FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT
JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ
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ANO XXXII - 359
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OUTUBRO DE 2019
editorial “No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade” [Chico Mendes, seringueiro e líder ambientalista]
expediente Diretor geral
DOM JOSÉ LANZA NETO Editor
PE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808 Equipe de produção
LUIZ FERNANDO GOMES JANE MARTINS Revisão
JANE MARTINS Jornalista responsável
ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265 Projeto gráfico e editoração
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esenvolvimento sustentável. Nas últimas três décadas, esse foi um dos assuntos mais discutidos em todas as esferas de pensamento. Nunca falamos tanto sobre a encruzilhada exposta pela relação paradoxal entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. E, cada vez mais, nos damos conta de que a união entre sustentabilidade e interesse econômico se trata de um mito pós-moderno. Por mais que haja discursos que tentem possibilitar uma ideia de uma convivência possível, percebemos, com o avanço do processo predatório, que isso não corresponde à realidade palpável. Isso porque, enquanto espécie, não nos conscientizamos do modo destrutivo com que estabelecemos relação com o meio ambiente. Um meio prático de percebermos nosso desinteresse pela Casa Comum, espaço teológico apresentado pelo papa Francisco em sua encíclica Louvado Sejas, em 2015, é a desconexão que temos com a ecologia. Faça um exercício rápido. Pense numa imagem de um ambiente natural. Qual a ima-
gem se formou em sua consciência? Havia humanos nela? Se sim, eles se pareciam com as pessoas com que encontramos nas cidades ou eram mais parecidos com a população indígena? Infelizmente, ao construirmos uma realidade sociocultural apartada do ambiente natural e resguardada das intempéries e ameaças, cortamos o vínculo existente entre nós e o mundo à nossa volta. Ao inventarmos as cidades, criamos uma bolha para vivermos protegidos da natureza, espaço onde evoluímos durante milhares de anos e ao qual nos adaptamos. Esse afastamento do ambiente natural nos fez esquecer a relação de dependência com o ecossistema. Por exemplo, ao apostar nossa alimentação na agricultura e na pecuária como fontes inesgotáveis de fornecimento de alimento, não precisamos caçar ou coletar frutos para satisfazer nossa fome. A tecnologia forneceu o conhecimento necessário para cultivarmos plantas e criarmos animais para o consumo em espaços reduzidos, porém com a demanda popu-
lacional em crescimento exponencial, em pouco tempo, os espaços antes suficientes se tornaram incapazes de satisfazer os corpos habituados com uma oferta quase infinita. Daí, é preciso avançar sobre áreas de preservação, dizimando-as. O arquétipo apresentado se relaciona a um dos muitos modos, violentos e destrutivos, com que utilizamos os recursos naturais; nem cito aqui o processo de exploração mineral, as queimadas ilegais, a poluição generalizada, o crescimento irrefreável das cidades etc. Olhar à nossa volta faz com que não esqueçamos o que somos e o espaço ambiental que nos fez alcançar o topo da pirâmide em todos os ecossistemas da Terra. Prefiro acreditar que a ação do homem na biosfera cabe mais ao cuidado que ao domínio. Assumir o comando de algo, sem nos conscientizarmos das responsabilidades pertinentes, nos tem causado inúmeros desastres. Já há quem fale numa irreversibilidade na preservação dos recursos naturais, mas “enquanto houver sol, ainda haverá esperança” para recomeçar.
voz do pastor
Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé
EVANGELIZAR DIANTE OS DESAFIOS DA FLORESTA
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stamos vivenciando o Sínodo para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco, em vista de observarmos a presença da Igreja nesta região tão rica e importante para nosso país, mas não somente: precisamos estar atentos à realidade de nossos irmãos e irmãs que vivem nas terras amazônicas. A preocupação da Igreja é legítima, pois se trata de uma região rica em diversidade de recursos naturais e minerais e, especialmente, a beleza das populações humanas que sobrevivem na floresta, vivendo em equilíbrio por tantas e tantas gerações. Porém, essa situação é colocada inúmeras vezes em risco por conta dos interesses econômicos e políticos. Há muitos inimigos que olham para nosso maior patrimônio natural somente com a mentalidade exploratória.
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No material preparatório para o Sínodo, podemos conhecer um pouco melhor a complexa realidade da região. O objetivo é nos alertar para não minimizarmos as perdas possíveis com o abuso da extração de espécies vegetais e animais. Muito daquilo que fazia parte da floresta já foi destruído e não conseguiremos mais recuperar pelas características próprias do ciclo natural. Muitas perdas irreversíveis marcam nossa relação com a Amazônia. A vida humana regional possui um valor inestimável. Além da diversidade dos povos indígenas com suas culturas particulares, há, também, uma população que busca uma utilização sustentável dos recursos naturais, permitindo que a natureza se recupere em tempo hábil. Dois padres de nossa diocese estão em missão na Amazônia, na Diocese de São
Gabriel da Cachoeira. Em uma de suas visitas, eles nos contaram a dificuldade da presença da Igreja e do anúncio do Evangelho: longas distâncias, divergências culturais e escassez de religiosos. A coragem do Papa Francisco em propor o Sínodo para a Amazônia demonstra seu profetismo em refletir sobre uma urgência para a missão da Igreja. Mesmo com ventos e opiniões contrários ao caminho proposto até aqui, os bispos que participam do Sínodo, sob inspiração do Espírito Santo, chegarão ao melhor modo de permitir que o Reino de Deus frutifique na região amazônica. Que Nossa Senhora de Nazaré, ícone da evangelização no Norte do Brasil, possa interceder por nossa gente que clama por Amor e Justiça!
