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Este projeto é dedicado a todos aqueles que nos orientaram e apoiaram durante o curso. Aos nossos pais, que sempre nos deram força nos momentos difíceis, até mesmo quando pensamos em desistir. Aos professores e mestres pela dedicação, exigências, sermões e por nos encaminhar sempre pelo caminho certo. E a todos aqueles que contribuiem para transformar o mundo em um lugar melhor.

Agradecemos primeiramente a Deus por ternos dado o dom da vida, da sabedoria da inteligência, e pelas oportunidades que colocou em nossos caminhos. Ao professor e orientador José Eduardo Zago que empenhou-se em mostrar novas possibilidades, caminhos, e fazernos enxergar o erro e aprender com ele. Assim como a outros professores, que nos deram ferramentas para prosseguir com este projeto. Aos amigos de classe pela amizade, companheirismo, conselhos, favores, ajuda e bom humor dentro e fora de classe. Agradecemos a todos vocês por acompanhar-nos nesta jornada.


Projeto de desenvolvimento de Travesseiro Sustentável a partir da fibra natural da Paineira. Rafael Campachi Castilho e Millene Franciele de Menezes Mazoni. Faculdade de Ciências e Tecnologias de Birigui – FATEB / SP. O referido artigo se trata da problemática das espumas flexíveis de Poliuretano (P.U.) utilizadas na confecção de travesseiros, características do material, descarte, depredação do meio-ambiente e riscos para a saúde dos usuários diante da utilização do produto travesseiro. Refere-se também a possibilidade de agregação de fibras de Paina como enchimento desse produto. O trabalho teve os objetivos de verificar e analisar o descarte da supra mencionada matéria prima na região de Birigui e, o estudo das fibras da paineira. Resultando na percepção de entulhos depositados de forma irregular. Também como resultado uma matéria-prima alternativa, de caráter sustentável, com boa flexibilidade e possível de ser produzida a partir do plantio de lotes de Paineiras nessa região.


Project Bolster Sustainable development of natural fiber from the Paineira. Rafael Castillo and Campachi Millene Franciele Mazoni de Menezes. Faculty of Science and Technology Birigui - FATEB / SP. That article deals with the issue of flexible foam polyurethane (PU) used in the manufacture of pillows, material characteristics, disposal, destruction of the environment and risks to the health of users before using the product pillow. It also refers to the possibility of aggregation of kapok fibers as filler in the product. The work had the objective to verify and analyze the disposal of the above mentioned raw materials in the region of Birigui, and the study of the fibers of the cotton tree. Resulting in the perception of debris deposited irregularly. Also as a result an alternative raw material, character development, with good flexibility and can be produced from the planting of lots of Painswick in the region.


Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura

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Aterro irregular, Freguesia de Pomares-Arganil/Portugal...................12 Colchonete e sofá jogados na rua, Penápolis/SP..............................18 Colchão jogado na rua, Penápolis/SP..............................................18 Gráfico do consumo brasileiro de P.U..............................................19 Rejeitos de produção, Penápolis/SP................................................19 Gráfico das fases do sono..............................................................22 Makura, travesseiro japonês..........................................................24 Encosto de cabeça em marfim do túmulo de Tutankhamon..............24 Travesseiro egípcio.......................................................................24 Yoshiwara makura-e (casa de prostituição), 1660............................25 Mosaico de fotos Paineira Rosa e Paineira Branca............................23 Tronco de Ceiba Speciosa, Penápolis/SP..........................................30 Tabela de filtros.............................................................................40 Tabela de medidas antropométricas................................................45 Sementes de Paineira Rosa............................................................51 Mudas de Paieira Branca................................................................51 Cabo extensor para colher os frutos................................................51 Colheita dos frutos........................................................................51 Pilhas de algodão e Churka ou fiadeira de algodão, Índia 1866.........52 Mulheres indianas fiando algodão...................................................52 Churka, modelo indiano de fiadeira de algodão................................53 Debulhando a paina.......................................................................53 Mosaico beneficiamento da paina...................................................54 Corte e costura das peças..............................................................56 Enchimento das partições do travesseiro.........................................56 Travesseiros enchidos....................................................................56 Travesseiro A terminado.................................................................56 Travesseiros A, B e C terminados....................................................57 Travesseiros terminados e montados..............................................57

Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura

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Primeira modelagem.....................................................................59 Travesseiro em modelagem 3D com textura....................................59 Modelagem 3D com aplicação de estamparias.................................59 Aplicação de estamparias...............................................................59 Travesseiro confeccionado com capa, vista frontal...........................62 Travesseiro confeccionado com capa, vista lateral............................62 Travesseiro confeccionado com capa, costas....................................63 Travesseiro confeccionado com capa, teste de flexibilidade...............63


Dedicatória e Agradecimentos...................................05 Resumo...................................................................06 Lista de ilustrações...................................................08 Sumário...................................................................09 1 – Introdução.........................................................10 1.1 Sociedade de consumismo..................................10 1.2 Espumas flexíveis...............................................12 1.3 Travesseiro Ecológico..........................................14 1.4 Objetivo.............................................................14 1.5 Justificativa........................................................15 2 – Sustentabilidade.................................................16 2.1 Definição...........................................................16 3.2 Reciclagem ou Deciclagem?.................................17 3 – Problemática......................................................18 3.1 Identificação do Problema...................................18 3.2 Definição do Problema........................................19 4 – Sono.................................................................22 4.1 Ciclo do Sono.....................................................22 4.2 Você dorme bem?..............................................23 4.3 Posições para dormir...........................................23 5 – História do Travesseiro........................................24 5.1 Uso terapêutico..................................................25 5.2 Tipos de Travesseiros..........................................26 6 –Paineira..............................................................28 6.1 Árvores de lã.....................................................30 6.2 Fibra da Paina....................................................31 6.3 Platio.................................................................31 7 – Lista de Pré-requisitos.........................................32 8 – Considerações Conceituais do Projeto..................34 8.1 – Concepção de Estilo.........................................37 8.2 – Painel de Expressão – Público Alvo...................38 9 – Geração de Ideias..............................................40 9.1 – Ferramentas de Criatividade.............................40 9.2 – Seleção de Ideias............................................40 9.3 – Propostas Finais..............................................41 9.4 – Proposta Escolhida..........................................42 10 – Ergonomia.......................................................44 10.1 – Tabela Antropométrica...................................45 11 – Detalhamento do Projeto..................................47 12 – Materiais e Métodos..........................................49 12.1 – Princípios Fundamentais.................................50 12.2 – Do plantio à colheita......................................51 12.3 – Beneficiamento do Algodão............................52 12.4 – Beneficiamento da Paina................................53 12.5 – Corte e Costura.............................................56 12.6 – Matéria Prima................................................58 12.7 – Máquinas e Ferramentas................................58 13 – Desenho 3D.....................................................59 14 – Conclusão........................................................65 Referências..............................................................66 Apêndices................................................................68


A sociedade é uma organização constituída por seres humanos e suas relações dividem espaço com a natureza que é sua fonte de sobrevivência. E esta relação “indivíduo – natureza” deve ser harmônica, mas na realidade não é isso o que acontece, o meio ambiente está depredado e os recursos naturais vem sendo esgotados, tudo para atender às necessidades econômicas de uma sociedade marcada pelo consumismo. O problema é o dano ambiental, por tal fator vem surgindo cada vez mais a questão da sustentabilidade, reciclagem, ecodesign. Algumas empresas “acordaram” para o problema e estão se movimentando para fazer algo ao respeito, desenvolvendo novas formas de produzir para não agravar ainda mais o meio ambiente, alternativas baseadas em recursos renováveis.

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Mas a questão de sustentabilidade depende do indivíduo, da sociedade e da tecnologia industrial. Deve ser quebrado aquele sistema linear que o consumismo e a indústria implantaram, o uso da reciclagem com intuito de economizar 90% de energia e recursos naturais gastos na produção. O papel do designer é se voltar para a sustentabilidade, criando novos produtos e mudando o conceito dos consumidores, diminuindo o consumo desenfreado de produtos.

