FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT
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ANO XXXII - 338
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JANEIRO DE 2018
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Encontrar Deus em todas as coisas e ver que todas as coisas vem do alto Santo Inácio de Loyola
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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ
editorial “Sei que Deus mora em mim como sua melhor casa. sou sua paisagem, sua retorta alquímica e para sua alegria seus dois olhos. Mas esta letra é minha.” [Direitos humanos, Adélia Prado]
expediente Diretor geral
DOM JOSÉ LANZA NETO Editor
PE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808 Equipe de produção
LUIZ FERNANDO GOMES JANE MARTINS Revisão
JANE MARTINS Jornalista responsável
ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265
Projeto gráfico e editoração
BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160
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omos filhos de Deus no Filho Jesus e predestinados a reproduzir a imagem do Filho único de Deus em nossa realidade (cf. 1 Jo 2, 29s e Rm8, 29). Este fato não é exclusivo de alguns, mas abrange todo e qualquer homem, condição definitiva da vocação humana à intimidade em Deus. Esta constituição do homem lhe é fundamental, acompanha-o antes mesmo da Encarnação, mas com este evento ganha a essência ontológica, se plenifica com Cristo. Há inúmeras formas da graça se manifestar no homem, que deve se abrir a Deus, permitindo ao divino influir nesta realidade, através de virtudes, que guardam em si uma unidade com o único projeto salvífico da Trindade para a humanidade. As virtudes são as forças divinas que lançam o ser
humano na busca por concretizar o Reino, marcado pela limitação desta realidade, mas com vistas num futuro esperançoso de transformação pelo bem comum. “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3, 16) Partindo desta compreensão se torna possível vivenciar as virtudes que aproximam o homem de seu Criador. Há três virtudes, vias da graça, que elevam homens e mulheres à sua vocação fundamental resumida e completa na comunhão com o divino. Fé, esperança e caridade são vias de concretização da Graça na vida das pessoas. A fé produz algo essencial na vida do fiel, lhe abre ao Mistério e conduz a uma experiência de vida, baseada na intimidade com Deus; A esperança não é um sentimento abstrato, mas uma atuação nesta
realidade como antecipação do destino futuro (Reino de Deus) desejado por Deus; A caridade é possibilidade de amar a todos e a tudo, pois se percebe que a marca divina está em toda a Criação. As três virtudes constituem um único princípio realizado de modos distintos, mas convergentes a uma abertura do homem na sua experiência histórica ao Sentido Absoluto, “ao qual se confia acolhendo seu desígnio (fé), celebrando Sua presença presente como encontro de duas liberdades e de duas autocomunicações, aquela de Deus e aquela do homem (amor), abrindo-se para uma história que ainda tem futuro e não chegou, todavia, a sua plenitude escatológica (esperança)”. (Leonardo Boff, Graça e experiência humana)
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voz do pastor A
fé é dom de Deus – dádiva. A fé não se compra, não se vende, não se adquire através de estudos, universidades e, muito menos, como objeto de troca. Por ser dom de Deus, é presente, oferta gratuita, generosidade da parte de quem dá porque ama. Ninguém pode dar a fé senão Deus. Deus é amor. É difícil entender a fé, porque só a entende quem está aberto para acolhê-la, fazendo uma experiência de confiança e pautando a própria vida a partir dela. Especular sobre o dom da fé equivale a segurar um punhado de água nas mãos, não vai sobrar nada - tudo esvai-se. A fé, hoje em dia, vai muito além de nossa especulação. Muitos deixaram a fé de lado e outros a confundiram como máscara das coisas santas. Porém, a fé
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exige acolhida, confiança, abertura e, como consequência, exige do fiel renúncia aos grandes encantamentos da vida e do mundo, ilusões descabidas de uma vida fácil e descomprometida. Muitos não abraçam a fé por desconfiança e pouca vontade de assumir compromissos autênticos, a verdade, a justiça, a liberdade etc. A fé, quando abraçada, nos lança para o alto, nos leva para Deus e descortina o sentido mais profundo em entender a vida e gera grandes transformações. A fé tem incidência profunda na vida das pessoas, a vida pessoal fica renovada, transformada, um novo ardor, uma nova alegria surge, uma nova postura nasce no interior do ser humano e a própria pessoa se surpreende e contagia os
Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé
ambientes em que vive, a família, o trabalho e a própria comunidade. A vida social ganha, também, um novo significado e tudo passa a ter valor, as demais pessoas, a natureza, a família, a cidade e o campo. Nasce um novo olhar. Consequentemente, a partir da fé, conceitos e princípios surgem automaticamente, naturalmente. A vida será pautada com um novo olhar. Ter fé é emprestar os olhos de Deus, é ocupar o lugar de Deus. É olhar o mundo e a vida como se fôssemos Deus. Juntos com Deus na eternidade desaparecerão as virtudes próprias desta realidade, a fé e a esperança, permanecendo o amor, essa atitude profunda que nos indica nossa vocação para a eternidade.
opinião
Por padre Sidney S. Carvalho, chanceler e pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Guaxupé
IGREJA, SOCIEDADE E ESFERA PÚBLICA
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istoricamente a Igreja chegou ao Brasil junto dos descobridores. Ela e o Estado português eram unidos pela força do padroado e essa união perpassou o colonialismo lusitano e avançou até após o declínio do Império do Brasil. Durante o padroado, ela se inseriu pelo Brasil através das ordens e congregações religiosas que evangelizaram os indígenas e educaram através dos colégios. Nesse tempo o governo mantinha a Igreja (clero, construções e nomeações de bispos). No século 18 algumas Constituições do Arcebispado da Bahia foram elaboradas visando dar mais autonomia à Igreja, mas não impediram um conflito entre padres e colonos em torno da escravidão indígena que desfechou no fechamento da Companhia de Jesus e a “Questão religiosa” culminando na prisão de dois bispos fadados a trabalhos forçados. Com a Proclamação da República, o Estado e a Igreja se separaram, tendo o “desquite” lavrado no Decreto 119-A/1890. O término do padroado faz com que o Catolicismo deixe ser a religião oficial do Brasil e dê lugar ao caráter laico do Estado e a liberdade religiosa.
Diante dessa abertura à pluralidade religiosa alijada do Estado, paróquias e associações combateram o anarquismo, o comunismo e o protestantismo. Mais tarde, o Getulismo infundiu um projeto desenvolvimentista e nacionalista e a Igreja valorizou a identidade cultural do Brasil. A criação da CNBB (1952) direcionou a ação da Igreja no Brasil, mostrando a preocupação com as consequências sociais do capitalismo materialista. A Revolução Cubana influenciou a juventude universitária da década de 60. A Igreja mostrou-se mais conservadora e foi criada a Ação Popular. Diante das propostas reformistas do Presidente João Goulart, a Igreja se dividiu. O Militarismo de 64 acirrou os conflitos entre Igreja e Estado. O Ato Institucional n.° 5 (1968) trouxe ruptura diante da repressão (prisões, torturas, assassinatos e perseguições). A Igreja inspirou-se na Teologia da Libertação e posicionou-se ao lado da sociedade civil para profetizar a favor da ordem jurídica e dos direitos humanos que estavam sendo abusados. Da mesma maneira que a história se situa no tempo, também a Igreja tem que ser vista entre a Bíblia e o calendário. Primeiramen-
te o padroado a fazia ser duplamente fiel a cruz da fé e a pena da lei estatal. Depois o Estado fica livre da Igreja pela força do Decreto 119-A, mas também faz a Igreja dependente dele. A adaptação dessa separação demorou uns 30 anos aproximadamente e, com o advento do Concílio Vaticano II (1965) a Igreja se colocou melhor em seu lugar de excelência na história. A redemocratização do estado brasileiro deu-se há 30 e poucos anos atrás e hoje o Brasil apresenta um cenário nacional desacreditado. Os sentimentos da sociedade são impotência e medo diante dos poderes dos impérios (tráfico de drogas, contrabando, corrupção civil e política, violência, protecionismo, etc.) que geram pobreza, miséria, desemprego e até guerras civis em alguns lugares. Este descaso acontece por vezes com a participação de pessoas incumbidas de zelar pelo povo. A Igreja tem a preocupação com os valores do Reino e seus ensinamentos pregam como pode ser uma verdadeira sociedade. Como cidadã desse mundo, é seu direito e dever estar presente nesta realidade e, por isso, procura evangelizar toda a existência humana, inclusive a dimensão política, afinal
a fé não diz respeito apenas à vida pessoal ou familiar. Fé tem a ver com vida profissional, economia, política e com o mundo. Desta forma, a Igreja procura iluminar com o anúncio da Palavra transformadora. O tempo mudou. Hoje não é papel da Igreja apontar quem é bom ou ruim, anjo ou bruxo... Nada de inquisição. Se o Estado é laico, a Igreja é apartidária! Seu incentivo é para que os fiéis naturalmente engajem em partidos e conheçam os seus programas; ajudem nas associações e comitês de bairros e que combatam as as forças do individualismo e facilitem o uso dos bens e das riquezas do mundo. Que haja trabalho para todos e também sejam respeitados os direitos de liberdade religiosa e de expressão. Enfim, que não haja violência e nem uso dos jogos do poder. Ao defender estes princípios, a Igreja se posiciona elegantemente em favor do Evangelho e lança o Ano Nacional do Laicato, almejando continuar dialogando com os diferentes sujeitos da sociedade e promover a cultura do encontro e do cuidado com a vida e o bem comum, na fiel esperança de que um mundo melhor seja possível desde agora.
