FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT
JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ
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ANO XXXII - 357
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AGOSTO DE 2019
editorial “Onde haja uma árvore para plantar, plante-a você. Onde haja um erro para corrigir, corrija-o você. Onde haja um trabalho e todos se esquivem, aceite-o você. É muito belo fazer aquilo que os outros recusam. Mas não caia no erro de que só há mérito nos grandes trabalhos. Há pequenos serviços que são bons serviços. Adornar uma mesa, arrumar seus livros, pentear uma criança. Uns criticam, outros constroem. Seja você o que serve. Servir não é faina de seres inferiores. Seja você o que remove a pedra do caminho, o ódio entre corações e as dificuldades do problema. Há a alegria de ser puro e as dificuldades do problema. Há a alegria de ser puro e a de ser justo. Mas há, sobretudo, a maravilhosa e imensa alegria de servir.” [Gabriela Mistral- pseudônimo de Lucila de María del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga (1889-1957), primeira latinoamericana a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1945.]
expediente Diretor geral
DOM JOSÉ LANZA NETO Editor
PE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808 Equipe de produção
LUIZ FERNANDO GOMES JANE MARTINS Revisão
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diaconia é um elemento indispensável para se vivenciar a fé cristã. Arriscaria afirmar que sem ela, corre-se o risco de se esquecer da cena emblemática do Lava-Pés (Jo 13, 1-20), na qual o próprio Mestre Nazareno se coloca como o Servo dos servos. Assim, a Igreja como discípula continua a anunciar a Palavra e servir o Povo de Deus, através de seu ministério apostólico, buscando concretizar a caridade de inúmeros modos, seja no trabalho de cuidar dos mais pobres e vulneráveis, seja na prática do aconselhamento que indica à humanidade a direção segura a trilhar. Nesta edição, o serviço às comunidades se manifesta de diversos modos. Em Opinião, o coordenador diocesano de pas-
toral traz uma síntese das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019- 2023). É de fundamental relevância o ambiente urbano e suas peculiaridades. O plano de evangelização para a Igreja do Brasil acentua o reflexo de uma atomização do sujeito diante das relações sociais. Aprenderemos também sobre o itinerário teológico e eclesial da vocação diaconal, em vista da implantação do diaconado permanente no clero. O conhecimento e a valorização dessa vocação urge diante de uma evangelização mais desafiante e provocadora. Iniciará em breve uma etapa de esclarecimento sobre a possibilidade de homens casados ou solteiros servirem às comunidades pela vivência do
diaconado permanente. Atenção especial merece a juventude. Proposta destacada pelo papa Francisco com o Sínodo e, posteriormente, com a exortação apostólica Christus Vivit. Convidamos a representante do setor Guaxupé para partilhar conosco suas impressões sobre a caminhada da Igreja com a juventude e como podemos favorecer o ingresso na comunidade eclesial e fazer com que o jovem assuma seu papel na Igreja. Ser cristão é colocar-se a serviço, demonstrando com gentileza a beleza de termos sido tocados um dia pelo Senhor, que nos convida ainda hoje a permanecermos junto a Ele.
JANE MARTINS Jornalista responsável
ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265 Projeto gráfico e editoração
BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160 Telefone 35 3551.1013
guaxupe.ascom@gmail.com Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal. Uma Publicação da Diocese de Guaxupé www.guaxupe.org.br
voz do pastor
Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé
JUVENTUDE E SANTIDADE
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ecordo-me do Papa São João Paulo II que, em uma das edições da Jornada Mundial da Juventude, fez este forte apelo para que o jovem não tivesse medo de ser santo ou viver a santidade. E propôs como meta a busca da santidade – algo possível de ser buscado e concretizado. Foi uma palavra profética no mundo juvenil marcado pelas facilidades e grandes propostas de liberdade, prazer, independência. Por certo, muitos jovens acataram a orientação do sumo Pontífice e procuram também influenciar outros jovens com a vida, o testemunho e o engajamento em suas comunidades. É bem verdade que de lá para cá o mundo continuou a influenciar e determinar o comportamento e a vida dos jovens, e é comum entre eles algumas manifestações de descrença absoluta. Num grupo em preparação à crisma, meia dúzia desistiu dizendo que não acreditam em Deus e que não precisam da fé. Poderíamos lamentar dizendo: “Que pena!”. No entanto,
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de nossa parte vem um questionamento: Onde está nossa juventude? Quem a está orientando? Vale a pena acreditar neles? Temos condições de alcançá-los? Qual a nossa disposição? Diante deste tema, Juventude e Santidade, cabem-nos as perguntas: Que entendimento temos quanto à santidade? Para quem é válida? Encontraremos disposições necessárias em nossas juventudes hoje? Vale ter também bem presentes as orientações do Papa Francisco a respeito da santidade dizendo-nos que está ao alcance de todos. A santidade perpassa a vida nas suas diversas etapas, épocas, faixas etárias; na sua mais simplicidade possível, isto é, no dia a dia, nas pequenas e grandes coisas que fazemos, na busca de nossa realização. Se a santidade está ao alcance de todos é só nos propormos. É de se perguntar se estamos alcançando os jovens em nossas comunidades e paróquias ajudando-os a buscar a fé e o caminho da santidade.
Um jovem rico se aproxima de Jesus e pergunta o que é necessário para se obter a vida eterna, sinal que os jovens estão sempre se perguntando. Não podemos desprezar seus questionamentos e muito menos seus ideais. A juventude é sempre bonita, rica em suas buscas constantes e sensibilidade com as causas sociais. Pensar o mundo diferente é indispensável, investir nos adolescentes e jovens, formá-los bem, capacitá-los para lideranças e dando lugar de destaques a eles. Eles precisam ser bem acolhidos e fazer belas experiências de convivência, de fé e de espiritualidade. Algumas comunidades são pioneiras em recrutar jovens. O que pesam sempre, ou quase sempre, são o ambiente próprio, a música, os verdadeiros ensinamentos evangélicos, as experiências de respeito e a vida familiar. Acima de tudo, é preciso amar os jovens e acreditar que o futuro já está presente neles. Sem o rosto do jovem, a Igreja, o mundo e a sociedade perdem seu brilho.
