EQUIPAMENTO PÚBLICO | Um edifício multifuncional para uma cidade resiliente

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EQUIPAMENTO PÚBLICO

UM EDIFÍCIO MULTIFUNCIONAL PARA UMA CIDADE RESILIENTE

Milene Hitomi Saito



Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

EQUIPAMENTO PÚBLICO

UM EDIFÍCIO MULTIFUNCIONAL PARA UMA CIDADE RESILIENTE

Milene Hitomi Saito Orientadora: Profa. Dra. Lara Leite Barbosa Trabalho Final de Graduação Novembro | 2015



AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer aos meus pais, por todo o apoio, o carinho e a dedicação ao longo dos anos; Ao meu irmão, pela companhia e pelos momentos de alegria; À Profa. Dra. Lara Barbosa, pela dedicação, pelo incentivo, pela compreensão e pelas enriquecedoras orientações durante todo o desenvolvimento desse projeto; Ao Prof. Dr. Paulo Eduardo Fonseca e à Profa. Dra Tatiana Sakurai, por gentilmente terem aceitado o convite para participar da minha banca; À Mirian Aranda e à Lígia Lupo, da prefeitura de Mauá, pelas sugestões e auxílio na realização deste trabalho; Aos meus amigos da FAU, Aline, Diogo, Miti, Marjore, Marie, Gui, Dani (Zava), Dani (Castilla), Denis, Pedro (Achado), Renan e Victor (Bolota); E a Andy Sztark, pela ajuda e pelo apoio, mesmo à distância.



Fig.1 | Rio Itajaí Açu, Ilhota, 2011 <



SUMÁRIO 10

6.3. Estudos Inciais

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1.1. Tema

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6.4. Projeto Final

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1.2. Metodologia

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6.4.1. Implantação

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6.4.2. Programa

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2.1. No Mundo

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6.4.3. Estrutura

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2.1. No Brasil

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6.4.4. Vedação

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3. Cidade Resiliente

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6.4.5. Esquadrias

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4. Equipamento Público x Abrigo Coletivo

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6.4.6. Sistemas Complementares

142

5. Estudo de Caso

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6.4.7. Etapas de Construção

146

5.1. Local

41

6.4.8. Gestão

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5.2. Proposta Inicial

51

7. Considerações Finais

152

6. Projeto do Edifício

60

8. Bibliografia

154

6.1. Desenvolvimento

61

9. Lista de Imagens

158

6.2. Referências de Projeto

62

6.2.1. Uber Shelter

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6.2.2. Home-for-All

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1. Introdução

2. O Desastre


1. INTRODUÇÃO


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1.1. Tema O conceito deste trabalho surgiu do interesse em compreender como a arquitetura e o urbanismo estão relacionados às questões dos desastres naturais no Brasil e no mundo, e a partir de então entender qual o papel do arquiteto urbanista neste meio e como ele pode intervir de forma a propor melhorias, principalmente, para a população mais afetada. Considero de extrema importância o entendimento sobre o tema dos desastres naturais, que apesar de se tratar de um fenômeno global, não afeta de maneira similar toda a população mundial. Compreender que o elemento natural não é o responsável pela maior parte dos desastres que ocorrem em todo o mundo é essencial para compreender a importância que o planejamento urbano, e logo o arquiteto e urbanista, tem sobre o bem-estar e qualidade de vida de uma comunidade. Como estudante de arquitetura e urbanismo a ponto de concluir o curso de graduação, creio que antes de desenvolver uma proposta de projeto, é fundamental entender o 1

papel do arquiteto para com a sociedade. Entretanto, ao olhar o panorama profissional, tem-se a impressão de que muitos arquitetos se esqueceram de que a arquitetura é “muito mais que apenas desenhar projetos conceituais, resolver problemas técnicos e construir estruturas complexas” (CHARLESWORTH, 2014). Considerando o cenário atual do Brasil, e com base no trabalho de iniciação científica “Projeto preliminar de edificações multifuncionais para uso coletivo em núcleos de abrigamento temporário” realizado por Gabriela Marques Gomes1, foi desenvolvida uma proposta de edifício público que visa o bem-estar da população em diferentes situações. A partir de um estudo de caso, o seguinte trabalho se propõe a desenvolver uma proposta de projeto de um equipamento público multifuncional que pode ser utilizado como abrigo temporário para auxiliar na prevenção de desastres naturais.

Trabalho de iniciação científica pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, realizado em Junho de 2014, sob orientação da Profa. Dra. Lara Leite Barbosa.


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1.2. Metodologia O desenvolvimento do trabalho foi realizado em três etapas. A primeira consistiu na pesquisa teórica sobre o tema dos desastres naturais, que se iniciou com o livro “Shelter after disaster”, publicado em 1978 e escrito por Ian Davis, professor, pesquisador e consultor internacional sobre o assunto. Em um dos primeiros livros publicados sobre o assunto, o autor levanta as principais questões a serem consideradas em situações pós-desastre, exemplificando-as por meio de acontecimentos passados. A leitura do livro foi uma porta de entrada para a compreensão da complexidade que o tema abrange. Ainda nesta etapa o conceito de cidades resilientes surgiu como uma interessante resposta para a questão dos desastres e da vulnerabilidade, e direcionou o trabalho para um caminho mais urbanístico. Mas foi com base no trabalho de iniciação científica “Projeto preliminar de edificações multifuncionais para uso coletivo em núcleos de abrigamento temporário” realizado por Gabriela Marques Gomes, sob orientação da Profa. Dra. Lara Leite, que foi definido o objeto a ser desenvolvido neste trabalho: um equipamento público multifuncional.


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A segunda parte consistiu na escolha de um município da Região Metropolitana de São Paulo para realização de estudo de caso. A escolha pelo município de Mauá foi feita após algumas tentativas sem sucesso em outros municípios, mas principalmente devido a receptividade encontrada por parte dos funcionários da prefeitura. Após visita realizada em assembleia sobre o projeto de reurbanização da área do Chafick, uma das maiores favelas do município, foi definido esse local como área de estudo e implementação da proposta. Foram realizadas conversas com três funcionários que estão frequentemente em contato com a população da região: Lígia Lupo, uma das arquitetas envolvidas no projeto de reurbanização da área do Chafick, que já participou de uma das etapas do projeto; Mirian Aranda, a assistente social também envolvida neste processo e Jovenildo Lopes, funcionário da Defesa Civil do município de Mauá. Esses encontros foram importantes para entender a situação atual e o que vem sendo feito sobre o assunto, ao final do estudo a proposta foi ajustada para funcionar como complemento dos projetos em andamento, foi definida uma “proposta inicial” que consiste na implantação de um sistema de equipamentos públicos para atender a população da região. Essa proposta inicial serviu de ponto de partida para última fase do trabalho, que se concentrou no desenvolvimento do

projeto de um desses equipamentos. Foram realizadas pesquisas de referência de projetos de centros comunitários e de projetos relacionados aos desastres; também foi utilizada pesquisa sobre estruturas metálicas e sistema construtivo Light Steel Framing, realizada para uma disciplina da Escola Politécnica da USP. Em seguida foram feitos diversos estudos e desenhos sobre o terreno escolhido, durante esse processo foram desenvolvidas diferentes volumetrias, acessos e organização dos ambientes, até se chegar a um programa e forma mais bem resolvidos. Enfim, foram feitos alguns detalhamentos para melhor compreensão da proposta de projeto.


2. O DESASTRE


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“Uma grave perturbação no funcionamento de uma comunidade ou sociedade envolvendo perdas e impactos humanos, materiais, econômicos ou ambientais generalizados, e que excede a capacidade da comunidade ou sociedade afetada de lidar com recursos próprios. (...) Desastres são frequentemente descritos como o resultado da combinação: de exposição a riscos, de condições de vulnerabilidade existentes, e da capacidade ou medidas insuficientes para reduzir ou lidar com as possíveis consequências negativas. Os impactos gerados por desastres podem incluir perdas de vida, feridos, doenças, e outros efeitos negativos no bem-estar físico, mental e social dos homens; juntamente com danos de propriedade, destruição de bens, perda de serviços, perturbações social e econômica e degradação ambiental”1.

Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR), 2009. *Tradução por Milene Saito. 1


> Fig. 2.1-1 | Resgate, 足Otsuchi, Jap達o, 2011


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2.1. No Mundo Fenômenos naturais acontecem a todo momento e em todo o mundo, assim como as transformações climáticas, pois fazem parte do ciclo do nosso planeta. Entretanto, no momento em que esses acontecimentos tem um impacto negativo sobre alguma sociedade ou comunidade temos o que chamamos de desastres naturais; seus prejuízos atingem os mais diversos patamares, desde o comprometimento da economia de uma região e de sua infraestrutura urbana, até a perda de vidas humanas e impacto psicológico de todos os afetados direta e indiretamente, mas principalmente daqueles que sofreram e sofrem mudanças radicais em suas rotinas e modo de vida. Entre 1970 e 2012 foram registrados 8.835 desastres em todo o mundo, que ocasionaram na morte de 1,94 milhões de pessoas e um prejuízo de 2,4 trilhões de dólares2; como pode ser observado no Gráfico 2.1-1, temos que a maior parte deles foram devido a inundações e tempestades, seguido de secas e temperaturas extremas.

2

World Meteorological Organization, 2014

Ainda observando o Gráfico 2.1-1, podemos verificar que o número de desastres está aumento a cada década, assim como o crescimento da população urbana; é interessante notar que apesar de todos os tipos de países ainda apresentarem um crescimento positivo, o crescimento de países de baixa e média baixa renda são muito maiores. A vida nas cidades muitas vezes gera situações de maior vulnerabilidade, muitas das grandes cidades do mundo estão localizadas em locais com alto risco de atividade sísmica3; se um desastre ocorrer em uma área de grande densidade, o número de afetados será muito maior do que se esse mesmo fenômeno ocorrer em um local bem menos denso. Além da grande concentração populacional, sobretudo nos países em desenvolvimento, essa urbanização ocorreu ou ocorre de forma rápida e descontrolada. Esse crescimento não ocorreu de maneira planejada e na maioria dos casos não atende a necessidade de todos, principalmente a da po-

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Making Cities Resilient : Summary for Policymarkers, 2013.


18 Gråfico 2.1-1 | Fonte: Atlas of mortality and economic losses from weather, climate and water extremes (1970–2012) - World Meteorological Organization, 2014.


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pulação mais pobre, que usualmente não tem nem mesmo acesso à terra e na maioria das vezes, por motivos econômicos, essas pessoas acabam por se instalar em locais precários, sem acesso à infraestrutura básica, como água encanada, luz e esgoto, portanto essa população se instala em locais vulneráveis e com grande risco de ocorrência de desastres naturais e até mesmo de doenças. Sobre os desastres, podemos sempre dividir seu processo em três fases: o socorro, a reabilitação e a reconstrução; que são diretamente relacionadas entre si, de forma que as ações feitas no início podem influenciar significativamente nas decisões tomadas à longo prazo. Normalmente cada uma dessas fases tem abordagens específicas para atender a população afetada, mas algumas delas podem ter um procedimento mais complexo e se estender por mais de uma fase. A primeira delas, o socorro, é aquela logo após o desastre, onde é preciso uma reposta rápida para amparar os desabrigados; normalmente são utilizados abrigos emergenciais, individuais ou coletivos, que muitas vezes possuem um design universal e nem sempre são bem aceitas pela população afetada. A segunda fase, mais longa, consiste na recuperação emocional e física dos afetados e de seus bens, nessa

fase as atividades cotidianas começam a voltar aos poucos, podemos dizer que é uma fase de transição. A última fase é a da reconstrução, na qual se tem o início da recuperação total das construções e infraestruturas atingidas, e normalização do cotidiano, dentro do possível. É importante apontar que apesar do desastre natural ser um fenômeno global, o modo como ele é abordado tem diferenças significativas entre os países desenvolvidos e os países subdesenvolvidos. Segundo Ian Davis, essas diferenças se

POPULAÇÃO URBANA MUNDIAL | 1950-2050

Gráfico 2.1-2 | Fonte: World Urbanization Prospects, 2014 revision - ONU - 2014.


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NÚMERO DE DESASTRES NATURAIS 1976-2005

VÍTIMAS DE DESASTRES NATURAIS 1976-2005

Mapas 2.1-1 e 2.1-2 | Fonte: EM-DAT The International Disaster Database - Centre for Research on the Epidemiology of Disasters (CRED).


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dão pelo modo de como é feito o controle antes das catástrofes, com foco na prevenção, e na abordagem adotada no momento de socorro e na reconstrução.

“Em termos gerais, essa diferença pode se resumir dizendo que nos países desenvolvidos existe uma busca por ‘soluções materiais’, enquanto que nos países em desenvolvimento as soluções são antes de tudo mecanismos sociais” (DAVIS, 1978). Os países em desenvolvimento ainda concentram 95% das fatalidades ocasionadas pelos desastres4 (Mapas 2.1-1 e 2.1-2), apesar de atualmente ser reconhecida a importância na prevenção dos desastres, uma vez que os fenômenos naturais estão fora do controle do homem. As complicações existentes, como a desigualdade social e econômica e os problemas políticos e administrativos, ainda influenciam muito no número de pessoas afetadas pelos desastres. Essas questões, além de dificultarem o monitoramento antes dos desastres, por falta de recursos econômicos e tecnológicos, ou mesmo por falta de administração adequada, potencializam os efeitos catastróficos dos desastres, tornando o momento de socorro e de reconstrução ainda mais complexos.

4

United Nations Development Programme, 2012.


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2.2. No Brasil No Brasil o número de desastres também teve um aumento significativo, principalmente ao compararmos a década de 90 com os anos 2000. Podemos notar uma grande concentração de eventos nas áreas mais próximas ao mar, sendo os estados do nordeste e do sul quase inteiramente atingidos. Apesar de ser um país com pouca ou nenhuma atividade sísmica, e dessa forma não estar sujeito à desastres mais catastróficos como terremotos, o Brasil possui uma quantidade significativa de pessoas afetadas por desastres quando comparados a outros países da América do Sul (Mapa 2.2-2). Quanto às perdas econômicas devido aos desastres,

o Brasil se destaca sozinho como o país que mais sofreu economicamente. Como grande parte dos países em desenvolvimento, o Brasil possui grande parte de suas cidades caracterizadas pelo crescimento urbano muito acelerado e descontrolado, uma vez que o desenvolvimento do planejamento urbano não

COMPARATIVO DE OCORRÊNCIAS ENTRE DÉCADAS NO BRASIL

DESASTRES NATURAIS NO BRASIL | 1991-2012

Gráfico 2.2-1 | Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 A 2012, Volume Brasil CEPED. 2013.

Gráfico 2.2-2 | Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 A 2012, Volume Brasil CEPED. 2013.


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REGISTRO DE EVENTOS NO BRASIL | 1991-2012

Mapa 2.2-1 | Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 A 2012, Volume Brasil - CEPED. 2013.


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MORTES CAUSADAS POR DESASTRES NATURAIS AMÉRICA LATINA | 1970-2012

PERDAS ECONÔMICAS POR DESASTRES NATURAIS AMÉRICA LATINA | 1970-2012

Mapas 2.2-2 e 2.2-3 | Fonte: Atlas of mortality and economic losses from weather, climate and water extremes (1970–2012) - World Meteorological Organization, 2014.


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teve um crescimento proporcional; não foi possível acompanhar esse crescimento de forma a atender toda a população que foi se instalando nas cidades. Os problemas existentes no Brasil, como a desigualdade econômica e social, dificultam ainda mais a questão dos desastres. Muitas vezes por conta desses problemas as condições na qual se encontram grande parte da população brasileira são muito precárias, sua situação fragilizada não permite acesso a um local seguro para construção de sua moradia. Os poucos recursos que esses indivíduos possuem, os permitem apenas construir suas casas em locais onde

COMPARATIVO ENTRE DENSIDADE DEMOGRÁFICA E MORTOS NO BRASIL

não há interesse imobiliário, nas áreas de grande vulnerabilidade. Como mostra o Gráfico 2.2-3, as regiões com maior densidade demográfica, possuem consequentemente um maior número de mortos devido aos desastres, com exceção da região Norte. É interessante comparar que em países desenvolvidos a densidade demográfica é em geral superior a de países em desenvolvimento, entretanto o número de mortos e afetados, proporcionalmente a sua população total, são menores que os países em desenvolvimento. Reforçando ainda mais a grande divergência entre os dois tipos de países. A pouco tempo foram criadas leis que tratam de questões referentes aos desastres naturais, colocando como responsabilidade do poder público as ações de atendimento às pessoas afetadas e também a responsabilidade de ter um política de redução de riscos. Legislação

Lei 12.340 01/12/10

Gráfico 2.2-3 | Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 A 2012, Volume Brasil CEPED. 2013.

Dispõe sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, sobre as transferências de recursos para ações de socorro,


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assistência às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução nas áreas atingidas por desastre, e sobre o Fundo Especial para Calamidades Públicas.

Lei 12.608 10/04/12 Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, que prevê expressamente que é dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munícipios adotar as medidas necessárias à redução dos riscos de desastre, com a colaboração de entidades públicas ou privadas e da sociedade em geral .

não tem controle sobre todos dos municípios. Ele faz o controle pela quantidade registrada nos índices pluviométricos, distribuídos nos municípios monitorados; quando esse índice marca mais e 50mm a Defesa Civil é acionada para fazer um acompanhamento mais preciso, visitando o local e verificando as condições que a região se encontra, fazendo quando necessário a remoção de pessoas sujeitas a um risco extremo. Neste contexto foi criado o programa do Bolsa Aluguel e Aluguel Social do Governo, que tem como objetivo auxiliar

Entertanto responsabilizar o município pode ser complicado, pois muitos dos municípios que mais sofrem com os desastres naturais são justamente os municípios com menos recursos. A abordagem feita para a redução dos riscos foi a de monitoramento e prevenção, de modo que as pessoas são retiradas de situações de risco antes do desastre acontecer, minimizando possíveis prejuízos, principalmente àqueles relacionado à vida humana. O órgão responsável pelo monitoramento dos índices pluviais é o CEMADEN (Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), que ainda Fig. 2.2-1 | Esquema do ciclo do desastre.


27 Fig. 2.2-2 | Esquema das fases do desastre e organização administrativa.

as famílias, que por algum motivo ficaram sem teto, a pagar o aluguel por um determinado período. Entretanto não são todos os municípios que oferecem esse tipo de bolsa. Apesar de ajudar de fato a população de uma maneira relativamente rápida, o programa traz consigo algumas questões de dependência que não são ideais, como a reocupação de uma casa já indicada como local de risco por outra família, para conseguir acesso a essa bolsa.


3. CIDADE RESILIENTE


Resiliência A capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade expostos a riscos de resistir, absorver, acomodar e se recuperar dos efeitos de um perigo, de maneira oportuna e eficiente, através da preservação e restauro das suas estruturas básicas essenciais e funções.

Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR), 2009. *Tradução feita por Milene Saito. 1


30 > Fig. 3 -1 | Cidades Resilientes.