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Perante este assunto de caráter sustentável é que vem a ser abordada a questão das espumas flexíveis de poliuretano (popularmente chamado de P.U.). Este material é um dos polímeros mais usados mundialmente pela indústria, por conta de sua gama de aplicações, como espumas flexíveis, que é responsável pela movimentação da maior quantidade de produtos de poliuretano produzidos industrialmente, só no Brasil as espumas flexíveis equivalem a 60% da produção desse material.

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Figura 01 - Aterro irregular, Freguesia de Pomares-Arganil/Portugal. Fonte: Blog Rouxinol de Pomares.


Espumas que vão se transformar em enchimento para o interior de colchões, sofás e travesseiros, produtos domésticos que são consumidos por todas as classes sociais, que geram grande movimentação da economia mundial, que cativam os designers a criarem novas tendências e produtos.

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Para começar a se falar de um “Travesseiro Ecológico” é necessária a compreensão e análise de outros produtos e conceitos, tais aqueles relacionados com a forma de dormir e o próprio sono, quanto mais para projetar-se um produto como este já que o travesseiro é o instrumento principal para o momento de dormir, de relaxamento e presente em todas as casas brasileiras. Na posição deitada há inúmeros pontos no corpo que sofrem ação de compressão entre o colchão, travesseiro e o próprio corpo. Além de como dormir e quais as posições ideais para ter conforto, é necessária a atenção para o ciclo do sono, quais os efeitos físicos e psicológicos causados pelo mesmo, na qual dependem do gênero e da qualidade do travesseiro. Muita gente não sabe que existem vários tipos de travesseiros e cada um deles é específico para cada posição de deitar. A história do travesseiro e da almofada se “entrelaçam”, não sabendo a origem certa mas com relatos mais antigos datam no Egito Antigo, China, e Grécia Antiga.

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Foi visto o tema do trabalho e a problemática do produto travesseiro, agora o texto trata-se sobre os objetivos desejados a serem alcançados pelo projeto. Perante o Briefing que aponta trabalhar com produto voltado para a sustentabilidade, foi analisado muitas possibilidades de atuação para melhora de produtos que estão sendo fabricados, comercializados, usados e descartados no meio ambiente. Pós-análise, optou-se por trabalhar com a problemática do material Poliuretano, com objetivo de produzir um travesseiro que substitua a espuma de P.U., e não apenas ela, que vem sendo utilizada para enchimento interno do mesmo. Objetivo, este, que visa diminuir o risco ao meio-ambiente causado pelo descarte indevido das supra referidas espumas, e também diminuir os danos à saúde dos usuários que utilizam travesseiros com esse tipo de enchimento. A natureza precisa ser preservada, assim como a vida e o bem estar das pessoas, o projeto foi elaborado para sanar essas necessidades, com objetivos de atuação voltados para os fatores meio-ambiente e usuário. Sem deixar de lado os parâmetros social, econômico e ambiental que todo produto de design deve obrigatoriamente atender.


Tratando-se do tema em questão (proposto pelo Briefing), existem inúmeras opções a serem trabalhadas, desde a criação de um móvel ecológico até mesmo a elaboração de um sistema para aproveitamento da água proveniente da chuva, mas escolheu-se projetar um travesseiro com enchimento de fibra de Paina. Por que projetar esse produto? Primeiramente porque travesseiro é um objeto que praticamente é utilizado por todas as pessoas, é indispensável e de uso cotidiano, é um produto que está extremamente ligado à vida de todos os usuários. Em segundo lugar, porque a fibra da Paina, não degrada o Meio Ambiente, pois já faz parte dele, observada com bastante frequência na região noroeste, torna-se viável a produção em larga escala, favorecendo a geração de novos empregos. E visando, justamente, a redução no uso e descarte das espumas flexíveis de Poliuretano, propõe-se o projeto do travesseiro ecologicamente correto, pois ainda há muito o que se fazer. Com os temas apresentados junto com uma abordagem ergonômica e uma metodologia de projeto baseada em LOBACH, o documento vem apresentar o projeto de design sobre Travesseiro ECOlógico.

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As ações do ser humano dentro da sociedade geram conseqüências para o meio em que vive, por isso é percebido uma mudança no ecossistema desde o início da civilização até os tempos atuais, isso se tornou mais acelerado e agravante a partir das revoluções industriais onde o consumismo rege as necessidades e ações das pessoas, esgotando os recursos naturais do planeta e gerando mais lixo. O problema está na complexibilidade da economia atual, diretamente dependente de recursos não renováveis e do consumo de energia – palavra, esta, que é a origem das movimentações econômicas e combustível para a tecnologia. Para John Thackara, essa é uma problemática extremamente delicada na qual pode acarretar o colapso da sociedade industrial. Há linhas de pensamento que pregam como única alternativa seria o refúgio da sociedade em outro ambiente, outro seguimento de raciocínio é a crença no aparecimento de novas fontes de energia perante a inteligência humana, há ainda a empresa “Marks & Spencer” que idealiza que a tecnologia é a chave da solução de todos os problemas. Mas John trás um novo plano, considerando como plano B, que consiste, através da análise e intuição destes pensamentos citados acima, uma forma de ação de tentativa e erros para sanar essa crise de energia que assombra o futuro do ecossistema, buscando transformação da inovação e do cotidiano das pessoas.

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Entre os inúmeros conceitos sobre Sustentabilidade, este projeto trás como definição: é toda forma de transformação da sociedade, do indivíduo e da tecnologia visando reverter o problema ecológico, utilizando novas formas de se interagir com o meio. É papel do designer criar projetos em prol do sustentável, produtos mais leves, substituindo os meios físicos pela informação. Projetar através da inovação do fator cultural, social e tecnológico, baseando-se em recursos renováveis, da observação do passado e da situação presente do sistema e buscar novas possibilidades, são tarefas desse profissional para tentar resolver o problema ecológico que afeta toda a vida da sociedade no planeta. É isso que John aborda em seu livro “Plano B”, que cabe ao designer promover ações para transformar o cotidiano das pessoas, mudar a forma como consomem, criar um sistema que valorize mais o indivíduo e não o produto, conectar as pessoas e ter a consciência que a real necessidade delas está no fim e não nos objetos. Ter um mundo com menos coisas e mais pessoas, isso não significa regressão da tecnologia, pelo contrário, é um novo formato mais sustentável para a ação tecnológica. Se os indivíduos utilizassem mais os meios, os serviços, haveria menor retirada de recursos do planeta e menor acúmulo de lixo, coisas desnecessárias que o consumismo força as pessoas comprarem. Mudança do meio, da forma de pensamento das pessoas e da economia, pensar no fluxo de materiais e da utilização da energia, substituição do ter pelo usar, utilização de recursos sustentáveis, valorização do ser humano a cima da valorização do lucro e por fim, promover ações projetando a consequência de seus atos são a “chave” para resolver o problema da sustentabilidade.


A Reciclagem busca fazer com que a matéria prima torne parte de um ciclo que garante sua permanência para produção de novos produtos, sem a necessidade de gerar novas matérias-primas. Mas não confunda esse termo com a “Desciclagem”, são dois assuntos muito interessantes para o design, ambos estão relacionados com a forma de produzir e gerar novos projetos. O lixo e o descarte irregular de produtos são os problemas e a reciclagem é a forma de resolução destes.

Reciclar está relacionado com o processamento da essência da matéria, modificar, transformar a cadeia de moléculas até gerar uma matéria-prima renovada. É revolucionar algo que já fora utilizado. Relatos de extração de plástico de mares e oceanos que são um risco para a vida da fauna marinha e que são aproveitados para fazer roupas e carpetes é exemplo de reciclagem, assim como a coleta de latinhas nas cidades para transforma-las em fios e outras peças de alumínio. A desciclagem está envolvida em disfarçar, “esconder o lixo para debaixo do carpete”. Desciclagem pode ser definida como descer, decair, transformar um produto em outro inferior. Ela permite a reutilização da matéria para gerar novos produtos, mas não fundamenta o ciclo da mesma, pode ser considerada como uma opção secundária. Como exemplo dessa referida ação pode-se citar a utilização de plástico moído para preenchimento interno de paredes e para mistura de cimento, latas servindo como vasos de plantas e até mesmo artesanatos em geral.