opinião
Por padre Paulo Rogério Sobral, administrador paroquial da Paróquia São Judas Tadeu, em São Sebastião do Paraíso
A DOMINAÇÃO HUMANA NA NATUREZA
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homem, através de sua dominação sobre a natureza, descobriu inúmeras coisas que foram capazes de melhorar sua qualidade de vida, a tal ponto que transformou a história da humanidade. Desde o início da filosofia, existiram pensadores que questionavam a natureza e essa inquietude ganhou força durante os anos. Atualmente, o questionamento dos filósofos ambientais e ambientalistas de toda classe científica é a relação e a dominação do homem sobre todas as coisas, sobretudo do meio ecológico, ou seja, a relação de dominação inconsciente e irracional do homem sobre a natureza. Essa relação foi expressiva ao longo dos séculos, chegando até o século 21 com uma chamada urgente à tomada de consciência devido ao crescimento e à multiplicação de dominações e extrações dos recursos naturais pelo homem. Em meio a isso, surge a crise ambiental devido à exploração irracional exercida pelo homem sobre os recursos naturais, em um momento em que se acreditava que a natureza era feita para ele e para sua dominação e exploração. A crise ambiental desencadeada por essa exploração irracional não caminha sozinha, mas está atrelada a uma crise, também ampla, que somente um novo paradigma poderá sanar a deficiência da milenar ação desordenada da humanidade. O cientista, educador e ativista ambiental, Fritjof Capra, salienta: “As duas últimas décadas de nosso século vêm registrando um estado de profunda crise mundial. É uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas afetam todos os aspectos de nossa vida — a saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das relações sociais, da economia, tecnologia e política. É uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais; uma crise de escala e premência sem precedentes em toda a história da humanidade. Pela primeira vez, temos que nos defrontar com a real ameaça de extinção da raça humana e de toda a vida no planeta”. Enfatiza-se a crise ambiental de modo a ligá-la intimamente às crises
econômica e política, que precisam estruturar-se para exercer seu papel social, levando uma melhor qualidade de vida ao homem. Estar diante de uma real ameaça de extinção e deparar-se com a necessária união de pensamentos e conhecimentos diferentes deveria proporcionar uma reflexão sobre a vida e as atitudes corretas em prol das espé-
cies de vida existentes no planeta. Os efeitos da crise ambiental que já afeta todas as facetas da vida, sobretudo a humana, ainda não é suficiente para conduzir uma transformação na atitude da humanidade. A ação reflexiva é fundamental para garantir a continuidade da vida e, com isso, o homem é instigado a pensar
sobre sua ação na história, buscando analisar conscientemente sua atitude e buscar um caminho novo capaz de fazê-lo mudar de rota. Seria positivo se pudesse o homem encontrar, no oculto de sua consciência, aplicando seu conhecimento, algo que transformasse radicalmente a mentalidade extrativista e capitalista que existe na sociedade. Deve-se lembrar que não é somente o homem que vive no planeta e depende dele para sobreviver, existem outros seres que necessitam e compõem o mesmo ecossistema. E, sobre isso, Capra apresenta a seguinte realidade: “A natureza é o corpo inorgânico do homem — isto é, a natureza, na medida em que ela própria não é o corpo humano. ‘O homem vive na natureza’ significa que a natureza é seu corpo, com o qual ele deve permanecer em contínuo intercurso se não quiser morrer. Que a vida física e espiritual do homem está vinculada à natureza significa, simplesmente, que a natureza está vinculada a si mesma, pois o homem é parte da natureza”. De acordo com o ambientalista, o homem é a natureza e depende dela para sua sobrevivência. Se há um desligamento dessa realidade e uma quebra da relação íntima entre homem-natureza, as vidas humanas e as de todas as espécies correrão sério risco de extinção. Faz-se necessária, portanto, uma mudança de paradigma, na qual o homem precisa entender que não está sozinho, mas em conjunto a uma comunidade maior. Essa mudança de paradigma consiste em perceber que o planeta irá continuar mesmo que os seres existentes entrem em extinção. Seguindo as estimativas, se nenhuma ação racional for verificada nas atitudes humanas, a extinção da vida se encontra em contagem regressiva. *O texto é parte integrante da pesquisa A Filosofia Ambiental na interação homem-natureza, desenvolvida como pesquisa monográfica do curso de Filosofia, no Unifeg, em 2011.
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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notícias Comissão da CNBB promoverá consciência sobre a realidade ecológica atual
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Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação - CNBB
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nos termos de seu Estatuto Canônico, pode criar outras comissões, estáveis ou não, formadas somente de membros da Conferência, ou também grupos de trabalhos eventuais, cujos integrantes podem não ser membros da Conferência. Este foi o caso do Grupo de Trabalho (GT) de Mineração, criado em 2017, no âmbito da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora, com o objetivo de avançar na investigação ecoteológica e de aprofundar a escuta das espiritualidades dos povos e das comunidades. Em junho de 2019, por decisão do Conselho Permanente da CNBB, o GT de Mineração foi elevado à condição de Comissão,
tornando-se a Comissão Especial sobre Mineração e Ecologia Integral (CEEM). Seu objetivo principal é o de aprofundar e articular processos e procedimentos, dentro da Igreja e fora dela, em diálogos sobre as raízes éticas e espirituais dos problemas ambientais. Com a missão de educar, à luz da Palavra de Deus, para uma cultura do encantamento, do cuidado responsável e da beleza, a Comissão buscará promover e fomentar a consciência da gravidade da crise cultural e ecológica atual. Para tanto, procurará investir e cooperar com o desenvolvimento de projetos para educação para além das informações científicas, alcançando eficácia na conscientização e prevenção dos riscos ambientais.