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A partir da década de 80 a população urbana começou a ter um crescimento superior a população rural, e desde então essa diferença só vem aumentando. No ano de 2007, pela primeira vez na história, a população urbana superou a população rural no mundo, e a tendência é que a população urbana continue com um crescimento acelerado nos próximos anos (Gráfico 3-1). Como já citado anteriormente, esse aumento populacional, principalmente em países subdesenvolvidos como o caso do Brasil, trouxe consigo uma série de problemas na qual está incluído o aumento da vulnerabilidade de determinada população, e com isso o aumento do

POPULAÇÃO MUNDIAL _1950 - 2050

Gráfico 3-1 | Fonte: World Urbanization Prospects, 2014 revision - ONU - 2014.

risco de ocorrência de desastres. É importante compreender que “a capacidade de resistir aos impactos de eventos extremos e de atender às necessidades de uma população urbana durante uma situação pós-desastre é um dos principais meios que uma sociedade tem para se recuperar de um evento traumatizante” (BOSHER, 2010). Entretanto, a resiliência deve ser abordada de maneira holística, a capacidade de resistir deve acontecer também nos âmbitos sociais, econômicos, políticos e culturais, não somente em termos materiais e estruturais. As intervenções feitas no pós-desastre devem ser vistas não somente como uma situação de reconstrução, mas principalmente como uma oportunidade de diminuir as vulnerabilidades de determinada população. Pensando na importância de criar cidades que tenham maior capacidade de absorver os efeitos dos fenômenos naturais, a ONU criou uma campanha internacional chamada “Construindo cidades resilientes”. Com o objetivo de incentivar os governos a tomarem medidas de prevenção e conscientização da população e de investidores quanto às questões dos desastres naturais, importância de considerar os efeitos dos desastres naturais para o desenvolvimento local, tanto social como economicamente, e algumas das ações que po-


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OS DEZ PASSOS ESSENCIAIS PARA CONSTRUIR CIDADES RESILIENTES 1. Coloque em prática ações de organização e coordenação para compreender e aplicar ferramentas de redução de riscos de desastres, com base na participação de grupos de cidadãos e da sociedade civil. Construa alianças locais. Assegure que todos os departamentos compreendam o seu papel na redução de risco de desastres e preparação. 2. Atribua um orçamento para a redução de riscos de desastres e forneça incentivos para proprietários em áreas de risco, famílias de baixa renda, comunidades, empresas e setor público para investir na redução dos riscos que enfrentam. 3. Mantenha os dados sobre os riscos e vulnerabilidades atualizados. Prepare as avaliações de risco e utilize-as como base para planos de desenvolvimento urbano e tomadas de decisão. Certifique-se de que esta informação e os planos para a resiliência da sua cidade estejam prontamente disponíveis ao público e totalmente discutido com eles. 4. Invista e mantenha uma infraestrutura para redução de risco, com enfoque estrutural, como por exemplo, obras de drenagens para evitar inundações; e, conforme necessário, invista em ações de adaptação às mudanças climáticas. 5. Avalie a segurança de todas as escolas e centros de saúde e atualize tais avaliações conforme necessário. 6. Aplique e imponha regulamentos realistas, compatíveis com o risco de construção e princípios de planejamento do uso do solo. Identifique áreas seguras para cidadãos de baixa renda e desenvolva a urbanização dos assentamentos informais, sempre que possível. 7. Certifique-se de que programas de educação e treinamento sobre a redução de riscos de desastres estejam em vigor nas escolas e comunidades. 8. Proteja os ecossistemas e barreiras naturais para mitigar inundações, tempestades e outros perigos a que sua cidade seja vulnerável. Adapte-se à mudança climática por meio da construção de boas praticas de redução de risco. 9. Instale sistemas de alerta e alarme, e capacidades de gestão de emergências em seu município, e realize regularmente exercícios públicos de preparação. 10. Após qualquer desastre, assegure que as necessidades dos sobreviventes estejam no centro da reconstrução, por meio do apoio direto e por suas organizações comunitárias, de modo a projetar e ajudar a implementar ações de resposta e recuperação, incluindo a reconstrução de casas e de meios de subsistência. Fonte: Como Construir Cidades Mais Resilientes, Um Guia para Gestores Públicos Locais - Nações Unidas, 2012.


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dem ser feitas para construir uma cidade resiliente. Um dos pontos iniciais é a criação de um órgão responsável para organização de pessoas e de um orçamento definido para a redução de risco, é necessário que ele seja público e competente, para que tenha todas as ferramentas a sua disposição e para que o dinheiro seja distribuído de maneira inteligente. Alguns dos fatores mais importantes são: o monitoramento constante, para prever o quanto antes e evitar grandes perdas, a conscientização da população que pode auxiliar na prevenção de maneira significativa e não precisa

COMPONENTES DE SUCESSO PARA REDUÇÃO DE RISCO

Gráfico 3-2 | Fonte: Making Cities Resilient, Report 2012: My city is getting ready! - UNISDR,

de muitos recursos; trabalhar em conjunto com diferentes tipos de investidores e organizações, públicas e privadas, locais e regionais, nacionais e internacionais, agregando conhecimento e experiências constantemente.


4. EQUIPAMENTO PÚBLICO X ABRIGO COLETIVO


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Refletindo sobre a importância de abrigar as vítimas após o desastre e com base no trabalho de iniciação científica “Projeto preliminar de edificações multifuncionais para uso coletivo em núcleos de abrigamento temporário” realizado pela aluna Gabriela Marques Gomes, sob orientação da Profa. Dra. Lara Leite, foi pensado em desenvolver um equipamento público que fosse projetado para também ser utilizado como abrigo provisório. O uso de equipamentos públicos, normalmente escolas e ginásios, como abrigo coletivo é muito comum em diversas partes do mundo, não somente no Brasil. Entretanto, a maior parte deles não é preparada para receber esse tipo de uso e, portanto, não é capaz de garantir privacidade ou conforto mínimo aos seus usuários. Há muita resistência dos usuários, e até mesmo o de coordenadores, quanto ao uso de abrigos. Essa resistência é bastante compreensível, já que em muitas situações o abrigo que deveria ser utilizado por apenas alguns meses, pode ficar um ano nesta situação; o provisório que frequentemente acaba virando permanente ou que tem o seu uso estendido por muito tempo. Existem também questões mais delicadas, que envolvem o relacionamento das vítimas com a própria sociedade, ela se encontra em uma posição de exclusão social, a desfrag-

mentação do espaço que representava o seu pertencimento na cidade faz com que ela fique à margem da sociedade. A própria relação entre vítimas, a convivência com pessoas desconhecidas, o sentimento de insegurança, a falta de privacidade e a perda dos laços familiares são fatores muito importantes e que afetam significativamente a vida cotidiana das vítimas, que tentam aos poucos voltar à normalidade. Mas, apesar se estar longe de ser ideal, o abrigo é algo necessário, e em caso de desastres, é indispensável um espaço que consiga acolher a população afetada, mesmo que ele não apresente condições muito apropriadas. Um dos objetivos a serem atingidos, ao projetar um equipamento público que prevê seu uso como abrigo, é justamente o de tentar amenizar, dentro do possível, alguns dos problemas que normalmente são encontrados, como a falta de conforto, a falta de segurança e privacidade, a questão de organização da rotina, a falta de espaços de lazer e de encontro e a falta de local para armazenar os móveis. Além disso, ao se propor um equipamento multifuncional, ele pode ser utilizado como abrigo, mas, em situações de normalidade ele é um equipamento que pode ser utilizado pela população em geral, atendendo outra carência muito comum nas cidades brasileiras, a falta de equipamentos públicos, principalmente os de esporte e lazer.


Fig. 4-1 | Abrigo temporรกrio, ginรกsio do Sesi, Rio Branco, AC | 2015

Fig. 4-2 | Abrigo provisรณrio, ginรกsio da cidade, Teresรณpolis, RJ | 2010.


37 Fig. 4-3 | Esquema - Cidade Resiliente.

Fig. 4-4 | Equipamento Público x Cidade Resiliente.

Por fim, pensando no conceito das cidades resilientes, o equipamento público pode também servir como um edifício que engloba três dos cinco pontos chaves indicados na campanha da ONU: ele pode funcionar como parte da infra estutura da cidade como equipamento público; por meio de palestras, pode ser um local de aprendizado (conscientização); e por fim, ele também pode funcionar como espaço para reunião da população com os arquitetos da prefeitura para participar do planejamento urbano.


5. ESTUDO DE CASO


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Apesar de bastante interessante a escolha por uma cidade de pequeno porte, com menos recursos, e provavelmente com mais problemas a serem resolvidos, era necessário a obtenção de uma quantidade relativamente grande de dados para a realização dos estudos da região. Como o tempo para o levantamento de dados e desenvolvimento do projeto eram restritos, optou-se por escolher um município que já tivesse material suficiente para as análises e execução do projeto. A escolha por um município na Região Metropolitana de São Paulo foi feita pela sua proximidade com a cidade de São Paulo, o que permitiria um contato mais frequente com a área a ser estudada, evitando a necessidade de planejar antecipadamente viagens mais complexas e permitindo maior flexibilidade. No início o contato com as prefeituras para o levantamento de dados não foi fácil, houveram várias tentativas sem sucesso em outras duas cidades. Por intermédio da Profa. Lara Leite, foi possível entrar em contato com Mirian Aranda, uma das assistentes sociais do departamento de Habitação do município de Mauá. Logo após este contato eu tive a oportunidade de presenciar a primeira assembleia relativa à segunda fase do projeto de urbanização e regularização do assentamento precário Chafick, realizada no dia 16 de maio de 2015. Nesta visita foi possível entender as condições precárias do local e conversar brevemente com a assistente

social Mirian Aranda e os arquitetos da Secretaria de Obras Públicas do município de Mauá, responsáveis pelo projeto, o arquiteto Milton Nakamura e a arquiteta Lígia Lupo. Neste dia ainda foi possível conversar com o senhor Jovenildo Lopes, funcionário da Defesa Civil do município de Mauá. A partir desse encontro foi definido o Chafick como área de estudo e de implantação do projeto de um equipamento público multifuncional. Parte do material obtido para o desenvolvimento do projeto foi fornecido pela arquiteta Lígia Lupo, o restante foi obtido através do site da prefeitura de Mauá e também pelo site do Web GIS, uma ferramenta que permite acesso a informações espaciais georreferenciadas. No entanto, foram encontradas algumas dificuldades quanto a disponibilidade dos mapas, apesar de ser possível acessar os mapas pelo Web GIS, não é possível ter acesso aos arquivos em formato .dwg ou algum compatível, mesmo após entrar em contato com o responsável fui informada que o material não era disponibilizado. Além disso, para o terreno escolhido para o desenvolvimento do projeto não havia uma base com as construções existentes, o que dificultou a realização do seu entorno nos desenhos e maquete eletrônica, é importante afirmar que por esse motivo a representação nos desenhos é apenas uma estimativa. Entretanto a falta dessas informações não impossibilitou o desenvolvimento do projeto.


> Fig. 5.1-1 | Chafick, Mauรก, 2015.


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5.1. O Local Para a implantação do equipamento multifuncional foi escolhida a região do Chafick, também conhecida pelo nome de Macuco, localizada no complexo do Zaíra, no município de Mauá. O município de Mauá, assim como muitas das cidades brasileiras teve uma ocupação muito intensa e desordenada, de forma que a cidade não conseguiu acompanhar esse crescimento e como consequência foram geradas inúmeras áreas com muita carência de infraestrutura. Para piorar o quadro, cerca de 80% de seu território é constituído de encostas de morros e interflúvios1. Grande parte dessa área é ocupada de forma irregular e com altas densidades. Essa ocupação gera grandes riscos à população, mas também ao meio ambiente, resultando em inúmeros problemas habitacionais e urbanísticos. As ocorrências mais comuns no município são na forma de escorregamento, e tem ocorrido com grande frequência, com consequências a altos custos econômicos e sociais. MAUÁ. Plano Local de Habitação de Interesse Social de Mauá. Prefeitura do Município de Mauá, 2010. 1

REGIÃO METROPOLITANA DE SP | MUNICÍPIO DE MAUÁ

Mapa 5.1-1 | Fonte: Site da Prefeitura do Município de Mauá, 2010.

A área de Chafick tem cerca de 1,5 milhões de m2 e é composta por aproximadamente 7,5 mil famílias; foi considerada em 2010 a quinta favela com maior número de moradores no estado de São Paulo, e a terceira na Região Metripolitana de São Paulo. Quase toda a sua extensão foi identificada como área de risco pelo levantamento realizado em 2012


ÁREAS DE RISCO E HIDROGRAFIA R1 - Risco Baixo R2 - Risco Médio R3 - Risco Alto

R4 - Risco Muito Alto Hidrografia (EMPLASA) APP 30m (EMPLASA)

Limite do Chafick Limite do município Mapa 5.1-2 | Fonte: Relatório Final, Plano Municipal de Redução de Riscos de Escorregamentos e Solapamentos para o município de Mauá, 2012. <


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pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (Mapa 5.1-2). Devido ao crescimento urbano acelerado e não acompanhado de um planejamento, praticamente toda a região tem deficiência em pelo menos um dos tipos de infraestrutura, como saneamento básico, pavimentação e iluminação pública, além de ser muito precária quanto aos equipamentos públicos, como escolas, creches, saúde e áreas de lazer. O Chafick apresenta uma das piores situações de relevo no município e possui uma grande área de interesse ambiental para preservação. No ano de 2011 ocorreu um dos desastres mais significativos na sua região mais leste, próximo à Rua Lourival Portal da Silva, que resultou em 4 óbitos. Nessa situação foi construído um abrigo provisório à proximidade do local afetado, mas que não foi muito utilizado por ser muito precário. A maioria das famílias ficaram abrigadas na casa de parentes e conhecidos, ou em escolas públicas, que na época estavam em período de férias, então não houve conflito no uso do edifício. As escolas são os locais mais comuns para servirem de abrigo emergencial, ou como é dito no município, de refúgio, e alguns problemas já foram detectados em situações anteriores. Como a resistência para sair da escola após o tempo determinado, pois muitas das famílias vivem em condições

Fig. 5.1-2 | Chafick, Mauá, 2015.

Fig. 5.1-3 | Morro do Macuco, 2011.



Fig. 5.1-4 e 5.1-5 | Chafick, Mauรก, 2015.


EQUIPAMENTOS PÚBLICOS EXISTENTES Educacional Cultural Esportivo e Lazer

Assistência Social Unidade de Saúde Polícia Civil

Limite do Chafick Limite do município Mapa 5.1-3 | Fonte: Site da Prefeitura do Município de Mauá, 2014. <


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mais precárias do que o que é oferecido em um abrigo provisório, além da área de lazer para os mais jovens nas quadras das escolas. É possível notar a grande quantidade de córregos existentes na região, que estão na maior parte das vezes em conflito com a ocupação do solo, feita de maneira desordenada. Praticamente todas as área ocupadas de maneira informal estão sujeitas aos risco de enxurradas ou desmoronamento, ou seja, mais de dois terços das construções existentes estão em áreas de médio, alto e muito alto risco. Sendo que algumas delas precisam ser retiradas com urgência. Desde 2012 a Secretaria de Obras Públicas do município está organizando e fazendo um planejamento de urbanização e regularização de todo o Chafick, sendo esse processo divido em duas fases. A primeira fase, que consiste nas zonas 4 e 5 do Zaíra, levou cerca de um ano e meio para chegar à uma proposta final de projeto. É interessante destacar que esse processo teve participação da população residente, que ajudou na preparação doZONEAMENTO levantamento e diagnóstico utilizados para a elaboração do projeto final, que também foi apresentado à população antes de ser enviado à Caixa Econômica. A segunda fase do projeto começou no meio de maio, mas não obteve grande participação da popula-

ZONEAMENTO

Mapa 5.1-4 | Fonte: Site da Prefeitura do Município de Mauá, 2014.


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ção, que pelo o que foi entendido na assembleia, está muito desacreditada. Segundo os moradores há pessoas morando nessas condições há cerca de 20 anos, e como muito pouco do que foi prometido foi realmente feito a maioria das pessoas não acredita em novas propostas de intervenção.

PROJETO BÁSICO DA IMPLANTAÇÃO DA 1ª ETAPA

Esse projeto de urbanização prioriza a permanência das casas no local atual sempre que possível, pois entende-se o apego criado pelos moradores com a terra, além de que em muitos casos onde há um reassentamento em uma região longe do local inicial, grande parte das famílias retorna às áreas de risco pois preferem se arriscar novamente do que morar em um local muito longe do trabalho e da vida social consolidada.

PERÍMETRO DA 1ª ETAPA | PROJETO DE URBANIZAÇÃO

Mapa 5.1-5 | Fonte: Urbanização de Assentamentos Precários, Chafick Macuco - Prefeitura do Município de Mauá, 2014. Mapa 5.1-6 | Fonte: Urbanização de Assentamentos Precários, Chafick Macuco - Prefeitura do Município de Mauá, 2014 <



PROPOSTA DE EQUIPAMENTOS Equipamentos Existentes Equipamentos Propostos

Limite do Chafick Limite do município Mapa 5.2-1 | Base: Site da Prefeitura do Município de Mauá, 2014. <


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5.2. Proposta Inicial A política quanto aos desastres naturais no município de Mauá segue a tendência nacional, que consiste em tomar iniciativas preventivas. Neste sentido, o que a Defesa Civil faz é monitorar frequentemente e dentro do possível, os fenômenos naturais e eventos que podem causar um desastre. Em uma situação de grande risco os moradores dessa área devem retirar-se imediatamente, evitando consequências mais drásticas, como a perda de bens e até de vidas. Entretanto, mesmo sendo retirados de uma situação de perigo esses moradores ainda se encontram em condição delicada. Se antes estavam em um local que apresentava grande vulnerabilidade devido às condições físicas, agora estão sem uma casa e precisam encontrar um novo local para morar, mesmo que provisoriamente. Há programas assistenciais, como o Bolsa Aluguel, que podem auxiliar as famílias a terem acesso a um local mais seguro. Contudo, é preciso passar por um processo burocrático que pode ser bastante demorado e, muitas vezes, mais complicado em se

tratando de famílias compostas por um grande número de indivíduos. Considerando a ampla extensão e o grande número de habitantes do Chafick, e com o intuito de atender principalmente a população que fica desamparada no processo de conseguir o auxílio, é proposto um conjunto de equipamentos públicos com uso multifuncional localizado à proximidade do Chafick, mas fora das áreas de risco1. No entanto, o objetivo final desse edifício é o de servir a população como um todo. Em outras palavras, o projeto busca criar espaços que podem ser utilizados de diferentes maneiras, como abrigo e como equipamento público, dependo da situação em que as pessoas da região se encontram. Assim, ele visa servir a sociedade em dois âmbitos: no de auxiliar aqueles que se encontram em uma condição fragilizada devido às precárias condições do meio em que habitam, e também no de atender toda a população local provendo espaços de qualidade por meio de equipamento culturais, educacionais,

1

Verificar mapa das áreas de risco indicado na página 42.


