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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ

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ANO XXXII - 373

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DEZEMBRO DE 2020

“ELE REVELOU ESTAR PRESENTE NOS SEUS IRMÃOS MAIS FRÁGEIS” [Cf. Mt 25, 40]


expediente

Diretor geral DOM JOSÉ LANZA NETO Editor SEMINARISTA JORGE AMÉRICO DE OLIVEIRA JUNIOR Equipe de produção ANTÔNIO CARLOS FERNANDES DANIELA FREITAS DA SILVA EVANDRO LÚCIO CORRÊA JOSÉ EDUARDO DUARTE LUCIANA OLIVEIRA MEZETTI SILVA MARIA ELIETE CASSIANO MOREIRA MARIVALDA CEZÁRIO SANTOS TOBIAS MESSIAS DONIZETE FALEIROS ROBERTO CAMILO ÓRFÃO MORAIS SIMARA APARECIDA TOTI VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA Revisão VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA Telefone 35 3551.1013 E-mail guaxupe.ascom@gmail.com Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal. Uma Publicação da Diocese de Guaxupé www.guaxupe.org.br


editorial

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xistem dois tipos de pobreza: a pobreza por opção e a pobreza por opressão. A pobreza por opção constitui o terceiro voto da consagração religiosa. Existem, portanto, pessoas que, por amor a Deus, querem assim viver por todo o sempre. É uma forma bendita de viver a vida! Muita gente pensa que os religiosos fazem voto de miséria. Não fazem! O voto de pobreza não é somente uma promessa de abdicação de bens materiais, um preceito canônico, seria muito pouco se fosse só isso. A opção pela pobreza é uma opção de muita maturidade cristã, pois é, sem dúvida, viver a vida integralmente na sobriedade, deixando como herança o testemunho de desapego. A pobreza por opressão é a gerada não por um voto religioso, mas por um voto de ganância. Há um exemplo que faz perceber a diferença que há entre essas duas pobrezas, ambas instaladas no coração do ser humano. Em uma missão, o missionário se depara com uma pessoa muito pobre daquela comunidade que lhe faz a seguinte pergunta: “na oração do Pai Nosso, Deus é chamado de Pai. Mas, como pode Deus, que é Pai, deixar seus filhos sem pão?”, então o missionário responde: “o problema não está em Deus que é Pai, mas em nós que somos irmãos!”. Há uma doença em muitos cristãos diagnosticada como indiferença. Ela compromete não só a prática da fé, mas a sensibilidade do coração! É por isso que ainda hoje, em pleno século XXI existem milhares de pessoas vivendo na miséria! E centenas delas morrem de fome! E não é Deus o culpado. Deus sofre com os que sofrem! Ele também teve fome (Cf. Mt 25)!

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Um Deus que quer morte não é Deus! Por isso, no IV Dia Mundial dos Pobres, o Santo Padre, inspirado pelo Livro do Eclesiástico (7, 32) ministra uma Aula Magna de humanidade. Francisco de Roma, ensina que “antes de tudo, estender a mão leva a descobrir que dentro de nós existe a capacidade de realizar gestos que dão sentido à vida” pois, “estender a mão é um sinal que apela imediatamente à proximidade, à solidariedade, ao amor”. Quando as mãos de todos os cristãos estiverem ocupadas sendo estendidas aos pobres, então existirá apenas uma única pobreza na terra, a pobreza por opção!

errata Na edição anterior, o Jornal fez duas vezes a publicação do mesmo decreto, o “Decreto de designação de membros para o Conselho para Assuntos Econômicos Diocesanos”. Nesta edição, o editor do Jornal retrata-se com um pedido de desculpas aos leitores e com a publicação do “Decreto de designação de membros do Colégio dos Consultores”, decreto que deveria estar publicado na edição anterior.

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voz do pastor

Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé

SINAL ADMIRÁVEL: O MISTÉRIO DE BELÉM

“Quando estavam ali, comportaram-se os dias de ela dar à luz. Ela deu à luz o seu filho, o primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,6-7)

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proximando-se o tempo do Natal, enfeitamos a cidade, as casas e todos os nossos espaços com luzes, árvores, objetos simbólicos, entre todos esses elementos, há o presépio, sinal de destaque em nossa cultura cristã, símbolo forte da piedade popular e da fé católica. As crianças se encantam ao identificar as figuras tão próximas do Menino Jesus com seus pais, Maria e José, e também se alegram com os reis magos, os pastores, o anjo e os animais. Os adultos, por sua vez, se emocionam com a chegada do Salvador e Redentor da humanidade. Normalmente, todos se impressionam pela singeleza, simpliJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 5


