jornal_comunhao_junho_2019

Page 1

FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ

|

ANO XXXII - 355

|

JUNHO DE 2019


editorial G expediente Diretor geral

DOM JOSÉ LANZA NETO Editor

PE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808 Equipe de produção

LUIZ FERNANDO GOMES JANE MARTINS Revisão

eralmente quando pronunciamos a palavra amor, somos inundados por referências românticas, não necessariamente o amor em sentido erótico entre duas pessoas, mas o conjunto referencial do Romantismo, período artístico dos séculos 18 e 19. Esse movimento de influência ampla oferece à humanidade uma visão idealizada de todo o universo simbólico humano. Disso, decorre a criação de concepções supervalorizadas e irreais de tudo o que nos cerca: o país, a família, as relações amorosas e os valores universais. Como fruto disso tudo, ainda hoje, mantemos enraizados em nossa visão de mundo uma concepção extremamente utópica de tudo aquilo que está em nosso universo pessoal. O problema está justamente no contraponto imediato com a realidade vivida. Sempre há um certo descompasso entre aquilo que sonhamos ou almejamos e a vida real, concreta e desafiante. Não é errado ser otimista diante dos problemas e das circunstâncias da vida, o insustentável é justamente não

equilibrar anseios e sonhos com uma realidade marcada por intolerâncias, insatisfações e limites. É importante termos em mente que amar a vida, as pessoas e o mundo exige justamente menos idealizações e mais concretude, pois é na experiência real que tudo se dá e se desenvolve. Os sonhos obviamente nos ajudam a ter inspiração e a suavizarmos o mundo em que estamos inseridos, mas não é aconselhável viver uma vida sem uma visão autêntica de tudo o que está a nossa volta. Jesus de Nazaré nos mostra que o caminho da caridade exige de nós uma abertura profunda para percebermos o outro (o mundo, a vida, as pessoas) com olhar real e consciente de que o outro tem seus limites, mas é justamente desse modo em que eu sou capaz de amá-lo, respeitá-lo e integrá-lo. Quando Jesus chama dois discípulos que demonstram seu interesse em conhecer seu Caminho, Ele responde: “Vinde e vede”! (Jo 1, 39). Nenhuma proposta autêntica de vida é possível se não formos capazes de reco-

nhecer o que é verdadeiro e o que está a nossa volta. Fechar os olhos àquilo que não nos agrada no outro (no mundo, na vida e nas pessoas) é condenar-se a uma vida fake, onde tudo parece pronto, resolvido e acabado, mas o que existe verdadeiramente é uma sensação falsa de contentamento e satisfação, que não nos deixa caminhar livres das ilusões, aquelas criadas por nós mesmos e as que os outros nos oferecem insistentemente. A experiência humana sempre terá suas marcas utópicas e os sonhos sempre serão combustíveis a nos levar longe, mas não podemos nos furtar a oportunidade de reconhecermos na vida, real e transitória, a beleza que há em viver, mesmo com as dificuldades e os limites da existência. Sugiro que modifiquemos o olhar apaixonado por uma visão amorosa do outro (mundo, vida e pessoas), pois só o amor autêntico é capaz de amar sem ilusões, pois reconhece que apesar das incoerências e das inconsistências há caminhos a ser percorridos por todos nós, seres sempre em contínua construção e desconstrução.

JANE MARTINS Jornalista responsável

ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265 Projeto gráfico e editoração

BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160 Telefone 35 3551.1013

E-mail

guaxupe.ascom@gmail.com Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal. Uma Publicação da Diocese de Guaxupé www.guaxupe.org.br

voz do pastor

Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé

ENCONTRAR-SE PELO REINO DE DEUS

A

afetividade e a gentileza nas relações humanas não dispensam as referências da cultura, da educação e dos princípios ético-morais e sociorreligiosos, mas tudo o que se coloca a serviço do homem nas suas relações será sempre bem-vindo. Ao longo da história, tivemos inúmeros frutos da inteligência humana: o telefone, a carta, o rádio amador, o telegrama, o cinema, o teatro, a poesia e tantas outras invenções. Hoje, avançamos ainda mais na busca de novas tecnologias, até mesmo a inteligência artificial, e isso tem influenciado profundamente em nosso modo de nos relacionarmos. São incríveis os grandes avanços do mundo pós-moderno, mas parece que mesmo nos desenvolvendo na técnica, temos uma dívida enorme com o desenvolvimento do ser humano como um todo, nos níveis psicológico, interior, espiritual e evolutivo.

2 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

As ciências, mesmo em constante avanço, não respondem aos grandes e profundos anseios da realização humana e nem mesmo oferece respostas satisfatórias diante da realidade do homem atual. Ainda, nos deparamos com o comportamento desprezível em nossas relações: nosso acolhimento, nossa aceitação, nosso ir ao encontro do outro. Isso sem falar no perdão, no amor e na compaixão, que estão desaparecendo de nós. Cada qual vai se fechando em seu mundo de negócios, trabalho, pensamento e o isolamento se concretiza cada vez mais. É preciso resgatar o ser humano, trazer de volta à sua essência, caracterizada pelo relacionamento mais profundo e intenso consigo mesmo, com os outros e com Deus. O ser humano é fundamentalmente um ser relacional, só assim se enriquece e preenche o seu vazio interior. E quanto mais vamos ao encontro com o outro, mais nos tornamos plenos de nós

mesmos, transbordamos de felicidade e do desejo de promover o outro, não sobrando espaço para o egoísmo. Quanto mais exercermos a afetividade e a gentileza, mais crescemos e faremos a diferença, deixamos de ver o outro como competidor e, às vezes, como inimigo. Ficamos assustados, quando nos deparamos com pessoas boas, fraternas, generosas e acolhedoras, como se isso fosse a exceção. Faz-se necessário rompermos com um mundo tão indiferente e agressivo, chegando ao grau tão desumano da violência. É preciso resgatar o que é sagrado, isto é, aquilo que vem do berço, da família, da escola, da cultura e de nossas próprias relações. O Evangelho de Jesus é iluminador e nos ajuda a criar esse mundo novo, onde as relações também sejam novas. Deus de amor, faça de nós criaturas totalmente transformadas e novas.