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ou esportivos e de lazer. É importante ressaltar que essa proposta está diretamente relacionada ao conceito de Cidade Resiliente2. Como dito anteriormente, já existem projetos relacionados à reurbanização da área do Chafick, na qual um dos objetivos é o de prover moradia segura para todos. Contudo, mesmo que esses projetos sejam realizados em sua totalidade e que consigam atender efetivamente toda a população, eles levarão algum tempo para serem totalmente implantados. Durante esse período vão existir pessoas desabrigadas que ainda não possuem uma moradia apropriada, e que precisam de algum tipo de suporte. O complexo de equipamentos pode ser visto como um complemento desses projetos de planejamento urbano. Admitindo-se que no momento existem muitas casas em situação de risco e que seus moradores eventualmente precisarão ser realocados, podemos pensar que a proposta atende a comunidade de maneira distinta a curto e a médio ou longo prazo, mas sempre com foco em ajudar a transformar o município em uma cidade resiliente. A curto prazo os equipamentos são mais utilizados como abrigos temporá-

2

Mencionado no Capítlo “Cidades Resilientes”.

rios, com o foco em acolher as pessoas desabrigadas devido às ações preventivas da Defesa Civil, mas que aguardam uma casa adequada. A médio e longo prazo, ou seja, depois que os projetos de reurbanização estivem finalizados, eles funcionarão como um sistema de equipamentos públicos para toda a região, neste caso consideramos que não haverá mais necessidade de eles serem utilizados como abrigos, pois todas as habitações estarão fora das áreas de risco. Com exceção de situações extremas, quando algum fenômeno natural tem magnitude maior que o previsto. Neste caso os equipamentos podem ser utilizados como abrigos. Ou seja, cada um dos equipamentos é constituído por pelo menos um edifício multiuso para atender as pessoas da região nas seguintes situações: - Situação normal: o edifício funciona como um equipamento público comum, atendendo suas atividades específicas, como por exemplo, um ginásio terá basicamente atividades relacionadas ao esporte. Nessa circunstância o edifício não é utilizado como abrigo; - Situação de prevenção: o local funciona como um abrigo emergencial ou temporário para alojar os indivíduos desabrigados por possuírem moradia em local de grande


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risco. Logo após serem removidas as pessoas precisam de um local para ficar, mesmo que por apenas alguns dias. No caso de apresentar dificuldade para participar do Bolsa Aluguel, o tempo de permanência no abrigo pode se estender por algumas semanas, com limite máximo de alguns meses; - Situação em caso de desastre: neste caso o equipamento funciona como um abrigo emergencial para atender o máximo de pessoas que ficaram desalojadas de maneira abrupta e que estão em uma situação psicológica bastante abalada.

vias estruturais e de pontos de ônibus, por exemplo; - Estar localizado em lotes vazios, abandonados ou estacionamentos, sem que haja necessidade de realocar ninguém. Para cada um dos edifícios é previsto um programa diferente, uma vez que o uso deles nem sempre é compatível. Entretanto, por se tratar de um conjunto, a estrutura e os material utilizados são comuns a todos, criando uma identidade visual que pode ser identificada pelos usuários.

- Estar localizado à proximidade do Chafick, facilitando o acesso aos equipamentos públicos e ao abrigo em situações de desastres ou de prevenção;

Logo no início do desenvolvimento da proposta, a possibilidade de que esses edifícios pudessem ser desmontáveis foi considerada interessante, pois eles poderiam atender uma maior quantidade de usuários em uma área mais abrangente. Contudo essa ideia daria um caráter temporário que não era desejado. Mesmo que a estrutura fosse construída para ter uma vida útil longa, e que pudesse ser utilizada por um longo período, mas por diferentes pessoas, a ideia de um equipamento atender determinada população por um período restrito não é bem aceito pelas prefeituras. Como verificado pela Professora Lara Leite, não há muito interesse em investir em algo que poderá ser removido do município.

- Possuir acesso relativamente facilitado, estar próximo de

Além disso, há ainda a questão de que este equipamento

A partir dessa proposta foram selecionados seis terrenos para a implantação de seis equipamentos públicos, como pode ser visto no Mapa 5.2-1. A escolha dos terrenos foi feita considerando principalmente os seguintes itens: - Estar fora da área de risco, pois em casos de desastres os abrigos devem estar em um local seguro e acessível;


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não será utilizado apenas como abrigo, na realidade é importante afirmar que os edifícios propostos são propostas de equipamentos públicos que podem ser adaptados facilmente para serem utilizados como abrigos. Na minha opinião, o caráter temporário também não é adequado pensando na questão da Cidade Resiliente, os equipamentos devem ser permanentes, a população local deve vê-los como um local seguro, e se eles podem ser removidos e levados para outro lugar ele não será visto como um espaço que pertence a cidade. Assim, foi decidido que os edifícios seriam fixos e permanentes, para atender a população, como dito anteriormente, a curto e a médio e longo prazo. A proposta se encaminhou para a ideia de construir um edifício multifuncional que a princípio tivesse um caráter mais transitório, e que no decorrer do tempo pudesse ser complementado. A construção do equipamento seria feita em diferentes fases, sendo uma estrutura mais simples na primeira delas e um edifício mais consolidado no final do processo, como no projeto Uber Shelter3. O investimento necessário para a sua construção poderia ser feito aos poucos, o que pode ser interessante uma vez que nem sempre há verba suficiente para um projeto mais complexo.

3

Referência do projeto Uber Shelter na p. 66.

Entretanto, como em muitos casos, há uma grande probabilidade de esta situação provisória se tornar permanente; podendo se transformar em um grande problema, pois algo projetado para durar apenas alguns meses pode apresentar riscos estruturais se utilizado por alguns anos, por exemplo. Além disso, as necessidades dos próprios usuários podem mudar dependendo do período de estadia, um abrigo emergencial deve ser utilizado por apenas alguns meses, pois não possui muito conforto e não se preocupa com questões de privacidade como em um abrigo temporário, que pode ser utilizado por um período mais longo. Consequentemente, optou-se por desenvolver uma estrutura mais consolidada desde o início, mas que ainda pudesse ser feita em diferentes fases. O fato da construção ser feita em diferentes fases limitou o material a ser utilizado para sua estrutura. Considerando os mais frequentes tipos de estrutura no Brasil: concreto armado moldado in loco, pré-fabricado de concreto armado e estrutura metálica, foi “pré-escolhido” o tipo de estrutura mais adequado. Dentre essas três opções a única opção que viabilizaria uma construção feita em diferentes fases, na qual o edifício pode ser utilizado durante o processo é a es-


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trutura metálica. Neste caso os pilares podem ser soldados mesmo após parte da construção já estar consolidada, além de consistir basicamente de materiais secos e assim possuir um canteiro muito mais limpo e organizado. Também foi considerada a possibilidade de utilizar estruturas menos convencionais como o Painel Estrutural OSB e o Light Steel Framing. Entretanto em ambos os casos a estrutura é feita por paredes/painéis distanciadas de no máximo 6m, o que limita de forma significativa nas dimensões dos ambientes, e que pode ser indesejável em um projeto que visa recintos relativamente grandes.

A seguir temos uma breve descrição das ideias iniciais de cada um dos equipamentos propostos, numerados conforme indicado no Mapa 5.2-2. Para cada um dos terrenos selecionados está indicada a área aproximada e o desenho dos lotes4 em escala 1:2000, assim como uma imagem da situação atual do local5.

Todos os equipamentos propostos são de caráter público, com o foco em atender a comunidade como um todo e não um grupo específico de pessoas. O objetivo em comum deles é o de fornecer um espaço de qualidade, proporcionando novos edifícios para atender atividades específicas, como esportivas e culturais, de maneira a permitir que as pessoas possam melhor se apropriar de sua cidade; além de criar lugares que possam acolher, de maneira mais confortável, as pessoas em situações de risco ou desabrigadas devido aos desastres naturais.

Áreas e desenhos levantados com base no site da prefeitura: http://interno.maua.sp.gov.br:8018/maua/sic.html 4

5

Imagens retiradas do aplicativo Google Earth acessadas em Junho de 2015.


Mapa 5.2-2 | Esquema dos equipamentos propostos. <


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1. Complexo Esportivo (2.850 m2)

local só seria utilizado como abrigo em situações extremas, como por exemplo no caso de um grande número de casas em situação de risco ou no caso de um desastre que impossibilitasse os afetados de retornar às suas moradias de maneira segura.

2. Escola de Música e Dança (590 m2)

No único terreno com grandes dimensões encontrado à proximidade do Chafick, foi pensada na implantação do maior dos equipamentos. A ideia é de propor um complexo com quadras esportivas e área de lazer para complementar os outros espaços já destinados a esse tipo de atividade. Como podemos observar no mapa de Equipamentos Públicos Existentes (p. 46), há algumas quadras na região próxima ao Chafick, entretanto todas se tratam de locais descobertos e com pouca ou nenhuma infraestrutura para área de apoio. O diferencial deste projeto é o de possuir quadras poliesportivas cobertas e com arquibancadas, além de uma área de apoio completa com vestiários, restaurante e/ou café, administração e espaços de encontro. A maior complexidade deste equipamento permite um uso mais apropriado no caso de ser utilizado como abrigo provisório. No entanto, o

Com a finalidade de criar um espaço para o aprendizado e ensaio de instrumentos musicais e de coreografias dos mais diversos estilos de música e dança é proposta a Escola de Música e Dança. Este espaço não pertence a apenas um grupo ou escola, ele é destinado a todos da comunidade. Juntar os dois tipos de atividades pode ser interessante devido à afinidade das mesmas, e estar em um mesmo edifício permite que essas atividades possam ser complementares nas aulas e nos ensaios com certa facilidade. Além disso, ambas as atividades podem gerar muito ruído e perturbar o seu entorno; unir tudo em apenas um edifício permite tratar


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das questões de conforto acústico no mesmo projeto.

3. Creche (385 m2)

Proposta para um local com salas de aula e brinquedoteca para atender as crianças da região, complementando as escolas existentes. O espaço das salas de aula pode ter seu layout rearranjado para alojar as famílias desabrigadas quando o equipamento é utilizado como abrigo temporário. Entretanto, devida a pequena dimensão do lote o próximo equipamento funcionaria como um complemento.

4. Atelier artístico (231 m2)

Um espaço lúdico para a realização de atividades artísticas para diferentes idades. Devido à sua proximidade com a creche, cerca de 50m de distância, ele serve de suporte para a mesma; tanto para o uso como equipamento público, quanto para o uso como abrigo. Assim a pequena dimensão de ambos os lotes é compensada pelo fato de serem complementares, nenhum dos edifícios precisa possuir todos os ambientes. Podemos dizer que eles são um edifício desmembrado em duas construções.

5. Centro Comunitário (460 m2)

Mais voltado para a conscientização da população quanto às questões relacionadas aos desastres naturais, esse equipamento é voltado à importância de compreender o que são cada um dos fenômenos, como algumas ações do homem podem aumentar a vulnerabilidade de um local e o que pode ser feito para diminuir e se prevenir de possíveis desastres. O centro comunitário também pode ser utilizado como


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local de encontro para a discussão de assuntos comuns e de interesse de toda a comunidade, incluindo o tema dos desastres; ou pode ser apenas um local para encontrar os amigos para conversar, estudar e descansar.

6. Playground (466 m2)

Por último temos um equipamento destinado principalmente aos mais jovens. Por estar localizado em uma área rodeada de moradias, o projeto é mais aberto, no sentido de permitir que as pessoas que estão na rua possam passar por dentro dele com grande facilidade, de forma que o térreo seja uma continuação da calçada. Em grande parte dos casos as áreas destinadas ao divertimento dos mais jovens são restritas às instituições de ensino, este edifício é um espaço fora da escola para as crianças poderem brincar no tempo livre e nos fins de semana. A escolha do caráter desses edifícios foi feita principalmente a partir do mapa de Equipamentos Públicos Existentes

(p.46). Podemos observar rapidamente que há somente dois equipamentos culturais, uma quantidade bem menor que a dos outros tipos de equipamentos. Um deles é a Biblioteca Municipal Castro Alves e o outro o Teatro Popular do SESI. Também foi observado, após uma análise mais aprofundada dos espaços esportivos e de lazer, que somente um deles não se trata de uma quadra esportiva. Desta forma foi definido que três dos equipamentos propostos são culturais e dois deles de caráter esportivo e de lazer. Além de analisar os equipamentos existentes, o tamanho do lote também ajudou a determinar o uso do edifício. A partir dos seis equipamentos aqui propostos, foi escolhido um deles para ser desenvolvido projeto mais detalhado, que é apresentado no próximo capítulo: “6. O Projeto”.


6. PROJETO DO EDIFÍCIO


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6.1. Desenvolvimento Após a definição dos equipamentos ao longo do Chafick, foi escolhido um deles para a elaboração de um projeto mais aprofundado. Foi selecionado o Centro Comunitário, pois ele possibilita usos que podem ser bastante relacionados com o engajamento da população quanto às questões relacionadas aos desastres, ao planejamento urbano e por simplesmente possibilitar um espaço para o encontro de pessoas, um local que possa ser visto como parte da vida cotidiana da população local. Primeiramente foi feita pesquisa e análise de alguns projetos existentes, focando-se principalmente nos centros comunitários. Foram identificadas significativas diferenças entre eles; quanto à sua forma, utilização dos espaços e materiais para sua construção. Serão apresentados adiante dois exemplos que ilustram questões que considerei relevantes e que gostaria que fossem abordadas no meu projeto. Em seguida foram verificadas possíveis limitações do lote, como a topografia e o zoneamento da região. A próxima fase consistiu na elaboração de um programa preliminar, com o intuito de definir os diferentes usos e o espaço necessário

para suas atividades, atentando sempre às restrições do local. A partir de então foram feitos diferentes desenhos e estudos sobre o terreno, com volumetrias e organização espacial diferentes. Concomitantemente, foi feito um breve levantamento de alguns materiais e processos construtivos disponíveis no mercado que poderiam ser utilizados. Ao pensar na volumetria, foram também verificadas possíveis soluções estruturais e diferentes organização dos ambientes internos; houve bastante preocupação em atender, sempre que possível, o programa definido anteriormente. Neste processo foram criados diferentes desenhos, sendo alguns deles propostas bastante distintas do projeto final. Em seguida serão apresentadas algumas dessas propostas, pois apesar de todas as disparidades elas ajudaram na definição do desenho final. Depois de resolvida a estrutura e a distribuição interna, foi feito maior detalhamento de itens pontuais para melhor explicar o edifício. Por fim foram indicadas as diferentes etapas de construção e algumas diretrizes quanto à gestão e utilização do espaço proposto.


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6.2. Referências de Projeto Os dois projetos apresentados a seguir são diretamente relacionados ao tema dos desastres, entretanto são duas propostas de projeto totalmente distintas. A ideia de desenvolver um projeto construído em diferentes etapas veio do primeiro projeto, o Uber Shelter. Ele é um abrigo de transição com estrutura metálica pré-fabricada que é transportado em forma de pacotes para serem montados e servirem de habitação para a população desabrigada. Sua estrutura pode ser montada em diferentes fases, no início a habitação tem caráter emergencial e depois ela vai se consolidando até se tornar uma construção mais permanente; ela pode também ser ampliada de acordo com as necessidades e materiais a disposição. O segundo é um equipamento público cuja parte da estrutura foi feita a partir troncos de árvores da própria região. O conceito de criar um local a partir dos destroços deixados, para encontro e discussão sobre o futuro de uma cidade que foi praticamente toda destruída, é muito interessante. Este projeto nos mostra a importância que um pequeno

e modesto centro comunitário pode ter, e como ele pode funcionar como base para que a cidade possa se reerguer depois de tamanha destruição; apesar do projeto final apresentado neste trabalho ser bastante distinto esteticamente, o conceito de propor um espaço de qualidade foi uma de suas diretrizes.


Fig. 6.2-1 | Uber Shelter || Fig. 6.2-2 | Home-for-All <


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6.2.1. UBER SHELTER A ideia inicial foi criada por Rafael Smith e desenvolvida em sua tese de Graduação em Desenho Industrial. A proposta foi de criar um abrigo de transição que rapidamente pudesse ajudar as vítimas de desastres naturais e que, eventualmente, pudesse ser transformado em uma habitação permanente. Com esse projeto preliminar Rafael ganhou alguns prêmios de design e, depois de conseguir alguns financiamentos, formou uma equipe de doze pessoas para construir um protótipo e aperfeiçoar o seu projeto anterior para chegar no que hoje conhecemos como Uber Shelter.

de chuvas muito fortes e enchentes, e também de ser implantado em locais com o terreno desnivelado. 4. Pequena área de contato com o chão: devido a escassez de terrenos após o desastre, deste modo o aproveitamento do solo é maior. 5. Reutilização: todo o abrigo pode ser reutilizado e transportado para outro local sem muitas dificuldades. 6. Adaptação: adequação do projeto de acordo com as condições e materiais locais, além disso o projeto deve ser capaz de crescer se houver necessidade.

No processo de criação do abrigo, Smith determinou seis itens como suas diretrizes: 1. Facilidade de transporte: pode ser despachado em forma plana, carregado sem a necessidade de equipamentos, e com dimensões que permitissem um transporte feito por caminhões. 2. Facilidade de construção: montagem feita sem a necessidade de ferramentas elétricas. 3. Regulagem na altura da base: possibilidade de elevar a construção para um nível mais alto que o chão, no caso Fig. 6.2.1-1 | Elevação lateral.


Fig. 6.2.1-2 | Foto do prot贸tipo. <


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O resultado final é um modelo que pode ser facilmente montado apenas com o uso de ferramentas comuns. Sua estrutura é constituída de perfis metálicos pré-fabricados, com piso de madeira compensada, paredes e cobertura compostas de placas de polipropileno e apoios telescópicos que podem ser regulados para se adaptar ao terreno. Todo o conjunto pode ser embalado em três pacotes, com cerca de 180 kg cada um, que podem ser carregados por seis pessoas e colocados em uma caminhonete para transporte. Fig. 6.2.1-3 | Modelo final.

A montagem é feita da seguinte forma: após seus componentes serem desempacotados, a estrutura metálica e o piso são montados com o auxilio de chave inglesa, chave soquete e chave de fenda. Depois, as amarrações e os suportes das paredes são instalados; em seguida são montadas as paredes e os apoios da cobertura, as portas e as janelas; por último é instalado o telhado.

Montagem

pacote (122 x 244 x 76 cm)

Fig. 6.2.1-4 | Áreas internas.

estrutura metálica e pisos

Fig. 6.2.1-5 | Esquema com as fases de montagem.

paredes e janelas


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do desastre, os outros componentes poderiam ser manufaturados in loco, criando empregos para a população da região e utilizando materiais locais e culturalmente aceitos.

Modulação

módulo adicional

duplex

quadriplex

Fig. 6.2.1-6 | Diferentes modulações.

No caso de situações pós-desastre os pacotes podem ser recebidos em diferentes momentos, proporcionando diferentes estágios de abrigo. No primeiro momento é entregue apenas o pacote com a estrutura metálica e o piso, que podem ser montados prontamente, oferecendo alívio imediato. No próximo pacote são entregues as paredes, as janelas, as portas e a cobertura. Se necessário, outras entregas podem ser realizadas contendo módulos adicionais para possíveis ampliações. Entretanto, em uma situação real os moradores poderiam encontrar materiais locais para complementar esse abrigo, transformando-o em uma construção mais permanente. O objetivo principal não é o de apenas entregar um abrigo, mas sim de ele funcionar como um catalisador no processo da reconstrução das habitações. Assim, apesar de a estrutura principal ser pré-fabricada e somente entregue no local

No início de 2011, a equipe foi para o Haiti com dois protótipos para serem experimentados por pessoas afetadas pelo terremoto que atingiu o Haiti em 2010. A ideia era a de receber um feedback com a opinião das duas famílias que utilizaram o Uber Shelter, e a partir de então aprimorar o projeto do abrigo. A equipe espera também ter maior contato com organizações que ajudam a população nessas condições, para compreender a melhor forma de transportar os pacotes e implementar o projeto depois de um desastre.

