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Doenças de viveiros preocupam produtores

DOENÇAS EM VIVEIROS

PREOCUPAÇÃO DE PRODUTORES DE EUCALIPTO E SERINGUEIRA

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Fernando Cezar Juliatti

Professor - Instituto de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pesquisador 1D – CNPq juliatti@ufu.br

As principais doenças de viveiros de mudas são o oídio (Erysiphe) (eucalipto clonado), a mancha foliar de Cylindrocladium pteridis e outras espécies, como: Cylindrocladium candelabrum, C. ilicicola, C. parasiticum, e C. quinqueseptatum, Eucaliptus urophylla, E. citriodora, E. cloeziana e E. grandis (algumas procedências) as mais suscetíveis. Exis tem outras espécies associadas aos principais gêneros e espécies de eucalipto e também mogno. Em seringueira a ocorrência da podridão do caule causada por Fusarium solani e Fusarium semitectum causa mortalidade de plantas durante a fase de estaquia e enraizamento. Ambos fitopatógenos podem estar associados ao substrato contaminado, ou serem introdu zidos pela água de irrigação.

Também é notório que o fungo Colletotrichum gloesporioi des afeta o desenvolvimento inicial das mudas (doença conhecida como antracnose), principalmente no caso da seringueira e sendo responsável posteriormente pela seca do painel em plantas adultas.

O fungo Botrytis cinerea também pode ocorrer em regiões mais frias ou na produção de mudas durante o inverno. O oí dio está associado ao clima mais seco intercalado com a irrigação do viveiro e o Fusarium basicamente está associado à semente sem tratamento ou substrato de mudas contaminado.

No caso da seringueira, é notório comentar a presença do mal-das-folhas causado por Microcyclus ulei (anamorfo: Fusi cladium ou Pseudocercospora), que causa desfolha no viveiro na região de Frutal e Prata, no interior mineiro, onde a cultura da seringueira está se expandindo.

Nematoides de galhas (Melodogyne exigua) estão associa dos a seringais da região, quando se usa solo contaminado nos canteiros de enxertia ou se transplanta a muda para solo com a presença do mesmo. Uma saída seria a utilização de viveiros suspensos, como no caso do eucalipto.

Bacterioses do gênero Xanthomonas ou Pseudomonas spp, não são comuns em viveiros de mudas. Caso ocorram, deve-se fazer o controle preventivo das mesmas com produtos ade quados.

Prejuízos

Fernando Juliatti, professor da UFU e pesquisador do CNPq

Fotos Fernando Cezar Juliatti

folha, atrofia das plantas, morte de plantas e replantio. No eucalipto podem levar ao replantio e, consequentemente, ao aumento dos gastos dos produtores.

Na fase adulta o Colletotrichum gloesporioides e outros po dem reduzir a produção de látex (painel doente) e suspender a sangria do painel da seringueira, conforme o diâmetro do cau le. Nessa fase deve-se fazer o manejo da doença e seu agente etiológico, por meio da aplicação de fungicidas no painel. In felizmente, não temos muitos fungicidas registrados no Ministério da Agricultura (MAPA) para controle das principais doenças, o que dificulta o Receituário Agronômico.

No caso das manchas de Cylindrocladium spp, o controle químico pode ser realizado. O controle das manchas foliares causadas por Cylindrocladium sp. normalmente não é exigido no viveiro, quando as mudas são mantidas sob condições de bom arejamento, evitando-se o adensamento das mesmas. Pul verizações preventivas em viveiros de maior risco ou curativas em caso de ocorrência epidêmica da doença poderão ser efetu adas, empregando-se fungicidas cúpricos ou ditiocarbamatos.

Na fase de mudas, pode-se fazer o controle preventivo com a pulverização de fungicidas nas mudas semanalmen te. Podridão por fungos como Lasiodiplodia e Botryodiplodia também podem ocorrer em plantas jovens na fase de viveiro.

