4 minute read

Pior do que cair uma bomba

Religião católica - foi pior do que cair uma bomba. Foi preciso esperar sete décadas para que a justiça fosse chamada a intervir, e certos casos se dessem a conhecer.

Muitas vezes o cidadão admira-se com a falta de adesão de juventude às igrejas, muitos paroquianos pediam aos padres para se mudar a forma de celebrar missas para atrair a juventude. Eu concordo que tem de se modernizar e trabalhar para trazer os católicos a assistir às missas, especialmente a classe mais jovem. Hoje vamos assistir a uma missa e olhamos em nossa volta e não se vê muitos jovens, é muito mau. Em tempos muito se culpava os padres por serem antiquados e nada fazerem para atrair jovens, isto tem vindo em decadência desde há muitos anos. Não quer dizer que a falta de jovens a praticar a religião que lhes foi ensinada seja pelo facto de nas últimas sete décadas ter havido tantos abusos em jovens. Quando a igreja dizia que era uma mão cheia de casos de abuso sexual, o relatório vem falar em milhares. O mais preocupante de tudo, além de ser um caso muito sério, depois da comissão apresentar o relatório, é que se veio a saber que Portugal tem mais casos de abusos do que a Europa, isto deixa Portugal, mais uma vez, na cauda da desgraça, desta vez com a religião católica. Para qualquer cidadão português a notícia anunciada pela comissão independente foi pior que uma bomba - 4,800 abusos sexuais. A própria comissão independente validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, quer isto dizer que dos testemunhos recebidos foram quase 100% aprovados, isto é muito grave. Eu como católico honestamente tenho vergonha, andaram anos a fio a esconder um crime e ainda ninguém veio a público falar dos que ainda se encontram no ativo. Um caso destes era de no dia seguinte os colocar na rua sem nada e apresentar os nomes ao Ministério Público.

Depois de se ter conhecimento do relatório, diz-se que não é difícil encontrar dados chocantes no documento entregue, entre muitos casos vergonhosos um deles destaca que a idade média das vítimas no início dos abusos é de 11 anos. Um dos locais que praticavam os abusos era no próprio altar, nos confessionários, nos colégios entre outros lugares. Histórias chocantes que dão para pensar. Segundo informação divulgada, os distritos com maior número de casos são Lisboa, Porto e Braga. A Igreja já veio dizer que será divulgada uma lista de abusadores ainda no ativo, provavelmente até ao final do mês, não falta muito. Esperemos que justiça seja feita, que os que ainda se encontram no ativo sejam colocados na rua, porque dos 4,800 que foram abusados a maioria, de certeza, são jovens ou crianças que ficaram destruídos, não seguiram uma carreira, muitos não formaram família, outros ficaram com trauma e nem padres podiam ver na frente, de tal modo que um dos abusados, segundo noticias, já faleceu e nem padre quis no funeral, assim relatou um familiar. Estranho é que se viveram décadas de tristeza e muita gente sabia e não houve coragem de se denunciar, muitos com medo de represálias. Todos sabemos o poder que os padres tinham no passado. Podemos chamar a isto uma situação dramática, que não vai ser fácil de ultrapassar a nenhuma das vítimas. Para a maioria das vítimas os casos já prescreveram. Tudo isto ajudou muito a que as pessoas largassem de praticar, de acreditar em quem dentro das igrejas passava a palavra de Deus ao seu povo. Hoje vivem-se dias difíceis na religião católica especialmente em Portugal, agora esperemos, que ainda vai correr muita tinta e ainda pode ser que a igreja tenha que indemnizar as vítimas como aconteceu em França.

Os que são, continuem a ser católicos e a crer e acreditar, mas as dioceses juntamente com o Papa têm muito trabalho pela frente para mudar muita coisa e, se calhar, passar a haver mulheres a desempenhar o papel de padre. Agora para se continuar o trabalho de investigação a comissão quer que seja constituída uma nova comissão para esse fim, mas pede para que seja com a integração de elementos da igreja, para que sejam tomadas medidas que possam renovar confiança religiosa e que se evite novos casos.

A religião não tem culpa do que certas pessoas fizeram e se calhar alguns continuam a fazer.

Bom fim de semana.

Josefa de Maltezinho Fracturas Expostas

A autora nasceu no Porto (1956) e vive em Aveiro mas não é de geografia que tratam estas «Fracturas Expostas»; a sua organização é sentimental e não geográfica. Desde logo o poema que dá título a este livro (editora Húmus) de 102 páginas e 52 poemas (tantas são as semanas do ano) é o poema «Outono» que pode ler-se na página 93. «parir solidão, esse cão a lamber fracturas expostas».

Este livro só poderia ter sido escrito por uma mulher: o poema da página 30 lembra a frase maternal «não dês conversa a estranhos», o da 26 afirma que «parir não há-de querer dizer apenas dor», o da 70 enumera as chamadas tarefas transparentes sem as quais o tempo parava «lavar, secar, passar a ferro, arrastar móveis, aspirar, limpar o pó» e tudo o resto na casa e no mundo. Na página 101 o poema «As mulheres de Atenas» abre com um verso lúcido: «Há quem diga que elas são ilegíveis até ao tutano.» Depois temos a solidão na página 83: «A solidão é um animal ferido. Com hemorragias internas».

E a seguir temos o amor na página 77: «Sabes, o amor, esse que devia ser sempre verdadeiro, também se faz de fingimento». Este poema levanta de novo a dúvida que já o poeta alemão Novalis tinha resolvido ao escrever: «Quanto mais poético mais verdadeiro, quanto mais verdadeiro mais poético». Surge neste livro, embora não de modo explícito, uma ideia forte de Santo Agostinho: «A única medida do amor é amar sem medida.» Isto porque só o amor pode responder à solidão e à morte e é nele, no amor sem medida, que está a resposta ao poema da página 55: «Para onde vão, afinal, todas as horas da nossa vida?»

Quem viveu o seu tempo que já vai em sete na tabuada dos dez, há uma certeza: «todas as horas são para nos ferir, a última é para nos matar».

Happy Family Day!

CARMEN PRINCIPATO

TONY DO VALE

PETER GLAZE

ISABELLA COSTANZO

ROLY BERNARDINI

SAVERIO REPOLE LUIS PIMENTEL

REGIONAL ORGANIZING CO-ORDINATOR

ELIO TOPPAN

FABRIZZIO MASSARI

LEGAL COUNSEL

RYAN EHRENWORTH

HARDY JALLOH

MIKE BETTENCOURT

MAMADOU BAH

JOE INACIO

JOE FURTADO

JOHN WALKER

MILTON MEDEIROS

MARCO MELO

ROCCO CHIAVUZZO

ANTHONY DO VALE

MAURO MAGLIOCCHI

RENATO TAGLIONE

PATRICIA LUM

MONIQUE SERINO

NATALIY KRASKOVSKY

MISHEL BIRFIR

NICOLE PIETRANGELO

ADRIANNA DO VALE

LILY MEDEIROS

This article is from: