Arquitetura e Urbanismo, UFPB
Maio de 2018
Representação arquitetônica para pessoas com deficiência visual
A ALTERNATIVA DA IMPRESSÃO EM RELEVO
Mayara Ellen Macêdo Cordeiro Mirella França Nunes Vitorino
Estágio Supervisionado I Orientado por Angelina Dias Leão Costa
Representação arquitetônica para pessoas com deficiência visual: a alternativa da impressão em relevo
SUMÁRIO
1. Introdução.......................................................................................................................................1 2. Revisão bibliográfica....................................................................................................................2 2.1. Percepção sensorial...............................................................................................................2 2.2. O tato e a deficiência visual................................................................................................3 2.3. O sistema Braille....................................................................................................................6 3. Tecnologias assistivas..................................................................................................................8 3.1. Representação projetual alternativa na arquitetura.....................................................9 4. Estudo de caso: planta tátil impressa em relevo................................................................12 5. Teste tátil......................................................................................................................................15 6. Análise de resultados.................................................................................................................16 7. Considerações finais...................................................................................................................17 8. Agradecimentos..........................................................................................................................18 9. Referências...................................................................................................................................19 10. Apêndices....................................................................................................................................21
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1. INTRODUÇÃO A disciplina da arquitetura, através de uma linguagem formal e estética, é alicerçada sobre a primazia da visão, em detrimento das demais modalidades sensoriais. Como consequência, o ensino e a vivência da arquitetura por pessoas com deficiência visual são um grande desafio para professores e pesquisadores; nesse sentido, procurar meios alternativos que auxiliem o processo de aprendizagem e entendimento não visuais é um caminho a ser explorado. Esta pesquisa pretende discutir como a tecnologia de impressão em relevo, incluindo o braile, e seu possível uso na representação do projeto arquitetônico podem auxiliar na compreensão espacial de projetos por pessoas com deficiência visual. O Sistema Braille é um recurso de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, sendo tradicionalmente escrito em papel em relevo. Os objetivos específicos do trabalho concentram-se em: incentivar a valorização do potencial háptico da arquitetura, contribuir à construção de práticas projetuais acessíveis, compreender a percepção ambiental do usuário com deficiência visual e ampliar as referências no desenvolvimento de representações táteis do espaço arquitetônico. O processo metodológico contemplará cinco etapas: levantamento bibliográfico e documental – conceitos e temáticas pertinentes, como a percepção sensorial com ênfase no sentido tátil, a representação projetual alternativa na arquitetura e equipamentos e tecnologias assistivas que facilitam o entendimento espacial de pessoas cegas ou com baixa visão – que embasarão a pesquisa; análise do material coletado e seleção de exemplo arquitetônico para estudo de caso; investigação da tecnologia de impressão braile; impressão e teste tátil com usuários cegos; e síntese de resultados.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. PERCEPÇÃO SENSORIAL Segundo Haywood e Getchell (2004), sensação é a atividade neural disparada por um estímulo que ativa um receptor sensorial, o qual promove impulsos nervosos sensoriais que chegam ao cérebro através de caminhos nervosos também sensoriais. Enquanto percepção é um processo que ocorre no cérebro e possui muitos estágios, envolvendo seleção, processamento, organização e integração das informações recebidas pelos sentidos. Dessa forma, a sensação é caracterizada pela resposta fisiológica do organismo a estímulos externos (processo passivo dos
receptores), mas a percepção está diretamente relacionada às condições e experiências vivenciadas pelo indivíduo. Trata-se da interpretação particular dos sentidos, cujo processo pode ser influenciado por fatores fisiológicos e psicossociais, como significados, cognição e preferências. Cavalcante e Elali (2017, p.253) afirmam que a consciência de mundo formada em cada indivíduo é mediada pelos órgãos corporais sensoriais, pelo cérebro e sistema nervoso e por nossas capacidades de movimento e ações. Assim, a percepção não se expressa apenas como um termo, mas como um tema secular para sinalizar e explicar as observações do mundo que nos rodeia (HOCHBERG, 1973). Dessa forma, a composição arquitetônica, enquanto expressão artística e manifestação das vontades e necessidades do homem, é responsável por provocar experiências abstratas no usuário do espaço a fim de construir seu valor de identidade. Visto isso, uma boa arquitetura baseia-se na estruturação da percepção ambiental do usuário, ou seja, na forma como as pessoas experienciam os aspectos ambientais presentes e sua relação com as esferas físicas, sociais, culturais e históricas. Para Ittelson (apud CAVALCANTE, ELALI, 2017, p. 255), é importante e necessário compreender os significados e valores atribuídos ao ambiente.
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Assim, tem-se que a partir das interações sociais e da vivência sensório-motora do indivíduo no ambiente físico, são constituídas avaliações e significados sobre o cenário. Esse processo complexo resulta na construção de um leque de imagens próprias, repletas de lembranças e percepções. Lynch (1999) afirma que a necessidade de reconhecer os ambientes tem raízes profundamente arraigadas no passado e é de enorme importância prática e emocional para o indivíduo, visto que a legibilidade, assim como a identidade, oferece a sensação de segurança emocional e é um alicerce precioso para o desenvolvimento individual. Coutinho e Souza (apud SANTOS, 2015, p.31) definem essas informações perceptivas nos ambientes como aquelas que podem ser apreendidas pelos indivíduos através da percepção visual (forma, sombras, cor, profundidade), auditiva (noções espaciais), tátil (presença, forma, tamanho e temperatura), olfatogustativa (odores e sabores), e proprioceptiva (capacidade de reconhecer
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a localização espacial do corpo, sua posição e orientação).
