jornal_comunhao_agosto_2018

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ANO XXXII - 345

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o templo de Deus é santo e esse templo sois vós. 1 Cor 17b

AGOSTO DE 2018

FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ


editorial “Os bichos só são feios se não entendermos os seus padrões de beleza. Um pouco como as pessoas. Ser feio é complexo e pode ser apenas um problema de quem observa” [Valter Hugo Mãe, romancista português contemporâneo]

expediente Diretor geral

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JANE MARTINS Jornalista responsável

ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265

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ez ou outra, é possível colocar-se a pensar sobre o rosto autêntico da Igreja ou sobre as características determinantes de um cristão. Haveria um modo de estabelecer critérios objetivos para essa definição? Pois, seria tarefa árdua produzir uma série de indicações e paradigmas que restringissem as fronteiras entre o ser cristão ou não o ser. A meu ver, a forma mais justa de se definir o ser cristão deveria ser estritamente uma relação profunda com o Mestre de Nazaré. A partir do momento que alguém assume essa experiência fundamental em sua vida, todas as escolhas, as metas e os itinerários vitais estarão minimamente em compatibilidade com o permanecer com

Jesus. Os Evangelhos e os escritos bíblicos neotestamentários indicam a fundamental relevância de um encontro que modifica as trajetórias de vocações nomináveis (Paulo de Tarso, Maria Madalena, Mateus etc.) e inúmeras histórias anônimas transformadas pelo encontro com Jesus Cristo. Quando pensamos em vocação, não deve ser diferente, pois essa deveria se definir estritamente como resposta pessoal a um chamado íntimo e total iniciado pelo próprio Deus que convoca todos os seus filhos a viver o amor e a fraternidade. Obviamente, o chamado que o Senhor constantemente faz é à santidade, que propicia o surgimento de vocações específicas, porém sem a busca pela santificação, quais-

quer vocações se perdem ou se esvaziam pela distância do elemento central: Jesus Cristo. Na Igreja, a multiplicidade vocacional é fruto do Espírito Santo a renovar constantemente a comunidade dos seguidores de Cristo com novos ares a fim de responder às necessidades de cada tempo histórico. Nesta edição, contemplaremos justamente essa pluralidade vocacional, ao mesmo tempo, marcada pela unidade na santidade que caracteriza os filhos da Igreja, leigos ou ordenados. Preparemos nosso olhar para perceber na diferença e na diversidade a riqueza da ação do Espírito Santo que não cessa jamais de nos surpreender para nos santificar.

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voz do pastor

Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé

VOCAÇÃO À SANTIDADE

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urante este mês, estaremos rezando pelas vocações. É um tempo marcado por iniciativas múltiplas como os dias dos padre, dos pais, dos religiosos e religiosas, dos catequistas. Como Deus chama – vocaciona homens e mulheres em todo tempo – continua chamando também em nossos dias. Os que foram marcados pelo Senhor são sempre chamados em vista de um bem, uma missão. Deus prepara os corações daqueles e daquelas com uma vida digna e santa. É de muita responsabilidade acolher tal chamado. Muitos conseguem fazer um caminho de santidade numa entrega total e sem reservas. Um caminho de santidade cotidiano é aquele vivido na vida da Igreja – a grande família de Jesus. Nela aprendemos a convi-

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ver e a exercitar a fraternidade. Na Igreja, encontramos todos os elementos que nos indicam como devemos viver a vida humana e cristã. Por isso, a Igreja é sempre sinal do reino. Como qualquer comunidade humana, a Igreja marcada por fragilidades e limites, é também caracterizada por conquistas e grandes empreendimentos que trazem as marcas em seus membros. Um outro modo excelente de se buscar e viver a santidade é o matrimônio, o casamento, e a vida familiar são uma verdadeira Igreja Doméstica. Encontramos também aqui todos os ingredientes para se alcançar a santidade. Jesus amplia o conceito de família quando no Evangelho alguém chega e diz que sua mãe e seus irmãos o aguardam

fora da casa, onde estão muitos a ouvir o Mestre. Jesus então pergunta quem seriam seus irmãos e mãe senão aqueles que fazem a vontade de Deus. A verdadeira vocação à santidade está no coração desta grande família que é a Igreja de Jesus Cristo. Permaneçamos nela e nos esforcemos para sermos mais parecidos com nosso Deus: uma comunidade de amor. Demos ao mês de agosto esta característica vocacional que nos chama à responsabilidade de uma consciência de que a iniciativa do chamado é sempre de Deus e a cada um de nós cabe apenas uma resposta cheia de decisão e de amor. Rezemos por todos os que se esforçam e acreditam que a humanidade é vocacionada à santidade.


opinião

Por padre Eder Carlos de Oliveira, coordenador diocesano do Serviço de Animação Vocacional

VOCAÇÃO NOS DIAS DE HOJE: DESAFIOS E CAMINHOS

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s três meses que se seguem, na dinâmica da Igreja no Brasil, possuem acentos especiais que indicam a ação divina na vida de seu Povo: o Deus que nos chama (agosto, mês vocacional), nos forma em sua Palavra (setembro, mês da Bíblia), e nos envia em missão (outubro, mês das missões). Essa sequência que expressa a presença e ação do Senhor nos indica que na raiz da caminhada cristã existe o chamado divino; o primeiro gesto de Deus, após nos dar a vida, é nos chamar amorosamente. No sentido do que foi descrito acima entendemos o significado da questão vocacional na vida da Igreja. A promoção vocacional é uma dimensão da evangelização, e não uma pastoral anexa ou paralela a ela, pois na origem da vida cristã há uma vocação, um chamamento divino. O contexto atual, com sua enorme complexidade, carrega em si possibilidades de caminhos a serem percorridos e desafios a serem enfrentados. No presente texto, pretendemos sinalizar, sinteticamente, em uma visão de esperança, a questão vocacional no referido contexto. Apontaremos três desafios e três caminhos no que se refere à questão vocacional na atualidade.

EIS OS TRÊS DESAFIOS: 1. Vivência utilitarista da religião: quando a religião e a fé, como acontece frequentemente em nosso tempo, são procuradas apenas quando surgem as aflições e dificuldades da vida ou quando Deus é buscado apenas para atender às necessidades individuais da pessoa, se dá algo problemático: perde-se a noção do chamado de Deus, do gesto de amor de Deus de nos convidar, de nos querer perto Dele. E mais ainda: o desejo de responder ao seu chamado com empenho, entusiasmo e alegria se torna inexistente. Busca-se, neste caso, a Deus apenas por interesse pessoal. Quando este é atendido já não precisa mais de Deus, Ele já realizou o que a pessoa desejava. Esta vivência utilitarista e interesseira da fé e da religião pode ser contado entre um dos maiores desafios que rivalizam contra a vivência das vocações na Igreja. 2. Superficialidade pastoral: na esteira do Papa Francisco, que propõe com insistência uma renovação pastoral em chave missionária, podemos dizer que a pastoral de manutenção também é um desafio em relação à questão vocacional. Aquela estrutura pastoral na qual a maioria dos agentes faz por obrigação (e não por vocação), aqueles grupos pastorais que não têm o devido apoio e incentivo dos pastores, aquelas expressões pastorais nas quais se perdeu o espírito inovador, a alegria de servir, o encanto pela evangelização: esses podem cair na superficialidade pastoral. E nesse caso não há vivência vocacional, pois, a pastoral é realizada como uma tarefa costumeira obrigatória, sem alma, sem brilho, sem vida; não se faz com convicção por Deus ter nos chamado e encantado com sua proposta chamativa, mas simplesmente permanece

chamou e encantou com sua proposta, os pais cristãos cuidam das famílias e educam os filhos com todo amor e responsabilidade porque este foi o chamado divino. A sacralidade do chamamento divino e o encanto e entusiasmo que dele brotam, são, na cultura vocacional, o grande impulso para a vida cristã e para a ação pastoral. A criação da cultura vocacional pode ser um fator forte para o crescimento de uma comunidade. 2. A valorização dos ministérios não ordenados: fala-se, já há algum tempo, da necessidade de “desclericalizar as vocações”. Este caminho continua atual e válido na promoção vocacional. A vocação, evidentemente, não se limita aos ministérios ordenados. Vocação não a tem apenas o bispo, o padre e o diácono, como também não a tem apenas os religiosos e as religiosas. A vida é uma grande vocação, a graça batismal é outra grande vocação e o desdobramento desta, bem vivido, torna o cristão apto a assumir com firmeza sua missão. Gestos e atividades simples na caminhada pastoral podem ajudar nesse caminho: a celebração do dia do catequista, as bênçãos de casais que celebram bodas durante as celebrações, o envio nas missas da comunidade de agentes de pastoral para serviços de evangelização, a instituição do ministro das exéquias e ministro da Palavra.