cidade e grandiosidade de tão grande mistério revelado: o Filho de Deus assumindo a natureza do ser humano em todas as suas dimensões, exceto o pecado. Em Jesus, o Filho único de Deus vem a nós e faz sua morada. Desde seu nascimento até sua entrega na cruz, nos deparamos com sua obediência e sua fidelidade incondicionais. Como Filho de Deus, Jesus nunca se apegou a tal privilégio, mas esvaziou-se de si mesmo (cf. Fl 2, 6-8), assumindo a missão de gerar vida e trazer liberdade para todos. Eis o sinal admirável: o mistério de Belém, o mais profundo e impressionante de toda a história da humanidade: o nascimento de Jesus. As marcas desse acontecimento, que une o Céu e a Terra, serão ainda notadas por muitos e muitos anos e, em cada tempo, todas as gerações reconhecerão que Deus sempre se faz presente. Na carta apostólica Admirabile Signum, o Papa Francisco afirma algo inspirador e fundamental sobre o significado e valor do presépio: “No Presépio, os pobres e os simples lembram-nos que Deus Se faz homem para aqueles que mais sentem a necessidade do seu amor e pedem a sua proximidade. Jesus, ‘manso e humilde de coração’ (Mt 11, 29), nasceu pobre, levou uma vida simples, para nos ensinar a identificar e a viver do essencial. Do Presépio surge, clara, a mensagem de que no pano de fundo, aparece o palácio de Herodes, fechado, surdo ao jubiloso anúncio. Nascendo no Presépio, o próprio Deus dá início a única verdadeira revolução do amor, a revolução da ternura. Do Presépio, com meiga força, Jesus proclama o apelo à partilha com os últimos como estrada para um mundo mais humano e fraterno, onde ninguém seja excluído e marginalizado” (AS 6). Desejo fraternalmente um Santo e Feliz Natal às nossas famílias e às nossas comunidades, na certeza que o Espírito Santo preencherá nossos corações e nossas consciências com os verdadeiros valores do Natal que iluminarão o nosso mundo. Eis que todos possamos entoar: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos que ele ama” (Lc 2, 14).

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Messias Donizete Faleiros é professor, músico, pós-graduado em Educação Musical e Ciências da Religião. Atualmente é Diretor do Coral Pequenos Cantores de Cássia e Presidente da Federação Nacional dos Meninos Cantores do Brasil

opinião

A MÚSICA: UM CAMINHO ENTRE O BELO E O PRESÉPIO

“A música sacra e a música em geral criam pontes, aproximam as pessoas, até as mais distantes, não conhecem barreiras de nacionalidade, etnia e cor da pele, mas envolvem todos” (Papa Francisco)

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s anjos cantam: “Gloria in Excelsis Deo” ao anunciarem o nascimento de Jesus.

Há uma beleza e uma mística especiais entre a música e o presépio; uma sintonia que desperta em nós o desejo de nos aproximar do Menino Deus para adorá-lo. Desta sintonia brotaJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 7


ram lindas canções por todo o mundo. Quem nunca se emocionou ao ouvir ou cantar um “Noite Feliz” ou um “Gloria in Excelsis Deo”? Durante muitos séculos, as canções de natal ambientam o espírito natalino. As tradicionais melodias com múltiplas adaptações, de acordo com cada país, recordam, ano após ano, o nascimento do Menino Jesus. A canção natalina mais antiga que a história da música registra é “Iesus Refulsit Omnium” (Jesus, luz de todas as nações); ela data do século IV e a letra é atribuída a Santo Hilário de Poitiers. Porém, a mais conhecida e famosa no mundo é “Noite Feliz”. Seu título original é “Stille Nacht”. A letra da canção foi escrita pelo sacerdote austríaco Joseph Mohr, em 1816, e teve sua melodia composta pelo professor e organista, Franz Xaver Gruber. Mohr, ao ver que o órgão de sua paróquia, a capela de São Nicolau na pequena cidade de Oberndorf, havia estragado, decidiu escrever um canto que pudesse ser interpretado com violão na Missa do Galo. Foi assim que no Natal de 1818 se cantou pela primeira vez “Noite Feliz”, atualmente traduzido para mais de 300 idiomas e dialetos. A versão para a língua portuguesa surgiu em 1912, por autoria de Frei Pedro Sinzig que nasceu na Alemanha, mas trabalhou no Brasil por toda a vida. Em 2011, “Noite Feliz” foi JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 8


declarada pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. É a canção preferida do Papa Francisco: “Na sua profunda simplicidade, esse canto nos faz entender os eventos da Noite Santa. Jesus, o Salvador que nasceu em Belém, nos revela o amor de Deus Pai”. As cantigas de Natal originárias de cada país não necessariamente foram escritas neles. Muitas delas são adaptações de cantos de outros países ou regiões. No Brasil, por exemplo, existem poucas composições natalinas propriamente brasileiras. A maioria são melodias tradicionais traduzidas ou canções populares que trazem a figura do Papai Noel, do pinheiro e da neve com grande influência da cultura americana. A verdadeira música de Natal aproxima-nos mais do presépio e faz que tenhamos um coração mais elevado. “Do presépio, Jesus proclama, com poder moderado, o apelo para compartilhar com os últimos àquela meta de um mundo mais humano e fraterno, onde ninguém mais seja excluído e marginalizado. Estamos diante de um mistério desconcertante, em sua humildade”, diz nosso Papa Francisco. Que a Pandemia não nos afaste do verdadeiro sentido do Natal, que possamos nos aproximar do presépio, celebrar o nascimento do Menino Jesus com as belezas e a leveza das melodias das canções natalinas.

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Equipe de Produção do Jornal Comunhão

notícias NOVOS DIÁCONOS

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a solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe (12/12), a Diocese de Guaxupé ganhará 3 novos diáconos: Filipe Cancian Zanetti, de Poços de Caldas-MG; Gustavo Henrique Fernandes Correia, de Pratápolis-MG; Jorge Américo de Oliveira Junior, de Machado-MG.

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Assessoria de Comunicação da Diocese de Guaxupé

DIOCESE GANHA MAIS UM PADRE

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ão fostes vós que me escolhestes, mas fui eu vos escolhi” (Jo 15,16) foi o lema escolhido pelo neo-sacerdote Pe. Juliano Vasconcelos, que foi ordenado no dia 31 de outubro, na Igreja Matriz São João Batista em Arceburgo-MG. A celebração Eucarística com o rito de Ordenação Sacerdotal ocorreu de forma restrita, com participação de representantes do clero, dos seminaristas e da família do ordenando. Em seu discurso de agradecimento frisou: “com esta ordenação presbiteral, desejo me entregar de modo convicto a messe do Senhor!”. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 11


Assessoria de Comunicação da CNBB

CNBB CONVIDOU BRASILEIROS A PLANTAREM UMA ÁRVORE NO DIA DE FINADOS EM MEMÓRIA DOS QUE SE FORAM

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o dia 02 de novembro, Dia de Finados, os brasileiros foram convidados a plantarem uma árvore em memória dos entes falecidos. De acordo com o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, “esse gesto, além de evitar as tradicionais aglomerações nos cemitérios, liga-se também à triste destruição ecológica decorrente das queimadas em algumas regiões do país”. A campanha convidou as pessoas a também publicarem a sua foto no Instagram plantando a árvore e contando a história de quem recebeu a homenagem. Bastou fazer uma foto e publicar na plataforma usando a hashtag #CuidarDaSaudade. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 12


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em pauta

Maria Eliete C. Moreira é pedagoga e leiga da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Alfenas/MG

A PRESENÇA CARINHOSA DO PRESÉPIO NOS LARES

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omo é bonita a tradição cristã de se montar o Presépio! Com este ato todos somos chamados a penetrar no mistério do nascimento de Jesus Cristo, e nos aconchegarmos ao íntimo de Sua vinda com a apreciação amorosa e caridosa dos detalhes da cena do Seu nascimento. É preciso perceber a beleza desta tradição e da rica espiritualidade popular na preparação do Presépio, na qual o Papa Francisco, em sua Carta Apostólica Admirabile Signum, reforça-nos “quero apoiar a tradição bonita das nossas famílias prepararem o Presépio, nos dias que antecedem o Natal, e também o costume de o armarem nos lugares de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nos estabelecimentos prisionais, nas praças…”. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 14


Sendo assim, ao montarmos o Presépio em nossas casas, recordamos e revivemos o Nascimento de Jesus em Belém, porém, devemos fazer um movimento reflexivo de que “naturalmente os Evangelhos continuam a ser a fonte, que nos permite conhecer e meditar aquele Acontecimento; mas a sua representação no Presépio ajuda a imaginar as várias cenas, estimula os afetos, convida a sentir-nos envolvidos na história da salvação, contemporâneos daquele evento que se torna vivo e atual nos mais variados contextos históricos e culturais” (Papa Francisco AS). Por fim, que neste Natal continuemos com este bonito costume de se montar e rezar nos presépios e sigamos o chamado de Lucas “vamos a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer” (Lc 2, 15).

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in memoriam

Diego Ribeiro é irmão gêmeo do Diácono Douglas e reside na cidade de São Paulo

1º ANO DO FALECIMENTO DIÁCONO DOUGLAS

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o longo desse primeiro ano, nossos corações ficaram inquietos, e a incerteza nos rodeou por muito tempo, e nos perguntávamos “por quê?”. Por que um jovem de 27 anos, cheio de sonhos, de saúde, de vida... não por fraqueza ou falta de fé, mas por sermos humanos, porque amamos. Talvez, estivéssemos fazendo a pergunta errada, a pergunta seria: para quê? Confesso que ainda não tenho essa resposta. O Douglas foi intenso em tudo que fez! Com maestria de dons e competência, foi comprometido, e com dedicação e muito amor, sabia executar tudo o que a ele foi confiado.