CIMI apresenta relatório que aponta aumento de casos de violência contra povos indígenas
Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação – CNBB
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os primeiros nove meses de 2019, ocorreram 160 casos de invasão em 153 terras indígenas de 19 estados. No ano completo de 2018, ocorreram 111 casos em 76 terras indígenas de 13 estados. Esses dados foram apresentados em coletiva de imprensa no dia 24 de setembro, durante o lançamento do relatório “Violência contra povos indígenas no Brasil – dados 2018” sistematizados pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O relatório aponta que os povos indígenas no Brasil enfrentam um substancial aumento da grilagem, roubo de madeira, garimpo, invasões e até mesmo implantação de loteamentos em seus territórios tradicionais. Em 2018 foram registrados 135 casos de assassinato de indígenas, 25 a mais que os registrados em 2017. Segundo Roberto Liebott, coordenador
do CIMI Regional Sul e um dos organizadores do relatório, os números demonstram um crescimento vertiginoso de invasões aos territórios indígenas no Brasil. Para o representante do CIMI, o “Dia do Fogo” é emblemático da situação que os indígenas estão vivendo no país. Há em curso, em sua avaliação, uma perspectiva integracionista, ideia em voga na década de 70. “Para integrar os índios, é necessário desterritorializá-los, como aconteceu no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul”, disse. Além dos casos de violência, o relatório aponta uma redução orçamentária paras as políticas públicas federais. Em 2015, o relatório mostra que existiam 9 programas, com 29 ações com dotações orçamentárias destinadas explicitamente a povos indígenas. Em 2018, foram localizadas informações apenas de 2 programas com 10 ações relacionadas a estes mesmos povos.
CULTURA URBANA SE TORNA FOCO DA EVANGELIZAÇÃO DA IGREJA NO BRASIL Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação
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o dia 29 de agosto, aconteceu uma formação para todo o clero diocesano na Cúria Diocesana de Guaxupé sobre as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil para os anos 2019 a 2023. O encontro reuniu 80 presbíteros para a assessoria do padre Patriky Samuel Batista, secretário-executivo da CNBB para a Campanha da Fraternidade e a Campanha para a Evangelização. O percurso proposto pelo assessor como
premissa para a interpretação das atuais DGAE fez uma linha histórica com alguns eventos importantes para a caminhada da Igreja desde o Concílio Vaticano II (1962-1965), incluindo: a publicação da exortação apostólica Evangelii Nuntiandi (1975), a realização da Conferência do Conselho Episcopal Latino-Americano, em Aparecida (2007); a realização do Ano da Fé (20112012) com a publicação do motu proprio Porta Fidei; a renúncia do papa Bento XVI como ato profético pelo bem da Igreja (2013); e a publicação do documento Evangelii Gaudium (2013). Padre Patriky destaca desse último documento o seguinte parágrafo: “A Igreja em saída é a comunidade de discípulos missionários que primeireiam, que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. (…) A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a inicia-
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tiva, precedeu-a no amor (cf. 1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos” (EG 24). As novas DGAE apresentam uma abordagem pastoral que considera a mentalidade urbana como paradigma para se construir um projeto de evangelização, pois não é mais vista como um somente um território urbano, mas como uma verdadeira realidade cultural. “Se o mundo mudou, nós precisamos descobrir como evangelizar o mundo de hoje, sem perder nossa referência que é Jesus Cristo, por isso é preciso modificar as estruturas”, afirmou o assessor. De acordo com sua análise e sua experiência na organização pastoral, padre Patriky aponta o caminho para a comunidade de cristã na realidade atual. “A direção é uma Igreja missionária com uma redescoberta paradigmática
e um ajuste programático da missionariedade, redescobrindo o Jesus Cristo do Evangelho”. “A encarnação é um amparo teológico para a elaboração de uma ação cristã num mundo plural, onde há uma variedade de compreensões de Jesus Cristo e da Igreja”, completa. O motivo de haver as DGAE é oferecer um caminho que responda aos desafios presentes, colaborando na proposição de novos rumos às pessoas e à sociedade, evitando-se produzir um paradoxo entre comunidade e missão.