na superfície de uma rotina pastoral fria. 3. Esquecimento da responsabilidade eclesial geral pelas vocações: é sempre importante lembrar que a tarefa de promover as vocações não é exclusiva do clero, mas, de toda Igreja. Bispo, padres, animadores vocacionais clérigos são, sim, os primeiros responsáveis, mas não apenas eles. É tarefa irrecusável da Igreja inteira a responsabilidade pelas vocações. Os leigos com sua oração e incentivo, os grupos pastorais com suas várias possibilidades de promoção vocacional (na catequese, nos encontros de famílias e casais, nas reuniões de jovens etc.), os padres (pois a maior propaganda vocacional – para o sacerdócio ministerial – é o testemunho de um padre feliz) com sua pastoral vocacional,

os religiosos e as religiosas com sua promoção vocacional específica... Toda Igreja é autora da promoção vocacional! Caso isso for esquecido, a tarefa da promoção vocacional ficará nas mãos de uns poucos. Nesse caso, não se alarga muito e se enfraquece sempre mais. EIS OS TRÊS CAMINHOS: 1. A criação de uma cultura vocacional: certamente o caminho prioritário no trabalho com as vocações hoje é o de criar, no ambiente das comunidades e no coração de seus membros, uma cultura vocacional. Significa vocacionalizar a ação pastoral na Igreja. O padre exerce o ministério porque foi chamado pelo Senhor, os agentes realizam seu serviço pastoral porque o mesmo Senhor os

3. O acolhimento das fragilidades: é marca do nosso tempo, nas pessoas em geral, a fragilidade no assumir compromissos duradouros e tarefas desafiadoras. É muito comum ouvir de leigos que não querem compromisso, e ver na realidade dos jovens marcas fortes de inconstância e desinteresse. Essa dificuldade, ao invés de ser motivo de queixas e desânimo, se são acolhidas e orientadas, podem constituir um caminho de promoção vocacional. Respeitar os prazos e os tempos das pessoas, acolher sem preconceito, oferecer motivações entusiasmadoras podem ser pistas de ação para promover a vivência da vocação cristã. O cristão do presente possui essas marcas de fragilidade. Se acolhidas, a partir desta perspectiva, pode se encontrar um caminho para ajudar este mesmo cristão a viver sua vocação. Pode se considerar, por fim, que, mesmo diante da complexidade do presente, é possível ver luzes para iluminar um caminho vocacional a ser percorrido. E, diante dele, assumir a tarefa da dimensão evangelizadora que é a promoção vocacional. Vocações são fruto de uma Igreja que reza e que trabalha por elas. O futuro da Igreja depende, em parte, da seriedade com que trabalhamos as vocações no presente. Nas palavras do Mestre compadecido diante da multidão abatida nos inspiremos sempre para trabalhar e rezar: “A messe é grande, mas poucos os trabalhadores. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para a colheita” (Mt 9, 37-38).

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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notícias São Domingos celebra Jubileu Formação Cristã destaca de Ouro, em Poços de Caldas ‘Alegria do Evangelho’ em encontro diocesano

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Texto/Imagens: Ana Lúcia Carlini Scassiotti

Paróquia São Domingos completou 50 anos de criação em 2018. Criada pelo então bispo diocesano dom José de Almeida Batista Pereira, no dia 2 de junho de 1968, tornou-se a quinta paróquia em Poços de Caldas. Em preparação ao jubileu, foi realizado um tríduo que contou com a presença de dois padres que atuaram na paróquia. No primeiro dia do tríduo, padre Rodrigo Costa Papi presidiu a celebração eucarística e contou um pouco de sua história com a paróquia. No segundo dia, padre José Augusto da Silva presidiu a celebração eucarística e ressaltou a importância que uma comunidade paroquial tem em ser missionária. O atual pároco, padre Hiansen Vieira Franco, celebrou o terceiro dia do tríduo. No dia 2 de junho, a missa foi solenemente celebrada pelo bispo diocesano, dom José Lanza Neto, ocasião em que conferiu a vinte e cinco

jovens o sacramento da Crisma. Dom José agradeceu a presença das irmãs dominicanas que, ao longo dos cinquenta anos, fizeram história na paróquia contribuindo com o serviço pastoral e com orações. A celebração contou com a presença de ex-alunas do antigo Colégio São Domingos que vieram celebrar com a paróquia o jubileu de ouro de sua formatura. Após a celebração eucarística, os participantes confraternizaram com um jantar alegre, que contou com a presença dos padres José Augusto e Hiansen. Ainda dentro das festividades do jubileu, foi preparada uma exposição fotográfica na lateral direita da igreja matriz São Domingos, contando a história da paróquia desde a construção da igreja até os dias atuais. Essa mostra ficou exposta durante todo o mês de junho.

CNBB divulga vencedor do concurso do cartaz da CF 2019 Texto/Imagem: Divulgação

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Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou o vencedor do concurso do cartaz da Campanha da Fraternidade 2019 (CF 2019), o religioso paulino, padre Erivaldo Dantas. A CF 2019 tem como tema ‘Fraternidade e Políticas Públicas’ e o lema ‘Serás libertado pelo direito e pela justiça (Is 1,27)’. A arte do cartaz, segundo padre Erivaldo, busca expressar questões relacionadas à educação, saúde, meio-ambiente e desenvolvimento social. “O cartaz visa ser a imagem que norteará o desejo da Igreja do Brasil de ajudar a sociedade a refletir sobre a importância das políticas públicas, como meio de assegurar as condições mais elementares para construção e manutenção da sociedade, de modo que as pessoas possam viver dignamente nas suas várias realidades”, explica padre Erivaldo.

A CF 2019 vai aprofundar o que são as políticas públicas enquanto garantidoras de direitos, buscará fazer a distinção entre política de governo e políticas de estado, bem como vai tratar do processo de uma política pública – da agenda à avaliação e monitoramento.

A CAMPANHA O tema das políticas públicas foi definido pelo Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da CNBB no decorrer do ano de 2017 considerando o processo que se faz todos os anos junto às dioceses por ocasião da avaliação da Campanha da Fraternidade. 4 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação

“[A Igreja] Acompanha a humanidade em todos os seus processos, por mais duros e demorados que sejam. Conhece as longas esperas e a suportação apostólica” (Alegria do Evangelho 24). A partir das exortações apostólicas Alegria do Evangelho e Alegrai-vos e Exultai do papa Francisco, o Encontro Diocesano da Formação Cristã foi realizado no dia 7 de julho, na Cúria Diocesana em Guaxupé. O encontro assessorado pelo padre José Augusto da Silva, professor de Filosofia e Teologia, reuniu mais de 100 agentes de pastoral de todos os setores pastorais da diocese. O evento destacou a importância de uma formação cristã que

atenda às demandas para uma Igreja em Saída. A crise do compromisso comunitário foi tratada pelo assessor como desafio a ser identificado e combatido pela comunidade cristã. Algumas características perceptíveis na atualidade devem ser iluminadas à luz do Evangelho, como o paradoxo entre desenvolvimento tecnológico e a individualização social, que produzem uma realidade excludente e idolátrica. “O segredo para não cair nas ciladas do mundo é manter vivo o Espírito em nós que nos aponta a simplicidade de Cristo manifesta nos pobres”, apontou o assessor como via necessária à fidelidade da proposta cristã.

Área Pastoral na Serra da Canastra recebe visita após um ano de criação

Texto: Assessoria de Comunicação/ Imagem: padre Henrique Neveston

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os dias 13 e 14 de julho, o bispo diocesano, dom José Lanza Neto, e o coordenador diocesano de pastoral, padre Henrique Neveston, visitaram a área pastoral Canastra, criada há um ano. A primeira área criada fica em Delfinópolis, mais especificamente na Serra da Canastra. O município possui uma extensão territorial de 200 mil metros quadrados. A região turística e montanhosa é de difícil acesso com uma distância de 40 quilômetros da cidade mais próxima. A distância entre as comunidades pode chegar até a 60 quilômetros. A agropecuária é a principal fonte de renda com produtos como banana, café, cana de açúcar e leite, além do turismo que já é desenvolvido na região. Há dois distritos atendidos pelo padre Célio Laurindo na região pastoral: Olhos d’ Água e Ponte Alta, além de algumas comunidades rurais espalhadas pela região da Serra da Canastra. Os distritos já possuem uma estrutura física com igre-

jas, centro de pastoral, salão paroquial e espaço de eventos. Além dos distritos, os visitantes estiveram em algumas comunidades da região. Foram realizados diversos encontros com uma presença considerável de fiéis: missas, refeições, orações, quermesse, visitas. Nas homilias, dom Lanza demonstrou sua satisfação da realidade pastoral visitada destacando a relevância da concretização da dimensão missionária de uma Igreja em saída. Entusiasmado com a visita, padre Henrique vislumbrou a potencialidade da área pastoral. “É um povo com desenvolvimento econômico, com um bom nível cultural. As pessoas têm todos os recursos necessários para seu desenvolvimento. A única dificuldade são as estradas de terra e o relevo acidentado”. O desafio, segundo ele, é “intensificar a formação para os serviços e os ministérios da Igreja e o engajamento dos leigos na vida comunitária”.


missão

Por Pontifícias Obras Missionárias

CAM 5: CONGRESSO MISSIONÁRIO VALORIZA PROFETISMO E SOLIDARIEDADE NA MISSÃO DA IGREJA

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anta Cruz de la Sierra, na Bolívia, nos dias 10 a 14 de julho, tornou-se um grande vértice da dimensão missionária da Igreja na América na 5ª edição do Congresso Latino Americano (CAM). Mais de 2500 missionários vindos de 24 países de toda a América. Além de cinco grandes conferências, o congresso ofereceu também 12 oficinas sobre vários temas ligados à missão, cinco sub-assembleias e quatro conversatórios. A meta central do CAM é fortalecer a identidade e o compromisso missionário ad gentes da Igreja na América, anunciando a alegria do Evangelho a todos os povos, com especial atenção às periferias do mundo de hoje e no serviço de governos mais justos, solidários e fraternos. Desde a 5ª Conferência do Episcopado Latino Americano, em Aparecida (2007), as Igrejas particulares das Américas estão comprometidas com a missão. Missão de Anunciar a Boa Notícia de Jesus Cristo na desafiante realidade social do continente americano marcado por profundas e rápidas mudanças que trazem oportunidades, mas também impactos que desconsideram os povos no âmbito cultural e religioso. Nesse contexto, hoje a missão demanda das comunidades uma resposta generosa e ardorosa, atenta aos apelos do Papa Francisco que nos impulsiona a um profundo processo evangelizador de nosso continente. ALEGRIA DO EVANGELHO “Pode um cristão ser triste? Pode um cristão ter uma cara de vinagre?” Com essas duas perguntas, o bispo de Choluteca (Honduras), dom Guido Charbonneo, iniciou sua conferência no CAM 5. “A missão não é algo frio. Ela toca as fibras mais profundas da pessoa do missionário”, prosseguiu dom Guido que falou sobre A alegria

apaixonante do Evangelho, a conferência de abertura do congresso. “Em nosso mundo cheio de más notícias, o anúncio do evangelho é o anúncio gozoso da morte e ressurreição de Cristo”, sublinhou o conferencista. Em sua opinião, a alegria do evangelho tem origem em Deus e se manifesta no encontro da pessoa com Cristo ressuscitado. Para dom Guido, as bem-aventuranças são o fundamento da opção preferencial pelos pobres. Relacionando as bem-aventuranças com o cântico do Magnificat, cantado por Maria em sua visita a Isabel, o bispo afirmou que, através de Maria, Deus devolve a esperança aos encurvados e abatidos e aos pobres de Javé. “Unir-se a Maria em seu canto nos permite identificar-nos com ela no descobrimento gozoso do Deus dos pobres”, sublinhou. PROFETISMO Profetismo e missão foi um dos temas do CAM 5, apresentado pelo arcebispo de Tunja (Colômbia), dom Luís Augusto Castro Quiroga. Servindo-se de várias pequenas histórias, muito apreciadas pelos delegados do congresso, o arcebispo definiu o

que é um profeta e qual a tarefa do profetismo. Segundo dom Quiroga, profetismo é a luta contra a idolatria que se manifesta nos rivais de Deus e na manipulação de Deus. “Os rivais de Deus são realidades mundanas, mas absolutizadas, que havia no tempo dos profetas, quando até mesmo o rei se declarava deus. Elas existem também hoje, como se pode constatar vendo qualquer noticiário e, por serem contrárias ao Deus vivo, é necessário evangelizá-las. Por isso, o profetismo é extremamente necessário”, explicou o arcebispo. SOLIDARIEDADE A situação de violência vivida por países como Honduras, Haiti, Nicarágua e Venezuela foi lembrada pelos participantes do CAM 5. Em comunicado lido pelo diretor das Pontifícias Obras Missionárias do Paraguai, padre Leonardo Rodríguez, os participantes repudiaram a violência que as populações desses países têm sido vítima e fizeram um “radical apelo” aos governantes: “Em nome do Senhor, rechaçamos toda ação violenta e fazemos um radical apelo aos responsáveis, especialmente aos

governantes de cada nação, a se comprometerem em viver e promover uma autêntica cultura de defesa e promoção da vida e do bem comum, da verdade, da justiça e da paz. Hoje, mais do que nunca, compreendemos que a missão da Igreja deve seguir o caminho do encontro, da escuta, do diálogo, do perdão e da reconciliação”, destaque da mensagem assinada pelos participantes do CAM 5. PRÓXIMO CONGRESSO Com grande entusiasmo, Porto Rico recebeu a notícia de que será a nova sede do 6º Congresso Missionário Americano (CAM 6) em 2023. O anúncio foi realizado por dom Sergio Gualberti, arcebispo da Arquidiocese de Santa Cruz (Bolívia), ao final da celebração de encerramento do CAM 5. Foi entregue à delegação de Porto Rico um símbolo esculpido em madeira, que carrega a cruz de Evangelização (sinal do caminho) dentro da imagem de Cristo ressuscitado. O símbolo também tem a imagem da Virgem de Guadalupe, Padroeira das Américas, e a figura de Jesus abraçando uma pessoa, que representa a todos a quem a Alegria do Evangelho deve vir.

ORAÇÃO DO 5º CONGRESSO MISSIONÁRIO AMERICANO (CAM 5)

Pai de bondade, criador de todas as coisas, concede-nos tua misericórdia para que nos liberte da tristeza egoísta que brota do coração voraz, de uma vida doentia de caprichos e de consciência fechada aos demais. Ajude-nos no encontro com Teu Filho Jesus Cristo, que Ele cative nosso coração, de modo que Seu olhar sereno nos fortaleça na fé e nos abra aos irmãos e irmãs. E apesar de nossos limites, sejamos capazes de mostrar ao mundo a alegria de uma vida nova que surge de Seu divino coração. Que tua Igreja, motivada pela doce e confortadora alegria de evangelizar

e fecundada por novos filhos e filhas, possa contemplar agradecida, na força renovadora do Espírito Santo, sua expansão, origem e desenvolvimento na bondade, verdade e beleza. Que a Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização, nos faça descobrir a força da humildade e da ternura, nos momentos áridos e difíceis. Sua materna intercessão nos conforte e ensine a depositar em Ti toda nossa confiança, sustentando-nos uns aos outros com a oração. Amém.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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em pauta O ROSTO DA SANTIDADE

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chamado à santidade é feito a todas as pessoas, nas diversas situações e estados de vida em que elas se encontram. Em mais um documento de seu pontificado, papa Francisco fala sobre o chamado à santidade no mundo atual: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e nas mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa; nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nessa constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Essa é, muitas vezes, a santidade ‘ao pé da porta’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus” (Gaudete et Exsultate 7). A santidade é o rosto belo da Igreja, na medida em que todo batizado toma consciência de sua missão de transformar a realidade que o cerca. Parafraseando São Tomás de Aquino, a santidade não consiste em saber muito, meditar muito, pensar muito. O grande mistério da santidade é amar muito. O amor é o caminho que leva a criatura para o encontro com o Criador e com os irmãos e irmãs. Não existe santidade sem amor, sem serviço, sem doação, sem comprometimento. Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo. O mundo atual carece de pessoas comprometidas, que anunciem com a vida o Reino do Pai e que tenham firmeza interior, que é obra da graça, para suportar as contrariedades, as vicissitudes da vida e também as agressões dos outros, suas infidelidades e seus defeitos (Gaudete et Exsultate 112). O rosto da santidade é apresentado por pessoas de diferentes cidades e estados de vida que almejam ser discípulos de Cristo, sinais de sua presença na vivência fraterna.