opinião

Por padre Dione Piza, administrador paroquial em Juruaia e membro do Serviço de Animação Vocacional diocesano

A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE AMIZADE E INVOLUÇÃO DE SUA VIVÊNCIA

É

certo que vivemos em uma fração histórica de profundas transformações, tanto pessoal como global. Tais mudanças são atribuídas às revoluções que estremeceram a caminhada humana em relativo curto espaço de tempo. Não poucos evidenciam a chamada crise de sentido do homem moderno. Diante de tal cenário, apontam os bispos em Aparecida: “As novas gerações são as mais afetadas; crescem na lógica do individualismo pragmático e narcisista” (DAp 51). Frente a tal cenário, nota-se a redução de verdadeiras relações pessoais cara-a-cara, tais como a amizade, e sua substituição por espaços virtuais com amizades igualmente virtuais, distantes, numéricas e solitárias. Por isso, urge uma reflexão sobre a riqueza dos sentimentos e ações que são constituintes do ser humano, como a amizade, a reciprocidade e a alteridade, já que a vida social é algo fundamental à existência e sobrevivência humana. O termo amizade vem do latim amicitas (afeição, aliança, pacto). No grego, o correspondente philía já é usado pelo poeta Homero (928-898 a.C.) para expressar relação de proximidade. Contudo, é Aristóteles quem se debruça sobre o tema, na obra Ética a Nicômaco, na qual busca compreender o que é a amizade. Para ele, a amizade é mais que uma ligação afetiva, mas a busca do bem recíproco seja entre amigos, na família ou na pólis (cidade): aqueles que amam apenas pela utilidade não amam o outro, mas o que ele tem a oferecer. A amizade ideal é uma relação harmoniosa, que visa ao bem reciprocamente: o outro não é meio, mas fim em si mesmo. Amor e amizade se completam, porém se diferem: o amor é um sentimento e a amizade, uma escolha. Esta é virtuosa, essencial ao homem feliz, não provém do sentimentalismo, e tem que ser recíproca. Na cultura grega, prossegue o pensamento da amizade como virtude, autores como Epicuro, Cícero, Fílon de Alexandria e Plotino. No cristianismo, a amizade é um sentimento humano chamado a ser divino. Enquanto a philia exige a reciprocidade, o amor ágape a dispensa, já que ele vai além da troca de favores. O termo hebraico utilizado para designar amor é ahava, o qual, assim como em português, refere-se a um amplo agregado de ações, dentre estes a amizade. São exemplos bíblicos a amizade entre Davi e Jonatas, a relação de Moisés com Deus (Ex 33, 1ss), e os conselhos dos livros dos Provérbios (Pr 27, 17) e Eclesiástico (Eclo, 6 e 27). Nos Evangelhos, Jesus usa o termo philein ao pedir aos discípulos a renúncia familiar em

vista de seu seguimento; João faz uma clara distinção entre os termos agapan e philein ao referir-se ao amor de Jesus por Lázaro e Maria, e no capítulo 19, no diálogo de Jesus e Pedro. Num trecho do Evangelho de João (15,15), podemos ler a máxima: “vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer”. Porém, é no capítulo 15, versículo 12 do evangelho de João que ocorre a cisão fundamental do conceito grego: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como vos amei. Ninguém tem maior amor do que quem que dá a vida por seus amigos”. O amor cristão difere-se do presente em outras religiões por significar algo maior que a bondade e apontar uma complexidade que engloba toda a experiência humana.

Na Tradição cristã, a amizade destaca-se com Santo Agostinho na obra Confissões. Para o autor, a verdadeira amizade só acontece quando o amor é dispensado primeiramente a Deus e sucessivamente, ou nele, ao amigo ou inimigo: “Feliz o que Vos ama, feliz o que ama o amigo e Vós, e o inimigo por amor de Vós” (Cf. Confissões, 4,9) Também Tomás de Aquino trabalha o tema comentando os pensamentos aristotélicos da Ética a Nicômaco e afirma que a amizade é um fruto da virtude e, por isso, extremamente necessária à vida humana. Concorda que é necessário que haja reciprocidade para a existência da amizade, e que não se pode ter muitos amigos, tendo em vista que o amor superabundante não o pode ser para muitos.

Os patamares filosóficos e teológicos do tema exigem dos pensadores modernos uma reflexão ainda mais existencial. Na contemporaneidade, percebemos o distanciamento dos indivíduos e a ausência de uma reflexão do papel do outro. Ressurge um conceito aristotélico com roupagem contemporânea que tenta compendiar o mais puro da amizade virtuosa e do amor total: a alteridade, do latim alteritas: ser o outro, colocar-se ou constituir-se com o outro. Martin Buber (1878-1965), de tradição judaica, teve seu modo de filosofar influenciado pela 2ª Guerra Mundial. Em sua obra Eu e Tu destaca a necessidade de relacionamento com o outro “o eu se realiza na relação com o Tu”, e caso alguém queira destruir o outro, na verdade estará destruindo a si mesmo: “ao cessar o encontro imediato, o Tu tende a tornar-se Isso, e tal fato é uma grande melancolia de nosso destino”. Esta relação encontra sua perfeição em Deus, pois Ele é o Tu eterno: “As linhas de todas as relações, se prolongadas, entrecruzam-se no Tu eterno. Cada Tu individualizado é uma perspectiva para ele”. Emmanuel Lévinas (1906-1995), de família judia, viveu a 1ª Guerra Mundial como refugiado e foi prisioneiro na 2ª Guerra Mundial, onde provou os extremos da vida humana. O que ele propõe não está ligado à compaixão, mas em ultrapassar estas relações que coisificam (rotulam) o outro, atribuindo-lhe categoria. Propõe a relação face a face, pois uma vez que estamos frente ao outro, somos por ele responsáveis. Lévinas aproxima-se do conceito de amor ágape, uma vez que também indica um fazer desinteressado. Após contemplar os extremos da vida humana em um campo de concentração nazista, ele encontra na alteridade a razão do existir. Frente a tudo isso, resta-nos uma conclusão: Na atualidade, principalmente com o avanço tecnológico e virtual, é corriqueiro nomear como amigos inúmeros contatos virtuais. Os princípios básicos de escolha desapareceram. Como resultante, tem-se o vazio humano, fruto do distanciamento da pessoa de outras e de si próprio. Não há mais tempo para os relacionamentos, apenas para os relamentos. Decai o viver juntos (conviver) e o próprio sentido de realidade. É acertado que o homem contemporâneo carece de uma saída para se reconhecer novamente, e por que não retornar à “perda de tempo” de ser amigos? Por que não reaprender o sentido da canção: “Precioso és para Deus e para mim; se acaso precisar podes contar comigo”?

