O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Ana Cossermelli

o livro do clube dos corações solitários do sargento pimenta

a engenharia de papel como interpretação gráfica



a engenharia de papel como interpretação gráfica

São Paulo — 2009 FAAP — Fundação Armando Alvares Penteado

Trabalho de conclusão da graduação como parte obrigatória para obtenção de grau de Bacharel em Desenho Industrial com Habilitação em Design Gráfico.


professores


tcc Professor Mestre Carlos Perrone Professora Mestre Maria CecĂ­lia Consolo Professor Doutor Miguel de Frias Professor Paulo Sampaio

orientador Professor Mestre Ivan Bismara


dedicado Ă meus pais


Pelo amor, apoio e dedicação, sempre incondicionais.


i get by with a little help from my friends


O Livro do Clube dos Corações Solitários

não seria nada sem a ajuda de meus

amigos, e todos que sempre mostraram apoio e curiosidade em relação a este projeto maluco.

La, por sugerir a idéia para que esse projeto finalmente se erguesse, pela ajuda em todos os momentos em que eu ficava desesperada quando não conseguia idealizá-lo e pela amizade de tantos anos. Thá, pela presença e amizade nesses 4 anos de São Paulo, apoio e ajuda sempre que possível. Kiara, que se tornou uma amiga muito importante para mim durante os anos de faculdade; eu não poderia imaginá-los sem ela. Mana, por se tornar uma grande amiga rapidamente, por sempre animar os meus dias e também por todo o açúcar! Val, pela amizade e por todas as conversas, mesmo à distância. Luisinho, por toda honestidade e incentivo durante todas as etapas deste projeto, e pela ajuda sempre que eu precisava. Zé, pelos conselhos-cabeça sempre necessários, pela companhia nos dias de fazer TCC, e por salvar a minha monografia e me manter sã durante esse dia caótico. Pedro, por todas as dicas e sempre perguntar como eu estava. Tenho certeza que o livro não seria o mesmo sem o interesse de todos vocês.

Ivan, pois eu não poderia ter escolhido outro professor para me guiar por esse caminho. Além de me incentivar e até divertir, com certeza me influenciou muito como pessoa. Os professores de TCC Paulo e Miguel, por serem grande fonte de inspiração e ajuda durante o árduo processo de criação do livro; e ao professor Julio Freitas, sem as suas aulas eu não conseguiria descobrir o conceito de meu projeto. Não posso deixar de agradecer Carol Barton e Sally Blakemore, duas autoras que se mostraram muito mais que prestativas para ajudar em tudo que eu precisava.

E àqueles que criaram um mundo maravilhoso de música: The Beatles.


1 a engenharia de papel como interpretação gráfica 1.1 introdução

16

1.2 justificativa

17

1.3 objetivo

18

1.4 resumo

19

1.5 abstract

20

1.6 palavras-chave

21

2 pesquisa 2.1 contextualizando os livros móveis e a engenharia de papel

24

2.2 o pop-up como recurso gráfico

42

2.3 as possibilidades da engenharia de papel

48

2.4 a linguagem e a influencia do elemento tridimensional

54

2.5 fundamentação teórica 2.5.1 livros lidos/relacionados

61

2.5.2 periódicos

64

2.5.3 web

65

2.6 pesquisa de campo

10

2.6.1 público alvo

67

2.6.2 editoras e engenheiros gráficos

68

2.6.3 entrevistas

73

2.6.4 produtos

87

2.6.5 análise e síntese

90


3 conceituação 3.2 painel semântico da linguagem

94

3.3 painel semântico do projeto

98

3.4 definição do conceito 3.4.1 texto

102

3.4.2 imagem

103

3.5 o conceito

106

4 o livro do clube dos corações solitários do sargento pimenta 4.1 estudos preliminares 4.1.1 cores

111

4.1.2 linguagem gráfica

112

4.1.3 roteiro

116

4.1.4 tipografia

140

4.1.5 títulos

141

4.1.6 formas

144

4.1.7 personagens

146

4.1.8 composições e cenários

150

11


4.3 definições projetuais 4.3.1 árvore do projeto

165

4.3.1 produto final

166

4.3.3 componentes

194

5 detalhamento técnico 5.1 produção gráfica

200

5.2 aproveitamento de papel

201

5.3 peças

202

5.4 simulação do alinhamento de peças

206

5.5 simulação de faca de corte

207

6 aplicações 6.1 modelos

210 6.1.1 bonecos

12

211

6.1.2 pré-modelo

213

6.1.3 teste de usabilidade

214


7 bibliografia 7.1 livros

217

7.2 periódicos e artigos

218

7.3 web

219

7.4 referências

221

7.4 índice imagético

222

8 considerações finais 228

13


a engenharia de papel como interpretação gráfica

14


15


Estallido explora a história dos livros móveis, a partir de um artigo escrito pela historiadora americana Ann Montanaro, de modo à criar uma fonte de pesquisa em português sobre o desenvolvimento da engenharia de papel durante os séculos. Procura detalhar a técnica específica do pop-up como um recurso gráfico para designers, além de evidenciar as possibilidades da engenharia de papel em outros meios, não apenas o editorial. Também mostra os elementos da engenharia de papel como uma nova linguagem, a forte influência do elemento tridimensional sobre o processo de leitura e assimilação de conteúdos, e a importância desses fatores na mudança da interação entre indivíduo e o objeto livro. E estuda profundamente as estruturas de papel possíveis de serem criadas, a partir da observação de livros que ensinam a técnica e livros pop-up já existentes no mercado.

introdução

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A pesquisa visa unir toda a história da engenharia de papel e o estudo da técnica do pop-up com o tema escolhido, aplicando sobre o projeto a visão do design gráfico, através da interpretação visual.

justificativa

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Criar um livro objeto autoral que consiga passar o conceito do projeto através de ilustrações desenvolvidas a partir da interpretação de músicas de uma das bandas mais importantes da história e exploradas com as técnicas da engenharia de papel, especialmente o pop-up.

objetivo

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O Livro do Clube dos Corações Solitários: a Engenharia de Papel como Interpretação Gráfica documenta todo o processo de conceituação e criação do livro O Livro do Clube dos Corações Solitários do Sargento Pimenta. A partir da história dos livros móveis serão apresentados todos os elementos essenciais para o desenvolvimento do projeto: os painéis semânticos de conceituação, os estudos iniciais, as cores escolhidas, o roteiro composto de músicas, os personagens desenvolvidos e a linguagem gráfica que os influenciou, até os modelos e mock-ups, que culminam no produto final: O livro.

resumo

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O Livro do Clube dos Corações Solitários: a Engenharia de Papel como Interpretação Gráfica documents the concept and production process of the book O Livro do Clube dos Corações Solitários do Sargento Pimenta. In addition to movable books’s history, it presents all the elements in the project’s development: the concept’s semantic boards, the initial sketches, the colors picked, the script made up of music, the characters created and their graphic influences, to the models and mock-ups that lead up to the final product: The book.

abstract

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editorial livro pop-up engenharia de papel livro objeto the beatles mĂşsica palavras-chave

21


pesquisa

22


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Os primeiros livros móveis aparecem na história antes da invenção da própria impressão. Mecanismos interativos feitos em papel estavam presentes na obra de Ramón Llull, um místico e poeta catalão da região de Majorca, que viveu no século XIII (aproximadamente de 1235 a 1316). Seus trabalhos continham estruturas conhecidas como volvelles, que ele utilizava para ilustrar seus ideais filosóficos. Volvelle, palavra francesa que significa “para girar,” é uma estrutura composta de discos de papel que permitem a rotação de partes de papel entre sí ou outras partes de papel em relação à página. Acredita-se ser a primeira parte móvel que apareceu em livros e foi uma estrutura utilizada desde a época de Llull até o século XVIII. As volvelles ilustravam uma variedade de tópicos científicos incluindo astronomia, matemática, navegação e medicina, além de tópicos não-científicos como o misticismo, a previsão de sorte e serviam até para o envio de mensagens secretas e codificadas.

Uma das primeiras volvelles foi criada em 1250 pelo monge petrus apianus, volvelle

Beneditino Matthew Paris (1200-1259), quando constatou que os livros de sua abadia que determinavam os feriados católicos eram

contextualizando livros móveis e a engenharia de papel

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grandes e pesados, sendo assim difíceis de carregar e manusear. Os livros da época só poderiam ser lidos quando apoiado no colo dos próprios monges e rotacionados por inteiro. Portanto, Paris transformou-os em várias tabelas circulares unidas apenas pelo centro, que rotacionavam independente das outras. Há quem credite Paris como o criador das volvelles, mas essa afirmação não pode ser comprovada históricamente. Afinal, ele e Ramón Lull viveram na mesma época.

O surgimento da máquina de impressão, por volta de 1400, é o que torna possível a produção em larga escala de livros, e qualquer estrutura móvel que fazia parte dos mesmos. O artista Petrus Apianus foi um dos mestres na área, e criou vários dos mais belos volvelles em sua época. A característica visual de seu trabalho era simples, porém a engenharia de papel era sempre bem elaborada, inovadora e revolucionária. No ano de 1540, Petrus criou um de seus mais desenvolvidos volvelles, o Astronomicum Caesareum, que era engravado por ele mesmo e pintado a mão com

petrus apianus, astrononomicum caesareum, c. 1540

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aquarela. Volvelles dessa magnitude eram normalmente grandes livros em tamanho, pois a estrutura de papel era o foco central do livro, o que resultava em livros muito caros para produzir, já que o processo manual de engravar a chapa de impressão e a colorização feita a mão, exemplar por exemplar, era árdua. Não eram livros voltados para o público em geral e o preço do produto final era estabelecido de acordo com o caro e complexo processo de produção da época. Normalmente, somente a realeza ou membros da comunidade científica os adquiriam. Estudantes que precisavam das volvelles para seu aprendizado não podiam pagar pelos livros grandes e coloridos, portanto Petrus e outros criadores de livros desse tipo começaram a produzir versões pequenas e mais baratas de seus livros, que eram impressos em preto e branco e em maior quantidade.

Outra estrutura de papel conhecida como lift-the-flap (lâminas de papel que, quando levantadas, revelam alguma informação) foi utilizada desde o século XIV, especialmente em livros de anatomia. Através de várias lâminas, cada uma com uma parte do corpo, as estruturas deixavam o leitor explorar a profundidade de um torso, por exemplo. O livro de anatomia De humani corporis fabrica libroruim epitome, de

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Andreas Vesalius, impresso no ano de 1534 em Basel, na Suíça, continha uma ilustração móvel do corpo humano em sete camadas detalhadas.