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Pesquisas feitas no ano de 2010 revelam que foram produzidas 16,9 milhões de toneladas de P.U. no planeta, sendo 441 mil toneladas apenas no Brasil, e que 50% destas são destinadas a produção de espumas flexíveis. Com tanto material sendo produzido e consumido, qual vai ser o fim desse produto, como será descartado? Esse é a problemática a ser tratada no projeto. As espumas são destinadas a aterros sanitários e para a incineração (a queima de poliuretano libera, entre outras substâncias, CO2 para a atmosfera, sendo extremamente prejudicial à Camada de Ozônio).

Figura 02 - Colchonete e sofá jogados na rua. Fonte: Autores.

Muito da reciclagem do P.U. acontece nas industrias, onde o material descartado sofre mudanças em sua conformação e volta ao uso comercial embutido em diversos tipos de produtos, seja para flocos, moído ou prensado à vapor. Outras transformações podem ser mencionadas, como a reciclagem química, onde o rejeitos passam por diversos processos químicos e voltam a ser os materiais que deram origem ao Poliuretano, derivados do petróleo. Porém, esta tecnologia torna-se inviável economicamente quando se calcula o quanto desse material sai das linhas de produção e tomam o comercio todos os anos, sendo descartados, a sua maioria, em até dois anos de uso.

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Figura 03 - Colchão jogado na rua. Fonte: Autores.


Visando justamente promover o cuidado com o Meio Ambiente, surgiu o Poliuretano Biodegradável, que se dissolve no prazo de dois anos retornando a terra como um produto estável e não poluente, porém, ainda não se pode vê-lo em circulação comercial em escala igual às demais espumas.

As pessoas diariamente adquirem produtos como colchões, travesseiros e estofados em geral, estes quando ficam velhos são descartados, e com base na pesquisa de campo feita em Ferro-velhos e em ruas da cidade de Penápolis, foi observado que há restos de produtos de espumas flexíveis descartados inadequadamente. É um assunto muito sério a ser tratado pelos designers, é algo presente e faz parte da cultura do brasileiro. Apesar de haver-se constatado uma luz na história do descarte de espumas flexíveis de P.U., com a reciclagem e as bioespumas, elas ainda existem e estão lá contribuindo para o aumento dos lixões e a degradação do meio ambiente.

Figura 04 - Gráfico do consumo brasileiro de P.U. Fonte: Poliuretanos.com

Figura 05 - Rejeitos de produção. Fonte: Autores

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O sono é, basicamente, dividido em dois seguimentos: o somo REM e o NREM. O primeiro apresenta alternância na variação das ondas no eletroencefalograma (EEG- aparelho de registro de correntes elétricas no encéfalo), sendo ondas de baixa amplitude. Na ocorrência do sono REM, não há a ativação dos sistemas aminérgicos e o córtex é ativado diretamente. No referido, a vigília abrange fronteiras para se entender o surgimento e o desenvolvimento de patologias provenientes de alterações do sono, tais como doenças depressivas e Alzheimer. É nessa etapa onde a maioria dos sonhos acontecem. O sonho NREM possui ondulações em sincronia no EEG, é caracterizado por quatro fases (1,2,3,4), após cinco minutos se inicia a primeira fase de sono, isso se dá ao término

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do período de vigília. Ocorre variações térmicas controladas, liberação de melatonina, no estágio 2 há diminuição do ritmo cardíaco e respiratório. Depois vem a ativação do sono chamado delta, sono de ondas lentas que corresponde ás etapas 3 e 4, onde alguns efeitos físicos são observados, como a diminuição do tônus muscular e a quase inexistente vibração das pálpebras. Existem substâncias que promovem o controle homeostático do sono, regulam o ciclo sono-vigília e inibem o Sistema Nervoso Central, que são a adenosina (produto metabólico), neurônios e melanonina, gama-hidroxibutirato (neuropepitídio) respectivamente. Existe um termo chamado “sono fragmentado”, que consiste na intrusão da vigília que causa vários despertares durante o sonho, pesquisas mostram que há a deficiência de hipocretina -1 neste caso.

Figura 06 - Gráfico das fases do sono. Fonte: Institudo Brasileiro do Sono, LUCIANO P. PINTO JR e MÔNICA ANDERSEN


O fator dormir é uma característica essencial para a saúde física e psicológica do corpo humano, está diretamente relacionada com o desempenho do sistema nervoso-central. Uma boa noite de sono proporciona relaxamento e recuperação das energias desgastadas ao longo do dia, sem contar na produção de proteínas extremamente relevantes para a saúde. O ato de dormir afeta o sistema músculoesquelético, atingindo a coluna vertebral, por tal motivo foram feitos vários estudos preocupados com as posições de dormir, que em muitas situações analisadas, são a causa de vários “problemas de coluna”. A má forma de se posicionar na hora de dormir acarreta o stress e o esmagamento da coluna vertebral, podendo proporcionar patologias como: dor lombar (lombalgia), lordose e escoliose.

Não foi comprovada - pela ciência – a forma ideal correta para dormir, mas segundo GRACOVETSKY, 1987; HAEX,2005, o melhor posicionamento é o que reduz o stress acumulado e promove o relaxamento dos músculos, proporcionando assim um condicionamento equilibrado para o corpo. Outros pesquisadores afirmam que existem três tipos de posicionamento: posição de decúbito dorsal (aquela que o feto se encontra no ventre materno), posição de ventre para cima e dormir de bruços. A primeira é a mais indicada pelos referidos, na qual necessita a utilização de uma almofada entre as pernas, garantindo maior conforto e eficiência da posição. A segunda é aceitável no caso de utilização de almofada abaixo dos joelhos, garantindo uma leve flexão das pernas, proporcionando relaxamento e estabilidade. A última posição é contra indicada, na qual causa torção do pescoço e origina desconforto na região da

cervical e da lombar, além e torcicolo e mal aproveitamento do sono. Assim como o colchão e as posições para dormir, o travesseiro é um dos principais causadores de dores e problemas físicos durante o ato de dormir. É também o responsável por alinhar as vértebras da coluna cervical, alinhando a cabeça, o pescoço e o tronco quando se trata da posição deitada. Por isso é necessário altíssima preocupação na hora de escolher o travesseiro. Existem inúmeros gêneros e cada um deles são específicos para cara posição de dormir e problemas de coluna. Segundo a empresa “Altenburg Viscoelástico Alto”, a altura dos travesseiros é muito importante para a qualidade do sono e varia de acordo para cada necessidade. Para dormir de lado a altura recomendada é de 16cm, para dormir na posição ventre para cima a altura varia entre 11 a 13cm.

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Estudar a história do travesseiro é perceber que ele faz parte da história da humanidade desde seus primórdios, e sua origem confunde-se com a almofada e o colchão. O travesseiro é um tipo de almofada usada junto á cabeceira da cama destinada para dormir, um objeto muito antigo, com relatos de peças encontradas nos sarcófagos dos faraós no Egito Antigo. Em todo continente asiático e europeu, era artigo luxuoso onde só a nobreza possuía seus exemplares, os travesseiros antigos eram confeccionados com pedras preciosas, cristais e simbolizavam status. Depois do Egito, a história revela que o travesseiro teve sua primeira forma de produção na idade média, onde as gueixas utilizavam apoios de madeira forrados com camadas de tecido para não desmanchar os penteados ao se deitarem.

Figura 08 - Encosto de cabeça em marfim do túmulo de Tutankhamon.

Esse objeto passou por milhares de anos de evolução, na região de Araçatuba, por volta da década de 50, os moradores da zona rural usavam a paina para enchimento dos travesseiros, haviam muitas árvores nos sítios daquela região. Atualmente existem vários gêneros de travesseiros no mercado. O que é mais significativo são os materiais de enchimento em sua confecção, que variam muito dependendo do tipo de utilização e necessidade.

Figura 09 - Travesseiro egípcio. Figura 07 - Makura, travesseiro japonês. Fonte: Kimonoboy.com

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Figura 10 - The Kanbun Master, Yoshiwara makura-e (casa de prostituição), 1660.