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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notícias Paróquia de Paraguaçu realiza Encontro das Comunidades Rurais
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Texto/Imagem: Tales Flávio
o dia 2 de dezembro, aconteceu na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora o Encontro das Comunidades Rurais, no qual os participantes tiveram a oportunidade de partilhar as experiências de vida e de fé. O encontro foi assessorado pelo padre José Luiz Gonzaga do Prado, natural de Paraguaçu e que realiza um trabalho de divulgação e fortalecimento dos grupos de reflexão em toda a diocese. No encontro, as comunidades foram animadas pelo assessor a dar continuidade aos grupos de reflexão, além de fazer um forte apelo às comunidades que ainda
Fortalecimento dos grupos de reflexão é o foco das comunidades rurais
precisam organizar seus grupos. “É necessário estar atentos a voz de Deus que fala através das lutas diárias de seu povo”. Pa-
dre José Luiz levou os grupos a escolher um fato bíblico e depois refletir com a realidade dos dias atuais, fazendo assim uma
comparação do fato bíblico com a realidade. O objetivo foi animar as comunidades que têm respondido de forma positiva ao seguimento cristão, através dos grupos de reflexão, impulsionados pela Semana Missionária. O próximo passo da paróquia será realizar outros encontros com as comunidades urbanas e com os conselhos paroquiais. No fim do encontro, o pároco, padre Ronei Mendes Lauria, celebrou a missa em intenção das comunidades rurais e por cada família que as compõem.
Grupos de reflexão realizam Seminaristas são instituídos nos Assembleia em Nova Resende ministérios de Leitor e Acólito Texto: padre José Luiz Gonzaga do Prado / Imagem: Ana Cristina
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o dia 3 de dezembro reuniram-se, como fazem há alguns anos, representantes dos grupos de reflexão da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Nova Resende. Após a oração inicial, Ronei, secretário de Ação Social do Município, apresentou um levantamento feito pela sua secretaria, especificamente sobre as condições de moradia no município. Aí se descobriu que há, ainda, muita pobreza, que algumas fa-
mílias estariam abaixo da linha da pobreza se não fossem os programas sociais mantidos pelo Governo Federal. Os participantes foram divididos em cinco grupos para ler e comentar a recente Nota da CNBB sobre o atual momento político do Brasil. O plenário somou e completou as reflexões feitas nos grupos. Destacamos esta: “Não adianta colocar madeira nova sem, antes, acabar com os carunchos”.
Encontro realizado anualmente visa a integração das comunidades
Texto: Douglas Ribeiro | Fotos: Gabriel Ribeiro
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o dia 4 de dezembro, dom José Lanza Neto, bispo diocesano de Guaxupé, presidiu a Santa Missa no Seminário Diocesano Santo Antônio, em Pouso Alegre, com a presença de alguns padres da diocese, religiosas, seminaristas e alguns familiares. Na ocasião foi conferido o ministério de leitor para os seminaristas do terceiro ano de Teologia e o ministério de acólito para os seminaristas do quarto ano de Teologia. As instituições do leitorato e acolitato fazem parte do processo formativo do candidato ao sacerdócio que, depois de alguns
Seminaristas que receberam o leitorato com o bispo diocesano (esq. p/ dir.): Luiz Henrique, Juliano e Douglas
Seminaristas que receberam o acolitato com o bispo diocesano (esq. p/ dir.): Luciano, Reginaldo, Hudson, Mateus e José Eduardo
anos de formação, dá passos em vista do futuro exercício do ministério presbiteral. Em sua homilia, o bispo incentivou os seminaristas a serem homens do Evangelho, proclamando a Boa Nova do Reino. Agradeceu o ‘sim’ generoso de cada um e os exortou a continuarem saboreando o Banquete da Palavra e da Eucaristia, como fizeram os discípulos de Emaús, para que, assim, possam ser grandes servidores de Cristo Jesus.
PARÓQUIA DE PASSOS SE MOBILIZA EM AÇÃO SOLIDÁRIA
Texto/Imagem: José Faria da Silva
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ma iniciativa promovida por leigos da Paróquia Nossa Senhora da Penha de Passos proporcionou um natal mais feliz para muitas famílias. Mais de 180 famílias foram auxiliadas com cestas básicas e brinquedos para as crianças. A campanha realizada pela Pastoral da Criança e outros voluntários da paróquia foi iniciada com a realização de dois jogos de futebol beneficentes. No primeiro, foram arrecadados brinquedos para
as crianças acompanhadas pela Pastoral, no segundo, o foco das doações foram alimentos. Além do volume arrecadado nos dois eventos, a comunidade paroquial se envolveu com doações nas missas e nas celebrações comunitárias, contribuindo para que mais famílias recebessem o benefício. Além as pastorais e movimentos, a ação contou com o apoio dos padres Ailton Goulart Rosa e Vítor Aparecido Francisco.
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Voluntários distribuíram 187 cestas a famílias carentes da cidade
Reunião Geral avalia 2017 e apresenta processo sinodal com 5ª Assembleia
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Texto: Douglas Ribeiro| Imagem: Lázara Assunção
Caminhada missionária e planos pastorais foram temas da reunião anual
a manhã do dia 9 de dezembro, aconteceu, na Cúria Diocesana de Guaxupé, a Reunião Geral de Pastoral para avaliação dos trabalhos realizados durante o ano de 2017. Participaram deste encontro o bispo, padres, religiosos e religiosas, seminaristas e leigos das paróquias da diocese. Após a oração, Dom José Lanza agradeceu a presença de todos e disse que “este é um momento de avaliação, onde iremos enxergar, sob um grande horizonte, nossos pontos positivos e aqueles que podemos melhorar”. No próximo ano, a diocese de Guaxupé realizará a 5ª Assembleia Diocesana de Pastoral. Padre José Augusto da Silva, integrante da Comissão de Preparação, apresentou um esboço do
texto base elaborado pela equipe responsável que norteará os trabalhos da assembleia. Após o intervalo, padre Henrique Neveston, coordenador diocesano de pastoral, apresentou os pontos positivos e negativos referentes ao ano de 2017: “Nossa Igreja Particular tem dado passos significativos, mas ainda precisamos do apoio de todos para construir o reino de Deus entre nós”, disse o padre. No final da reunião, foi apresentada a programação para o Ano Nacional do Laicato a ser realizado na diocese, além da nova agenda pastoral para o ano de 2018. Também houve a distribuição de oração feita a favor da causa do processo de beatificação de dom Inácio João Dal Monte, que foi iniciada em 2017.