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Apesar de toda tempestade, Deus esteve presente em todos os momentos, em cada gesto de carinho para com o Douglas e para nossa família, citar aqui algum nome, talvez seja injusto. Nossa gratidão eterna. A vida é um brevíssimo segundo! Mas existem aqueles que, mesmo vivendo tão brevemente, deixam marcas do eterno. Não nos restam dúvidas de que você deixou estas marcas por onde e por quem passou. Com as palavras do profeta Jeremias: “A quem eu te enviar, irás”, acredito piamente que você, meu irmão, liturgista que era, agora vive a perfeita liturgia celeste e na vida eterna serás o que o limite existencial e temporal impediu, intercessor das almas. E como diz a música “Quando se perde alguém”: “Tantos momentos, tantas histórias/ Você foi um anjo que passou tão rápido aqui/ Mas que marcou com teu sorriso e a sua presença./ Só ficam as lembranças de tudo o que vivemos. Na alma a esperança, nos encontraremos/ Na eternidade, na glória do Senhor./ A saudade bate à porta do coração e as lágrimas vêm. Como suportar a dor e prosseguir quando se perde alguém?/ Só Deus pra nos sustentar! Só Deus pra nos compreender/ Só Deus pra nos confortar, só Deus para nos manter!”. Tua vida foi breve, sim, mas a brevidade não impediu que fosse marcante e intensa. De tudo isso, resta-nos a saudade e ela nos faz dizer: Até o céu, Douglas! Até o céu.

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Por Seminarista Rhilton – Etapa Configurativa (Teologia)

laicato A PARTICIPAÇÃO NA MISSÃO PROFÉTICA DE JESUS CRISTO

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testemunho da fé é um ato de louvor a Deus e a Lumem Gentium destaca a necessidade de viver a missão profética na vida cotidiana e coloca que os leigos pelo Batismo são protagonistas em anunciar Jesus Cristo com a vida (cf. LG 35). Ainda é destacado que o Anúncio não é função dos membros da hierarquia, mas se estende a todos os cristãos, é papel do Povo de Deus. O bispo Émile Smedt afirma, dentro desta definição da Constituição, que “o Concílio dirige agora seu olhar ao passado e também ao futuro. Os fiéis são os ‘filhos da promessa’. E através deles que se realiza o mistério da salvação que Deus anunciou pelos profetas, que o Filho preparou por sua vida, paixão, ressurreição e ascensão, e que o Espírito Santo vem realizando dentro da Igreja, no decorrer dos séculos. Permanecendo fortes na fé e firmes na esperança, eles realizarão a redenção, a purificação e a santificação do mundo. Sua fé e sua esperança transporta-os para além do tempo, acorda neles JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 18


a esperança escatológica e torna-os capazes de depositar toda confiança na glória futura. Desta fé e desta esperança é que eles devem ser hoje testemunhas”. Com isso, compreende que a dimensão profética conduz aquele que recebe o batismo a ser um arauto de esperança em meio às incertezas e crises que sobrepõem na vida humana. O ser profeta é comprometer-se com a missão de Deus e realizá-la. O profetismo tem dois campos de ação que podem ser vistos na própria vida de Jesus, é um itinerário de construção do Reino dentro do indivíduo, ou seja, interno, e no exterior na comunidade e no mundo. Neste sentido, a ação pastoral pós-batismal deve destacar o aspecto missionário e íntimo daquele que é incorporado a Cristo. Isto auxilia o leigo tomar parte da sua importante função dentro da Igreja, assim como destacar o múnus sacerdotal na vida litúrgica e na espiritualidade, ser profeta é conscientizar que o cristão não pode se conformar com as injustiças e trevas que assolam este mundo, não pode ser omisso aos desafios que se apresentam e deve responder as essas questões, com a Palavra e em comunhão com Jesus Cristo. Para anunciar a fé é necessário o conhecimento da verdade revelada, a busca pela sabedoria que vem de Deus e assim responder o chamado a vida cristã. É interessante notar que a Iniciação Cristã não é apenas um período da vida, mas sim, um itinerário de viver os sacramentos recebidos, e principalmente, viver o Batismo. Estas indicações devem ser endereçadas constantemente a JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 19


todo Povo de Deus, os leigos e os clérigos. Sendo assim, os leigos precisam tomar ciência de seu papel crucial na evangelização e da sua missão profética no meio do mundo e os clérigos precisam compreender que mesmo tendo recebido o sacramento da ordem, o sacerdócio ministerial, são antes de mais nada, partícipes do sacerdócio comum e do múnus profético, que não se anula com o sacerdócio ministerial, mas o complementa no exercício, é necessário uma mistagogia sacramental.

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Por Júnior de Maria, Alfenas/MG

política A FOME: UMA VERGONHA!

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ouco se fala hoje em dia desse tema que não podia existir em nosso meio, mas infelizmente é uma verdade. Gostaria de começar citando alguns santos da Igreja e o que falam sobre a fome, pois foram os primeiros padres do Cristianismo, que conheceram essa realidade em suas comunidades de modo que a descreveram como a “maior das desventuras humanas”, porque como hoje, também ontem havia a falta de partilha e de solidariedade para com as pessoas famintas. São Basílio Magno, Bispo do século IV, de Cesaréia, na Turquia, dizia que a fome é uma enfermidade espantosa, representa a maior das desventuras humanas, de todas as mortes, o fim mais miserável de todos, pois leva em si um mal lento e um sofrimento prolongado; ela faz desgastar gradualmente as forças. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 21


