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Fendas & Panquecas

A estrada para o inferno passou pela Turquia e pela Síria. O sismo cataclísmico que atingiu as regiões do sul da Turquia e noroeste da Síria ultrapassou os 33,000 mortos, sendo 30,000 somente da Turquia. A esperança daqueles que ainda estão presos sob os escombros diminui a cada hora, aumentando o seu sofrimento.

Este tipo de tragédia não é incomum na nossa grande Terra onde as ocorrências catastróficas fazem parte do modo de vida terrestre, resultando num sofrimento trágico em diferentes lugares. Muitos sugerem que estes desastres são o resultado das alterações climáticas, ignorando contudo o facto de que a política geralmente faz parte da equação, pois as medidas de proteção são negligenciadas por aqueles que deveriam fazer cumprir os códigos de planeamento e construção. Sim, abriram-se fissuras e a terra arqueou-se onde este desastre ocorreu, mas as fendas para o inferno poderiam ter sido reduzidas se os políticos corruptos e os fiscais das construções tivessem garantido medidas de construção adequadas.

Como resultado, mais de 1.1. milhões de pessoas encontram-se em abrigos temporários em pleno inverno, a tremer sem condições de proteção e à mercê de um governo mal preparado para reagir ao desastre. Embora a Turquia tenha recebido atenção e ajuda mundial, falhamos com o povo do noroeste da Síria. Essas pessoas sentem que foram abandonadas e a ajuda internacional não chegou. Porquê? Não são seres humanos como os turcos? Os conflitos geopolíticos e a guerra civil na Síria prejudicaram os esforços humanitários, mas deve existir uma maneira de colocar as diferenças de parte para salvar vidas.

O ministro da Justiça da Turquia disse ter aberto um “escritório de investigação de crimes de sismos” para investigar possíveis negligências que deixaram edifícios vulneráveis ao colapso durante os terramotos. Desde 1983, quando a democracia foi estabelecida na Turquia, houve um boom de construção. Os padrões de construção foram negligenciados por funcionários corruptos, como costuma acontecer quando ocorrem transições de governos fascistas para democratas. O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, chegou ao poder em 2014. Desde o início do seu mandato, ele não fez nada para conter a corrupção e lentamente transformou o país num Estado semifascista. Cerca de 6,000 edifícios colapsaram numa zona conhecida por ter placas tectónicas defeituosas e o Presidente nunca ordenou uma investigação sobre a construção dos edifícios. Há sangue nas mãos de Erdogan e do seu governo e as tentativas de silenciar os meios de comunicação não reduzirão as opiniões do mundo sobre o seu duplo padrão de governo.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, gosta de recorrer a proclamações sombrias como “aniquilação nuclear” e “inferno climático”. Talvez se

Leia a qualquer hora do dia mileniostadium.com deva concentrar na “exploração das pessoas comuns” e fazer da Turquia um exemplo. Organizações como a ONU e a NATO perderam a capacidade de proteger as pessoas e estão apenas a concentrar-se em processos. A tolerância da corrupção política e da construção de má qualidade fará com que muitas áreas do mundo sejam engolidas pela próxima cratera. Este desastre é muito mais do que um terramoto. É sobre a falta de humanidade dos Homens e sobre as conveniências políticas. A Turquia deveria servir de exemplo, evidenciando que os governos não existem para proteger. São muito parecidos com o edifício desmoronado com cimento que se parece a areia e sem reforço de aço. São egoístas a sobreviver num ambiente onde são importantes. É tudo um espetáculo de sorrisos e apertos de mão, com moralidades de burros.

Não persiga apenas os construtores das infraestruturas. Oprima e prenda todos aqueles que aceitaram a responsabilidade de nos proteger contra ocorrências como a da Turquia. Não, a estrada para o inferno não está cheia de boas intenções.

Previsão Meteorológica

Ano XXXII- Edição nº 1628 17 a 23 de fevereiro de 2023

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Traduções: Inês Carpinteiro e David Ganhão

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