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FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ

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ANO XXXII - 343

Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo

Francisco, Gaudete et Exsultate

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JUNHO DE 2018


editorial expediente Diretor geral

DOM JOSÉ LANZA NETO Editor

PE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808 Equipe de produção

LUIZ FERNANDO GOMES JANE MARTINS Revisão

JANE MARTINS Jornalista responsável

ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265

“Na noite mais escura, surgem os maiores profetas e os santos. Todavia a corrente vivificante da vida mística permanece invisível. Certamente, os eventos decisivos da história do mundo foram essencialmente influenciados por almas sobre as quais nada se diz nos livros de história. E saber quais sejam as almas a quem devemos agradecer os acontecimentos decisivos da nossa vida pessoal, é algo que só conheceremos no dia em que tudo o está oculto for revelado” [Santa Teresa Benedita da Cruz]

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homem, fruto de uma mentalidade moderna, passa por uma questão paradoxal que o afasta da experiência cristã, que lhe parece se impor sobre toda humanidade, com seu caráter de unicidade e universalidade. Essa mentalidade racionalista considera a ação divina como intromissão intervencionista, contrariando os ideais de autonomia e liberdade, além de questionar a ineficácia desta relação Deus-humanidade, em relação à complexidade da vida humana. O momento histórico da modernidade é um desafio para a fé, pois com a autonomia da razão, passa-se a desconsiderar a dimensão religiosa como força transfor-

madora, limitando-lhe ao universo pessoal. Marcada por um forte individualismo, hedonismo e consumismo, o ideal moderno exclui a intervenção religiosa em suas principais discussões, a transcendência passa a ser rotulada como alienação, só seria verdade o que pode ser verificado e experimentado. Nesse contexto, a revelação não é compreendida em sua dinâmica salvífica, numa relação proposta por Deus ao ser humano. Entretanto, esse mesmo ser humano só consegue compreender a fé e a santidade, a partir das suas experiências cotidianas, assim, marcadas pela liberdade, em meios aos obstáculos em contemplar a realidade

da salvação no seu cotidiano. O homem busca ininterruptamente e às apalpadelas um sentido para sua vida, procurando as condições que permitam a vivência de um horizonte transcendental, que lhe aproxime da Palavra e da via da santidade. Somente ao abrir-se à revelação divina, o homem se compreende como ser em relação com os outros e é capaz de estabelecer um diálogo com o Criador, que acontece num contínuo e sutil desenrolar-se do plano salvífico, inesgotavelmente, que segue num acúmulo que se reinterpreta até a Eternidade.

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voz do pastor

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m que ambiente surge a busca da santidade? É possível a santidade acontecer em um ambiente hostil? Árido? O apelo à santidade vem de Deus e é respondida por alguém que reage na transformação de situações difíceis. Em nosso século, creio que duas situações inusitadas nos fazem refletir sobre o tema. A primeira vem de São João Paulo II, por ocasião da Jornada da Juventude, quando o papa propõe aos jovens que acreditem na santidade e busquem-na. Por que esse desafio aos jovens? Certamente, devido às circunstâncias do mundo de hoje. E mesmo porque o jovem gosta de ser desafiado. Agora, o papa Francisco desafia o momento presente pós-moderno, se é que ainda podemos chamar assim, escrevendo uma exortação apostólica Gaudete et Exsultate - sobre o chamado à santidade no mundo atual. O Espírito sopra sempre onde e quando quer e em qualquer situação. A santidade é um sair de si, ir em busca, transformar a realidade, dar um sentido

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novo, um penetrar no mais profundo do ser humano. A santidade de Deus contagia o mundo, renova-o plenamente. Deus sempre agiu numa situação limite para nos salvar. A proposta do Evangelho e a atitude do Santo Padre, e mesmo a vida dos grandes santos e santas, bebem nesta fonte, que é a Santidade de Deus. O que é mais forte, inspirador, novo e fascinante para este momento é a busca da santidade, sem ela permaneceremos na inércia, na mediocridade, na aparência e na superficialidade da vida. Tudo aquilo que realizamos no nosso dia a dia pode nos massacrar e fazer com que percamos o sentido da vida quando, na verdade, devemos descobrir que a santidade se dá nas coisas simples e que a santidade não é só para alguns ou uma elite. Propor a busca da santidade é mais do que um programa, uma sugestão, é realmente o sentido mais genuíno do Evangelho de Jesus. Buscar só a Deus, porque Ele é santo.

Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé

Quando ouvimos dizer que estamos vivendo em um mundo de religião sem Deus ou, ainda o que é pior, uma fé sem Deus, isso representa um esvaziamento total e absoluto da revelação divina. O ser humano está se bastando a si mesmo. Tomemos a exortação do papa Francisco e levemos a sério suas indicações e certamente encontraremos o melhor caminho da vida nova e da santidade. Gosto de ler e, muitas vezes, reler a vida dos santos, especialmente daqueles que receberam a coroa da glória a partir do martírio e da entrega de si mesmo em favor de uma grande causa. Em meio a esta mudança de época, precisamos de pessoas iluminadas, corajosas e empenhadas a nos propor o caminho da santidade, que será a grande força renovadora e transformadora no mundo, tão desacreditado. Invoquemos como exemplo aquela que é santa, plena da graça de Deus, a senhora fiel, a Mãe de Deus e nossa!


opinião

Por padre Dione Piza, administrador paroquial em Juruaia

FÉ E A CULTURA DO CAFÉ: GOLINHOS DE FORÇA PARA CAMINHAR

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esde minha infância, no bairro Barra Bonita (Muzambinho, MG), os dias de inverno têm mais aroma que qualquer outra estação: é tempo da panha de café! Seria mais culto dizer colheita, mas panhar café não é só recolher o fruto do cafeeiro mas, sim, acordar de manhã em meio ao frio da geada fina; encher a garrafa de água e os olhos de esperança; é abraçar o embornal com tanto afeto a ponto de esquentar a marmita; é preparar os objetos com a mesma devoção com que o padre prepara o altar, é ver a mãe ou a esposa, ao romper da aurora, ajeitar o almoço dentro do embornal; ver os trabalhadores se paramentarem com esmero: sapatos bem fechados e vestes grossas, toscas luvas para as mãos e para a cabeça um boné ou chapéu, que será a proteção contra a garoa, o sol e a chuva. É sair cortando o nevoeiro, tal como os discípulos de Emaús, passo lento e coração carregado, mas certo de que não se está só: embora os olhos não vejam, é sentir o coração arder pela presença de Deus e Nossa Senhora, que também são boias-frias conosco, e nos cumprimentam no canto do bem-te-vi, na pressa da siriema, no voo do gavião e no calor dos primeiros raios de sol, colorindo

os picos orvalhados das montanhas. A lida é dura, mas cada um traz em si algo que não se explica e que chamamos esperança. Após ir para o seminário, pensei que estas coisas da panha se apartariam de mim. Vã ilusão! Quem vive junto do cafezal, comunga tanto de seu perfume que nunca se arreda dele! Certo dia, preparando uma palestra sobre o documento Evangelho da Alegria (Evangelii Gaudium), caiu-me a citação “a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros” (EG 10). Por divina inspiração, pensei: “o ciclo do café é a melhor comparação para isto!” E foi aí que passei a contemplar a teologia dos boias-frias, a qual agora relato: Durante meses, o pé de café gera seu fruto com mestria: grãos perfilados nos galhos e revestidos de uma veste, de cor cereja ou dourada, tão bela “que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles” (Lc 12, 27). Seus galhos não possuem espinhos que ofereçam resistência. Porém, no auge de sua doçura, cada grão é brutalmente arrancado e o cafeeiro os oferta sem protesto: seu fruto é “como um cordeiro levado ao matadouro” (Is 53,7). Ah, se soubéssemos nos ofertar

como oferta o café! Sem prestígio, sem recompensa, sem suborno, sem propina! Após a colheita, os grãos passam pela seca. Esparramados no terreiro, são expostos ao sol para desidratarem. E quanto mais exposto está, mais perfume oferta! Como é bom retornar à tarde e ser recebido pelo seu perfume! O sumo de cada grão concentra-se e então adquire mais sabor! Às vezes, é necessário que a gente passe pela provação do sol e adquira mais aroma! Não podemos ser católicos que “ouvem a Palavra e a aceita com alegria. Mas, sem raiz, não dura muito tempo” (Mt 13,19s). As provações não apenas nos queimam, mas também fazem com que apuremos a fé e, apesar da dor, exalemos o “suave perfume de Cristo” (2Cor 2,15). Após a seca, é preciso tirar a casca. Só então um peculiar dourado se revela e, se a veste do grão maduro era bela, esta outra é ainda mais! Não deve ser fácil tal metamorfose, mas é necessária. Necessária também o é na vida de fé: é preciso sempre mudar a roupagem para emergir a novidade. Já disse Paulo: “Vós vos despistes do homem velho com os seus vícios, e vos revestistes do novo” (Cl 3, 9s). Ah, se acreditássemos nisto de verdade! De fato “um

evangelizador não deveria ter constantemente uma cara de funeral!” (EG 10). Quem dera se entendêssemos que, tal como na história de Bartimeu, o milagre só acontece quando temos a coragem de “jogar fora o manto, erguer-se em um salto e ir para Jesus” (cf. Mc 10,50)! Após isso, vem a torrefação e a moagem. No fogo, cada grão é experimentado! E quanto mais queimado e moído, mais perfuma! Também Jesus, quanto mais humilhado e pisado foi, mais amor verteu nos braços da Santa Cruz! Aí reside a loucura do cristianismo: amar mesmo quando só se sente dor! Assim escreveu o Papa: “somos chamados a ser pessoas-jarro para dar de beber aos outros. Às vezes, o jarro transforma-se numa cruz, mas foi precisamente na Cruz que o Senhor se entregou como fonte de água viva!” (EG 86). E mais ou menos assim, aprendi teologia com o café. Quando tomo um gole de café, lembro-me que a cada ano meu povo renova sua esperança, e que cada golinho é uma oportunidade de prosear com um amigo, de refletir as crises pessoais, teologizar e perceber Deus no comum de cada dia!

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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notícias Paróquia investe em formação dos fiéis no Ano do Laicato Texto/Imagem: Padre Juliano Borges de Lima

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Paróquia São Francisco e Santa Clara, em Poços de Caldas, promoveu, entre os dias 16 e 18 de abril, encontros de reflexão sobre o Laicato. Foram dias de aprofundamento no conhecimento e na meditação sobre o papel, a identidade e a missão do leigo na Igreja. A formação abordou a valorização do leigo na Igreja primitiva, sistematizando os diversos concílios em relação ao laicato, valorizando o histórico do leigo na Igreja do Brasil, assim como o período pré-tridentino,

Poços de Caldas acolhe ordenação diaconal

Texto: Douglas Ribeiro | Fotos: Pascom Auxiliadora

com a romanização e seus impactos sobre o laicato até chegar ao Concílio Vaticano II, “divisor de águas” para a compreensão da urgência da missão do laicato (LG 4). O percurso de formação foi concluído com o documento 105 da CNBB, “Cristãos Leigos e leigas na Igreja e na Sociedade: Sal da Terra e Luz do Mundo!”, enfatizando o leigo como sujeito eclesial, protagonista em meio a um mundo para ser fermento transformador, inclusive na política.

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a manhã do dia 21 de abril, às 09h30, na paróquia São Sebastião em Poços de Caldas, Antônio Batista Cirino foi ordenado diácono pela imposição das mãos de dom José Lanza e pela oração da Igreja. Escolheu como lema: “Faça-se em mim segundo a Tua palavra” (cf. Lc 1, 38). “Para apascentar e fazer crescer cada vez mais o povo de Deus, o Cristo Senhor instituiu na Igreja diversos ministérios, destinados ao bem de todo o povo” (Lumen Gen-

Jovens coordenadores do TLC participam de formação Texto/Imagem: Fabrício Marques

Encontro Nacional de Presbíteros destaca o discipulado e pastoreio na evangelização

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Texto: Portal A12/Imagem: Arquivo Pessoal

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o dia 22 de abril, os coordenadores do Treinamento de Liderança Cristã (TLC) da Diocese de Guaxupé estiveram reunidos na sede do Instituto Federal do Sul de Minas, em Muzambinho, para uma formação com os membros do Secretariado Nacional do movimento, Maycon Leite e Giovana Marcon. O TLC é um movimento da Igreja Católica direcionado à Juventude. Nasceu em Campinas, em 1967, com o padre Haroldo Rahm, jesuíta americano nascido no Texas e hoje naturalizado brasileiro. Na Diocese de Guaxupé, o TLC atua em 14 paróquias, ajudando a despertar jovens

para o serviço a Deus nas comunidades como líderes cristãos. Estiveram presentes coordenadores de 12 cidades. A temática da formação girou em torno dos fundamentos principais do encontro, bem como metodologias e cronograma. De acordo com o coordenador nacional e condutor do dia de formação, Maycon Leite, as formações são necessárias para aprimorar cada vez mais as atividades realizadas pelo movimento. “O estudo se faz necessário para aquele que está à frente do movimento em sua paróquia, pois é preciso ter sempre certeza e clareza naquilo que se está orientando”, conclui.

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tium, n. 18). Santo Inácio de Antioquia afirma claramente nos seus escritos que o ofício de diácono é o próprio ministério de Jesus Cristo, que antes dos séculos estava junto do Pai e se manifestou a toda a humanidade. O diácono Antônio é natural de Paraguaçu, da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, e exercerá seu ministério diaconal na Paróquia São Francisco de Paula em Monte Santo de Minas, onde já exerce a função de diretor da Rádio Progresso.

e 26 de abril a 2 de maio, o Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, no Santuário Nacional, acolheu a 17ª edição do Encontro Nacional de Presbíteros. A reunião contou com a participação de mais de 500 padres, representando todas as dioceses e arquidioceses do Brasil. Os trabalhos foram orientados com o tema: “Presbítero: discípulo do Senhor e pastor do rebanho” e o lema: “cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho, pois o Espírito Santo vos constituiu como guardiães” (At 20,28). Segundo o presidente da Comissão Nacional dos Presbíteros, padre José Adelson

da Silva Rodrigues, o encontro acontece a cada dois anos, em Aparecida (SP), intercalando com os encontros regionais. “É um encontro de participação, comunhão e reflexão da missão. Com certeza, o encontro faz reflexão sobre as dimensões da formação dos presbíteros, pois precisamos pensar e fazer uma avaliação de nossas ações atuais, para projetar ações futuras”. Representaram a diocese os padres César Acorinte (representante dos presbíteros e coordenador da pastoral presbiteral), Reginaldo da Silva e Alexandre José Gonçalves (delegados eleitos para o encontro).