juventude
Por Cassiane Ferreira França, representante do Setor Juventude – Setor Guaxupé
A IMPORTÂNCIA DO JOVEM ASSUMIR A SANTIDADE NO MUNDO DE HOJE
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Igreja, nestes últimos tempos, através do Papa Francisco, tem abordado assuntos desafiantes e, ao mesmo tempo, pertinentes à nossa realidade. Falar de Santidade e juventude é um grande desafio, porém necessário e não afastado de nossas possibilidades humanas. Dar importância ao chamado batismal à santidade é ser consciente a que fomos criados. Papa emérito Bento XVI disse que “o compromisso que nasce do Batismo é o de escutar a Jesus. Quer dizer, acreditar n’Ele e segui-lo docilmente fazendo sua vontade, a vontade de Deus. Deste modo, cada um de nós pode tender à santidade, uma meta que, como lembra o Concilio Vaticano II, constitui a vocação de todos os batizados”. A exortação apostólica pós-sinodal, Christus Vivit, do Papa Francisco, por outro lado, vem dizer que a santidade no jovem não somente é possível como também real. “Jesus é jovem entre os jovens, para ser o exemplo dos jovens e consagrá-los ao Senhor” (Santo Irineu). Por isso, o Sínodo disse que “a juventude é um período original e estimulante da vida, que o próprio Jesus viveu, santificando-a” (CV 22). Assumir a santidade primeiramente é viver o projeto original pelo qual fomos criados. A essência que percorre toda nossa criação chamada a viver como imagem e semelhança do Pai que é Santo. Se parecer num sentido muito mais profundo e não apenas exteriormente! Por diversas vezes e ainda tão longe de
um claro entendimento no meio do campo juvenil, a palavra santidade e sua vivência ainda não são bem compreendidas e, em diversas circunstâncias, confundidas com algo muito distante das possibilidades reais. O jovem que assume a santidade é aquele que consegue educar e catequisar outros jovens para que também compreendam. Perguntei a alguns jovens de realidades pastorais diferentes sobre santidade. Ouvi-los é a forma de perceber um pouco como tem sido essa realidade. Miriam Teixeira disse: “o jovem vive um momento com inúmeras vontades, possibilidades, decisões próprias. Mas Deus o criou, por isso Deus sabe o que é melhor para ele, e mais do que criatura de Deus, o jovem é filho amado de Deus. Assim, é indevido que este filho amado e criatura divina viva por mero desejo próprio e egocêntrico, porque foi criado para estar junto do Pai, que é amor. Responder ao chamado de santidade de Deus significa se aproximar de Deus, se aproximar cada vez mais do amor, que é Deus”. Júlio Ribeiro destacou “a conversão necessária, pois o testemunho de outros jovens acaba por ter mais peso que o testemunho de um Santo canonizado”. E, ainda, o testemunho de Eduardo Henrique ao afirmar que “o jovem que descobre seu chamado à santidade tem um importante papel de conservar a fé católica e de evangelizar outros jovens”. Ele é o próprio comunicador de quem
patrimônio
é Deus para todas as realidades que vive transformando as páginas do Evangelho no seu dia a dia. É o que recorda Papa Francisco na Exortação Christus Vivit: “Amigos, não espereis pelo dia de amanhã para colaborar na transformação do mundo com a vossa energia, audácia e criatividade. A vossa vida não é, entretanto; vós sois o agora de Deus, que vos quer fecundos” (CV 178). Que impacto o meu assumir tem no mundo? Se no dizer popular a notícia ruim chega com pressa, com mais pressa ainda deve chegar aqueles que a assumiram seu chamado batismal à santidade. Que impacto teve no mundo o jovem Francisco? Ele que viveu tantos séculos atrás e até os presentes dias ainda inspira homens e mulheres de todas as idades, em seus pensamentos e atitudes. Pensemos também na jovem Teresa de Lisieux, determinada e convicta de sua vocação e que continua a apontar caminhos, ela que sequer saiu do claustro. Trazendo para uma realidade próxima e atual, lembro minha primeira coordenadora jovem que, com sua dinamicidade, espiritualidade e do-
cilidade me marcou tão profundamente que, ainda hoje, mesmo distante territorialmente, continua exercendo uma santa influência em alguns pontos de minha vida! Deus Pai que nos conhece, que sabe exatamente de nossas limitações e imperfeiçoes, também nossos dons e acertos, nos chama à santidade: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5,48). “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2). Podemos, então, alegremente, assumir, porque Ele não nos pediria algo que não nos fosse possível! É descobrindo o modo pessoal com que cada um é chamado a se aproximar mais de Deus que essas marcas vão sendo deixadas no mundo e, quem sabe, também ficarão registradas em tantos quantos se servirem de nossa história um dia, para também encontrarem seu caminho!
Fonte: Homilia do papa Francisco na Missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2016
IDE E FAZEI DISCÍPULOS ENTRE TODAS AS NAÇÕES
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as, atenção! Jesus não disse: se vocês quiserem, se tiverem tempo, vão; mas disse: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Partilhar a experiência da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, também a você. É uma ordem, sim; mas não nasce da vontade de domínio, da vontade de poder. Nasce da força do amor, do fato que Jesus foi quem veio primeiro para junto de nós e não nos deu somente um pouco de Si, mas se deu por inteiro, Ele deu a sua vida para nos salvar e
mostrar o amor e a misericórdia de Deus. Jesus não nos trata como escravos, mas como pessoas livres, como amigos, como irmãos; e não somente nos envia, mas nos acompanha, está sempre junto de nós nesta missão de amor. Para onde Jesus nos manda? Não há fronteiras, não há limites: envia-nos para todas as pessoas. O Evangelho é para todos, e não apenas para alguns. Não é apenas para aqueles que parecem a nós mais próximos, mais abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas. Não tenham medo de ir e levar Cristo para to-
dos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente. O Senhor procura a todos, quer que todos sintam o calor da sua misericórdia e do seu amor. De forma especial, queria que este mandato de Cristo - “Ide” - ressoasse em vocês, jovens da Igreja na América Latina, comprometidos com a Missão Continental promovida pelos Bispos. O Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo! Paulo exclama: «Ai de mim se eu não pregar o evangelho!» (1Co 9,16). Este Continente recebeu o anúncio do
Evangelho, que marcou o seu caminho e produziu muito fruto. Agora este anúncio é confiado também a vocês, para que ressoe com uma força renovada. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido por vocês!