Fig. 6.2.1-7 | Vista do segundo piso.



Fig. 6.2.1-8 | Fotos da montagem.<


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6.2.2. HOME FOR ALL Um local destinado àqueles que perderam suas casas e seus empregos por causa do terremoto e do tsunami que atingiram a costa nordeste da região de Tohoku no Japão, em 2011.

Heita, Kamaishi

Higashimatsushima

Iwanuma

Kamaishi shopping street

Unosumai, Kamaishi

Kamaishi

Miyaginoku

Miyatojima

Oya, Kesennuma

Rikuzentakata

Soma, Fukushima

Tsukihama

Fig. 6.2.2-1 | Região de Tohoku, Japão.

Algumas semanas depois do desastre, cinco arquitetos voluntários (Riken Yamamoto, Hiroshi Naito, Kengo Kuma, Kazuyo Sejima e Toyo Ito), juntamente com uma equipe de jovens arquitetos, se uniram para ajudar na reconstrução das cidades destruídas e no dia-a-dia das comunidades.


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O resultado final levou em consideração conversas com as pessoas afetadas, e foi chamado “Home-for-All”; seu objetivo é oferecer um local onde as pessoas podem se encontrar para relaxar e discutir sobre o futuro de sua cidade, um espaço para se sentir em casa. Até o momento foram construídos onze centros comunitários em diferentes cidades da região de Tohoku, como indicado na Fig. 6.2.2-2. Nos três anos seguintes do desastre, os projetos foram desenvolvidos individualmente e liderados por organizações sem fins lucrativos, com patrocínios de organizações e associações locais. A partir de então as questões operacionais e de gestão se tornaram mais complexas e foi decidido criar uma organização sem fins lucrativos única para apoiar todos os centros comunitários, a HOME-FOR-ALL.

Fig. 6.2.2-3 | Tsunami em Rikuzentakata, 2011.

Dentre os onze centros construídos está o Home-for-All de Rikuzentakata, situado em uma pequena cidade chamada Rikuzentakata, na província de Iwate. Ela foi um dos locais mais devastados no desastre de 2011, perdeu aproximadamente 1.800 moradores e ficou com cerca de 5.000 desabrigados.

Fig. 6.2.2-4 | Corte esquemático.

> Fig. 6.2.2-2 | Os doze projetos Home-for-All.


72 Fig. 6.2.2-5 | Construção dos pilares para o projeto.

Com praticamente toda a cidade destruída não foi fácil localizar um local para o centro comunitário; além das questões de pertencimento da terra, haviam as condições topográficas que poderiam inviabilizar sua implantação. Felizmente, foi encontrado um local relativamente plano e em posição estratégica onde foi feita a construção do edifício projetado pelos arquitetos Toyo Ito, Kumiko Inui, Sou Fujimoto e Akihisa Hirata.

Fig. 6.2.2-6 | Montagem dos pilares.


Fig. 6.2.2-7 | Home-for-All, Rikuzentakata, 2013. <


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Deste modo, um modesto centro comunitário foi levantado ao lado dos destroços. O material utilizado para parte de sua estrutura foram as árvores que se encontravam nas áreas próximas, ou o que tinha sobrado delas. Durante alguns meses o local recebeu diariamente voluntários dispostos a ajudar na construção do projeto. Como resultado final o Home-for-All se tornou um marco na cidade, um símbolo que representa uma renovação a partir das ruínas deixadas pelo terremoto seguido de tsunami. O edifício possui colunas de madeira como parte do sistema estrutural, material também utilizado nos balcões onde seus usuários podem observar todo o seu entorno. Apesar de ser relativamente pequeno, ele consegue criar ambientes confortáveis e aconchegantes, suficientes para atender as necessidades da situação. O projeto obteve bastante êxito, foi constituído sem a necessidade de grandes investimentos ou tecnologias e contou com a participação da população local, tanto para o seu planejamento quanto para a sua construção, e se tornou inclusive uma referência na arquitetura.

Fig. 6.2.2-8 e 6.2.2-9 | Estrutura externa e balcões de madeira.


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Talvez mais importante que o produto final, seja o processo e o que dele pode ser compreendido. Quando entrevistado sobre a interação da população na realização do projeto Home-for-All, o arquiteto Toyo Ito comenta1:

“Apesar do projeto primeiramente querer dar apoio às pessoas, realizar essas atividades também foi uma maneira de questionar o que os arquitetos deveriam projetar e o como isso deveria ser feito; o que é a arquitetura a partir de agora e como nós devemos criar essa arquitetura. Portanto, isso era algo conceitual que nós tentamos ensinar à nova geração de arquitetos, a fim de repensar a arquitetura; e isso é algo que nós podemos fazer agora mesmo, porque isso é algo que está acontecendo neste momento. Essa é uma questão muito importante para todos nós”*.

Fig. 6.2.2-10 e 6.2.2-11 | Ambientes internos.

Entrevista realizada por Gonzalo Herrero Delicado e María José Marcos para a Editora Domus, publicada em 13 de setembro de 2013. 1

*

Tradução feita pela autora.


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6.3. Estudos iniciais Neste item são apresentados alguns estudos realizados durante o processo de desenvolvimento do projeto, incluindo materiais, algumas ideias de implantação, volumetria e distribuição de ambientes que influenciaram, de certa forma, no resultado final.

6.3.1. Painéis de vedação Light Steel Framing Como citado anteriormente, foi selecionada a estrutura metálica para composição do edifício. Além de ser o único tipo de estrutura que viabilizaria uma construção em diferentes etapas, a escolha também levou em consideração outros fatores como a sua disponibilidade no mercado brasileiro, suas propriedades quanto à resistência estrutural e a rapidez com a qual ela pode ser construída. A partir de um breve estudo sobre estrutura metálica e pai-

Trabalho final em grupo para a disciplina PCC2541 - Inovação tecnológica na produção de edifícios, ministrada pela Profa. Dra. Mercia Maria Bottura de Barros e cursada no segundo semestre de 2014. 1

néis de Light Steel Framing (LSF), realizado para um trabalho acadêmico1, foram levantadas algumas características, vantagens e desvantagens, e até mesmo problemas existentes quanto à compatibilização da estrutura metálica com os diferentes tipos de vedação disponíveis no mercado brasileiro. -> Light Steel Framing Vantagens: - Permite revestimentos de diversos tipos; - Rapidez na montagem quando comparada à alvenaria tradicional; - Facilidade para instalações hidráulicas e elétricas; - Leveza da estrutura e dos painéis; - Precisão geométrica; - Mais flexível durante a montagem; Desvantagens: - Mão-de-obra especializada;


77 Fig. 6.3.1-2 | Montagem do LSF.

Porque não o Painel de OSB? - Menor durabilidade (incêndios e umidade) – questão importante em casos de abrigos, sanitários e cozinhas; - Sujeito a ataques de insetos; - Menor disponibilidade no mercado; - Aceitação pelos usuários pode ser menor. Placas Cimentícias - Principal opção para fechamento disponível no mercado nacional; - São permeáveis a vapor de água com absorção variável entre fabricantes (quanto maior a absorção maior potencial de movimentação e mais cuidados necessários); - Pode ter malha de fibra de vidro ou dispersa em sua composição quanto na sua borda; Fig. 6.3.1-1 | Tipos de Fechamento.


78

- Características: - Elevada resistência a impactos; - Incombustível; - Facilidade de corte; - Baixo peso próprio (18 kg/m²); - Dispensa execução de chapisco, emboço e reboco; -Compatível com acabamentos como pintura, cerâmica (usar argamassa colante flexível), placas de rocha e outros. Fig. 6.3.2-2 | Volume - estudo 2

6.3.3. Volumes e Plantas

Fig. 6.3.2-1 | Volume - estudo 1

Fig. 6.3.2-3 | Volume - estudo 3


79 CENTRO COMUNITÁRIO

Sala bomba + reservatório água Depósito (divisórias depósito) Depósito (material equipamento) Depósito lixo + lixeira

ABRIGO COLETIVO

Fig. 6.3.2-4 | Volume - estudo 4

Sala bomba + reservatório água Depósito (divisórias depósito) Depósito (material equipamento) Depósito lixo + lixeira

SUBSOLO

Depósito provisório

Fig. 6.3.2-5 | Plantas - estudo 4


CENTRO COMUNITÁRIO

Área comum Cozinha Sanitário

ABRIGO COLETIVO Área comum

Área comum

Cozinha

Cozinha

Sanitário

Abrigo

Depósito (divisórias não utilizadas)

Sanitário

Sala de aula

Não acessível

ABRIGO COLETIVO

CENTRO COMUNITÁRIO

TÉRREO

CENTRO COMUNITÁRIO

Depósito (divisórias não utilizadas)

Sala de aula

Abrigo

Atelier

Sanitário

Administração Sanitário/Vestiário

ABRIGO COLETIVO

CENTRO COMUNITÁRIO

Depósito (limpeza)

Sala de aula

Abrigo

Atelier

Sanitário

Administração Sanitário/Vestiário

1 PAVIMENTO

Depósito (limpeza)

Fig. 6.3.2-6 | Plantas - estudo 4


ABRIGO COLETIVO

CENTRO COMUNITÁRIO

Sala de aula

Abrigo

Atelier

Sanitário

Administração

Não acessível

Caixas d’água Lavanderia Local para pendurar roupa

Sanitário/Vestiário

ABRIGO COLETIVO

CENTRO COMUNITÁRIO

PISO TÉCNICO

Depósito (divisórias não utilizadas)

Sala de aula

Abrigo

Atelier

Sanitário

Administração

Não acessível

Sanitário/Vestiário

Fig. 6.3.2-7 | Plantas - estudo 4

COBERTURA

2 PAVIMENTO

Depósito (divisórias não utilizadas)


82

6.4. Projeto Final Após os diversos estudos realizados, como demonstrado anteriormente, foi optado por um edifício com forma regular que permitisse uma estrutura mais simples e compatível com a racionalização da estrutura metálica. O centro comunitário é um equipamento de lazer e cultura, um local para discutir a cidade, para aprender sobre os desastres naturais, para assistir um filme e para se encontrar com os amigos. Ele busca criar um espaço para convivência e para a comunidade se sentir segura podendo ser utilizado de diferentes formas e em diferentes situações.

Fig. 6.4-1 - Implantação Projeto Final <


IMPLANTAÇÃO 1 : 500


E

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A

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B

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C

E

D

PLANTA SUBSOLO | CENTRO COMUNITÁRIO 1 : 150


E

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A

A

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C

E

D

PLANTA SUBSOLO | ABRIGO COLETIVO 1 : 150


E

D

A

A

B

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C

E

D

PLANTA TÉRREO | CENTRO COMUNITÁRIO 1 : 150


E

D

A

A

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C

E

D

PLANTA TÉRREO | ABRIGO COLETIVO 1 : 150


E

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A

A

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B

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C

D

PLANTA 1O e 2O PAVIMENTO | CENTRO COMUNITÁRIO 1 : 100


E

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A

A

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B

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C

D

PLANTA 1O e 2O PAVIMENTO | ABRIGO COLETIVO 1 : 100


E

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A

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C

D

PLANTA 3o PAVIMENTO 1 : 100



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PLANTA CAIXA D’ÁGUA 1 : 100



E

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A

A

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C

D

PLANTA COBERTURA 1 : 100



CORTE AA 1 : 200


CORTE BB 1 : 200


CORTE CC 1 : 200


CORTE DD 1 : 200


CORTE EE 1 : 200


Fachada Oeste

Fachada Norte

Fachada Leste

Fachada Sul






106

6.4.1. IMPLANTAÇÃO Para a implantação do projeto do equipamento 5 foi escolhido o lote de esquina localizado no encontro da Rua Jesuíno Nicomédio dos Santos com a Rua Adílson Dias de Souza. A cerca de 100m do terreno está localizada a Av. Presidente Castelo Branco que se apresenta como via importante na região e está presente no trajeto de muitas das linhas de ônibus que passam à proximidade do Chafick, por exemplo. A menos de 500m está localizada a base da Defesa Civil do município de Mauá, essa proximidade com o equipamento pode facilitar seu uso pelo órgão: o centro comunitário pode reunir a população para discutir e aprender sobre questões ambientais relacionadas aos desastres. O terreno apresenta algumas características restritivas para o desenvolvimento do projeto do centro comunitário: - Pequena área, de apenas 460m2. - Segundo o plano de desenvolvimento do município de Mauá1, o terreno está localizado na Zona de Uso Diversificado 2 (ZUD 2). Isso significa que ela corresponde à área com certa infraestrutura, mas que apresenta con-

1

LUOS 4968. Fornecido pela Prefeitura do Município de Mauá.

dições geotécnicas desfavoráveis para o adensamento populacional e, por esse motivo, o seu coeficiente de aproveitamento básico é de apenas 1,5. Esse baixo coeficiente restringiu de maneira significativa no tamanho da edificação e criou um obstáculo, pois o lote que já apresenta uma pequena dimensão pode apresentar área construída máxima de apenas 690m2. - Além de ser um terreno pequeno e com baixo CA, ele também apresenta uma forma irregular. Essa forma dificulta o desenvolvimento de um projeto que apresente modulação regular e que ao mesmo tempo consiga aproveitar ao máximo a área disponível. Entretanto, outras duas características que podem ser consideradas desfavoráveis em um projeto foram utilizadas a seu favor: - O fato do lote estar em uma esquina apresentou vantagens por ter maior visibilidade para as pessoas que passam no seu entorno, podendo ser um ponto de referência, e também para aquelas que se encontram dentro do edifício, por não possuir nenhuma construção em um dos seus lados ela permite melhor observar a cidade. Além Fig. 6.4.1-1 | Localização do edifício. <


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Ponto de ônibus Sistema viário Córrego

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Centro Comunitário proposto Equipamento proposto Defesa Civil

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LOCALIZAÇÃO - ENTORNO DO PROJETO

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100


108

disso a esquina possibilita acessos em diversos locais, na frente e em uma de suas laterais. - O considerável desnível de 4 m permitiu a criação de um “subsolo” que não é considerado como área computável se utilizado como garagem. Assim esse grande desnível também possibilitou o ingresso direto da rua para o equipamento em dois níveis diferentes.

ou pela R. Adílson Dias de Souza (786), facilitando o acesso de pessoas com mobilidade reduzida que teriam grande dificuldade em acessar o local pela cota mais alta. O acesso dos carros para a garagem está ao lado do acesso de pedestres na cota mais baixa.

O volume do edifício é regular e modular, para melhor distribuição estrutural; seu resultado foi determinado pelos recuos mínimos indicados no LUOS 4968:

dio mé ico

de Souz

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R. Adíls

R. J

- De fundo seguindo a equação: R=(h/11,5)+0,5 ≥2m, onde R é o recuo mínimo e h a altura total da construção. Como no caso h=17,80 m, o recuo mínimo de fundo é de 2 m.

dos

San tos

- De frente: mínimo de 5 m.

Fig. 6.4.1-2 | Esquema com acessos.

- Laterais segundo a equação R=(h/11,5)+0,5 ≥1,5 m; assim temos recuo mínimo de 2m também para as laterais. Como citado anteriormente, o acesso dos pedestres pode ser feito pela R. Jesuíno Nicomédio dos Santos (cota 782) Fig. 6.4.1-3 | Implantação do projeto. <


109

• Área do terreno: 460 m2 • Área permeável min (5%): 23 m2 - Área permeável: 27,30 m2 • TO máx (70%): 322 m2 - Área ocupada: 172 m2 • CA básico (1,50): 690 m2 - Área construída*: 688 m2 Fig. 6.4.7-3 | Indicação dos recuos.

* Segundo o LUOS 4968 não é considerada área computável para CA: garagem quando localizada no subsolo, térreo ou primeiro pavimento; caixa d’água; barriletes; casa de máquinas; poço de elevador; caixa de escada; caixa de gerador; lixeira; entre outros.


110

6.4.2. PROGRAMA Desde o início do projeto a intenção era a de criar um edifício multifuncional para atender a população da região em diferentes situações, como um centro comunitário e como um abrigo provisório coletivo. Inicialmente foram determinadas os tipos de atividades que poderiam ser realizadas em cada um deles, e a partir de então foi definido um programa que pudesse atender grande parte delas em um mesmo edifício. Para o centro comunitário a proposta era a de criar espaços de encontro e ambientes que pudessem ser utilizados de diferentes maneiras, como por exemplo uma grande sala que pudesse ser utilizada como auditório ou como uma sala de leitura. O seu principal objetivo é o de oferecer à população local um equipamento que possa ser utilizado por todos, para a realização de atividades culturais, educacionais e de lazer. Dentre essas atividades estariam inclusas palestras e até mesmo aulas sobre questões relacionadas aos desastres, com o objetivo de conscientizar a população sobre o tema, discutir sobre e o que pode ser feito para evitar ou amenizar os efeitos de um desastre.

O programa do abrigo, por apresentar um uso mais específico, foi definido a partir de consulta ao trabalho de iniciação científica “Projeto preliminar de edificações multifuncionais para uso coletivo em núcleos de abrigamento temporário” de Gabriela Marques Gomes e com a assistente social do município de Mauá, Mirian Aranda. Dentre os ambientes necessários podemos mencionar: uma cozinha comunitária, vestiários e sanitários, lavanderia (espaço para pendurar as roupas), espaços de convívio , local para dormir e depósito. A solução encontrada para conciliar as diferentes atividades do abrigo e do centro comunitário foi a de criar espaços flexíveis, que pudessem comportar atividades bastante distintas apenas com a reorganização de seu layout. Seguindo essa lógica foi considerado um bloco onde estariam localizados os ambientes que não apresentariam mudanças de layout muito significativas, como sanitários, cozinha, lavanderia e administração. Assim, o restante do pavimento seria livre e poderia criar diferentes ambientes por meio de divisórias móveis. Outro fator que definiu a organização dos pavimentos foi o de possuir sanitários em todos os andares, sendo que pelo


111

menos um deles deveria ser acessível a pessoas de cadeira de rodas. Na realidade, a acessibilidade é uma das preocupações do projeto, além dos sanitários, os vestiários também podem ser utilizados por pessoas de cadeira de rodas, a área de circulação e de banho foram dimensionadas de acordo com a NBR 9050. As dimensões de todas as portas e passagens também foram feitas de forma a atender as distâncias mínimas.

Fig. 6.4.2-1 | Esquema volumétrico: Térreo - Cobertura.

Após diversos estudos de volumetrias e distribuição dos ambientes foi definido um programa para o centro comunitário e outro para o abrigo, como indicado nas Tabelas 6.4.2-1 e 6.4.2-2. É importante ressaltar que o programa apresentado é apenas uma sugestão de como o edifício poder ser organizado., pois o espaço livre de cada pavimento pode ser organizado e utilizado de acordo com as necessidades dos usuários.