Livros móveis não foram criados para o público infantil até o começo do século XIX. O primeiro livro de sucesso dessa época e voltado para esse público foi andreas vesalius, de humani corporis fabrica libroruim epitome, c. 1544

o título Harlequin’s Metamorphoses, criado pelo londrino Robert Sayer. Em

1765, Sayer desenvolveu o livro que ele classificava como “livro metamorfose”, que utilizava estruturas de papel que mais tarde seriam conhecidas como turn-up ou como uma derivação do próprio título, harlequinades. O livro era basicamente um panfleto dobrado em várias partes. Cada parte continha sua própria meia-ilustração, assim, o ato de virar cada aba produzia variações divertidas nas cenas originais. O nome do livro derivou-se do Arlequim, personagem da comédia italiana e comum no

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robert sayer, harlequin’s methamorphoses, c. 1765

teatro pantomina. O personagem também é figura central dos livros de Sayer, que logo tornam-se populares entre as crianças, causando muitas cópias do título a serem vendidas e até plagiadas.

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Os primeiros livros móveis que atendiam ao público infantil e que foram produzidos em larga escala eram da editora londrina Dean & Son. Fundada em 1800 por Thomas Dean, a editora se intitula de “a criadora de livros móveis para crianças” pouco tempo depois de iniciar sua produção. Para a criação e montagem dos livros, Dean cria um departamento especial na editora, com artesãos preparados e as ferramentas necessárias para o trabalho manual de produção dos livros e suas complexas peças móveis. Dean também introduziu nos livros móveis uma estrutura inspirada na cortina veneziana - em que uma ilustração é dividida em várias partes iguais através de cortes estreitos e que, a partir do puxar de uma aba no canto da página, a ilustração se transforma em outra. A editora chega a produzir cerca de 50 títulos infantis, de 1860 a 1900. Os livros eram normalmente chamados de livros móveis ou livros brinquedos na época, e os títulos da Dean & Son são provavelmente os primeiros da história que leitores de hoje em dia considerariam como pop-ups.

Existiam outras editoras e artistas atuando na época e pode-se notar, em especial, o despontar de artistas alemães que aproveitavam da técnica da cromolitografia, que era muito bem desenvolvida em seu país de origem, para seus trabalhos.

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Foi o alemão Raphael Tuck quem desafiou a posição até então soberana da Dean & Son no mercado. Tuck se muda para a europa quando jovem e, em 1870, com seus filhos, cria em Londres a Raphael Tuck & Sons que produzia desde papéis de luxo a bonecas de papel. No quesito de livros móveis, eles publicam a coleção Father Tuck’s ‘Mechanical’ Series e várias outras séries de livros tridimensionais. Tuck, como Dean, também investe na criação de uma equipe editorial e de design para a produção de um grande volume de trabalho de alta qualidade. A editora tem tanto êxito no mercado, que Raphael Tuck logo se torna cidadão inglês e a Raphael Tuck & Sons se torna a editora oficial da Rainha Vitória. A impressão dos produtos que oferecia era feita na Alemanha, pois, à partir da metade do século XIX, as técnicas extremamente aperfeiçoadas de impressão colorida e os equipamentos das gráficas alemãs produziam a melhor qualidade possível para a época, quando se tratava da reprodução de artes originais.

Ernest Nister, outro editor alemão do século XIX, também começa a produzir livros móveis e seus títulos não ficam restritos ao mercado europeu, são também exportados para os Estados Unidos. A empresa que Nister funda em 1877 tinha todos

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ernest nister, our peepshow, c. 1894

os recursos para se firmar no mercado editorial, pois ele possuía em seu escritório as máquinas necessárias para os mais variados processos de impressão. No entanto, foi por seus livros móveis de 1890 que o autor foi reconhecido. Seus projetos eram parecidos com os de seus contemporâneos, porém ele desenvolve as técnicas criadas até então. A diferença principal estava nas ilustrações com estilo característico de Nister e a sua maneira de montá-las em cada página de modo a criar perspectiva com as peças.

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O autor mais original do século XIX foi o artista de Munique, Lothar Meggendorfer. Ele tinha uma visão cômica transpassada em suas ilustrações, e em em suas engenhosas estruturas e mecanismos de papel. Ele arquitetava rebites e fios de cobre por trás das peças de papel para que, ao puxar de uma única aba no canto da página, todas as partes entrariam em movimento, cada uma em seu momento, dependendo do quanto da aba foi esticada. Suas personagens sempre tinham grande mobilidade, através de camadas escondidas entre páginas que serviam para facilitar os mecanismos que criava. O que diferencia Meggendorfer de seus contemporâneos é que o autor não se contentava com apenas uma ação em cada virar de página. Ele procurava utilizar das mais variadas técnicas e materiais para criar o elemento surpresa em cada um de seus livros.

lothar meggendorfer, internationaler circus, c. 1887

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Com o início da Primeira Guerra Mundial, poucos livros móveis foram produzidos. Grande parte da produção era realizada em gráficas alemãs e era necessário trabalho intensivo para cada livro ser completo.

Acredita-se que, após 1914, a força de trabalho Alemã das gráficas de impressão eram exigidas para tarefas menos frívolas. 1 Até esse momento, a presença dos artistas alemães era constante e indispensável para a criação e produção de novos livros móveis. Esses fatos resultaram em uma pouca produção na época, já que os ingleses e americanos não possuíam os recursos para criar livros em grande quantidade e com uma boa qualidade de impressão. Com tal repercusão no mercado de livros móveis da época, “e a escassez de recursos resultante, foi levado ao fim o que é considerado a Era Dourada desses maravilhosos livros móveis e livros brinquedos.“ 2

Os livros móveis ressurgem por volta de 1930, com uma nova série de livros móveis concebida pelo inglês S. Louis Giraud. Foram 16 títulos no total, produzidos entre 1929 e 1949, inicialmente em parceria com o jornal Daily Express e mais tarde

1

montanaro, A Concise History of

Pop-up and Movable Books 2

Carter, Diaz, 1999: 01

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independentemente. Cada exemplar possuía cinco páginas com ilustrações que saltavam para o tridimensional com o abrir das páginas e podiam ser vistos de todos os lados e ângulos, muito similar aos livros pop-up modernos. Ao contrário dos livros alemães produzidos e comercializados até então, os livros tinham um preço moderado e, por isso, os livros de Giraud atingiram um grande público e foram muito populares.

Em 1930, com a Grande Depressão se aprofundando, as editoras americanas procuravam maneiras para incentivar a compra de livros. A Blue Ribbon Publishing, de Nova York, encontra a receita do sucesso: utilizar a técnica do pop-up para criar livros de contos de fadas e dos personagens clássicos de Walt Disney. A editora também foi a primeira a utilizar o termo “pop-up”, que descrevia o efeito que a técnica trazia blue ribbon publishing, puss in boots, c. 1934

para a sua mais nova série de livros.

Entre 1940 e 1950, um novo grupo de artistas e editoras aparecem no mercado dos livros móveis. Uma série de vários livros pop-up inovadores foi produzido pelo autor Vojtech Kubašta através da editora Artia, de Praga. Em 1960, esses livros iriam

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influenciar o americano Waldo Hunt, que funda a sua própria empresa, a Graphics International, em Los Angeles, para produzir seus próprios livros. Hunt provoca o ressurgimento dos livros pop-up como conhecemos hoje.

Criando livros domesticamente em Nova York e Los Angeles e produzindo-os fora dos Estados Unidos, Hunt criou um novo padrão de livros complexos, porém acessíveis. Utilizando autores, ilustradores e engenheiros de papel de todas as partes do mundo, Hunt se tornou o responsável pela criação de milhares de livros pop-up que foram, subsequentemente, publicados mundialmente. 3 A Graphics International se muda para Nova York em 1964, e a empresa de cartões mundialmente conhecida Hallmark compra a equipe no final da década. Em 1974, depois de criar vários títulos para a Hallmark, Hunt volta para a California e funda a Intervisual Communications, Inc. (ICI) que produz grande parte dos livros pop-up da atualidade.

3

Carter, Diaz, 1999: 01

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“O Waldo Hunt da Intervisual é conhecido como o padrinho dos livros pop-up,” diz Ron van der Meer, autor britânico de livros pop-up para adultos e contemporâneo de Hunt, em uma entrevista para Natalie Avella, autora do livro Paper Engineering. Em 1981, van der Meer ofereceu à Intervisual sua idéia de criar um livro sobre navios, mas Hunt não aceitou o projeto. “Ele me disse que adultos não eram interessados em pop-ups - que o livro nunca venderia. Então eu levei o projeto para uma editora britânica e eles ficaram muito interessados. Quando Wally descobriu, ele retornou para o projeto. Era o primeiro livro sério sobre navegação através dos séculos. Mais de 400,000 copias foram criadas do livro Sailing Ships e ele ainda está sendo vendido — eu ainda recebo cheques de Royalties. O livro vende em Nova York por 600 dólares.” 4

ron van der meer, sailing ships, 1981 4

Avella, 2009: 106

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Como diz Ann Montanaro, colecionadora de livros móveis e fundadora da Movable Book Society:

Por mais de 700 anos, artistas, filósofos, cientistas e designers tentam desafiar os limites do livro. Eles adicionaram abas, partes que rotacionam e peças móveis para realçar o conteúdo encontrado nas páginas simples e bi-dimensionais. 5 Segundo ela, hoje em dia, o número de livros pop-up no mercado cresceu de forma espetacular, e cerca de 200 à 250 novos livros pop-up são produzidos em inglês todo ano.

jane ray, snow white, 2009

paul wilgress, elvis, 1985

5

Linda Costello and Bruce Foster,

Avella, 2009: 106

Lighthouses: A Pop-up Gallery, 2007

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Através de observações em algumas das maiores livrarias da cidade de São Paulo, nota-se que existem muitos títulos disponíveis, especialmente para crianças, no mercado de livros pop-up brasileiro. Existe uma grande procura por livros da categoria, afinal a sua característica lúdica transforma as próprias páginas do livro em brinquedos, fator que atrai as crianças na hora da leitura. No Brasil há poucas editoras especializadas em livros pop-up, mas várias voltam a sua atenção para esse segmento, em apenas algumas edições ou projetos específicos.