Como a principal função do travesseiro é alinhar a coluna vertebral com a cabeça, hoje, a medicina unida com a tecnologia se preocupam com o desenvolvimento de produtos para uso terapêutico, destinado a preservar a saúde, por isso, atualmente, são capazes de diminuir ou até mesmo acabar com problemas como aquelas indesejadas dores nas costas, pescoço e ombros ao acordar de uma noite mal dormida. Recentemente foram criados os produtos: travesseiro de espuma da NASA, terapêutico, ergonômico e anti-ácaros. Estes podem corrigir a postura na posição deitada, favorecendo a circulação sanguínea, podem melhorar o problema de dor de garganta (relaxando a tensão dos músculos e tendões do pescoço) e podem evitar o surgimento de alergias, conjuntivite, asma e rinite provocadas pela ação dos ácaros.

O primeiro tipo citado possuí uma alta tecnologia desenvolvida pela NASA que tem a capacidade de fazer o travesseiro adaptar-se ao contorno da nuca da pessoa, eliminando a pressão entre a cabeça e superfície do objeto, melhorando assim a circulação do sangue.

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Tavesseiro de Espuma compata de Poliuretano - Suporta com facilidade o peso da cabeça, não variando assim de altura durante a noite. Entretanto, é pouco macio, causando assim desconforto na hora de dormir devido a pressão imposta pela espuma ao peso da cabeça.

Travesseiro de Espuma látex - Possui uma estrutura perfurada, o que favorece a ventilação, entretanto, por ser um material emborrachado, exerce pressão contrária em relação ao peso da cabeça, o que pode acarretar em dores na cervical. Podendo, porém, ser bastante confortável, dispondo de apoio para todas as posições para dormir.

Travesseiro de Flocos de Espuma de Poliuretano Como há espaços entre os pedaços de espuma, torna-se mais macio, contudo, os flocos podem se deslocar para os cantos da fronha durante a noite, perdendo então a altura recomendada e desnivelando a cabeça com a coluna cervical.

Travesseiro de Viscoelástico - Também conhecido como “Espuma da Nasa”, uma espuma de última geração que se adapta ao contorno e a temperatura do corpo, facilitando a circulação sanguínea e prevenindo dores. A sensação é de estar deitado sobre as nuvens, pois não há pressão contrária. Travesseiro de Molas - Criado na década de 50, eram uma cópia dos colchões de molas, mas por serem barulhentos e duros, não obtiveram sucesso, ainda com a evolução para as molas ensacadas em tecido. Mas como o travesseiro é um produto que sofre pressões de todos os lados, deve apresentar um formato não retangular, as molas ensacadas nunca funcionaram para um bom travesseiro.

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Travesseiro de Microfibra - Ou também conhecido como pluma sintética de poliéster siliconada. É um material bem flexível e por isto não oferece pressão em relação ao peso da cabeça, moldando-se muito bem ao formato do corpo. Mas por ser sintético pode gerar calor em demasia, bem como reações alérgicas dermatológicas.

Travesseiro de Plumas de Ganso - Apesar de serem os modelos mais macios, moldaveis e leves, ajustam-se facilmente ao formato da cabeça, mas são os que mais acumulam fungos, ácaros e bactérias. Além de não serem estruturados para alinhar a cervical com o tronco. Contudo, são os travesseiros que estão mais presentes em ambientes sofisticados. Travesseiro de Ervas - Tem em seu enchimento uma mistura de ervas aromaticas como o alecrim, camomila e a macela, que acredita-se melhorar a qualidade do sono e muito utilizado pelos adeptos da aromaterapia. Porém, nada pode ser comprovado. Pessoas alérgicas devem evitar este produto, além disso, não oferecem sutentação suficiente para a coluna, pois as ervas movem-se no interior do travesseiro, colocando a cabeça em má posição. Travesseiro Multicamadas - Com regulagem de altura por meio de camadas removiveis, permite o melhor conforto e alinhamento para a coluna cervical, tanto para quem dorme de lado, quanto para quem dorme de barriga pra cima. É ortopédico, dando a firmeza necessária para suportar o peso da cabeça e impedir que ela se mova durante a noite.

Travesseiro Antiacaro - Normalmente trata-se apenas de uma proteção que os travesseiros ganham, essenciais para proteger o produto de ácaros e bactérias que comumente se proliferam em materiais porosos como as espumas em geral, sobrevivendo de restos de pele morta e a umidade do próprio corpo humano. Em seis meses de uso um travesseiro normal pode acumular até 300 mil ácaros.

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Figura 11 - Mosaico de fotos da Ceiba Speciosa, Paineira Rosa e Paineira Branca. Fonte: Autores; Mauro Guanandis


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Chorisia Speciosa, conhecida popularmente aqui no Brasil como Paineira, é uma vegetação da família Bombacaceae, apelidada também em algumas regiões de paineira–de–ceda (Ceará), árvore–de–lã (São Paulo), entre outros nomes. Seus exemplares são encontrados também na Argentina, nas Antilhas, no sul dos Estados Unidos e em regiões tropicais e subtropicais no hemisfério Norte. É uma árvore grande, podendo atingir 30 metros de altura, frondosa, com uma copa paucifoliada bem arredondada, é uma vegetação bem robusta e esplendorosa. O fuste pode chegar a 16 metros, detentora de um troco grosso e de base circular, com raízes fortes. É uma árvore admirada pelas suas flores, que são vistosas, macias, cor branco – avermelhada, podendo haver uma variação vasta na tonalidade, desde o cor de rosa bem intenso com ranhuras mais escuras até o tom rosa claro bem esbranquiçado. Seu fruto é na forma de cápsula loculicida e as sementes são pretas ou marrom–escuras.

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Figura 12 - Tronco de Ceiba Speciosa, Penápolis/SP. Fonte: Autores.


A fibra cujo uso é a principal preocupação da parte da matéria–prima deste projeto, fica alojada no interior do fruto (Paina). A Paina deve ser colhida quando apresentar a coloração parda, deve ser posta para a secagem na qual, posteriormente, abrirá e mostrar–se-á as sementes e as fibras. As Painas são os apêndices gerados pelas células epidérmicas e elas envolvem as sementes, são consideradas fibras que, quando o fruto é aberto, ficam dispostas em cinco partes, semelhantes uma estrela de cinco pontas. Ela é dotada de uma maciez incrível, semelhante aos fios de seda, no âmbito comercial é uma matéria-prima cara e pode substituir as espumas flexíveis de poliuretano nos travesseiros.

Para o projeto dar certo foi pensado na possibilidade de produção em larga escala dessas árvores para poder retirar a sua fibra natural. Constatou-se que na região de Birigui é possível e viável o plantio de Paineiras, seria necessário uma vasta área verde, muitos hectares, porque é necessário um espaço grande entre os exemplares e devem ser plantadas em linhas. O clima da região é favorável e propício, a espécie suporta clima temperado úmido, subtropical úmido e subtropical de altitude. A árvore resiste a grandes períodos de seca e também a períodos de chuvas concentradas no verão. Em relação à adaptação ao gênero de solo da região, não há problema porque essa é uma espécie que se adapta muito bem a quase todos os tipos de solos. O plantio de Chorisia Speciosa proporcionará, além do benefício para a natureza, a geração de empregos, na qual os cultivadores deverão fazer a semeadura através de sementeiros diretamente no solo ou em mudas após 3 meses a germinação. A Paineira possui crescimento rápido à moderado, segundo Silva & Torres, (1992), pode atingir 21 m3/ ha.ano-1.

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ma análise detalhada dos dados recolhidos aponta para caminhos ecologicamente sustentáveis. Resgatando velhos costumes com tecnologia e design inovador, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social. No embasamento deste trabalho, qual se destina a projetar um produto com valores conceituais e moderno. propõe simplificar a tecnologia e agregar o homem ao processo. O mundo não pode ser construído com apenas uma única ideia, assim como ele não está sendo destruído por apenas uma única atitude. Tudo parte do coletivo com pequenas ações que geram reações, relativas e dependentes umas das outras. E o destino é a soma das escolhas de cada um.