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

|3


notícias CNBB aprova novas diretrizes com ênfase na realidade urbana e no espírito missionário Texto| Imagem: Assessoria de Comunicação | CNBB

A

s Novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o próximo quadriênio (2019 a 2023), após intenso processo de debate e acréscimos dos bispos, foram aprovadas no dia 6 de maio pelos participantes da 57ª Assembleia Geral, em Aparecida (SP). Segundo o padre Manoel de Oliveira Filho, membro da Comissão do Texto Central sobre as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), o central nas Novas Diretrizes é mais uma vez um novo chamado de retorno às fontes para olhar a experiência das comunidades primitivas e inspirados por elas formar, no hoje da história e na realidade urbana, comunidades eclesiais missionárias. “Que essas comunidades eclesiais missionárias tenham jeito de casa, de acolhida, não uma coisa estática de paredes simplesmente, ou da estrutura física. Mas, acima de tudo as diretrizes falam de um jeito de ser, de uma postura que lembre, evoque a ideia da casa que acolhe, que é espaço de ternura e misericórdia”, disse.

A realidade urbana, fragmentada, carregada de luz e de sombras, mas também cheia de potencialidades, é definida pelo padre muito mais do que um lugar social geográfico, mas como uma mentalidade e cul-

tura. “Nesta realidade a Igreja é convidada a ser presença. Como casa. Como comunidade eclesial missionária”, reafirmou. As diretrizes, segundo ele, apontam para um rumo muito bonito, porque partem

de uma perspectiva de encontro com Deus e com os irmãos, numa dinâmica de acolhida, de portas abertas, de ir ao encontro, de espera e acolhida ativa para formar as comunidades. As Igrejas e comunidades são convidadas, segundo o que propõe as novas diretrizes, a serem luzeiros no meio do mundo. O religioso afirmou que as comunidades podem estar em qualquer lugar: no condomínio, numa praça, no trabalho. “Mas também nas paróquias, comunidades, nos colégios católicos, nas obras sociais”, disse. “As novas diretrizes apontam para rumos e horizontes muito bonitos de avanço, de comprometimento apostólico e de comprometimento profético-transformador”, destacou. Segundo padre Manoel, a profecia não se dá apenas pela denúncia, embora seja fundamental hoje mais do que nunca, mas também pelo anúncio de um jeito novo de ser e de viver. “Os rumos são os mais bonitos, basta a gente entrar nesta história e caminho”, disse.

A Igreja de Guaxupé recebe três novos Presbíteros Texto: Francielli Nascimento/Filipe Zanetti/Gabriel Ribeiro | Imagens: Arquivo Pessoal

N

este ano, a Diocese de Guaxupé acolherá 5 ordenações de padres. Quatro deles receberam o segundo grau do sacramento da Ordem nos meses de abril e maio. O último será o diácono José Eduardo Silva, que será ordenado no dia 29 de junho, em Guardinha, distrito de São Sebastião do Paraíso. Saiba como foram as ordenações já realizadas.

ticipar da celebração. Em sua homilia, o bispo diocesano dom José Lanza Neto exortou o ordenado a se dedicar integralmente ao ministério sacerdotal, estando disponível a servir o povo de Deus, ministrando os sacramentos e oferecendo o cuidado de um bom pastor, a exemplo de Cristo.

hoje, é preciso ter muita sensibilidade para não deixarmos de ver o que Deus faz de bom”, afirmou o bispo. Ao final da ordenação, padre Reginaldo confirmou seu desejo sincero de ser a presença de Cristo nas comunidades, imitando seus gestos e palavras, zelando pelo povo de Deus.

Padre Reginaldo

Padre Matheus

frer e amar” e pediu ao povo que rezasse pelos padres. Padre Hudson

Padre Luciano

Na noite de 25 de abril, o Santuário de Santa Rita de Cássia, em Cássia, sediou a ordenação presbiteral do padre Luciano do Nascimento Rodrigues. “Vós sois testemunhas” (Lc 24, 48) foi o lema escolhido pelo ordenado, que manifestou sua alegria e grande desejo de servir à Igreja. Amigos e fiéis de Cássia e de outras cidades compareceram para par-

No dia 11 de maio, foi a vez do padre Reginaldo Vieira Santos. A celebração aconteceu na paróquia São José e Nossa Senhora das Dores, em Alfenas. O lema escolhido pelo neossacerdote é de inspiração paulina: “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Dom José Lanza destacou, em sua homilia, a alegria de contemplar as maravilhas que Deus realiza a cada dia. “Em meio a tantos acontecimentos no mundo

4 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Padre Matheus Pereira Júnior foi ordenado pelo bispo diocesano no dia 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima. Padres e leigos acompanharam a ordenação no Santuário Nossa Senhora da Penha, em Passos, que teve como lema “Conforme a imagem de seu filho” (Rm 8, 29). Na mensagem de agradecimento, padre Matheus destacou a figura do padre como “um simples mestre na arte do so-

No dia 18 de maio, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Alfenas, ocorreu a ordenação presbiteral do Padre Hudson Ivan Teixeira, com o lema: “Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que eu te amo” (Jo 21,17). Participaram da celebração amigos, familiares e fiéis de diversas comunidades. Um momento marcante da ordenação foi a entrada da imagem de Nossa Senhora Aparecida, pela qual o novo padre tem especial devoção, trazida pelo grupo de jovens que fez parte de sua vida vocacional.


notícias Congresso Missionário reflete sobre missão, convergência e pastoral urbana

Texto/Imagens: Assessoria de Comunicação – Diocese de Guaxupé

N

os dias 17 a 19 de maio, a Província Eclesiástica de Pouso Alegre, que reúne as dioceses da Campanha, de

Guaxupé e a arquidiocese de Pouso Alegre, promoveu o Congresso Missionário Provincial, em Três Corações (MG). Mais de 80 participantes vindos das dioceses se dedicaram ao aprofundamento de temas atuais da missão: a pastoral orgânica, os desafios da pastoral urbana e a Infância e Adolescência Missionária (IAM). Além e palestras e dinâmicas, foram realizadas oficinas de implantação de iniciativas missionárias.