São Joao Crisóstomo, Bispo de Antióquia, final do século IV e início do século V, na Homilia sobre Esmola PG 51,2619, nos diz: “Enquanto passei na praça eu vi pobres, desempregados. Muitos que não tinham o necessário, para viver, no verão vivem bem; mas na estação do inverno passam fome e o frio; eles rendem-se como mortos”. Papa Francisco legitima esse triste tema em “a fome não é somente uma tragédia, mas uma vergonha” para a humanidade. O Papa pediu também que a população não se mantenha “insensível” e “paralisada” diante da realidade. Ainda completa o Santo Padre: “todos somos responsáveis”. É notório mencionar um santo extraordinário da Santa Igreja Católica, o “Pai dos pobres”, São Francisco de Assis, que gastou sua vida para combater a fome por onde passava. Sabe-se que, São Francisco de Assis, era um santo místico, de muita intimidade com Nosso Senhor Jesus Cristo, e tinha entre tantos dons, o de escutar os animais. Certa vez, numa noite, estando todos a dormir, uma das ovelhas grita: “Estou morrendo, irmãos, eis que estou morrendo de fome!”. O egrégio pastor levanta-se imediatamente e apressa-se em auxiliar com o devido remédio a ovelha doente. Manda que se prepare a mesa, embora abastecida com iguarias rústicas, onde a água supria a falta de vinho, como (acontecia) frequentemente. Ele próprio começa a comer primeiro e convida os demais irmãos ao oficio da caridade, para que aquele irmão não se envergonhe. “Tendo tomado o alimento no temor do Senhor”. (At JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 22


2,46;9,31), para que nada faltasse ao ofício da caridade, o pai teceu uma longa parábola aos filhos sobre a virtude da discrição. Manda oferecer “o sacrifício a Deus” sempre “temperando com sal” (Lv 2,13) e admoesta a cada um que considere as próprias forças “no serviço de Deus” (Jo 16,2). Afirma que subtrair sem discernimento o que é devido ao corpo é pecado semelhante a fornecer-lhe o supérfluo, imperando a gula. E acrescenta: “Sabei o que fiz ao comer, caríssimos, foi feito por solidariedade e não por vontade, porque a caridade fraterna o mandou. Sirva-vos a caridade como exemplo, porque esta serve a gula, aquela ao espírito”. Diante desta história, possamos refletir sobre a fome e como nos disse o Santo Padre, por outras palavras, tomemos consciência que esta luta é de todos nós! Luta esta que deve nos impulsionar a fazer nossa parte. Muitas vezes escutamos por aí: “Os que estão no poder que têm a obrigação de combater a fome!”. Então, a responsabilidade pertence a todos. Por sua vez, também temos o “poder” de fazer algo, no entanto, muitas vezes, não o fazemos. “O que eu faço é uma gota no oceano, mas sem ela o oceano seria menor” (Santa Madre Tereza de Calcutá), o que muitos não sabem, é que a Igreja Católica é a maior Instituição Caritativa do mundo. Nossa luta está apenas começando, há uma grande desigualdade social em nosso Brasil. Temos uma “arma” e precisamos usá-la, e essa arma é o Amor. Aproximando-se do Natal, data esta que sensibiliza os nossos sentimentos, e em consequência, os corações se unem em ajudar a quem precisa, sendo assim, que esse espírito Natalino perdure JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 23


até o último dia de nossas vidas, para que possamos ajudar sempre, sem reservas, e que o nascimento de Jesus possa nos trazer a esperança de uma igualdade social para todos. Pax e graça! Salve Maria Santíssima.

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Por Seminarista Otávio Lemes Etapa Configurativa (Teologia)

vocações QUANDO UM AMIGO SE TORNA PADRE “E constituiu doze para que ficassem com Ele” (Mc 3,14)

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ntes de tudo a permanência, no Senhor e Mestre que nos chama a encontrar um lugar de aprendizado, tendo nele, Jesus de Nazaré uma regra de conduta. Sem permanecer não há como partir. Depois de reconhecê-lo como um amigo, com o qual partilhamos as dores e as alegrias, e saber que Ele caminha ao lado, existe a força para a resposta, e o desejo de continuar a estrada. A amizade com Ele selada se manifesta de forma humana, sem a aura do sobrenatural. Nos amigos que a vida se encarrega de nos oferecer, e quando menos esperamos, a casa está preparada, a mesa está posta, e a refeição servida, é ação de graças que não conhece ocaso, amigo é aquele que sem a sofisticação do discurso, mas com a simplicidade que não carece de explicação, é capaz de nos animar a ir adiante. Quando um amigo se torna padre, o mais bonito é a amizade que permanece. As diferentes condições não diminuem o respeito, nem muito menos, a proximidade. Embora haja a distância que a missão exige, a estrada que leva a corações que esperam a Palavra de vida, há sempre a certeza que, enraizados no Coração de Jesus, continua a epifania crística. Na ordenação, a alegria de partilhar tão singular momento, o desejo aumentado de um dia assumir a mesma missão, ser JeJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 25


sus de novo, atualizar de forma ministerial, a presença do Homem que caminhou por este mundo sem fazer acepção daqueles que o procuravam para ouvi-lo. Sem reparar a nossa indigência, Ele nos escolhe, para que dele sejamos continuidade. E assim, a vida segue seu rumo, com os olhos fixos em Jesus, razão de todo caminho vocacional. Com voz humana, Deus é mais bonito de ser ouvido, na amizade sem elucubrações Ele acontece de forma segura, a ponto de poder dizer como Guimarães Rosa no livro “Grande Sertão Veredas”: “Amigo pra mim é só isso, aquele que a gente gosta de conversar do igual pra igual, desarmado”.