Casa da Cultura de Guaxupé Homenageia Dom Inácio
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Texto: Assessoria de Comunicação / Imagem: Pascom - Catedral
o dia 15 de dezembro, à noite, foi realizado em frente à Casa da Cultura, em Guaxupé, um Tributo em homenagem ao quarto bispo diocesano, dom Inácio João Dal Monte, que teve seu processo de beatificação iniciado no segundo semestre do ano passado. A iniciativa foi promovida pela Casa da Cultura de Guaxupé, especialmente seu presidente, Severo Antônio da Silva, que assumiu a produção artística do tributo. A homenagem teve apoio da Diocese de Guaxupé e da Comissão pela Beatificação de dom Inácio, dirigida pelo padre Reginaldo da Silva, cura da Catedral Diocesana Nossa Senhora das Dores.
O padre fez uma exortação sobre a santidade cristã, além de esclarecer aos presentes sobre o processo de beatificação e alguns detalhes sobre a vida e o ministério de dom Inácio. O evento contou com apresentações de artistas da cidade que através da música e da poesia puderam celebrar a figura marcante de dom Inácio para Guaxupé. Um vídeo produzido especialmente para a data apresentou ao público uma pequena biografia do bispo, além de imagens de sua trajetória à frente da diocese. Alguns padres da diocese prestigiaram a iniciativa, além de muitos fiéis e moradores da cidade.
Vaticano lança novo portal multimídia para notícias Texto da Secretaria de Comunicação da Santa Sé
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o dia 16 de dezembro, teve início um trabalho novo do Vaticano: um portal que conta com uma equipe de cerca 70 pessoas em 6 divisões linguísticas – italiano, inglês, francês, alemão, espanhol e português – e com 4 áreas temáticas: Papa, Vaticano, Igreja e Mundo. O novo site está online no link www.vaticannews.va. O novo modelo de comunicação desemboca em uma organização do trabalho – como afirma a Secretaria para a Comunicação, presidida pelo monsenhor Edoardo Viganò – que se tornou possível também graças ao amplo programa de formação dos funcionários que teve início desde o momento da criação do dicastério para a comunicação, em 2015.
que trabalha O aspecsob a guia da to essencial Direção Edido sistema, torial e em fruto de um coordenação processo de com outros consolidação grupos de seja no plano suporte. econômico, Ao seu inseja técnico, terno confluié represenrão progrestado pelo Centro Edi- A busca pelo profissionalismo foi um apelo do papa na criação da nova secretaria sivamente cerca de torial Multi350 profissionais, entre redatores e técnimídia (CEM): uma estrutura unificada para cos provenientes de todas as 40 redações a produção cotidiana de qualquer tipologia linguísticas da Rádio Vaticano e das 9 insde conteúdo (áudio, textos, vídeo, gráfica) tituições que compõem a Secretaria para em modalidade multilíngua e multicanal,
a Comunicação. A partir de 1º de janeiro o percurso se completará com a agregação do jornal L’Osservatore Romano, do Serviço Fotográfico e da Tipografia Vaticana. O novo site que está online na sua versão beta, substituirá os sites de caráter informativo utilizados precedentemente. Assim, Vatican News torna-se também a nova marca que representa grande parte do sistema comunicativo, na intenção de simplificar a imagem e de superar o grande número de logotipos do passado. Em particular, a partir de agora, o logotipo identificará também as redes sociais: Twitter, Facebook e Youtube, para cada uma das redações linguísticas e Instagram, com um perfil comum a todas as línguas.
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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em pauta SÍNODO DOS BISPOS: OS JOVENS NO MUNDO DE HOJE
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m outubro deste ano, a Igreja celebra o Sínodo dos Bispos com o tema Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Após um longo processo de produção do documento preparatório e da consulta aberta às contribuições de jovens e agentes de pastoral de todo o mundo, se aproxima o momento das discussões dos participantes do Sínodo. Assim, neste mês trazemos o primeiro capítulo do Documento Preparatório com indicações profundas sobre a realidade da juventude em todo o mundo.
1. Um mundo que se transforma rapidamente A velocidade dos processos de mudança e de transformação é a principal particularidade que caracteriza as sociedades e as culturas contemporâneas (cf. Laudato Si’, 18). A combinação entre elevada complexidade e rápida mudança faz com que nos encontremos num contexto de fluidez e de incerteza jamais experimentado precedentemente: é uma realidade que devemos aceitar sem julgar a priori, se se trata de um problema ou de uma oportunidade. Esta situação exige que se assuma um olhar integral e que se adquira a capacidade de programar a longo prazo, prestando atenção à sustentabilidade e às consequências das escolhas de hoje em tempos e lugares remotos. O aumento da incerteza reflete-se sobre a condição de vulnerabilidade, ou seja, a combinação entre mal-estar social e dificuldade econômica, e sobre as experiências de insegurança de amplas camadas da população. No que diz respeito ao mundo do trabalho, podemos pensar nos fenômenos do desemprego, do aumento da flexibilidade e da exploração, sobretudo de menores, ou então no conjunto de causas políticas, econômicas, sociais e até ambientais, que explicam o aumento exponencial do número de refugiados e migrantes. Face a poucos privilegiados que podem se beneficiar das oportunidades oferecidas pelos processos de globalização econômica, muitos vivem em situações de vulnerabilidade e de insegurança, o que tem um impacto sobre os seus itinerários de vida e sobre as suas escolhas. A nível global, o mundo contemporâneo é marcado por uma cultura «cientificista», muitas vezes dominada pela técnica e pelas infinitas possibilidades que ela
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promete abrir, mas em cujo âmbito «parecem multiplicar-se as formas de tristeza e solidão em que caem as pessoas, incluindo muitos jovens» (Misericordia et misera, 3). Como ensina a encíclica Laudato Si’, o enredo entre paradigma tecnocrático e busca frenética do lucro a curto prazo está na origem daquela cultura do descartável que exclui milhões de pessoas, entre as quais numerosos jovens, e que leva à exploração indiscriminada dos recursos naturais e à degradação do meio ambiente, ameaçando o futuro das próximas gerações (cf. nn. 20-22). Além disso, não podemos esquecer que muitas sociedades se tornam cada vez mais multiculturais e multirreligiosas. Em particular, a presença simultânea de diversas tradições religiosas representa um desafio e uma oportunidade: podem aumentar a desorientação e a tentação do relativismo mas, ao mesmo tempo, crescem as possibilidades de confronto fecundo e de enriquecimento recíproco. Aos olhos da fé, parece que este é um sinal do nosso tempo, o qual exige um crescimento na cultura da escuta, do respeito e do diálogo. 2. As novas gerações Quem é jovem hoje vive a própria condição num mundo diferente daquele da geração de seus pais e educadores. Não apenas o sistema de vínculos e oportunidades muda com as transformações econômicas e sociais, mas, de forma subjacente, alteram-se, também, os desejos, as necessidades, as sensibilidades e o modo de se relacionar com os outros. Além disso, se sob um certo ponto de vista é verdade que com a globalização os jovens tendem a ser cada vez mais homogêneos em todas as partes do mundo, contudo, nos contextos locais, subsistem peculiaridades culturais e institucionais que têm repercussões no processo de socialização e de construção da identidade. O desafio da multiculturalidade atravessa de maneira particular o mundo juvenil, por exemplo, com as peculiaridades das «segundas gerações» (ou seja, daqueles jovens que crescem numa sociedade e numa cultura diferente daquelas dos seus pais, em virtude dos fenômenos migratórios), ou dos filhos de casais de certa forma «mistos» (sob os pontos de vista étnico, cultural e/ou religioso). Em muitas partes do mundo, os jovens
O desafio da multiculturalidade atravessa de maneira particular o mundo juvenil, por exemplo, com as peculiaridades das «segundas gerações.
