMU, 2013.
da Cidade (MDC), 2003/2004. Dipro/ SDMU, 2013.
Elaboração: Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Elaboração: Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Urbano de São Paulo.
Urbano de São Paulo.
25
Equipamentos de Cultura – Fonte: Mapa Digital da Cidade (MDC), 2003/2004. Dipro/ SDMU, 2013. Elaboração: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo.
26
1.3 ANÁLISE DO TERRITÓRIO 1.3.1 USO DO SOLO: Ao olhar para a Zona Norte de São Paulo em uma escala capaz de criar certo afastamento e, justamente por isso, leituras gerais é possível lê-la como uma cidade sem vazios urbanos. Os únicos vazios com maior clareza e que interrompem essa mancha única são riscos mais fortes que seguem as vias que margeiam os cursos d’água, muitas vezes escondidos embaixo delas. É justamente nesses espaços vazios que é possível ver demarcados, mesmo sem planejamento ou intenção, as “divisas” de caráteres de uso do solo entre as subprefeituras que será descrita a seguir.
27
Pelo mapa de uso do solo das três subprefeituras é
Essa graduação de diferentes usos que formam faixas
possível perceber não só a consolidação da área mas
definidas na horizontal se sobrepõe às faixas verticais
a divisão em três segmentos de usos díspares deste
das subprefeituras criando uma interpolação de
território, aqui intituladas de região norte, região
informações
central e região sul. Na região norte, nota-se a forte
características correlatas. Ou seja, mesmo nas
presença da natureza (Serra da Cantareira) e de
subprefeituras
ocupações de classes mais baixas que, por sua vez,
variavelmente enorme.
está intimamente ligada à invasão de grande parte da área de preservação do local. A região central, inteiramente ocupada por uso misto, que varia de habitações à comércios e, por fim, na região sul que beira a Marginal Tietê, nota-se a predominância do uso
industrial,
com
a
presença
de
alguns
equipamentos com escala metropolitana, como o
Complexo do Anhembi e o Aeroporto Campo de Marte.
28
em
a
espaços,
a
pluralidade
princípio,
espaço-social
com
é
Uso e Ocupação do solo do Plano Regional Estratégico das Subprefeituras de Freguesia do Ó, Casa Verde e Santana. Prefeitura do Município São Paulo.
29
1.3.2 MAPA DE IMPRESSÕES:
Viu-se que em algumas avenidas de grande fluxo
A partir de visitas ao local foi realizado um mapa de
(Inajar de Souza e Eng. Caetano Álvares) há um rio, e
impressões a fim de analisar as características da
este, por sua vez, está canalizado em alguns trechos.
área, encontrar seus problemas e demarcar suas
Sendo assim, constatou-se como potencialidade a
potencialidades.
abertura dos córregos, na tentativa de aumentar os
Vê-se que as vias seguem uma hierarquia e são
espaços públicos e propor respiros para a cidade.
responsáveis pela organização do território. A
As demais vias são as de menor fluxo que também
Marginal Tietê é a via de maior fluxo e interfere
apresentam potencial para a reformulação do
diretamente no funcionamento da área, uma vez que
território, através de melhorias nestes espaços, as
divide a cidade e define a Zona Norte.
vezes, residuais, tornando-os instrumentos de lazer.
As vias de médio fluxo são as estruturadoras, uma vez
Outro aspecto marcante identificado durante as
que
visitas
elas
diferenciam
cenários,
que,
foram
com
relação
as
diferenças
coincidentemente, são as divisas das subprefeituras.
socioeconômicas do território. Margeando a Serra da
Essas vias são as extremidades dos fragmentos, ou
Cantareira
seja, cada subprefeitura apresenta características
irregulares de baixo nível socioeconômico, instaladas
particulares que distinguem umas das outras,
em um terreno muito acidentado e com alto risco de
compondo uma cidade fragmentada.
desabamento.
30
foi
possível
visualizar
habitações
As áreas de médio nível socioeconômico diz respeito
Próximo
a grande parte da área estudada, que se contrasta
abandonados e ao Sambódromo, viu-se um espaço
com
na
mal utilizado para estacionamento de veículos e
Subprefeitura de Santana, cujo aspecto econômico e
concentração de carros alegóricos no período de
social é muito mais alto. Este indicador é um dos
Carnaval. Este espaço, sem aproveitamento para a
motivos pelos quais compreende-se que o território é
cidade após o período citado, apresenta grande
fragmentado e passível de intervenções que atenuem
infraestrutura e pode abrigar um uso de maior
esta relação de cenários, sempre visando o aumento
importância cotidiana.
na qualidade dos espaços públicos da área.