CEB’s discutem a urgência das pautas sociais em encontro diocesano

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Texto: padre José Luiz Gonzaga do Prado/ Imagem: Arquivo

conteceu em Machado, de 27 a 29 de abril, o 35° Encontro Diocesano das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Veio de Roma, para assessorar o encontro, o padre Alfredo J. Gonçalves, superior Geral da Congregação dos Padres de São Carlos Borromeu, também chamados de carlistas ou escalabrinianos. Acolhidos os mais de cem representantes de todos os setores pastorais da Diocese de Guaxupé, além de um grupo da Diocese de Leopoldina, membros da coordenação estadual, o encontro teve início com a celebração dos Mártires de hoje, preparada pela equipe de Machado. O tema do encontro era Podres Poderes, indicando a força corruptora do poder em toda sociedade, inclusive na Igreja. O lema era a palavra evangélica: “Entre vocês, não pode ser assim”. O assessor propôs suas reflexões com a metáfora das quatro estações do ano. A

primeira estação é o túnel escuro, a crise social, econômica, política e eclesial que atravessamos. “A tentação é pararmos no chororê (sic) ou sonharmos com a volta ao passado, com saudade do que não foi vivido. No entanto, basta abrirmos os olhos que

vemos a encruzilhada à frente, com muitas saídas”, indicou padre Alfredo. A segunda estação é a democracia. A democracia chegou à política e acabou com a dinastia ou sucessão familiar no poder político. Ninguém mais tem direito hereditário

ao poder político, o poder é do povo. Não chegou, porém, à economia. O poder econômico continua passando de pai para filho, continua no sistema da dinastia. E hoje tem muito mais força do que o poder político. O voto é importante, mas não é tudo. Hoje se pode fazer a democracia direta (não representativa) através das redes sociais. 3ª Estação: Novo Brasil. Diversas leituras da realidade sócio-econômico-política do Brasil dos autores Caio Prado Júnior, Celso Furtado, Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freire e Henrique Faoro. 4ª Estação: De volta às fontes. À luz do episódio dos discípulos de Emaús, padre Alfredo propôs ações e atitudes cristãs para se enfrentar os desafios da realidade. Domingo de manhã, após a Missa, reuniram-se os setores para as conclusões e decisões finais.

Regional Leste 2 promove formação Vaticano lança documento sobre questões econômicas e missionária para seminaristas sociais do dinheiro Richard Oliveira, seminarista e coordenador do Comise na Diocese de Guaxupé/ Imagem: Divulgação

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os dias 4 a 6 de maio, aconteceu, na cidade de Luz (MG), o 8º Formise (Formação Missionária de Seminaristas). O encontro reuniu cinquenta representantes de 21 dioceses do Regional Leste 2 da CNBB e duas dioceses convidadas: Parintins (AM) e Livramento (BA). Na abertura, o bispo referencial para Ação Missionária no Regional Leste 2, dom José Lanza Neto, destacou a importância da formação missionária para seminaristas e a organização dos conselhos missionários para seminaristas (Comise). Para assessorar o encontro, foi convidado o padre Antônio Niemiec, secretário da Pontifícia União Missionária. O assessor fez uma retomada história do desenvolvimento da ação missionária na América Latina e no Brasil e do desenvolvimento do Documento de Aparecida. Ressaltou, ainda, que com o pontificado de Francisco e por meio da encíclica Alegria do Evangelho, as propostas de Aparecida foram estendidas para toda a Igreja. O Assessor chamou a atenção para uma

mudança de visão com relação à missão. “Ela deve deixar de ser programática para se tornar paradigmática, ou seja, a missão não pode se resumir a eventos missionários, ela é a essência da Igreja e deve ser cultivada nos formandos como verdadeira espiritualidade”. O encontro teve espaço ainda para um momento de partilha entre os coordenadores de Comises e entre membros de províncias eclesiásticas para avaliar a caminhada da formação missionária nos seminários e elaborar propostas de ação para o Regional. Cabe ressaltar a comunhão que há entre o Plano Trienal Nacional do Comise, os três eixos de ação sugeridos pelas províncias eclesiásticas, e a proposta da coordenação regional do Comise: promover encontros com as Províncias para facilitar a compreensão e articulação da ação missionária. O encontro foi encerrada com a celebração eucarística presidida por dom José Aristeu, bispo diocesano de Luz, concelebrada por dom José Lanza e o padre Antônio Niemiec, na Catedral de Luz.

Texto: Vatican News

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s temáticas econômicas e financeiras para progredirem “no caminho de um bem-estar para o homem que seja real e integral”, devem estar ligadas a um claro “fundamento ético” e à necessária “união entre o conhecimento técnico e a sabedoria humana”. Esta é uma das premissas que orientam o novo documento: “Oeconomicae pecuniariae quaestiones”. Considerações para um discernimento ético sobre alguns aspectos do atual sistema econômico-financeiro”. Trata-se de considerações aprovadas pelo Papa Francisco, que também ordenou a sua publicação. Participaram na apresentação do texto, na Sala de Imprensa da Santa Sé, no dia 17 de maio, o cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e Dom Luis Francisco Ladaria Ferrer, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. No encontro com os jornalistas, tomaram parte, também, os economistas Leonardo Becchetti, professor de economia política na Universidade Tor Vergata de Roma, e Lorenzo Caprio, professor de finanças corporativas na Universidade Católica.

O documento também analisa a história recente do tecido econômico mundial. “A recente crise financeira – é enfatizado -, poderia ser uma oportunidade para desenvolver uma nova economia mais atenta aos princípios éticos e para uma nova regulamentação da atividade financeira, neutralizando os aspectos predatórios e especulativos e valorizando os serviços à economia real”. Apesar dos “esforços positivos em vários níveis”, não houve “uma reação que tenha levado a repensar os critérios obsoletos que continuam a governar o mundo”. Para remodelar os atuais sistemas econômico-financeiros, cada um de nós – lê-se, enfim, no documento – “pode fazer muito, especialmente se não permanecer sozinho”: “muitas associações da sociedade civil representam, neste sentido, uma reserva de consciência e responsabilidade social”. Hoje, mais do que nunca, “todos somos chamados a vigiar como sentinelas da vida boa e a nos tornarmos intérpretes de um novo protagonismo social, marcando nossa ação na busca do bem comum e baseando-a nos sólidos princípios da solidariedade e da subsidiariedade”.

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em pauta GAUDETE ET EXSULTATE: “CADA SANTO É UMA MISSÃO; É UM PROJETO DO PAI”

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exortação Apostólica Gaudete et exultate, “Alegrai-vos e Exultai”, sobre o chamado à santidade no mundo contemporâneo é um documento de cinco capítulos e 177 parágrafos que convida à santidade hoje. O Papa explica que a santidade não é uma chamada para poucos, mas um caminho para todos. A “classe média” da santidade No primeiro capítulo, o Papa convida: “não pensemos apenas em quantos já estão beatificados ou canonizados” (6). E continua: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é, muitas vezes, a santidade ‘da porta do lado’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da ‘classe média da santidade’” (7) Cada um de nós O Papa deseja recordar a chamada “de cada um de nós” (10) à santidade, cada um no seu caminho. E de modos muito variados. “A propósito de tais formas distintas, quero assinalar que também o ‘gênio feminino’ se manifesta em estilos femininos de santidade, indispensáveis para refletir a santidade de Deus neste mundo. “Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada

dia, onde cada um se encontra” (14). A santidade dos pequenos gestos “Esta santidade, a que o Senhor te chama, irá crescendo com pequenos gestos. Por exemplo, uma senhora vai ao mercado fazer as compras, encontra uma vizinha, começam a falar e… surgem as críticas. Mas esta mulher diz para consigo: ‘Não! Não falarei mal de ninguém’. Isto é um passo rumo à santidade. Depois, em casa, o seu filho reclama a atenção dela para falar das suas fantasias e ela, embora cansada, senta-se ao seu lado e escuta com paciência e carinho. Trata-se doutra oferta que santifica. Ou então atravessa um momento de angústia, mas lembra-se do amor da Virgem Maria, pega no terço e reza com fé” (16). Santidade e missão “Para um cristão, não é possível imaginar a própria missão na terra sem a conceber como um caminho de santidade, porque esta é, na verdade, a vontade de Deus: a [nossa] santificação (1 Ts 4, 3). Cada santo é uma missão; é um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspeto do Evangelho” (19). “Esta missão tem o seu sentido pleno em Cristo e só se compreende a partir d’Ele. No fundo, a santidade é viver em união com Ele os mistérios da sua vida” (20). “O desígnio do Pai é Cristo, e nós n’Ele. Em última análise, é Cristo que ama em nós, porque a santidade ‘mais não é do que a caridade plenamente vivida’” (21). Sem medo O Papa Francisco repete várias vezes no documento que não devemos temer: “não tenhas medo da santidade. Não te tirará forças, nem vida nem alegria. Muito pelo contrário, porque chegarás a ser o que o Pai pensou quando te criou e serás fiel ao teu próprio ser. Depender d’Ele liberta-nos das escravidões e leva-nos a reconhecer a nossa dignidade” (32).