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experimentam condições particularmente árduas, em cujo âmbito se torna difícil criar o espaço para escolhas de vida autênticas, na ausência de margens até mínimas de exercício da liberdade. Pensemos nos jovens em situações de pobreza e exclusão; naqueles que crescem sem pais nem família, ou então em quantos não têm a possibilidade de ir à escola; nas crianças e nos meninos de rua de numerosas periferias; nos jovens desempregados, deslocados e migrantes; naqueles que são vítimas de exploração, tráfico e escravidão; nas crianças e nos adolescentes recrutados à força em grupos criminosos ou milícias irregulares; nas noivas-crianças ou nas jovens obrigadas a se casar contra sua própria vontade. No mundo, demasiadas pessoas passam diretamente da infância para a idade adulta e para uma carga de responsabilidades que não puderam escolher. Muitas vezes, as meninas, as adolescentes e as jovens devem enfrentar dificuldades ainda maiores do que as dos seus coetâneos. Estudos realizados a nível internacional permitem identificar alguns traços característicos dos jovens do nosso tempo. Pertença e participação Os jovens não se sentem como uma categoria desfavorecida, nem como um grupo social que deve ser protegido e, por conseguinte, nem sequer como destinatários passivos de programas pastorais ou de escolhas políticas. Não poucos deles desejam ser parte ativa dos processos de mudança do presente, como confirmam aquelas experiências de ativação e inovação a partir de baixo, que veem os jovens como protagonistas principais, embora não únicos. A disponibilidade à participação e à mobilização em ações concretas, nas quais a contribuição pessoal de cada um seja ocasião de reconhecimento da própria identidade, mistura-se com a intolerância em relação a ambientes em que os jovens sentem, justa ou injustamente, que não encontram espaço nem recebem estímulos; isto pode levar à renúncia ou à dificuldade de desejar, sonhar e projetar, como o demonstra a difusão do fenôme-
no NEET (not in education, employment or training, ou seja, dos jovens não comprometidos numa atividade de estudo, nem de trabalho e nem sequer de formação profissional). A discrepância entre os jovens passivos e desanimados e aqueles empreendedores e vitais é o fruto das oportunidades concretamente oferecidas a cada um dentro do contexto social e familiar em que cresce, assim como das experiências de sentido, relação e valor feitas, inclusive, antes do início da juventude. A falta de confiança em si mesmo e nas suas capacidades pode manifestar-se não somente na passividade, mas também numa preocupação exagerada com a própria imagem e num conformismo condescendente com as modas do momento. Pontos de referência pessoais e institucionais Várias pesquisas demonstram que os jovens sentem a necessidade de figuras de referência próximas, credíveis, coerentes e honestas, assim como de lugares e de ocasiões para pôr à prova a capacidade de se relacionar com os outros (tanto adultos como seus coetâneos) e para enfrentar as dinâmicas afetivas. Eles procuram figuras que sejam capazes de manifestar sintonia e oferecer apoio, encorajamento e ajuda a reconhecer os limites, sem fazer pesar o próprio juízo.
Fonte: Documento Preparatório para o Sínodo dos Bispos
Rumo a uma geração hiper(conectada) Hoje as jovens gerações são caracterizadas pela relação com as modernas tecnologias da comunicação e com aquilo que normalmente é chamado o «mundo virtual», mas que também tem efeitos muito reais. Ele oferece possibilidades de acesso a uma série de oportunidades que as gerações precedentes não tinham e, ao mesmo tempo, apresenta riscos. No entanto, é de grande importância que se preste atenção ao modo como a experiência de relações tecnologicamente mediadas estrutura o conceito do mundo, da realidade e das relações interpessoais, e é com isto que é chamada a medir-se a ação pastoral, que tem necessidade de desenvolver uma cultura adequada. 3. Os jovens e as escolhas No contexto de fluidez e de precariedade que pudemos delinear, a transição
para a vida adulta e a construção da identidade exigem cada vez mais um percurso «reflexivo». As pessoas são forçadas a readaptar seus percursos de vida e a voltar a apropriar-se continuamente das próprias escolhas. Além disso, juntamente com a cultura ocidental, difunde-se um conceito de liberdade entendida como possibilidade de aceder a oportunidades sempre novas. Não se aceita que construir um percurso de vida pessoal significa renunciar a trilhar caminhos diferentes no futuro: «Hoje escolho este, amanhã veremos». Tanto nas relações afetivas como no mundo do trabalho, o horizonte compõe-se mais de opções sempre reversíveis do que de escolhas definitivas. Neste contexto, as antigas abordagens não funcionam mais e a experiência transmitida pelas gerações precedentes torna-se rapidamente obsoleta. Oportunidades válidas e riscos insidiosos entrelaçam-se num enredo não facilmente solúvel. Tornam-se indispensáveis instrumentos culturais, sociais e espirituais adequados, a fim de que os mecanismos do processo decisório não se bloqueiem e de que, talvez por medo de errar, não se acabe por se submeter à mudança em vez de a orientar. Eis quanto disse o Papa Francisco: «“Como podemos despertar a grandeza e a coragem de escolhas de amplo alcance, de impulsos de coração para enfrentar desafios educativos e afetivos?”. Já repeti muitas vezes: arrisca! Arrisca! Quem não arrisca não caminha. “Mas se eu errar?”. Bendito o Senhor! Errarás mais se permaneceres parado, parada» (Discurso na Villa Nazareth, 18 de junho de 2016). Na busca de percursos capazes de despertar a coragem e os impulsos do coração, não podemos deixar de ter em consideração que a pessoa de Jesus e a Boa Notícia por Ele proclamada continuam a fascinar muitos jovens. A capacidade que os jovens têm de escolher é impedida por dificuldades ligadas à condição de precariedade: a luta para encontrar um trabalho ou a falta dramática do mesmo; os obstáculos na construção de uma autonomia econômica; a impossibilidade de estabilizar o próprio percurso profissional. Normalmente, para as mulheres jovens, estes obstáculos são ainda mais árduos de superar. A dificuldade econômica e social das
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famílias, o modo como os jovens adquirem alguns traços da cultura contemporânea e o impacto das novas tecnologias exigem uma maior capacidade de enfrentar o desafio educacional no seu significado mais amplo: esta é a emergência educativa evidenciada por Bento XVI na Carta à Cidade e à Diocese de Roma sobre a urgência da educação (21 de janeiro de 2008). A nível global, é necessário ter em consideração, inclusive, as desigualdades entre os países e o seu efeito sobre as oportunidades oferecidas aos jovens nas diferentes sociedades, em termos de inclusão. Também fatores culturais e religiosos podem gerar a exclusão, por exemplo no que diz respeito às disparidades de gênero ou à discriminação contra as minorias étnicas ou religiosas, a ponto de impelir os jovens mais empreendedores à emigração. Em tal contexto é particularmente urgente promover as capacidades pessoais, colocando-as ao serviço de um sólido projeto de crescimento comum. Os jovens apreciam a possibilidade de combinar a ação em projetos concretos, nos quais medir a própria capacidade de alcançar resultados, o exercício de um protagonismo destinado a melhorar o contexto em que vivem, a oportunidade de adquirir e aprimorar no campo competências úteis para a vida e o trabalho. A inovação social exprime um protagonismo positivo que inverte a condição das novas gerações: de perdedores, que pedem proteção contra os riscos da mudança, para protagonistas da transformação, capazes de criar novas oportunidades. É significativo que exatamente os jovens – com frequência fechados no estereótipo da passividade e da inexperiência – proponham e pratiquem alternativas que mostram como o mundo ou a Igreja poderia ser. Se quisermos que aconteça algo de novo na sociedade ou na comunidade cristã, devemos deixar espaço a fim de que pessoas mais jovens possam agir. Em outras palavras, projetar a mudança segundo os princípios da s u s t e n t a b i l i d ade exige que se permita às novas gerações experimentar um novo modelo de desenvolvimento. Isto é particularmente problemático naqueles países e âmbitos institucionais em que a idade de quantos ocupam lugares de responsabilidade é elevada, diminuindo os ritmos de renovação geracional.