“Buscar a santidade nos dias de hoje vem sendo uma meta para poucos, a maioria das pessoas só pensa em diversão e em aproveitar cada segundo para comemorar a qualquer custo. Concordo que temos que aproveitar [a vida], mas esse aproveitar deve ser com responsabilidade. Porém, perdemos o foco que deveria ser o principal: buscar a santidade de vida! Muitos desistem, pois pensam que para ser santo é preciso fazer algo de inusitado, sendo que o extraordinário acontece na simplicidade de vida, no lutar contra nossas fraquezas, no tomar a cruz e ser mensageiro da fé, transmitindo o amor de Cristo para as pessoas que estão perdidas perante um mundo tão iludido com o que se passa. Nunca será tarde demais para buscar a santidade, basta mudar seus atos. Não tenhais medo de ser santo!” Lucas Pereira, Paróquia São Sebastião - Alpinópolis

“A santidade é a primeira vocação na Igreja, antes de abraçar qualquer outra seja ela religiosa, consagrada, matrimonial - é preciso compreender que há uma vocação precípua. É o próprio Deus que nos diz ‘Sede santos porque eu sou Santo’ (cf. 1 Pe 1, 16). A santidade não é somente para os santos de altares, os místicos, mas para todo cristão batizado. Portanto, refletir sobre santidade de vida exige a abertura do coração para compreender que Deus quer unir-se a nós no ordinário da nossa vida, da nossa história. O Papa Francisco em sua nova exortação apostólica Gaudete et Exsultate fala-nos sobre a santidade ao pé da porta, fazendo-nos refletir sobre as realidades comuns que podem e devem nos santificar. São nos atos simples e corriqueiros de nossa vida que Cristo revela-Se e nos diz: Sede santos! Nossa Diocese de Guaxupé ganhou um presente do céu com a abertura do processo de beatificação de Dom Inácio, um homem do povo que viveu na sua essência a vocação à santidade. Sua história deve despertar em nós o desejo de viver como homens e mulheres enraizados em Cristo e com o coração voltado para Ele”. Sabrina Verola, Comunidade de Vida Doce Consolo - Areado 6 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

A lógica do dom e da cruz Condição essencial para avançar no discernimento é educar-se para a paciência de Deus permite aos zelosos arrancar o joio que cresce juntamente com o trigo (cf. Mt 13, 29). Além di nimento, não para descobrir que mais proveito podemos tirar desta vida, mas para reconhec renúncias até dar tudo. Com efeito, a felicidade é paradoxal, proporcionando-nos as melhore dizia São Boaventura, referindo-se à cruz. Quando uma pessoa assume esta dinâmica, não de Quando perscrutamos na presença de Deus os caminhos da vida, não há espaços que fiq naqueles em que experimentamos as dificuldades mais fortes. Mas é necessário pedir ao Esp vida. Aquele que pede tudo, também dá tudo, e não quer entrar em nós para mutilar ou enfra introspeção egoísta, mas uma verdadeira saída de nós mesmos para o mistério de Deus, que Papa Francisco, Gaudete et Exsultate (174 - 175)

“Atualmente ser santo não é diferente do que foi no passado, que, em suma, é viver o amor através dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas, o que é o amor? E aqui, sim, podemos detectar uma gigantesca diferença do passado: hoje se perderam totalmente o sentido e o verdadeiro significado da palavra Amor. Amor não é sentimento, mas, sim, sacrifício. Não há verdadeiro amor se não houver a cruz. Amamos bem pouco hoje porque não queremos nos sacrificar por nada nem por ninguém, nem mesmo por nós mesmos. Nossa vida atual em busca frenética por conforto e prazer tem nos deixado cada vez mais fracos para carregar a cruz, por mais leve que esta seja. Precisamos aprender a sofrer para aprender a amar e três coisas são necessárias para tal: 1) Estudar a doutrina católica que nos é transmitida através do Catecismo, documentos dos Papas e ensinamentos dos Santos; 2) Frequentar os Sacramentos; 3) Penitências frequentes e orações diárias, sobretudo, pela reza do santo terço/rosário. E como nos ensina o Concílio Vaticano 2º, não nos esqueçamos de que ‘todos na Igreja, quer pertençam à Hierarquia quer por ela sejam pastoreados, são chamados à santidade, segundo a palavra do Apóstolo: «esta é a vontade de Deus, a vossa santificação» (cf. 1 Ts 4,3)’ (Lumen Gentium 39)”. Marcelo Souza, casado e pai – Passos


Por Douglas Ribeiro Lima, seminarista - Teologia

“Ser santo nos dias de hoje é ser uma pessoa a serviço de Deus, é aceitar que Jesus é nosso Salvador. Não significa sermos perfeitos, mas sermos puros diante de Deus. Para ser santo não precisa ser um religioso ou uma religiosa, nos tornamos santos quando aceitamos o chamado do Pai, mas, muitos não querem ouvir esse chamado para servir ao Reino. É preciso viver com amor, com o nosso testemunho cristão em todos os lugares, por onde passarmos, seja no nosso trabalho, no lazer, em nossos ensinamentos às pessoas de nosso convívio. Quando somos chamados a nos tornar santos, somos chamados a partilhar a nossa alegria com as pessoas que estão juntas a nós. Ser Santo parece algo impossível, mas, no momento em que nos permitimos isso, a graça acontece em nossos corações. É só deixar que Deus, através do Espírito Santo, possa agir em nossa vida, transformando-a todos os dias e nos tornando pessoas melhores a seu serviço e de nossos irmãos e irmãs”. Denise Benjamin, professora – Monte Belo

“Ser santo nos dias atuais? Excelente e difícil pergunta, visto que teoricamente seria apenas dizer: Dedicar-se a uma vida de renúncia de todo o mal, trilhando os ensinamentos deixados por Cristo e, pronto, viveríamos a santidade. Mas sabemos que esta busca da vida próxima a Deus exige muito mais que teorias. Ainda nessa semana, quando me propus a escrever sobre esse tema, aqui em minha casa, recebemos oito casais do ECC, o Grupo São José, e nos foi proposto o tema ‘fé, esperança e caridade’ na reunião. São as virtudes teologais que, por sinal, era um termo desconhecido por nós. E concluímos que se vivermos a fé, motivados a entregar todo o nosso ser Àquele que é maior que nós, Cristo, se depositarmos n’Ele nossa confiança, cultivando a esperança, entenderemos que a santidade consiste no amor de Deus, que é a virtude perfeita. Agindo assim em nossas vidas, seguindo o que o Criador nos deixou, podemos, sim, dizer que vivemos a Santidade no amor. Sermos santos não é sermos perfeitos, enquanto homens e mulheres, em especial no matrimônio. Mas é jamais deixar de praticar estas virtudes, tanto na vida em família, quanto na vida em comunidade”. Silmara Vasconcelos, casada e mãe – Paraguaçu

s e os seus tempos, que nunca são os nossos. Ele não faz descer fogo do céu sobre os incrédulos (cf. Lc 9, 54), nem isso requer-se generosidade, porque «a felicidade está mais em dar do que em receber» (At 20, 35). Faz-se discercer como podemos cumprir melhor a missão que nos foi confiada no Batismo, e isto implica estar disposto a fazer es experiências quando aceitamos aquela lógica misteriosa que não é deste mundo, mas «é a nossa lógica», como eixa anestesiar a sua consciência e abre-se generosamente ao discernimento. quem excluídos. Em todos os aspetos da existência, podemos continuar a crescer e dar algo mais a Deus, mesmo pírito Santo que nos liberte e expulse aquele medo que nos leva a negar-Lhe a entrada nalguns aspetos da nossa aquecer, mas para levar à perfeição. Isto mostra-nos que o discernimento não é uma autoanálise presuntuosa, uma e nos ajuda a viver a missão para a qual nos chamou a bem dos irmãos.

“Nos dias atuais é um grande desafio viver e buscar a santidade em um mundo marcado pelo individualismo e a cultura do descartável. Para alcançá-la devemos seguir os passos de Cristo e moldar nossos corações baseados nos Seus ensinamentos, o que não é uma tarefa fácil: nos colocar à disposição da vontade de Deus, meditar Sua palavra, colocá-la em prática, ajudar o próximo, nunca se esquecendo do maior mandamento que Ele nos deixou: ‘Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei’ (cf. Jo 15, 12). Amar o próximo, aí está a chave que abre as portas para essa nova vida. Jesus baseou toda sua existência e seus ensinamentos no amor e nós somos convidados a fazer o mesmo. Nesse sentido, a devoção e o exemplo da Virgem Maria, Mãe de Deus, nos ajuda a viver e buscar a santidade. Maria, ao responder de modo livre e consciente à Palavra de Deus, revela ser uma mulher que tem liberdade e, ao mesmo tempo, convicção de sua fé. O sentido de toda a nossa santidade está em Deus, no qual encontramos, como fez a Virgem, o ‘sim’ de nossa felicidade”. Luiz Henrique da Silva, seminarista – Teologia

“‘Sede Santos porque eu sou santo’. Para alcançarmos a meta que recebemos no batismo – o chamado e/ou vocação à santidade – é preciso colocar-nos no seguimento de Jesus Cristo e na boa nova do Reino do Pai. Ou seja, ser no mundo Sal e Luz. Para isso, a coerência de vida é fundamental e a mesma revelará se busco ou não viver a vocação primeira citada. A oração e os exercícios de piedade são meios e não garantia de santidade. Eles nos auxiliam no chamado à meditação e à entrega total nas mãos de Deus. Mas não podemos nos iludir que são o suficiente por si mesmos. Quem almeja viver a santidade há de se desdobrar na vivência do Evangelho do Cristo e um itinerário a ser seguido são as bem-aventuranças (cf. Mt 5, 1 - 12) e também as obras de Misericórdia (cf. Mt 25, 31ss). Todas estas práticas que nos fazem solidários aos irmãos e irmãs nos levam a ficar mais perto daquilo que Jesus ensinou e viveu e do projeto de Deus para todos nós – sermos santos como o Pai celeste é. Portanto, ser santo ontem ou hoje não difere da vivência do Evangelho e do amor a Deus e ao próximo”. padre Gladstone Miguel da Fonseca, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo – Paraguaçu COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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novas comunidades

Por padre Glauco Siqueira Santos, pároco em Conceição da Aparecida

O CAMINHO FORMATIVO PARA NOVAS FUNDAÇÕES “Os movimentos eclesiais e as comunidades novas são hoje sinal luminoso da beleza de Cristo e da Igreja, sua Esposa.” Bento XVI

O

núcleo das novas fundações, presentes na diocese de Guaxupé, está promovendo uma escola de formação para comunidades novas, já em profunda vivência de seu carisma e para aqueles grupos de pessoas que, julgando-se chamadas a essa realidade, sejam ajudadas e direcionadas em seu discernimento e amadurecimento. O retiro formativo é conduzido pela comunidade católica Oásis, de Caxias do Sul (RS), através de seus membros, que celebraram 30 anos de fundação e estão munidos do reconhecimento oficial daquela diocese. Mediante às novas formas de consagração, (que São João Paulo II, em sua homilia, por ocasião da celebração solene de Pentecostes de 1998, chamou de “expressões providenciais da nova primavera suscitada pelo Espírito com o Vaticano II”), faz-se necessário um caminho de orientação que favoreça principalmente o “discernimento dos carismas” [Vita Consecrata (VC) 62], bem como sua autenticidade, haja vista os eminentes riscos de enganos e desvios a que sempre o ser humano está exposto, por mais honesta e justa que seja sua intenção. A Igreja, que sempre se ateve ao primado do Evangelho e da Santa Tradição, cuida, ininterruptamente, para que todas as coisas estejam ordenadas para Cristo e sua palavra. Por isso mesmo, a Christifidelis Laici (29) ao reconhecer “a liberdade associativa dos fiéis leigos na Igreja” destaca também que tudo deve “ser sempre vivido dentro da comunhão da Igreja”. Em atenção à generosa acolhida da Santa Igreja às novas fundações, bem como ao

seu pedido de cuidado e acompanhamento, acontecem, desde fevereiro, em nossa diocese, os módulos da referida escola de formação. No ano corrente já aconteceram dois módulos (fevereiro e maio) e está previsto o terceiro para setembro. No próximo ano, outros três módulos estão previstos, quando acontece, portanto, o encerramento desta escola de formação. Aqui, nos reservaremos a apresentar os principais pontos do primeiro módulo, quando foi tratado a respeito do “carisma da fundação e carisma de fundador”, tema que toca no que há de mais importante dentro do processo inicial de fundação e que estará presente em todas as etapas de uma nova comunidade, pois todas as coisas convergem, se sustentam e estão direcionadas para a graça do carisma. Durante o desenvolvimento dos ensinos deste primeiro módulo destacou-se, sobremaneira, que a iniciativa de uma vocação, de uma fundação, de uma realidade eclesial é sempre de Deus. É dele que emana toda graça, toda luz e todo desígnio de salvação. Para que seu Projeto conduzisse a história, Deus sempre se serviu de homens e mulheres como instrumentos que, embora frágeis e errantes, desdobrassem, nos dias de outrora e de agora, o plano maioral de seu amor redentor. Para essa dinâmica de salvação o Senhor suscita, no tempo, realidades eternas. É o que acena o documento da vida consagrada (VC 62) ao constatar que o Espírito Santo não parou de assistir a Igreja através da distribuição de novos carismas. E esses carismas são concedidos segundo os critérios do Senhor

para assistir CUSTÓDIA

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ançado em julho deste ano no Brasil, o filme Custódia (Jusqu’à la garde, 2017) apresenta uma característica bem marcante do cinema francês em destacar dramas familiares a partir de um visão realista das relações humanas. Em Custódia, Miriam e Antoine Besson se divorciaram, e Miriam está procurando a custódia exclusiva de seu filho Julien, para pro-

tegê-lo de um pai que ela afirma ser violento. Antoine defende seu caso como um pai desprezado e a juíza decide a favor da custódia compartilhada. Refém do crescente conflito entre seus pais, Julien é levado ao limite para evitar que o pior aconteça. A partir de cenas do cotidiano desse grupo familiar, vai se estabelecendo um retrato claro dos eventos ocorridos anteriormente e

8 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

a fim de que, no tempo, o que é eterno seja manifestado e vivido. O carisma de uma fundação nova é sempre algo de Cristo, é sempre um aspecto divino de sua vida, é uma nova forma de viver determinada página do Evangelho. É viver para fazer viver o Cristo que aquele tempo ou este tempo precisa. Não se trata de uma novidade no sentido de inovação vazia e infundada, mas uma novidade que remonta ao que nunca passa ou que nunca deveria ser esquecido. Um carisma vem recordar o que não pode ser perdido ou deixar de ser vivido. É uma graça específica que aqueles homens e mulheres chamados a ele deverão fazer manifestar no tempo, no aqui e agora, no hoje da história. Trazendo, assim, uma contribuição original para a Igreja de Cristo. Para que tudo isso seja possível, o Senhor concede a quem lhe parece melhor, o carisma de fundação. Será aquele ou aquela que “tornará visível um carisma novo para a Igreja”, como explica Emmir Nogueira, cofundadora da Comunidade Shalom. Nessa ação pura do

Texto/Imagem: Divulgação

que desembocaram na separação do casal. O filme discute a violência doméstica e os impactos do divórcio para todos os envolvidos, sobretudo os filhos do casal. Diferente de um simples filme de entretenimento, Custódia propõe uma reflexão bastante profunda sobre os deveres e os direitos dos pais em relação à guarda compartilhada de seus filhos.