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Dois inimigos sutis No segundo capítulo, o Santo Padre chama a atenção “para duas falsificações da santidade que poderiam extraviar-nos: o gnosticismo e o pelagianismo”. São formas de segurança doutrinária que dão origem “a um elitismo narcisista e autoritário, onde, em vez de evangelizar, se analisam e classificam os demais e, em vez de facilitar o acesso à graça, consomem-se as energias a controlar” (35). O Papa adverte que podemos encontrar estas atitudes dentro da própria Igreja: “é típico dos gnósticos crer que eles, com as suas explicações, podem tornar perfeitamente compreensível toda a fé e todo o Evangelho” (39). Deus é sempre uma surpresa “Quando alguém tem resposta para todas as perguntas, demonstra que não está no bom caminho e é possível que seja um falso profeta, que usa a religião para seu benefício, ao serviço das próprias lucubrações psicológicas e mentais. Deus supera-nos infinitamente, é sempre uma surpresa e não somos nós que determinamos a circunstância histórica em que O encontramos, já que não dependem de nós o tempo, nem o lugar, nem a modalidade do encontro. Quem quer tudo claro e seguro, pretende dominar a transcendência de Deus” (42). A caridade no centro O Papa conclui recordando que “existe uma hierarquia das virtudes” e que “no centro, está a caridade” (60). Ou, de um modo gráfico: “no meio da densa selva de preceitos e prescrições, Jesus abre uma brecha que permite vislumbrar dois rostos: o do Pai e o do irmão” (61). As bem-aventuranças lidas nos dias de hoje No terceiro capítulo, o Papa se refere às Bem-Aventuranças como “a carteira de iden-

tidade do cristão”, e oferece pautas para viver estas recomendações de Jesus nos dias de hoje. “ Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida” (63). • «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu» “As riquezas não te dão segurança alguma. Mais ainda: quando o coração se sente rico, fica tão satisfeito de si mesmo que não tem espaço para a Palavra de Deus, para amar os irmãos” (68). • «Felizes os mansos, porque possuirão a terra» “É uma frase forte, neste mundo que, desde o início, é um lugar de inimizade, onde se litiga por todo o lado, onde há ódio (...). Embora pareça impossível, Jesus propõe outro estilo: a mansidão” (71). E recorda aos cristãos que “Mesmo quando alguém defende a sua fé e as suas convicções, deve fazê-lo com mansidão (cf. 1 Ped 3, 16), e os próprios adversários devem ser tratados com mansidão (cf. 2 Tm 2, 25). Na Igreja, erramos muitas vezes por não ter acolhido este apelo da Palavra divina” (73). • «Felizes os que choram, porque serão consolados» “A pessoa que, vendo as coisas como realmente estão, se deixa trespassar pela aflição e chora no seu coração, é capaz de alcançar as profundezas da vida e ser autenticamente feliz” (76). • «Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados» “A justiça, que Jesus propõe, não é como a que o mundo procura, uma justiça muitas vezes manchada por interesses mesquinhos, manipulada para um lado ou para outro. A realidade mostra-nos como é fácil entrar nas súcias da corrupção, fazer parte dessa política diária do ‘dou para que me deem’, onde tudo


Por Opus Dei

é negócio” (78). “Buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade”. • «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» “O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles (7, 12). O Catecismo lembra-nos que esta lei se deve aplicar ‘a todos os casos’” (80). “Dar e perdoar é tentar reproduzir na nossa vida um pequeno reflexo da perfeição de Deus, que dá e perdoa superabundantemente” (81). • «Felizes os puros de coração, porque verão a Deus» “Esta bem-aventurança diz respeito a quem tem um coração simples, puro, sem imundície, pois um coração que sabe amar não deixa entrar na sua vida algo que atente contra esse amor, algo que o enfraqueça ou coloque em risco” (83). • «Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus» “Os pacíficos são fonte de paz, constroem paz e amizade social. Àqueles que cuidam de semear a paz por todo o lado, Jesus faz-lhes uma promessa maravilhosa: serão chamados filhos de Deus (Mt 5, 9). Aos discípulos, pedia-lhes que, ao chegar a uma casa, dissessem: a paz esteja nesta casa! (Lc 10, 5) (...). E na nossa comunidade, se alguma vez tivermos dúvidas acerca do que se deve fazer, procuremos aquilo que leva à paz (Rm 14, 19)” (88). • «Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu» “Se não queremos afundar numa obscura mediocridade, não pretendamos uma vida cômoda”, recomenda-nos o Papa (90). “Para viver o Evangelho, não podemos esperar que tudo à nossa volta seja favorável” (91). Mas, por outro lado, esclarece que “um santo não é uma pessoa excêntrica, distante, que se torna insuportável pela sua vaidade, negativismo e ressentimento. Não eram assim os Apóstolos de Cristo. O livro dos Atos se refere, com insistência, que eles

gozavam da simpatia de todo o povo (2, 47; cf. 4, 21.33; 5, 13)” (93). Uma regra de comportamento “No capítulo 25 do Evangelho de Mateus (vv. 31-46), Jesus volta a deter-se numa destas bem-aventuranças: a que declara felizes os misericordiosos”. “O texto de Mateus 25, 35-36 ‘não é um mero convite à caridade, mas uma página de cristologia que projeta um feixe de luz sobre o mistério de Cristo’. Neste apelo a reconhecê-Lo nos pobres e atribulados, revela-se o próprio coração de Cristo, os seus sentimentos e as suas opções mais profundas, com os quais se procura configurar todo o santo” (96). Cinco grandes manifestações de amor No quarto capítulo, Francisco mostra algumas características “indispensáveis” da santidade no mundo atual, que constituem “cinco grandes manifestações do amor a Deus e ao próximo, que considero particularmente importantes devido a alguns riscos e limites da cultura de hoje” (111). Começa com “suportação, paciência e mansidão”. Recomendando estas virtudes, constata como “é impressionante como, às vezes, pretendendo defender outros mandamentos, se ignora completamente o oitavo: não levantar falsos testemunhos e destrói-se sem piedade a imagem alheia”. O Papa recomenda a humildade, explicando que “uma pessoa, precisamente porque está liberta do egocentrismo, pode ter a coragem de discutir amavelmente, reclamar justiça ou defender os fracos diante dos poderosos, mesmo que isso traga consequências negativas para a sua imagem” (119). Alegria e Bom humor O Santo Padre esclarece: “O que ficou dito até agora não implica um espírito retraído, tristonho, amargo, melancólico ou um perfil sumido, sem energia. O santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor. Sem perder o realismo, ilumina os outros com um espírito positivo e rico de esperança” (122). Audácia e fervor

O Papa explica a palavra grega parresia: “é ousadia, é impulso evangelizador que deixa uma marca neste mundo” (129). “Olhemos para Jesus! A sua entranhada compaixão não era algo que O ensimesmava, não era uma compaixão paralisadora, tímida ou envergonhada, como sucede muitas vezes conosco. Era exatamente o contrário: era uma compaixão que O impelia fortemente a sair de Si mesmo a fim de anunciar, mandar em missão, enviar a curar e libertar” (131). “Deus é sempre novidade, que nos impele a partir sem cessar e a mover-nos para ir mais além do conhecido, rumo às periferias e aos confins. Leva-nos aonde se encontra a humanidade mais ferida e aonde os seres humanos, sob a aparência da superficialidade e do conformismo, continuam à procura de resposta para a questão do sentido da vida. Deus não tem medo! Não tem medo! Ultrapassa sempre os nossos esquemas e não Lhe metem medo as periferias. Ele próprio Se fez periferia (cf. Flp 2, 6-8; Jo 1, 14). Por isso, se ousarmos ir às periferias, lá O encontraremos: Ele já estará lá. Jesus antecipa-se a nós no coração daquele irmão, na sua carne ferida, na sua vida oprimida, na sua alma sombria. Ele já está lá” (135).