O gasto com a produção de um livro pop-up é alto, especialmente devido ao processo manual de montagem, além da necessidade de existir facas especiais para praticamente todas as páginas do livro, o que encarece ainda mais o projeto. É um grande investimento para uma editora, por isso é necessário que exista a certeza que o projeto terá sucesso, tanto na hora de desenvolvimento e montagem como posteriormente, nas livrarias. Uma maneira simples de entender o custo de produção é calculando a partir do valor de alguns livros no mercado. O livro de Robert Sabuda Alice’s Adventures in Wonderland, por exemplo, a partir do valor encontrado na Livraria Cultura calcula-se em R$ 14,58/página. Enquanto, em um exemplo surreal,

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a edição exclusiva do livro Valentino, da editora Taschen, de 738 páginas e valor total de R$ 5.775,00, sai R$ 7,82/página. Não existem informações, até a presente data, sobre quais técnicas dos livros móveis são possíveis de reprodução nos parques gráficos brasileiros. Ainda não é claro se as impressões e manuseio das edições brasileiras são feitas em outros países, e qual é o impacto no custo da produção.

Atualmente, no Brasil, a categoria de livros pop-up mais explorada é a infantil por ser um investimento mais seguro para as editoras. A procura por esses livros é mais constante por pais que necessitam de livros diferenciados para estimular a leitura de seus filhos e, muitas vezes, eles mesmos também ficam fascínados pelos pop-ups infantis. Isso não acontece apenas no Brasil. No mercado internacional, a categoria infantil também domina o mercado. No entanto, podemos encontrar muitos livros que são voltados à um público adulto ou jovem, e até para quem é interessado na ténica da engenharia de papel em si. Os brasileiros que se interessam por esses livros normalmente tem que importá-los para o país, ou comprá-los por valores muito mais altos nas livrarias nacionais. Livros como o ABC3D, onde o abcedário é transformado em estudo tipográfico tridimensional que se movimenta na página através da

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interação com o usuário; Trail, subtitulado “poesia de papel”, com pop-ups realizados apenas em páginas brancas; livros de arquitetura em que edificações perfeitas saltam de suas páginas; ou a edição 55 da revista Visionaire, intitulada Surprise! e desenvolvida por autores renomados; são ótimos exemplos que o popup é uma técnica em voga, que não necessariamente deve ser voltada apenas para o público infantil. david pelham, trail, 2007

O que impulsiona o consumidor a comprar um livro pop-up são as suas próprias páginas. O efeito das dobraduras é, sem sombra de dúvidas, o que fascína o leitor — que inicialmente ignora o texto presente nas páginas para observar por mais tempo como uma certa dobradura acontece, abrindo e fechando o livro múltiplas vezes. O pop-up traz à página o efeito de realidade; o tridimensional ajuda o leitor a visualizar determinada cena ou local de uma maneira muito mais fácil do que apenas o texto corrido. Quando existe a junção da visão tridimensional e do texto, isso transforma o entendimento e a aprendizagem do leitor em algo intuitivo e eficiente. O pop-up não é somente lúdico, a técnica também pode ser utilizada de maneira informacional.

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É importante entender o grande potencial da engenharia de papel. A utilização da técnica influencia o leitor e, para continuar com a evolução que pudemos observar durante os séculos, é necessario abordar novos temas e atingir novos públicos.

visionare 55: surprise! 2008

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Design gráfico é normalmente pensado como uma atividade que acontece em duas dimensões mas, de fato, tudo que é mais complexo que um simples poster funciona em três dimensões. Natalie Avella

o pop-up como recurso gráfico

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Existem várias possibilidades que podem ser exploradas por designers para criar elementos interativos no universo dos materiais impressos. A engenharia de papel pode e deve ser utilizada quando for de interesse do designer atingir um objetivo específico que não é possível ser alcançado através das páginas planas de um livro normal, onde o 2D não é suficiente.

Classificados como aqueles que criam livros pop-up ou livros com projetos gráficos diferenciados em sua forma e linguagem, os engenheiros gráficos buscam através da criação de camadas, rasgos ou novas formas e materiais, inovar a estrutura tradicional do objeto com que trabalham. A idéia principal por trás dessas intervenções é transformar o processo de leitura em uma experiência única para o leitor. “O virar da página ou o puxar de uma aba revela novas dimensões ou camadas, criando surpresa e abrindo para o espectador novos modos perceptivos,” diz a autora Natalie Avella, “esse tipo de design não funciona sem a participação.” 6

Os engenheiros gráficos acreditam que livros que utilizam elementos de interatividade entre objeto e leitor são capazes de passar o seu conteúdo de uma forma muito melhor e mais completa do que as páginas planas de um livro comum.

6

Avella, 2009: 08

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O leitor participa do design, fazendo os elementos da página entrarem em ação, seja através do simples movimento de abrir o livro ou o puxar de uma aba, desencadeando uma cena complexa e interessante.

A técnica de pop-up pode trazer várias funcionalidades para um projeto. Alguns designers utilizam do pop-up para transformar simples livros em brinquedos interativos que ensinam coisas importantes para crianças. Outros designers procuram trazer à vida cenas históricas ou exemplificar edificações complexas, para um público adulto. A técnica do pop-up pode abranger um público muito variado. Qualquer pessoa é entretida e surpreendida quando existe o uso de elementos tridimensionais em livros, independente do seu público alvo.

visionare 55: surprise! 2008

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A publicação de um livro pop-up é um processo de produção que envolve a habilidade de um grande número de indivíduos. A criação começa a partir do conceito, do autor, seu roteiro e das ilustrações de um artista. Com o conceito em mãos, o engenheiro de papel tem o trabalho de ser imaginativo e prático - dar movimento e ação as idéias dos outros criadores, cuidando para que as peças móveis não quebrem ou amassem, determinando os pontos de cola e a altura das peças para que o livro possa fechar corretamente, sem causar danos à arte. O engenheiro de papel também deve cuidar para que todas as partes estejam dispostas na folha de impressão corretamente, para não existir desperdicio de papel e, assim, economizar gastos. Algumas vezes, pode ocorrer do projeto inteiro ficar nas mãos do próprio engenheiro gráfico, que desenvolve desde a idéia inicial às ilustrações e montagem das peças.