Presbíteros discutem desafios da vida ministerial em congresso regional

Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação – Leste 2

C

erca de 90 padres participaram da primeira edição do Congresso Regional de Presbíteros, realizado em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto (MG). O encontro aconteceu entre os dias 20 a 23 de maio. Estiveram presentes padres que atuam em diversas atividades, como formadores, coordenadores diocesanos de pastoral e religiosos. Pela Diocese de Guaxupé, participaram os padres Alexandre José Gonçalves, coordenador diocesano de pastoral, e Francisco Albertin, representante dos presbíteros. A proposta do congresso foi refletir sobre a situação do presbítero da Igreja no Brasil, a partir dos desafios na vivência do ministério presbiteral, que tocam

diretamente o cuidado com a saúde física, espiritual, mental, dimensão pastoral, vida comunitária dentre outras demandas dos presbíteros. Além de promover um momento de estudos, reflexão e partilha dos resultados, a fim de contribuir na vivência fecunda do ministério presbiteral. Entre os assessores convidados, estiveram o padre Manoel Godoy e o professor e psicólogo Willian Castilho, que apresentaram detalhadamente uma pesquisa relacionada à temática do encontro e realizada por dom Jaime Spengler, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB.

Na missa de abertura, dom Pedro Cunha Cruz, bispo da Campanha, reforçou a necessidade de uma Igreja missionária que faz do Evangelho sua regra de conduta. “Missão é colocar-se a caminho e ajudar os outros a conhecer esse mistério de comunhão”. O primeiro tema foi conduzido pelo padre Jean Poul Hansen, coordenador de pastoral da Diocese da Campanha, que explicitou a íntima relação entre a Iniciação à Vida Cristã e a dimensão missionária da Igreja. “Sem a Iniciação, não existe a missão. Ambas estão umbilicalmente unidas. É a missão que possibilita a iniciação e é a iniciação que possibilita a missão”. O congresso tratou também da Missão Permanente e Pastoral Orgânica em vis-

ta de uma Igreja em Saída. Para explorar esse assunto, foi convidado o padre Patriky Samuel Batista, coordenador de Evangelização da Diocese de Luz e assessor do Regional Leste 2 para a Campanha da Fraternidade. Ao desenvolver sua fala, o assessor apontou perspectivas aos participantes a partir de algumas fontes: Documento de Aparecida (2007), Alegria do Evangelho (2013) e as atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (2019-2023). Na missa de encerramento, dom José Lanza Neto, bispo de Guaxupé e bispo referencial para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial do Leste 2, expôs a urgência da missão nos dias de hoje, que necessita ser inspirada no testemunho dos apóstolos e na vivência da santidade.

Seminaristas recebem formação missionária em evento regional

Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação – Leste 2

E

ntre os dias 24 e 26 de maio, aconteceu a 9ª Formação Missionária para Seminaristas do Regional Leste 2 da CNBB. O evento foi realizado em Juiz de Fora e reuniu 70 seminaristas dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais. O evento foi assessorado pelo secretário das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre Antônio Niemiec. O tema discutido foi “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”. O assessor lembrou, durante uma celebração litúrgica, no encerramento do evento: “a partir do momento em que fomos batizados, consagrados, ungidos, confirmados, esta presença do Espírito é algo que nós experimentamos”.

Segundo o coordenador do Conselho Missionário de Seminaristas (Comise) do Regional Leste 2, Filipe Costa, pertencente à Diocese de Luz (MG), um dos objetivos do encontro foi o de motivar os aspirantes ao sacerdócio sobre a importância de serem missionários. “O ‘seminarista só será presbítero se for missionário’. Vamos, a cada dia, motivá-los a divulgar esse amor pela missão”, ressaltou lembrando uma fala de dom Gil Antônio Moreira, arcebispo de Juiz de Fora. Representaram a Diocese de Guaxupé, dom José Lanza Neto, bispo diocesano e referencial para a Ação Missionária no regional Leste 2, e os seminaristas Richard Oliveira e Gabriel Ribeiro.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

|5


em pauta ABUSO DE MENORES: NOVAS NORMAS PARA TODA A IGREJA CONTRA QUEM ABUSA OU ENCOBRE

O

motu proprio do Papa Francisco Vos estis lux mundi estabelece novos procedimentos para denunciar moléstias e violências, e garantir que bispos e superiores religiosos prestem contas de seu trabalho. Foi introduzida a obrigatoriedade a clérigos e religiosos de denunciar os abusos. Cada diocese deverá dotar-se de um sistema facilmente acessível ao público para receber as assinalações. Do Evangelho de Mateus foram extraídos o título e as primeiras palavras do novo motu proprio do Papa Francisco dedicado à luta aos abusos sexuais cometidos por clérigos e religiosos, e às ações ou omissões dos bispos e dos superiores religiosos «tendentes a interferir ou contornar» as investigações sobre os abusos. O Papa recorda que os «crimes de abuso sexual ofendem Nosso Senhor, causam danos físicos, psicológicos e espirituais às vítimas e lesam a comunidade dos fiéis», e menciona a responsabilidade particular que têm os sucessores dos apóstolos em prevenir tais crimes. O documento representa um fruto ulterior do encontro sobre a proteção dos menores realizado no Vaticano em fevereiro de 2019. Estabelece novas normas para combater os abusos sexuais e garantir que bispos e superiores religiosos prestem contas de suas ações. É uma normativa universal, que se aplica a toda a Igreja Católica. Um guichê para as denúncias em cada diocese Entre as novidades previstas está a obrigatoriedade, para todas as dioceses do mundo de dotarem-se até junho de 2020 de «um ou mais sistemas estáveis e facilmente acessíveis ao público para apresentar as assinalações» a respeito dos abusos sexuais cometidos por clérigos e religiosos, o uso de material pornográfico infantil e o acobertamento dos próprios abusos. A normativa não especifica no que consistem esses «sistemas», para deixar às dioceses a escolha operativa, que poderá ser diferente de acordo com as várias culturas e condições locais. O que se quer é que as pessoas que sofreram abusos possam recorrer à Igreja local certas de que serão bem acolhidas, que serão protegidas de represálias e que suas denúncias serão tratadas com a máxima seriedade. A obrigatoriedade de denunciar Outra novidade diz respeito à obrigatoriedade para todos os clérigos, os religiosos e as religiosas de «assinalar prontamente» à autoridade eclesiástica todas as notícias de abusos das quais tiverem conhecimento, assim como as eventuais omissões e acobertamentos na gestão dos casos de abusos. Se até hoje esta obrigação chamava em causa, num certo sentido, somente a consciência individual, de agora em diante se torna um preceito legal estabelecido universalmente. A