2.2. O TATO E A DEFICIÊNCIA VISUAL
“O tato é o primeiro sentido a acender-se e o último a extinguir-se: muito depois de nossos olhos nos traírem, nossas mãos permanecem fiéis ao mundo” Frederick Sachs (apud MARIANO, 2017, p.37)
A pele, maior órgão do corpo humano, é repleta de terminações nervosas capazes de captar estímulos térmicos, mecânicos ou dolorosos. O efeito sensorial da estimulação da pele provoca a sensibilidade cutânea, na qual Schiffman (2005, p. 303) identifica três qualidades básicas: a pressão ou tato (também conhecidos como estimulação tátil ou de contato), a temperatura (indicadora de quente ou frio) e a dor. O tato, por sua vez, é o primeiro sentido a
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se desenvolver no homem e é fundamental ao seu crescimento, desenvolvimento e aprendizado, visto que, através do toque, o indivíduo consegue receber estímulos de outras pessoas, adquirindo confiança e autoestima. É o sentido que embala o corpo, limitando-o e protegendo-o de agentes externos e mudanças bruscas de temperatura, ao mesmo tempo que possibilita grandes experiências e ricas interações entre o corpo e o mundo. Por meio da pressão, mudança de temperatura, textura e outros estímulos, todo o corpo humano é capaz de sentir, no entanto, este apresenta diferentes níveis de sensibilidade em sua extensão, fato decorrente da distribuição irregular das fibras nervosas. Com isso, algumas áreas podem ser sensíveis a pressões muito pequenas, enquanto outras são insensíveis mesmo a pressões intensas, assim como certas áreas podem ser sensíveis ao calor e relativamente insensíveis ao frio, ou vice-versa. Essa variação é claramente representada no homúnculo sensorial (figura 1 e 2), onde vê-se uma evidente distorção do corpo de acordo com a densidade das fibras nervosas. Observa-se que algumas áreas da pele, tais como os dedos da mão, os lábios e a língua, estão mais densamente providas das fibras nervosas, conferindo-lhes maior sensibilidade. Essas áreas são representadas por setores maiores do córtex somatossensorial, ou seja, são mais sensíveis ao processamento de detalhes finos do que outras áreas da
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pele, a exemplo dos ombros e a panturrilha (SCHIFFMAN, 2005, p. 303). Figura 1: Homúnculo sensorial.
Fonte: SCHIFFMAN, 2005 Figura 2: Seção transversal do córtex somatossensorial com proporção entre as áreas cerebrais e as partes do corpo.
Fonte: SCHIFFMAN, 2005
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Devido ao grande número de receptores táteis existentes nas pontas dos dedos, pessoas com deficiência visual conseguem redigir e ler textos, números e notas musicais através do tato utilizando equipamentos e impressões em relevo, incluindo o sistema Braille. O termo deficiência implica na perda ou anormalidade da estrutura ou função fisiológica, psicológica ou anatômica do indivíduo, podendo comprometer o desempenho dos sentidos, como a visão. No entanto, Bins Ely e Dischinger (apud SANTOS 2015, p.33) afirmam que restrição se refere a dificuldades resultantes da relação entre as condições dos indivíduos e as características do meio ambiente.
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2009)
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Em 1972, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu dois grandes grupos de deficiência visual: a baixa visão e a cegueira. A delimitação é feita através de escalas oftalmológicas de acuidade visual (aptidão em distinguir detalhes espaciais) e campo visual (relacionado à amplitude da área alcançada pela visão). No grupo da baixa visão estão aqueles que ainda possuem visão residual, sendo capazes de enxergar com auxílio de tecnologias assistivas. Quanto à cegueira, pressupõe perda completa da visão. A deficiência visual pode ser congênita (desde o nascimento) ou adquirida, podendo acontecer em qualquer estágio da vida. As pessoas que nascem com a cegueira desenvolvem, desde já, estratégias para estruturar e representar mentalmente o espaço, por outro lado, os indivíduos que adquirem a deficiência preservam lembranças visuais. Segundo Carroll (apud SANTOS 2015, p.37): [...] o público está convencido de que, na ocorrência da cegueira, acontece um fenômeno geralmente chamado ‘compensação’. Alguns o julgam ‘natural’, outros, ‘divino’. Raramente seu verdadeiro mecanismo
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é flagrante; porém, supõe-se que resulte numa agudeza maior dos demais sentidos, de uma maneira tal que os que enxergam não podem se aperceber.
Além disso, Valentini (2012, p.2) considera que: Pessoas cegas não enxergam com os olhos. Enxergam com as mãos, os ouvidos, nariz, pés, com a boca, enxergam com todo o corpo. Recebem estímulos quando estão paradas ou em movimento, percebem com a ajuda do vento, da umidade e temperatura, sentem os deslocamentos de ar. Conhecem os locais pela sua textura, guiam-se pelos sons, distinguem ruídos. Percebem pelo sentido háptico, pelo tato ativo, intencional, e também pelo tato passivo, que permite que sensações sejam percebidas pela pele de todo o corpo.