Com a visita ao Horto Florestal, localizado na
Um dos aspectos que mais chamou a atenção foi a
Subprefeitura de Santana, percebeu-se a necessidade
existência de uma área dominada por galpões
e, ao mesmo tempo, a falta de espaços de lazer na
industriais, na maioria abandonados e posicionados
Zona Norte de São Paulo. Este local, caracterizado
próximos à Marginal Tietê. Como potencialidade,
pela exuberância natural encontrada numa área
percebeu-se a mudança do uso para equipamentos
consolidada da cidade, apresenta difícil acesso e,
públicos além da criação de habitações, atendendo a
possivelmente, este seja um aspecto de melhoria na
demanda da população, visto a carência de espaços
área, bem como liga-la com o entorno através de
públicos de qualidade na Zona Norte como um todo.
outros eixos verdes.
uma
pequena
parcela,
localizada
a
esta
área
de
galpões
industriais
31
32
2. AÇÕES PROJETUAIS GERAIS 2.1 TOMADA DE POSIÇÃO:
Acredita-se que esses micros espaços “entre”, que
Uma cidade é feita de encontro, e é no espaço
correspondem não a vazios urbanos, mas a áreas
público e através da natureza que esse encontro
bastante consolidadas, se tornarão espaços de
acontece. Sendo assim, é a partir da natureza que
respiro da cidade através da proposição e criação de
esses fragmentos se interpolarão. Os limites se
linhas de convívio capazes de costurar tais separações
tornarão os espaços de confluência. São esses limites
tendo a natureza não como estrutura articuladora
que
e
mas como projeto efetivo e mote vital afinal, o que é
proporcionarão o uso comum entre as diversas áreas
natureza senão nossa criação de relacionar coisas já
díspares. É nesse contexto que a água surge como
pré-existentes.
receberão
os
fluxos
de
transporte
elemento de relação entre os fragmentos. A natureza, em seu estado físico, corresponde ao elemento estruturador da existência desses micro espaços cívicos. A proposta é minimizar essas demarcações territoriais
existentes. Ou criar sombra entre eles, permeando características e diluindo degraus de diferença entre os espaços que ali sofrem dessa realidade.
"ao invés de um cenário de passagem entre um ponto e outro de um deslocamento, o espaço da cidade passa a ser um espaço vivido. É evidente que a cidade, tal qual se organiza hoje, é absolutamente hostil a essa prática, uma vez que claramente a prioridade no espaço público é a circulação e, particularmente, a circulação de automóveis. Entretanto, quem busca conhecer a cidade a pé tem a oportunidade de se reconectar com a cidade, sendo capaz de fazer a crítica desse modelo e exigir outro, no qual estar será tão importante – ou mais – do que passar!" (ROLNIK, 2013).
33
A delimitação da Área de Proteção Ambiental da Serra da Cantareira, que atualmente é ignorada (também
pelas
habitações
irregulares
que
a
invadiram), será retomada através de leis. Assim, a área em que hoje se localiza uma urbanização irregular, terá a mata reestabelecida e essas pessoas serão relocadas às áreas passíveis de reurbanização próximas ao rio Tietê, com maior acesso à infraestrutura. Da mesma forma, os galpões inativos existentes também
serão
relocados.
Será
realizada,
basicamente, uma inversão de ocupação entre as habitações e os galpões industriais, dessa vez respeitando as áreas de preservação da Serra.
34
Diretrizes incorporadas do Plano Regional EstratĂŠgico da Subprefeitura de Casa Verde.
35
2.2 TRANSITAR:
O Trem de Alta Velocidade (TAV) será relocado e
São Paulo é uma cidade com carência de transporte
margeará a área onde passará o trecho norte do
coletivo. Em meio ao caos que representa o trânsito
Rodoanel. Também as águas do Rio Tietê serão
de veículos na cidade, é preciso diminuir a
utilizadas como fluxo a partir da implantação de um
quantidade de veículos nas ruas, em especial os que
sistema de transporte fluvial de pessoas e cargas
transportam apenas uma pessoa. Para que isso
leves, este sistema de transporte tem como base
ocorra, o projeto propõe um sistema de transporte
fundamental a incorporação de algumas medidas
integrado.
desenvolvidas pela FAU USP no trabalho intitulado
Veículos Leves Sobre Trilhos (VLTs) serão implantados
“Metrópole Fluvial” (ver detalhes nas paginas 57 e
ao longo das principais avenidas (limites das
58.)
subprefeituras) e também em eixos no sentido leste-
Com um projeto de transporte público diverso e
oeste, conectando-as. Será adotado o Projeto
funcional, os automóveis e caminhões deixam de
Estadual da linha 06 (laranja) do metrô, e haverá uma
circular dentro da cidade. Além disso, cada vez mais
extensão da linha 01 (azul) à norte, até cruzar com
pessoas passarão a utilizar o transporte público.
uma das vias do VLT proposto. Uma nova linha de
Consequentemente, a diminuição no número de
metrô será criada com o objetivo de ligar o Rodoanel
veículos melhora consideravelmente o trânsito local.
Norte ao Aeroporto Campo de Marte, através da linha 01 do metrô.
36
37
Aprofundando as diretrizes viárias propostas pelo grupo, cria-se 4 projetos “modelo” para as principais vias presentes na área de influência urbana. Cada projeto proposto atende à necessidades específicas do local em que estão inseridas, contudo, todos os projetos tem como base fundamental a inserção e melhoria do transporte público e do pedestre no contexto urbano. As vias em destaque são: Av. Nossa Senhora do Ó. Av. Brás Leme Av. Gen. Edgar Facó/ Inajar /Eng. Caetano Álvares Marginal Tietê
38
Av. Nossa Senhora do Ó Atualmente é uma avenida de grande movimento e tráfego de ônibus. Possui 3 faixas para veículos, além da presença de torres de alta tensão nos lotes que a margeiam de um de seus lados. No projeto pretende-se retirar uma faixa de veículo, aumentar a área para pedestres e implantar 1 eixo de VLT próximos à essas torres com vagões nos dois sentidos, que desviam em determinados pontos da via.
39
Av. Brás Leme Nas visitas à área, percebeu-se que esta via é um dos únicos espaços públicos que as pessoas usam com frequência
para
lazer
e
práticas
esportivas.
Atualmente nesta avenida, existe um canteiro central com ciclofaixa, espaço de lazer e passeio, separando as 7 faixas de veículos. No projeto, pretende-se ampliar o canteiro central para melhoria da qualidade do lazer aos usuários e para a implantação de VLT (1 eixo com dois sentidos). Para isso, será retirada 1 faixa de veículo em cada sentido da via.
40
Av. Gen. Edgar Facó/ Inajar /Eng. Caetano Álvares Estas vias possuem rios que encontram-se, em sua maior parte do trecho, canalizados, poluídos e ignorados pela vida urbana. Sendo assim, no projeto em estudo, esses rios serão revitalizados e serão capazes de promover o encontro e a vida pública. Além disso, será retirada uma faixa de veículo de cada lado da via, para a ampliação da área de pedestres e para a implantação de 1 eixos de VLT com vagões nos dois sentidos, que desviam em determinados pontos da via.
41
Marginal Tietê
No Tietê haverá transporte de pessoas e pequenas
Atualmente a Marginal Tietê possui 12 faixas de cada
cargas, o que aliviará o trânsito da marginal, com
lado do rio, pequenos canteiros com pouca
paradas de barcos que se conectarão com as
arborização, além do rio poluído e renegado pela
passarelas e também por pequenas pontes pedonais
população.A água, nesta intervenção, é estruturadora
que possibilitem o atravessamento.
máxima do projeto e, com isso, a proposta será
Esses novos espaços públicos serão escalonados e
revitalizar o rio e suas margens, tornando estes
estarão rebaixados 2 metros em relação ao nível dos
espaços públicos e de qualidade. Para isso, retirou-se
carros, para que assim as pessoas não tenham
uma faixa de veículo de cada lado da via.
contato com estes criando um micro clima de escala
A chegada dos pedestres à essa nova área de convívio
compatíveis com a escala humana, de usos,
será por passarelas. As margens do rio agora serão
necessidades e predileções (incompatíveis com a
espaço público, composto por: ciclovia, espaços para
escala
pedestres, com tamanhos maleáveis, trabalhando e
metropolitana).
respeitando a necessidade das águas.