não mais restrita somente às pessoas que não têm “o uso habitual” da razão, mas compreende também os casos ocasionais e transitórios de incapacidade de entender e querer, além das desabilidades de ordem física. O respeito das leis dos Estados A obrigatoriedade de assinalar ao ordinário do local ou ao superior religioso não interfere nem modifica qualquer outra obrigação de denúncia eventualmente existente nas leis dos respectivos países: as normas, de fato, «aplicam-se sem prejuízo dos direitos e obrigações estabelecidos em cada local pelas leis estatais, particularmente aquelas relativas a eventuais obrigações de assinalação às autoridades civis competentes». Proteção a quem denuncia e às vítimas Também são significativos os parágrafos dedicados a tutelar quem se oferece para fazer as denúncias. Quem refere notícias de abusos, segundo prevê o motu proprio, não pode, de fato, ser submetido a «danos, retaliações ou discriminações» em decorrência daquilo que assinalou. Uma atenção também ao problema das vítimas que, no passado, foram reduzidas ao silêncio: essas normas universais preveem que «não pode ser» imposto a elas «qualquer ônus de silêncio a respeito do conteúdo » da assinalação. Obviamente, o segredo de confissão permanece absoluto e inviolável e, portanto, não é de modo algum tocado por esta normativa. Vos estis lux mundi estabelece ainda que as vítimas e suas famílias devem ser tratadas com dignidade e respeito e devem receber uma apropriada assistência espiritual, médica e psicológica.

obrigatoriedade em si é sancionada somente para os clérigos e religiosos, mas todos os leigos também podem e são encorajados a utilizar o sistema para assinalar abusos e moléstias às autoridades eclesiásticas competentes. Não somente abusos contra menores O documento compreende não somente as moléstias e as violências contra os menores e os adultos vulneráveis, mas diz respeito também à violência sexual e às moléstias que derivam do abuso de autoridade. Esta obrigatoriedade inclui também qualquer caso de violência contra religiosas por parte de clérigos, assim como também o caso de moléstias a seminaristas ou noviços de maior idade. Os acobertamentos

6 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Entre os elementos de maior relevo está a identificação, como categoria específica, da chamada conduta de acobertamento, que consiste «em ações ou omissões tendentes a interferir ou contornar as investigações civis ou as investigações canônicas, administrativas ou criminais, contra um clérigo ou um religioso relativas aos delitos» de abuso sexual. Trata-se daqueles que, exercendo cargos de particular responsabilidade na Igreja, ao invés de investigar os abusos cometidos por outros, os esconderam, protegendo o suposto réu ao invés de tutelar as vítimas. A proteção das pessoas vulneráveis Vos estis lux mundi acentua a importância de tutelar os menores (pessoas com menos de 18 anos) e as pessoas vulneráveis. De fato, é ampliada a noção de “pessoa vulnerável”,

As investigações a cargo dos bispos O motu proprio disciplina as investigações a cargo dos bispos, dos cardeais, dos superiores religiosos e daqueles que têm a responsabilidade, mesmo que temporariamente, de guiar uma diocese ou outra Igreja particular. Esta disciplina deverá ser observada não somente se essas pessoas forem investigadas por abusos sexuais realizados diretamente, mas também se forem denunciadas por terem «acobertado» ou não terem investigado abusos dos quais tiveram conhecimento e que cabia a elas combater. O papel do metropolita É significativa a novidade a respeito do envolvimento na investigação prévia do arcebispo metropolita, que recebe da Santa Sé o mandato de investigar caso a pessoa denunciada seja um bispo. O seu papel, tradicional da Igreja, fica assim reforçado e comprova a vontade de valorizar os recursos locais inclusive para questões acerca da investigação dos bispos. Aquele que for encarregado de investigar, depois de trinta dias deve transmi-