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D

esde o início, o projeto foi baseado, tomando por inspiração as metodologias de Bernard Lobach e Mike Baxter, incluindo os ensinamentos ergonômicos de Itiro Iida. Tudo foi bem construído e pensado, desde o processo de análise do problema, direcionando a pesquisa para o público alvo e descobrindo a real problemática em questão. Desde a consciência das funções práticas, estética e simbólicas que um travesseiro pode ter até a verificação das necessidades do homem e da sociedade, tais necessidades que movimentam a escolha e a compra de produtos. Nessa fase de preparação houve a análise das informações e definição de objetivos esperados no projeto em questão.

A inovação é uma arma muito perigosa, já foi a causa da falência de muitas empresas por não saber lidar e acertar nesse quesito. Mas sem dúvida é essencial para o surgimento de melhores projetos e para garantir a concorrência no mercado. É perante a orientação de M.Baxter que este projeto apostou no resgate do antigo para produzir um novo design e uma nova proposta criativa de produto. O conceito atribuído para o travesseiro ecológico deste projeto é de resgatar propriedades antigas, materiais usados no passado, na qual não se usam mais ou que não possuem grande importância para a indústria atual e agregar tecnologia para gerar uma nova utilidade (novidade). Perante o objetivo de atender ao caráter de sustentabilidade, esse conceito supramencionado é certamente viável, atende ao propósito, além de transmitir ideia de natural e uma “pequena” analogia ao “retro”.

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PENÁPOLIS - 1908

Como foi citado, em meados do século XX, as pessoas da zona rural c o n fe c c i o n a va m travesseiros de paina.

O processo foi analisado, através de conversas de pessoas que viveram naquela época. Constatou-se que é viável utilizar, de forma melhorada, o tratamento e confecção da fibra da paina.

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8.1 - Concepção de Estilo

O projeto de desenvolver um travesseiro ecológico é destinado, principalmente, ao público da classe média brasileira, propondo-se a despertar o caráter sustentável da grande parte desse público. Também se dedica a classe B e a pessoas ecologicamente conscientes. A classe C é o maior expoente no quesito consumo de bens e serviços, conceituados pela forma de seus integrantes verem o mundo, pela forma de consumir, por estilo, cosmovisão e pelas atitudes e expectativas perante a vida. Seu estilo de vida e a forma como consomem são peças fundamentais para obtenção do design e criação do produto referido. Este público foi estudado e analisado para obtenção de suas características a fim de descobrir seus estilos, preferências e sua forma de consumir. Essa categoria de classe é marcada pela presença de mais da metade da população brasileira, onde a mulher ganhou mais espaço no mercado de trabalho, ganhou autonomia socioeconômica e de consumo, além de representar maior responsabilidade sobre a família. A classe C é a base do mercado de consumo do país, sendo responsável por adquirir 78% do que é vendido pela rede de supermercados. A classe C apresenta consumidores que preferem produtos que, segundo (Meirelles), valorizem sua origem, que buscam o respeito de seus valores próprios e de seus estilos, mostram certa crença em propagandas das mídias de TV, celebridades e são fiéis à marca. A classe C é marcada por integrantes que valorizam o individual, familiarizados com as tecnologias. Apresentam três formatos de compra: planejamento, pesquisa de preços e busca por oportunidades. Foi constatado que os consumidores da classe média brasileira atual buscam a valorização do seu poder econômico, querem crescer profissionalmente, buscam qualificação, gerar mais renda, consumir mais e viver melhor.

As pessoas que fazem parte desse movimento naturalista e de caráter ecológico estão ganhando cada vez mais espaço no mercado de consumo e estão levando os designers à produzir novos produtos voltados para a preservação do planeta. Por isso é essencial mencionar as características da classe B, principal categoria desse estilo. A classe B é constituída por pessoas de poder aquisitivo maior em relação a classe C, consomem menos pois possui número menor de integrantes mas gastam mais dinheiro em uma compra. Essa classe teve um aumento de 30% de sua renda nos últimos anos, possuem créditos mais altos, é formada por executivos, empresários de pequenas e médias empresas, famílias com um ou mais automóveis na garagem, consumidores de “carros do ano”, de valor mais alto em relação ao carro popular. Nessa classe as pessoas gastam mais com viagens, lazer e eventos culturais, têem um gosto mais apurado para consumir, preferem produtos mais sofisticados e de cunho sustentável. Possuidoras de um gosto mais sofisticado seguem tendências de design e de estilo, simpatizantes do produto “VERDE” preferem um design mais ecológico mas de requinte, peças singulares, de alto valor econômico e expressivo.

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As ferramentas de criatividade foram muito importantes e auxiliaram na criação de alternativas para solucionar os problemas. Todas as alternativas foram baseadas na lista de requisitos, no questionário feito com o público alvo e na análise das características dos similares de travesseiros existentes no mercado. Foram feitas várias sessões de Brainstorming em sala de aula, verdadeiramente uma explosão de ideias, como o próprio termo significa. Dessa técnica saíram respostas e previsões fantásticas para o projeto de travesseiro sustentável em questão. Outra ferramenta de criatividade usada neste projeto foi o “Mescrai”, uma técnica tam-

bém baseada em Baxter. Serve para aprimorar com novas alternativas um produto já existente, forçando a verificação de todas as ideias, até mesmo aquelas mais absurdas, não apenas as mais óbvias. Técnica essa, utilizada para melhorar o custo, diminuir a complexibilidade do produto diante a fabricação, transporte ou manuseio. Com o Brainstorming surgiram dezenas de esboços, com o Mescrai, estes foram modificados e melhorados perante primeira análise. Depois tais alternativas foram postas diante uma tabela de perguntas direcionadas pelos requisitos, necessidades e pela problemática de se fazer um travesseiro ecológico. Atribuindo valores a cada requisito, chegouse a três delas serem consideradas satisfatórias, as mais pontudas.

A

S TRÊS PROPOSTAS ESCO-

LHIDAS MEDIANTE A VERIFICAÇÃO E ANALISE DAS 20 ALTERNATIVAS PRELIMINARES PELO FILTRO DE ESCOLHA FORAM: A N° 8, 13 E A 17.

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Figura: 13 - Tabela de filtros. - Fonte: Autores.


A alternativa nº. 8 foi escolhida para ser melhorada, modificada e aprimorada. O porquê dessa escolha é o fator de ergonomia. A complementação da mesma com as características mais eficientes das outras duas alternativas é plausível da seguinte explicação: a nº. 13 pelo motivo da funcionalidade e adaptação à qualquer posição, e a nº. 17 por causa da acomodação da nuca e cabeça, relevo em ascensão em relação ao nível plano do travesseiro. Essas características combinadas e somadas acarretaram na obtenção de um novo esboço. Agregando ao conceito de funcionalidade e adaptação, a regulagem de altura para atingir dois níveis para acomodação da cabeça e do pescoço no momento de deitar. Após a última filtragem e análise com o orientador, obteve-se algumas alterações, que

vieram para resolver o problema do espaço que o travesseiro ocupa sobre a cama, deixando de ser dobrável a passar a ser montável. Dividido então em três peças, garantindo adaptação a três níveis de altura; baixa, média e alta. Seu formato e disposição veio para otimizar a produção e o custo; com estética diferenciada aplicando um leve toque de minimalismo, contribuindo para a inovação e tentativa de cativar o público alvo. A curva côncava no formato lateral é destinada para encaixar, acomodar o pescoço e os ombros, baseada mediante aos estudos antropométricos da altura entre essas duas partes, pescoço e ombros, citadas.

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Vista explodida em perspectiva - Regulagem de altura manual

Travesseiro A: Parte superior com relevo • Altura Máxima

Travesseiro B1: Parte central • Altura Média

Travesseiro B2: Parte inferior

• Altura Baixa

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Biomecânica Ocupacional é uma ciência abrangida pelo tema e que estuda os movimentos músculos-esqueléticos à serviço da interação homem-máquina. As forças desprendidas pela ação das posturas se encaixam nessa modalidade. O corpo humano atua em três posturas básicas quando considerado em repouso: deitada, em pé e sentada. O texto abordará, em especial, a postura deitada, na qual se refere ao estudo do projeto para elaboração de um travesseiro. Uma pessoa ao deitar-se para dormir ou relaxar não terá concentração de tensões significativas em seu corpo, haverá uma livre circulação sanguínea pelas veias e artérias, terá um gasto baixo de energia e é a postura ideal para recuperação das forças e da fatiga. Atenção para a forma de deitar e o tempo em repouso, o mal projeto de colchão, travesseiro e objetos para utilização na postura deitada podem causar problemas na coluna vertebral, ombros, pescoço e nuca. A coluna cervical possui 33 vértebras e é a parte mais delicada e de maior cuidado na ocasião da postura deitada, é muito importante o seu alinhamento retilíneo no momento de dormir, isso esta diretamente relacionado com o desempenho do colchão, da qualidade e altura do travesseiro e da forma da pessoa se depuser no ato de deitar. Inúmeros problemas podem ocorrer perante o mal planejamento ergonômico nesta situação: torção na parede do pescoço, esmagamento de vértebras da coluna, degeneração dos discos afetando o desempenho da medula espinhal, fatiga nos músculos dos ombros, “formigamento” da nuca e deformação visível da coluna cervical (Lordose, Cifose e Escoliose). É um assunto muito sério, por isso a elaboração de um projeto de travesseiro, almofada ou colchão deve ser extremamente baseada na ergonomia. Após longos estudos e pesquisas, constatou que o projeto deverá produzir um travesseiro grande, de altura de 15 ou 16cm para dormir na posição decúbito ventral e o enchimento de flocos de paina diminuirá a pressão entre nuca, pescoço e objeto.

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O

Homem é um ser dependente do meio, integrado a ele e exerce atividades trabalhistas, cognitivas e sócio-organizacionais para efeito de garantir sua existência. Ergonomia é a relação do homem com o ambiente que o envolve. Segundo Itiro Iida (1992), “Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem”. Seus principais objetivos são a segurança do trabalhador ou usuário de produtos, o bem estar ao manuseio dos mesmos e a satisfação no relacionamento com os sistemas produtivos. O designer deve ser um bom ergonomista para produzir produtos seguros e satisfatórios para os usuários.


T

ABELA BASEADA EM ESTUDO DE MEDIDAS AN-

TROPOMÉTRICAS FEITO EM SALA DE AULA NO 4º ANO DE DESENHO INDUSTRIAL

DA INSTITUIÇÃO FATEB, EM SETEMBRO DE 2012.

Figura: 14 - Tabela de medidas antropométricas. - Fonte: Autores.

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má aplicação da ergonomia em ambientes de trabalho ou produtos podem causar problemas à saúde tais como a irritação de células do sistema nervoso, fatiga muscular, interrupção da irrigação sanguínea no músculo e problemas na coluna vertebral.

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U

m estudo prático, trabalho de campo, realizado no mês de Setembro de 2012 em meio a sala de aula do 4º ano de Desenho Industrial da instituição FATEB, foi de singular importância para estipular as medidas usadas na parte ergonômica do projeto do travesseiro sustentável, referente à esta monografia. Foram convidadas três pessoas para participarem como voluntárias desta atividade que envolveu a medição com trena de partes de seus corpos em meio ao ato de deitar com travesseiro e sem o travesseiro. Essas pessoas (2 homens e 1 mulher) são alunas desta faculdade e do curso de Desenho Industrial, foram selecionadas diante o critério da relação da altura média do homem e da mulher, 1,75m e 1,65m respectivamente. Após o apanhado de informações e medidas coletadas, estas foram estudadas e analisadas até chegar a uma determinada conclusão. Constatou-se que a medida ideal para um travesseiro ser aconchegante e garantir o bem estar para a coluna vertebral e o restante do corpo do ser humano é a altura de 17cm para o travesseiro. Perante essa informação concluída, essa medida vai ser adotada no projeto, onde terá um cuidado com a quantidade de enchimento, visto que há uma diminuição de altura no momento que o usuário depositar sua cabeça sobre o travesseiro. Em meio ao uso a altura ideal deve ser de 7,5 cm para alinhar perfeitamente o pescoço, crânio e coluna.

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TRAVESSEIRO A Desenho Técnico; Vistas superior, lateral e frontal; Cotagem 1x1

TRAVESSEIRO B - Desenho Técnico; Vistas superior, lateral e frontal; Cotagem 1x1

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Tanto para o travesseiro A quanto para o travesseiro B, foram utilizadas duas peças bases com medidas maiores, estas concedem o espaço para a costura e a altura de cada travesseiro. Segue o desenho técnico com as cotas finais, pronto para corte.

Planificação da capa

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Para a parte de materiais e métodos referente à produção do travesseiro ecológico em questão foi necessária uma visita à empresa Flora Tietê da cidade de Penápolis – SP, uma organização que trabalha com o cultivo e comercialização de plantas de variadas espécies. Uma empresa com profissionais qualificados e especialistas nessa área, como a bióloga e monitora ambiental “Thatyana Crozarioli Sabino”, o encarregado da colheita e manuseio dos produtos “Joaquim dos Santos Souza” e o engenheiro agrônomo “Fernando Alberto Buzetto. Foi uma riquíssima experiência de trabalho de campo numa entrevista com análise diretamente sobre as paineiras, que gerou uma gama muito grande e satisfatória de informações para o projeto referente. Essa empresa trabalha com vários gêneros de paineiras voltadas principalmente para o reflorestamento, como a paineira rosa, a branca, a paineira popularmente conhecida como barriguda e a indiana por exemplo. Este projeto debruçou-se restritamente sobre a Chorisia Speciosa (conhecida como paineira rosa), mas o breve estudo das outras espécies vistas na Flora Tietê tornou-se importante e significativo para o Trabalho. Existem inúmeras variedades de espécies de Paineiras, as mais comuns na região do interior do estado de São Paulo, dentre as quais a empresa trabalha são: a Paineira Rosa (ChorisiaSpeciosa), Paineira Branca (Chorisia glaziovii), Paineira Barriguda (Ceiba Boliviana) e a Paineira Vermelha da Índia (Bombax ceiba). Tendo em mãos os conhecimentos dos profissionais da empresa, constatou-se na Paineira Rosa características adaptáveis ao que propõe este projeto, tais como: um volume maior na produtividade de fibras por fruto, menor tempo até atingir idade de produção. Essa organização planta inúmeras exemplares de plantas e árvores, seu principal objetivo esta na venda de mudas e sementes. Com o caso da paineira não é diferente, plantam milhares de mudas que são vendidas a R$ 1,00 real a unidade, cultivam poucos exemplares de árvores adultas, a fibra da paina não apresentam importância lucrativa, são as sementes que são comercializadas, vendidas para produtores rurais de toda a região.

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Este projeto tem como objetivo a preocupação ecológica, resgatando velhos hábitos agregado a inovação tecnológica, baseado em um tripé de princípios fundamentais: Social, Ambiental e Econômico.

A

Paina como uma matéria prima ecologicamente correta e pouco estudada.

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ma cooperativa de pessoas que trabalha desde o beneficiamento da Paina até a confecção dos travesseiros.

Este projeto vem fazer uma proposta de sustentabilidade que visa a união de pessoas, gerando trabalho e movimentando a economia de uma região. A hipótese de cooperativa trata não somente da produção de travesseiros, como também de uma interatividade entre empresas, organizações e produtores rurais. Quando levada ao conhecimento da diretoria da empresa Flora Tiete, esta alternativa foi

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c

om custo reduzido e equiparado ao preço de produtos similares e em nada sustentáveis devido a uma produção simplificada que pouco exige dos recursos energéticos.

muito bem recebida, pelo valor da ideia e a iniciativa. A utilização dos “subprodutos” que empresas como estas geram ao beneficiar sementes de Paineiras, assim também propor uma troca entre o que seria chamado de “rejeitos” da produção de cada entidade. Ex: o refugo da Flora Tiete é a paina, enquanto a cooperativa descarta as sementes e as cascas dos frutos. Tendo isto em mente, presume-se que nada seria dispensado, tudo seria aproveitado.


Figura: 15 Sementes de Paineira Rosa. Fonte: Autores.