missão
Por padre José Eduardo Aparecido Silva - assessor diocesano do Conselho Missionário Diocesano - Comidi
BATIZADOS E ENVIADOS: A IGREJA DE CRISTO EM MISSÃO NO MUNDO
MENSAGEM PARA ABERTURA DO MÊS MISSIONÁRIO EXTRAORDINÁRIO
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or motivo do centenário da Carta Apostólica Maximum Illud, de 30 de novembro de 1919, do Papa Bento XV, o Papa Francisco declarou o mês de outubro de 2019 como Mês Missionário Extraordinário, tendo como objetivo despertar para uma maior consciência da Missão da Igreja e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral. Nossa diocese, nossas paróquias e nossas comunidades em união com o Santo Padre desejamos celebrar intensamente o Mês Missionário Extraordinário e promovermos um maior vigor missionário em nossa realidade paroquial, na vida comunitária, nos grupos eclesiais, em movimentos e pastorais, incluindo todos: adultos, idosos, jovens e crianças. “Desde o início do seu pontificado, o Papa Francisco tem convidado todo o cristão, em qualquer lugar e situação, a renovar o seu encontro pessoal com Jesus Cristo, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele e a procurá-l’O dia-a-dia, sem cessar. Repetidas vezes, no seguimento dos seus antecessores, tem lembrado que a ação missionária é o ‘paradigma de toda a obra da Igreja’. Assim sendo, não podemos ficar tranquilos, em espera passiva: é necessário passar de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária. Com o ‘sonho missionário de chegar a todos’, o Santo Padre tem incentivado a saída da Igreja em direção às periferias, a ir até junto dos pobres, convidando os jovens a ‘fazer ruído’, a não ‘ficarem no sofá’ a verem a vida a passar. Convida a Igreja a não ficar entre si sem correr riscos, mas ter a coragem de ser uma Igreja viva, acolhedora, dos excluídos e dos estrangeiros. No centro dessa iniciativa, que envolve a Igreja universal, estão a oração, o testemunho e a reflexão sobre a centralidade da Missão como estado permanente do envio para a primeira evangelização (Mt 28,19). Trata-se de colocar a Missão de Jesus no coração da própria Igreja, transformando-a em critério para medir a eficácia das estruturas, os resultados do trabalho, a fecundidade dos seus ministros e a alegria que são capazes de suscitar, porque sem alegria não se atrai ninguém” (Conferência Episcopal Portuguesa, Todos, Tudo e Sempre em Missão, maio/2018). Atentos a esse desejo do Papa Francisco, nossa diocese tem desempenhado muitas atividades, até mesmo de forma programática, para que se imprima em nossos corações a profunda inten-
ção de assumirmos com maior empenho o trabalho missionário da nossa Igreja, para que a Missão de Jesus, em nossas realidades eclesiais, se torne paradigmática, ou seja, volte a ser aquilo que ela mesma já é: “A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘Missão’ do Filho e do Espírito Santo” (AG 2). Fruto de um intenso processo de efervescência missionária e evangelização, realizado pelo Projeto das Santas Missões Populares, realizado em nossas comunidades, hoje, temos a oportunidade de darmos um passo a mais no nosso processo missionário. Assumimos em nossa 5ª Assembleia Diocesana de Pastoral o projeto Missão Permanente, com o objetivo de “despertar no(a) discípulo(a) missionário(a) a necessidade de anunciar ‘Jesus Cristo em todos os lugares e situações em que se encontrar, apresentando com clareza e força testemunhal quem é Ele e qual sua proposta para toda a humanidade’” (Plano Diocesano de Ação Evangelizadora, 2018, p. 14). Isso deve reforçar ainda mais nosso
desejo de cumprirmos fielmente a Missão que Jesus nos confiou, sabendo que “a Missão de Cristo redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento (...) Uma visão de conjunto da humanidade mostra que tal Missão está ainda no começo, e que devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço. É o Espírito que impele a anunciar as grandes obras de Deus! ‘Porque se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois que me foi imposta esta obrigação: ai de mim se não evangelizar!’ (1 Cor 9, 16)” (Redemptoris Missio, 1). A vivência permanente da Missão deve ser pautada no anúncio cotidiano que todo cristão, pela força do sacramento do Batismo, deve realizar: “cada um, assumindo como tarefa diária, levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos. É a pregação informal que se pode realizar durante uma conversa, e é também a que realiza um missionário quando visita um lar. Ser discípulo significa ter a disposição permanente de levar aos outros o amor de Jesus; e isto sucede espontaneamente
em qualquer lugar: na rua, na praça, no trabalho, num caminho” (Evangelii Gaudium, 127). Como discípulos missionários, devemos entrar, decididamente, com todas as nossas forças neste processo constante de renovação missionária, pois, hoje, cada terra e cada ser humano são terras de Missão à espera do anúncio do Evangelho. Que a celebração deste Mês Missionário se torne uma ocasião de graça, intensa e fecunda, em nossa diocese, paróquias e comunidades, movimentos e pastorais, de modo que desperte o entusiasmo missionário. E que esse jamais nos seja roubado! Celebremos este Mês Missionário sob a proteção de Maria, a ela, “nossa Mãe, confiamos a Missão da Igreja. Unida ao seu Filho, desde a encarnação, a Virgem colocou-se em movimento, deixando-se envolver-se totalmente pela Missão de Jesus; Missão que, ao pé da cruz, havia de se tornar também a sua Missão: colaborar como Mãe da Igreja para gerar, no Espírito e na fé, novos filhos e filhas de Deus” (Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões de 2019).