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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notícias CHRISTUS VIVIT: JOVENS SE PREPARAM PARA VIVER SUA ESPIRITUALIDADE EM MISSÃO Texto: padre Vinícius Pereira Silva, assessor do Setor Diocesano da Juventude | Imagens: Lázara Assunção
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risto vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida” (exortação apostólica Christus Vivit, 1). Cerca de 150 jovens de várias cidades da Diocese de Guaxupé reuniram-se no dia 30 de junho, no Encontro de Coordenadores de Grupos de Jovens. O encontro já acontece há vários anos e busca ser um momento de fortalecimento das lideranças juvenis das diversas expressões e segmentos dos grupos da Diocese. A jovem Beatriz Silva Ribeiro, da Paróquia Nossa Senhora da Penha, de Passos, já participa do encontro há quatro anos. “É sempre um momento incrível que nos proporciona uma riqueza em trocas de experiências e nos motiva a seguir firmes na caminhada”, destaca. O encontro, organizado pelo Setor Diocesano da Juventude, é composto por representantes de todos os setores e de algumas expressões juvenis. O tema do encontro foi: “Cristo vive e nos faz missionários corajosos”,
buscando apresentar pistas de leitura da exortação apostólica pós-sinodal Christus Vivit, do papa Francisco, bem como despertar nos coordenadores o ardor missionário, em preparação para a Missão Jovem que ocorrerá na diocese no mês de outubro. Pela manhã, os jovens participaram de duas palestras. A jovem Andrea Aparecida Esteves, de Alfenas, membro da Comunidade de Vida e Aliança Mariana Resgate, fez uma abordagem ampla da Exortação, destacando as três grandes verdades elencadas pelo papa Francisco: Deus é amor, Cristo salva e Cristo Vive. Sobre o documento, o jovem Luís Fernando Francisco, da Paróquia São Paulo Apóstolo, de Poços de Caldas, afirmou: “Gostei muito da palestra da Andrea sobre a Christus Vivit: sem precisar aprofundar muito no conteúdo, ela conseguiu despertar meu interesse em estudar a exortação”. A vivência dos jovens como missionários corajosos foi apresentada pelo padre Alexandre José Gonçalves, coordenador diocesano de
Pastoral, que recordou aos jovens a necessidade de se estar enraizado em Jesus para viver a missão. Para a participante Beatriz, o jovem missionário deve ser verdadeiro seguidor de Cristo e honrar sua aliança com Ele. “O padre Alexandre veio nos lembrar do nosso compromisso enquanto batizados: levar o amor de Jesus a todos, usando nossa fé que volta nosso olhar a Cristo e nos faz enxergar a partir dos olhos dele”, ressaltou. Além desses momentos, o encontro contou com dinâmicas, orações e articulação nos setores pastorais para os trabalhos no setor e para o mês missionário. Com a proposta de experimentar o Cristo vivo na Palavra de Deus e na
Eucaristia, os jovens também fizeram a oração da Lectio Divina (Leitura Orante) e participaram da Santa Missa. O encontro transcorreu num espaço de harmonia e descontração, segundo o jovem Luís Fernando. “Me sinto com o espírito renovado para poder pastorear melhor os jovens de minha paróquia. Só posso dizer que o encontro foi top!”, afirma. Os coordenadores são chamados a multiplicar os conteúdos e as vivências nos seus próprios grupos, de modo que as diversas expressões e grupos caminhem em comunhão. O trabalho com a juventude na Diocese é pautado pelo terceiro projeto do Plano Diocesano da Ação Evangelizadora.
FORMAÇÃO CRISTÃ ANALISA O CAMINHO DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
MISSIONÁRIOS E LIDERANÇAS PASTORAIS SE PREPARAM PARA MÊS MISSIONÁRIO
Texto: Marina Auxiliadora de Oliveira Faria Borneli | Fotos: Lázara Assunção
Informações/Imagens: Pascom – Juruaia
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o dia 6 de julho, foi organizado pela equipe diocesana de Formação de Leigos o encontro anual dos envolvidos com a formação cristã nas comunidades de toda a diocese. Participaram dessa edição 75 leigos e leigas de 34 paróquias. A assessora convidada foi Suzana Coutinho, professora e membro da equipe da revista Ecoando, publicação especializada em catequese. A temática desenvolvida foi a Iniciação à Vida Cristã e sua relevância para a caminhada cristã em comunidade. “É preciso olhar para nossa realidade e ver o que é necessário para se formar um projeto de formação cristã em nossa diocese”, propõe a assessora. O projeto de ins-
piração catecumenal Viver em Cristo para a iniciação cristã com adultos evidencia o papel da comunidade na formação de novos cristãos num caminho mistagógico, que valoriza as celebrações sempre com ritos, gestos e palavras. O texto bíblico utilizado para iluminar o encontro foi retirado do Evangelho de São João (4, 4-30) que mostra o diálogo entre Jesus e a Samaritana, iniciado de forma fria e distante, mas que se transforma em conversa sincera e profunda. Poucas perguntas, muita escuta. Uma questão apresentada como importante para iniciar a formação teológica é o diálogo, saber falar, mas também saber ouvir.
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o dia 7 de julho, a Coordenação Diocesana de Pastoral e o Conselho Missionário Diocesano (Comidi) realizaram um encontro formativo para lideranças pastorais e missionárias no Centro Catequético da Paróquia São Sebastião, em Juruaia. A oração inicial foi conduzida pelo padre Dione Piza, administrador paroquial em Juruaia, ressaltando a importância do Batismo para as vocações na Igreja a serviço da unidade. O tema direcionou os participantes ao assunto central do encontro “Batizados e enviados”, proposto pelo papa Francisco para
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o Mês Missionário Extraordinário (MME), no próximo mês de outubro. Em seguida, o coordenador diocesano de pastoral, padre Alexandre Gonçalves, destacou alguns pontos essenciais do Plano Diocesano de Ação Evangelizadora, definido na última assembleia diocesana, ocorrida no ano passado. Sobre o tema específico do encontro, o padre José Eduardo da Silva, coordenador do Comidi, apresentou o cronograma do MME com sugestões para aplicação nas diversas realidades pastorais.
notícias SECRETÁRIOS PAROQUIAIS PARTICIPAM DE FORMAÇÃO TÉCNICA Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação
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conteceu, no dia 17 de julho, um Encontro Formativo para Secretários Paroquiais, promovido pelo setor administrativo e pela chancelaria da Diocese de Guaxupé. Mais de 100 participantes estiveram presentes para se aprofundar quanto aos assuntos de ordem administrativa, registros e arquivos paroquiais. Os assessores do encontro foram o chanceler da Cúria Diocesana, padre Sidney Carvalho, e a responsável pela área de Recursos Humanos, Lilian Bento.