42
da
Marginal
tietê,
que
se
manterá
3. AÇÕES PROJETUAIS NA ÁREA DE INTERVENÇÃO E ABRANGÊNCIAS
Analisando a área ainda de modo geral, foram
Assim a cidade é apreendida pela experiência
encontrados diversos córregos canalizados que
corporal, pelo tato, pelo contato, pelos pés. Essa
desembocam no Rio Tietê em meio aos galpões
experiência da cidade vivida, da própria vida urbana,
industriais ali abandonados. A partir disso, viu-se a
revela, denuncia ou sentencia duas condicionantes
possibilidade de qualificá-los por meio de um projeto
que o projeto urbano indica mas não impõe: 1- a de
urbano que levasse em conta as águas como sistema
que uma cidade é mais do que um espaço de morar e
de intervenção e produção de espaços com qualidade
trabalhar e 2- por meio da proposição vivencial com a
para a cidade, uma vez que estes córregos
pequena escala é que compreende a grande
apresentam, invariavelmente, a potencialidade de se
metrópole que vivemos.
tornarem respiros urbanos. Ou seja, a escolha da
Essa estratégia geral do plano urbano prevê uma
água, que por si é sistêmica, é definida também para
leitura pormenorizada de cada pequeno curso d’água
ser um sistema capaz de intervir em uma área
criando micro organismos referentes à terra que ali a
abrangente
o
água circula. Temos aqui indicações de algumas
entendimento da escala macro através da escala da
possibilidades mas elas receberiam estudo específico
pessoa criando assim uma dança indissociável entre a
para o seu devido desenvolvimento:
e
heterogenia
possibilitando
grande e a pequena escala. São esses pequenos caminhos d’água ao longo do grande rio da cidade que farão as pessoas entenderem que o grande rio pertence também à elas.
43
• educação – criação de polo educacional com
quantidades significativas de quarteirões inteiros
cursos técnicos voltados para a área ambiental;
compostos por galpões industriais próximos à
saúde – criação de centro de recuperação e
marginal Tietê, importante via de acesso de
prevenção;
mercadoria para a cidade de São Paulo. Hoje, a maior
•
• esporte – criação de núcleo esportivo;
parte desses galpões está desativada e abandonada,
• cultura – criação de polo cultural;
uma vez que a circulação dos produtos está
• trabalho –criação de cooperativas e ONGs voltadas
condicionada a horários absolutamente restritos.
para a capacitação e produção de modelos novos de
Também com a implantação do novo trecho do
trabalho.
Rodoanel, esses galpões se tornarão completamente
Vale ressaltar que esses núcleos não seriam
obsoletos.
monotemáticos e receberiam também a influência de
Alguns galpões em melhor estado, e aqueles
outras áreas do conhecimento, e a indicação para a
próximos
criação de um polo reconhecido se dá apenas pela
Convenções
vontade de enfatizar o que a terra, dali, diz.
destinados a atender as escolas de samba tradicionais
ao
Sambódromo do
Anhembi,
e
ao
serão
Centro
de
mantidos
e
o
da região criando ali um polo de produção cultural
desenvolvimento do projeto urbano seria em um
voltado para o carnaval. Nesses galpões serão
desses córregos, localizado entre as avenidas Inajar
implantadas instituições de ensino profissionalizantes
de Souza e Av. Engenheiro Caetano Álvares.
e oficinas voltadas à qualificação de mão de obra e
Como dito anteriormente, foram localizadas
elaboração de fantasias e carros alegóricos.
A
44
partir
desta
escolha,
decidiu-se
que
Já os galpões inutilizados serão relocados próximos ao Rodoanel e utilizados como barragem do crescimento da cidade, consequência urbanística natural desse tipo de uso. A intenção é margear os limites da Área de Proteção Ambiental e remover as habitações
irregulares
que
ali
se
encontram
atualmente. Será um movimento de troca entre os galpões industriais e as habitações irregulares. Sendo assim, apesar dos 8 km de distância entre o rio Tietê e o Rodoanel, fica clara a ligação e a situação de interdependência entre esses dois territórios tão distintos, porém ocupantes de um mesmo contexto urbano.