Espírito Santo, o fundador surge, na verdade, como um instrumento da manifestação da graça. É nele que se verá o carisma vivido, mesmo em meio às suas imperfeições. É através dele que tantos outros verão uma resposta providencial para suas vidas e encontrarão um norte libertador para sua existência no que se refere ao chamado vocacional. Um dos aspectos fortes que mostram a autenticidade de um carisma é a livre adesão das pessoas à graça que o fundador traz em sua vida. Quando falamos em carisma da fundação e/ou carisma de fundador, estamos nos referindo, segundo Maria Francisca, fundadora da comunidade Oasis, a um “Deus que visita e enche da graça que Ele mesmo pede”. E a graça maior, em meio a isso tudo, é que carisma de fundador e da fundação estão a serviço do reino e quer fazer a Igreja chegar em todas as periferias existenciais, como tanto quer o papa Francisco. Mas, antes de ser uma tarefa, uma missão ou um serviço, o carisma é uma graça a ser sempre descoberta, assimilada e vivida.


entrevista

Da redação

MONSENHOR REIS: “UMA NECESSIDADE DE EVANGELIZAR CADA VEZ MAIS E MELHOR”

Monsenhor José dos Reis celebra 50 anos de vida sacerdotal e revela sua caminhada vocacional nesta entrevista, além de partilhar sua experiência diante das transformações na evangelização e na vida das pessoas.

Quando percebeu o chamado ao sacerdócio? Minha história vocacional remonta aos meus 7 aninhos. Ainda não me havia matriculado na escola e, certa vez, minha mãe Francisca, estando eu recostado a seu lado e sentados diante do fogão de lenha, perguntou-me ela: “José, que você irá ser, quando crescer?” Respondi: “Não sei. Mas... o que a senhora quer que eu seja?” Ela: “Caso você queira, eu desejaria que fosse padre!” Eu, tomado primeiramente de uma espécie de susto, pensei, refleti, e decidido, com a generosidade de uma criança que deseja, claro, agradar sua mamãe: Pois então vou ser sacerdote. Parece brincadeira, mas aquela pergunta e aquela resposta, de fato, decidiu a minha vida! Como foram os primeiros passos para a concretização dessa decisão e a preparação para servir à Igreja? Matriculei-me na escola Coronel José Candido, em São Sebastião do Paraíso, concluí o primário, como se dizia então, procurei o padre Lino Cagliari, superior do Seminário de Sion de São Sebastião do Paraíso e entrei assim na Congregação dos Padres Missionários de Sion. Lá completei o curso ginasial de l945 a 1949. Em seguida, fui para Guarulhos, ao lado

de São Paulo, onde fiz Noviciado: um ano completo. Em seguida, completei com mais dois anos de Filosofia e História da Filosofia, findos os quais na data de fevereiro de 1952. Após a profissão temporária de três anos, na mesma Congregação, fui enviado a São Sebastião do Paraíso, onde fui professor durante mais dois anos: 1953 e 1954. Em 1955 voltei a São Paulo, no Ipiranga, no seminário maior da mesma Congregação. Aí completei os 4 anos de Teologia, na Faculdade Nossa Senhora da Assunção e, no dia 20 de julho de l958, fui ordenado sacerdote da mesma Congregação na Matriz de São Sebastião do Paraíso, onde permaneci mais cinco anos até 1963. Nesse tempo fui também coadjutor do reverendíssimo monsenhor Jerônimo Madureira Mancini. Em 1963, fui enviado a Guarulhos como ajudante de Mestre de Noviços. Em 1964, tive que me dirigir à cidade de Castro, no Paraná, Seminário menor de São José. Aí lecionei Português e Grego. Aí também fui capelão das irmãs do Preventório. Como foi a transição da vida religiosa para o serviço diocesano? Em 1966, enviaram-me para a Paróquia São José do Ipiranga, onde fui coadjutor até 1971. Nesse ano saí da Congregação, incardinando-me à Diocese de Santo André. Depois de alguns anos na Paróquia Santa Rita de Cássia, na Diocese de Santo André, e desejoso de ficar próximo aos meus familiares, pedi incardinação na Diocese de Guaxupé, sendo empossado como pároco de Campestre em primeiro de fevereiro de 1978. Quando cheguei em Campestre, fui com o coração aberto, e desejoso de permanecer aqui até o fim da minha vida. Foi como se eu tivesse me casado com a Paróquia Nossa Senhora do Carmo. Tenho a cidade de Campestre com minha casa, minha família. Passados 35 anos de paroquiato em Campestre, decidi apresentar ao bispo dom [José] Lanza minha disposição em deixar a administração da paróquia, para que outro padre pudesse continuar a caminhada da comunidade. O que mais lhe inspira na vida cristã, e por consequência no ministério ordenado? Claro que nem sempre a gente está inspirado na vida! Mas, se se trata da vida cristã, temos sempre que estar procurando inspiração. Procuro inspiração na oração, no estudo, na leitura, na meditação, na reflexão, nas visitas ao Santíssimo Sacramento, enfim na reflexão sobre o sentido da vida, dos problemas que me surpreendem etc.

Sobre os desafios e as alegrias do ministério presbiteral? O ministério presbiteral, para mim foi e é uma contínua escola de vida, que me amadureceu e continua a fazê-lo, fazendo-me sofrer com os que sofrem, alegrar-me com os que se alegram. São tantos os problemas de todos que, quando os vejo e sinto, acabo por chegar à conclusão de que meus problemas não são nada em comparação com os muitos e graves dos meus irmãos e irmãs, aqui na terra. Como percebe a constante transformação social e a evangelização atualmente? Percebo essa transformação como uma necessidade de evangelizar cada vez mais e melhor para nós sacerdotes. Ao fazer uso de inúmeras ferramentas de comunicação, inclusive o ambiente digital. Quais são as potencialidades e os riscos da virtualização nos dias de hoje? Acho que o perigo para nós é querermos virtualizar tudo, esquecendo-nos da dura realidade da vida e situação das pessoas, sobretudo as mais carentes e necessitadas.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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direito canônico

Por padre Francisco Clóvis Nery, vigário judicial – Diocese de Guaxupé

ASPECTOS CANÔNICOS E PASTORAIS DO DÍZIMO

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“Dê cada um conforme o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento” (2 Cor 9,7)

ntes de qualquer reflexão, devemos retomar o conceito básico apresentado no Documento 106 da CNBB: O que é o dízimo? Se trata da contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja. É um compromisso de fé pois está relacionado com a experiência de Deus. Exprime a pertença efetiva à Igreja vivida em uma comunidade concreta. Manifesta a amizade que circula entre os membros da comunidade. A questão relativa aos dízimos bem como às doações pias ou ofertas eclesiais remonta à própria história da humanidade, não se podendo com grau de certeza afirmar o exato momento de sua origem. Todavia, sabe-se que tanto os dízimos como as demais doações eclesiásticas tiveram origem no coração humano como um ato de gratidão e reconhecimento perante Deus. No Código de Direito Canônico (CIC), mesmo não utilizando o termo específico, a função do dízimo é clara, pois assim dispõe o Cânone 222 ao apresentar os Direitos e Deveres de todos os fiéis: § 1. Os fiéis têm a obrigação de prover as necessidades da Igreja, de forma que ela possa dispor do necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade, e para a honesta sustentação dos seus ministros, e ainda, § 2. Têm ainda a obrigação de pro-

mover a justiça social e, lembrados do preceito do Senhor, de auxiliar os pobres com os seus próprios recursos. Encontramos no parágrafo 2043 do Catecismo da Igreja Católica (CatIC): Os fiéis cristãos têm ainda a obrigação de atender, cada um segundo as suas capacidades, às necessidades materiais da Igreja. O dízimo está profundamente relacionado à vivência da fé e à pertença a uma comunidade eclesial. A dimensão religiosa revela a maturidade religiosa na relação