PROGRAMA CENTRO COMUNITÁRIO AMBIENTE Convívio Recepção Salão [2] Educação ambiental Sala de Reunião Atelier Auditório Café Cozinha/ Copa Administração Depósitos Depósito - Cama do abrigo [4] Depósito - Lavanderia Depósito - Divisórias do depósito provisório Depósito - Uso geral Sanitários + Vestiários Sanitários [6] Sanitários acessíveis [4] Vestiários [2] Lavanderia Áreas técnicas Reservatórios: águas pluviais, tratamento (reuso) e reserva técnica Reservatórios: água fria e térmico (aquecimento solar) Coletores solares Depósito de lixo + lixeira Estacionamento Circulação Total

ÁREA [m2] 98,90 4,10 196,00 38,30 38,30 59,70 59,70 18,30 25,00 33,80 45,70 17,00 9,70 9,60 9,40 131,80 72,00 11,80 48,00 12,90 114,40 55,00 29,70 29,70 15,90 230,00 217,50 1039,30

> Tabela 6.4.2-2 | Sugestão de programa para o Centro Comunitário.


PROGRAMA ABRIGO COLETIVO AMBIENTE Convívio Recepção Quartos [10] Camas: 1 casal + 2 solteiro [4] Camas: 1 casal + 3 solteiro [6] Quarto do coordenador Cozinha/ Copa Administração Depósitos Depósito - Mobiliário do centro comunitário [4] Depósito - Lavanderia Depósito - Uso geral Depósito provisório - Bens dos abrigados [13] Sanitários + Vestiários Sanitários [6] Sanitários acessíveis [4] Vestiários [2] Lavanderia Áreas técnicas Reservatórios: águas pluviais, tratamento (reuso) e reserva técnica Reservatórios: água fria e térmico (aquecimento solar) Coletores solares Depósito de lixo + lixeira Circulação Tabela 6.4.2-1 | Sugestão de programa para o Abrigo. <

Total

ÁREA [m2] 117,20 4,10 163,00 52,40 110,60 10,30 25,00 23,50 112,90 17,00 9,70 19,00 67,20 131,80 72,00 11,80 48,00 12,90 114,40 55,00 29,70 29,70 15,90 308,30 1039,30


114

6.4.2.1. SUBSOLO Um dos requisitos para o abrigo coletivo era o de possuir depósitos, um local que as famílias desabrigadas possam guardar os seus bens: mobiliário, eletrodomésticos, eletrônicos e qualquer outro tipo de material que tem valor para a família. No caso não seriam aceitos animais domésticos, pois apesar de se compreender que é frequente a obtenção de um animal de estimação e que ele é de grande valor sentimental, o projeto teria que considerar muitas questões particulares para que esses animais pudessem conviver junto com as famílias, o que não era foco no projeto. A cota mais baixa do terreno foi determinada como subsolo do projeto, desta forma esse nível pode ser utilizado como garagem e essa área não é considerada no cálculo do CA. A existência desse estacionamento possibilitou incorporar no projeto os depósitos desejados. Entretanto esses depósitos são provisórios, por isso são compostos por painéis leves de estrutura e tela metálica e são parafusados do chão e entre si para montarem uma espécie de pórtico e garantir a estabilidade dos depósitos. Cada um dos depósitos mede cerca de 2,5 x 2,0m, um espaço razoavelmente grande, e

cada família tem o direito de utilizar pelos menos um. Como podemos observar na Fig. 6.4.1.1-2, alguns deles tem um pilar no meio, estes depósitos podem ser um segundo depósito para as famílias que possuirem mais bens, ou serem utilizados para guardar o mobiliário do centro comunitário, como cadeiras e mesas. Neste pavimento está localizada uma área técnica com os reservatórios para o sistema de reuso de águas cinzas e de água pluvial (esquema do sistema na p. 144), o reservatório da reserva técnica, e suas respectivas bombas de recalque. Ao lado do acesso principal estão os medidores de água e do lado oposto o depósito de lixo, com espaço suficiente para comportar cinco lixeiras de grandes dimensões para a separação dos diferentes tipos de resíduos sendo a maior delas para resíduos orgânicos. Como a quantidade de lixo gerada pode ser grande, foi prevista uma lixeira ao lado do depósito de lixo; desta forma os sacos de lixo não ficam na calçada obstruindo a passagem dos pedestres.

Fig. 6.4.2.1-1 e 6.4.2.1-2 | Programa do Subsolo - Esc. 1:400 <


115

Centro Comunitário

Abrigo Coletivo

Estacionamento | 230 m2

Depósitos provisórios | 67,20 m2

Depósito para divisórias móveis | 9,60 m2

Depósito para divisórias móveis | 9,60 m2

Depósito para uso geral | 9,40 m

Depósito para uso geral | 9,40 m2

Medidor de água | 0,90 m2

Medidor de água | 0,90 m2

Reservatórios: água pluvial e tratamento água de reuso | 55 m2

Reservatórios: água pluvial e tratamento água de reuso | 55 m2

Lixeira | 3,40 m2

Lixeira | 3,40 m2

2

Depósito de lixo | 12,50 m

Depósito de lixo | 12,50 m2

Circulação | 32,50 m2

Circulação | 195,30 m2

TOTAL | 353,30 m2

TOTAL | 353,30 m2

2


116

6.4.2.2. TÉRREO A escadaria ao lado da entrada principal foi desenhada com o intuito de suavizar a mudança de nível e criar pequenos platôs permeáveis que podem ser utilizados como espaço de espera e encontro. Além disso, ela garante certa permeabilidade no terreno. A organização deste nível não apresenta muitas diferenças entre o centro comunitário e o abrigo, na verdade o layout sugerido para o centro comunitário é mais apropriado quando o edifício não precisar mais servir de abrigo. Sendo assim, podemos considerar que no início a configuração do pavimento será mais próxima ao proposto na planta indicada para o abrigo, onde há um quarto reservado para o coordenador do abrigo (mais detalhes no item 6.4.8. Gestão). Em ambos os usos, esse pavimento é destinado ao encontro e descanso de seus usuários, como sugerido nas plantas do térreo (pp. 86 e 87) a área de convívio pode ser ocupada por pequenas mesas, deixando espaço para as crianças brincarem e pode ainda ser estendida para o exterior, formando uma espécie de terraço com acesso direto à circulação vertical. Durante o dia as paredes de vidro permitem grande vi-

sibilidade e iluminação em seu interior; à noite a iluminação do interna permite observar o que acontece em seu interior. Quando utilizado como abrigo, ambos os acessos devem ser controlados por motivo de segurança; a principio não é autorizada a entrada de pessoas que não estão utilizando o abrigo. Diferentemente do acesso no abrigo, durante o dia os dois acessos no centro comunitário são completamente livres, apenas com restrição de animais de estimação e bicicletas, que devem ser deixadas no estacionamento. Durante o período noturno, o acesso pela cota mais baixa é controlado e deve ser liberado pela recepção. Outra diferença é quanto ao espaço da administração, ele é restrito aos funcionários do centro comunitário, pois podem conter documentos e outros bens de valor, como computadores e dinheiro.

Fig. 6.4.2.2-1 e 6.4.2.2-2 | Programa do Térreo - Esc. 1:400 <


117

Centro Comunitário

Abrigo Coletivo

Área Interna

Área Interna

Área de convívio | 35,20 m

Área de convívio | 53,50 m2

Recepção | 4,10 m2

Recepção | 4,10 m2

2

Administração | 33,80 m

Administração | 23,50 m2

Café | 18,30 m2

Quarto coordenador | 10,30 m2

2

Sanitários | 27,50 m2

Sanitários | 27,50 m2

Circulação | 61,70 m

Circulação | 61,70 m2

TOTAL | 180,60 m2

TOTAL | 180,60 m2

2

Área Externa

Área Externa

Área de convívio | 40,50 m2

Área de convívio | 40,50 m2

Área permeável | 27,30 m2

Área permeável | 27,30 m2

Circulação | 179,60 m

Circulação | 179,60 m2

TOTAL | 247,40 m2

TOTAL | 247,40 m2

2


118

6.4.2.3. 1o e 2o PAVIMENTO

Centro Comunitário

Esses pavimentos podem apresentar inúmeras mudanças em seu layout dependendo de seu uso; a flexibilidade nesses dois andares é o que caracteriza o edifício como multifuncional. A planta dos dois pavimentos é exatamente igual, ela possui um grande espaço livre, que será chamado de salão, de cerca de 98,30 m2. Esse espaço de grandes dimensões pode ser utilizado de diferentes formas tanto no centro comunitário quanto no abrigo. Quando utilizado como centro comunitário, esse ambiente pode ser totalmente livre para usos que requerem grande dimensão, como por exemplo exposições; ele pode também ser divido em diferentes partes a fim de criar mais ambientes. Essa separação é feita a partir de divisórias móveis que podem ser transportadas pelos próprios usuários. A ideia é que não exista um jeito correto de montá-las, mas sim que elas possibilitem a criação de qualquer tipo de espaço. Considerando o centro comunitário proposto, são indicadas algumas sugestões de organização de layout desse espaço. Como por exemplo um auditório onde podem ser dadas as palestras sobre os desastres naturais e seus efeitos, ou

Salão | 98,30 m2 Depósito | 8,50 m2 Sanitários | 38,40 m2 Circulação | 40,50 m2 TOTAL | 185,70 m2

Fig. 6.4.2.3-1 | Programa do 1o e 2o Pavimento - Esc. 1:400


119

Sala de reuni茫o | 38,30 m2

Sala de aula | 38,30 m2

Audit贸rio | 59,70 m2

Sala de estudo | 59,70 m2

Sala de aula | 38,30 m2 Atelier | 59,70 m2

Fig. 6.4.2.3-2 | Programa do 1o e 2o Pavimento - Esc. 1:300

Fig. 6.4.2.3-3 e 6.4.2.3-4 | Programa do 1o e 2o Pavimento - Esc. 1:300


120

então uma sala de reunião pra que as pessoas possam se juntar e discutir sobre assuntos relacionados ao desenvolvimento do bairro. Com esses mesmos painéis poderia ser criada uma sala de aula e uma sala de leitura ou até mesmo um estúdio com mesas maiores para atividades que exijam mais espaço, como artes. Os painéis utilizados para a separação dos ambientes são armazenados nos depósitos localizados neste mesmo andar, facilitando na hora da montagem e desmontagem dos ambientes. A distribuição dos painéis é um pouco mais complexa quando utilizada no abrigo, pois requerem modulação com as camas e devem garantir passagens suficientemente largas entre elas. São apresentadas duas sugestões de organização, nesses exemplos o posicionamento das camas foi feito com o intuito de colocar o número máximo de pessoas nesse espaço, adotando uma distância mínima entre as camas de 65cm. Essa mesma distribuição de painéis pode comportar layouts com menos camas, de forma que sejam melhor distribuídas.

Abrigo Coletivo

Quartos | 81,50 m2 Depósitos | 8,50 m2 Sanitários | 38,40 m2 Circulação | 57,40 m2 TOTAL | 185,70 m2

Pensando na questão de privacidade e segurança, os painéis devem ser leves, mas com estabilidade suficiente para

Fig. 6.4.2.3-1 | Programa do 1o e 2o Pavimento - Esc. 1:400


121

serem auto portantes. Eles devem ainda prever as aberturas das portas e serem composto por material impermeável e não-combustível. A altura deve ser em torno de 2,50m para que uma pessoa em pé em cima da cama não consiga ver o interior do quarto ao lado.

Quartos | 81,50 m2

Quartos | 91,50 m2

Fig. 6.4.2.3-2 e 6.4.2.3-3 | Programa do 1o e 2o Pavimento - Esc. 1:300

Para o abrigo, a proposta é a de fornecer a base da cama, por exemplo uma base retrátil para ocupar menos espaço, que será guardada no outro depósito deste pavimento. Os colchões devem ser fornecidos pela Defesa Civil, segundo a Profa. Lara, normalmente há um estoque com esse tipo de material para ser utilizado em situações como essa. Não está prevista a utilização de mobiliários grandes, como armários, nestes ambientes; mesmo que a família tenha um móvel disponível, ele só poderá ser colocado no quarto se não apresentar grandes dimensões e não precisar ser desmontado para ser transportado ate o pavimento desejado. Como o tempo de permanência é de no máximo dois ou três meses2, a ocupação do quarto foi limitada para que seus usuários não se sintam tão a vontade a ponto de não quererem mais sair. Como já citado anteriormente, o mobiliário deve ficar nos depósitos provisórios localizados no subsolo.

2

Questão abordada no item 6.4.8. Gestão.


122

6.4.2.4. 3o PAVIMENTO Tanto no abrigo como no centro comunitário, as mesas que estão distribuídas na área livre podem ser utilizadas como refeitório ou apenas como área de encontro. No equipamento público essa área ainda pode funcionar como uma sala de artes, a lavanderia localizada no mesmo pavimento pode servir como lavatório para as tintas ou outros materiais. No caso do abrigo, elas também podem ser utilizadas para as reuniões entre os usuários do abrigo e o seu coordenador; e como não há mesas suficientes para que todos se sentem ao mesmo tempo, deve haver rotatividade na hora das refeições. Neste pavimento está prevista uma lavanderia com pelo menos três maquinas de lavar, a secagem das roupas lavadas deve ser feita no pavimento acima, na realidade o motivo de esse pavimento ficar do penúltimo andar foi exatamente por causa da lavanderia, para que ela ficasse no local mais perto possível dos varais; esses varais podem ser guardados no depósito ao lado da lavanderia.

Área de convívio | 63,70 m2 Cozinha/Copa | 25 m2 Sanitários | 27,50 m2 Lavanderia e depósito | 22,05 m2 Circulação | 42,30 m2 TOTAL | 180,60 m2

Como todas as paredes externas da área de convívio tem uma grande abertura de vidro e as construções vizinhas são Fig. 6.4.2.4 -1 | Programa do Subsolo


123

mais baixas, o ambiente ainda pode ser utilizado para apreciar seu entorno. Nos últimos três pavimentos a configuração dos ambientes não apresenta nenhuma diferença entre o centro comunitário e o abrigo. Neste pavimento a cozinha/copa do centro comunitário é utilizada como cozinha comunitária por todos os seus usuários no abrigo. Mesmo no abrigo não há necessidade de uma cozinha muito grande, pois nesses casos a prefeitura fornece marmita para os desabrigados; então a cozinha é utilizada para a preparação de alimentos ou bebidas pontualmente. Ainda nesse ambiente podemos observar pela planta do 3o pavimento (p. 90) que é previsto um armário na parede da porta; parte desse armário é prevista para ser utilizada no abrigo para guardar algum alimento não perecível, cada família tem direito a pelo menos um compartimento.


124

6.4.2.5. CAIXA D’ÁGUA E COBERTURA Nestes andares estão os reservatórios de reuso, o de água fria e o reservatório térmico, que juntamente com os coletores formam o sistema de aquecimento solar (esquema na p. 145). Como citado anteriormente esses dois pavimentos não apresentam nenhuma diferença quanto ao layout. A única diferença é que o acesso ao último pavimento não é permitido no centro comunitário devido ao CA baixo de 1,5. Se todo o pavimento for utilizado como terraço a área construída vai ser maior do que a permitida; como o uso do abrigo é uma situação provisória o acesso é permitido apenas para as pessoas que vão deixar a roupa no varal.

Reservatórios: água fria, água de reuso e térmico (aquecimento solar) | 29,70 m2

Coletores solares | 29.70 m2

Fig. 6.4.2.5-1 e 6.4.2.5-2 | Programa Caixa d’água e Cobertura


125


126

6.4.3. ESTRUTURA PRINCIPAL A estrutura metálica do edifício é regular e constituída por pórticos distribuídos nos dois sentidos, com lajes tipo steel deck. A disposição dos pilares e vigas principais é feita de forma modular (5,0 x 6,10m). O estudo da estrutura foi feito a partir de atendimento com o Prof. Dr. Pedro Wellington Gonçalves do Nascimento Teixeira, professor do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde ministra a disciplina PEF 2402 – Estruturas metálicas e de madeira.

Para o pré-dimensionamento da estrutura foram considerados pilares de 30 x 30cm dimensão padrão para o pré-dimensionamento de estruturas metálicas, como indicado pelo professor Pedro. Para as vigas, normalmente é considerado h=l/15 ou h=l/20, onde h é a altura da viga e l a dimensão do vão. Foi possível adotar mesma altura para as vigas principais nos dois sentidos, de h=35 cm, pois ela atende aos dois vãos: - Vão de 5m: entre h=5/20=25 cm e h=5,0/15= 33 cm; - Vão de 6,10m: entre h=6/20=30 cm e h=6,0/15= 40 cm. São necessárias vigas secundárias devido à laje steel deck; essas vigas estão posicionadas no sentido longitudinal à 3,10m das vigas principais. As vigas laterais (borda) também auxiliam na sustentação da laje nos maiores balanços, que foram restringidos à distância máxima de 1/5 do vão total.

Fig. 6.4.3-1 | Esquema da estrutura.

Fig. 6.4.3-2 | Render do encontro das vigas no balanço.


5,00

P1

LR1

Tr1

P2

LR2

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Tr5

6,10

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LR4

V18

V1

P6

V3

P7

LR6

Tr7

LR10

LR9 Tr8

P8

P10

P9

V11

V6 V5

Tr9 V19

LR8

V16

V4

V17

LR7

V7 P11 LR11

P12

V8 Tr10

Vigas principais

P1 - P14 : pilares

Vigas secundárias

V1 - V19 : vigas

Vigas de borda

LR1 - LR12 : ligações rígidas

Sentido da laje

Tr1 - Tr13 : travamento horizontal

LR13 P13

Tr12

P14

Laje em balanço LR14 Tr13

V15

V12

Tr11

V14

V9

V13

Travamentos horizontais

V10

PLANTA | ESTRUTURA PRINCIPAL 1 : 100

LR12


128 concreto malha anti fissuração

Laje steel deck

Solda de filete

chapa de aço pino (stud bolts) arremate

Parafusos

Chanfro para evitar cruzamento de soldas

Fig. 6.4.3-4 | Detalhe de laje Steel Deck | SMD Stockyards Ltd. Fig. 6.4.3-5 | Render de esquema de ligação rígida entre pilar e viga.