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em pauta “A AMAZÔNIA NÃO É UMA FLORESTA VAZIA, MAS UMA FLORESTA HUMANA”
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oão Paulo Capobianco é biólogo, ambientalista e consultor, especialista em Educação Ambiental pela Universidade de Brasília e Doutor em Ciência Ambiental pela USP. Foi Secretário Nacional de Biodiversidade e Florestas e Secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente (2003 a 2008), quando exerceu, entre outras, as funções de coordenador do Grupo de Trabalho Interministerial de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, presidente do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético e da Comissão Brasileira de Florestas. Fundou e dirigiu várias organizações não-governamentais no Brasil, incluindo a Fundação SOS Mata Atlântica, o Instituto Socioambiental e o Instituto Democracia e Sustentabilidade, do qual é atualmente vice-presidente. Em 2003, o livro Biodiversidade na Amazônia Brasileira, organizado por ele, recebeu os prêmios de melhor publicação em Ciências Naturais e da Saúde e Livro do Ano, concedidos pela Câmara Brasileira do Livro. Recentemente, foi veiculado pela mídia e pelas redes sociais, de forma po-
lêmica, o avanço do desmatamento e das queimadas na região amazônica. Como você analisa esse fato? A questão do desmatamento não é uma questão de opinião, é uma questão de dados. Este ano aconteceu um fato extremamente grave, porque além dos alertas de desmatamento terem aumentado muito, aumentou também o índice de queimadas. Sempre há queimadas, mas quando você tem queimada e queda de desmatamento, significa dizer que a maior parte das queimadas são em áreas já devastadas, como pastos. Quando você tem queimada junto com aumento de desmatamento, isso significa que você desmatou, esperou a matéria vegetal secar para pôr fogo, consolidando o desmatamento. Não há a menor dúvida que o desmatamento está em alta, qualquer interpretação diferente disso não faz nenhum sentido. E isso está comprovado pelo INPE, por uma outra organização de monitoramento, o Brimazon, e também é compatível com os dados da [agência espacial americana] NASA. Não existe polêmica, foi criada uma falsa polêmica, como se os dados estivessem errados ou que tivessem algum interesse
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em criar problemas para o governo. Não faz sentido. A realidade é que o desmatamento está em alta. Como a tecnologia contribui para o monitoramento de um território tão grande? O Brasil tem o maior sistema de monitoramento de florestas tropicais do mundo. Eu trabalho com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) há muitos anos e acompanho a elaboração das análises e dos relatórios, conheço a seriedade do trabalho. Até 2003, o sistema de monitoramento do INPE fazia análises anuais e esses dados eram publicados no ano seguinte, o que ocorreu num ano era confirmado no outro ano. Na verdade, havia uma defasagem de tempo muito grande porque a Amazônia é um continente, são mais de 200 imagens de satélite para serem analisadas, é um negócio complexo e caro. A gente chamava isso de contabilidade da desgraça porque se sabia muito tempo depois o que tinha sido perdido. Em 2003, nós elaboramos o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia para mudar todo esse
esquema e propor políticas públicas em tempo real. Uma delas é o sistema Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DDTR), encomendado ao INPE, que permitiu produzir os alertas de desmatamento. Com base nesses alertas em tempo quase real, o INPE produzia as informações e, logo em seguida, a gente reorganizava toda a ação de fiscalização, mudando todo o sistema de controle da Amazônia, além de outras medidas, conseguimos uma redução do desmatamento em 80%. O DTTR é muito importante porque os dados mostram como está a tendência [de desmatamento] e a gente usa os dados para calibrar a fiscalização. Como você caracteriza a presença das populações locais na Amazônia e sua situação social? A floresta, enquanto estrutura biológica, e na qual estão inseridos vários grupos humanos, não só indígenas, mas extrativistas, quilombolas, castanheiros, babaçueiros, açaizeiros, pessoas que trabalham com fibras ou com extração de óleos. Só quem não conhece a Amazônia e nunca teve contato com essas comunidades consegue olhar para aque-
Da redação - Imagens: Reprodução programa Conversa com Bial, TV Globo | Reprodução Canal Instituto Democracia e Sustentabilidade - YouTube
la região e perceber que aquilo é pobreza e miséria. Isso é um absurdo, é claro que as populações precisam de uma série de benefícios da chamada civilização moderna, medicina e odontologia, apoio geral, acesso à tecnologia e comunicação. A relação entre essas comunidades e a natureza é uma relação estabelecida há muitas gerações, no caso dos índios, há milhares de anos. Eles sabem manusear as coisas, eles sabem extrair da floresta um conjunto de riquezas que lhes permite manter sua vida e sua cultura. Ao contrário do que as pessoas imaginam, a Amazônia não é uma floresta vazia, mas uma floresta humana, as pessoas convivem com a floresta há milhares de anos, muito antes dos brancos ancorarem no litoral brasileiro. A Amazônia é habitada permanentemente em alguns casos ou temporariamente em outros. E qual o impacto da presença dos não-locais, que não estão integrados ao modo de ser dos nativos? Nós, os brancos, não sabemos, não conhecemos a floresta. A atividade econômica que nós sabemos fazer é a substituição da floresta pela agricultura e pecuária, então a Amazônia vive um dilema porque os povos primitivos que estão lá detêm a tecnologia do uso da floresta e os avançados, que somos nós, não temos essa tecnologia, mas somos muito mais fortes e poderosos. Então, nós estamos substituindo a floresta pela pastagem e pela agricultura, perdendo toda a riqueza que a floresta tem. Isso se dá com um grande impacto social. Quando estava no governo, nós propomos e aprovamos uma lei no congresso chamada de gestão de florestas públicas que permitia, em vez da substituição da floresta, o seu uso econômico e sustentável com um novo ciclo na região. Essa lei contém cláusulas que garantem o acesso temporário de populações tradicionais locais para fazer a extração das substâncias e dos produtos não-madeireiros que elas utilizam. A ocupação
da Amazônia não é apenas um desastre ambiental, mas socioambiental, porque é feita à custa de comunidades humanas que são barbaramente expulsas e desalojadas ou que têm sua fonte de subsistência destruída com o desmatamento. A destruição da Amazônia é a destruição de um patrimônio ambiental, social e de reverberação internacional, em função da regulação de ciclos climáticos em que a Amazônia interfere diretamente por ser a maior área de cobertura florestal de toda a região tropical do Equador. Qual a importância das instituições sociais, como a Igreja Católica, discutirem as causas ambientais? É muito comum se classificar tantas lideranças de defesa da conservação da Amazônia como inimigos do progresso, despreocupadas com o não acesso das populações locais ou ligadas à esquerda. Quando uma liderança planetária, como o papa Francisco, assume isso sem nenhuma vinculação partidária ou corrente ideológica, mas como defensor da civilização humana, incluindo todos os tipos, credos, raças e classes sociais, isso coloca o problema no lugar real. A encíclica [Laudato Si] foi extremamente importante, ela se transformou numa ferramenta de discussão entre as pessoas que não estão ligadas à questão ambiental, mas estão ligadas à questão humana, das relações entre as pessoas e a natureza. Agora, o sínodo coloca em debate algo a favor de todos, não é nada contra ninguém, contra um governo ou contra o agronegócio. Ou nós construímos relações humanas com base em valores, em fraternidade, em compreensão e em inclusão ou nós não vamos chegar a lugar nenhum.