O tato é um sentido privilegiado que permite com que as pessoas com deficiência visual apreciem e reconheçam o espaço arquitetônico. (PERONTI; VEIGA; SILVA, 2016, p.561). Contudo, posto que o mundo vive sobre a primazia da visão, a pessoa com deficiência visual encontra, na disposição caótica e desordenada dosespaços, barreiras que impedem a percepção e o processamento da informação ambiental necessária ao seu deslocamento. A acessibilidade espacial será efetivada quando o usuário receber informações suficientes para compreender o espaço de forma autônoma, identificando lugares, rotas e equipamentos desejados.
2.3. O SISTEMA BRAILLE Em 1825, o francês Louis Braille (18091852), que adquiriu a cegueira ainda quando criança, desenvolveu um sistema de leitura composto por pontos em relevo numa superfície, conhecido por Sistema Braille. O método tornou-se popular, visto que
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disponibiliza a palavra escrita para milhões de deficientes visuais. Sua eficácia se deve à sensibilidade dos dedos à localização pontual e à discriminação de dois pontos (SCHIFFMAN, 2005, p. 308). O sistema é lido da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos, e as letras, números e pontuações são formadas a partir de combinações de pontos, onde cada célula Braille possui 63 combinações possíveis. Vários idiomas utilizam uma forma abreviada do Braille, na qual certas células substituem associações de letras ou de palavras frequentemente usadas. Diferentes níveis de uso das contrações e abreviaturas especiais dividem o sistema em graus: o Braille por extenso, ou grau um, só utiliza os sinais que representam o alfabeto, a pontuação, os números e alguns poucos sinais especiais de composição
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específicos do método; Braille grau dois é uma forma intermediária, sendo o mais utilizado atualmente; o grau três trata-se do sistema altamente abreviado, especialmente utilizado em inglês. Figura 3: Alfabeto Braille.
Fonte: Unicep, 2015 Segundo Schiffman (2005, p. 309), a experiência com o sistema Braille pode melhorar a percepção tátil em geral. Leitores adultos e experientes em Braille são capazes de ler até 200 palavras por minuto, um fato notável, visto que a taxa média de leitura entre pessoas de visão normal é de 250 palavras por minuto. Além disso, o Braille provou ser muito adaptável como meio de comunicação: é eficaz na escrita e leitura musical; termos matemáticos, científicos e químicos têm sido transpostos para o sistema; e no campo da arquitetura, além de comumente utilizado em informações espaciais, o arquiteto cego Chris Downey também se apropriou da técnica de pontos em relevo para representação do projeto arquitetônico e tornou-se consultor em projetos, a exemplo do centro de reabilitação para cegos do SmithGroup, em Palo Alto. Eric Meub, o vicepresidente do SmithGroup, revela sobre Downey: “Primeiro eu pensei, certo, isso será uma limitação. Mas então eu percebi que a forma como ele lê os desenhos não é diferente da forma como vivenciamos o espaço. Ele caminha por uma planta com seu dedo indicador, descobrindo coisas, e nossa, ele está andando pelo edifício! ” (MCGRAY, 2010)
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3. TECNOLOGIAS ASSISTIVAS A acessibilidade constitui um direito inalienável a todos os cidadãos e deve partir de políticas públicas que assegurem o alcance ao pleno acesso e uso de todas as esferas, seja física, social, econômica ou cultural. Assim, a preocupação com a construção de ferramentas que auxiliem as pessoas com algum tipo de restrição assume um papel importante na sociedade. Estes recursos e serviços são chamados Tecnologias Assistivas e visam possibilitar o desenvolvimento de atividades da vida diária por pessoas com deficiência, como a busca e processamento de informações positivas nos espaços. No Brasil, tecnologia assistiva é definida como: Uma área do conhecimento, de características interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (BRASIL, 2007).
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Radabaugh (1993) reitera: “para as pessoas sem deficiência, as tecnologias tornam as coisas mais fáceis; entretanto, para as pessoas com deficiência, as tecnologias tornaram as coisas possíveis”. Ou seja, quando uma pessoa com deficiência precisa utilizar, por exemplo, o computador para realizar uma tarefa que outra pessoa sem deficiência poderia executá-la sem esse equipamento, tem-se, nestes casos, o computador como mediador entre a pessoa com deficiência e a tarefa realizada. Tratase de uma tecnologia assistiva (NUNES; DANDOLINI; SOUZA, 2014, p.3). Assim, pessoas cegas ou com baixa visão podem utilizar artefatos que propiciam-nas compreender e interagir com o meio social onde estão inseridas (D’ABREU; CHELLA, p.1). De acordo com Sá (2006, p. 16), máquinas de escrever Braille, gravadores, livros sonoros, ledores, computadores com linha Braille ou softwares com síntese de voz, leitores de tela e ampliadores, impressoras Braille e os auxílios ópticos são as alternativas mais recorrentes nas atividades desses indivíduos.