do cristão com Deus; a dimensão eclesial desperta a consciência de ser membro da Igreja e corresponsável, para que a comunidade disponha do necessário para a realização do culto divino e para o desenvolvimento de sua missão; a dimensão missionária permite a partilha de recursos, manifestando a comunhão que há entre elas, e a dimensão caritativa é constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência”. Com a implantação do dízimo nas Paró-

patrimônio

quias ou em sua reestruturação, as festas das comunidades não precisam ser abolidas, mas devem estar inseridas no conjunto da ação evangelizadora e claramente relacionadas com a dimensão de convivência fraterna e de comemoração. Podem, também, ser promovidas tendo em vista a arrecadação de recursos para cobrirem despesas extraordinárias, ou com finalidades específicas, de contribuição missionária ou de solidariedade. O mesmo se aplica às campanhas e coletas com finalidades específicas, porém sem tirar o foco ou afetar a consciência da contribuição com o dízimo. Onde se opta por fazer o recolhimento da contribuição com o dízimo durante a Missa, deve-se evitar confundi-lo com as ofertas. Do ponto de vista da legislação, o dízimo se caracteriza como doação, por isso recomenda-se registrar o valor de cada contribuição e que se dê, a cada dizimista que solicitar, o recibo da contribuição. Na pastoral de conjunto o dízimo contribui para concretizar a comunhão eclesial e a organicidade de sua ação evangelizadora; a solidariedade que o dízimo promove é vivência concreta de catolicidade da Igreja e de sua missionariedade; a consolidação do dízimo, como meio ordinário de manutenção eclesial, reforça o sentido de pertença a uma Igreja particular concreta. Promove-se o dízimo cultivando a fé.

Fonte: Consíílio Vaticano II

GAUDIUM ET SPES: ASPIRAÇÕES MAIS UNIVERSAIS DO GÊNERO HUMANO (GS 9)

E

ntretanto, vai crescendo a convicção de que o gênero humano não só pode e deve aumentar cada vez mais o seu domínio sobre as coisas criadas, mas também lhe compete estabelecer uma ordem política, social e econômica, que o sirva cada vez melhor e ajude indivíduos e grupos a afirmarem e desenvolverem a própria dignidade. Daqui vem a insistência com que muitos reivindicam aqueles bens de que, com uma consciência muito viva, se julgam privados por injustiça ou por desigual distribuição. As nações em vias de desenvolvimento, e as de

recente independência desejam participar dos bens da civilização, não só no campo político mas também no econômico, e aspiram a desempenhar livremente o seu papel no plano mundial; e, no entanto, aumenta cada dia mais a sua distância, e muitas vezes, simultaneamente, a sua dependência mesmo econômica com relação às outras nações mais ricas e de mais rápido progresso. Os povos oprimidos pela fome interpelam os povos mais ricos. As mulheres reivindicam, onde ainda a não alcançaram, a paridade de direito e de fato com os homens. Os operários e os camponeses

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querem não apenas ganhar o necessário para viver, mas desenvolver, graças ao trabalho, as próprias qualidades; mais ainda, querem participar na organização da vida econômica, social, política e cultural. Pela primeira vez na história dos homens, todos os povos têm já a convicção de que os bens da cultura podem e devem estender-se efetivamente a todos. Subjacente a todas estas exigências, esconde-se, porém, uma aspiração mais profunda e universal: as pessoas e os grupos anelam por uma vida plena e livre, digna do homem, pondo ao próprio serviço tudo quanto o mun-

do de hoje lhes pode proporcionar em tanta abundância. E as nações fazem esforços cada dia maiores por chegar a uma certa comunidade universal. O mundo atual apresenta-se, assim, simultaneamente poderoso e débil, capaz do melhor e do pior, tendo patente diante de si o caminho da liberdade ou da servidão, do progresso ou da regressão, da fraternidade ou do ódio. E o homem torna-se consciente de que a ele compete dirigir as forças que suscitou, e que tanto o podem esmagar como servir. Por isso se interroga a si mesmo.


juventude

Por padre Vinícius Pereira Silva, assessor diocesano do Setor Juventude

DEIXAR O JOVEM FALAR E OUVIR O QUE O JOVEM TEM A DIZER: UM SÍNODO DA JUVENTUDE

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alar de juventude é sempre um grande desafio. Falar com o jovem é uma tarefa ainda mais exigente. Mas ouvir os jovens é, com toda certeza, uma necessidade urgente. É justamente nesse caminho que se insere o Sínodo Ordinário dos Bispos, a se realizar em outubro de 2018. O Sínodo dos Bispos é uma reunião do episcopado do mundo em torno de um tema específico, este ano com o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Antes de acontecer a reunião, porém, há um longo processo. Quatro foram as fontes principais de trabalho para a realização do Sínodo. Em janeiro de 2017, foi lançado um documento preparatório, juntamente com uma carta do Santo Padre, destinada aos jovens. Já nessa carta, papa Francisco manifesta o porquê de um Sínodo da Juventude: “Porque vos trago no coração”. No mesmo ano, em setembro, realizou-se um Seminário Internacional sobre a condição juvenil, levantando a realidade dos jovens no mundo de hoje. A essas duas fontes, juntou-se um questionário on-line, que recebeu um retorno de mais de cem mil jovens; e uma reunião pré-sinodal, ocorrida em Roma, em março de 2018. Com todas essas contribuições foi elaborado um Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho - IT), como base das atividades do sínodo que se aproxima. Os bispos, juntamente com o Santo Padre, querem recordar a missão da Igreja em cuidar dos jovens, como parte fundamental de sua evangelização (IT,1). Para isso, desenvolveram o texto do Instrumentum Laboris em três eixos principais: reconhecer a realidade dos jovens, interpretar a mesma com os olhares bíblico, antropológico e teológico, e escolher os passos concretos que o Espírito convida a Igreja a dar. Esses passos devem ser assumidos com alegria

pela pastoral da Igreja, colocando-se como acompanhantes dos jovens no belo itinerário da vida cristã. Na primeira parte, o documento aponta que olhar a realidade dos jovens “não se trata de acumular dados e evidências sociológicas” (IT, 4), mas reconhecer, dentro da realidade dos jovens, os apelos do Espírito. Assim, reconhece-se nos jovens grande buscadores de significado. Família, vocação, profissão, educação e religião podem ser instituições de crescimento para os jovens, mas em muitas realidades tais instâncias não significam mais nada. Aqui se insere a necessidade de uma linguagem mais clara. “Hoje, os jovens procuram uma Igreja autêntica. (...) a Igreja atrai a atenção dos jovens na medida em que está enraizada em Jesus Cristo” (Documento Pré-Sinodal, 11). A segunda parte recorda Jesus como o “Jovem entre os jovens”, destacando que Cristo passou pelas mesmas inquietações próprias da juventude e, mais, santificou essa idade, ao passar por ela (IT, 75). Jesus quer caminhar com os jovens, como fez

com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24,1335) e por isso a Igreja deve fazer o mesmo. Os jovens desejam uma Igreja que os ajude no caminho da vocação com toda a abrangência que a palavra contém (IT, 85). O documento apresenta, em seguida, a vocação de seguimento de Jesus, desde o Batismo e as inúmeras vocações específicas dentro da Igreja, “que não devem ser pensadas de modo independente, mas (...) no intercâmbio de dons que realizam” (IT, 99). Discernir e acompanhar devem ser o papel da Igreja no horizonte vocacional dos jovens. Por fim, a terceira parte foca na perspectiva, no estilo e nos instrumentos mais adequados à Igreja para desempenhar sua missão de acompanhar os jovens. O acento aqui se dá para que a Igreja esteja em saída, na direção do jovem. A Igreja deve transparecer o povo de Deus, do qual os jovens são parte importante. Nada disso terá sentido se a busca da Igreja for pelo jovem fora de sua realidade. Pelo contrário, é ali, em meio aos estudos, às festas, no trabalho, na família, e também na comunidade cristã, que os jovens estão. É ali que a Igre-