A capacidade que os jovens têm de escolher é impedida por dificuldades ligadas à condição de precariedade: a luta para encontrar um trabalho ou a falta dramática do mesmo (...)
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Deste ponto de vista, o papel dos pais e das famílias permanece crucial e às vezes problemático. Com frequência, as gerações mais maduras tendem a subestimar as potencialidades, colocam em evidência as formas de fragilidade e têm dificuldade de compreender as exigências dos mais jovens. Pais e educadores adultos podem também ter em consideração seus próprios erros e o que não gostariam que os jovens fizessem, mas, muitas vezes, também não sabem claramente como ajudá-los a orientar seu olhar para o futuro. As duas reações mais comuns são a renúncia a fazer-se ouvir e a imposição das próprias escolhas. Pais ausentes ou superprotetores tornam os filhos mais frágeis e tendem a subestimar os riscos ou a ser obcecados pelo medo de cometer erros. No entanto, os jovens não procuram apenas figuras de referência adultas: é forte o seu desejo de confronto aberto entre pares. Tendo em vista esta finalidade, é grande a necessidade de ocasiões de interação livre, de expressão afetiva, de aprendizagem informal, de experimentação de funções e de habilidades, sem tensão nem ansiedade. Tendencialmente cautelosos com aqueles que se encontram fora do círculo das relações pessoais, muitas vezes os jovens alimentam desconfiança, indiferença
ou até indignação pelas instituições. Isto não diz respeito unicamente à política, mas refere-se, cada vez mais, às instituições de formação e à Igreja, no seu aspeto institucional. Gostariam que ela estivesse mais próxima do povo e fosse mais atenta aos problemas sociais, mas não têm a certeza de que isto acontecerá de forma imediata. Tudo isto se verifica num contexto em que a pertença confessional e a prática religiosa se tornam cada vez mais características de uma minoria, e os jovens não se colocam «contra», mas aprendem a viver «sem» o Deus apresentado pelo Evangelho e «sem» a Igreja, confiando, ao contrário, em formas de religiosidade e espiritualidade alternativas e pouco institucionalizadas, ou então refugiando-se em seitas ou experiências religiosas com forte matriz identitária. Em muitos lugares, a presença da Igreja torna-se menos minuciosa e, por isso, é mais difícil encontrá-la, enquanto a cultura dominante é portadora de instâncias muitas vezes em contraste com os valores evangélicos, quer se trate de elementos da própria tradição, quer da declinação local de uma globalização de tipo consumista e individualista.
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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liturgia
Por Guilherme Ribeiro, bacharel em Teologia pela Faculdade Católica de Pouso Alegre
O SÍMBOLO DA ÁGUA NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
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substância líquida e incolor, insípida e inodora denominada água é parte integradora do ser humano e dos seres vivos que há no planeta. Não obstante sua composição elementar à vida do cosmos, a água é um elemento presente na história salvífica. Encontra-se água em toda Sagrada Escritura, do Gênesis ao Apocalipse. No princípio da criação quando tudo era informe, o Espírito pairava sobre as águas potencializando-as à geração de vida (cf. Gn 1,2). As águas do Dilúvio fizeram desaparecer o solo por cerca de quarenta dias e quarenta noites, extirpando todas as espécies de vida humana, vegetal e animal, exceto as que estavam na arca (cf. Gn 7,4). Atravessar o mar Vermelho foi o caminho de salvação pelo qual Deus fez o povo de Israel passar. Os hebreus foram libertos da escravidão escapando do inimigo opressor por meio das águas (cf. Ex 14,15-31). Cansado e com sede estava o povo na caminhada para o deserto de Sur. Ao chegar a Mara, não pôde saciar a sede porque a água era amarga e impossível de beber. Ao clamor de Moisés, o Senhor lhe mostra um pedaço de madeira que, ao ser posto na água, fê-la potável (cf. Ex 15, 22-25). Por uma fenda na roça, o povo sacia sua sede (cf. Ex 17,6). O Jordão testemunha a passagem do povo comandado por Josué (cf. Js 3, 14-17) e a purificação de Naamã (cf. 2Rs 5, 1-14). O templo da visão de Ezequiel corre água em abundância e por onde ela passa gera vida (cf. Ez 47,1-12). No Novo Testamento a água se faz presente já bem no início. Tal como no princípio, o Espírito esteve sobre as águas no batismo de Jesus (cf. Mc 1,9; Mt 3,13; Lc 3,21). Na festa de casamento em Caná, a primeira manifestação de Jesus foi transformar água em vinho (cf. Jo 2,1-11). No diálogo com Nicodemos, Jesus exorta à necessidade de nascer da água e do Espírito (cf. Jo 3, 1-21). No encontro com a Samaritana, Jesus se apresenta como a fonte que sacia para sempre (cf. Jo 4, 14). Jesus caminha sobre águas (cf. Mt 14,26; Mc 6,48; Jo 6,19). Na cruz corre de seu lado aberto sangue e água (cf. Jo 19,34). Estes são apenas alguns trechos onde se encontra o elemento água e seu simbolismo diverso. Outras passagens fazem menção ao elemento da água, mas estas foram apresentadas apenas para uma visão panorâmica acerca da presença deste elemento natural. Cinco são os momentos em que o sím-
bolo da água ganha significativa relevância simbólica: Criação, Dilúvio, travessia do Mar Vermelho, Batismo de Jesus e do lado aberto de Cristo na Cruz. Deus serve-se do elemento da água por ele próprio trazer em si significados múltiplos. Na Criação, a água aparece como elemento que contribui para a geração da vida, não por ela mesma, mas pela força do Espírito que paira sobre ela. Torna-se elemento símbolo da fecundidade. Símbolo do poder de Deus que cria. No dilúvio, a água não perde seu caráter simbólico positivo de geração de vida, mas adquire outro significado: de regeneração. A água, neste contexto, possui significados ambivalentes, ou seja, o mesmo símbolo possui dois significados. A mesma água que fez perecer todo o cosmos no caos do dilúvio, nada de mal fez aos que estavam na arca. A água que sepultou os vícios humanos foi a mesma que regenerou o novo povo. Aqui se compreende sua ambivalência. O mesmo se apregoa às águas do mar Vermelho. As águas marítimas, sempre compreendidas como lugar da habitação do mal, do desconhecido e lugar obscuro ao ser humano, se tornou caminho seguro para a libertação do povo hebreu. Liberdade para o povo cativo e prisão perpétua para os cavaleiros submersos. O significado da água
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neste contexto é o da libertação. Adentram por ela escravos e saem livres. Adentram por ela sem rumo e dela saem repatriados. Imergem por ela pecadores e emergem redimidos. As águas batismais, quer seja do batismo de Jesus ou do batismo celebrado hodiernamente, é símbolo real de toda salvação do ser humano. São águas fecundadas pela ação do Espírito Santo, são águas regeneradoras porque nelas o homem velho se torna novo, são águas que fazem morrer o homem para o pecado e, no mesmo instante, o faz viver para a graça. São águas matriciais que fazem os povos tornarem-se filhos de Deus e da Igreja. Da chaga redentora de Jesus sangue e água são jorrados. Interpretados pelos santos padres da Igreja como a geração do batismo (águe) e da Eucaristia (sangue). Pela água nascemos e pela Eucaristia somos alimentados. A água ainda é sinal da humanidade redimida que só encontra seu lugar junto do divino Criador. A água é símbolo eficaz da presença de Deus na história da salvação, por meio deste possibilitou-se aos homens chegar mais próximo de seu Deus e Nele depositar sua total confiança. Os símbolos, mais do que nunca neste contexto pós-moderno que se encontra o homem, fazem-se necessários para a sua
relação com Deus. Por meio dos símbolos o homem é recolocado em contato com Deus, restabelece o que outrora perdeu. Na revelação de Deus para com a humanidade, o símbolo da água corroborou para que o humano pudesse participar da divindade de seu Criador que, em seu infinito amor, assumiu a condição humana. Na história da salvação, Deus utilizou-se de vários meios para que seu amor chegasse aos seres humanos, os destinatários primeiros da economia salvífica. Utilizou-se de pessoas para guiar o povo, de governantes, de profetas e também de símbolos para Se comunicar de modo concreto com os seres humanos. Por meio da água, elemento vital de todo o cosmos, Deus fez-se próximo e compreensível à experiência humana, para que, por meio dos símbolos, transcendesse à realidade divina. O símbolo da água, presente em todos os eventos da história redentora dos homens, quer seja no princípio da criação, no dilúvio, na travessia do mar Vermelho, no banho do Jordão e no lado aberto de Cristo, é sinal comunicante da salvação ofertada generosamente por Deus. A sua quantidade nunca foi relevante. Dos mares aos lagos, dos rios às fontes, das talhas a uma gota no cálice, a água foi e será o símbolo da regeneração do novo homem e da nova mulher, membros do povo de Deus peregrinante neste mundo.