Os livros pop-up são montados à mão na Colombia, Equador, México ou Singapura. Depois de impressas, as peças são cortadas das páginas com facas de corte especiais e agrupadas com suas respectivas páginas. “As linhas de produção são criadas e muitas vezes o trabalho manual de 60 pessoas é o necessário para completar um único livro.” 7 Eles seguem a risca o projeto do engenheiro gráfico: fazendo as dobras,

7

Montanaro: A Concise History of

Pop-up and Movable Books

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inserindo abas, conectando pivôs de papel, colando e alinhando peças exatamente com as impressões, mantendo os ângulos precisos para que, quando montados, os livros abram e fechem corretamente, sem danificar as peças.

“O engenheiro de papel deve ponderar os pop-ups complexos com a realidade da produção,” diz Andrew Haslam, autor do livro O Designer e o Livro II, “quanto maior o número de componentes e pontos de colagem, maior a perda de tempo e custo do acabamento de cada página, além da exigência de técnicos especializados.” 8 É importante que o designer, além de coordenar o projeto visual do livro completamente, também se preocupe com a arte final, de modo a minimizar os custos onde possível. O projeto de um livro pop-up é muito caro,já que podem existir o trabalho do próprio designer, um possível autor da história, e de um ilustrador; além da impressão para a criação de mock-ups, afinal acertar todos os ângulos e estruturas é um processo de tentativa e erro. Também é necessário pensar no equilíbrio entre os vários elementos do livro. É função dos engenheiros de papel fazer com que estruturas de papel, imagens e texto funcionem em harmonia de modo a criar um livro com um bom ritmo página a página.

8

Haslam, 2007: 200

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Os princípios básicos do pop-up podem ser adaptados e combinados para fazerem inúmeros modelos tridimensionais. A maioria dos mecanismos e abas de colagem num livro de pop-up é oculta em dobras concertina. Quando o livro é cuidadosamente aberto com um bisturi, o segredo de sua construção é revelado.

9

O processo de estudar profundamente livros criados por outros autores é definitivamente benéfico; observar as maneiras como outros designers conseguem resolver os possíveis problemas da mecânica das estruturas de papel ajuda na aprendizagem da técnica. O interessante da engenharia de papel é que a combinação de estruturas vistas em diferentes livros podem criar uma nova estrutura, completamente diferente da original.

alice adventures in wonderland, robert sabuda, 2007

9

Haslam, 2007: 207

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As possibilidades da engenharia de papel são infinitas. Obviamente é necessário levar em conta os limites do material escolhido, seja papel ou outro material alternativo, e da matemática, afinal ângulos errados podem estragar completamente uma estrutura. Partindo de cálculos simples e com a utilização da lógica, é possível idealizar qualquer estrutura 3D que salte das páginas de um livro. A possibilidade está sempre presente, porém o custo de um projeto que necessita tanto cuidado, planejamento e testes é normalmente muito alto.

Os livros pop-up que encontramos nas livrarias são, na sua maioria, infantis. Esses livros abrangem praticamente todas as principais idades do desenvolvimento de uma criança, ensinando através de estruturas em papel tarefas básicas do dia-a-dia ou o estímulo da criatividade e fantasia. Esses livros normalmente possuem uma linguagem visual mais simples ou comunicam-se através de personagens populares de filmes ou seriados que são voltados para esse mesmo público.

Em uma parte significativamente menor desse mercado encontra-se livros pop-up que tratam de assuntos pertinentes a um espectador mais maduro, o público jovem e adulto. Os assuntos normalmente abrangem arquitetura, design e arte.

as possibilidades da engenharia de papel

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Livros históricos ajudam o leitor a entender melhor edificações ou pontos importantes na história, enquanto outros mostram cores e formas abstratas de modo a fascinar o leitor pela estrutura, não tanto pela história fictícia. Além disso, muitos artistas independentes utilizam da engenharia de papel para criar artist books, livros produzidos manualmente e de tiragem limitada a poucos exemplares. Um dos livros mais famosos voltado para esse público era, inicialmente, um artist book: ABC3D de Marion Bataille, aquisição essencial para qualquer leitor apaixonado por design e, acima de tudo, tipografia.

Mas a engenharia de papel e o seu aspecto pop-up não aparecem somente em livros. O designer Stefan Sagmeister criou um convite de casamento para um casal de amigos que continha um pop-up delicado e ornamental, que não necessitava nenhuma impressão — a história de como o casal se conheceu e o convite para o casamento foram cortados a laser das partes de papel. Sagmeister também criou um cartão de visita para seu estúdio que, a partir de algumas dobras e cortes, se tornava um relógio de sol.

self promotional card, stefan sagmeister, 2000

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O estúdio de design Trickett & Webb, em parceria com a engenheira de papel Corina Fletcher, criou um calendário para a Royal Society of Arts de Londres, com o mínimo de impressão possível, cada mês mostra um elemento da herança cultural da instituição em pop-up.