Sintomas

Os sintomas de oídio são visualizados pela presença de um crescimento branco nas folhas (micélio ou hifa), enquan to a mancha de Cylindrocladium, pelas manchas necróticas no limbo foliar de vários tamanhos, podem levar à perda das fo lhas na planta jovem e definhamento da mesma.

A antracnose e mal-das-folhas, que são comuns na seringueira na fase de viveiro, causam a morte ou necro se das partes jovens da planta, levando à perda do vigor e qualidade das mudas.

O fungo Fusarium causa a morte da planta jovem, devido à necrose no caule do colo das plantas, levando ao tombamento das mesmas e/ou necrose até a inserção das primeiras folhas (infecção vascular). A fotos a seguir apresentam os sintomas descritos, para cada fitopatógeno.

Regiões mais afetadas

Não existe uma delimitação geográfica para a ocorrência desses fitopatógenos. Eles ocorrem em qualquer região ou clima que estiver presente o viveiro, principal mente onde se pratica a irrigação por aspersão. O molhamento foliar e temperaturas entre 20-30ºC é fundamental para a infecção e formação de ciclos secundários e a consequente disseminação dos patógenos no dossel de mudas.

Havendo inóculo primário, os fitopatógenos se dis seminam pelo arraste de esporos (conídios), nas gotas da água de irrigação, contaminando as plantas vizinhas ou próximas. Após a introdução do inóculo é difícil a erradi cação dos agentes etiológicos por qualquer meio.

Causas

Toda doença em plantas está associada ao tripé ou triângulo da doença: a) Como patógeno; b) Hospedeiro suscetível e C) Ambiente favorável (temperatura e umi dade alta ou baixa nas folhas – molhamento).

Patógeno

Doença

Com esse trinômio, e havendo inóculo no viveiro de mudas, fechando o ciclo de favorabilidade, as doenças ocorrerão. Conforme já comentado, temperaturas entre 20 - 30ºC favo recem a ocorrência e infecção da maioria dos fungos e bactérias na fase de produção de mudas, tanto da seringueira quanto do eucalipto.

O maior fator complicador é o inóculo presente nas se mentes de seringueira (coletadas no solo) para produção do porta-enxerto (o mais usado é o RRIM 600), e no caso do eucalipto a qualidade do substrato na produção das mudas.

Assim como na seringueira, esse sempre deve ser tratado com produtos que erradicam o inóculo inicial. Para nematoides, deve-se também tratar o substrato com bons nematicidas quí micos e biológicos. A irrigação das mudas por microaspersão ou aspersão é fator de disseminação de fungos e bactérias no vi veiro de mudas, a partir de um inóculo primário ou inicial, principalmente para mancha ou queima de Cilindrocladium.

Botrytis cinerea ou mofo cinzento, em regiões mais frias ou no inverno, podem causar queima das brotações jovens, que pode ser observada após a irrigação, por uma semana, mesmo utilizando turno de rega do sistema de aspersão a cada dois ou três dias, conforme a evapotranspiração local.

Formas de controle preventiva e curativa

A melhor forma de controle é combinar o manejo cultural, biológico, como o químico. Como não existem variedades ou genótipos resistentes (clones), deve-se usar a prevenção:

Controlando o turno de rega;

Uso de agentes de controle biológico em pulverização (Trichoderma spp e Bacillus spp.), indutores de resistência (fos fitos e fontes de silicato de K e Ca), quando as plantas estiverem emitindo as folhas novas, ou ainda o uso de indutores de resistência que estimulam as defesas das plantas, como a SAR ou RSA (resistência sistêmica adquirida), por acil benzolar-S - -Metil e outros produtos em doses baixas (10 - 20 g por 100 L de calda). Esses produtos melhoram o sistema de defesa das plantas, com a síntese de fitoalexinas ou substâncias fenólicas de defesa da planta, mas precisam de pulverizações sequenciais ou semanais de forma consecutiva.