bíblia
Por padre José Luiz Gonzaga do Prado, biblista e professor na Faculdade Católica de Pouso Alegre
MARCOS, O CRIADOR DO EVANGELHO
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ntes de se escreverem os Evangelhos atuais, havia muitos escritos soltos e sem uma ordem, uma costura dos acontecimentos e das palavras de Jesus. Eram apenas registros por escrito das coisas que os Apóstolos e outros companheiros de Jesus contavam. Marcos foi o primeiro a escrever as “Memórias dos Apóstolos” em ordem, indo de João Batista até a Ressurreição. Deu-lhe o nome de Boa Notícia ou Evangelho. Foi o primeiro. Depois dele, os conhecidos Mateus, Lucas e João escreveram também memórias dos Apóstolos no mesmo esquema, destacando lados diferentes da figura de Jesus. A Comunidade apostólica A comunidade de Marcos já tinha ouvido falar no evangelho ou boa-notícia do Império Romano. Quando o domínio de Roma chegava a um lugar, aquilo era anunciado como evangelho ou boa-notícia. Era notícia de mais opressão, mais exploração e mais sofrimento para o povo, mas a propaganda oficial dizia que era evangelho, boa notícia. A comunidade de Marcos, entretanto, sabia que essa não era uma boa notícia, a verdadeira Boa Notícia ou Evangelho era o fato de Jesus, aquele pobre galileu crucificado, ser a esperança da humanidade. Uma boa notícia que eles deviam levar para todo o mundo. Na época, os zelotes estavam tentando tomar o poder dos romanos. Briga pelo poder não é boa notícia, aquilo
era uma loucura, foi o início de uma grande desgraça. Jesus é o começo de uma coisa nova que deverá chegar ao mundo inteiro. Por isso, Marcos deu ao seu escrito o título de Evangelho, que quer dizer “boa notícia”. Mas o escrito era só um começo, a continuação é por conta da comunidade. Por isso, ele diz assim: “Início da boa notícia (ou evangelho) de Jesus o Messias, filho de Deus”. Foi assim mesmo ou é símbolo Quando escreve as memórias dos Apóstolos, o evangelista não está preocupado com a janela, o que aconteceu tal e qual, mas com o espelho, o que aquilo significa para a comunidade. Em Marcos tudo está cheio de simbolismo. Os primeiros leitores entenderam, sem dúvida, o que significava o cego sentado, mendigo, à beira do caminho. O que signi-
para se aprofundar
ficava ele jogar o manto para trás, dar um pulo e ir até Jesus e, depois, seguir Jesus pelo caminho. Entenderam o significado dos quatro que carregavam a padiola com o paralítico que fizeram passar por cima do teto para chegar até Jesus. O maior erro do fundamentalismo bíblico, diz o Documento sobre a interpretação da Bíblia na Igreja Católica, é pensar que a verdade da Bíblia é a verdade histórica tal e qual. E Bento XVI (Verbum Domini 19) diz que essa nossa curiosidade histórica acaba esvaziando a Palavra de Deus na Bíblia. Precisamos nos perguntar o que cada detalhe daquilo que o Evangelho conta significou quando foi escrito e o que pode significar para nós, hoje. Quando queremos explicar tudo como rigorosamente histórico, esvaziamos a mensagem do Evangelho. É como se, numa encruzilhada, a gente ficasse examinando a placa como tal e dei-
xasse de se orientar pelo caminho que ela aponta. As comunidades de hoje Será que ainda hoje a história da vida de Jesus chamada Evangelho é apenas o começo da boa notícia? Como dar continuidade? Será boa notícia esperar a salvação da humanidade de um condenado à pior das mortes? Pode-se acreditar que uma pessoa condenada pelas autoridades deste mundo tem a ver com Deus? Será que Deus vai se ligar tanto assim a um condenado? Vai colocar nele a esperança da salvação para todos? Boa Notícia por quê? A Boa Notícia ainda não acabou de chegar. Mal começa a se espalhar. Ainda se acredita pouco no valor do pequeno e das pequenas coisas. Precisamos mostrar que a coisa é diferente. Tentam fazer de Jesus um rei potente para esconder que ele foi um condenado pela sociedade. Precisamos dar a boa notícia de que Deus levanta aquele que o mundo derrubou. Precisamos mostrar o lado escondido, o lado de Deus. Ainda querem que a gente esqueça os condenados do nosso mundo para aplaudir os corruptos e os arrogantes. Precisamos mostrar que os condenados à fome e à miséria clamam que está tudo errado. A Boa Notícia de que Deus está do lado dos pobres ainda está só no começo e precisa seguir em frente.
Texto/Imagem: Divulgação
O ANÚNCIO DE JESUS CRISTO: TEMPO DE SEMEAR
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núncio de Jesus Cristo (Tempo de semear) é o primeiro volume da coleção Viver em Cristo, elaborado pela Província Eclesiástica de Pouso Alegre (MG). A coleção se destina à catequese com adultos e possui inspiração catecumenal. Os outros dois volumes são: Aprofundamento da fé (Tempo de cultivar) e Vivência quaresmal e mistagógica (Tempo de colher e partilhar os frutos). Em todos os volumes da coleção, o catequista encontrará pistas para preparação do ambiente, dinamização dos encontros, estudo para sua própria formação, e celebrações para cada encontro e para as etapas mais significati-
vas do processo, inspiradas no Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA). O Tempo de semear é uma oportunidade de oferecer aos iniciandos condições para um primeiro contato com a comunidade, com as celebrações litúrgicas e com a meditação da Palavra de Deus. No entanto, a principal meta a ser alcançada é uma maior clareza de quem seja Jesus Cristo, a quem todo iniciado segue como discípulo e amigo. Os encontros são baseados em profundos textos bíblicos, que apontam para os principais aspectos da pessoa e da ação de Jesus. COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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espaço pastoral
Por: padre Sérgio Bernardes, assessor de comunicação – Diocese de Guaxupé
PASTORAL DA COMUNICAÇÃO E EVANGELIZAÇÃO NAS REDES ATUAIS
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trabalho realizado pela Igreja no âmbito da Comunicação se inspira no modelo de Jesus de Nazaré, que cria uma linguagem simples e direta para comunicar o Reino de Deus. A partir de sua vida e sua pregação, Ele desperta nas pessoas confiança e segurança para que elas possam revelar suas dores, seus sonhos, sua riqueza interior e seus projetos. E faz isso de modo a favorecer o encontro das pessoas consigo mesmas, com sua liberdade interior, com seus dons, e as envolve no compromisso de uma ética de valorização da vida e da dignidade humana, tornando-as protagonistas. (cf. Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, n.º 44). Fiel à sua missão de continuar o anúncio da Boa Nova do Cristo, a Igreja proclama enfaticamente que o movimento rumo à identificação cristã é a proclamação dos direitos do homem. Desse modo, a instituição católica não mede esforços para responder eficazmente às exigências imprescindíveis da dignidade humana. A visão da ética dos direitos humanos está relacionada com os valores do Evangelho. Jesus Cristo, no anúncio de sua mensagem, propõe uma nova ética fundamentada no amor a Deus e ao próximo, exemplificada de modo especial na parábola do Bom Samaritano. Para Jesus, a pessoa humana é templo de Deus.