Muitas vezes, o argumento do potencial econômico é levantado como fator em prol da utilização das áreas de preservação para atividades rentáveis. Como analisa isso? Nós não podemos discutir o que está acontecendo na Amazônia, medindo danos econômicos, porque há muitas substâncias, enquanto o lado mais importante é o civilizatório. O ser humano na sua relação entre si e com a natureza. Nós não queremos preservar a Amazônia porque ela é muito rica e pode nos dar muito dinheiro, mas porque ela é um valor, ela é algo que contempla a natureza com a relação humana, com as populações etnicamente diferenciadas com conhecimentos e saberes muito diversos. A Amazônia é um caldeirão ambiental, étnico e cultural. É perceptível o uso das redes sociais como espaço de debate público, especialmente da causa ambiental. Você considera positiva a reverberação do assunto nesse ambiente novo? As redes sociais constituem um novo paradigma de comunicação. Ampliou de forma exponencial a nossa capacidade de ter acesso à informação, de colocarmos nossas opiniões. As redes sociais são um ganho, por outro lado, elas têm alguns vícios. Porque, infelizmente, uma mentira repetida vira verdade. Até recentemente, antes das redes sociais, o mecanismo de comunicação ampla era a imprensa convencional, que tem problemas, obviamente, mas se baseia em fatos e sempre garante o contraditório, na maioria das vezes. Já as redes sociais não têm mediação nenhuma, você recebe uma informação e a repassa, e essa informação circula, sem ouvir o contraditório, sem a fonte. O risco de
você ser vítima de informações absolutamente incorretas ou inverídicas é muito grande. Foi o que aconteceu com a questão do desmatamento, isso nunca tinha acontecido. Nos anos anteriores às redes sociais, o INPE divulgava, a imprensa publicava e não tinha polêmicas sobre os dados, tinha polêmica em relação ao governo. Hoje, alguém analisa esse dado, [confronta] com uma informação da NASA que diz que não é isso [a realidade dos fatos]. Nosso papel como lideranças sociais, hoje, é buscar a informação correta e repassá-la, sempre pautando nossa participação nas redes sociais com dados e fatos junto com a opinião. Nós temos uma enorme responsabilidade de conversar com as pessoas, expor esses dados para as pessoas construírem suas próprias opiniões a partir de informações verdadeiras. Diante da realidade ambiental no Brasil e no mundo, é possível ainda ter esperança? Eu acredito nisso desde que eu comecei a trabalhar na questão ambiental. Se você olhar o quanto nós avançamos é impressionante. Se olharmos hoje em comparação com 30 anos atrás, é uma diferença brutal. A reação das pessoas, hoje, diante desse quadro absurdo de retrocessos na questão ambiental que culminou no avanço do desmatamento da Amazônia, é muito forte. Tivemos passeatas no Brasil inteiro, não por questões políticas, mas pela proteção e valorização da Amazônia. O próprio governo mudou de postura, apesar dos equívocos; agora cabe à sociedade manter a pressão. Eu tenho esperança de que a gente, de fato, possa mudar o caminho. Os fatos recentes mostram que a população brasileira está ligada nesse assunto, se preocupa e não quer ver a Amazônia e sua população destruída. Eu sou um otimista realista, eu sei que as coisas não serão fáceis e nem acho que estão resolvidas, temos que trabalhar muito, esclarecendo, levando informação e estimulando o lado bom das pessoas.