A Luta contra o mal Ao início do quinto e último capítulo, o Papa lembra que a vida cristã é “uma luta permanente” (158). “É também uma luta constante contra o demônio, que é o príncipe do mal” (159). “De fato, quando Jesus nos deixou a oração do Pai-Nosso, quis que a concluíssemos pedindo ao Pai que nos livrasse do Maligno. A expressão usada não se refere ao mal em abstrato; a sua tradução mais precisa é ‘o Maligno’. Indica um ser pessoal que nos atormenta. Jesus ensinou-nos a pedir cada dia esta libertação para que o seu poder não nos domine” (160).

A importância da comunidade O Papa recordou a importância da ajuda recíproca dos cristãos, mencionando comunidades que foram canonizadas juntas, grupos de mártires, e “de igual modo, há muitos casais santos, onde cada cônjuge foi um instrumento para a santificação do outro” (141). Depois ressaltou que esta vida comunitária “compõe-se de tantos pequenos detalhes diários. Assim acontecia na comunidade santa formada por Jesus, Maria e José” (143).

Sempre “Quando perscrutamos na presença de Deus os caminhos da vida, não há espaços que fiquem excluídos. Em todos os aspetos da existência, podemos continuar a crescer e dar algo mais a Deus, mesmo naqueles em que experimentamos as dificuldades mais fortes”. “Aquele que pede tudo, também dá tudo, e não quer entrar em nós para mutilar ou enfraquecer, mas para levar à perfeição” (175).

Oração e adoração “Por fim, mesmo que pareça óbvio, lembremos que a santidade é feita de abertura habitual à transcendência, que se expressa na oração e na adoração” (147). E pergunta a cada um se tem “momentos em que você se coloca na Sua presença em silêncio, permanece com Ele sem pressa, e se deixa olhar por Ele?” (151).

O discernimento Para “saber se algo vem do Espírito Santo ou se deriva do espírito do mundo e do espírito maligno” (166), o único caminho é o discernimento. “O discernimento não é necessário apenas em momentos extraordinários, quando temos de resolver problemas graves ou quando se deve tomar uma decisão crucial; mas é um instrumento de luta, para seguir melhor o Senhor. É-nos sempre útil, para sermos capazes de reconhecer os tempos de Deus e a sua graça” (169).

A figura de Maria “Desejo coroar estas reflexões com a figura de Maria, porque Ela viveu como ninguém as bem-aventuranças de Jesus” (176). “Espero que estas páginas sejam úteis para que toda a Igreja se dedique a promover o desejo da santidade. Peçamos ao Espírito Santo que infunda em nós um desejo intenso de ser santos para a maior glória de Deus” (177).

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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laicato JORNADA DE FORMAÇÃO PARA O LAICATO: “A DIOCESE CONVOCA E O POVO COMPARECE”

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Encontro faz parte do calendário diocesano de comemorações em ocasião do Ano Nacional do Laicato

a Solenidade de Pentecostes, celebrada no dia 20 de maio, mais de 1300 líderes leigos e leigas da Diocese de Guaxupé se reuniram em Juruaia para a Jornada Diocesana de Formação para Leigos. O encontro foi destinado aos integrantes dos conselhos pastorais paroquiais (CPP’s) e dos conselhos administrativos e econômicos paroquiais (CAEP’s). O evento contou com a participação de leigos e leigas dos 41 municípios que compõem a diocese. O objetivo central do evento foi oferecer uma formação eclesial sobre a realidade e a missão do laicato na Igreja. A assessoria do evento foi feita especialmente por leigos e um presbítero da própria diocese, além de um leigo convidado da Arquidiocese de Pouso Alegre. Testemunho e Santidade Na abertura do encontro foi rezado o Ofício Divino das Comunidades. Logo em seguida, a primeira colocação foi realizada pelo leigo Giovanni Marques da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG) e

professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre, onde estudam os seminaristas diocesanos. Para o assessor, a vocação laical pode ser compreendida em três eixos fundamentais: santidade, comunhão e testemunho. “A principal contribuição que nós podemos oferecer [à Igreja] como leigos é a consagração de toda nossa vida a Deus, deixando o Espírito Santo conduzir o nosso caminho”. Ele ainda comentou a importância do testemunho e da santidade: “Procurando descobrir os dons que cada um tem, para que Deus possa dar através da nossa vida o recado de salvação ao mundo. Ou buscamos de modo sincero a santidade que é deixar Deus agir em nossa vida ou a nossa vida de atuação na Igreja é vazia”. Para Giovanni, a Diocese apresenta características essenciais para vivenciar a missão cristã, com dinamismo e fidelidade. “Eu senti uma animação, um entusiasmo muito grande que só pode vir do Espírito Santo. Eu vi uma Igreja viva, uma Igreja que está querendo crescer na

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fidelidade do Espírito Santo e de viver esse mandato missionário”. “Mais do que ir de porta em porta, visitando, indo ao encontro das pessoas, o que é necessário, mas que ao mesmo tempo é consequência de uma missão existencial, de uma missão de vida que a gente deve procurar desenvolver, que é ouvir o chamado de Deus para cada um de nós”, aprofunda o sentido central da experiência missionária. Missão e Serviço A segunda fala do evento foi do padre Alexandre José Gonçalves, assessor diocesano da Formação de Leigos, que refletiu sobre o tema Conselheiros e agentes de Pastoral. Na visão apresentada pelo padre, os líderes estão no conselho de pastoral, mas antes, estão na comunidade, fazem parte dos seguidores de Jesus e agem de acordo com sua fé. Os leigos devem desenvolver sua missão na alegria de saber que fazem parte da Igreja e são portadores da Boa Nova que trabalham na articulação da comunidade cristã.

Muito além de exercer um trabalho na Igreja, o leigo atuante deve estar marcado por uma experiência de fé vivida em comunhão e com vontade de anunciá-la. O padre apresentou uma afirmação do papa Francisco na exortação apostólica A Alegria do Evangelho. “O cristão ‘tem que ser missionário’, e agora em sua última exortação Alegrai-vos e Exultai, o papa indica que ‘o cristão tem de ser um missionário, mas um missionário santo’, tornando-se um evangelizador que reza e trabalha”. Continuando a meditar a proposta do papa Francisco, disse que não servem propostas místicas desprovidas de uma espiritualidade missionária, mas é necessário uma mística que seja capaz transformar o coração e a realidade das pessoas. “Precisamos ser pessoas em estado permanente de conversão”, afirmou o padre. Para Maria Vita dos Reis de Alfenas, participante do evento, “as pessoas podem estar a serviço em uma pastoral, ser um padre, ou até um bispo, mas se ela não tiver uma afinidade com Deus,