A característica visual do papel também aparece desde propagandas publicitárias à animações. O clipe da música Clumsy da artista americana Fergie, por exemplo. Um livro que está sobre uma mesa se abre para revelar as protagonistas do clipe dentro de um pop-up. Em royal society of arts calendar, corina fletcher/trickett & Webb

cada cena a cantora aparece interagindo com as diferentes páginas do livro. O cenário é completamente criado em 3D e são dobraduras que

nunca poderiam existir no mundo real pois expandem mais do que o tamanho das páginas do livro. No entanto, o importante é a característica visual e a movimentação de pop-up, que está muito bem caracterizada visualmente. Pode-se dizer que é um processo inverso ao de criar um livro pop-up, enquanto em um livro busca-se transformar o papel em uma estrutura tridimensional, o clipe marca a utilização de animação 3D para criar algo que se asssemelha ao papel.

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Também no universo da música, a banda britânica Shitdisco criou um clipe para seu single OK que envolve um livro pop-up sendo manuseado conforme a música toca. Os membros da banda são transformados em estruturas que tocam guitarra, bateria e até cantam. Com a ajuda de pessoas que abrem, fecham e puxam as abas do livro, como um show de marionetes, a banda em formato de papel atua no clipe, por assim dizer. No âmbito da multimídia, existem vários curtas de animação com aparência de popup e papel, além de propagandas que utilizam dessa característica visual para passar quaisquer informações necessárias.

ok, shitdisco, 2007

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A publicidade também utiliza da engenharia de papel. A marca de mobiliário Nha Xinh produz móveis práticos e dobráveis e, para enfatizar o conceito e a caterística dos produtos, eles desenvolveram uma campanha com os móveis da marca que saltam da página de revistas. No Brasil, a agência Leo Burnet também criou uma propaganda diferente e inovadora com pop-ups para a marca de chiclete Arcor.

nha xihn , 2009

Além disso, existem muitos artistas que criam obras de arte a partir do papel. Transformando o material em esculturas e universos complexos. Alguns dos principais mestres dessa arte são Jen Stark, Helen Musselwhite, Ingrid Siliakus e Elod Beregszaszi.

propaganda do chiclete arcor, leo burnet, 2009

helen musselwhite, 2009

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Dois designers muito criativos, Liddy Scheffknecht e Armin B Wagner, mostraram que não existem limites para a dimensão das estruturas que podem ser criadas com o papel. Eles desenvolveram o Pop-Up Mobile Office — um escritório móvel, com uma mesa e cadeira em tamanho real.

Como podemos ver, existem infinitas possibilidades de aplicação das técnicas da engenharia de papel. Pop-ups gigantes, mundos que surgem de cortes nas páginas e até um ambiente completamente criado por computador. É uma técnica que atinge e fascína independente do meio em que está aplicada. E, para que continue a evoluir é necessário que designers e artistas sempre busquem criar algo diferente quando deparados com um projeto de papel.

pop-up mobile office, Liddy Scheffknecht e Armin B Wagner2009

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Eu faço uma folha de papel. Em minhas mãos está um espaço totalmente novo emergindo da água, e lá, por um instante, as possibilidades do mundo se expandem. Joel Fischer

a linguagem e a influência do elemento tridimensional

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Repetimos o movimento do virar de folhas várias vezes ao longo do dia. Manuseamos jornais, revistas, livros e simples folhetos com olhar indiferente, sem pensar sobre a informação disposta em folhas que, um dia, estavam em branco. Apenas absorvemos, muitas vezes inconscientemente, as informações que alí se encontram. O processo de leitura do mundo contemporâneo se tornou um “ato de absorção e não de interação com as páginas.” 10

Em um primeiro momento, tal afirmação não parece condizer com os fatores que observamos a nossa volta: a quantidade de informação disponível para o público é vasta, seja através da tecnologia ou do bombardeio visual que sofremos todos os dias. Porém, esses fatores transformaram a leitura de páginas planas em algo obsoleto.

No mundo moderno, o tempo passa mais rápido e, em consequência disso, a mente dos indivíduos das novas gerações funciona em uma maior velocidade. Os indivíduos se adaptam com grande facilidade para receber cada vez mais informação e responder mais eficientemente a cada estímulo desse mundo exterior, que é extremamente tecnológico e visual. O processo de leitura se tornou ação memorizada e, a não ser que o assunto interesse profundamente o leitor, ele é capaz de assimilar

10

Avella, 2009: 07

55


o conteúdo de um livro automaticamente. O bloco retangular de papel liso unido pela espinha com texto disposto nas páginas de maneira homogênea é considerado lugar comum. O formato do livro é algo que já é conhecido pelo público, é planejado e previsível.

Keith Smith, autor e encadernador, menciona em seu livro Books Without Paste or Glue que “tratar um livro como nada além de uma pilha de folhas seria negar o movimento inerente da evolucão das frentes aos versos. Um códice é mais do que um grupo... Tal estrutura é conectada, cada ideia sucessiva é dependente da anterior. A ideia não é ‘adicionar’, no sentido de tratar o livro como um recipiente vazio onde as coisas devem ser presas. Mas sim aprender a ver o poder e potencial de um livro em branco.” 11 Portanto, é importante entender o grande potencial gráfico de um livro, e explorar todas as ramificações possíveis que um projeto editorial pode conter para ser inovador e sobreviver no mundo atual.