CONGRESSO MARIANO FAVORECE APROFUNDAMENTO EM TEOLOGIA Texto/Imagem: Andrea Esteves, membro da comunidade Mariana Resgate
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Comunidade Mariana Resgate realizou, nos dias 20 e 21 de julho, em comemoração aos seus 10 anos, o Congresso Mariano, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Alfenas. Houve momentos de pregação, cânticos, adoração, oração e workshops durante todo o evento. Cada momento foi preparado para tornar Maria mais conhecida e amada. O padre Glauco Siqueira, pároco em Conceição da Aparecida, abriu o congresso falando sobre Maria, a Nova Eva, e afirmou: “Eva deu sim a um projeto que nos separava de Deus e Maria deu um sim a um projeto que consistia em nossa união com Deus.” Depois, Padre Luciano, na segunda colocação, abordou a doação e entrega total de Maria, sendo o primeiro sacrário a levar Jesus Cristo. Foram propostos workshops sobre temas relacionados: Dogmas Marianos, ministra-
do pelo estagiário pastoral, Douglas Ribeiro; Rosário, ministrado pelo seminarista Richard Oliveira; e Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, ministrado por Andrea Esteves, da Comunidade Mariana Resgate. Em seguida, Padre Robison Inácio, pároco em Serrania e mestre em Teologia Dogmática, falou sobre o tema central do congresso Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, percorrendo o Concílio de Éfeso e os ensinamentos da Igreja sobre a maternidade divina de Maria. O primeiro dia do congresso foi encerrado com o teatro musical Theotokos, dirigido pelo seminarista Richard Oliveira, uma apresentação inédita sobre a vida de Nossa Senhora. “O musical Theotokos foi uma mistura de lágrimas e risos, cada cena levava-me à reflexão da vida de Maria, desde os momentos felizes que viveu até o ponto ápice de sua dor. Saí extremamente impactada com o que vivi nes-
te musical”, afirmou a jovem Sabrina Verola. No domingo, a fundadora da Comunidade Mariana Resgate, Danusa da Silva, falou sobre o Magnificat, oração de louvor em que Maria proclama as maravilhas de Deus. O congresso foi concluído com a fala do membro da Comunidade Mariana Resgate, Hélisson José falando sobre Maria e o Espírito Santo. Foi um final de semana de inúmeras riquezas. Para Tuaini Cristina, de Machado,o evento foi frutuoso: “O Congresso Mariano foi
para mim um encontro pessoal com Maria e através dela pude estar mais junto de Jesus. A todo momento eu sentia Maria visitando meu coração, que transbordava em uma alegria sem fim”.
FAMÍLIA E JUVENTUDE SÃO TEMAS DE FORMAÇÃO PERMANENTE DOS PRESBÍTEROS Texto: Douglas Ribeiro | Imagem: Assessoria de Comunicação
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ntre os dias 22 e 25 de julho, o clero da Diocese de Guaxupé participou de uma formação, na casa de encontro Dom Luís, em Brodowski (SP), ministrada por dom Antônio Emídio Vilar, SDB, bispo diocesano de São João da Boa Vista (SP). Dom Antônio é filho da Diocese de Guaxupé, natural de Guardinha, distrito de São Sebastião do Paraíso. Os temas da formação foram a Família e a Juventude no Pontificado do Papa Francisco. O bispo iniciou trabalhando a Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia sobre o amor na família, enfatizando o diálogo, o
conhecimento e, acima de tudo, a misericórdia que o pastor deve ter com suas ovelhas. Diante do cenário plural da vida de cada comunidade paroquial, os padres devem ter abertura de coração e agir com
caridade, se modelando na figura de Jesus Cristo. Ao se referir aos jovens, dom Antônio usou a Exortação Apostólica pós-sinodal Christus Vivit, o Cristo que vive e está presente nos jovens. O documento
olha para o contexto em que vivem os jovens, as forças e os desafios. “O jovem quer ser ouvido, reconhecido, acompanhado e quer que sua voz seja considerada útil”, disse o bispo. Deus fala à Igreja e ao mundo por meio dos jovens, por isso “no contexto em que vivemos é necessário investir tempo e recursos nos jovens com a proposta de oferecer a eles um período de amadurecimento da vida cristã adulta”, finalizou. A Formação Permanente deste ano contou com a participação de dom José Lanza, mais de 80 padres e os três seminaristas estagiários.
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em pauta VOCAÇÃO DIACONAL: PERCURSO E PERPECTIVAS DO DIACONADO PERMANENTE
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om o Concílio Vaticano II (19621965), a dimensão vocacional foi um dos elementos da vida católica que recebeu grande ênfase. Nas palavras do Papa Francisco na Exortação Christus Vivit, “O Concílio Vaticano II ajudou-nos a renovar a consciência desta chamada dirigida a cada um: ‘[...] todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho’” (CV 249). A fim de criar uma cultura vocacional no Brasil, desde 1981 a Igreja celebra em agosto um mês de oração vocacional, no intuito de recordar que todos os batizados são chamados à santidade. Conforme a Constituição Lumen Gentium: “Cada um, segundo os próprios dons e funções, deve progredir sem desfalecimentos pelo caminho da fé viva, que estimula a esperança e que atua pela caridade” (LG 41). Até o Concílio Vaticano II, pouco se falava da dimensão vocacional do batizado, sendo a palavra vocação usada para se referir aos que buscavam o presbiterado ou a consagração religiosa. Atualmente, boa parte dos fiéis católicos entendem esta árdua missão e buscam viver sua vocação como alguém que “está no mundo, mas não é do mundo” (Jo 17, 11s). Nesta caminhada, destacam-se as chamadas vocações específicas, que são as vias, ou caminhos, na busca do mesmo ideal. Atentos ao Espírito, verdadeiro promotor vocacional, uns buscam sua santidade no matrimônio, outros na vida clerical, outros na consagração de sua vida solteira ou viuvez, outros como religioso/a, muitos no serviço caritativo, ou endossando as
pastorais e movimentos da Igreja. Caminhos não faltam! Dentre esses caminhos lavrados pelo Espírito, um deles tem requerido notoriedade por ser um nobre desconhecido: o Diácono. Sua nobreza é paradoxal: sua essência extraordinariament e
importante reside no fato de ser ele o servo por excelência, e seu desconhecimento está no fato do diaconado ter sido relegado a uma simples etapa antes do sacerdócio. Porém, com o Concílio Vaticano II, essa realidade começa a mudar. A constatação está no documento Diaconado: evolução e perspectivas, de 2002, da Comissão Teológica Internacional, o órgão da Santa Sé que ajuda a Congregação para a Doutrina da Fé no exame de questões doutrinais. Segundo a Comissão, a diaconia nasce com Jesus Cristo, aquele que embora sendo o Senhor (Kyrios) fez-se servidor (diácono), e a existência cristã é participação nesta diaconia (diakonia = serviço). Essa diaconia foi conferida por Cristo aos apóstolos, colaboradores e servidores
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d e Deus e ministros da Igreja, a fim de levar à plenitude a realização de sua Palavra. No Novo Testamento, esses colaboradores aparecem junto dos Apóstolos. Na primeira carta aos Coríntios, São Clemente de Roma (sec. I) afirma que os bispos e os diáconos têm uma função espiritual na comunidade, e a Didaqué (antes do ano 130) confirma esse serviço. Nesta época, os diáconos eram responsáveis pelas obras de caridade, como em Atos 6, a catequese e provavelmente a liturgia. As cartas de Santo Inácio de Antioquia (+ c. 107) afirmam a hierarquia eclesiástica com os seus três graus: “que todos reverenciem os diáconos como Jesus Cristo, também o bispo que é imagem do Pai e os presbíteros como o senado de Deus: sem eles não se pode falar de Igreja”. No século IV, o ministério diaconal foi consolidado. Autores como Clemente de Alexandria, Orígenes e Cipriano abordam o ministério do serviço, mas é Hipólito de Roma quem apresenta pela primeira vez o estatuto teológico e jurídico do diácono, incluindo-o no grupo dos ordinati (ordenados), marcando a formação do diaconado como grau da hierarquia eclesial, com um papel bem definido, ligado ao bispo, com três funções: litúrgico, catequético e administrativo (incluindo a caridade). Com a oficialização da fé cristã pelo Império, se elevou o prestígio da ordem diaconal impelindo os diáconos a delegar suas funções originais a outros clérigos e a se definir mais pelas atribuições litúrgicas. Progressivamente, as funções diaconais foram exercidas por outros ministros, possivelmente sub-diáconos, acólitos, porteiros etc..