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3.1. REPRESENTAÇÃO PROJETUAL ALTERNATIVA NA ARQUITETURA “Depois que ele perdeu a visão, Downey descobriu que os edifícios que ele apreciava em sua vida anterior lhe ofereceram novas riquezas multissensoriais” (ANDERSON, 2014)
Apesar da difusão dos conceitos de acessibilidade e desenho universal, a arquitetura permanece sendo vista como uma disciplina estritamente visual, seja no processo de aprendizagem ou no exercício da profissão, no entanto, a visão é apenas um dos nossos sentidos espaciais. Por isso, num cenário de crítica ao ocularcentrismo, a arquitetura multissensorial aponta para um conjunto de características do espaço que atribuem qualidades para além da estética visual, capazes de serem percebidas por todos os sentidos (PERONTI et al., 2016, p.561). A experiência espacial torna-se a principal diretriz da concepção projetual. Chris Downey, o arquiteto com deficiência visual de San Francisco, afirma que “como arquitetos, somos animais visuais”, então, “o enigma interessante para mim é: se você tirar a visão da equação, o que torna boa uma arquitetura? ” (MCGRAY, 2010). Bernardi e Kowaltowski (2007, p. 55) consideram que a interação do usuário com o ambiente pode ser otimizada se o próprio indivíduo participa das decisões de projeto, assim, além da preocupação com o ambiente construído, a representação alternativa na arquitetura também deve ser
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explorada, visto que pode ser direcionada a diferentes tipos de pessoas, com condições fisiológicas e sensoriais variáveis, além de distintos níveis de conhecimento sobre desenho arquitetônico. Sperling et al. (2015) descrevem uma atividade experimental de desenvolvimento de um projeto de habitação com e para um deficiente visual. Visando a clara comunicação do projeto com o cliente, os estudantes de arquitetura passaram a explorar um conjunto de materiais e procedimentos (fios, barbantes, alfinetes, isopor, papéis de várias texturas e gramaturas, materiais orgânicos e fabricação digital de modelos, plantas e mapas táteis). Dessa forma, o cliente auxiliou na criação de estratégias para que o espaço resultante ativasse os sentidos, como: o uso de grandes aberturas para captação de calor solar (tato); a inserção de plantas e água (olfato e audição); a organização cíclica dos ambientes (orientação espacial); o uso de pátios para iluminação e ventilação (tato e olfato); e o uso de paredes curvas nas circulações (tato e a audição). Essa experiência foi possibilitada pela representação tátil do projeto arquitetônico, ou seja, aquela que, para ser decodificada, faz uso do poder discriminador do tato. Uma planta tátil, por exemplo, comunica os elementos arquitetônicos a partir da projeção vertical e de variações táteis, como formas, texturas, altos e baixos relevos. Essas variáveis devem ser aliadas à constância dimensional, fator fundamental para a
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legibilidade de um elemento arquitetônico e sua confrontação diante dos demais. Através dessa ferramenta, podem ser identificados cheios e vazios, formas e espaços, proporções e aberturas (SPERLING et al., 2015). Vieira et al. (apud PERONTI et al., 2016, p.562) registram três casos de uso de modelos táteis representativos de espaços de arquitetura: um deles possui representações em alto relevo de elementos arquitetônicos em vista ortográfica, associados a áudio-guia e escritos em Braille; outro apresenta uma maquete tátil do edifício localizada no espaço urbano de seu entorno; e o terceiro disponibiliza para o toque elementos arquitetônicos originais do edifício. Segundo D’Abreu e Chella (p. 3), o uso de
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maquetes tem servido como forma de representação que permite discutir questões sobre localização, orientação, projeção (perspectiva), proporção (escala) e simbologia. Dalla Vecchia et al. (apud PERONTI et al., 2016, p.563) também apresentam casos de produção de representações táteis para a compreensão de edifícios e elementos arquitetônicos de interesse patrimonial, cujos modelos foram avaliados positivamente por voluntários deficientes visuais. Em geral, os métodos normalmente empregados para atribuir volumetria são: manufaturas com isopor, folhas de EVA e papel texturizado, impressão 3D, sinterização seletiva a laser e corte a laser somado à impressão 3D baseada em pó de celulose. Outro suporte para explanação do projeto arquitetônico, desta vez uma ferramenta complementar, é o discurso oral do autor, não representado em papel. Nele, o arquiteto descreve as sensações que o edifício provoca e as soluções técnicas e plásticas através da expressão verbal. (BERNARDI; KOWALTOWSKI, 2009, p. 1464). Segundo Peronti et al. (2016, p.565), as narrativas que explicam os espaços de arquitetura podem promover nos visitantes, deficientes visuais, a construção de critérios para a análise da qualidade de tais espaços. Além disso, Chris Downey tem desempenhado um papel fundamental na integração de novas tecnologias projetadas para auxiliar o público com deficiência
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visual. Ele sugere que, em vez de desenvolver novas tecnologias a custos muito altos, a adição de capacidades especializadas às tecnologias existentes pode transformar um simples dispositivo em uma ferramenta multiuso para uma pessoa cega (SANCHEZ, 2015). Algumas técnicas utilizadas por Downey para ajudar a preencher as lacunas entre a arquitetura e a acessibilidade universal são: Desenhos táteis com varetas: o arquiteto compreende que os croquis são desenhos geradores do partido e da concepção formal do projeto, e representam a abstração da ideia conceitual, então, ele precisava de algo tátil para trabalhar e encontrou, em 2009, em um brinquedo infantil, as varetas de cera coloridas. As varas aquecem ao toque e dobram-se facilmente, podendo criar ângulos precisos e, o que é crucial, sua aderência faz com que fiquem no papel. Desenhos digitais aliados ao tato: Downey declarou a Dwell Magazine (SANCHEZ, 2015) que está colaborando com os desenvolvedores do inTACT Sketchpad, equipamento que permite desenhar sobre um tablet e sentir a linha que se forma ao passar a caneta sobre a superfície. Por sua vez, as informações gráficas poderão ser importadas para um computador através de uma conexão USB. Figura 4: inTACT Sketchpad
Fonte: SANCHEZ, 2015
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Impressão em relevo: passado o estágio inicial de concepção, a complexidade do projeto arquitetônico exige outras formas de representação para documentar o processo construtivo, os desenhos técnicos (plantas baixa, cortes, fachadas e perspectivas). Para tal, Downey utiliza uma impressora de gravação, empregada normal mente em ambientes educacionais para impressão de gráficos em Braille. Com muitos ajustes, o arquiteto e um especialista em tecnologia conseguiram imprimir desenhos de Portable Document Format (PDF), formato comum na profissão de arquitetura, fato que possibilita a Downey participar de projetos sem que ninguém precise adotar outra tecnologia; além de dotá-do de subsídios para trabalhar de forma independente.