A forma correta do uso de fungicidas seria via foliar, com aqueles à base de cobre, enxofre, triazóis, estrobilurinas, suas as

Esporo de uma ferrugem germinando e penetrando na folha jovem. A proteção da planta tem que ser antes do patógeno entrar. Controle preventivo, seja com agente químico ou biológico. Sintoma de antracnose em muda de seringueira

sociações e também clorotalonil e mancozeb, que são como o enxofre e cúpricos chamados de multissítios (não existe risco de resistência).

A amônia quartenária também pode ser utilizada na pre sença de infecção inicial bacteriana ou inóculo inicial de fungos. Vale lembrar ao produtor que fungicidas benzimidazóis, triazóis e estrobilurinas, se forem registrados no MAPA, apre sentam ação sistêmica, mas com maior risco ou chances de desenvolverem resistência nos fungos pelo uso contínuo e sem rotação.

Controle eficiente

Para a correta aplicação dos defensivos agrícolas, o mais importante é atentar para a qualidade da aplicação, como vo lume de calda, sistema de pulverização sem vazamentos e entupimentos, além da correta deposição no alvo por pontas adequadas.

O uso de adjuvante de origem mineral ou vegetal, ou mes mo siliconados, deve acontecer conforme a recomendação do fabricante. O importante é a cobertura do alvo ou a presença das gotas de pulverização em todas as partes das plantas. Não aplicar nas horas mais quentes do dia, o que pode ocasionar fi totoxidade ou queima das plantas.

O usuário deve estar sempre protegido por EPIs (equipa mento completo de proteção individual). A mistura de tanque (vários produtos químicos de forma simultânea, incluindo fer

tilizantes foliares, fungicidas e até inseticidas), embora permitida por lei sobre a tutela do receituário agronômico, deve ser utilizada nos casos em que exista uma recomendação oficial.

Na mistura, pode ser gerado um novo produto por rea ção química e alteração de pH. Os fungicidas, em sua maioria, funcionam em pH na faixa de 5 - 6.

Inovações

A técnica de clonagem das mudas de eucalipto permitiu a uniformização dos plantios e a melhoria da qualidade da ma deira, seja para uso energético ou confecção de móveis, mourões e cercas.

Na seringueira existe a enxertia por borbulhia, que permi te a uniformização ou utilização do painel para um determinado clone ou enxerto mais precoce. Ambos sistemas de produção exigem a proteção biológica ou química adequada.

A proteção de plantas cresceu muito no Brasil e permitiu o avanço de empresas de produtos biológicos à base de fungos e bactérias para enriquecer o substrato e a pulverização foliar. Hoje, já existe compatibilidade de químicos com agentes bio lógicos de controle, e isso deve ser observado pelo produtor.

O uso de ectomicorrizas e até endomicorrizas (fungos su periores associados às raízes de plantas), no substrato de produção da mudas, assim como rizobactérias promotoras de crescimento, auxilia os processos de defesa da planta como a antibiose de nematoides e o hiper parasitismo dos mesmos.

Na realidade, o agricultor deve estar atento às inovações de mercado e participar de eventos de atualização e formação téc nica e científica. Informação adequada e atualizada vale muito dinheiro e redução de custos, além da qualidade do sistema de produção como um todo.

Erros

Os erros mais frequentes no combate ou controle de pragas e doenças partem da falta da diagnose correta por um especialista ou técnico capacitado. Na dúvida, é imprescindível buscar um especialista conhecedor do assunto, ou laborató rio especializado.

O intervalo nas aplicações deve ser regiamente respeita do - a maioria dos fungicidas não permite intervalos maiores que 10 dias, principalmente se houver muito molhamento fo liar. Após pulverizar as mudas, deve-se esperar pelo menos uma

Sintomas de mancha foliar por Microcyclus ulei

Sintomas de mal-das-folhas em muda de seringueira

hora para irrigar.

Aplicações curativas ou erradicativas dos fungicidas po dem levar à perda do controle ou da eficácia, principalmente dos fungicidas. Atentar-se para fungicidas de ação conhecida e registro no Ministério da Agricultura.