Por Andrea Tornielli | Vatican News

tir à Santa Sé « um relatório informativo sobre o estado das investigações », que «devem ser concluídas no prazo de noventa dias» (são possíveis adiamentos por «fundados motivos »). Isso estabelece tempos precisos e, pela primeira vez, pede-se que os Dicastérios interessados ajam com tempestividade. Envolvimento dos leigos Citando o artigo do Código canônico, que destaca a preciosa contribuição dos leigos, as normas do Motu proprio preveem que o metropolita, ao conduzir as investigações, possa contar com a ajuda de «pessoas qualificadas», segundo « as necessidades do caso e, em particular, tendo em conta a cooperação que pode ser oferecida pelos leigos ». O Papa afirmou mais de uma vez que as especializações e as capacidades profissionais dos leigos representam um recurso importante para a Igreja. As normas preveem agora que as conferências episcopais e as dioceses possam preparar listas de pessoas qualificadas disponíveis a colaborar, mas a responsabilidade última sobre as investigações permanece confiada ao metropolita. Presunção de inocência Reitera-se o princípio da presunção de inocência da pessoa investigada, que será avisada da existência da própria investigação quando for solicitado pelo Dicastério competente. A acusação, de fato, deve ser notificada obrigatoriamente somente quando houver a abertura de um processo formal e, se considerada oportuna para garantir a integridade da investigação ou das provas, pode ser omitida na fase preliminar. Conclusão da investigação O motu proprio não traz modificações às penas previstas para os delitos, mas estabelece o procedimento para fazer a assinalação e realizar a investigação prévia. No encerramento da investigação, o metropolita (ou em determinados casos o bispo da diocese sufragânea com maior ancianidade de nomeação) encaminha os resultados ao Dicastério vaticano competente e cessa, assim, a sua tarefa. O Dicastério competente procede então « nos termos do direito, de acordo com o previsto para o caso específico», agindo, portanto, com base nas normas canônicas já existentes. Com base nos resultados da investigação prévia, a Santa Sé pode imediatamente impor medidas preventivas e restritivas à pessoa investigada. Empenho concreto Com este novo instrumento jurídico desejado por Francisco, a Igreja Católica realiza um novo e incisivo passo na prevenção e combate dos abusos, que enfatiza ações concretas. Como escreve o Papa no início do documento: «Para que tais fenômenos, em todas as suas formas, não aconteçam mais, é necessária uma conversão contínua e profunda dos corações, atestada por ações concretas e eficazes que envolvam a todos na Igreja».

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

|7


vida pública

Por Neuza Bachião Silveira, secretária de Saúde em São Pedro da União

UMA ENFERMEIRA CRISTÃ OU UMA CRISTÃ ENFERMEIRA

H

á 32 anos me dedico à Enfermagem. Será profissão ou missão? Fica a pergunta. Hoje, rememorando minha vida, vejo que minha formação cristã foi essencial na minha missão, pois foi fundamentada na crença, na fé, no cuidado com o próximo e no carinho recebido de pacientes. Vejo que consegui plantar muita esperança e fé em muitas pessoas que pareciam tê-las perdido. Eu me casei em 1989, morava em Nova Resende, trabalhava no posto de saúde, ambulatório municipal, montamos e mobiliamos o hospital municipal, quando colocamos para funcioná-lo. Em 1990, nasceu meu primeiro filho, Lucas. Em 1993, meu marido foi transferido para São Pedro da União e, em 1994, nasceu meu segundo filho, Mateus. Por 3 anos fiquei sem trabalhar, pois, neste período, descobri que Lucas era deficiente auditivo, começava, então, uma grande luta com médicos, fonoaudiólogas, psicólogas, idas e vindas para São Paulo até a adaptação ao uso do aparelho auditivo. Depois de 9 anos morando em São Pedro da União, nos mudamos para Alpinópolis, onde moramos por quase 4 anos. Novamente, meu marido foi transferido para Carmo do Rio Claro e, quase 4 anos depois, vim para Guaxupé, onde já estou há 11 anos. Trabalhei em contato direto com as pessoas, fazendo visitas domiciliares, entrando na casa das pessoas, conhecendo as particularidades de cada uma, criando vínculos e amizades, e esta é a enfermagem de que gosto, ou esta é a profissional de saúde que temos que ser. Nas visitas domiciliares, às vezes, você se depara com a desestrutura familiar ocasionando doenças que, detrás de uma mesa do consultório e através da anamnese (memória para

o diagnóstico) do paciente, não se consegue diagnosticar e apenas com a seguinte pergunta: “há quanto tempo você não vai à igreja?”, você consegue ver que o que está faltando para muitas pessoas é o amor ao próximo e não uma caixa de rivotril, diazepan, fluoxetina ou outras drogas medicamentosas. Ser enfermeira é deixar seus filhos doentes em casa para cuidar da saúde de pessoas que, às vezes, nem simpatizam tanto com você. Acabei muitas vezes deixando um filho deficiente ou outro em crise de bronquite para fazer um curso, mas sempre aos cuidados de anjos que me ajudavam em casa, graças a Deus. Ser enfermeira é encontrar no caminho através da saúde, como feridas abertas há 10 anos ou mais, pernas deformadas e a esperança das pessoas diminuída ou totalmente esgo-

tada. Pensava: “como um câncer cura e uma ferida não fecha” e, inconformada com tais situações, me especializei em estomaterapia para tentar ajudar aquelas pessoas em quem a desesperança aumentava. Ser enfermeira num presídio por nove anos foi ver o sorriso de agradecimento de quem fez alguém chorar, mas que agora agradece porque você fez seu serviço, porque você foi apenas profissional. E ser profissional sem ter vínculo de amizade com o paciente foi, para mim, o mais difícil. Os detentos são pessoas que, às vezes, precisam de nós e tive que ser a melhor profissional possível, mesmo sabendo que aquelas pessoas são capazes de saírem de lá e tirar vidas, inclusive a nossa. Neste período, ingressei no Encontro de Casais com Cristo com meu esposo e isto me ajudou a enfrentar as dificuldades no trabalho

patrimônio LAUDATO SI’: O MEU APELO

O

urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum. Desejo agradecer, encorajar e manifestar apreço a quantos, nos mais variados sectores da atividade humana, estão a trabalhar para garantir a

proteção da casa que partilhamos. Uma especial gratidão é devida àqueles que lutam, com vigor, por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo. Os jovens exigem de nós uma mudança; interrogam-se como se pode pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos. Lanço um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta. Precisamos de um debate que