4. ESTUDO DE CASO: PLANTA TÁTIL IMPRESSA EM RELEVO Visando o aprofundamento na representação tátil e sua disponibilidade ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba, o estudo de caso escolhido foi a investigação da tecnologia de impressão Braille aplicada à representação arquitetônica, uma vez que, o Laboratório de Acessibilidade (LACESSE) da instituição, já vinculado ao curso, dispõe de uma impressora Braille. Para o estudo, foi confeccionada uma planta tátil de um ambiente construído. O exemplo arquitetônico escolhido foi a sala de Atividades de Vida Diária (AVD) do Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha, instituição fundada em 15 de maio de 1944, na cidade de João Pessoa - PB, atuante na educação dos deficientes visuais, preparando-os para os desafios diários e corroborando com sua inclusão na sociedade. O ambiente selecionado possui 37,79 m² e funciona como um “apartamento”, onde os usuários aprendem ocupações do cotidiano, ou seja, a área é adequada para um teste inicial e abarca os cômodos básicos de uma construção residencial.
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Figuras 5, 6 e 7: Cozinha, quarto e banheiro do ambiente de AVD, respectivamente.
Fonte: Elaboradas pelos autores. Durante a preparação do modelo gráfico surgiram algumas questões relacionadas ao tato e a compreensão espacial da pessoa com deficiência visual, como as citadas pela teoria Heller (GUIMARÃES, 2002): como analisamos o mundo em termos de imagens? Será que as pessoas com deficiência visual imaginam os objetos da mesma forma que os videntes? Será que compreendem o espaço da mesma maneira? Elas formulam imagens? Como as imaginam? Quais são as implicações da falta de experiência visual para as representações? Os símbolos mentais são necessários para alguns tipos de compreensão espacial? Após estudos referentes a essas questões, percebeu-se que seria necessário a adoção de estratégias específicas de representação do espaço. Portanto, o desenho precisava conter códigos eficientes para o toque e fricção com as mãos. Além disso, a viabilidade de produção, tempo de execução e a disponibilidade de material foram diretrizes essenciais na produção desse exemplar.
MEMORIAL DESCRITIVO DA IMPRESSÃO Primeiramente, realizou-se o levantamento fotográfico e arquitetônico do ambiente selecionado para registrar as medidas e o layout utilizado. Em seguida, os rascunhos foram transcritos para o sistema de desenhos vetoriais, utilizando o software AutoCAD. Assim, o desenho foi extraído no formato PDF e convertido para imagem no formato Portable Network Graphics (PNG). A conversão da imagem gerada para gráficos táteis foi realizada através de um programa computacional chamado Monet. Este programa foi elaborado pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Acessibilidade Brasil para funcionar em conjunto com o Braille Fácil, outro conversor de textos em alfabeto
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Braille. Desse modo, a imagem em PNG foi importada, redimensionada e recebeu o filtro “brailizador”, que converte todas as linhas em pontos. Nesse momento, alguns símbolos tiveram que ser alterados e recriados para um melhor entendimento tátil, tendo em vista a “Adição Gradual de Informação” (AGI), método que consiste no desmembramento de informações complexas para o tato. (PERONTI, 2016). Foram simplificados elementos como as janelas, portas e paredes.
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atrapalhar a leitura do modelo e a folha foi substituída por uma de acabamento liso (APÊNDICE 1). Figura 9: Impressora Index Everest-D V4
Figura 8: Planta baixa da AVD com layout Fonte: Digital Begotto, 2018. Durante o exame do material produzido e a reflexão acerca da falta de conhecimento prévio do desenho arquitetônico, notou-se a necessidade da criação de uma legenda gráfica, correspondente à representação dos móveis e elementos construtivos do modelo, para explicação da representação utilizada. Essa instrução foi elaborada com os mesmos processos da planta baixa (APÊNDICE 2 e 3). Figura 10: Legendas para instrução
Fonte: Elaborada pelos autores. O programa Monet gerou um arquivo em formato Gross Register Tonnage (GRT), o qual foi encaminhado para a impressora Braille fabricada pela Index Braille, no modelo Everest-D V4. O primeiro teste foi realizado em papel texturizado com gramatura 180, porém, ao ser analisado, percebeu-se que a textura poderia
Fonte: Elaborada pelos autores.