ja deve estar com eles, sendo próxima e dando suporte, para que o jovem responda aos desafios da vida, iluminado pela Palavra de Deus e amparado pelo ensinamento da Igreja. Ainda aponta o documento que os jovens não vão à Igreja para buscar algo que encontrariam em qualquer lugar, mas sim, encontrar a autenticidade de uma comunidade que vive a fé e a liturgia. Quando a liturgia e a ars celebrandi (arte de celebrar) são bem realizadas, há sempre uma presença significativa de jovens ativos e participantes, sem a necessidade de efeitos mirabolantes, ou reflexões sentimentalistas, que acabam por não sustentar a caminhada do jovem, e torná-lo superficial (IT, 187-189). A catequese também deve se destacar unindo experiência com Cristo e conteúdo doutrinal, nutrindo a fé do jovem. Assim, reconhecendo o jovem como sujeito eclesial que tem sua participação e deseja falar, e não apenas servir como mão-de-obra em quermesses, embora possa e deva fazê-lo; interpretando a voz do Espírito Santo na voz dos jovens, e escolhendo caminhar com eles, a Igreja poderá confiar mais no jovem, e receber dele a confiança. Ainda há muito preconceito, em muitos setores da pastoral, para com os jovens. Duvida-se de sua capacidade, seu comprometimento e sua disponibilidade. Urge ouvir mais que exigir, motivar mais que duvidar, acompanhar mais que dar uma ordem, caminhar junto mais que relegar à própria sorte. Os problemas e os anseios dos jovens são problemas e anseios da Igreja. A santidade dos jovens é a santidade da Igreja. A Igreja deve ouvir os jovens. Os jovens devem ouvir a Igreja. Juntos, ouvindo a Deus, caminharão na senda da santidade, que é o “rosto mais belo da Igreja” (Gaudete et Exsultate, 9).

Acompanhe todas as informações em synod2018.va COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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comunicações aniversários agosto Natalício 7 Padre Edson Alves de Oliveira 12 Padre Clayton Bueno Mendonça 15 Padre João Pedro de Faria 15 Padre Júlio César Martins

15 Padre Lucas de Souza Muniz 18 Padre Antônio Donizeti de Oliveira 19 Padre Sebastião Marcos Ferreira 29 Padre João Batista da Silva

agenda pastoral 4 5 8 11 12

Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral – Guaxupé Dia do Padre 27º Um dia com Maria no Santuário Mãe Rainha – Poços de Caldas Encontro dos MECE’s – Setor Passos Reunião da Pastoral Presbiteral – Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana dos MECEs – Guaxupé Reunião da Equipe Diocesana de Comunicação – Guaxupé Reunião da Coord. Diocesana dos Grupos de Reflexão – Guaxupé Reunião do Conselho Diocesano do ECC – Botelhos Dia dos Pais

atos da cúria - Pe. Luiz Gonzaga Lemos. Nomeia-se como notária da Câmara Eclesiástica da Diocese de Guaxupé junto ao Tribunal Eclesiástico Diocesano de Divinópolis a senhora Áurea Coelho Ribeiro. Concede-se o indulto de retorno às atividades presbiterais junto o presbitério desta Diocese de Guaxupé o Revmo. padre Claiton Ramos, nomeando-o como membro da Comissão Patrimonial Diocesana.

PADRE CLAUDIONOR: A MANIFESTAÇÃO DA MANSIDÃO DE DEUS

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12 - 18 Semana Nacional da Família 15 Reunião Ampliada do COMIRE – Belo Horizonte 18 Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPSs) 19 Assembleia Diocesana do Cursilho 20 Assunção de Nossa Senhora 24 - 26 Encontro Vocacional no Seminário São José – Guaxupé 26 Encontro Diocesano dos Coordenadores de Grupos de Jovens – Guaxupé 29 Encontro com os Presbíteros até 5 anos de ministério – Carmo do Rio Claro 30 Reunião do Conselho de Formação Presbiteral – Guaxupé Encontro Vocacional no Seminário São José em Guaxupé

FAMÍLIAS EM BUSCA DA PAZ

in memoriam

o dia 19 de julho, o clero da Diocese de Guaxupé sofreu a perda do padre Claudionor de Barros, vítima de uma parada cardíaca, com 41 anos. Nascido em Machado, o padre iniciou seus estudos no Seminário São José, em Guaxupé, nos cursos de Filosofia e Letras. Prosseguiu com o estudo da Teologia no Seminário Santo Antônio em Pouso Alegre. Padre Claudionor foi ordenado em 2008 pelo bispo diocesano dom José Lanza Neto. Trabalhou

16 Padre Claudemir Lopes 13 Padre Adirson Costa Morais 20 Padre José Ronaldo Neto 24 Padre Riva Rodrigues de Paula 30 Padre Gilmar Antônio Pimenta

semana da família

N

omeia-se os AUDITORES nos Processos de Via Ordinária e o INSTRUTOR nos Processos de Rito Breve, exercendo os presentes encargo na Câmara Eclesiástica da Diocese de Guaxupé junto ao Tribunal Eclesiástico Diocesano de Divinópolis, tendo valor por 5 anos, podendo ser renovada: - Pe. Vinícius Pereira Silva; - Pe. Claudemir Lopes; - Pe. Norival Sardinha Filho; - Pe. Lucas de Souza Muniz; - Pe. Michel Donizetti Pires; - Pe. Jeremias Nicanor A. Moreira; - Sr. Edon Fonseca Borges; - Sra. Neusa Avelar; - Sr. Geilton Xavier Matos (instrutor);

Ordenação 8 Padre Wellington Cristian Tavares 10 Padre Gladstone Miguel da Fonseca 11 Dom Messias dos Reis Silveira (presbiteral)

nas cidades de Cássia (Paróquia Santa Rita), Passos (Paróquia São Benedito), Poços de Caldas (Paróquia Nossa Senhora da Esperança) e Guaxupé (Catedral Nossa Senhora das Dores). Em 2016, o padre se afastou de suas atividades pastorais para cuidar de problemas de saúde. O velório foi realizado na Igreja Matriz da Paróquia São José, em Machado. A missa exequial foi celebrada na manhã do dia 20 de julho, logo em seguida aconteceu o sepultamento no cemitério local.

12 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

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om um olhar cuidadoso e vigilante, a equipe diocesana do Setor Família preparou com carinho e empenho os encontros que iremos refletir na Semana da Família. Os trabalhos e os debates para a produção do subsídio visaram ao bem-estar de nossas famílias, almejando conquistar a paz que vem do amor num esforço constante de seus membros. Sem a fé, o compromisso, o diálogo e o Evangelho da Paz corremos o risco de desacreditarmos definitivamente na família como um bem e um dom de Deus. Os fatos da vida dão grande destaque à realidade, permitindo que muitos obstáculos sejam superados. Os encontros são iluminados com o tema “Famílias em busca da paz” e o lema “Felizes os que promovem a paz, que serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). No primeiro encontro, refletimos sobre a situação atual das famílias e seus desafios. O Papa Francisco no Sínodo das Famílias (2015) já nos questionava quais eram as maiores dificuldades na Pastoral Familiar e como as famílias se constituem hoje. A afirmação “O bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja” (Motu Proprio Summa Familiae Cura, 2017) nos desperta e nos coloca numa atitude de compromisso e responsabilidade. No segundo encontro, o Evangelho da Paz é o alicerce, a base e o fundamento da vida de todo cristão e, em especial, para quem vive em família e em comunidade. A promoção da paz se torna um ministério de todo cristão, uma paz partilhada por Jesus: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a dou”

(Jo 14,27). Certamente, cultivar o diálogo na família é algo indispensável, é o que tratamos no terceiro encontro. O diálogo é uma comunicação que nos leva ao conhecimento profundo do outro e se torna condição básica para o amor. Cremos que temos nestes encontros algo fundamental para nossa reflexão e nossa oração, todo empenho é válido e com a ajuda e bênçãos da Sagrada Família de Nazaré saberemos vencer as grandes dificuldades. Fazemos votos de um bom trabalho a todos! Dom José Lanza Neto Bispo de Guaxupé

DIOCESE DE GUAXUPÉ

Semana Nacional

da Família 2018 De

tema:

12

a

18

de agosto

famílias em busca da paz

lema: felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de deus (mt 5,9)


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