A laje tipo steel deck é um sistema misto que utiliza chapa de aço perfilada em conjunto com o concreto. A chapa funciona como armadura positiva para a laje e também como fôrma na concretagem. Ela é fixada na estrutura por meio de pinos (conectores de cisalhamento) e na concretagem é colocada malha de barras de aço, que tem a função de controlar as fissuras do concreto. Os travamentos verticais devem ser feitos para garantir a estabilidade da estrutura, eles geram nós indeslocáveis que conduzem as ações horizontais para a fundação; podem ser feitos por treliças (como os travamentos em “X”) ou por ligações rígidas. Devido às grandes aberturas em algumas paredes externas, o professor Wellington sugeriu a utiliza-

ção de ligações rígidas com uso de parafusos e placas de ligação, assim os travamentos não impactam nas vedações. Para a transferência das forças horizontais, são necessários travamentos horizontais, pois a laje steel deck não é capaz transferir esses esforços. Os travamentos horizontais devem unir os nós deslocáveis do plano horizontal aos nós indeslocáveis que serão fornecidos pelos travamentos verticais. Os travamentos horizontais podem ser feitos por perfis “L” fixados por parafusos nas chapas soldadas na estrutura (Fig. 6.4.3-6). Além da estabilidade estrutural, a proteção da estrutura contrao fogo também é muito importante; ela pode ser as-


129 Fig. 6.4.3-6 | Esquema dos travamentos horizontais.

lado apresentam diversos pontos negativos, como o acabamento irregular, o longo tempo de cura, a aplicação lenta e a geração de muitos resíduos. No caso deste projeto esse processo não é compatível com o uso de materiais secos utilizados nos painéis de vedação com perfis de aço galvanizado parafusados à placas cimentícias e chapas de gesso acartonado. A tinta intumescente é uma ótima solução, apresenta bom acabamento, com aparência final plasticamente interessante e com aplicação simples e rápida; no entretanto, conforme podemos observar no Gráfico 6.4.3-1, ela apresenta custo bastante elevado quando comparada às outras soluções. Para este projeto o uso de placas para revestir a estrutura parece ser mais interessante, pois apesar de ter aplicação

Argamassa de Baixa Densidade

Fig. 6.4.3-7 | Ligação entre travamento horizontal e viga.

Mantas e Placas Argamassa de Alta Densidade

segurada de diferentes formas, sendo comum o uso de argamassa ou fibra projetada, de placas fixadas na estrutura por pinos ou pequenos perfis ou de pintura intumescente. As duas primeiras apresentam menor custo, mas por outro

Tintas intumescentes

Gráfico 6.4.3-1 | Comparativo de custos para um TRRF de 120 minutos .


130

menos eficiente que a da tinta, o seu custo é consideravelmente menor; além disso esse tipo de proteção poderia funcionar como extensão da vedação do edifício, sua montagem seria feita junto com a dos painéis de vedação. A diferença seria que para a estrutura é necessária proteção contra o fogo que deve atender ao TRRF mínimo indicado na NBR 14323, conforme indicado na Tabela 6.4.3-1. Para atingir a essas condições as placas de gesso devem ser resistentes ao fogo. A laje também deve atender a essa norma, no caso do steel deck a forma metálica está protegida pelo concreto, mas a camada do concreto deve apresentar uma altura mínima acima da fôrma (Tabela 6.4.3-2). No projeto foi adotada

htotal=15 cm, essa altura garante os 12 cm de concreto acima da fôrma; além disso foi feita verificação a partir da Tabela 6.4.3-3, para conferir se essa altura é estruturalmente satisfatória; para o cálculo da carga máxima foi considerado o peso próprio mais a carga acidental indicada na NBR 6120 (Tabela 6.4.3-4).

Tabela 6.4.3-2 | Espessura mínima de concreto acima da fôrma (NBR 14323).

CARGA

LOCAL Com acesso ao público

Corredores Cozinhas não residenciais

2

A ser determinada em cada caso, porém com o mínimo de

3

Escolas

Tabela 6.4.3-1 | Exigência de TRRF (NBR 14323).

3

Sem acesso ao público

Escadas

Notas: 1 - Para sobsolos com h> 10m - 90 min; h< 90m - 60 min, não podendo ser inferior ao TRRF dos pavimentos acima do solo; 2 - Os TRRF entre parênteses são aplicado para edificações em que cada pavimento acima do solo tenha área inferior a 750m2.

(kN/m2)

Com acesso ao público

3

Sem acesso ao público

2.5

Salas de aula, corredor

3

Outras salas

2

Escritórios

Salas de uso geral e banheiros

2

Forros Garagens e Estacionamentos

Sem acesso à pessoas

0.5

Lavanderias Terraços

Tabela: Cargas Acidentais conforme NBR 6120.

Veículos de passageiros

3

Incluindo equipamentos

3

Com acesso ao público

3

Sem acesso ao público

2

Inacessível a pessoas

0.5

Tabela 6.4.3-3 | Cargas Acidentais (NBR 6120).


Tabela 6.4.3-4 | Cargas sobrepostas máximas (kN/m2) - Steel Deck MF-75 METFORM. * Propriedades para largura de 1000 mm. Material: Aço ASTM A-633 Grau 40 (ZAR 280), Tensão de escoamento 280 MPa.

Não atende. Atende.


132

6.4.4. VEDAÇÃO As paredes internas e externas do edifício são feitas a partir o sistema construtivo Light Steel Framing (LSF). Esse sistema consiste na utilização de perfis formados a frio de aço galvanizado para a composição de sua estrutura, formada por painéis que podem ser estruturais ou não-estruturais, vigas de piso e secundárias, cobertura, entre outros elementos. Como citado anteriormente esse sistema apresenta diversas vantagens como o uso de materiais secos que permite maior racionalização e rapidez na montagem, com um canteiro e ambiente de trabalho mais organizado e limpo; além da maior compatibilidade com a estrutura metálica quando comparada à alvenaria convencional. No projeto, os painéis tem função apenas de vedação, mas apesar de não serem estruturais, alguns deles podem precisar de contraventamento com fitas metálicas, principalmente os externos. A distribuição desses painéis foi feita de forma que ficassem, sempre que possível, independentes dos pilares, para que às movimentações entre a estrutura e os painéis pudessem ser melhor absorvidas, diminuindo a possibilidade de apresentar fissuração nas placas de fechamento. 1

Manuais da série: “Manual de Construção em Aço”, Centro Brasileiro da Construção em Aço, 2006.

A modulação utilizada foi a indicada nos manuais1 sobre o sistema, de 40 ou 60cm; assim, ela determinou as dimensões de cada ambiente em todos os pavimentos acima do subsolo. Como os ambientes internos são dispostos de maneira diferente em cada pavimento, com exceção do primeiro e segundo pavimento, a modulação de cada andar é levemente divergente.

Tabela 6.4.4-1 | Designações dos perfis de aço formados a frio para uso em Light Steel Framing e suas respectivas aplicações.


Det. 01 (p. 140)

Det. 02 (p. 134)

Det. 03 (p. 137)

Det. 04 (p. 136)

PLANTA 1o e 2o PAVIMENTO | MODULAÇÃO LSF 1 : 100


134

Parafuso estrutural

Montante - perfil Ue Guia - perfil U Tabela 6.4.4-2 | Dimensões nominais usuais dos perfis de aço para Light Steel Framing.

O tipo de perfil foi definido de acordo com tabelas e indicações fornecidas no manual Steel Framing: Arquitetura1. Para as guias o perfil escolhido foi o “U” e para o montante o perfil “Ue”; ambos com 90mm. As ligações entre os componentes é feita por parafusos, que devem ser específicos para cada tipo de ligação, metal/metal ou chapa/metal. No encontro de painéis os perfis são unidos por meio de parafusos estruturais. Para o encontro de dois painéis de canto foi escolhida a união de dois montantes (Det. 02), de forma análoga pode ser feito o encontro de dois painéis formando “T” (Fig. 6.4.4-1) e o encontro de três painéis perpendiculares (Fig. 6.4.2-2). O conforto térmico e acústico no interior dos painéis é feito

Placa cimentícia (12 cm) Isolamento termo-acústico

Chapa de gesso acartonado (12 cm)

Interior

Exterior

Det. 02 | Planta - Encontro de dois painéis. 1:5


135 Painel 2 Painel 1

Painel 1

Painel 3

Painel 2

Fig. 6.4.4-3 | Detalhe do encontro de dois painéis em “T”

Fig. 6.4.4-4 | Detalhe do encontro de três painéis.

com isolante termo-acústico, feito de lã de pet, um isolante feito com matéria-prima de material reciclado (garrafas PET), não combustível, que não prolifera fungos ou bactérias e que pode ser reutilizado e reciclado. Para as paredes externas o tipo de fechamento escolhido foi

de semi cortina, a estrutura metálica fica totalmente interna aos painéis: a estrutura em LSF é fixada à estrutura principal por perfis metálicos e o fechamento externo com placas cimentícias reveste a laje e as vigas resultando em aparência homogênea no lado externo (Det. 04). Como as placas cimentícias no Brasil ainda apresentam alguns problemas devido à sua grande dilatação, mas também devido a movimentação de modo distinto da estrutura metálica principal e dos painéis, foi pensado em utilizar juntas de dilatação maiores, que devem ser feitas de acordo com o indicado pelos fabricantes das placas cimentícias, normalmente é aplicado selante, fita telada e massa cimentícia nas juntas. Deve haver cuidado especial em sua execução, pois se mal executadas podem intensificar o problema da dilatação e acarretar em patologias, como a fissuração dessas placas. No lado interno dos painéis extemos e nos dois lados das paredes internas é utilizada chapa de gesso acartonado (drywall). Existem três tipos de chapas: Standard = ST (branca); Resistente à Umidade = RU (verde) e Resistente ao Fogo = RF (rosa); na maior parte dos ambientes pode ser utilizada a chapa tipo ST, mas em ambientes com presença constante de água, como sanitários e cozinha, a placa utilizada deve ser do tipo RU. Para a proteção da estrutura metálica principal, como citado anteriormente no item 6.4.3. Estrutura


136

Principal, deve ser utilizada a chapa tipo RF (Det. 03); em caso de precisar de muitas placas rosas, pode ser uma alternativa o uso de tinta intumescente para placas de gesso, que pode ser aplicada mesmo em chapas do tipo ST, para garantir a proteção contra o fogo exigida pela norma. Pilar H (30 x 30 cm)

Chapa de gesso acartonado - RF (12 cm)

Montante - perfil Ue

Montante - perfil Ue Guia - perfil U

Placa cimentícia (12 cm)

Isolamento termo-acústico

Det. 03 | Planta Encontro do painel com pilar. 1 : 10

Para a montagem dos painéis foi escolhido o método “Stick”, neste caso os painéis são montados na obra e os perfis são cortados no canteiro de obra. Apesar de não ser o método mais eficiente para a construção do edifício, ele apresentam algumas vantagens em relação ao método por painéis e a construção modular. Dentre elas podemos citar a facilidade de transporte das peças, não há necessidade de equipamentos especiais para o transporte até o canteiro e nem durante sua execução; as ligações entre os elementos são de fácil execução, podendo ser realizadas por profissionais especializados mas sem a necessidade do construtor para a pré-fabricação dos painéis. Além disso esse tipo de método consegue absorver pequenos imprevistos que podem ocorrer durante a obra; os perfis são facilmente maleáveis e podem ser ajustados em caso de imprecisão, por exemplo.


Placa cimentícia (12 cm)

Chapa de gesso acartonado (12 cm)

Isolamento termo-acústico Contrapiso

Arremate

Laje steel deck (htotal=15 cm )

Viga de borda (h=15 cm) - perfil I Junta de dilatação Chapa de ligação

Guia - perfil U

Montante - perfil Ue

Viga (h=35 cm) - perfil I

Det. 04 | Corte - Encontro do painel com laje e viga. 1:5

Exterior

Interior


138

6.4.5. ESQUADRIAS Como os painéis não possuem função estrutural a composição do painel é mais simples do que a de um painel estrutural. Não há necessidade de utilizar vergas ou ombreiras para as suas aberturas, apenas um montante em cada lateral, uma guia na parte superior e outra na inferior são suficientes para estruturar a abertura. Entretanto podem ser utilizados montantes duplos para maior estabilidade, no caso foi adotada essa opção para as portas.

No projeto é indicado apenas um tipo de janela: a basculante em alumínio, ela permite 100% de ventilação e de iluminação da área da janela e sua abertura pode ser ajustada de acordo com a necessidade dos usuários. A maioria delas está a 1,10m do piso acabado e tem altura de cerca de 1m (alinhamento superior com as portas de altura com 2,10m); com exceção dos sanitários onde essas aberturas são menores e instaladas à altura de 2,10m para garantir maior privacidade. A largura delas é variável dependendo da situação, podendo ser modular aos montantes, os painéis são flexíveis para acomodar diferentes modelos, de acordo com o fabricante escolhido. Para os salões (1o e 2o pavimento) e as áreas de convívio (térreo e 3o pavimento) a proposta inicial era a de colocar

Fig. 6.4.5-1 | Desenho esquemático de painel não-estrutural com abertura.

Fig. 6.4.5-2 | Exemplo de janela maxim-ar.


139

vidro no pé direito completo, para garantir maior iluminação e visibilidade para o exterior. Entretanto, no caso de utilizar o equipamento como abrigo os salões serão utilizados como quartos e uma parede toda de vidro pode não ser agradável, pois ela não oferece privacidade para os usuários no interior do edifício. Além disso, a parede toda de vidro pode não garantir segurança em caso de incêndio, o fogo pode atingir um pavimento superior se não houver um elemento que funcione como barreira. Neste caso o vidro é um material que pode estilhaçar e não pode ser utilizado como barreira. A solução foi de utilizar um painel com estrutura de perfis metálicos para pé direito completo, com 2/3 do fechamento em vidro e 1/3 de placa cimentícia. A folha superior é de vidro e fixa, garantindo apenas a iluminação; a parte central é composta por janelas de correr, proporcionado ventilação, aos ambientes; e a parte inferior é feita com placa cimentícia, para garantir maior privacidade e proteção em caso de incêndio (Det.01). Ainda sobre a questão da privacidade, apesar da parte inferior da parede ser opaca, todo o resto da parede é visualmente aberta, o que ainda pode ser um incomodo para as famílias em momentos mais privativos. A solução proposta é a de brises móveis, compostos por folhas metálicas que

correm por trilhos no sentido horizontal. Essa configuração permite compor as aberturas em inúmeras posições, a fim ajustar a fachada ao uso do ambiente. Desta maneira, para o uso do salão como auditório os brises podem fechar toda a parede e no caso de ser utilizado como sala de leitura ou mesmo de sala de aula podem ser deixadas maiores aberturas. Esteticamente a solução também é interessante, pois a composição dos brises muda a fachada do edifício, a flexibilidade encontrada no interior é refletida no seu exterior. Quanto às portas, o projeto apresenta três tipos diferentes. A primeira é do tipo de correr, utilizada para acesso de áreas externas (no térreo e na cobertura) e nos salões (1o e 2o pavimento). A segunda é do tipo sanfonada, para as portas que separam a caixa da escada; essa solução permite abertura quase total para escada, assim, quando totalmente aberta a impressão é que a escada faz parte do pavimento,. A terceira porta é a de abrir, utilizada nas demais portas do edifício. Para todos os tipos de porta a estrutura lateral se estende por todo o pé-direito, com marcação de bandeira para melhor demarcar essas aberturas. O vão mínimo exigido pela NRB 9050 para a passagem de pessoas de cadeira de rodas é de 80cm, no projeto todas as portas de abrir tem 80cm de vão livre, e as correr e sanfonadas tem abertura ainda maior.


Folha de vidro fixa

Brise móvel

Perfil metálico

Janela de correr

Trilho

Placa cimentícia

1,10 m

Brise

Det. 01 Caixilharia para PD completo 1:5

Gesso acartonado

Janela de correr

Fig. 6.4.5-4 e 6.4.5-5 | Render dos brises no edifício.


141

Porta de Correr | Térreo - acesso para terraço

1,10 m

1,10 m

No subsolo, o acesso dos veículos é feito por um portão basculante e o de pedestres por um portão de abrir com duas folhas. No depósito de lixo e na garagem a ventilação permanente é garantida por meio de portas e janelas com tela metálica e de grelhas; no estacionamento, a circulação de ar é feita pela abertura superior distribuída longitudinalmente, por efeito chaminé, e pela grelha em frente ao canteiro de área permeável (Fig. 6.4.5-7).

1,10 m

2,00 m

1,85 m

ada

Porta Sanfonada | Esc

1,40 m

2,20 m

3,90 m

Fig. 6.4.5-6 | Exemplos de portas.

Fig. 6.4.5-7 | Esquema de circulação de ar no estacionamento.


142

6.4.6. SISTEMAS COMPLEMENTARES

6.4.6.1. Instalações elétricas Sistema aparente, sem preocupação em embutir a fiação dentro das paredes. Apesar dessa solução apresentar um custo mais alto que as instalações tradicionais, pois os elementos aparentes devem apresentar maior resistência, este tipo de instalação permite maior flexibilidade no layout dos ambientes, algo bastante indispensável no projeto. O acesso aos condutores é muito mais fácil, permitindo rápida manutenção e possibilidade de implementar prontamente novas caixas de saída se houver necessidade; neste caso a diferença de custos é compensada pelo benefício de possuir um espaço versátil.

6.4.6.2. Instalações hidráulicas Tubulação hidráulica aparente, não há necessidade de realizar grandes reformas em caso de manutenção desse sis-

tema. Além disso esse tipo de instalação permite fazer a inspeção de seus elementos facilmente, qualquer irregularidade, como vazamentos, pode ser rapidamente detectada e resolvida sem dificuldades. O reservatório de água fria está localizado no último pavimento (cobertura), assim a distribuição interna é feita por gravidade. Para seu dimensionamento foi utilizado o material da disciplina PHD 313 – Instalações e equipamentos Hidráulicos2. O cálculo do volume do reservatório de água fria foi feito a partir do consumo diário previsto, conforme indicado na Tabela 6.4.6.2-1.

Uso do Edifício

Consumo específico (litros/dia)

Alojamentos provisórios

80/hab

Residências

150/hab

Apartamentos

200/hab

Escolas - internato

150/hab

Escolas - externato

50/hab

Hospitais

250/leito

Edifícios públicos

50/hab

Escritórios

50/hab

Cinema e teatro

2/lugar

Hotéis

120/hóspede

Restaurantes

2/lugar

Apostila PHD 313

Tabela 6.4.6.2-1 | Consumo específico por habitante.

1

Manuais da série: “Manual de Construção em Aço”, Centro Brasileiro da Construção em Aço, 2006.


143

Para o cálculo foram considerados os dois tipos de uso que o edifício pode ter: centro comunitário e abrigo provisório assim temos:

- Centro comunitário: (considerando duas salas de aula e dois ateliers) Pop total = 104 (salas) + 5 (administração) = 109 pessoas Consumo = 109*50 = 5450L - Abrigo: (considerando a tipologia com mais pessoas - 6 famílias) Pop total = 54 (famílias) + 1 (coordenador) = 55 pessoas Consumo = 54*80 = 4400L Foi escolhido o maior volume, 5450L, arredondado para 5500L. Para a reserva técnica, foi previsto volume mínimo de 5.000L conforme indicado na Instrução Técnica No 22/2015, o reservatório está localizado no subsolo junto aos reservatório de reuso de águas cinzas e de água pluvial.

6.4.6.2.1. Reuso de águas cinzas e água pluvial Uma das preocupações do projeto é a de propor sempre que possível soluções que visam na sustentabilidade, o racionamento do uso da água é uma solução tecnicamente viável e que pode diminuir significantemente o consumo da água de um edifício. Esse sistema consiste em utilizar a água armazenada das chuvas e as águas cinzas pra usos que não necessitam de água potável, como a descarga, a lavagem de pisos e a irrigação de áreas vegetadas; é necessário realizar a filtragem dessa água para que possa ser reutilizada. Como mostra a Fig. 6.4.6.2.1-1, a água utilizada para lavatórios vem da caixa d’água no último pavimento e as águas cinzas resultantes são encaminhadas para um reservatório no subsolo, onde também é armazenada a água pluvial recolhidas da cobertura. Depois essas águas passam por processo de filtração e são armazenadas em outro reservatório para então serem bombeadas até o reservatório de água de reuso superior, que vai distribuir a água para as descargas e torneiras para limpeza. É interessante notar que nesse sistema de reuso deve haver cuidado na realização de manutenção e reparo, pois a tubulação de águas cinzas nunca pode se misturar com a água fria potável, por exemplo. A falta de conhecimento sobre o sistema pode levar a reparos mal feitos nas tubulações e que podem ocasionar na contaminação


144 Reservatório água fria

da água. A tubulação hidráulica aparente pode ser pintada de diferentes cores, indicado o tipo de água que passa por ela, a fim de facilitar a compreensão desse sistema para os profissionais que forem realizar a manutenção.