8 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

e na vida. Conheci novas pessoas e a Palavra de Deus entrou em meu coração, me fortalecendo para enfrentar todos os desafios que a vida me oferecia. O presídio é um lugar sombrio, tenebroso, onde os olhares ultrapassam as palavras e a comunicação se dá por gestos e atitudes, mas sempre planejando algo errado. Vi corrupção entre colegas, a prisão de colegas e, em certa ocasião, um colega foi assassinado por um preso enquanto trabalhava. Naquele momento, tomavam conta sentimentos negativos de maldade, ódio e vingança. Isso era o que imperava naquele local que, para mim, era de trabalho. A linha tênue entre a bondade dos funcionários e a maldade dos presos, que parecia existir na divisão do departamento administrativo e alas (celas), parece que tinha desaparecido, era todos desejando o mal para ambos os lados. Foi a partir dessa percepção que pedi ao padre Reginaldo da Silva, cura da Catedral, e ao bispo, dom José Lanza, a intervenção e, imediatamente, começaram visitas semanais ao presídio com missas, celebrações, confissões, orientações espirituais, catequese ministrada pela pastoral carcerária, visitas às celas, mas isso já era sinal de que Deus estava conseguindo abrandar aqueles corações machucados. Hoje, sou secretária de saúde em São Pedro da União e posso ajudar as pessoas de outra forma, mas o exemplo que vem em mim é a presença e o prazer em servir à Igreja, em servir a Deus. Não adianta ser profissional se a fé não existir! E sabe aquelas pessoas que pareciam não se simpatizar tanto com você, devido a nossos cuidados de enfermeira ou cristã? Hoje, nos agradecem por termos ajudado a salvar vidas!

Fonte: Carta Encíclica Laudato Si’ (Louvado Sejas 13-14)

nos una a todos, porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós. O movimento ecológico mundial já percorreu um longo e rico caminho, tendo gerado numerosas agregações de cidadãos que ajudaram na consciencialização. Infelizmente, muitos esforços na busca de soluções concretas para a crise ambiental acabam, com frequência, frustrados não só pela recusa dos poderosos, mas também pelo desinteresse dos outros. As atitudes que dificultam os caminhos de solução,

mesmo entre os crentes, vão da negação do problema à indiferença, à resignação acomodada ou à confiança cega nas soluções técnicas. Precisamos de nova solidariedade universal. Como disseram os bispos da África do Sul, «são necessários os talentos e o envolvimento de todos para reparar o dano causado pelos humanos sobre a criação de Deus». Todos podemos colaborar, como instrumentos de Deus, no cuidado da criação, cada um a partir da sua cultura, experiência, iniciativas e capacidades.


viver bem

Por Edson Durante, psicólogo

OS AFETOS E AS RELAÇÕES: LUGARES DO ENCONTRO

U

« Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. (Cora Coralina)

ma das grandes características do ser humano é sua capacidade de sentir afetos e emoções. Esses influenciam diretamente em nossas relações e no dia a dia na maneira que nos sentimos e que agimos. Alegria, tristeza, medos, raiva, amor, entre tantas outras, são emoções e afetos que marcam nossa vida e nos fazem experimentar nossa humanidade em sua plenitude. Estes sentimentos que vivemos cotidianamente marcam a maneira como enfrentamos as situações do dia a dia, de maneira que os acontecimentos vão ganhando tonalidades a partir das emoções que sentimos. Quantas vezes nossa vida parece ganhar um colorido diferente ante uma emoção que experimentamos ou uma situação que vivemos. Este colorido que faz com que nossa vida fique tão diversa em cada dia e vá ganhando um sentido novo a cada atitude que temos, ou a cada encontro que experimentamos. Aliás, os encontros fazem parte de nossa vida. Como recorda o poeta Vinícius de Moraes, “a vida é a arte do encontro”. Nas diversas situações em que vivemos, vamos nos encontrando com pessoas que recebem algo de nós, ao mesmo tempo em que nos enriquecem com suas experiências vividas. É exatamente nas relações com os outros, ou seja, nos encontros que a vida nos proporciona, que vamos nos moldando enquanto pessoas. Deste modo, percebemos que somos seres relacionais, dependemos de contatos com outras pessoas. Tais contatos se iniciam desde quando somos ainda bebês,

no âmbito familiar, e se estendem ao longo de toda a nossa vida, nos âmbitos social, religioso e profissional. Mais especificamente nas relações profissionais, além dos afetos que constantemente nos marcam, a gentileza se faz muito necessária. A gentileza garante que as relações profissionais saiam do âmbito técnico e se aproximem do âmbito pessoal. Especialmente naquelas profissões que envolvem o contato direto com outras pessoas, a gentileza faz com que as relações não se escondam apenas na frieza da técnica, mas se configurem como verdadeiro encontro de pessoas. Este encontro somente é autêntico e sincero quando conseguimos tocar o coração do outro e sermos tocados por aquele quem vêm até nós. Além disso, este encontro permite o desabrochar de potencialidades e descobertas, permite que o outro, que vem até nós, se sinta compreendido e respeitado, ao passo que nós

para ler

nos aperfeiçoamos enquanto pessoas. A sociedade atual configura-se como uma sociedade de muitas palavras, mas pouca comunicação. Fala-se muito, tem-se acesso a muitas informações, mas, ao mesmo tempo, pouco se consegue comunicar com o outro, pouco se consegue ocupar-se daquilo que afeta o outro, que o assusta, que o toca. Pouco se consegue demorar-se junto ao outro, para poder ouvi-lo em sua plenitude. É exatamente o que o místico Thomas Merton definia como a “sociedade da palavra enferma”. Tem-se o acesso a muitas palavras, mas estas produzem pouco efeito, pois não se consegue ter uma comunicação autêntica e verdadeira sem o contato sincero com aquele que vem ao nosso encontro. Diante disso, uma assistente social, que trabalha no serviço socioassistencial a famílias em situação de vulnerabilidade, destaca que “na atuação profissional do assistente social são inúmeras as situações complexas com as