A Comunicação A comunicação em seu sentido global, como processos e meios, se reveste de importância para a relação entre a Igreja e a sociedade, marcada por desafios e possibilidades no diálogo entre fé e cultura. “A ruptura entre o Evangelho e a cultura é sem dúvida o drama de nossa época, como o foi também em outras épocas. Assim, importa empregar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou mais exatamente das culturas. Estas devem ser regeneradas mediante o impacto da Boa Nova. Mas tal encontro não se dará se a Boa Nova não for proclamada” (Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, n.º 237). Essa vocação de comunicar se expressa por meio do dom da criatividade, do uso da inteligência e liberdade para explorar as ciências, buscar novas linguagens e meios de comunicar seus dons, seus anseios, de expressar sua liberdade e imaginação criadoras. Portanto, “coloca-se como prioridade aprimorar as estratégias de comunicação para que a ação pastoral alcance seus objetivos de forma eficiente” (Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, n.º 126). Os agentes da comunicação Os agentes da comunicação, nas di-
ferentes realidades - leigos, ministros ordenados e consagrados -, precisam desenvolver projetos e trabalhos conjuntos de comunicação, a partir de uma cultura do planejamento e da avaliação das ações comunicativas. É de vital importância promover políticas de sinergia e convergência de comunicação que envolvam todas as pessoas que trabalham com comunicação na Igreja em um processo que valorize sempre mais a ação comunitária sobre as ações individuais. É importante definir metas e estratégias de gestão, estabelecer critérios de decisão e promover encontros que valorizem os acontecimentos nacionais, regionais e diocesanos que possam enriquecer a comunidade. O Processo A compreensão católica sobre o processo de comunicação avançou consideravelmente desde o decreto conciliar Inter Mirifica (1966), marco definitivo na caminhada da Igreja no campo da evangelização midiatizada. Vive-se a era da informação, em nenhum momento histórico a sociedade humana foi tão impactada pelo fenômeno
ano do laicato
Texto: Sirley Aparecida Avelino de Souza, leiga de São Sebastião do Paraíso
O AGIR MISSIONÁRIO DOS DISCÍPULOS
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ara se ter um coração missionário primeiramente é preciso encontrar-se com o Ressuscitado, como Maria Madalena e a outra Maria, como narra Mateus no capítulo 28 do seu evangelho. O itinerário do discípulo missionário é: vinde e depois ide! O ser discípulo missionário é aquele que primeiro se tornou discípulo e, em um segundo momento, se tornou missionário. Primeiro eu estou com Jesus, me converto, mudo a minha mentalidade, pois eu também sou território de missão e depois vou ensinar aos outros o que aprendi com o Mestre. Quando não ensino minha fé, ela se torna morna ou acaba. Se como discípulo eu aprendo, agora é imprescindível e essencial que eu transmita esta mensagem. O Concílio Vaticano II diz que é preciso
conseguir um jeito de pregar o Evangelho de uma forma que o homem moderno entenda. É a mesma doutrina de sempre, o mesmo Evangelho de sempre. Precisamos estar no mundo sem nos mundanizar. Um grande desafio para nós, missionários, pois, muitas vezes, estamos cada vez mais parecidos com o mundo. Não nos diferenciamos muito, temos as mesmas ideias, as mesmas ações. Não vamos conseguir evangelizar com meias verdades do Evangelho, com um paternalismo. É preciso oferecer para o nosso povo a verdade de Jesus Cristo presente na sua Igreja há dois mil anos. Essa é a verdade que suscitou inúmeros homens e mulheres a segui-Lo de todo coração. Ao contrário, a Igreja estará diluída no mundo. São João Paulo II, na Encíclica Fé e Ra-
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da comunicação como atualmente. Assim, a postura eclesial avança fortemente em investir em meios e canais próprios e no diálogo com a mídia convencional para estabelecer-se como interlocutor neste grande diálogo múltiplo de ideias, propostas e discursos. Ao integrar-se ao ambiente da comunicação, a Igreja, em sua tarefa de evangelizar, se esforça em assumir os processos de transmissão da sua verdade de fé, ao mesmo tempo que recebe da realidade interpelações e influências, aspecto próprio de uma comunicação eficaz. A partir dessa abertura, a instituição eclesial desenvolve uma evangelização que repercuta verdadeiramente nas comunidades, pois na prática do diálogo, consegue perceber as necessidades e os anseios dos fiéis, assim como as particularidades do momento histórico atual.
zão, nos exorta que a fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio. Quando conhecemos algo que não é verdadeiro nós rejeitamos! Enquanto missionários, precisamos analisar o motivo da queda do número de católicos. Todos querem ouvir o verdadeiro Jesus Cristo que é capaz de nos tirar do lamaçal do mundo e nos colocar em seu Reino de amor e glória. O agir missionário do discípulo está vinculado à Verdade que salvará toda a humanidade.
assembleia diocesana
Por padre Dione Piza, vigário paroquial em Cabo Verde e membro da equipe de trabalho da Assembleia Diocesana de Pastoral
O PROCESSO SINODAL DE UMA ASSEMBLEIA DIOCESANA
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egundo a Constituição Lumen Gentium do Concílio Vaticano II, uma vez querida por Deus, fundada por Cristo e constantemente vivificada pelo Espírito Santo, a Igreja católica é “constituída e organizada neste mundo como sociedade..., governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele” (LG8). Por sua vez, para o ministério pastoral de dirigir uma diocese, o bispo recebe a colaboração do seu presbitério e de muito fieis leigos, os quais se tornam representantes das comunidades eclesiais espalhadas pelo o território diocesano. Entre as várias formas de cooperação, um delas é a Assembleia Diocesana de Pastoral, representada pela sigla ADP. Mas o que é uma ADP? Uma Assembleia é qualquer reunião de pessoas com um objetivo comum, que após os debates, elaboram um texto para indicar o caminho a ser seguido para o bem de todos. Diz-se diocesana por que os temas a serem debatidos nesta reunião específica nascem da realidade da diocese e buscam indicativas para o bem de todas as comunidades, pastorais e movimento da mesma diocese. E é pastoral por que seu foco é a forma de evangelizar o mundo atual, através das ações pessoais ou coletivas, continuando a obra de Jesus Cristo, Sumo e Eterno Pastor. Esta é uma ação extremante participativa. Uma ADP é ordinariamente convocada pelo Bispo que se põe a ouvir e dialogar com o seu povo. Para que este movimento aconteça é necessária uma previa organização: Primeiramente o Bispo convoca uma equipe que, junto dele, pensará a organização de temas e métodos para que todas as comunidades contribuam.