45
Ao longo de toda faixa desse vazio urbano
um novo morro, ao lado do rio. Seria a aproximação
conquistado (após a retirada dos galpões industriais
simbólica entre o limite primeiro da cidade (a água) e
inutilizados) foi criado zoneamento com a devida
o limite final (a serra), ambos naturais, ambos
estruturação: margeando o rio Tietê, entendendo sua
demarcando a construção da paisagem urbana de São
escala metropolitana, foi proposta uma faixa de
Paulo. O escalonamento dos volumes se dá por dois
edifícios empresariais e de serviço de grande porte
motivos: o primeiro para permitir que as pessoas que
com até 30 pavimentos, sendo os 2 primeiros livres
ali morarão continuem tendo uma ligação visual
de uso, para que a ligação visual entre o rio Tietê e a
direta com a Serra da Cantareira e, segundo, que elas
Zona Noite possa ainda existir na escala do olho e os
manterão a essência de morarem ainda em um
últimos 5 pavimentos seriam destinados à habitação
morro, mesmo que esse seja projetado. É o
social. Continuando, seria implantado edifícios de
encurtamento de limites e a linha tênue que discute o
habitação de 20 pavimentos , escalonando esta altura
que é natureza criada e o que é natureza existente. É
até a faixa de 8 pavimentos, com comércio e
o embate da geração, da tomada de uso e da
pequenos serviços em seu térreo. Esses edifícios
discussão de seus limites.
seriam implantados a fim de criar pequenas praças
Ao longo da área seriam também implantados postos
públicas entre eles e andares coletivos ligariam esses
de saúde, polícia, equipamentos públicos de médio
blocos independentes criando praças aéreas.
porte e creches criando um sistema capaz de suprir
Todos os edifícios seriam verdes, não só em suas
necessidades vitais cotidianas.
coberturas mas também em suas elevações, criando
46
47
4. RECORTE A existência de uma grande rede de água natural se encontra constantemente ignorada e poluída em todo o território. Nesse contexto, a ideia é de que o partido do projeto seja piloto e seguido como modelo para as demais áreas nas proximidades, ganhando devida forma e proporção diante da precariedade da realidade observada. É essencial o entendimento de que, dada a devida importância aos espaços urbanos que surgem a partir de um eixo estruturador natural, como é o caso do rio, é possível sombrear fragmentos, tornar os espaços públicos e promover a sociabilização sem restrições sociais. Ou melhor, seria o momento que a natureza, desta vez, traria efetivamente os espaços e equipamentos públicos
para a Zona Norte deixando de fazer somente sombras para criar espaços e, por consequência, viva urbana.
49
Com isso foi desenhado um eixo de uso e
desenvolvido por Mariana Gonçalves Pavan (Projeto
equipamentos públicos ao longo deste pequeno filete
5), Centro de Aprendizagem 5 a 100 a ser
d’água usado como elemento de desenvolvimento do
desenvolvido por Jéssica Dias Barisson (Projeto 6),
plano maior. Foram criadas diretrizes para o
Biblioteca, Habitação a ser desenvolvido por Bruna
desenvolvimento das margens vindouras desse
Faria Fattori (Projeto 7) e Raquel Passarini (Projeto 8).
córrego onde todos os equipamentos não poderiam
A implantação de tais equipamentos levou em
ultrapassar 20 metros de altura a fim de enfatizar a
consideração
relação das águas com os vazios potenciais para a
próximos da Marginal Tietê) à local permeando o eixo
convivência. Os equipamentos propostos para o eixo
à Zona Norte com as habitações propostas e
foram: Estação Intermodal (recebendo barco e
desenvolvidas. Tais equipamentos se completarão em
trilhos) a ser desenvolvido por Flávia Trevisani
usos programáticos e não são pensados como corpos
Ganselli (Projeto 1), Centro de esportes Água e Terra
independentes mesmo quando autônomos.
