Marcelo Augusto Fonseca – Radiologia
As calcificações fisiológicas na neurorradiologia
Quantas vezes já não nos deparamos com algo fisiológico pensando ser patológico? Em radiologia isso é muito comum, especialmente na parte neurológica. O intuito dessa apostila é mostrar como existem calcificações fisiológicas na neurorradiologia e que não devemos confundir essas calcificações fisiológicas com alguma lesão ou com calcificações patológicas. Em resumo, temos 5 calcificações fisiológicas principais:
Calcificação da foice Calcificação do plexo coroide Calcificação da pineal Calcificação dos gânglios da base Calcificação habenular ou das habênulas
Vamos agora entender as particularidades de cada uma dessas calcificações As calcificações da foice cerebral são comuns. Vale ressaltar que a calcificação da foice cerebral pode levar junto com a foice uma parte da dura-máter, não havendo demais problemas quanto a isso. A extensão dessa calcificação é variável e é mais comum vermos a calcificação da parte anterior da foice cerebral do que a parte posterior. Observe abaixo um exemplo:
A próxima é a calcificação do plexo coroide. A principal calcificação fisiológica do plexo coroide são as calcificações dos cornos posteriores ou cornos occipitais e as do quarto ventrículo. Calcificações do corno temporal ou do Canal de videoaulas:
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terceiro ventrículo tendem a ser patológicas, como por exemplo, na neurofibromatose. Observe a calcificação do corno posterior abaixo:
A calcificação da pineal pode ser encontrada em torno de 10% dos pacientes, embora seja uma calcificação fisiológica.
A próxima, dos gânglios da base, merece uma ressalva. Em pacientes com idade menor que 40 anos, a chance dessa calcificação não ser fisiológica é bem alta. Não significa que uma pessoa com 39 anos e 364 dias de vida que apresente essa calcificação vá ser patológica. Devemos investigar outras patologias de base, especialmente hiperparatireoidismo, alterações no metabolismo da vitamina D e doença de Fahr (calcificação patológica bilateral simétrica dos gânglios da base). Após os 50 anos é muito comum acharmos essa calcificação nos nossos pacientes.
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A calcificação habenular pode ser encontrada anteriormente à região da glândula pineal e é mais visualizada em pacientes idosos (cerca de 30% dos pacientes idosos). A imagem abaixo mostra a calcificação habenular junto com a calcificação da pineal, não necessariamente que as duas precisem estar juntas. Como sei que você, estudante de radiologia, é muito curioso, vai querer saber qual lesão está na tomografia abaixo, no caso, trata-se de uma hemorragia intraparenquimatosa.
Obs 1: Foram utilizadas tomografias pois o cálcio é naturalmente Hiperdenso (branco), favorecendo uma melhor visualização das estruturas anatômicas fisiológicas calcificadas Obs 2: Obviamente que alguma estrutura anatômica pode calcificar anomalamente, devendo o médico estar atento a isso Obs 3: Algumas patologias como alterações no metabolismo da vitamina D, alterações do metabolismo do cálcio, hiperparatireoidismo, neurofibromatose,
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doença de Fahr, dentre outras, cursam com calcificações patológicas que podem aparecer uma hora ou outra diante do radiologista.
Baseado nisso, nos atentemos a um caso visto por mim, de uma senhora de aproximadamente 70 anos. Quais as calcificações podemos visualizar claramente?
Resposta: Gânglios da base, pineal, habenular e corno posterior (plexo coroide)
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