O clero do Império esqueceu progressivamente sua função de serviço e, aos poucos, o diaconado entra como uma etapa do cursus clerical (caminho formativo) para o presbiterado. Nos séculos seguintes, inclusive no Concílio de Trento, se pôs em questão a sacramentalidade do diaconado, crendo que apenas a ordenação sacerdotal é sacramento e as outras ordens sacramentais. Coube ao Concílio Vaticano II resgatar a sacramentalidade e o ministério diaconal, além de promover a instauração do diaconado permanente, ideia que já circulava antes da 2ª guerra mundial, quando os presbíteros enfrentavam a prisão, a dispersão ou a morte. Alguns Padres do concílio chamaram a atenção para o fato do diaconado permanente não ser simples matéria disciplinar mas propriamente teológica: ocupando um lugar dentro da hierarquia, pertence à constituição da Igreja desde o seu início. Ao fazer reviver o diaconado permanente, o concílio não alterava os elementos constitutivos da Igreja, mas apenas reintroduzia o que havia sido abandonado. O diácono não é um leigo elevado, mas um membro da hierarquia em virtude da graça sacramental e do caráter recebido no momento da ordenação. Os diáconos permanentes vivem e trabalham no meio laical e no mundo secular, exercendo a função de ponte ou mediação entre a hierarquia e os fiéis. O texto da Lumen Gentium restabelece o diaconado como grau próprio e permanente da hierarquia, e restaura o diaconado permanente, não como uma normativa obrigatória a toda Igreja, e sim de acordo com cada Conferência Episcopal. Há três razões principais a favor do diaconado permanente: 1. Reconhecer os elementos constitutivos da hierarquia sagrada querida por Deus; 2. Responder às necessidades pastorais; 3. Confirmar e incorporar no ministério da Igreja aqueles que já exercem de fato o ministério de diáconos. A CNBB, em 2011, com o documento 96, Diretrizes para o diaconado permanente da Igreja no Brasil, recordou a beleza desta vocação, que ultrapassa a visão utilitarista
Por padre Dione Piza, membro da Comissão Preparatória para o Diaconado Permanente
do diácono. O Diaconado é um grau do Sacramento da Ordem e, como ministério ordenado, é um serviço insubstituível para a comunidade. A Igreja reconhece que o ministério eclesiástico foi instituído por Cristo. Ele recebe uma graça sacramental que determina o seu ministério, por isso, não deve ser definido a partir das funções, mas na participação especial da diaconia de Cristo: sua missão está ligada ao Cristo-Servo, ele evidencia e potencializa a dimensão de serviço. Para que alguém seja ordenado Diácono Permanente, é necessário um período de formação, realizado nas chamadas Escolas Diaconais, com uma carga mínima de 1000 horas/aula e um tempo mínimo de três anos. É normalmente semi-intensiva (dois dias por mês, ou 15 dias por semestre), a fim de não prejudicar o vocacionado em suas obrigações. Os candidatos (homens casados, solteiros ou viúvos) devem ter sinais claros de vocação (condição basilar e primeira), seguir o perfil bíblico da Carta de Paulo a Timóteo (3, 8ss), ter boa saúde física e psíquica; situação civil e profissão compatíveis e independência econômico-financeira, em vista do serviço ministerial não remunerado; maturidade na fé, visão de Igreja solidária, capacidade de comunhão, consciência missionária; aos casados, aceitação e colaboração efetiva da esposa e dos filhos, e mínimo de cinco
anos de vida matrimonial; aos solteiros, a capacidade de, livremente, assumir o celibato (isto é, uma vez ordenados, não poderão se casar). Cada Diocese tem uma equipe responsável por acompanhar os candidatos: tendo o pároco o nome de algum vocacionado ao diaconado permanente, verifica, por meio de um questionário fornecido pela Diocese, junto às lideranças da comunidade (CPP) em que ele atua, a dignidade de seu propósito, conduta pessoal e paroquial, e a consciência do ministério. O candidato, então, será encaminhado à Diocese. A Diocese de Guaxupé conta com um grupo de padres, em união com o bispo e todo o clero, estudando a possibilidade de levar a pleno termo a criação da Escola Diaconal em nossa diocese. Um texto, que será as futuras diretrizes, já está em estudo pelos padres. Como fruto da caminhada de formação dos leigos, com o trabalho missionário à luz da Conferência do Episcopado, em Aparecida (2007), em sintonia com o Pontificado do Papa Francisco e com a 5ª Assembleia Diocesana de Pastoral, nota-se que é hora desse passo decisivo e de fé, oferecendo condições a tantos homens para responder a essa vocação específica e, assim, servir melhor o povo de Deus.