A germinação é realizada no Barracão de Semeio onde as sementes ficam por 15 dias, após esse período quase 100% deles já estão germinadas e são conduzidas para o Setor de Crescimento ficando em média 30 dias, a próxima fase é o Setor de Rustificação, onde há todo um tratamento com a quantidade de luz e água para com as mudas que ficaram em torno de 3 a 5 meses. Após esse período estas já estão preparadas e prontas para o Plantio ou para a venda. Segundo o engenheiro agrônomo, para a plantação em larga escala dessas árvores, é necessário uma área de aproximadamente 36m2 (6x6 m) entre uma muda à outra, são exemplares muito grandes, podendo atingir até 30 metros de altura, com espinhos de 5cm de comprimento, são árvores frondosas, sendo necessários 3 anos para que comece a produzir. As árvores (Paineira) podem viver e produzir por décadas, tem-se relatos de exemplares com mais de 50 anos gerando frutos. Disto, destaca-se que quanto mais velha a árvore, melhores serão os frutos produzidos. São necessários 250 destes em média para obter 1Kg de fibra de paina. Foi mostrado um método de colheita pela Organização, tratando-se de modo muito simples, mas que requer certo empenho, por conta da altura das árvores; encontrando os frutos nas extremidades dos galhos. É um método de colheita manual que consiste em “ter em mãos” um Cabo Extensor de 6 metros podendo ser acoplado a um suporte para regulagem de altura, com uma espécie de alicate integrado na extremidade destinada a alcançar o fruto. Esse cabo deve ser feito de metal leve, para diminuir a fatiga e o desgaste físico no momento do manuseio, ele possui uma corda fixada no alicate, responsável pela movimentação da lâmina de corte para destacar os frutos. Otimizando o tempo de trabalho. O operador tem que mirar o fruto, alcançar o talo do mesmo e puxar a corda, que o fruto é destacado.

Figura: 16 Mudas de Paieira Branca. Fonte: Autores.

Figura: 17 - Cabo extensor para colher os frutos. Fonte: Autores.

Figura: 18 - Colheita dos frutos. Fonte: Autores.

A fim de proteger os produtos contra ataques de insetos (besouros) e aves (periquitos e maritacas) que vem comer as sementes, os frutos são encapados por um saco de papel com interior plastificado, desde as primeiras semanas até o ponto de colheita.

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História - Com a revo-

lução industrial em meio ao século XVIII houve uma expansão da indústria têxtil em nível global. Neste mesmo período começaram a produção e beneficiamento do algodão em escala industrial aqui no Brasil, era um processo extremamente arcaico que usava mão de obra escrava e um maquinário chamado “Churka Oriental”. Figura: 19 - Pilhas de algodão e Churka ou fiadeira de algodão, Índia 1866 - Fonte: oldphotosbombay.blogspot

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A fibra do algodão é um produto muito semelhante á fibra da paina, apresenta características muito próximas e similares, entretanto, é mais resistente na questão da fiação. Beneficiamento do algodão nada mais é do que uma etapa de pré-industrialização, com o intuito de separação da fibra das sementes, é um processo mecânico com o cuidado de preservar as qualidades intrínsecas da fibra para conseguir o padrão exigido pela indústria de fiação (têxtil). O beneficiamento depende de diversos fatores como da colheita, da sequência de máquinas para chegar ao resultado final. Não é uma operação isolada. Segundo (BACHELIER 1999), alguns pedaços de sementes podem se desprender neste processo e prejudicar a fibra do algodão. No caso da Paina, podem restar sementes do processo manual de remoção das fibras do interior dos frutos, o maior ou menor número de incidências se deve a umidade existente entre as fibras. O que nos

leva a outro problema, ressalta Bayler (2003), é a questão da umidade, que afeta o algodão no momento da separação entre semente e fibra, podendo ser causado também pela maneira do descaroçador interagir com as sementes. São apresentados alguns resultados tais como a pré-limpeza de partículas maiores e finas também, secagem inicial, umidificação do algodão em caroços antes da entrada do descaroça-

Figura: 20 - Mulheres indianas fiando algodão. Fonte: oldphotosbombay.blogspot


dor e limpeza da fibra de capacidade adaptada por exemplo. Em relação ao custo – benefício, no caso do Beneficiamento da Paina não foi constatado custos adicionais de eletricidade, gás ou qualquer outra fonte de energia, em conjunto e aumento do ritmo produtivo e qualidade do beneficiamento através de cooperativa. Deve ressaltar a importância e o cuidado para não danificar a fibra nem a semente do algodão, isso vale também para a paina que é o foco deste projeto, por isso é muito importante o zelo e atenção na hora de separação das fibras, cujo é o momento mais crítico para a ocorrência desses problemas. Figura: 21 - Churka, modelo indiano de fiadeira de algodão Fonte: historyforkids.org

A fase de debulhar é manual, o descaroçamento é feito com as mãos. Após colheita os frutos são deixados para secar ao sol por duas semanas, neste período abriram-se naturalmente, estando prontos para serem debulhados. Sim o termo é exatamente este! Colocando-os entre os dedos na palma da mão fechada em forma de concha e realizando movimentos de fricção com a outra sobre os gomos de sementes e fibras. Com o calor gerado as fibras se expandiam ficando mais leves e soltas, e as sementes iam caindo por entre as mãos. Na Flora Tietê, após a colheita, os frutos são triturados para obtenção de compostagem e as painas e retos de material são destinados ao aterro sanitário da cidade. As sementes ficam em uma peneira para secar ao sol durante 7 a 10 dias, em um dia de trabalho são coletados em média 30 sacos (50L) de sementes. É um trabalho muito importante realizado nessa empresa, mas é um desperdício o fato de eliminar as fibras da paina, sendo que cada uma possui 90% de celulose. Mas este projeto visa o aproveitamento de todos os “subprodutos” gerados pela empresa, através do enchimento de travesseiros e insumos. A continuação do beneficiamento, após colheita e fase de debulha manual, será feito através de uma esteira não mecanizada. Inicia-

-se ainda com as fibras dispostas sobre uma superfície com furos de diâmetro maiores que as sementes e sob a fricção dos dedos somando ao calor dos mesmos, as sementes vão se soltando e caindo em um compartimento inferior. A partir daí, as fibras então seguiram para o ensacamento, lavadas em água para a redução das impurezas, bem como o clareamento e solução dos nós. Posteriormente, expostas ao sol com a finalidade de reduzir a umidade e propor o ganho de maciez, muito importante na confecção dos travesseiros.

Figura: 22 - Debulhando a paina - Fonte: Autores

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Figura: 23 - Mosaido beneficiamento da paina. Fonte: Autores.



O desenho técnico foi apresentado à costureira e, depois de analisado iniciou-se o processo pelo desenho do molde no papel Cráft, que seguiu para a parte de costura na máquina Singer Industrial, com alternâncias das agulhas para as costuras do tipo Retas e as Pesponto. Duas partes de tecido foram sobrepostos e costurados em volta, costurados em duas partes em seu interior, formando três compartimentos, essa foi a “sacada” para o problema do preenchimento, já que a paina se movimentava interiormente nos travesseiros dos primeiros testes deste projeto. Deixando um orifício na lateral para a colocação das fibras de paina, posteriormente fechado. Com esse procedimento foram feitos os travesseiro B e C. No caso do travesseiro A foi utilizado o mesmo processo, mais a fixação de uma segunda peça de tecido para obter o relevo mencionado nas ilustrações, de superfície côncava na parte superior do travesseiro.

Figura 25 - Enchimento das partições do travesseiro. Fonte: Autores.

Figura 26 - Travesseiros enchidos. Fonte:Autores.

Figura 24 - Corte e costura das peças. Fonte: Autores.

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Figura 27 - Travesseiro A terminado. Fonte: Autores.


Figura 28 - Travesseiros A, B e C terminados. Fonte: Autores.

O enchimento foi realizado por uma pessoa utilizando máscara para proteção contra as partículas de fios de paina que se desprendem e ficam planando pelo ar.