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5. TESTE TÁTIL A participação dos usuários auxilia nas descobertas no campo da arquitetura inclusiva. Dessa forma, o teste com deficientes visuais objetivou compreender a percepção ambiental do usuário e sua relação com o modelo de representação arquitetônica proposta – planta baixa em relevo produzida por impressora Braille – além de verificar a eficácia da planta tátil para orientação espacial. A atividade foi organizada em quatro etapas (APÊNDICE 4): instrução com modelo de planta baixa tátil e legendas; manipulação da planta baixa tátil do estudo de caso com aplicação de questionário (APÊNDICE 5 e 6);
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visita ao ambiente real para observação da orientação espacial; e conversa informal para registro da percepção do usuário. Visando a viabilidade da pesquisa, foram escolhidos dois usuários para aplicação do teste. Os critérios de seleção foram: pessoas cegas adultas e usuárias de tecnologias assistivas, onde uma possua vivência prévia no ambiente da AVD e outra, não. Assim, os perfis dos usuários estão descritos a seguir:
Fonte: Elaborada pelos autores
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6. ANÁLISE DE RESULTADOS O Usuário A declarou que a planta tátil possibilita o entendimento dos elementos estruturais e dos diferentes ambientes presentes no modelo e, até mesmo, opinou sobre o ambiente representado, destacando a ausência de barras e piso tátil. O indivíduo atentou-se mais ao projeto arquitetônico que a forma de representação do mesmo, demonstrando desenvoltura na leitura tátil. Enquanto isso, o Usuário B também identificou o teste como uma planta de construção, contudo, mesmo após as instruções, apresentou muitas dúvidas sobre o desenho arquitetônico enquanto corte imaginário paralelo ao piso. Para o Usuário A, os móveis ajudaram na identificação dos ambientes, visto que o tipo de mobiliário justifica o cômodo em que está inserido. Ou seja, sentir o desenho de uma cama traduz a presença de um quarto. No entanto, afirmou que a representação do mobiliário deveria ser melhor trabalhada para ressaltar maiores diferenças entre os móveis. Já o Usuário B declarou que o mobiliário atrapalhou a discriminação do tato e, consequentemente, a leitura espacial dos ambientes, fato justificado por ele pela presença de um nível de detalhamento elevado. Este participante conseguiu identificar com clareza os elementos de parede e janela, que, segundo ele, eram os mais simples. Suas sugestões são: a substituição da representação de portas
por duas linhas em relevo (entre paredes), ao invés da projeção do arco; a confecção de uma planta tátil sem mobiliário, com legendas que indiquem os diferentes cômodos. Além disso, o Usuário A afirmou que a planta tátil lhe deu subsídios suficientes para caminhar no ambiente em escala real e orientar-se nele; declarou-se satisfeito com a possibilidade de formular imagens mentais e opinar na concepção de projeto. O usuário identificou a planta como um pequeno apartamento, mas não reconheceu o desenho como sendo o ambiente de AVD e, ao visitá-lo, revelou que só frequentou o local poucas vezes, há tempos, e nunca havia entrado nos cômodos além da sala. Contudo, conseguiu situar-se bem no espaço, sempre referenciando a planta tátil, desde os elementos construtivos aos móveis. Em conversa informal, o participante incentivou bastante a pesquisa, elogiando a preocupação na busca de alternativas de representação tátil no meio da arquitetura para oferecer um serviço completo e de qualidade aos deficientes visuais. Por sua vez, o Usuário B não conseguiu estabelecer correlação do ambiente real com a planta tátil, a não ser pela localização das janelas; e declarou que modelos em escala reduzida (maquetes) garantiriam melhor sua percepção do espaço, compreensão de rotas e layout.