A maioria das empresas de agroquímicos não tem inte resse em desenvolver ou registrar fungicidas e outros produtos para culturas ou sistemas de menor importância ou “minor crops”.

Os sistemas de registro são caros, sendo que no Brasil têm que passar por três Ministérios (Saúde, Meio Ambiente e Agricultura) e são etapas longas e de alto custo.

A legislação brasileira é uma das mais demoradas e caras do mundo para ser atendida. Recentemente se liberou o uso de produtos biológicos “on farming”, ou seja, a fermentação na fa zenda de fungos e bactérias que promovem a proteção de plantas e o controle de doenças de solo e da parte aérea, principalmente contra fungos nocivos, bactérias e nematoides.

O caminho

Os erros devem ser evitados atentando-se para informações técnicas corretas e recomendações confiáveis de profissionais da agricultura bem informados. Deve-se evitar profissionais sem formação e oportunistas de mercado de baixo custo e até des preparados.

Os profissionais que têm habilidade para fazer prescri ção e receituário agronômico são o engenheiro agrônomo e o engenheiro florestal. Mesmo técnicos agrícolas de nível mé dio não apresentam a formação adequada nos seus currículos.

Quanto ao sistema regulatório brasileiro ou Secretarias de Estado da Agricultura, a legislação para viveiros e mudas deve estar atualizada e em conformidade com as resoluções do Mi nistério da Agricultura, principalmente para auxiliar na proteção de plantas.

Investimento

O preço dos indutores de resistências, fungicidas biológicos e químicos são indexados ao dólar. Nos dias atuais, com a pandemia de coronavírus e o dólar acima de R$ 5,00 e em as censão, fica difícil estimar os custos, que dependem muito do número de pulverizações e intervalo das mesmas.

Além dos produtos que são escolhidos ou comprados, todo o processo influencia no custo final. Como viveiros são áreas pequenas ou de no máximo poucos hectares, o custo é reduzi do. Lembrar que qualquer sistema de produção de mudas busca a qualidade da mesma, e nesse caso o custo é reduzido para o agricultor, uma vez que o volume de fungicidas gasto é peque no em função da área usada e volume de uso.

Existem inúmeras vantagens para o agricultor em rela ção à proteção adequada das plantas, e no final das contas, não vale a pena correr o risco de ter doenças e/ou pragas na lavoura.

VIVEIRO SUSPENSO

NUTRIÇÃO DOS PORTA-ENXERTOS DE SERINGUEIRA

José Geraldo Mageste

Engenheiro florestal, Ph.D e professor - Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG/UFU) jgmageste@ufu.br

Vinícius Evangelista da Silva

Engenheiro florestal e doutor em Solos e Nutrição de Plantas viniciusesilva@yahoo.com.br

Aprodução de porta-enxertos de seringueira em viveiro suspenso passou a ser uma exigência legal para evitar a contaminação das áreas plantadas por nematoides. Esta exigência iniciou no Estado de São Paulo e hoje já é co mum em quase todos os Estados da Federação.

Se, por um lado, esta exigência mostrou-se eficiente para o controle deste patógeno que tantos prejuízos tem trazido aos seringais de cultivo, por outro, veio exigir uma mudança na tecnologia de produção de mudas para obtenção de resulta dos satisfatórios.

Continuam as exigências para uma seleção de sementes de porta-enxertos de alta qualidade, com vigor e, preferencialmen te, advindas de plantios monoclonais. Esta uniformização das sementes facilita o manejo e os tratos silviculturais no futuro vi veiro suspenso.

Nutrição dos porta-enxertos

Fotos Paulo Brito

ser suspenso, continua a exigência de uma sementeira no solo para germinação das sementes. Esta sementeira facilita a sele ção inicial das plantículas, selecionando aquelas de crescimento inicial mais vigoroso, que produzirão os porta-enxertos em menor tempo de cultivo.