Por Douglas Ribeiro/Luiz Fernando Gomes / Imagens: Renan Beraldo

um espírito de oração, não conseguirá entender bem qual é seu papel e executar bem sua missão, pois, sem espiritualidade, não conseguimos pensar como Jesus pensou a ação pastoral”. “Fé não é somente olhar para Cristo, esse é o primeiro passo, mas ela deve ser também, a partir do olhar a Cristo, um olhar para o mundo. Em outras palavras, o cristão precisa olhar o mundo com os olhos de Jesus”. Nesse sentido, padre Alexandre ainda completou: “vocês têm a missão de transformar o mundo, e a grande base para fazer isso é a comunidade de fé, a qual vocês pertencem”. A indicação é que o serviço do conselheiro deve ser realizado em equipe, pois ninguém é capaz de dar conta de tudo, servindo-se da cooperação e não da competição. Coordenar não deve ser executar sozinho, mas favorecer a união e a ajuda mútua. E, além disso, abrir caminhos para que outros assumam seu papel depois. “Se um líder não tem essas atitudes, ele tem falhado feio no seu papel de líder”, afirmou o padre. “O leigo deve se colocar a serviço, mas com o coração aberto, colocando a si mesmo em saída, se dispondo a servir integralmente. Nós não podemos ser apegados a nosso trabalho pastoral, achando que todo mérito é nosso. Pelo contrário, nós devemos servir por amor, sabendo que o mérito é de Jesus. Devemos estender nossas mãos, enxergando o bem comum”, partilhou a missionária Adalgisa Anunciação, de Botelhos. Padre Alexandre pontuou ainda que “a missão é de Jesus, mas feita pelas mãos de seus discípulos, é um compromisso inerente à fé que eles professam”. O discípulo deve ser marcado pelo fogo de anunciar, curar e perdoar dado aos discípulos no texto bíblico dos Atos dos Apóstolos (At 2, 1-11). “Ou a Igreja é missionária, ou ela deixa de ser cristã. Somos cristãos e, por isso, temos que viver todos os momentos de nossa vida à luz da fé, como um casamento, na busca constante de conversão”, terminou. Comunhão e Unidade Concluindo o ciclo das colocações da

Jornada, os membros leigos da equipe preparatória da 5º Assembleia Diocesana de Pastoral, Jorge Damasceno e Rosinei Costa Papi Dei Agnoli, apresentaram aos participantes algumas contribuições a respeito do protagonismo do leigo na comunidade paroquial e na ação evangelizadora no mundo. Ao falar sobre a organização dos agentes de pastoral, Jorge enfatizou que, “os conselhos dos leigos devem ser constituídos por um espaço de comunhão e unidade, na busca pelo serviço fraterno. Por isso, desde a sua criação já deve ter em mente o acolhimento de todos”. E concluiu: “Que cada um prossiga no seu caminho, sabendo da importância de nos acolhermos e não brigarmos por cargos e espaços”. Dando continuidade à reflexão sobre a missão dos seguidores de Jesus, Rosinei afirmou: “Nós não somos objetos, nós não somos tarefeiros. O nosso maior compromisso, como leigos, não é dentro da Igreja, mas o nosso campo de missão é o mundo. Nós vamos servir na Igreja e na sociedade”. Em consonância com o apelo do papa Francisco de uma Igreja em saída, a conferência destacou que os cristãos são convocados a sair de si mesmos e ir ao encontro das pessoas que estão afastadas da comunidade e à margem da sociedade, sendo sinal de Deus nas mais diversas realidades, agindo como sal da terra e luz do mundo. Ao se referir aos presbíteros e ao bispo, Rosinei disse aos sacerdotes presentes: “Nós estamos com vocês, nós esta-

mos juntos de vocês, nós assumimos o nosso compromisso, a nossa identidade de filhos e filhas de Deus, nós abraçamos juntos com vocês a nossa missão, o nosso compromisso com Jesus Cristo. Nós nos comprometemos a não mais reclamar, a não mais murmurar, mas ter essa mística de olhos abertos. Estamos aqui para servir e pedimos: nos enviem sem medo para o mundo”. A proposta diocesana indica investimento na formação de ‘autênticos sujeitos eclesiais’. Assim afirma Rosinei: “[A Diocese] oferece oportunidades de estudo, de formação integral e percebo que deseja ampliar e favorecer cada vez mais as possibilidades e modalidades de formação”. Em uma entrevista após a formação, Rosinei compartilhou sua alegria pela realização do evento: “A Jornada foi um forte sinal e uma resposta dos leigos e leigas da diocese de corresponsabilidade e comunhão. E mais, da sede do povo de Deus de aprender e o desejo de amadurecer a fé. É bonito ver: a diocese convoca e o povo comparece! Lá tínhamos um povo atento e disposto. Sinal de Pentecostes!”, terminou. Missa de Encerramento Na missa de encerramento do evento, o bispo diocesano, dom José Lanza Neto, destacou a formação como elemento fundamental para a vida eclesial. “Acredito numa formação popular, abrangente, para que nossos fiéis recebam toda informação a respeito da sua Igreja, porém é aí que está o nosso desa-

fio. Pois, só assim entenderemos melhor o caminho de fé da verdadeira família de Deus, que nós queremos ser”. A Igreja de Guaxupé reunida na Jornada de Formação suplicou a vinda do Espírito Santo para fortalecer e abrir os caminhos da sua ação evangelizadora. A diocese, que concluiu há pouco o processo das Santas Missões Populares, agora se prepara para a realização da 5º Assembleia Diocesana de Pastoral, estudando e delimitando seus objetivos de ação evangelizadora. Em sua reflexão, o bispo comentou a necessidade de uma Igreja ministerial, formada por lideranças locais, que seja capaz de superar seus conflitos, caminhando com disposição e alegria, rumo ao Reino de Deus, imprimindo em cada discípulo de Jesus a marca da santidade. Sobre a Solenidade de Pentecostes, o bispo comentou que “só é possível entender Pentecostes a partir do Pai que ama e nunca desiste dos seus filhos. E, no tempo oportuno, mandou seu Filho, que mesmo sendo morto, não parou na morte, mas ressuscitou. Ademais, antes de sua paixão, ensinou e formou seus discípulos, mostrou-lhes o caminho do Reino e, depois de sua ascensão, enviou o Espírito Santo sobre eles fortalecendo-os e enchendo-os de coragem para anunciá-lo”. “É com essa marca que devemos sair dessa celebração: acolhendo o Espírito Santo de Deus, suplicando que Ele nos ajude a transformar a nossa realidade”, concluiu Dom José Lanza.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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política

Por padre Alfredo J. Gonçalves, CS, assessor do 35º Encontro Diocesano de CEBs

CARTA AO FUTURO PRESIDENTE DA REPÚBLICA Estimado Senhor Presidente!

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stá em curso o processo eleitoral de 2018. Por isso, não sei ainda seu nome, o que não me impede de escrever-lhe. Quero ser um simples porta-voz de milhões de brasileiros e brasileiras dos porões, grotões e periferias do país. Quando o Senhor entrar no Palácio da Alvorada, sua futura habitação, lembre-se da multidão de brasileiros sem nome, sem rosto e sem endereço fixo. Cidadãos e cidadãs que “não moram, apenas se escondem” como ratos assustados. Quando o Senhor cruzar a rampa do Palácio do Planalto, lembre-se dos que, nas imensas planícies, erram pelo território nacional sem terra, sem trabalho, sem teto... e sem destino! Quando o Senhor tomar posse de seu escritório, lembre-se de dialogar com os movimentos e organizações sociais, desconfiando de quem sempre se apressa a “pagar a conta”. Quando o Senhor pegar o carro oficial do chefe de Estado, lembre-se daqueles que, um dia após outro, se deslocam para o trabalho nos raros e precários meios de transporte público. Quando o Senhor visitar um médico

particular de alta confiança, lembre-se das longas filas de enfermos que sofrem e agonizam em frente aos hospitais e postos de saúde ou daqueles que sequer chegam até as proximidades de um pronto-socorro. Quando o Senhor realizar sua primeira viagem ao exterior como nosso representante maior, lembre-se não só da boa vizinhança diplomática com os países centrais, mas em particular da cultura solidária com as outras nações subdesenvolvidas. Quando o Senhor receber seu primeiro salário na função de presidente, lembre-se dos milhões de desempregados e subem-