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patrimônio

Tania Cristina Fagundes Conti Neves é leiga e membro de Comunidade do Caminho Neo Catecumenal

FAMÍLIA, IGREJA DOMÉSTICA

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recisamos redescobrir essa maravilha, que é a Igreja Doméstica, mas para tanto é importante entendermos o que significa FAMÍLIA: comunidade de pessoas chamadas a viver o amor e celebrar a vida. IGREJA DOMÉSTICA: “Domus Ecclesiae”, família que se reúne para rezar em nome da Santíssima Trindade. Na “Carta às Famílias” de São João Paulo II, ele diz que a “oração é ação de graças, louvor a Deus, pedido de perdão, súplica e invocação. A oração da família tem muito a dizer a Deus e aos homens”. Isto se concretiza na Igreja doméstica, os membros da família se reúnem em oração e unem corações num único objetivo: agradecer, louvar, pedir e dar perdão, suplicar e estar em comunhão com Deus. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 27


Neste tempo de pandemia, distanciamento social e restrições para irmos a Igreja, é oportuno a prática, a vivência desse grande dom que é a Igreja doméstica, transpondo barreiras, vencendo juntos, em família e oração, o egoísmo e a individualidade. Na Igreja doméstica se recebe a fé, a graça de Deus que restaura corações e transforma realidades concretas, tudo isso porque, “a presença do Senhor habita na família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários” (Amoris Laetitia 315). Dê a sua família, Igreja doméstica, a importância merecida, destaque a grandiosidade do momento porque Jesus é o dom do Pai entregue por nós. A tarefa não é fácil, é um desafio, parece que estamos sempre ocupados, mas é muito válido nos organizarmos e termos um tempo em família, isto é ganho para a vida. Prepare o ambiente, um cantinho na casa que remeta ao momento de oração, uma mesa bem arrumada, um pequeno altar, coloque a Bíblia, velas, flores e imagens religiosas. A família é chamada a ser um lugar privilegiado de encontro com Cristo. Dar valor e ênfase a Igreja Doméstica é não perder a essência da família cristã, não importa as circunstancias, mas a necessidade de fazer a diferença.

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Por Rimar César Diniz, religioso, membro da Congregação do Santíssimo Redentor e atualmente exerce o seu Ano Pastoral na Parroquia de Nuestra Señora del Perpetuo Socorro em Charata, Provincia del Chaco, ao norte da Argentina

doutrina

ACERCAR-SE DA MISERICÓRDIA DO PAI

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Considerações sobre o Sacramento da Reconciliação

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conceito ético-teológico de misericórdia nos remete à complexidade das relações humanas. Contudo, o ato de dizer e propor misericórdia é complexo e polivalente. Disposto em contextos particulares, onde acontecem experiências de vida no jogo das intersubjetividades, seu dizer supõe inúmeras conotações que aparentam ser um código comum na comunicação, contendo um mesmo sentido ético e altruísta para todos. De modo geral, o conceito de misericórdia, vinculado também à ideia de perdão, é entendido como uma ação benfeitora, isto é, uma concessão dada a um indivíduo em situação desfavorável à que se encontra o benfeitor. Um olhar mais preciso mostra que a palavra ‘misericórdia’ é formada por miseri (miserável) + cordis (coração). Miseri é forma genitiva de miser, adjetivo do qual se origina ‘miséria’. Misericórdia é o movimento de colocar o coração junto, ao lado, na direção do miserável. Enraizada nas fontes bíblicas e na Tradição teológica e espiritual da Igreja, “a misericórdia é o nome mais belo de Deus; a forma mais bela de nos dirigirmos a Ele” (São João XXIII). “É próprio de Deus usar de misericórdia, e nisto, se manifesta de modo especial a sua onipotência” (Santo Tomás de Aquino). Ela é exclusividade de Deus e se refere ao modo d’Ele, que “é o Amor” (1Jo 4,8), manifestar-se. Deus se revela na história e, conosco, proporciona-nos experiências de amor, ensinando-nos a ser misericordiosos. Por isso, assumir a revelação de Deus como misericórdia é fazer uma experiência de aprendizagem do amor e não assumi-la como mera concessão.