para aprofundar
Fonte: Comissão Teológica Internacional – Diaconado Evolução e Perspectivas - 2002
A COMUNHÃO NA PLURALIDADE DOS MINISTÉRIOS
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exercício concreto do diaconado em diversos meios contribuirá para definir a sua identidade ministerial, modificando, se tal se mostrar necessário, o quadro eclesial em que a sua ligação com o ministério do bispo quase não apareça e em que a figura do presbítero se identifique com a totalidade das funções ministeriais. A consciência viva de que a Igreja é “comunhão” há-de contribuir para uma tal evolução. As questões teológicas, porém, relativas aos “poderes” específicos do diaconado dificilmente poderão encontrar solução apenas por via da prática. Nem todos consideram esta questão uma dificuldade insolúvel. É assim que se podem observar diferentes propostas da teologia contemporânea que procuram conferir ao diaco-
nado solidez teológica, aceitação eclesial e credibilidade pastoral. Há quem relativize a importância desta questão dos “poderes”. Fazer dela uma questão central seria bastante reducionista e desfiguraria o verdadeiro sentido do ministério ordenado. Além disso, a constatação, já antiga, de que um leigo pode realizar as tarefas exercidas pelo diácono não impediu que na prática eclesial este ministério tenha sido considerado, em todas as perspectivas, como sendo sacramental. Aliás, isso significaria não ser também possível reservar em pormenor aos bispos e aos presbíteros a exclusividade de certas funções, para além da potestas conficiendi eucharistiam [poder para realizar a Eucaristia], do sacramento da peni-
tência e de ordenação dos bispos. Outros distinguem entre o que é ou deveria ser o exercício normal e ordinário do conjunto de funções atribuídas aos diáconos, e o que poderia ser considerado exercício extraordinário por parte dos cristãos, determinado pelas necessidades ou urgências pastorais, mesmo com carácter durável. Poder-se-ia estabelecer uma certa analogia com as competências normais e ordinárias do bispo referentes ao crisma (que o presbítero também pode administrar) e à ordenação do presbítero (que, segundo algumas bulas pontifícias, parece ter sido também realizado a título extraordinário por presbíteros). Finalmente, há quem ponha em dúvida que um fiel não ordenado realize exatamente os mesmos múnus, de idêntica
maneira e com a mesma eficácia salvífica que um diácono ordenado. Este exerceria os múnus próprios do ministério ordenado à luz específica da diaconia. Mesmo tratando-se aparentemente das mesmas funções que um fiel não ordenado exerce, o decisivo seria o “ser” mais do que o “fazer”: na ação diaconal realizar-se-ia uma presença particular de Cristo Cabeça e Servo, própria à graça sacramental, à configuração com Ele e à dimensão comunitária e pública das tarefas exercidas em nome da Igreja. A perspectiva crente e a realidade sacramental do diaconado permitiriam descobrir e afirmar a sua própria particularidade, não em relação às suas funções mas relativamente à sua natureza teológica e ao seu simbolismo representativo.
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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opinião
padre Alexandre José Gonçalves, coordenador diocesano de pastoral
EM MEIO AOS SONS DO MUNDO URBANO, ANUNCIAR A SINGELA MENSAGEM CRISTÃ
A
s novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil foram aprovadas na 57ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Aparecida (SP). As novas Diretrizes são para o quadriênio 20192023. Segundo o padre Manoel de Oliveira Filho, membro da Comissão do Texto Central sobre as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, “o central nas Novas Diretrizes é mais uma vez um novo chamado de retorno às fontes para olhar a experiência das comunidades primitivas e inspirados por elas formar, no hoje da história e na realidade urbana, comunidades eclesiais missionárias” e que “que essas comunidades eclesiais missionárias tenham jeito de casa, de acolhida, não uma coisa estática de paredes simplesmente, ou da estrutura física (...), mas de um jeito de ser, de uma postura que lembre, evoque a ideia da casa que acolhe, que é espaço de ternura e misericórdia”. O documento 109 da CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, consta de uma Apresentação, Objetivo Geral, Introdução, Capítulo 1 – Anúncio do Evangelho de Jesus Cristo; Capítulo 2 – Olhar de Discípulos Missionários; Capítulo 3 – A Igreja nas Casas; Capítulo 4 – A Igreja
em Missão e uma Conclusão. A apresentação começa dizendo que “o tempo atual exige de todos nós a renovação de forças missionárias para bem cumprir a tarefa de anunciar a Palavra de Deus e, assim, promover a paz, superar a violência, construir pontes em lugar de muros, oferecer a misericórdia de Cristo Jesus como remédio para a vingança e reacender a luz da esperança para vencer o desânimo e as indiferenças”. A imagem da Casa, que permite ingresso e saída (comunhão e missão), é apresentada como metáfora para as comunidades eclesiais missionárias, cujos pilares são a Palavra, o Pão, a Caridade e a Ação Missionária. O objetivo geral é “Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”. O objetivo geral começa com o verbo evangelizar, uma vez que essa é a missão da Igreja. A questão da urbanização aparece com força já que o Brasil é praticamente todo urbano. O anúncio da Palavra é, por assim dizer, o conteúdo da evangelização, por
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isso, a Palavra ganha força no objetivo geral. O anúncio da Palavra leva à formação de discípulos (as) de Jesus. A pessoa de Jesus é o centro. É ele quem atrai as crianças, os jovens, adultos, homens, mulheres, não cristãos, ateus... A fé em Jesus Cristo se vive em comunidades eclesiais missionárias e se concretiza na opção preferencial pelos pobres e no cuidado pela Casa Comum, expressão nova no objetivo geral. A evangelização, tendo como centro o anúncio da pessoa de Jesus, nos encaminha e compromete com aquilo que foi o cerne de sua ação, o Reino de Deus. Dessa maneira a evangelização põe a todos rumo à plenitude. Na introdução, “diante da cultura urbana, cada vez mais abrangente”, aponta-se para uma estrutura de Igreja a partir da “Comunidade Eclesial Missionária, apresentada com a imagem da ‘casa’, ‘construção de Deus’ (1Cor 3,9)”. A imagem da casa deve ser compreendida como lar para seus habitantes, acentuando o aspecto pessoal, comunitário e social da evangelização. A introdução apresenta os quatro pilares que sustentam a comunidade eclesial missionária entendida como casa: A Palavra, Iniciação à Vida Cristã e Animação Bíblica da pastoral; o Pão, liturgia e espiritualidade; a