pregados, trabalhando nos subterrâneos da economia, que não conseguem colocar o “pão nosso de cada dia” na mesa de seus filhos. Quando o Senhor escolher seus colaboradores Ministros, em lugar dos privilégios de quem historicamente ocupa o pico da pirâmide social, lembre-se das políticas públicas em favor dos interesses e necessidades da população de baixa renda. Quando o Senhor percorrer as estradas do país, lembre-se dos brasileiros que, por falta de condições de sobrevivência, tiveram de abandonar sua terra natal, como

para aprofundar

Texto/Imagem: Divulgação

DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA E O VATICANO II

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ste ensaio foi concebido como ferramenta com a qual o leitor poderá lapidar a pedra preciosa da vida humana e cristã, ao oferecer-lhe um mapeamento que aponta para as quatro grandes direções da opção cristã: produzir frutos para a vida do mundo (OT 16). A primeira direção se volta para a busca do seu sentido: qual é o mistério que lhe dá razão de viver? A segunda direção equaciona a práxis existencial: o que fazer para viver humana e cristãmente? A terceira direção é: com que mística se cultiva a opção de vida humana e cristã? Por fim, a quarta direção: onde ou em que se dá a celebração da vida autenticamente humana e cristã? Portanto, o presente ensaio não pretende dispensar o leitor de se

aproximar do rico e dinâmico conteúdo do ensinamento social da Igreja. Mas, para isso, ousa apresentar uma possível chave de leitura das encíclicas sociais. A partir da constituição conciliar Gaudium et Spes, a história humana onde se situa a Igreja adquire a consistência de um lugar teológico pelo que o presente da existência humana é “espaço de uma possível palavra de Deus (na história)”. Ora, isso abre a história humana para novos horizontes de compreensão e impulsiona a novos compromissos éticos e políticos. Assim, a nova forma de pensar a história como lugar onde se situam os tradicionais lugares teológicos (Escritura, Tradição e Magistério) aponta para um caminho a ser percorrido em dois âmbitos essenciais: o

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também dos que chegam a esta nação em busca de um solo que possa ser chamado de pátria. Quando o Senhor consultar o mapa brasileiro, lembre-se de olhar não somente para os centros mais economicamente dinâmicos, mas de modo especial para as populações, regiões e biomas que necessitam de maior cuidado por parte do poder público. Quando o Senhor visitar a Amazônia, lembre-se de que o globo é um organismo dinâmico que, para viver e garantir a biodiversidade, necessita de água transparente, sangue de suas veias, bem como de ar puro para seus pulmões. Quando o Senhor elaborar seu projeto de governo, use o poder como um serviço à justiça e ao direito, depurando, sem medo, os vírus e vícios dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. Quando o Senhor se sentar na cadeira presidenciável, lembre-se de trocar o piloto automático das leis de mercado pelo piloto manual, no sentido de ajustar a rota desta gigantesca nave em favor de uma trajetória popular e participativa.

da antropologia e o da eclesiologia. Por outro lado, ao constatar que o Concílio assume a historicidade como princípio pelo qual o pensar teológico é levado a entender as formas de conceber o homem e a sociedade, percebe-se que ambos se tornaram mais complexos e ricos. Essa maneira de entender a própria realidade do conhecimento humano em sintonia com o espírito do tempo e de lhe captar a complexidade indica um marco hermenêutico pelo qual os padres conciliares apontam para um contexto no qual seus pronunciamentos foram gerados. Não se trata de pôr acento em novidades nem de distinguir, de forma excludente, o dogmático do pastoral.


vocações

Por padre Leandro Melo, reitor do Seminário São José e membro da Comissão para o Diaconado Permanente

DIACONADO PERMANENTE: RIQUEZA MINISTERIAL PARA A IGREJA “O diácono, colaborador do bispo e do presbítero, recebe uma graça sacramental própria. O carisma do diácono, sinal sacramental de Cristo-Servo, tem grande eficácia para a realização de uma Igreja servidora e pobre, que exerce sua função missionária com vistas à libertação integral do homem” (Puebla, 697).

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Igreja diocesana de Guaxupé celebrou recentemente seu centenário. Em tantos anos de história missionária sementes foram lançadas e hoje já é possível colher frutos de uma Igreja Particular, que avança em sua missão de ser toda ministerial. Para enriquecer ainda mais a missão diocesana, alguns passos foram dados para a instalação do ministério do Diaconado Permanente. O diácono é uma vocação ministerial para o serviço, seu nome vem do termo diakonia, que significa serviço. O diaconado é um ministério presente desde os primórdios da Igreja. A Igreja situa sua origem na escolha de sete homens de “boa reputação, repletos do Espírito e de Sabedoria para o serviço das mesas” (At 6,1-6). Existe também outro escrito antigo que faz referência à missão do diácono, como a Didaqué no capítulo 15, que assevera a escolha de homens “dóceis, desprendidos, verazes e firmes”. Por séculos, a missão do diácono firmou-se na dimensão da caridade, no serviço do culto e da pastoral. Porém, na Igreja Latina, após várias mudanças na disciplina, esse ministério ficou adormecido. O “Concílio de Trento dispôs que o diaconado permanente fosse retomado como era antigamente, segundo a natureza própria, como função originária da Igreja, porém tal prescrição não foi posta em prática” (DH, 2013, p. 1198) Contudo, o ministério do diaconado permanente ganhou forças novamente no Concílio Vaticano II. A constituição Lumen Gentium, promulgada em 1964, fomentou a restauração do diaconado em um “grau próprio e permanente da hierarquia, onde poderia recebê-lo os homens de idade madura, mesmo casados, ou moços idôneos, para os quais prevaleceria a lei do celibato” (29). Ainda afirma a Lumen Gentium que os “diáconos estão em grau inferior da

hierarquia. São impostas as mãos não para o sacerdócio, mas para o ministério. Servem o povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade em comunhão com o bispo e o presbitério” (29). Anos mais tarde, após acolher diversos pedidos para a restauração do diaconado permanente, em 1967, o Papa Paulo VI promulgou a carta apostólica Sacrum Diaconatus Ordinem, que regulamentou a restauração do diaconado permanente onde o então papa afirmou que cabe “às diversas Conferências Episcopais territoriais competentes decidir, com a aprovação do Sumo Pontífice, se e onde é oportuno instituir tais diáconos para a cura de almas, julgamos, todavia, não só oportuno mas necessário que se publiquem a este respeito normas certas e precisas para adaptar a disciplina em vigor às novas determinações do Concílio Ecumênico, e para definir as justas condições não só para regulamentar da maneira mais conveniente o ministério diaconal, mas também para que a preparação dos candidatos corresponda mais adequadamente às diversas condições da sua vida, às suas tarefas comuns e à sua dignidade sagrada”. Julio Bendinelli, ao apresentar a carta apostólica do Papa Paulo VI, destacou as competências do ministério do diácono permanente que são: “auxiliar o bispo e o presbítero durante as ações litúrgicas; administrar o batismo; conser-

patrimônio

LUMEN GENTIUM: OS DIÁCONOS

E

m grau inferior da hierarquia estão os diáconos, sobre quem foram impostas as mãos «não em ordem ao sacerdócio mas ao ministério». Pois que, fortalecidos com a graça sacramental, servem o Povo de Deus em união com o Bispo e o seu presbitério, no ministério da Liturgia, da palavra e da caridade. É próprio do diácono, segundo for cometido pela competente autoridade, administrar solenemente o Batismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar o Matrimônio em nome da Igreja, levar o viático

aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à oração dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos do funeral e da sepultura. Consagrados aos ofícios da caridade e da administração, lembrem-se os diáconos da recomendação de S. Policarpo: «misericordiosos, diligentes, caminhando na verdade do Senhor, que se fez servo de todos». Como, porém, estes ofícios, muito necessários para a vida da Igreja na disciplina atual da Igreja latina, dificilmente podem ser exercidos