Reservatório superior água de reuso

6.4.6.2.2. Aquecimento Solar

Reserva técnica (incêndio)

Bomba Filtro

Tratamento de águas cinzas e água pluvial

Reservatório água tratada

Sentido do fluxo água potável Sentido do fluxo água de reuso Sentido do fluxo águas cinzas e pluvial

Fig. 6.4.6.2.1-1 | Esquema do sistema de reuso de águas cinzas e água pluvial no projeto.

Ainda pensando na sustentabilidade, o projeto prevê o aquecimento da água dos chuveiros por meio do sistema de aquecimento solar. O esquema do processo de aquecimento da água pode ser observado nas Fig. 6.4.6.2.2-1 e 6.4.6.2.2-2: a água fria sai do reservatório superior para o reservatório térmico, depois ela passa pelos coletores solares localizados na cobertura da caixa d’água, nesses coletores ela passa por uma tubulação (serpentina) que é aquecida indiretamente pelos raios solares, depois ela retorna ao reservatório térmico. A água vai sendo aquecida aos poucos e a sua temperatura é mantida pelos reservatórios térmicos; quando os chuveiros são utilizados a água quente vem desses reservatórios. Como o sistema de aquecimento solar depende de condições climáticas, ele sempre deve ser acompanhado de um sistema auxiliar, podendo ser elétrico ou a gás; quando não há radiação solar suficiente para aquecer toda a água necessária, esse sistema entra em funcionamento


145

para garantir que todos possam tomar um banho quente. Reservatório Térmico

Coletores Solares

Como podemos observar na planta da cobertura (p. 94), são indicado sete coletores solares; número máximo que pode ser colocado na laje acima dos reservatórios e que permite ainda a passagem de uma pessoa no caso de precisar de manutenção. Não foram instalados no mesmo nível em que se encontram os reservatórios pois no uso do equipamento como abrigo esse piso é destinado para a secagem das roupas (varal) e assim a grande frequência de pessoas no local, e mesmo a necessidade de ter uma grande área livre, inviabilizaram a instalação de coletores no quarto pavimento.

Coletores solares

Reservatórios térmicos

Reservatório de água fria

Sentido do fluxo água fria Sentido do fluxo água quente

Fig. 6.4.6.2.2-1 | Esquema de aquecimento solar.

Fig. 6.4.6.2.2-2 | Esquema do sistema de aquecimento solar no projeto.


146

6.4.7. ETAPAS DE CONSTRUÇÃO Como citado anteriormente uma das diretrizes do projeto era a de o edifício ser construído em diferentes fases, neste caso o investimento pode ser feito ao longo do tempo e o edifício pode ser utilizado durante esse processo, sendo seu uso interronpido para a implantação da estrutura principal (pilares, vigas e laje). A construção do edifício foi separada em três etapas que serão apresentadas a seguir.

6.4.7.1. Primeira Fase: Praça e Depósito Nesta primeira etapa é feita toda a parte de obra de terras e de fundações. O terreno hoje já possui uma laje, no entanto o projeto prevê cinco pavimentos acima da cota atual e as fundações devem ser refeitas prevendo os novos esforços. Ainda nesta fase toda a parte de infraestrutura já deve ser feita, como as ligações com a rede elétrica e a alimentação com sistema de água pública, para depois serem apenas complementadas. Os reservatórios inferiores já devem ser posicionados em seus respectivos locais, mesmo que ainda não sejam utilizados, toda a tubulação e cabeamento que passa pelo subsolo para chegar nos pavimentos superiores também já devem ser instalados.

O subsolo apresenta estrutura diferente da estrutura principal devido ao seu posicionamento em relação ao solo. O uso de estrutura metálica neste caso não é interessante; com o desnível de 4m, parte das paredes precisam ser de arrimo, além disso a escadaria que vence o desnível apresenta formas irregulares que podem ser mais facilmente construídas em concreto armado. A escolha foi de que toda a estrutura do subsolo é em concreto armado, sendo que os pilares dos pavimentos superiores se apoiam sempre sobre um pilar no subsolo. Após a finalização da construção do subsolo o resultado é uma grande laje na cota mais alta do terreno, ela cria um espaço livre que pode ser utilizado pela população da região

Fig. 6.4.7.1-1 | Render da primeira fase.


147

elevador ao lado da escada interna, o uso de rampas no terreno não foi viável devido à pequena dimensão do lote e do desnível consideravelmente alto (4m). Durante o dia o acesso pela escada fica aberto, mas no período da noite esse acesso é fechado e a praça só pode ser acessada pela cota mais alta.

Área restrita Área pública Área técnica Acesso controlado sempre Acesso fechado durante a noite

Fig. 6.4.7.1-2 |Esquema da planta do subsolo.

como uma pequena praça. Nesta fase o subsolo é utilizado como depósito para pessoas que tiveram que ser realocadas, mas que não possuem um local para armazenar os seus bens, como mobiliário e eletrodomésticos. O acesso do público da cota mais baixa para a cota mais alta pode ser feito externamente, contornando o terreno e chegando ao térreo pela escadaria com área permeável, ou pode ser feito internamente, pela escada do subsolo. Para pessoas com mobilidade reduzida o acesso é feito pelo

O ingresso à área dos depósitos é restrito às pessoas que guardam os seus pertences, nessa fase é instalada uma estrutura provisória para limitar o acesso aos depósitos e outra para limitar o acesso da escada interna durante a noite. Parte do guarda-corpo no nível do térreo também é provisório e deve ser retirado na próxima etapa.

6.4.7.2. Segunda Fase: Centro Comunitário Nesta segunda etapa são construídos mais dois pavimentos, o térreo e o primeiro pavimento. Inicialmente é feita a construção da estrutura principal: os pórticos, formados pelos pilares e vigas, as lajes e seus travamentos, durante esse processo o subsolo não é utilizado. A seguir são montados os painéis de vedação, juntamente com proteção da estrutura contra o fogo; instalados os sistemas hidráulicos e elétricos e as esquadrias.


148

Nesta fase a caixa d’agua superior ainda não existe, pois o pavimento da cobertura ainda não foi construído; em seu lugar deve ser utilizado o reservatório e a bomba de recalque, localizados no subsolo, que na fase final serão utilizados para armazenar a água de reuso tratada e bombeá-la para o reservatório superior de água de reuso. Isso significa que o sistema de reuso de águas cinzas e pluvial só será feito na próxima etapa, assim como o do aquecimento solar. O espaço que antes era utilizado como praça pela população local, agora dá lugar a um pequeno centro comunitário composto de apenas dois pavimentos. Em analogia com o

projeto Home-for-All1, ele tem como objetivo promover ambientes de encontro e de lazer; a área de convívio no térreo pode ser um local para descansar e se encontrar com os amigos, no salão do primeiro pavimento podem ser organizadas desde exposições, até sessões de filmes. Não é preciso esperar por um desastre para que seja compreendida a importância de possuir um local onde a população possa se reunir, para discutir e até certo ponto participar do desenvolvimento de sua cidade. A ideia é que aos poucos a população entenda a importância de um edifício deste caráter. Esse centro comunitário tem como intenção criar um local na qual os moradores da região possam se sintam a vontade e em segurança, um equipamento que pode ser frequentado quase todos os dias, e por todos. As pessoas tendem a cuidar melhor do que as pertence ou o que lhes é importante, como por exemplo, se um aluno tivesse que se alojar em sua própria escola e em sua própria sala de aula, provavelmente ele e sua família teriam mais cuidado com a preservação dessa sala, talvez até assumissem um papel de vigilância para evitar que outras pessoas causassem algum dano ao local. Nesse sentido, espera-se que com o tempo a população crie certo tipo de afeto pelo lugar; para que

Fig. 6.4.7.2- | Render da segunda fase.

1

Referência do projeto Home-for-All na p. 72.


149

no momento de ele precisar ser utilizado como abrigo, as pessoas entendam que ele deve ser bem preservado, pois após a saída dos desalojados o ambiente ainda será a sala de aula e o auditório do seu centro comunitário, um local que é utilizado por todos. Nesta fase o subsolo ainda continua com a função de depósito para as famílias sem moradia permanente. No entanto, o equipamento ainda não pode ser utilizado como abrigo; como no projeto final os vestiários feminino e masculino estão em dois andares separados, nesta fase há apenas um desses vestiários e o uso dos chuveiros não pode ser feito por ambos os sexos ao mesmo tempo. Pensou-se na possibilidade de haver uma rotatividade para o uso dos chuveiros, por exemplo, poderiam ser determinados horários em que o sanitário fosse para o uso dos homens e outro para as mulheres, mas seria muito complicado gerir essa mudança de horários e foi decidido que o edifício só será utilizado como abrigo na próxima etapa.

mento, assim como o pavimento dos reservatórios e a sua cobertura. Inicialmente é feita uma pausa na utilização do edifício; como na fase anterior, a estrutura metálica é feita sem uso do equipamento; depois segue com a construção das vedações e dos sistemas hidráulicos e elétricos, e em seguida todos os outros elementos. São acomodados os reservatórios superiores; com o sistema hidráulico completo os sistemas de reuso de água e o de aquecimento dos chuveiros podem ser finalmente utilizados. Após a finalização das vedações externas e dos sistemas complementares o uso do resto do edifício já pode ser liberado, deve-se apenas restringir o acesso dos usuários do centro comunitário aos pavimentos ainda inacabados,

6.4.7.3. Terceira Fase: Centro Comunitário Completo Nesta fase são construídos os últimos pavimentos para que o projeto final seja completado: o segundo e terceiro pavi-

Fig. 6.4.7.3-1 | Render da terceira fase.


150

principalmente o acesso de crianças. Entretanto, podem ser feitas visitas monitoradas com as pessoas que tem interesse em ver como é feita a ampliação do seu centro comunitário. Essa etapa final acrescenta os restante dos ambientes necessários para que o edifício consiga atender de forma satisfatória seus moradores transitórios: o segundo vestiário, a cozinha e a lavanderia. Com o edifício totalmente construído ele pode finalmente atender, dentro do possível, àqueles que de repente se encontram em uma situação complicada e que precisam se apoio.

6.4.8. GESTÃO Conforme comentado em um dos encontros com a assistente social Mirian Aranda, um dos grandes desafios encontrados em um abrigo é o seu gerenciamento, como por exemplo, ela apontou que a limpeza dos locais e principalmente a questão da coleta de lixo são problemas recorrentes. Portanto foi decido indicar algumas diretrizes a fim de tentar evitar alguns desses problemas. Primeiramente foi pensado no tempo de permanência das famílias no abrigo; usualmente o período de permanência em abrigos provisórios é maior do que o previsto, em al-

guns casos as pessoas ficaram alguns anos em um local que deveriam ter ficado apenas alguns meses. Como proposto no item 5.2. Proposta inicial, a princípio o abrigo funciona como um auxílio de programas já existentes e o seu uso deve ser feito por pessoas que já estão no processo de conseguir uma nova moradia. Por esse motivo o intervalo de permanência pelas famílias no edifício proposto deve ser bastante reduzido, a ideia é que a princípio a família tenha um mês para encontrar o novo domicilio. Em caso de haver algum obstáculo que dificulte a finalização do processo, como o grande número de pessoas na residência, esse prazo pode ser estendido para dois meses, sendo três meses o tempo máximo e somente em casos especiais. A definição de um tempo máximo impõe certa pressão para que a família não se acomode e encontre rapidamente outro local para ficar, pois se não o fizer ela poderá ficar desabrigada novamente. Esse tempo deve ser determinado em um contrato a ser assinado pelas famílias, com a consciência de que aquela é uma situação passageira. Em seguida, para maior organização durante o funcionamento como abrigo é proposto que haja um coordenador que fique junto com a população a ser alojada, ou seja, que permaneça lá quase o tempo todo, inclusive durante a noite. Para que isso seja possível foi destinado um quarto separa-


151

do para essa pessoa, que esta localizado no térreo, um local de fácil acesso e que garante mais privacidade. Esse coordenador funciona como um zelador do equipamento, e deve ser responsável por gerir as tarefas dentro do abrigo, como verificar se a limpeza está sendo feita corretamente, se o lixo está sendo retirado, se não há problemas relacionados à violência entre os seus usuários, entre outras questões. Ele pode ter auxílio de um assistente social que possa lidar com o andamento do processo de cada caso no programa Bolsa aluguel, que o mantenha informado sobre a situação de cada família. Foi restringido o uso de alguns ambientes, como a cozinha e a lavanderia que ficam fechadas durante a noite e o acesso à cobertura que é restrito ao uso de varal para secar as roupas, pra evitar que qualquer pessoa tenha acesso às roupas e dificultar possíveis furtos que podem ocorrer, como apontado pela Profa. Lara Leite. Para a lavanderia, assim como para outras atividades de limpeza e retirada do lixo, deve haver um escalonamento entre as famílias para que todas possam utilizar a lavanderia durante a semana, e para que as atividades de organização e limpeza do abrigo sejam feitas por todos. Podem ser organizadas reuniões semanais para definir como será feita a organização da semana, desta maneira os usuários

podem adaptar sempre que necessário algo que não está funcionando muito bem; mesmo as diretrizes propostas por mim podem sofrer alterações para o melhor funcionamento do equipamento. Entretanto essas reuniões sempre devem ser acompanhadas pelo coordenador do equipamento e por um assistente social, para que as decisões tomadas sejam analisadas antes de implementadas. Da mesma maneira como podem ser discutidas a organização e distribuição das tarefas, também podem ser discutidas outras questões, relacionadas ou não ao abrigo. Como por exemplo a insegurança de crianças e mulheres, que normalmente se sentem mais vulneráveis, pode ser discutida a possibilidade de separar os andares por gênero, ou ainda de organizar a distribuição dos quartos por afinidade dos usuários. É importante que haja participação dos usuários para um bom funcionamento do abrigo, também deve haver concordância entre os desabrigados e o coordenador.


7. CONSIDERAÇÕES FINAIS


153

No início, desejava ter como objeto final o projeto de um equipamento público. Mas ao longo de seu desenvolvimento o processo se tornou mais intrigante, a utilização de materiais “inovadores” me fez perceber que além das questões sociais a serem tratadas, como lidar com a população afetada e apresentar propostas a fim de atendê-las a curto, médio e longo prazo; tecnicamente ainda existem pontos a serem mais bem resolvidos, como o uso de materiais e sistemas construtivos ainda não difundidos no Brasil, por exemplo o uso da placa cimentícia. Seria interessante pensar em solucionar essas duas questões concomitantemente, desenvolver e aprimorar o uso de materiais e sistemas construtivos com foco em atender a população que mais precisa de ajuda, procurando meios para torná-los economicamente viáveis e ao mesmo tempo pensar em qualificar essa população como mão-de-obra. O seguinte trabalho reforçou a importância de trabalhar junto com outras áreas, como a engenharia e a sociologia por exemplo. Entretanto, mesmo dentro das áreas de arquitetura, creio que poderia haver melhor entrosamento entre elas, procurando maneiras de criar propostas que fossem capazes de atender a população de maneira eficiente e considerando os diferentes aspectos que um projeto pode afetar a sociedade.

Acredito que ideia de desenvolver uma rede de equipamentos que pudessem seguir os conceitos do projeto apresentado, de edifícios multifuncionais que podem ser utilizados de acordo com as necessidades da população, auxiliando desta forma no desenvolvimento da cidade, podem ser parte de um processo que tenha como objetivo final criar cidades resilientes. A partir do interesse em se aprofundar sobre o tema dos desastres, pude analisá-lo desde a sua abrangência global até sua influência na escala do edifício. Ao passar pelas diferentes escalas de projeto, foi possível assimilar muito do que foi aprendido ao longo dos anos, e ao mesmo tempo assinalar que ainda tenho muito a aprender.


8. BIBLIOGRAFIA


155

ANDERS, Gustavo Caminati. Abrigos temporários de caráter emergencial. São Paulo: dissertação de mestrado, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2007. CHARLESWORTH, Esther. Humanitarian architecture: 15 stories of architects working after disaster. New York: Routledge, 2014. COELHO, Roberto de Araujo. Interface entre perfis estruturais laminados e sistemas complementares. Perfil Gerdau Minas, 2004. (Coletânea do uso de aço). Disponível em: <http://www.skylightestruturas.com.br/ downloads/manual_interface.pdf>. Acesso: 16 out. 2015. DAVIDSON, Colin, JOHNSON, Cassidy, e LIZARRALDE, Gonzalo. Rebuilding after disasters: from emergency to sustainability. London: Spon Press, 2010. DAVIS, Ian. Arquitectura de emergencia. Barcelona: Gustavo Gilli, 1980. FREITAS, Arlene Maria, e DE CRASTO, Renata Cristina. Steel Framing: Arquitetura. Instituto Brasileiro de Siderurgia, Centro Brasileiro da Construção em Aço. Rio de Janeiro, 2006. (Série “Manual de Construção em Aço”).

Disponível em: <http://www.skylightestruturas.com.br/ downloads/CBCA_manuais_arquitetura.pdf>. Acesso em: 18 set. 2015. GOMES, Gabriela. Projeto Preliminar de Edificações Multifuncionais para Uso Coletivo em Núcleos de Abrigamento Temporários. Relatório Final de Iniciação Científica (PIBIC).NOAH/ FAU-USP. São Paulo, 2013. INSTITUTO DE PESQUISAS TÉCNOLÓGICAS. Relatório Técnico no 128.482-205, Prefeitura Municipal de Mauá. São Paulo, 2012. MARCHEZINI, Victor. Desafios de gestão dos abrigos temporários: uma análise sociológica de inseguranças e riscos no cotidiano de famílias abrigadas. São Carlos: UFSCar, 2010. MEINHOLD, Bridgette. Urgent Architecture. New York: W.W. Norton & Company, Inc., 2013. NAÇÕES UNIDAS. Como Construir Cidades Mais Resilientes: Um Guia para Gestores Públicos Locais. Genebra, 2012. Disponível em: <http://www.preventionweb. net/files/26462_guiagestorespublicosweb.pdf>. Acesso: 22 mai. 2015.


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UFRJ. Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2012 – Volume Brasil. CEPED UFSC. Florianópolis, 2013. Disponível em: <http://150.162.127.14:8080/atlas/Brasil%20Rev.pdf>. Acesso: 12 mar. 2015. UFRJ. Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2012 – Volume São Paulo. CEPED UFSC. Florianópolis, 2013. Disponível em: <http://150.162.127.14:8080/atlas/ Atlas%20Sao%20Paulo.pdf >. Acesso: 12 mar. 2015. UNIDSR. Making cities resilient, Report 2012: My city is getting ready! Genebra, 2012. Disponível em: <http://www.unisdr.org/we/inform/publications/28240>. Acesso: 14 abr. 2015. UNIDSR. Terminology on disaster risk reduction. Genebra, 2009. Disponível em: <http://www.unisdr.org/ files/7817_UNISDRTerminologyEnglish.pdf >. Acesso: 31 mai. 2015.