Caridade, serviço à vida plena e a Missão como estado permanente. O primeiro capítulo - O anúncio do Evangelho de Jesus Cristo – começa afirmando que “o mundo urbano atual, cuja mentalidade está presente na cidade e no campo, embora marcado por contradições e desafios, é o lugar da presença de Deus, espaço aberto para a vivência do Evangelho”. O capítulo destaca a centralidade de Jesus Cristo, bem como a fidelidade a Ele, missionário do Pai, cujo “o testemunho e o anúncio rejuvenescem a Igreja”. Citando Filipenses (1,21): “Para mim, de fato, o viver é Cristo!”, se evidencia a necessidade do encontro pessoal, tendo em vista que tal encontro modifica a vida. O capítulo segue apresentando a Igreja “como comunidade de discípulos missionários de Jesus Cristo”. Também apresenta a missão como o “anúncio que se traduz em palavras e gestos” e que não pode ser “compreendida como uma propaganda, um negócio, um projeto empresarial ou uma organização humanitária”. Missão é a “partilha de uma alegria” e a “indicação de um horizonte estupendo”. A cultura urbana é apresentada como um desafio à missão, por conta do esti-
O capítulo 2 – Olhar de Discípulos Missionários – aponta para a necessidade de a Igreja discernir luzes e sombras, “contemplar para sair em missão em um mundo que se transforma” e, assim, “acolher, contemplar discernir e iluminar com a Palavra de Deus a complexa gama de elementos culturais, sociais, políticos e éticos que constituem a realidade à qual é enviada”. O mundo e o Brasil passam por profundas transformações. “Estamos numa mudança de época (DAp 44) em que os fundamentos últimos para a compreensão da realidade se tornam frágeis”, gerando insegurança e perplexidade. Nesse processo de mudanças e crescente urbanização, as grandes cidades ganham destaque e protagonismo. “Elas refletem com mais rapidez o que acontece em todo o mundo”. O mundo urbano é o lugar do indivíduo e nisso há uma luz, ou seja, cada pessoa possui uma dignidade irrenunciável e insubstituível: a individualidade. A sombra reside na afirmação do indivíduo a tal ponto de levar ao individualismo, que enfraquece a fraternidade e a comunhão. Até mesmo a função social do Estado é reduzida, o que prejudica diretamente os que mais precisam dele. Ao tratar da vida na grande cidade mundial, o segundo capítulo apresenta algumas características do mundo urbanizado: a individualidade, o consumismo, o enfraquecimento das instituições e das tradições, a pluralidade, a
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alta mobilidade, a pobreza, os desafios ambientais e a relativização da verdade. No meio de tantos desafios, pela fé, reconhecemos: “Deus habita a cidade” e “está no meio de nós”, e nos interpela a superarmos uma pastoral da manutenção, mesmo reconhecendo o bem que ela fez no decorrer da história. É preciso que as Igrejas particulares deem “passos rumo a um estilo novo de evangelizar” (EG 18).
e compartilhavam a mesa da refeição cotidiana”. Eis uma grande fonte de inspiração para uma ação evangelizadora na realidade de hoje, fortemente urbanizada, com suas luzes e sombras. A ideia de Igreja nas casas reforça o conceito de “comunidade de comunidades”, sobre o qual devemos estruturar nossas paróquias, valorizando “os diversos ministérios, trabalhando sempre em comunhão com o Conselho de Pastoral e Conselho de Assuntos Econômicos”. A casa é sustentada por quatro pilares: da Palavra, do Pão, da Caridade e da Ação Missionária. A Igreja nas casas, vivendo a partir dos quatro pilares, evangeliza rumo à Casa da Santíssima Trindade. “A Igreja peregrina atua na sociedade porque se autocompreende como sacramento universal de salvação que tem um fim escatológico”.
O objetivo geral é “Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo (...)
O capítulo 3 – A Igreja nas Casas – começa lembrando que a casa e o espaço familiar foram os lugares privilegiados de encontro e diálogo usados por Jesus e seus seguidores. Jesus valoriza a casa “como local de encontro e convívio” (Mt 9,10). “A casa é assumida como lugar para o cultivo e a vivência dos valores do Reino”. A ideia de Igreja nas casas remete a experiências de “relações para além dos laços familiares” e aponta para a grande família de Deus, bem como à ideia de inclusão das pessoas, pobres e ricas, para a necessária reciprocidade e solidariedade. O sentido de comunhão e de pertença é forte, ou seja, o estilo de vida cristão, herdado das primeiras comunidades, “não tinha como finalidade o isolamento, mas a responsabilidade de favorecer um testemunho capaz de atrair outras pessoas”. Dessa maneira, fica claro que “a casa permitiu que o cristianismo primitivo se organizasse em comunidades pequenas, com poucas pessoas, que se conheciam
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lo de vida e da mentalidade que carrega, trazendo consequências humanas, éticas, sociais, tecnológicas e ambientais. A Igreja encontrará caminhos de evangelização nessa cultura urbana, sempre crescente, formando pequenas comunidades eclesiais missionárias, uma vez que elas favorecem a “partilha de experiências, a ajuda mútua e a inserção concreta nas mais variadas situações”.
O capítulo 4 – A Igreja em Missão – apresenta as “muitas possibilidades para aplicar as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Todas partem da comunidade e continuam a fazer referência a ela. Pequenas ou grandes, no campo ou na cidade, a partir de paróquias ou de grupos reconhecidos pela autoridade eclesial”. Para aplicar as Diretrizes da Ação Evangelizadora é preciso focar a comunidade, pois ela é o ambiente de testemunho do Evangelho, acolhendo os que chegam e dela fazem parte e indo ao encontro das pessoas que não fazem parte dela. “A comunidade
é o estilo de vida cristã que desejamos incansavelmente realizar”. A partir da compreensão da comunidade como casa, o quarto capítulo destaca que a casa é o “espaço do encontro”, entre nós e com Deus. É o “lugar da ternura”, por isso “nossas comunidades precisam ser lugar do olhar, do abraço e do afeto”. A casa é também o “lugar das famílias”, que “constituem-se como sujeito fundamental da ação missionária da Igreja, lugar de iniciação à vida cristã”. E, ainda, a casa é o “lugar de portas sempre abertas” e isso é uma indicação direta à missão. “Quem está dentro é chamado a sair e ir ao encontro do outro onde quer que ele esteja”. Por fim, o quarto capítulo retoma os pilares da comunidade: pilar da Palavra (iniciação à vida cristã e animação bíblica da vida e da pastoral); pilar do Pão (liturgia e espiritualidade); pilar da Caridade (a serviço da vida) e o pilar da Ação Missionária (estado permanente de missão), apontando, para cada um, alguns encaminhamentos práticos. Na conclusão, se afirma que as novas Diretrizes da Ação Evangelizadora “foram elaboradas para ajudar a Igreja no Brasil a responder aos desafios evangelizadores num mundo e num país cada vez mais urbanos”. Uma resposta inculturada aos desafios do nosso tempo são as “comunidades eclesiais missionárias, com a imagem da casa, sustentada sobre pilares”. As Diretrizes da Ação Evangelizadora “precisarão inspirar a formação, o planejamento e as práticas de todas as instâncias eclesiais”, por isso a necessidade da leitura pessoal do texto, bem como “a realização de assembleias ou reuniões de estudo, em que haja diálogo e troca de ideias”. Finalizando, a Igreja se coloca sob a proteção da Virgem Maria, Senhora Aparecida, na confiança e na esperança “de que as Diretrizes cumpram a função para a qual foram elaboradas, e sirvam de instrumento para manifestar a alegria do Evangelho”.