Até o momento citado foram usadas costuras Retas e foi necessário 1,5 metros de tecido Viscolycra, para a confecção da capa, foi usada custura de Pesponto. Como já foi dito, é uma capa antialérgica, com proteção contra ácaros e fungos que podem vir a proliferar no travesseiro. Foi feito outro molde, costurada inteiramente, deixando a parte de fundo aberta para receber as três camadas do travesseiro. Figura 29 - Travesseiros terminados e montados. Fonte: Autores

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Foram usados os tecidos Viscolycra e Poliéster Siliconizado, o primeiro foi escolhido para revestir as três partes do travesseiro, é um tecido leve e com considerável elasticidade, é composto por viscose e elastano, apresenta conforto e textura macia e “fresca”, sendo muito utilizado na confecção de roupas nos períodos de clima quente. O segundo foi utilizado para fazer a capa de revestimento, é uma manta termo-fixada, escolhida por suas características especiais como: ser antialérgica, antibactéria, maciez ao contato, possui alta durabilidade e é totalmente reciclável. Esses tecidos apresentam custo considerável (não são os mais caros nem os mais baratos do mercado).

No caso de obtenção das fibras das Paineiras até chegar à confecção e costura do travesseiro deste projeto (industrialmente) são utilizados os seguintes maquinários e ferramentas: • Cabo Extensor = para a colheita dos frutos na copa da árvore. • Descaroçador = máquina responsável pelo descaroçamento do algodão na indústria têxtil. Ele é compatível para fazer o mesmo processo no caso das painas. • Peneiras e Tonel com água = para a lavagem das fibras • Esteira = para uma forma de “pentear” as fibras para obtenção do alinhamento dos fios.

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Dados a ser considerados Para a confecção do travesseiro foram utilizados no total de 1,50 metros de viscolycra e 0,80 metros de Poliéster Siliconado. Um retróz de linhas algodão e 1 (um) retróz de linha pesponto.

Para o seu preenchimento foram necessários 1,5kg de paina beneficiada.

• Peneiras para Secagem = as fibras ficaram fixas em meio a essas peneiras e deixadas para secar ao sol. • Máquina de Costura = responsável por produzir a estrutura externa (capa) do travesseiro, na qual acomodará o enchimento das fibras.


Figura 30 - Primeira modelagem 3D - Fonte: Autores.

Com o modelo 3D procurou-se demonstrar que inovações podem ser agregadas também as capas, com estampas e cores, atuando sobre as roupas de cama com determinada interatividade. Devido ao formato inovador do travesseiro buscou-se a ideia de trabalhar aplicando nas capas as mais variadas estampas, acompanhando tendências e agradando o gosto do usurario.

Figura 31 - Travesseiro em modelagem 3D com textura - Fonte: Autores.

Figura 32 - Modelagem 3D com aplicação de estamparias - Fonte: Autores.

Figura 33 - Aplicação de estamparias - Fonte: Autores.

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Figura 34 - Travesseiro confeccionado com capa, vista frontal - Fonte: Autores.

Figura 35 - Travesseiro confeccionado com capa, vista lateral - Fonte: Autores.

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Figura 36 - Travesseiro confeccionado com capa, costas - Fonte: Autores.

Figura 37 - Travesseiro confeccionado com capa, teste de flexibilidade - Fonte: Autores.

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Ao término da confecção do travesseiro, o mesmo foi posto para teste, subordinado a verificação. As demissões do formato foram mantidas, praticamente, na escala real (relevando diferenças insignificantes). Foi observado que o mesmo possui elevado teor de conforto, extremamente macio e ajustável. Nos primeiros testes, não foi apresentado dores ou fatigas musculares nas regiões da nuca, pescoço e ombros. Verificou-se também, o alinhamento da coluna vertebral, condição ideal para a posição deitada usando um travesseiro, isso revela que a meta ergonômica foi atingida. Outro fator analisado foi a possibilidade de troca de camadas. Constatou-se que as três peças que formam o travesseiro otimizou esse fator, garantindo estabilidade e conforto para as duas posições recomendadas para dormir: decúbito dorsal e decúbito lateral. A questão estética não ficou de fora da avaliação, com base na pesquisa de campo citada nesta monografia, o produto foi posto à mostra para que o público alvo expressasse sua opinião, os participantes foram pessoas de classe média (entre elas, aquelas que participaram da pesquisa feita através do Facebook). Constatouse uma aprovação do produto, considerando algumas possibilidades de cor e textura superficial apenas. Em relação ao custo, levando em consideração o preço do tecido, da mão de obra para coleta e beneficiamento da paina, e mão de obra da costureira, o

produto vai sair entre R$70,00 à R$100,00. Isso em escala artesanal, em produção em série, escala industrial, esse valor diminui em torno de 30%. Foi concluído que o projeto atende as expectativas dos 3 parâmetros que o Design deve atender: Econômico, com a parceria com a empresa Flora Tiête otimizando o custo, o acesso e o aproveitamento de matéria prima, e com o fator do display das capas para personalizar os travesseiros. Sacada de design e marketing para implantar estilo, possibilitando o usuário de estar mudando a aparência do seu produto, combinando com o lençol da cama e diversificando o cenário do seu quarto. Social, com o fator de valores culturais, levando a pessoa ao conhecimento ou até mesmo a lembrança do passado. Além de agregar pessoas ao processo de produção. Ambiental, com a escolha de matéria prima natural, que não agride o meio ambiente, com o descarte dos componentes e com a redução do consumo de energia elétrica na produção. Com base em tudo que fora avaliado e analisado, a aceitação do público alvo, o custo a parte ergonômica e que o projeto atende ao Briefing, é chegada a conclusão que o travesseiro é viável para uma classe média voltada para as tendências de EcoDesign e Sustentabilidade, que anseiam por novidade e qualidade, profutos diferenciados e criativos, sem esquecer da preservação do meio-ambiente.

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1- O que você leva em consideração na compra de um travesseiro? ( ) Preço ( ) Conforto/Saúde ( ) Material do enchimento ( ) Tamanho ( ) Outro __________ 2- ( ) ( ) ( ) ( )

Em que posição você dorme? De lado De bruços De barriga pra cima Outro __________

3- O que pode substituir o travesseiro na hora de dormir? ( ) Coberta ( ) Brinquedo ( ) braço ( ) Outro __________ 4- Já teve problemas com a utilização de um travesseiro? ( ) Sim Qual? __________ ( ) Não 5- Você acha que os travesseiros de antigamente eram mais confortáveis? ( ) Sim ( ) Não

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6- Além de dormir, para quê mais serve o travesseiro? ( ) Assistir TV ( ) Ler ( ) Brincar ( ) Outro __________ 7- Quantas horas você dorme por noite? ( ) 6hs à 8hs ( ) 5hs à 3hs ( ) 8hs à 10hs ( ) Mais de 10hs 8- ( ) ( ) ( ) ( )

Que tipo de colchão você usa? Espuma Mola Ortopédico Outro __________

9- Você já teve problemas alérgicos com travesseiros? ( ) Sim Qual? __________ ( ) Não 10- De quanto em quanto tempo troca o travesseiro por outro novo? ( ) 6 Meses à 2 anos ( ) 6 à 4 anos ( ) Mais de 4 anos


11- Dê uma nota para a importância do travesseiro na hora do descanso. ( )0( )1( )2( )3( )4( )5 12- Você usaria um travesseiro de formato não retangular? ( ) Sim ( ) Não 13- Quando você troca o travesseiro, como descarta o antigo? ( ) Doação ( ) Lixo ( ) Reciclagem ( ) Outro __________ 14- Quantos travesseiros usa para dormir? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 4 ( ) Outro __________ 15- Você dorme com um travesseiro entre as pernas? ( ) Não ( ) Sim ( ) Às vezes

( ) Espuma da Nasa ( ) Microfibra 18- Qual o tamanho ideal de um travesseiro para você? ( ) Médio ( ) Grande ( ) Pequeno ( ) Outro __________ 19- Você dorme abraçado com o travesseiro? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes 20- Qual a altura do seu travesseiro? ( ) Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( ) Outro __________

16- Você dorme com um travesseiro sob os joelhos? ( ) Não ( ) Sim ( ) Às vezes 17- Qual tipo de enchimento para travesseiro você prefere? ( ) Espuma compacta ( ) Flocos de espuma

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