157


9. LISTA DE IMAGENS


159

2. O DESASTRE

(CRED). * Tradução por Milene Saito.

2.1. NO MUNDO

Mapa 2.1-2 | Vítimas De Desastres Naturais 19762005. Fonte: EM-DAT The International Disaster Database - Centre for Research on the Epidemiology of Disasters (CRED). * Tradução por Milene Saito.

Fig. 2-1 | Rio Itajaí Açu, Ilhota, 2011. Disponível em: <http://dcvitti.com/2011/09/18/enchentes-no-vale-do-itajai/enchente-no-vale-do-itajai-imagem-do-rio-itajai-acu-em-ilhota/>. Acesso em: 13 jun. 2015. Fig. 2.1-1 | Rescue workers, Otsuchi - Japão, 2011. Disponível em: <http://www.theguardian.com/world/ gallery/2011/apr/02/2011-disasters>. Acesso em: 14 jun. 2015. Gráfico 2.1-1 | Número de desastres por década e perdas econômicas por década (1971-2010). Fonte: Atlas of mortality and economic losses from weather, climate and water extremes (1970–2012) - World Meteorological Organization, 2014. * Tradução por Milene Saito. Gráfico 2.1-2 | População Urbana Mundial | 19502050. Fonte: World Urbanization Prospects, 2014 revision - ONU – 2014 * Tradução por Milene Saito. Mapa 2.1-1 | Número de desastres naturais 19762005. Fonte: EM-DAT The International Disaster Database - Centre for Research on the Epidemiology of Disasters

2.2. NO MUNDO Gráfico 2.2-1 | Desastres naturais no Brasil | 19912012. Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2012, Volume Brasil - CEPED. 2013. Gráfico 2.2-2 | Comparativo de ocorrências entre décadas no Brasil. Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2012, Volume Brasil - CEPED. 2013. Mapa 2.2-1 | Registro de eventos no brasil | 19912012. Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 A 2012, Volume Brasil - CEPED. 2013. Mapa 2.2-2 | Mortes causadas por desastres naturais América Latina | 1970-2012. Fonte: Atlas of mortality and economic losses from weather, climate and water extremes (1970–2012) - World Meteorological Organization, 2014. *Tradução por Milene Saito.


160

Mapa 2.2-3 | Perdas econômicas por desastres naturais América Latina | 1970-2012. Fonte: Atlas of mortality and economic losses from weather, climate and water extremes (1970–2012) - World Meteorological Organization, 2014. * Tradução por Milene Saito. Gráfico 2.2-3 | Comparativo entre densidade demográfica e mortos no Brasil. Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2012, Volume Brasil - CEPED. 2013. Fig. 2.2-1 | Esquema do ciclo do desastre. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF. asp?t=142347&tp=1>. Acesso em: 13 abr. 2015. Fig. 2.2-2 | Esquema das fases do desastre e organização administrativa. Disponível em: <http://www. senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=142347&tp=1>. Acesso em: 13 abr. 2015.

3. CIDADES RESILIENTES Fig. 3 -1 | Cidades Resilientes. Disponível em: < http:// www.unisdr.org/files/33059_33059finalprinterversionexecutivesu.pdf>. Acesso em: 14 abr 2015.

Gráfico 3-1 | População Mundial _1950–2050. Fonte: World Urbanization Prospects, 2014 revision - ONU - 2014. * Tradução por Milene Saito. Gráfico 3-2 | Componentes de sucesso para redução De Risco. Fonte: Making Cities Resilient, Report 2012: My city is getting ready! - UNISDR, 2012. * Tradução por Milene Saito.

4. EQUIPAMENTO PÚBLICO X ABRIGO COLETIVO Fig. 4-1 | Abrigo temporário, ginásio do Sesi, Rio Branco, AC - 2015. Disponível em: <http://noticias.uol. com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/03/08/abrigo-no-acre-vira-minicidade-com-juizado-posto-de-saude-e-ate-cinema.htm>. Acesso em: 3 out. 2015. Fig. 4-2 | Abrigo provisório, ginásio da cidade, Teresópolis, RJ - 2010. Disponível em: <http:// agenciabrasil.ebc.com.br/ultimasfotos;jsessionid=0BE46352041B6D78A0356B3F0E00B194?p_p_id=galeria&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_galeria_railsRoute=%2Fgerenciador_galeria%2Fgaleria%-


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2Fshow%3Fid%3D2207#http://agenciabrasil.ebc.com.br/ galeriaimagens/images/fotos/17369/normal?p_p_id=galeria>. Acesso em: 3 out. 2015. Fig. 4-3 | Esquema - Cidade Resiliente. Fonte: Making Cities Resilient: Summary for Policymakers - UNISDR, 2013. * Tradução por Milene Saito. Fig. 4-4 | Equipamento Público x Cidade Resiliente. Elaborado por Milene Saito.

5. ESTUDO DE CASO 5.1. O LOCAL Fig. 5.1-1 | Chafick, Mauá, 2015. Fotografia por Gabriella Pimenta. Mapa 5.1-1 | Região Metropolitana - SP | Município de Mauá. Fonte: Site da Prefeitura do Município de Mauá, 2010. Mapa 5.1-2 | Áreas de Risco e Hidrografia. Fonte: Relatório Final, Plano Municipal de Redução de Riscos de Escorregamentos e Solapamentos para o município de

Mauá, 2012. Elaborado por Milene Saito. Fig. 5.1-2 | Chafick, Mauá, 2015. Fotografia por Gabriella Pimenta. Fig. 5.1-3 | Morro do Macuco, 2011. Secretaria do Meio Ambiente, Estado de São Paulo. Disponível em: <http://blogambiente.sp.gov.br/2011/01/06/instituto-geologico-realiza-vistoria-em-maua/>. Acesso em: 22 de jun. 2015. Fig. 5.1-4 e 5.1-5 | Chafick, Mauá, 2015. Fotografia por Gabriella Pimenta. Mapa 5.1-3 | Equipamentos públicos existentes. Fonte: Site da Prefeitura do Município de Mauá, 2014. Elaborado por Milene Saito. Mapa 5.1-4 | Zoneamento. Fonte: Site da Prefeitura do Município de Mauá, 2014. Mapa 5.1-5 | Perímetro da 1ª etapa | Projeto de urbanização. Fonte: Urbanização de Assentamentos Precários, Chafick Macuco - Prefeitura do Município de Mauá, 2014. Mapa 5.1-6 | Projeto Básico da Implantação da 1a


162

etapa. Fonte: Urbanização de Assentamentos Precários, Chafick Macuco, Prefeitura do Município de Mauá, 2014.

6.2.1. Uber Shelter

Mapa 5.2-1 | Proposta de Equipamentos. Fonte: Site da Prefeitura do Município de Mauá, 2014 | Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.2.1-1 | Elevação lateral. Disponível em: <http:// ubershelter.blogspot.com.br>. Acesso em: 4 out. 2015.

5. 2. PROPOSTA INICIAL

Fig. 6.2.1-2 | Protótipo. Disponível em: <http://ubershelter.blogspot.com.br>. Acesso em: 26 out. 2015.

Mapa 5.2-2 | Esquema dos equipamentos propostos. Base: Google Earth [Acessado em: 9 Agosto 2015]. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.2.1-3 | Modelo final. Disponível em:.<http://ubershelter.blogspot.com.br>. Acesso em: 4 out, 2015. Fig. 6.2.1-4 | Áreas internas. Disponível em: <http:// ubershelter.blogspot.com.br>. Acesso em: 4 out. 2015.

6. O PROJETO 6.2. REFERÊNCIAS DE PROJETO Fig. 6.2-1 | Uber Shelter. Disponível em: <http://ubershelter.blogspot.com.br>. Acesso em: 4 out. 2015. Fig. 6.2-2 | Home-for-All. Disponível em: <http://www. aspirantsg.com/sifa-2015-returns-with-bigger-line-up-for-wider-audience/exif_jpeg_picture/>. Acesso em: 25 out. 2015.

Fig. 6.2.1-5 | Esquema com as fases de montagem. Disponível em: <http://ubershelter.blogspot.com.br>. Acesso em: 25 out. 2015. Fig. 6.2.1-6 | Diferentes modulações. Disponível em: <http://www.archdaily.com/133421/transitional-shelterdesign-study-in-haiti-by-mica/uber_assembly-02>. Acesso em: 25 out. 2015. Fig. 6.2.1-7 | Vista do segundo piso. Disponível em: <http://ubershelter.blogspot.com.br/search?updated-


163

min=2011-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=201201-01T00:00:00-08:00&max-results=14>. Acesso em: 4 out. 2015. Fig. 6.2.1-8 | Fotos da montagem. Disponível em: <http://ubershelter.blogspot.com.br/search?updatedmin=2011-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=201201-01T00:00:00-08:00&max-results=14>. Acesso em: 24 out. 2015. 6.2.2. Home-for-All Fig. 6.2.2-1 | Região de Tohoku, Japão. Fonte: Tohoku Electric Power. Disponível em: <http://www.tohoku-epco. co.jp>. Acesso em: 24 out. 2015. Fig. 6.2.2-2 | Os doze projetos Home-for-All. Disponível em: <http://home-for-all.org/houses/?lang=en>. Acesso em: 24 out. 2015. Fig. 6.2.2-3 | Tsunami em Rikuzentakata, 2011. Disponível em: <http://ajw.asahi.com/article/0311disaster/ quake_tsunami/AJ201209140073>. Acesso em: 24 out. 2015. Fig. 6.2.2-4 | Corte esquemático. Disponível em: <http://www.designboom.com/architecture/a-home-for-

-all-in-rikuzentakata-full-scale-prototype/>. Acesso em: 24 out. 2015. Fig. 6.2.2-5 | Construção dos pilares para o projeto. Disponível em: <http://en.wikiarquitectura.com/index.php/ Home_for_All_in_Rikuzentakata>. Acesso em: 24 out. 2015. Fig. 6.2.2-6 | Montagem dos pilares. Disponível em: <http://en.wikiarquitectura.com/index.php/Home_for_All_ in_Rikuzentakata>. Acesso em: 24.out, 2015. Fig. 6.2.2-7 | Home-for-All, Rikuzentakata, 2013. Disponível em: <http://en.wikiarquitectura.com/index. php/Home_for_All_in_Rikuzentakata> Acesso em: 24 out. 2015. Fig. 6.2.2-8 e 6.2.2-9 | Estrutura externa e balcões de madeira. Disponível em: <http://iwan.com/photo_ Home_For_All_Rikuzentakata_Toyo_Ito.php>. [Acesso em: 24 out. 2015. Fig. 6.2.2-10 e 6.2.2-11 | Ambientes internos. Disponível em: <http://iwan.com/photo_Home_For_All_Rikuzentakata_Toyo_Ito.php>. Acesso em: 24 out. 2015. Fig. 6.2.2-8 e 6.2.2-9 | Estrutura externa e balcões


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de madeira. Disponível em: <http://iwan.com/photo_Home_For_All_Rikuzentakata_Toyo_Ito.php>. Acesso em: 24 out. 2015. 6.3. ESTUDOS INICIAIS 6.3.1. Painéis de vedação Light Steel Framing Fig. 6.3.1-1 | Tipos de Fechamento LSF. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-VOqgkf5fQ_4/TwtJRkBS0GI/ AAAAAAAAcgY/vhjPxkmk41M/s1600/placa.jpg>. Acesso em: 24 nov. 2014. Fig. 6.3.1-2 | Montagem do LSF | Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-VOqgkf5fQ_4/TwtJRkBS0GI/ AAAAAAAAcgY/vhjPxkmk41M/s1600/placa.jpg>. Acesso em: 24 nov. 2014. 6.3.2. Volumes e Plantas Fig. 6.3.2-1 | Volume - estudo 1. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.3.2-2 | Volume - estudo 2. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.3.2-3 | Volume - estudo 3. Elaborado por Milene

Saito. Fig. 6.3.2-4 | Volume - estudo 4. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.3.2-5 | Plantas - estudo 4. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.3.2-6 | Plantas - estudo 4. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.3.2-7 | Plantas - estudo 4. Elaborado por Milene Saito. 6.4. PROJETO FINAL Fig. 6.4-1 | Implantação Projeto Final. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-2 | Planta Subsolo | Centro Comunitário. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-3 | Planta Subsolo | Abrigo Coletivo. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-4 | Planta Térreo | Centro Comunitário. Elaborado por Milene Saito.


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Fig. 6.4-5 | Planta Térreo | Abrigo Coletivo. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4-16 | Fachada Oeste. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4-6 | Planta 1o e 2o Pavimento | Centro Comunitário. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4-17 | Fachada Norte. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4-7 | Planta 1o e 2o Pavimento | Abrigo Coletivo. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4-18 | Fachada Leste. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4-8 | Planta 3o Pavimento. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-9 | Planta Caixa d’Água. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-10 | Planta Cobertura. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-11 | Corte AA. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-12 | Corte BB. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-13 | Corte CC. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-14 | Corte DD. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-15 | Corte EE. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4-19 | Fachada Sul. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-20 | Render Vista Superior. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-21 | Render Fachada Sul. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-22 | Render Fachada Norte. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-23 | Render Escadaria. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-24 | Render Terraço. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4-25 | Render Entrada Principal. Elaborado por Milene Saito.


166

6.4.1. Implantação

1:400. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.1-1 | Localização do edifício. Base: Google Earth [Acessado em: 29 Outubro 2015] | Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.2.3-1 | Programa do 1o e 2o Pavimento Esc. 1:400. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.1-2 | Esquema com acessos. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.1-3 | Implantação do projeto. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.2-1 | Esquema volumétrico: térreo - cobertura. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.2.3-2 | Programa do 1o e 2o Pavimento Esc. 1:300. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.2.3-3 e 6.4.2.3-4 | Programa do 1o e 2o Pavimento - Esc. 1:300. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.2.3-1 | Programa do 1o e 2o Pavimento Esc. 1:400. Elaborado por Milene Saito.

6.4.2. Programa

Fig. 6.4.2.3-2 e 6.4.2.3-3 | Programa do 1o e 2o Pavimento - Esc. 1:300. Elaborado por Milene Saito.

Tabela 6.4.2-2 | Sugestão de programa para o Centro Comunitário. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.2.4 -1 | Programa do Subsolo. Elaborado por Milene Saito.

Tabela 6.4.2-1 | Sugestão de programa para o Abrigo. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.2.5-1 e 6.4.2.5-2 | Programa Caixa d’água e Cobertura. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.2.1-1 e 6.4.2.1-2 | Programa do Subsolo Esc. 1:400, .laborado por Milene Saito. Fig. 6.4.2.2-1 e 6.4.2.2-2 | Programa do Térreo - Esc.

6.4.3. Estrutura Principal Fig. 6.4.3-1 | Esquema da estrutura. Elaborado por


167

Milene Saito. Fig. 6.4.3-2 | Render do encontro das vigas no balanço. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.3-3 | Render do encontro das vigas no balanço. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.3-4 | Detalhe de laje Steel Deck. Disponível em: <http://www.smdstockyards.co.uk/product/tr60-floordecking/>. Acesso em: 23 out. 2015.

Tabela 6.4.3-2 | Espessura mínima de concreto acima da fôrma. Fonte: NBR 14323 Tabela 6.4.3-3 | Cargas Acidentais. Fonte: NBR 6120 Tabela 6.4.3-4 | Cargas sobrepostas máximas (kN/ m2) - Steel Deck MF-75 METFORM | Disponível em: <http://www.metform.com.br/telha-forma.php>. 6.4.4. Vedação

Fig. 6.4.3-5 | Render de esquema de ligação rígida entre pilar e viga. Elaborado por Milene Saito.

Tabela 6.4.4-1 | Designações dos perfis de aço formados a frio para uso em Light Steel Framing e suas respectivas aplicações. Fonte: NBR 15253:2005.

Fig. 6.4.3-6 | Esquema dos travamentos horizontais. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.4-1 | Planta LSF | 1o e 2o Pavimento. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.3-7 | Ligação entre travamento horizontal e viga. Elaborado por Milene Saito.

Tabela 6.4.4-2 | Dimensões nominais usuais dos perfis de aço para Light Steel Framing. Fonte: a partir da NBR 15253:2005.

Gráfico 6.4.3-1 | Comparativo de custos para um TRRF de 120 minutos. Disponível em: <http://www.pcf. com.br/PCF_Solucoes/Argamassas_CCivil.html>. Acesso em: 2 nov. 2015. Tabela 6.4.3-1 | Exigência de TRRF. Fonte: NBR 6120

Fig. 6.4.4-2 | Det. 02 - Planta - Encontro de dois painéis. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.4-3 | Detalhe do encontro de dois painéis em “T”. Elaborado por Milene Saito.


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Fig. 6.4.4-4 | Detalhe do encontro de três painéis. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.5-6 | Exemplos de portas. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.4-5 | Det. 03 - Planta Encontro do painel com pilar. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.5-7 | Esquema de circulação de ar no estacionamento. Elaborado por Milene Saito.

Fig. 6.4.4-6 | Det. 04 - Corte - Encontro do painel com laje e viga. Elaborado por Milene Saito.

6.4.6. Sistemas Complementares

6.4.5. Esquadrias Fig. 6.4.5-1 | Desenho esquemático de painel não-estrutural com abertura | FREITAS, Arlene; CRASTO, Renata Cristina: Steel Framing: Arquitetura – Série “Manual de construção em Aço”, 2006. Fig. 6.4.5-2 | Exemplo de janela maxim-ar. Disponível em: <http://www.cec.com.br/janelas-e-portas/janelas/ maxim-ar/aluminio/janela-maxim-ar-alumifort-sem-grade-60x60-ref-72052234?produto=1167671>. Acesso em: 31 out. 2015. Fig. 6.4.5-3 | Det. 01 Caixilharia para PD completo. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.5-4 e 6.4.5-5 | Render dos brises no edifício. Elaborado por Milene Saito.

6.5.6.2. Instalações Hidráulicas Tabela 6.4.6.2-1 | Consumo específico por habitante | MARTINS, Rodolfo. Notas de aulas - Instalações de Água Fria, PHD 313 – Instalações e equipamentos hidráulicos. Fig. 6.4.6.2.1-1 | Esquema do sistema de reuso de águas cinzas e água pluvial no projeto. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.6.2.2-1 | Esquema de aquecimento solar | Disponível em: <http://www.soletrol.com.br/educacional/ comofunciona.php>. Acesso em: 28 out. 2015. Fig. 6.4.6.2.2-2 | Esquema do sistema de aquecimento solar no projeto. Elaborado por Milene Saito. 6.4.7. Etapas de Construção


169

Fig. 6.4.7.1-1 | Render da primeira fase. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.7.1-2 |Esquema da planta do subsolo. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.7.2-1 | Render da segunda fase. Elaborado por Milene Saito. Fig. 6.4.7.3-1 | Render da terceira fase. Elaborado por Milene Saito.





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