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Síntese da análise de resultados
Fonte: Elaborada pelos autores
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Visto essas considerações, concluímos que o desenho foi compreendido e bem avaliado pelo Usuário A (fluente em Braille), onde a finalidade da representação foi cumprida, mas precisa de refinamento para que a experiência tátil e a identificação espacial seja facilitada; entretanto, para o Usuário B (não alfabetizado na escrita Braille), a forma de representação não alcançou a troca de informações necessária, surgindo a necessidade de um modelo 3D. Pode-se destacar, então, os diferentes níveis de aptidão com o Braille, que interferem diretamente na percepção tátil, como visto em Schiffman (2005, p. 309).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A produção de representações alternativas na arquitetura é fundamental para mediar o diálogo entre arquitetos e usuários num processo projetual participativo buscando, através da leitura do desenho arquitetônico, reconhecer as necessidades espaciais do potencial usuário e adequar o projeto ao seu favor. Nesse cenário, a representação gráfica de um projeto arquitetônico pode assumir diferentes objetivos e também se direcionar a diferentes tipos de pessoas. No caso de usuários com deficiência visual, as simbologias devem transmitir informações não visuais de orientação espacial – como localização, dimensões e rotas – e traduzir, de maneira clara e objetiva, a organização do ambiente. Assim, a alternativa da impressão em relevo mostra-se como meio prático e viável tanto para arquitetos, quanto usuários com cegueira. A experiência do teste tátil com impressão Braille aplicada à representação arquitetônica corroborou com os estudos do Laboratório de Cartografia Tátil e Escolar da Universidade Federal de Santa Catarina, o qual recomenda a generalização das formas planimétricas e altimétricas na produção de maquetes táteis, uma vez que, quanto mais detalhes atribuídos, maior o número de informações enviadas ao tato, o que dificulta a apreensão do conteúdo pelo deficiente visual. Ou seja, o arquiteto deve atentar para que a tecnologia empregada à sua representação transmita informações racionalizadas. Além disso, as diferentes reações provocadas pelo desenho com técnica Braille, a falta de conhecimento prévio em desenho arquitetônico (diferente de Chris Downey) e os variáveis
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níveis de percepção tátil das pessoas com deficiência visual, incluindo o não conhecimento da linguagem Braille, remeteram a uma reflexão sobre a eficácia da tecnologia e necessidade de adaptação da representação gráfica segundo o perfil do usuário e a etapa do projeto arquitetônico. No entanto, viu-se que as dificuldades pontuadas pelos participantes do teste tátil consistem em pontos flexíveis do modelo, ou seja, podem ser readaptados, como a diferenciação na representação de elementos do layout, a mudança do símbolo das portas e o afastamento entre os desenhos para não provocar confusão. Por fim, o teste tátil apresentou algumas questões positivas e outras que estimulam pesquisas e discussões futuras, com aplicação de testes com um maior número de participantes com deficiência visual, incluindo pessoas com cegueira congênita e outras, com ensino superior. A recepção da comunidade ao estudo e a carência dos usuários por oportunidades e serviços adequados impulsionam o trabalho e a dedicação para alcançar a acessibilidade universal na disciplina da arquitetura.
8. AGRADECIMENTOS A elaboração deste trabalho não teria sido possível sem a colaboração, estímulo e empenho de algumas pessoas. De forma especial, gostaríamos de agradecer a nossa orientadora, a professora Angelina Costa, pelo cuidado e atenção dedicados a essa pesquisa, nos atendendo sempre que necessário. Ao mestre Renato Fonseca, pelas orientações e pelo carinho em nos
instruir e acompanhar nas visitas técnicas. À Bruna Sarmento, que nos encorajou e aconselhou quanto a temática e estudo de caso desse estágio. À equipe do Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha, que nos recebeu tão bem e acolheu a pesquisa de braços abertos. E, por fim, aos voluntários, pelo tempo e paciência dedicados à realização dos testes.
ergonomia e ambiente construído, 6., 2016, Recife. ANDERSON, Lamar. How a San Francisco Architect Reframes Design for the Blind. Curbed San Francisco. 6 de agosto de 2014. Disponível em: <https://sf.curbed.com/2014/8/6/10063936/ how-a-san-francisco-architect-reframesdesign-for-the-blind> Acesso em: 04 de maio de 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. Disponível em: <http://media.wix.com/ugd/50625b_186d3111 107f4d33969d7e33afcac32d.pdf.>Acesso em: 03 de abril de 2018. BERNARDI, Núbia. A aplicação do conceito do desenho universal no ensino de arquitetura: considerações sobre o uso de instrumentos de leitura de projeto. 2007. Tese (Doutorado em engenharia civil), Universidade estadual de campinas, São Paulo. BRASIL. Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2 007-2010/2009/decreto/d6949.html> Acesso em: 27 de abril de 2018. BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Ata da VII Reunião do Comitê de Ajudas Técnicas – CAT/Corde/SEDH/PR, realizada em 13 e 14 de dezembro de 2007. Brasília, 2007. CAVALCANTE, Sylvia; ELALI, Gleice A. Temas básicos em psicologia ambiental. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2017. CENCI, Carlos Alberto; BERNARDI, Núbia. Maquetes Táteis produzidas a partir de Técnicas de Fabricação digital: investigação de simbologia para orientação espacial de deficientes visuais. In: Encontro nacional de
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Representação arquitetônica para pessoas com deficiência visual: a alternativa da impressão em relevo
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10. APÊNDICES
"Arquitetos precisam ser melhores placemakers multissensoriais para projetar e criar ambientes convenientes para os cegos e deficientes visuais, o que, por sua vez, tornará esses espaços mais convenientes e agradáveis para todos." Chris Downey (SANCHEZ, 2015)
APÊNDICE 4
INSTRUÇÕES
A participação do usuário auxilia diretamente nas descobertas no campo da arquitetura inclusiva. Dessa forma, o teste com a pessoa com deficiência visual objetiva compreender a percepção ambiental do usuário e sua relação com o modelo de representação arquitetônica proposta (planta baixa em relevo produzida por uma impressora braille); além de verificar a eficácia da planta tátil para a orientação espacial. O teste é composto por quatro etapas: Instrução com modelo de planta baixa tátil e legendas Manipulação da planta baixa tátil do estudo de caso com aplicação de questionário Visita ao ambiente real para observação da orientação espacial Conversa informal para registro da percepção sensorial do usuário
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REPRESENTAÇÃO ARQUITETÔNICA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: A ALTERNATIVA DA IMPRESSÃO EM RELEVO
APÊNDICE 5
ENTREVISTA
APÊNDICE 4
Usuário: Natanael Francisco da Silva 01. O que você identifica nesta impressão em relevo?