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O tema da misericórdia evoca, geralmente, o Sacramento da Reconciliação, embora não se reduza a ele, e está ligado à prática da confissão, a qual aparece, por vezes, ladeada de objeções: “o padre é um pecador como eu”; “não necessito contar meus defeitos a outro pecador”; “basta confessar os próprios pecados diretamente a Deus”. A recusa em buscar a confissão pode derivar de muitos fatores, dentre eles, a não aceitação de que Deus possa usar instrumentos humanos para redimir a humanidade, a falta de catequese, atendimento ausente ou deficitário e/ou experiências traumáticas. O Papa Francisco recorda que “o confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor que nos incentiva a praticar o bem possível” (EG n. 44). Afinal, o que é a reconciliação e por quê se confessar? O Sacramento da Reconciliação é Sacramento de conversão, de penitência, de confissão e de perdão (CIC nn. 1423-24). Embora todos esses conceitos conduzam à mesma direção, é preciso ter consciência da globalidade e do processo que evocam, cuja finalidade é a reconciliação, com Deus e os irmãos. A palavra ‘conversão’ deriva do verbo μετανοεiν, que significa ‘transformar-se’, ‘mudar de mentalidade’. Esse feito não é imediato, mas demanda um processo gradual de aprendizagem. A parábola do credor incompassivo expressa bem o significado da misericórdia e do perdão enquanto aprendizagem (cf. Mt 18,2335). Confessar é reconhecer que somos peregrinos na história, JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 31


irmãos com irmãos, frágeis e carentes de aprendizados. Por vez, o confessionário não pode ser reduzido a um ‘mercado’ de concessões, um lugar onde se oferece o perdão, mas situá-lo como parte de um processo que demanda acolhida, acompanhamento, discernimento e integração. A confissão, como caminho metodológico do Sacramento da Reconciliação, põe em consideração a aparente assimetria existente na relação entre penitente e confessor. Nem o confessor é todo empoderado e nem o penitente é completamente paciente, desprovido de forças e possibilidades. A equidade dessa relação deve ser alcançada por meio do diálogo fraterno à luz da Palavra de Deus. Santo Afonso, patrono dos confessores, assinala alguns ofícios do confessor que o coloca, não como o senhor do perdão, mas um parceiro em diálogo: 1- Pai/Pastor: acolher o penitente no coração e se dispor a uma escuta sincera e empática; 2- Médico: avaliar as circunstâncias atenuantes, diagnosticar a enfermidade espiritual e discutir caminhos para superar problemas e fragilidades; 3- Teólogo/Doutor: propor e esclarecer os princípios da fé, motivando e sugerindo o crescimento espiritual; 4- Advogado: defender e fortalecer a consciência do penitente para que ele possa, por si, discernir e tomar decisões; 5- Juiz: defender a comunidade e as vítimas ofendidas em virtude da situação confessada. Em síntese, a partir das propostas de Santo Afonso para os confessores e do Magistério atual, podemos sublinhar duas considerações sobre o Sacramento da Reconciliação: uma, que se refere aos objetivos da confissão e outra, que trata da preparação do confessor.

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A confissão, no âmbito pessoal, é a abertura do coração à ação redentora de Deus. Ela assinala o desejo de conversão, marca o início de um processo de formação da consciência, favorece o crescimento moral e proporciona a experiência educadora da misericórdia de Deus. Para isso, a confissão não pode ser um feito isolado, sim parte de um processo que inclui também o acompanhamento espiritual. Ademais, a preparação do confessor é fundamental para que a confissão alcance seus objetivos. O confessor deve buscar uma sólida, equilibrada e contínua formação moral, que leve em consideração, não somente as disciplinas teológicas, mas as ciências humanas, com alcance interdisciplinar e global. Contudo, o ofício do confessor não se pode confundir com o do psicólogo, fazendo-se profissional do sagrado. A base de toda formação humanística do confessor deve ser a experiência pessoal da misericórdia e seu horizonte de discernimento uma vida pautada na oração, na ascese, na meditação e na contemplação.

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Por Seminarista Renan Brito – Etapa Configurativa (Teologia)

para aprofundar A OPÇÃO PREFERENCIAL PELO SER HUMANO

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N

os últimos anos, o Papa Francisco tem insistido em refletir sobre a situação do ser humano no mundo. Em muitos dos seus discursos, lembra da opção preferencial da Igreja pelos pobres, a importância de se restituir a dignidade a tantos homens e mulheres que sofrem com as desigualdades sociais, que vivem em situações de miséria material e também espiritual. No entanto, o discurso sobre a opção preferencial pelos pobres não é uma novidade dos tempos atuais, mas vem da própria vida de Jesus Cristo. Não se trata aqui, abarcar apenas a questão de uma pobreza institucionalizada, mas sim da pobreza potencialmente capaz de transformar a realidade. Esta é a opção preferencial: O ser humano, disposto a abrir seu coração a Palavra que emana vida, capaz de deixar todas as vaidades para seguir o propósito do Reino de Deus. Desse modo, “pobre” com o desejo de abrir o coração e transformar o sofrimento em alegria, a escravidão em libertação, os muros em pontes. Ser pobre é ser acessível. Na encarnação, o Verbo já se mostra acessível ao ser humano. Os evangelhos narram a singeleza do Mistério da Encarnação e nos ensinam o grande valor de uma vida de total doação. A vida é sempre um convite a uma Kenosis. Num coxo, em uma gruta, a família de Nazaré ensina que ser pobre é não ter uma acomodação específica, mas se acomodar onde existe acolhida. Assim acontece na nossa sociedade atual, onde a grande dificuldade de muitas pessoas é de também não encontrar espaço, seja em meio ao convívio social, nas instituições ou na família. Há pessoas, que mesmo para além desta pandemia, vivem um eterno isolamento social, mesmo no meio de multidões. Neste sentido, o papa Francisco, em sua Catequese: “A opJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 35