Após esta etapa, se elabora um texto único que terá a missão de provocar a reflexão pastoral. Este texto é encaminhado os concelhos paroquias e setoriais, às coordenações pastorais, aos religiosos e seminários. Estes terão a missão de estudar os temas propostos e enviar à equipe central suas colaborações, críticas e sugestões, e de forma mais plena, destacar propostas de ação, os chamados projetos pastorais. Então estas propostas são reenviadas à equipe central, a qual as reúne em projetos diocesanos. Estes projetos, nascidos das comunidades e organizados para atingir toda a diocese, serão apresentados, debatidos, aperfeiçoados e aprovados na ADP. Este será o dia da Assembleia diocesana de fato, isto, a grande reunião do povo de Deus que compõe a Igreja particular (diocese) de Guaxupé. Todo este processo parece muito extenso e burocrático, mas é a forma mais genuína da ação pastoral da Igreja no mun-
do. Na tradição religiosa, esta metodologia recebe o nome de sinodal, que quer dizer “caminhar juntos”. Embora seu uso mais amplo nas dioceses seja recente, desde os tempos bíblicos já era conhecido. É sinal disto a forma de organização usada por Moisés (cf. Êx. 18,13-27); a Grande Reunião dos discípulos (cf. At 15,1-40), considerada o primeiro Concílio; e a própria palavra “Igreja” que vem do grego Ekklesia e indica uma assembleia reunida para deliberar sobre algo. A sinodalidade, ou a organização em vários grupos unidos entre si, cooperantes e corresponsáveis, evidencia a beleza da Igreja como sacramento de comunhão, pois mostra a comunhão da Igreja com seu Deus e a comunhão de todos os batizados entre si, formando assim, o único e mesmo Povo Santo de Deus, que enquanto peregrina neste mundo rumo à santidade, caminha sempre junto, feito Povo Santo de Deus.
ANO DO LAICATO Inspiração da Ilustração
Ilustrador: Luís Henrique Alves Pinto “Vós sois o Sal da Terra!” “Vós sois a Luz do mundo!” Cristãos leigas e leigos, Povo de Deus, da Igreja ‘em saída’. Casas, sobrados e verticais moradas na Terra, Casa comum, das muitas moradas. O Sol e a Lua do tempo e do devir, da História em muitas histórias. Nos Rostos e Mãos a diversidade pródiga do Criador: Mulher, Homem, Lavrador, Operário, Criança, Jovem, Negro, Índio... Nas mãos os Cinco Pães e Dois Peixes da partilha e da comunhão fraterna. Nas mãos a Palavra abrindo horizontes. Nas mãos os Instrumentos de Trabalho do Campo e da Cidade. Nas Mãos o Maracá da Festa e da Esperança, a Margarida da ternura e do Martírio. Nas mãos a Pomba da Paz, o Sal da Terra e a Luz do mundo. Hino para o Ano Nacional do Laicato
Letra e Música: Adenor Leonardo Terra Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo, Levai aos povos todos o amor, meu dom fecundo! Teu Reino, ó Jesus Cristo, queremos propagar, Seguindo o teu exemplo, o mundo transformar! 1. Sendo membros do teu corpo, que é a Igreja, Cristãos leigos e leigas construímos nova história! 2. Instruídos por tua santa Palavra, Chamados e enviados para cumprir a missão! 3. Alimentados por teu corpo e sangue, Assumimos, com coragem, a nossa vocação! 4. “Chamados, antes de tudo, à santidade, Interpelados a viver a santidade no mundo!” 5. “Sal da terra, luz do mundo, fermento na massa”, Não deixamos de ser “ramos na Videira”! 6. “Na família, no trabalho, na política, Em todos os âmbitos de atividade humana!” 7. “Verdadeiros sujeitos eclesiais, Aptos a atuar na Igreja e na sociedade!” COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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comunicações aniversários janeiro
Natalício 05 Padre Gledson Antônio Domingues 10 Padre Alessandro Oliveira Faria 11 Padre José Luiz Gonzaga do Prado 12 Dione Romualdo Ferreira Piza 20 Padre Donizete Antônio Garcia 22 Padre Marcelo Nascimento dos Santos
27 Padre Robervam Martins de Oliveira 31 Padre Luiz Tavares de Jesus Ordenação 03 Padre Alexandre José Gonçalves 03 Padre Hiansen Vieira Franco
04 Padre Darci Donizetti da Silva 10 Dom José Geraldo Oliveira do Valle (presbiteral) 13 Padre Homero Hélio de Oliveira 28 Padre Luiz Tavares de Jesus 30 Padre Edimar Mendes Xavier 31 Padre José Neres Lara
agenda pastoral 1 Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria – Dia Mundial da Paz 6 - 7 Retiro do Conselho Diocesano da RCC – Petúnia 7 Epifania do Senhor
CEB’s
13 Reunião do Conselho Diocesano do ECC – Paróquia Mãe Rainha – Guaranésia 15 - 21 Curso de Iniciação Teológica – Guaxupé
Enviado pelo padre José Luiz Gonzaga do Prado, assessor diocesano das Comunidades Eclesiais de Base
OS PODERES PODRES
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m preparação ao 35º Encontro Diocesano das Comunidades Eclesiais de Base, que acontece neste ano, a equipe de organização produziu um texto iluminador para o encontro. Logo abaixo, há uma síntese da temática que será abordada no próximo encontro. “Todo poder corrompe e, quando é grande, corrompe grandemente” dizia o P. Lebret. Podemos completar: Quanto mais monárquico e totalitário é o poder, mais é corruptor. Não podemos ser sacramento de salvação para o mundo político, se não corrigirmos também as tentações que se infiltram nas nossas estruturas de poder, quando cada um e todos querem ser onipotentes. “Aqui quem manda é eu!” é uma frase ou pensamento que não deveria existir. Como agir, então? Desde o final do Concílio Vaticano II, que definiu a Igreja como o Povo de Deus, os documentos dos episcopados brasileiro e latino-americano insistem muito nas comunidades. Comunidade hoje é uma palavra que serve para tudo e da qual muito se abusa, a ponto de chamarem de comunidade uma favela com centenas de milhares de moradores. O documento de Medellin (CELAM, 1968), porém, define a comunidade como “um grupo homogêneo que tenha uma dimensão tal que permita o trato pessoal e fraterno entre os seus membros”. Essa comunidade deve se tornar
família de Deus e estar presente no mundo como fermento. Deve ser “o primeiro e fundamental núcleo eclesial, a célula inicial de estruturação eclesial”. Já o Documento de Aparecida define a comunidade como “família de famílias” (n. 119) a serviço das famílias. Dos documentos da CNBB, passando pelo de número 25, chegamos ao número 100: Paróquia, comunidade de Comunidades. Pelo próprio título já se entende a proposta de fazer das Igrejas locais, a velha paróquia com sua identidade territorial, redes de Comunidades. Aí está o caminho para que a gente possa fazer das estruturas eclesiais um novo paradigma de poder, diferente da-
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quele dos reis da terra e à luz do Lava-pés. “Vocês me chamam de mestre e senhor e eu sou mesmo”. Ser mestre e senhor agora é fazer como ele fez. Sem isso, as Igrejas deixam de ser fermento e perdem a sua utilidade no mundo. Na prática como se faz isso? Não se faz, planta-se. Não existe fabricação de comunidades eclesiais, muito menos fabricação em série. “Olhem o agricultor – já dizia Tiago – ele espera com paciência o precioso fruto da terra”. Um conhecido meu dividiu sua paróquia em tantas comunidades com limites todos determinados por ele. Quem era de uma comunidade não podia ir à Missa na comunidade vizinha, tinha de participar da celebração da Palavra na sua
comunidade. Havia um encarregado das fichas que anotava toda a participação dos membros das comunidades. Ele é quem dizia se aqueles pais podiam pedir o batismo para seu filho ou se aqueles jovens podiam se casar. Contando como era a sua paróquia disse: “Se eu fosse começar de novo,... (arrependeu-se de estar arrependido) faria tudo do mesmo jeito”. Sem metanoia, sem mudar a cabeça, sem verdadeira conversão pastoral, nada feito. Sem mudar a ideia de poder, só continuamos reproduzindo as estruturas deste mundo na instituição eclesiástica, que vai se reduzindo a apenas um elemento cultural que tende a desaparecer em vista da sua inutilidade.