a ser desenvolvido por Milene Mendes Mamede (Projeto 2), Museu do Carnaval a ser desenvolvido
por Isabella Luvizotto Lolli (Projeto 3), Escola do Som e Movimento a ser desenvolvido por Luisa Bonin Battaglini
(Projeto
Nordestinas a ser
50
4),
Centro
de
Tradições
sua
escala
metropolitana
(mais
51
52
Com relação ao desenho do pequeno filete d’água novamente são juntadas as duas lanças naturais (Serra da Cantareira e Rio Tietê, hoje margeando a Zona Norte) em um único ponto. É onde entendemos que serra e água são processos indissociáveis, são parte do mesmo todo. É onde percebemos que são elas, que mais de uma vez foram vistas como limites urbanos da cidade, que carregam a propulsão de devolverem para uma cidade sem escala humana aquilo que ela nunca deveria ter perdido. É onde o rio do morro vira o morro em si. Onde o morro é o novo rio e o que o homem precisa é olhar, de fato, para a cidade. Cidade que pousou em um território e, a partir dele foi crescendo e comendo rios e morros. E
são esses mesmos rios e morros, as vezes morrosrios, morros-morros, rios-rios, rios-morros que mostrarão que se a cidade é a maior invenção do homem, segundo Renzo Piano (PIANO in CASSIGOLI, 2011, pg68), seu território é seu primeiro ato em si.
53
Serra da Cantareira
54
Pico do Jaraguรก
5. REFERÊNCIAS RESTAURAÇÃO
DO
CHEONGGYECHEON,
SEUL,
• O governo metropolitano proveu mais transporte
COREIA DO SUL, 2002/2005 – Yun-Jae Yang
público. A maioria das pessoas que visita o novo
• Demolir toda a via e restaurar o rio encoberto
espaço chega de metrô;
como um córrego aberto, uma via de recreação e
• A restauração do córrego significa um momento
uma grande oportunidade de melhorias do meio
em que a política adota o desenho urbano e vice-
ambiente, além de uma área de conservação
versa, pelo benefício dos cidadãos de Seul.
histórica; • Foram demolidas tanto as vias elevadas quanto os leitos carroçáveis que encobriam o rio. Abertura de 20% a mais do espaço em largura para o córrego; • Pontes foram criadas, incluindo instalações de artes públicas, caminhos ao lado do rio para pedestres e corredores, variando as formas de
cruzar o córrego, e os direitos de passagem entre pedestres e veículos foram reconfigurados;
55
Edição da Revista AU 234, Setembro de 2013
Fotos: Jean Chung
56
METRÓPOLE FLUVIAL – FAU USP Reestabelecer os rios urbanos como principais eixos estruturadores das cidades, com parques, praças e bulevares fluviais às suas margens; • navegação fluvial urbana: portos de origem e destino inseridos na área urbana; • navegação fluvial em canais estreitos e rasos em águas
restritas
(confinadas
entre
barreiras
artificiais); • transporte fluvial urbano de cargas públicas.
57
58
RIO MADRID – WEST 8 URBAN DESIGN E & LANDSCAPE ARCHITECTURE, BURGOS & GARRIDO, PORRAS LA CASTA, RUBIO ALVAREZ SALA. • Comunicação do centro e sudoeste da cidade
através de passarelas e pontes pedonais; • Requalificação
do
entorno
através
de
um
paisagismo, equipamentos lúdicos, culturais e recreativos para realçar seus valores que foram perdidos com o tráfico intenso da cidade de Madrid.
59
PARQUE ECOLÓGICO MANGAL DAS GARÇAS
RIO DANÚBIO – EUROPA
– BELÉM
http://www.mangalpa.com.br/
http://www.essaseoutras.xpg.com.br/tudo-sobreo-rio-danubio-paises-margem-afluentes-historiae-fotos/
60
CANAIS DE AMSTERDAM – HOLANDA
RIO DE PIRACICABA
http://blog.utrip.com/2013/04/plan-travel-
http://www.panoramio.com/photo/16413001?tag=
amsterdam-weekend/
Piracicaba
61
TORONTO – CANADÁ
http://www.blogto.com/city/2009/06/sexy_simcoe _wavedeck_waves_hello/
62
VENEZA – ITÁLIA
Fonte: Isabella Lolli
CONCLUSÃO Contra todo o sistema caótico que hoje configura São Paulo, o novo conceito urbano proposto convida a pensar a cidade de uma maneira diferente. O projeto introduz a criação de espaços de respiro entre as massas edificadas, sempre a partir da presença de elementos naturais como o rio. Esses espaços funcionam como atrativo para o convívio e uso do próprio território. A exemplo da área estudada, a possível reprodução desse conceito em outros espaços permite a solidificação do projeto na escala da cidade como um todo.
63
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