Deve haver uma seleção na sementeira de pelo menos qua tro grupos de plantas pela ordem de germinação. Isto facilitará os tratos silviculturais no futuro viveiro suspenso.

A sementeira pode ser feita com serragem curtida ou areia lavada de textura média. Não existem preocupações com a nu trição das plantículas, já que elas serão transplantadas, seja na fase de paliteira ou pata de aranha. O que não pode faltar é a água. A irrigação da sementeira deve ser diária ou até duas ve zes ao dia se a UR (Umidade Relativa do Ar) estiver abaixo de 30%.

A preocupação com a nutrição adequada dos porta-en xertos inicia no viveiro (suspenso). Assim, tem que ser levado em consideração a composição do substrato a ser usado. Muitas vezes existe uma preocupação com a textura e a capa cidade de umidificação do mesmo, esquecendo-se do seu papel na nutrição das plantas.

Importância do magnésio

De maneira geral, sabe-se que a seringueira é muito exigente em magnésio (Mg), tanto que as formulações de adubações são compostas de NPK Mg. Inicialmente, se diz que

a plantícula de seringueira está “mamando”, pois a semente a acompanha por meio de dois sustentáculos, e realmente tem a função de fornecer nutrientes e carboidrato até a formação dos primeiros pares de folhas.

Nesta fase a disponibilidade de nitrogênio pode ser satis feita quase exclusivamente pelo substrato no tubete. O uso de uma fonte de esterco de gado ou de aves (5 a 10% do volume) no substrato cumprirá adequadamente esta função. Em mui tos viveiros têm-se utilizado fontes de fósforo lentamente disponível, como os fosfatos naturais, na composição do substrato.

Assim, com o crescimento das mudas o fósforo também vai se tornando disponível. Existem muitos estudos sobre ele mentos protegidos ou de liberação lenta que podem ser consultados na literatura ou esclarecidos por um engenheiro florestal experiente. A quantidade de fosfato natural no substrato não deve passar de 2% em volume.

Manejo

Então, a nutrição das mudas (porta-enxertos) no futuro viveiro suspenso já se inicia com a preparação do substrato. Além das características de textura, porosidade e umidificação, deve ser levado em consideração a capacidade de fornecer adequa damente alguns nutrientes, como nitrogênio, fósforo, potássio e magnésio.

Conforme dito anteriormente, ao invés de se recomendar o uso de formulados (NPK Mg) com fontes prontamente so lúveis, uma boa medida é usar parte do fósforo fornecido por fosfatos parcialmente acidulados ou protegidos.

A mistura de até 1,5% em volume de fosfato natural tem facilitado o crescimento das plântulas nas fases inicial e pos terior, antecipando o ponto de enxertia. Assim, recomenda-se o uso deste tipo de fonte de fósforo, complementado com ou tras fontes prontamente disponíveis, como superfosfato simples, triplo ou termofosfatos.

Próximo passo

A preocupação com o nitrogênio, potássio, magnésio e micronutrientes aparece após a plântula se desmamar (geral mente após a emissão do segundo lançamento ou até três meses após o transplante da sementeira.

Normalmente são usados tubetes de até 450 ml de volu me (já existem viveiros com embalagens de até 1.200 ml), fa

cilitando o desenvolvimento inicial das plântulas em termos de parte aérea e sistema radicular.

Observações constantes sobre o desempenho do substra to no quesito conservação da umidade são muito importantes para acompanhamento do estado nutricional das plântulas. Substratos que facilitam o escoamento da água de irrigação devem ser evitados e necessitam ser complementados com soluções nutritivas com nitrogênio e magnésio (nunca ultra passando 2,5% em volume).

As cloroses, ou “espinha de peixe” com amarelecimento en tre as nervuras, demonstram a necessidade imediata de adubação com magnésio. Ele deve ser feito por meio da irrigação com sulfato de magnésio (sem outro sal qualquer), em até 3% do volume de água, distribuído regularmente sobre as plântu las, sem preocupação com o “molhamento” das folhas.

