atardinha dia do indiio

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HAROLDO ABRANTES | AG. A TARDE

Pegadas de

Salvador, SÁBADO, 19 de abril de 2008

índio

Davi Simões, 10, brinca de arco e flecha, no Colégio Batista Brasileiro

Quem eram os povos Os índios que moravam onde hoje é Salvador e Itaparica pertecem à nação Tupinambá. Povos chamados de Caeté, Potiguara e Tupiniquim fazem parte dessa nação. É como se os Tupinambá fossem os brasileiros e os outros fossem os nordestinos, os sulistas etc . Todos eles falavam a mesma língua, o Tupi, e mantinham hábitos parecidos, apesar de terem chefes diferentes. Os chefes eram os mais velhos e os mais sábios da tribo. Isso até o começo do século 16, quando os portugueses chegaram aqui. Em Salvador, os europeus usaram os índios na construção da cidade e nas fazendas de gado e açúcar, principalmente até o século 17. Os jesuítas eram um grupo de europeus da Igreja Católica que tentavam facilitar a aproximação com os índios. Havia aldeias Tupinambá por toda a cidade. O Passeio Público, na Avenida Sete, e os bairros do Rio Vermelho, São Bartolomeu e Itapuã, por exemplo, já foram centros de aldeias. Os Tupinambá valorizavam a coragem e a valentia. Havia guerras entre tribos por disputa de território. Os portugueses aproveitavam a rivalidade e faziam alianças com certos grupos, ajudando-os a combater os outros. Quando venciam, os portugueses usavam os prisioneiros indígenas na construção e na lavoura. Muitos índios fugiram das aldeias, foram tirados da cidade e morreram com doenças como o sarampo, que se espalhou entre os índios de Salvador por volta de 1563. As maiores comunidades Tupinambá da Bahia estão atualmente em Olivença, e perto de Belmonte e Serra do Padeiro, no extremo sul do Estado.

No Brasil, existem cerca de 750 mil índios. Costumes e heranças estão presentes nas cidades e no jeito de quem vive no País ANDRÉA LEMOS E MIRELA PORTUGAL alemos@grupoatarde.com.br e mportugal@grupoatarde.com.br

Gustavo Loyola, 7, já brincou de arco e flecha e andou em canoa. Ele contou que o arco e a flecha não eram de verdade, como os dos índios. Serviam apenas para a diversão. A canoa, ele conheceu em um passeio com os pais, não lembra bem onde, mas diz que ficou com um pouco de medo de que a embarcação virasse e ele caísse no rio. Gustavo sabe que canoa vem da cultura indígena. Fernando Rodrigues, 10, que estuda no Colégio Batista Brasileiro, assim como

Gustavo, em Salvador, também sabe que algumas brincadeiras que ele gosta foram ensinadas pelos índios. Ele não foi em nenhuma aldeia para aprender isso, mas nem precisou. Tem coisas que a gente conhece que nasceram no passado e foram transmitidas de geração para geração, até chegar ao presente. Fernando acha que foi isso o que aconteceu com as brincadeiras de roda, por exemplo: Elas foram inventadas pelos índios há muito tempo. Será? Quando Hannah Boechat, 9, lembra de natureza, ela também lembra de índios. Hannah acha que eles têm mais sabedoria do que a

maioria das pessoas, porque “não poluem o meio ambiente, não destroem as árvores e não matam as plantas. Todo mundo acha que só porque temos educação escolar somos educados. Mas os índios são mais educados que a gente”. Assim como Gustavo, Fernando e Hannah, o que você sabe sobre a cultura dos índios? Você faz idéia do quanto existe de indígena no seu dia-a-dia? Essas são algumas perguntas que esta reportagem tenta responder hoje, no Dia do Índio. FONTES | José Augusto Sampaio, antropólogo da Uneb; Maria Hilda Baqueiro, antropóloga da Ufba; e Consuelo Pondé, professora de Tupi da Ufba

RENATA CARVALHO | AG. A TARDE

Brincadeiras

Ajudantes de construção Com a natureza Canoa e pesca Canoa é um instrumento utilizado por pescadores na Baía de Todos os Santos e em todo o Brasil. Foi criada pelos índios de origem Tupi. A canoa é um tronco de madeira inteiro, escavado no meio, e serve para se locomover no rio ou no mar.

Era costume nas aldeias usar as plantas e animais apenas na medida do necessário para a sobrevivência. Os índios têm um laço sagrado com a natureza. Os bichos são vistos como seres fantásticos.

Índios participaram da construção da cidade de Salvador. Levantaram casas, igrejas, edifícios e fortificações como a do Santo Antônio e a do Monte Serrat, nos bairros de mesmo nome. ELÓI CORRÊA | AG. A TARDE

Palavras Alguns nomes de bairros de Salvador vêm do Tupi, como Pituba, Itapuã, Periperi e Paripe. Também são Tupi expressões como xará, de Xe (meu) e Rera (nome); jacaré, de Îakaré; capoeira, de Ko (roça) e Pûera (pretérito) e pipoca, de Pira (pele) e Oka (tirar).

Comida boa Foi graças aos índios que plantas como cacau puderam ser cultivadas em fazendas que hoje fornecem o produto para fazer chocolate. A batata-doce, a banana-da-terra, a mandioca e receitas gostosas que dá para fazer com eles (beiju, fubá) também são indígenas.

Dia do índio O 19 de abril foi criado em 1940, em um congresso que reuniu lideranças indígenas da América, no México. Este exato dia foi escolhido porque é o aniversário de Marechal Rondon, fundador do Serviço de Proteção ao Índio.

Os índios dançam em círculo. Não dá para afirmar que as brincadeiras de roda vieram daí, porque os europeus também têm esse costume. Mas a peteca, sim, é uma invenção Tupi. XANDO P. | AG. A TARDE

Gosto pelo banho O uso da água para limpeza do corpo e o costume de lavar objetos vieram dos índios. Eles tomavam muitos banhos por dia, e os portugueses estranharam esse hábito. No frio da Europa, isso não era comum.


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