var e distribuir a eucaristia; levá-la como viático aos doentes, conceder a bênção eucarística, assistir matrimônios e abençoá-los; administrar sacramentais e presidir aos ritos fúnebres; ler para os fiéis a Escritura, instruir e animar o povo. Presidir cultos e orações na ausência do sacerdote; dirigir as celebrações da palavra; exercer, em nome da hierarquia, os deveres da caridade e da administração; conduzir, em nome do bispo e presbítero, comunidades cristãs dispersas; promover e sustentar as atividades apostólicas dos leigos” (Diaconia da Palavra, 2009, p. 179). Evidentemente que, para assumir esse ministério na Igreja, será exigido dos candidatos ao diaconado permanente um processo de acompanhamento e discernimento real das intenções do mesmo. As diretrizes para o diaconado permanente da Igreja no Brasil elucida que o diácono, por estar “inserido nas complexas situações humanas, tem um amplo campo de serviço em nosso Continente. Através da vivência da dupla sacramentalidade, a do matrimônio e o da Ordem, ele realiza seu serviço, detectando e promovendo líderes, promovendo a corresponsabilidade de todos para uma cultura da reconciliação e da solidariedade, principalmente nas zonas rurais distantes e nas grandes áreas urbanas” (CNBB 96, 41). No mesmo documento, a CNBB elucida que para que tal ministério seja exercido com

grandeza, requer-se uma formação integral e exigente dos candidatos. A formação integral compreenderá, também, as dimensões humano-afetiva, intelectual, espiritual e pastoral missionária. Para uma formação da maturidade humano-afetiva do candidato, deve-se “privilegiar a capacidade de abertura, sentir com o outro; de doação, capacidade de partilha e de relacionamento; o ser flexível, respeitar as diferenças” (CNBB 96, 150). Já a dimensão intelectual deve provocar no candidato alcançar uma melhor “compreensão da realidade humana, interpretando-a à luz da fé e da Palavra de Deus e discernindo as linhas de ação evangelizadora” (CNBB 96, 162). A formação do diácono também requer uma sólida formação espiritual. Provocar-se-á no candidato uma espiritualidade “centrada e vivida na Eucaristia; na vivência dos sacramentos e de toda a liturgia; na leitura orante da Palavra de Deus; na recitação da Liturgia das Horas; na oração pessoal, familiar e contemplativa; no serviço do povo pela caridade pastoral; na orientação espiritual; na partilha comunitária e na comunhão eclesial” (CNBB 96, 172). Também o documento da CNBB 96 elucida que a formação deve favorecer a dimensão pastoral, onde o candidato encontre condições para “crescer na assimilação das atitudes de Cristo-Servo; no compromisso pessoal, com o povo de Deus, Bispo e presbitério; na promoção do ecumenismo e diálogo inter-religioso” (CNBB 96, 177) e no acompanhar a formação de novas comunidades eclesiais (DAp 205). Na formação, dar-se-á ênfase especial à dimensão da caridade e da promoção social, como um dos pilares da organização da Igreja de Jesus Cristo. Destacar-se-á a Doutrina Social da Igreja e a organização da caridade, ao nível diocesano e paroquial.

ÍCONE SANTO ESTEVÃO

em muitas regiões, o diaconado poderá ser, para o futuro, restaurado como grau próprio e permanente da Hierarquia. Às diversas Conferências episcopais territoriais competentes cabe decidir, com a aprovação do Sumo Pontífice, se e onde é oportuno instituir tais diáconos para a cura das almas. Com o consentimento do Romano Pontífice, poderá este diaconado ser conferido a homens de idade madura, mesmo casados, e a jovens idôneos; em relação a estes últimos, porém, permanece em vigor a lei do celibato.) COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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comunicações aniversários junho Natalício 14 Padre Sidney da Silva Carvalho 15 Padre Adivaldo Antônio Ferreira

19 Padre Wellington Cristian Tavares 22 Padre Donizete Miranda Mendes 29 Padre Pedro Alcides Sousa

agenda pastoral

2 Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral – Guaxupé 3 Ultréia do Cursilho Encontro Setorial da Mãe Rainha Encontro dos MECE’s do Setor Alfenas 4 – 7 Assembleia CONSER e Encontro Regional dos Coordenadores Diocesanos Pastoral – Caeté 8 Solenidade do Sagrado Coração de Jesus Encontro do Clero para Dia de Oração pela Santificação do Clero – Guaxupé 8 – 10 Encontro Vocacional no Seminário São José – Guaxupé

Ordenação 19 Padre Clayton Bueno Mendonça 19 Padre Juliano Borges Lima

9 10 11 14 16 17 23 27

25 Padre Eder Carlos de Oliveira 26 Padre Bruce Éder Nascimento

Reunião do Conselho Diocesano do ECC – Cássia Encontro Setorial da Mãe Rainha – Setor Cássia Encontro dos MECE’s – Setor Poços de Caldas Reunião da Pastoral Presbiteral – Guaxupé Reunião do Conselho de Formação Presbiteral – Guaxupé Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPS’s) Encontro Diocesano para Coordenações Paroquiais de Catequese – Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana de CEBs – Nova Resende Encontro com os Presbíteros até 5 anos de ministério

atos da cúria Provisões • Nomeação do ecônomo da Diocese de Guaxupé: o revmo. Padre José Augusto da Silva por um quinquênio a partir de 11 de maio de 2018. • Nomeação do reitor do Seminário Santo Antônio, em Pouso Alegre: o revmo. Padre Edimar Mendes Xavier. Envio Missionário • A Diocese de Guaxupé enviou dois presbíteros para servirem à Diocese de São Ga-

missão

SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA

C

om território do tamanho do estado de São Paulo, a Diocese de São Gabriel da Cachoeira no estado do Amazonas está no extremo noroeste do país, com 95% da população de origem indígena. São 23 etnias e 18 línguas nativas, entre elas o nheengatu, idioma sancionado pelo Estado Brasileiro, ensinado nas escolas e com validade em órgãos e documentos oficiais. Fundada em 1761 pelo capitão de Portugal José da Silva Delgado, São Gabriel da Cachoeira passou pouco mais de dois séculos alheia ao desenvolvimento experimentado por outras cidades amazonenses. A extensão da diocese é de 293 mil km2, para se ter uma ideia a extensão territorial da Diocese de Guaxupé é de 15 mil km2. A área ocupada pela diocese abrange toda a bacia do Rio Negro. A população chega aproximadamente a 100 mil habitantes de maioria católica.

Curiosamente, a diocese é composta por somente 3 municípios: Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira. É também nessa região que está cercado pela floresta tropical o Pico da Neblina, o pico mais alto do Brasil. Explicar onde fica é fácil: olhando no mapa do Amazonas, está no extremo noroeste, no limite com a Colômbia e a Venezuela, às margens da Bacia do Rio Negro. Chegar lá não é tão fácil assim: são 850km de Manaus, viajando de barco três ou quatro dias, de lanchas ou, 4 vezes por semana, com o pequeno avião que parte de Manaus. Dom Edson Tasquetto Damian, desde 2009, é o bispo de São Gabriel da Cachoeira, ex-prelazia apostólica da Amazônia desde 1925 e diocese desde 1981. A diocese possui 10 paróquias atendidas por sacerdotes diocesanos, religiosos e missionários.

12 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

briel da Cachoeira (AM). Os padres que estarão servindo em missão serão: padre Antônio Carlos de Melo e padre Heraldo de Freitas Lamim. Transferências • Padre Dione Romualdo Ferreira Piza assume como administrador paroquial da Paróquia São Sebastião, em Juruaia. • Padre Edimar Mendes Xavier assume como administrador paroquial da Paróquia São Benedito, em Petúnia.


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