Uma planta de construção 02. Você consegue perceber que ambiente está sendo retratado? Se sim, cite os cômodos identificados.
Sala, cozinha e quarto. 03. Consegue reconhecer algum móvel específico? Se sim, qual?
Sofá, pia, guarda-roupa, janela , porta e cama. 04. O mobiliário facilita ou atrapalha na leitura espacial? Facilitou. O mobiliário justifica o espaço. 05. Você percebe os caminhos que podem ser percorridos nesse ambiente?
Sim! Portas, corredores, conexões. 06. É possível conhecer o espaço através desta planta tátil? Sim. 07. Sentiu dificuldade na compreensão deste modelo de planta tátil? Se sim, qual? Um pouco. 08. O que poderia melhorar na representação do modelo? Inserir detalhes no mobiliário, para melhor compreensão dos ambientes.
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REPRESENTAÇÃO ARQUITETÔNICA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: A ALTERNATIVA DA IMPRESSÃO EM RELEVO
APÊNDICE 6
ENTREVISTA
Usuário: José Eriomar Batista dos Santos 01. O que você identifica nesta impressão em relevo?
A planta de uma casa, a base de uma construção. 02. Você consegue perceber que ambiente está sendo retratado? Se sim, cite os cômodos identificados.
Sala. 03. Consegue reconhecer algum móvel específico? Se sim, qual?
Sofá, cama, parede e janelas. 04. O mobiliário facilita ou atrapalha na leitura espacial?
Atrapalhou, existe um grande nível detalhes. 05. Você percebe os caminhos que podem ser percorridos nesse ambiente?
Não. 06. É possível conhecer o espaço através desta planta tátil? Não. 07. Sentiu dificuldade na compreensão deste modelo de planta tátil? Se sim, qual? Os móveis. 08. O que poderia melhorar na representação do modelo? A criação de um modelo 3D do espaço ilustrado e a diminuição dos detalhes no desenho, por exemplo: a porta poderia ser representada por duas linhas em relevo; seria melhor uma planta sem os móveis, somente com os nomes dos ambientes.
Estágio Supervisionado I Mayara Ellen Macêdo Cordeiro Mirella França Nunes Vitorino
REPRESENTAÇÃO ARQUITETÔNICA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: A ALTERNATIVA DA IMPRESSÃO EM RELEVO
Apêndice 7 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) Senhor (a), Esta pesquisa é sobre a Representação arquitetônica para pessoas com deficiência visual: a alternativa da impressão em relevo e está sendo desenvolvida pelo(s) pesquisador(es) Mayara Ellen de Macêdo Cordeiro e Mirella França Nunes Vitorino aluno(s) do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba, sob a orientação do(a) Prof(a) Angelina Dias Leão Costa. Os objetivos do estudo são incentivar a valorização do potencial háptico da arquitetura, contribuir à construção de práticas projetuais acessíveis, compreender a percepção ambiental do usuário com deficiência visual e ampliar as referências no desenvolvimento de representações táteis do espaço arquitetônico. A finalidade deste trabalho é auxiliar, através de meios alternativos, o processo de aprendizagem e entendimento não visuais na arquitetura, contribuindo, dessa forma, para a compreensão espacial de projetos arquitetônicos por pessoas com deficiência visual para que possam estar envolvidas em todas as etapas da ideia. Solicitamos a sua colaboração para as entrevistas e testes ambientais, como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em relatório direcionado a disciplina de Estágio Supervisionado I, eventos da área de construção e publicações em revistas científicas. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em sigilo. Informamos que essa pesquisa não oferece riscos, previsíveis, para a sua saúde. Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a) não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo Pesquisador(a). Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação na assistência que vem recebendo na Instituição. Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa. Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o meu consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que receberei uma cópia desse documento.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) Senhor (a), Esta pesquisa é sobre a Representação arquitetônica para pessoas com deficiência visual: a alternativa da impressão em relevo e está sendo desenvolvida pelo(s) pesquisador(es) Mayara Ellen de Macêdo Cordeiro e Mirella França Nunes Vitorino aluno(s) do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba, sob a orientação do(a) Prof(a) Angelina Dias Leão Costa. Os objetivos do estudo são incentivar a valorização do potencial háptico da arquitetura, contribuir à construção de práticas projetuais acessíveis, compreender a percepção ambiental do usuário com deficiência visual e ampliar as referências no desenvolvimento de representações táteis do espaço arquitetônico. A finalidade deste trabalho é auxiliar, através de meios alternativos, o processo de aprendizagem e entendimento não visuais na arquitetura, contribuindo, dessa forma, para a compreensão espacial de projetos arquitetônicos por pessoas com deficiência visual para que possam estar envolvidas em todas as etapas da ideia. Solicitamos a sua colaboração para as entrevistas e testes ambientais, como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em relatório direcionado a disciplina de Estágio Supervisionado I, eventos da área de construção e publicações em revistas científicas. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em sigilo. Informamos que essa pesquisa não oferece riscos, previsíveis, para a sua saúde. Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a) não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo Pesquisador(a). Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação na assistência que vem recebendo na Instituição. Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa. Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o meu consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que receberei uma cópia desse documento.