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sínodo
Fonte: Instrumento Laboris - Sínodo dos Bispos para a Amazônia
IGREJA PROFÉTICA NA AMAZÔNIA: DESAFIOS E ESPERANÇAS
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s novos caminhos para a pastoral da Amazônia exigem que se “relance com fidelidade e audácia” a missão da Igreja (DAp., 11) no território e que se aprofunde o «processo de inculturação» (EG, 126) e de interculturalidade (cf. LS, 63, 143 e 146) que da Igreja na Amazônia requer propostas «valentes», o que supõe coragem e paixão, como nos pede o Papa Francisco. A evangelização na Amazônia é um banco de ensaio para a Igreja e para a sociedade. [IL 106] IGREJA COM ROSTO AMAZÔNICO E MISSIONÁRIO Uma Igreja com rosto amazônico, em seus pluriformes matizes, procura ser uma Igreja em saída (cf. EG, 20-23), que deixa atrás de si uma tradição colonial monocultural, clericalista e impositiva, que sabe discernir e assumir sem medo as diversificadas expressões culturais dos povos. O referido rosto nos alerta para o risco de “pronunciar uma palavra única [ou] propor uma solução que tenha um valor universal” (cf. OA, 4; EG, 184). Sem dúvida, a realidade sociocultural complexa, plural, conflituosa e opaca impede que se possa aplicar “uma doutrina monolítica defendida sem nuances por todos” (EG, 40). [IL 110] DESAFIOS DA INCULTURAÇÃO E DA INTERCULTURALIDADE O Espírito criador que enche o universo (cf. Sb 1, 7) alimentou a espiritualidade destes povos ao longo dos séculos, ainda antes do anúncio do Evangelho, e é Ele que os leva a aceitá-lo a partir de suas próprias culturas e tradições. Este anúncio deve ter em conta as “semente do Verbo”, aí presentes. Reconhece também que em muitos deles a semente cresceu e produziu frutos. [IL 120] A inculturação da fé não é um processo de cima para baixo, nem uma imposição externa, mas um mútuo enriquecimento das culturas em diálogo (interculturalidade). Os sujeitos ativos da SIGLAS IL – Instrumentum Laboris
inculturação são os próprios povos indígenas. [IL 122] A CELEBRAÇÃO DA FÉ: UMA LITURGIA INCULTURADA A celebração da fé deve realizar-se de maneira inculturada, a fim de ser expressão da própria experiência religiosa e vínculo de comunhão da comunidade que celebra. Uma liturgia inculturada será também caixa de ressonância para as lutas e aspirações das comunidades, e impulso transformador em vista de uma “terra sem males”. [IL 125] A ORGANIZAÇÃO DAS COMUNIDADES Para além da pluralidade de culturas no interior da Amazônia, as distâncias causam um problema pastoral grave, que não se pode resolver unicamente com instrumentos mecânicos e tecnológicos. As distâncias geográficas abrangem também distâncias culturais e pastorais que, portanto, exigem a passagem de uma “pastoral de visita” para uma “pastoral de presença”, a fim de voltar a configurar a Igreja local em todas as suas expressões: ministérios, liturgia, sacramentos, teologia e serviços sociais. [IL 128]
cas consideram os indígenas como um obstáculo para seu progresso e vivem de costas viradas para a floresta. [IL 131] Na cidade o indígena é um migrante, um ser humano sem terra e o sobrevivente de uma batalha histórica pela demarcação de sua terra, com sua identidade cultural em crise. Nos centros urbanos, os organismos governamentais evitam frequentemente a responsabilidade de lhes garantir seus direitos, negando-lhes sua identidade e condenando-os à invisibilidade. Por sua vez, algumas paróquias ainda não assumiram sua plena responsabilidade no mundo multicultural, que espera uma pastoral específica, missionária e profética. [IL 132]
A EVANGELIZAÇÃO NAS CIDADES Não obstante seus desafios, a cidade pode transformar-se em explosão de vida. As cidades fazem parte do território, portanto devem cuidar da floresta e respeitar os indígenas. Pelo contrário, muitos dos habitantes das cidades amazôni-
DIÁLOGO ECUMÊNICO E INTER-RELIGIOSO [...] no meio da floresta amazônica há outros grupos [evangélicos] presentes ao lado dos mais pobres, realizando uma obra de evangelização e de educação; são muito atraentes para os povos, embora não valorizem positivamente suas culturas. Sua presença permitiu-lhes ensinar e divulgar a Bíblia traduzida nas línguas autóctones. Em grande parte, estes movimentos se propagaram por causa da ausência de ministros católicos. Seus pastores formaram pequenas comunidades com rosto humano, onde os indivíduos se sentem valorizados pessoalmente. Outro fator positivo é a presença local, próxima e concreta dos pastores que visitam, acompanham, consolam, conhecem e rezam pelas
DAp – Documento de Aparecida EG – Evangelii Gaudium
LS – Laudato Si’ AO - Octogesima Adveniens
patrimônio
MAXIMUM ILLUD
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Missionário seja exemplarmente humilde, obediente e casto; seja especialmente piedoso, dedicado à oração e viva em contínua união com Deus, intercedendo junto d’Ele pela causa das almas. Quanto mais unido estiver a Deus, tanto mais abundantemente lhe será concedida a graça do Senhor. Escute a exortação do Apóstolo: “como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos, pois, de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão,
de paciência”. Afastados todos os obstáculos com a ajuda destas virtudes, é fácil e espontâneo o acesso da verdade aos corações dos homens; não existe vontade tão obstinada que lhe possa resistir. Por isso, o Missionário que, à imitação do Senhor Jesus, arda de caridade, reconhecendo como filhos de Deus também os mais afastados, redimidos pelo mesmo sangue, não se irrita pela sua rudeza, não desanima perante a perversidade dos seus costumes, não os
8 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ
necessidades reais das famílias. Trata-se de pessoas como as outras, fáceis de encontrar, que vivem os mesmos problemas e se tornam mais próximas e menos diferentes para o resto da comunidade. Elas nos mostram outro modo de ser Igreja, onde o povo se sente protagonista, onde os fiéis podem expressar-se livremente, sem censuras, dogmatismos, nem disciplinas rituais. [IL 138] MISSÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO Já existem alguns centros de comunicação social geridos pelos próprios indígenas, que experimentam a alegria de poder fazer ouvir suas próprias palavras e sua voz, não somente às suas comunidades, mas também fora delas. O mundo indígena mostra valores que o mundo moderno não tem. Por isso, é importante que a emancipação dos meios de comunicação chegue aos próprios nativos. Sua contribuição pode ter ressonância e ajudar na conversão ecológica da Igreja e do planeta. Trata-se de fazer com que a realidade amazônica saia da Amazônia e tenha repercussão planetária. [IL 141] O PAPEL PROFÉTICO DA IGREJA E A PROMOÇÃO HUMANA INTEGRAL Na voz dos pobres se encontra o Espírito; por isso, a Igreja deve escutá-los, são um lugar teológico. Ao ouvir a dor, o silêncio se faz necessidade, para poder ouvir a voz do Espírito de Deus. A voz profética implica uma nova visão contemplativa, capaz de misericórdia e de compromisso. Como parte do povo amazônico, a Igreja volta a definir sua profecia, a partir da tradição indígena e cristã. Mas significa também rever com consciência crítica uma série de comportamentos e realidades dos povos indígenas, que são contrários ao Evangelho. O mundo amazônico pede à Igreja que seja sua aliada. [IL 144]
Escrita por papa Bento XV (1919)
despreza nem desdenha, não os trata com aspereza, mas procura atraí-los com toda a ternura da bondade cristã, para conduzi-los um dia ao abraço de Cristo, o Bom Pastor. Neste sentido, medite habitualmente esta passagem da Sagrada Escritura: “O teu espírito incorruptível está em todas as coisas! Por isso, pouco a pouco corriges os que caem, os repreendes e lhes recordas o seu pecado, para que se afastem do mal e creiam em ti, Senhor. (…) Mas Tu, que dominas a tua
força, julgas com bondade e nos governas com grande indulgência, pois podes usar o teu poder quando quiseres”. Que adversidade, angústia ou perigosa contingência poderá desencorajar um tal mensageiro de Jesus Cristo? Nenhuma. Reconhecido para com Deus que o chamou para uma missão tão sublime, está disposto a tudo, a tolerar generosamente as dificuldades, os insultos, a fome, as privações, até a morte mais cruel, para resgatar uma só alma.
comunicações aniversários setembro Natalício 9 Padre Aloísio Miguel Alves 11 Padre Gilmar Antônio Pimenta 15 Padre Ademir da Silva Ribeiro 10 Monsenhor Mário Pio de Faria
16 Padre Edno Tadeu de Oliveira 22 Padre César Acorinte 22 Padre José Neres Lara 22 Padre Glauco Siqueira dos Santos 26 Padre Arnoldo Lourenço Barbosa
30 Padre Ronaldo Aparecido Passos Ordenação 14 Padre João Batista de Melo 17 Padre Márcio Alves Pereira
18 Padre Gilvair Messias da Silva 25 Padre José Luiz Gonzaga do Prado 29 Padre Donizete Antônio Garcia
Errata: No mês anterior, nos esquecemos de incluir o aniversário de ordenação presbiteral do padre Antônio Batista Cirino, 22 de setembro. Lamentamos nosso erro.
agenda pastoral 5 12 14-16 17-20 19 24-27 25-27 26
Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral - Guaxupé Festa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil Reunião do Conselho Diocesano do ECC - Muzambinho Encontro Provincial de Pastoral em Poços de Caldas - Bispos e Coordenadores de Pastoral Diocesanos e Setoriais Cursilho Masculino GED - Cássia Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores Cursilho Feminino GED – Cássia Encontro do Regional Leste II do ECC – Poços de Caldas Reunião da Coordenação Diocesana dos Grupos de Reflexão – Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana dos MECEs – Guaxupé
campanha missionária
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Reunião da Coordenação Diocesana da RCC – Guaxupé Reunião da Equipe Diocesana de Comunicação – Guaxupé Reunião de Coordenadores Paroquiais de Catequese – Setores: Guaxupé, Passos, Paraíso, Cássia e Areado Dia Nacional da Juventude – DNJ - Guaxupé Reunião da Equipe Diocesana para formação – Mãe Rainha Reunião de Coordenadores Paroquiais de Catequese – Setores Poços de Caldas e Alfenas Encontro com os Presbíteros até 5 anos de ministério Aniversário de Ordenação Presbiteral de Dom José Lanza (1980)
Texto/Imagem: POM
BATIZADOS E ENVIADOS: A IGREJA DE CRISTO EM MISSÃO NO MUNDO
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s Pontifícias Obras Missionárias (POM) têm a responsabilidade de organizar a Campanha Missionária, realizada sempre no mês de outubro, na Igreja de todo o Brasil. Colaboram, nesta ação, a CNBB, por meio da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, a Comissão para a Amazônia e outros organismos que compõem o Conselho Missionário Nacional (Comina). Neste ano, a Campanha Missionária será celebrada de maneira especial. Fomos convidados pelo papa Francisco para viver em todo o mundo o Mês Missionário Extraordinário. Em 22 de outubro de 2017, Dia Mundial das Missões, o Papa Francis-
co, durante o Angelus, anunciava publicamente para toda Igreja sua intenção de proclamar um Mês Missionário Extraordinário (MME) em outubro de 2019, para celebrar o centenário da Carta Apostólica Maximum Illud de seu predecessor, o papa Bento XV. Para que os fiéis contribuam com a campanha, foram enviados às paróquias os envelopes exclusivos para a doação. Nos dias 20 e 21 de outubro, as ofertas das celebrações devem ser integralmente enviadas às POM que as repassam ao Fundo Universal de Solidariedade para apoiar projetos em todo o mundo.
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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