quais nos deparamos no cotidiano, por isso, além da formação acadêmica, o profissional precisa desenvolver-se enquanto pessoa e ter, além da técnica, o desenvolvimento pessoal que favorece a qualidade nas relações de trabalho”. Além disso, ao falar da importância das relações interpessoais e da técnica, esta mesma profissional afirma: “Não precisamos ser frios e técnicos para evidenciar nossa competência profissional. É importante que tenhamos formação que nos dê subsídio para uma atuação eficaz e que saibamos nos relacionar no ambiente de trabalho, com profissionais de outros serviços e também com as pessoas que atendemos”. Somos seres humanos e lidamos com pessoas, por isso, a gentileza e o afeto precisam estar presentes nas relações de trabalho. Acolher uma criança com um abraço, um sorriso, um aperto de mão, criar laços que geram proximidade e confiança. E a gentileza ao atender uma pessoa, ou no ambiente de trabalho, demonstram o respeito favorecendo o diálogo e a aproximação, contribuindo com a qualidade nas relações”. Ainda neste sentido, uma fisioterapeuta que atua na clínica relata que “não basta olhar apenas um sujeito portador de uma lesão ou doença, mas é necessário olhar a pessoa em sua totalidade, enxergando-a como pessoa, ou seja, como alguém que possui uma história de vida, uma família, além de sonhos, medos, projetos e perspectivas. Ao percebermos o ser humano à nossa frente em todos estes aspectos, o atendimento realizado será de muito mais qualidade e os resultados mais efetivos”. Para além da técnica, é preciso haver humanidade. Retomando a frase que inicia este breve artigo, nada faz sentido se não tocamos o coração das pessoas. Justamente por isso, as relações humanas precisam de afeto e de gentilezas. O amor dispensado às pessoas tem poder de cura e transformação.

Texto/Imagem: Divulgação

A ORAÇÃO CONTEMPLATIVA

O

momento de contemplação a que nos propomos transcorre em meio à dispersão e distração, e, uma vez que não produz nenhum fruto visível, preferimos abandoná-lo mais uma vez. Eventualmente, podemos nos apegar a um livro de “meditações”, que nos mostra sobre o que deveríamos meditar. Mas olhar alguém que faz uma refeição não nos deixa saciados. O que fazemos, ao ler suas “meditações”, é uma “leitura espiritual”, mas

não uma oração contemplativa. Vemos de que forma uma outra pessoa encontrou a Palavra de Deus e tiramos algum proveito disso, mas aquele foi o seu encontro e não o nosso – nós mesmos não fizemos encontro algum. O autor Hans Urs von Balthasar foi um sacerdote, teólogo e escritor suíço. É considerado um dos mais importantes teólogos do século 20. Num trecho da obra, ao autor faz uma provocação necessária: “E ainda

que para muitos cristãos a oração permaneça, dolorida e desgostosamente, sempre nesse nível tão raso, eles sabem, todavia, que ela deve ser mais do que isso. Nesse terreno deve haver um tesouro escondido e para chegar até ele bastaria me pôr a cavar. Nessa semente estaria a força que levaria a uma poderosa árvore, cheia de flores e frutos, se eu simplesmente me dispusesse a plantá-la e cercá-la dos cuidados necessários”. COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

|9


comunicações aniversários junho Natalício 14 Padre Sidney da Silva Carvalho 15 Padre Adivaldo Antônio Ferreira 19 Padre Wellington Cristian Tavares

22 Padre Donizetti Miranda Mendes 29 Padre Pedro Alcides Sousa

Ordenação 19 Padre Clayton Bueno Mendonça 19 Padre Juliano Borges Lima 25 Padre Eder Carlos de Oliveira

26 Padre Bruce Éder Nascimento

agenda pastoral 2 Ascensão do Senhor 53° Dia Mundial das Comunicações Sociais Reunião Conselho Diocesano da RCC – Ministérios –Guaxupé Encontro dos Grupos de Reflexão – Setor Passos Encontro Setorial da Mãe Rainha – Setor Cássia 3 – 6 Assembleia CONSER e Encontro Regional dos Coordenadores Diocesanos de Pastoral – Belo Horizonte 7 Reunião da Pastoral Presbiteral - Guaxupé 8 Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral - Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana de CEBs - Guaxupé Reunião do Conselho Diocesano do ECC - Jacuí 9 Pentecostes Encontro Setorial da Mãe Rainha - Setor São Sebastião do Paraíso

atos da cúria Nomeia-se o padre Reginaldo Vieira Santos como vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Campestre, aos 13 dias de maio de 2019. Nomeia-se o padre Guaraciba Lopes Oliveira Júnior como pároco da Paróquia São Sebastião, em São Sebastião do Paraíso, aos 14 dias de maio de 2019. Nomeia-se o padre Francisco dos Santos como vigário paroquial da Paróquia São Sebastião, em São Sebastião do Paraíso, aos 14 dias de maio de 2019. Nomeia-se o padre Gilgar Paulino Freire como vigário paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo, em Poços de Caldas, aos 14 dias de maio de 2019. Nomeia-se o padre Matheus Júnior Pereira como vigário paroquial da Paróquia Santa Rita, em Nova Resende, em 14 de maio de 2019. Nomeia-se o padre Weberton dos Reis Magno como pároco da Paróquia São José e Nossa Senhora das Dores, em Alfenas, aos 15 dias de maio de 2019.

Nomeia-se o padre Rodrigo Costa Papi como pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, em Paraguaçu, aos 17 dias de maio de 2019. Nomeia-se o padre Rodrigo Costa Papi como pároco da Paróquia Santa Isabel, em Guaipava, distrito de Paraguaçu, aos 17 dias de maio de 2019. Nomeia-se o padre Hudson Ivan Teixeira como vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Carmo do Rio Claro, aos 17 dias de maio de 2019. Nomeia-se o padre Luciano Nascimento Rodrigues como vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, em Poços de Caldas, aos 17 dias de maio de 2019. Nomeia-se o padre Ronei Mendes Lauria como pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Alfenas, aos 19 dias de maio de 2019. Nomeia-se o padre Paulo Rogerio Sobral como administrador paroquial da Paróquia São Judas Tadeu, em São Sebastião do Paraiso, aos 23 de maio de 2019.

10 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

12 15 16 19 20 23 26 28 30

Reunião do Conselho de Presbíteros – Guaxupé Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPS) Solenidade da Santíssima Trindade Encontro dos MECE’s – Setor Alfenas Reunião do Conselho de Formação Presbiteral - Guaxupé Corpus Christi Encontro Setorial da Mãe Rainha - Setor Alfenas Encontro com os Presbíteros até 5 anos de ministério - Guaxupé Solenidade do Sagrado Coração de Jesus Encontro do Clero para Dia de Oração pela Santificação do Clero - Guaxupé Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo Encontro Diocesano de Coord. de Grupos de Jovens – Guaxupé Encontro dos MECE’s – Setor Areado


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.