ção preferencial pelos pobres”, do dia 19 de agosto de 2020, ensinava que nós “devemos curar um grande vírus, o da injustiça social, da desigualdade de oportunidades, da marginalização e da falta de proteção dos mais fracos”. A opção preferencial pelos pobres acontece nestes contextos de desistência pela existência, de exclusão e de indiferença. Essa opção não é “política, nem mesmo uma opção ideológica, uma opção de partidos. A opção preferencial pelos pobres está no coração do Evangelho”. Por isso nós devemos estar abertos e dispostos a duas maneiras de viver, acolher os pobres em nossa comunidade e a pobreza em nossa vida. O padre Alexandre de Gusmão (1629-1724), em sua obra Eschola de Belém (Évora, 1978), fala do exemplo de doação total de Jesus a uma vida simples, comparando a passagem da transfiguração de Jesus (Mt 17, Lc 9, 28-36) com o presépio. E diz que: “este é o meu Filho, este que haveis de ouvir, e ter por Mestre; não entre Moisés e Elias no Tabor, senão entre o boi e a mula no presépio; não entre os Apóstolos e Patriarcas no monte, senão entre brutos e animais no vale; não entre vozes temerosas de trovão no Céu, mas entre choros amorosos de criança na terra; não entre práticas de Profetas prudentes, senão entre razões de Pastores humildes; não vestido de roupas de glórias, senão enfaixado em cueirinhos de pobre; não vestido de branco como a neve, senão com a neve tremendo de frio. E ainda que aqui não vejais resplandecer, como lá, sua face como Sol, como Sol nasce, e como Luz que é de todo mundo, vem. Porque ele é o Sol de Malaquias, que havia de nascer; a Estrela de Jacob, que já nasceu; a Aurora de Israel, que já subiu; e o Lume de Simeão, que se manifesta; pois aqui o tendes, ouvi-o, e sede seus discípulos: Ipsum audite”. Este é o mestre que nos ensina a verdadeira opção preferencial pelos pobres como um modo de vida.

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É missão da Igreja, é missão de todos nós, chamados e vocacionados a uma opção de vida evangélica. Façamos deste tempo de alegria, do Natal de Jesus um tempo de encontro com nossa opção preferencial por aqueles que não são os preferidos de ninguém! Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis (2Cor 8,9).

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comunicações aniversários dezembro Natalício 01 Padre Vítor Aparecido Francisco 03 Dom José Geraldo Oliveira do Valle 06 Padre Alexandre José Gonçalves 06 Seminarista Diogo Donizete Carvalho 09 Padre Luis Januário dos Santos 10 Padre Hudson Ivan Teixeira 10 Padre Manoel Rodrigues de Souza (Religioso do Sion) 11 Padre Marcelo Nascimento dos Santos 11 Seminarista Marco Túlio Damasceno Barbosa 12 Padre Adirson Costa Morais 13 Padre Valdeci Martins (Passos) 17 Padre Valdenísio Justino Goulart 17 Seminarista Jonathan Fagundes Diniz 21 Padre Francisco Albertin Ferreira 21 Padre Gladstone Miguel da Fonseca 22 Seminarista Mateus H. S. Pedro 25 Dom Messias dos Reis Silveira 28 Seminarista Caiki Ribeiro 31 Padre Heraldo de Freitas Lamim 31 Dom José Lanza Neto 31 Padre Maurício Marques da Silva Ordenação 05 Padre José Milton Reis 08 Padre Carlos Miranda 08 Padre Mário Pio de Faria 10 Padre José Pimenta dos Santos 12 Padre Célio Laurindo da Silva 12 Padre João Pedro de Faria 12 Padre Gilgar Paulino Freire 14 Padre Gledson Antônio Domingos 18 Padre José Ronaldo Rocha 20 Padre Antônio Garcia 20 Monsenhor Hilário Pardini 22 Padre Luiz Gonzaga Lemos 26 Padre Ailton Goulart Rosa 26 Padre Nelson Fernandes de Oliveira 27 Padre Lucas (Adriano) Araújo Dutra 28 Padre Gentil Lopes de Campos Júnior JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 38


atos da cúria

O

Excelentíssimo Senhor Bispo Diocesano de Guaxupé, Dom José Lanza Neto, comunica:

Pe. Hudson Ivan Teixeira, nomeado Administrador Paroquial da Paróquia Sagrada Família na cidade de Carmo do Rio Claro-MG, dia 06/11/2020. Pe. Juliano Vasconcelos, nomeado Vigário Paroquial da Paróquia N. Sra. do Carmo na cidade de Carmo do Rio Claro (MG), dia 06/11/2020. Pe. Eduardo Pádua Carvalho, nomeado Pároco da Paróquia Sr. Bom Jesus na cidade de Bom Jesus da Penha –MG, dia 11/11/2020.

Decretos Segue nas páginas seguintes.

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