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comunicações aniversários agosto Natalício 7 Padre Edson Alves de Oliveira 12 Padre Clayton Bueno Mendonça 15 Padre João Pedro de Faria 15 Padre Júlio César Martins
15 Padre lucas de Souza Muniz 18 Padre Antônio Donizetti de Oliveira 19 Padre Sebastião Marcos Ferreira 29 Padre João Batista da Silva
Ordenação 8 Padre Wellington Cristian Tavares 10 Padre Gladstone Miguel da Fonseca 11 Dom Messias dos Reis Silveira (presbiteral)
16 Padre Claudemir Lopes 13 Padre Adirson Costa Morais 20 Padre José Ronaldo Neto 24 Padre Riva Rodrigues de Paula 30 Padre Gilmar Antônio Pimenta
agenda pastoral 1-3 2-4 3 4 7 10 11
Reunião Ampliada da Juventude – Pastoral da Juventude –Cássia Cursilho Jovem misto – Poços de Caldas Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral em Guaxupé 28º Um Dia com Maria no Santuário Mãe Rainha – Poços de Caldas Reunião do Conselho Diocesano da RCC – Ministérios – Guaxupé Dia do Padre Reunião da Pastoral Presbiteral em Guaxupé Reunião do Conselho Diocesano do ECC - Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana dos Grupos de Reflexão - Guaxupé Reunião da Coord. Diocesana dos MECEs - Guaxupé Reunião da Equipe Diocesana de Comunicação - Guaxupé Dia dos Pais
11-17 14 14-18 16-18 17 18 28 29 31
Semana Nacional da Família Reunião do Tribunal Eclesiástico - Guaxupé Encontro para Coordenadores Diocesanos de Catequese no Regional Leste II – Belo Horizonte Encontro Vocacional no Seminário São José - Guaxupé Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPS) Assunção de Nossa Senhora Encontro dos MECE’s – Setor Poços de Caldas Encontro com os Presbíteros até 5 anos de ministério - Cássia Reunião Geral do Clero - Guaxupé Reunião do GED do Cursilho
sínodo
Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação - CNBB
A IGREJA DO MUNDO TODO VOLTA SEU OLHAR PARA A AMAZÔMIA
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e 6 a 27 de outubro deste ano, o Vaticano realiza a Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos. O tema em discussão será “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Mas o que é o Sínodo? É uma instituição permanente da Igreja Católica que foi criada pelo papa Paulo VI, em resposta aos desejos dos padres do Concílio Vaticano II. A intenção é manter vivo o espírito de colegialidade nascido na experiência conciliar. Resgatando o sentido etimológico da palavra sínodo, chega-se aos termos gregos syn (que significa “juntos”) e hodos (que significa “caminho”), numa junção que expressa a ideia de caminhar juntos. A reunião desta instituição permanente da Igreja consiste em um encontro religioso ou assembleia na qual alguns bispos, reunidos com o papa, têm a oportunidade de trocar informações e compartilhar experiências. O objetivo comum destas reuniões é buscar soluções pastorais que tenham aplicação universal. A Santa Sé define o Sínodo, em termos gerais, como uma assembleia de bispos que representa o episcopado católico e tem como tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja universal, dando-lhe seu conselho. Desde quando existe? O Sínodo dos Bispos foi instituído pelo
Papa Paulo VI com o Motu próprio “Apostolica sollicitudo”, de 15 de setembro de 1965. Desde então, foram realizadas 25 Assembleias Sinodais. Segundo definição do próprio Pontífice, no Angelus de 22 de setembro de 1974, o Sínodo dos Bispos: “É uma instituição eclesiástica, que nós, interrogando os sinais dos tempos, e ainda mais procurando interpretar em profundidade os desígnios divinos e a constituição da Igreja Católica, estabelecemos, após o Concílio Vaticano II, para favorecer a união e a colaboração dos bispos de todo o mundo com essa Sé Apostólica, através de um estudo comum das condições da Igreja e a solução concorde das questões relativas à sua missão. Não é um Concílio, não é um Parlamento, mas um Sínodo de particular natureza” convocado sempre que houver alguma necessidade específica em determinada realidade e contexto histórico. Como trabalha um Sínodo? A metodologia que pauta os trabalhos
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do Sínodo é baseada na colegialidade, um conceito que caracteriza cada fase do processo sinodal, desde a preparação até as conclusões das Assembleias. Os trabalhos alternam análises e sínteses, com uma dinâmica que permite a verificação dos resultados e o exame de novas propostas. A escolha do tema Quem escolhe o tema do Sínodo é o Papa, após um estudo elaborado pelo Conselho da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, que avalia as sugestões recebidas. Com o tema definido, prepara-se a Lineamenta, um documento que apresenta as linhas principais do tema do Sínodo e, após a aprovação do Papa, é enviado ao episcopado. Após um estudo, os bispos enviam uma relação sobre essa Lineamenta para a Secretaria Geral. Só então é redigido o documento de trabalho que é ponto de referência durante a Assembleia sinodal. Por fim, o Papa emite um documento chamado Exortação Apostólica, no qual resume e aprova as principais conclusões dos bispos
durante as assembleias. Assembleias Sinodais Também chamadas Assembleias Territoriais são os momentos de leitura do Documento Preparatório e escuta do Povo de Deus que apresentam suas angústias, desafios e perspectivas mediante a temática sinodal para compor o Documento de Trabalho – Lineamenta. Documento de Trabalho É um documento que apresenta as linhas principais do tema do Sínodo e, após a aprovação do Papa, é enviado aos bispos e demais componentes do Conselho Sinodal. Ele é escrito com a contribuição de todo o Povo de Deus reunido nas Assembleias Sinodais enviado ao Conselho Sinodal. É o documento de referência para a Assembleia Sinodal que subsidia o Papa para a elaboração do documento chamado Exortação Apostólica. Conselho Sinodal É um grupo de estudos formado pelos bispos, lideranças pastorais e especialistas envolvidos diretamente com o tema do Sínodo, nomeados pelo Papa. Exortação Apostólica Documento Final assinado pelo Papa que resume as principais conclusões da Assembleia Sinodal e passa a ser um ponto de referência para a caminhada da Igreja.