Na região centro-sul do Brasil, na chamada região de es cape (por causa do mal-das-folhas), o desenvolvimento inicial das plântulas de seringueira coincide com a ocorrência de temperaturas amenas ou baixas.

Nesta condição, existe uma redução considerável do me tabolismo das plântulas e os nutrientes da água de irrigação conseguem satisfazer as exigências iniciais (principalmente o nitrogênio).

Observações constantes do aspecto do limbo foliar e o ganho em crescimento em diâmetro do coleto indicarão a ne cessidade de adubações complementares com micronutrientes. Mas, com a chegada da primavera e, principalmente do verão, as plântulas devem ser nutridas com formulados NPK Mg, a exemplo do 10-10-10-06.

Esta observação e ação devem ser maiores para os lotes de plântulas (porta-enxertos) que serão enxertados e trans plantados até o final do verão, ou até janeiro do próximo ano.

Fontes nutricionais alternativas

Constantemente se pergunta sobre uso de ácido húmico ou fontes alternativas de nitrogênio em viveiros em suspensão. A resposta é que não existe nenhum impedimento, principal mente em se pensando na quase inexistência da possibilidade de toxidez das plantas.

Os fertilizantes solúveis devem ser preferencialmente usa dos nos viveiros suspensos, dada a sua facilidade de obtenção como a resposta quase imediata da aplicação. Mas, lembra-se, novamente, que plântulas fertilizadas somente devem ser en xertadas após 30 dias. É a mesma regra para os viveiros conduzidos no solo. O “pegamento” de enxertos será melhor em porta-enxertos sadios e bem nutridos.

Mais produtividade

A técnica em nada difere dos viveiros conduzidos no chão. Os viveiros suspensos são eficientes para o controle da disse minação de nematoides. Um substrato de qualidade possibilita às plantas um bom desenvolvimento inicial e ganhos em diâmetros que facilitam a enxertia em curto espaço de tempo. O uso de sulfato de magnésio, junto com micronutrientes como ferro, cobre, zinco e manganês, em soluções (de até 3% em volume) aplicadas a cada 25 dias, proporcionou a enxer tia em viveiros suspensos com cinco meses de idade, na região

do Triângulo Mineiro. É lógico que este desempenho se deu também pelas condições climáticas adequadas.

A escolha do substrato é fundamental para o viveiro sus penso. Em alguns casos, notou-se a perda total do mesmo após três meses de existência. Isto resultou na perda de quase todas as plântulas sem haver enxertia ainda.

O mais frequente é se assustar com os sintomas de defici ências de nutrientes, principalmente magnésio, potássio e micronutrientes e aplicar doses ‘cavalares’ de nutrientes, pensando que a deficiência será corrigida da ‘noite para o dia’. É necessário ter paciência, acertar a dosagem mínima, não cau sar salinização do substrato e entender que se trata de um viveiro suspenso, logo, com limitações de volume para receber toda a fertilização fornecida por meio da irrigação.

Observações diárias do estado nutricional dos porta-enxer tos são a melhor maneira de se evitar erros nutricionais. Procure estudar e qualificar com precisão os sintomas apresentados. Eles podem gerar confusões. Troque experiência com enge nheiros florestais qualificados. Lembrando que a qualidade da muda é fundamental para a formação de um bom seringal. Pense nisto.

Custo x benefício

O custo da fertilização adequada do porta-enxerto é muito pequeno em relação ao preço da muda. Ele não chega a 4% do valor final. Mudas vigorosas são re sistentes a intempéries climáticas.

Lembrando que a fertilização do porta-enxerto vai reduzir o tempo da muda no viveiro suspenso. Viveiros suspensos possuem custo de irrigação superior àqueles no solo, mas quanto mais rápido as mudas forem pro duzidas, menor será o custo de energia, mão de obra e, principalmente, com a manutenção do viveiro.

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