A interação entre leitor e página é o que determina a diferença entre a simples absorção de informação e a criação de um vínculo emocional com o objeto que é o livro e o assunto que o mesmo trata. Para Smith, a utilização de cortes ou dobraduras

11

Avella, 2009: 09

56


tem a capacidade de transformar um projeto gráfico em algo dinâmico, criando uma relação mais substanciosa com o fator tempo. O autor acredita que uma única folha de papel possuí um tempo curto pois ela permite a visualização completa de algo, de uma só vez. Enquanto uma página que é dobrada de maneira que surgem quatro novas páginas “não podem ser vistas simultâneamente, elas são experimentadas no tempo como uma peça de quatro atos, uma sinfonia de quatro movimentos. Tempo e movimento são fatores necessários nesse formato.” 12

Joanna Hoffman, artista polonesa que cria livros em formatos incomuns, estuda em seu ensaio On the Margins of Time a influência do tempo e espaço no processo de leitura. Ela acredita que a forma que um livro é apresentado é capaz de passar o seu conteúdo, e que “invenções estruturais como arranjo e diferenciação de páginas,

12

Avella, 2009: 08

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rasgos, dobras, cortes, etc. introduzem valores rítmicos e fazem o objeto se tornar a orquestração de um fragmento definitivo de espaço e tempo.” 13

O leitor presencia uma nova faceta do objeto, interativa e dinâmica, que pode ser alterada da maneira que lhe for necessária. Para Hoffman, a inovação no formato “induz a ativação de tempo e espaço, motivo e conteúdo, animação e metamorfose.”

14

O ritmo

transforma o leitor em espectador. Muito além disso, o leitor torna-se colaborador direto para que o livro funcione, a partir de seu próprio ritmo e ideias. O leitor torna-se parte do projeto, reforçando ainda mais a criação de um vínculo extremamente pessoal entre indivíduo e objeto.

O movimento gerado pela interação do leitor com as páginas é considerado energia cinética, que é a grande aliada de designers que procuram desenvolver projetos com os elementos da engenharia do papel. De simples rasgos nas páginas até os pop-

13

Avella, 2009: 08/09

14

Avella, 2009: 08/09

58


ups mais complexos, a energia cinética é fator essencial para o efeito desejado ser realizado e compreendido pelo leitor - quanto mais bem desenvolvidos e planejados os movimentos das páginas, melhor será a interação e compreensão do conteúdo.

Natalie Avella menciona em seu livro uma pesquisa sobre os livros pop-up do autor Ron van der Meer. Realizada por um professor de psicologia em Amsterdam, a pesquisa constatou que o leitor retém cerca de 75% de toda a informação dos livros de van der Meer, enquanto, de um livro normal, o leitor retém apenas 20%. Portanto, é correto afirmar que o elemento tridimensional tem a capacidade de mudar a interação e leitura do conteúdo. O processo de leitura de um livro pop-up é mais complexo, pois requer mais atenção e cuidado. Inicialmente, o leitor interage e observa os elementos de todas as páginas. Somente em um segundo momento que o leitor lerá o conteúdo, de maneira mais profunda e atenta, devido aos elementos tridimensionais presentes na página que provocam o intelecto do leitor. O forte sentimento de surpresa que ele experimenta a cada página, através da energia cinética, transforma um livro de engenharia de papel em algo totalmente diferente no mundo contemporâneo.

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O livro e o designer II: Como criar e produzir livros de Andrew Haslam foi o único livro em português utilizado na pesquisa. Publicado no Brasil pela Editora Rosari, o livro de Haslam comenta brevemente sobre a engenharia de papel mas foi essencial para a criação do capítulo O pop-up como recurso gráfico. Até o presente momento não foram encontrados mais livros que tratam do tema pop-up como elemento técnico ou recurso gráfico em português. Assim, reunir uma bibliografia particular com livros na sua maioria em inglês serviu de alicerce para o estudo de um tema ainda pouco tratado no Brasil.

fundamentação teórica

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Paper Engineering Revised & Explanded Edition: 3D design techniques for a 2D material, da autora Natalie Avella, contém alguns dos melhores projetos gráficos que utilizam as técnicas da engenharia de papel; de pop-ups à facas de corte pensadas para atingir um objetivo específico. Além de proporcionar um grande repertório visual, o livro de Avella foi essencial para a fundamentação teórica deste projeto, em especial os ideais expressos no capítulo A linguagem e a influencia do elemento tridimensional e pela introdução os artistas e autores Ron van der Meer, Joanna Hoffman, Keith Smith, Kate Farley e Corina Fletcher.

livros lidos e relacionados

61


Para a aprendizagem da técnica e criação das estruturas móveis do produto final, foi consultado, com muita profundidade, o livro Elements Of Pop Up: A Pop Up Book For Aspiring Paper Engineers de David A. Carter e James Diaz. Esse livro foi essencial para o entendimento da técnica. Através de muitos detalhes e explicações claras, é possível entender várias estruturas que podem ser utilizadas individualmente ou em conjunto para criar pop-ups interessantes. Além desse livro, foram utilizados os livros de Carol Barton, Paul Johnson e Rob Ives. Esses livros também serviram para embasar os vários capítulos da pesquisa.

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Pop-up Paper Engineering: Cross

Paper Engineering & Pop-ups for

Curricular Activities in Desigh

Dummies de Rob Ives.

Technology, English and Art de Paul Johnson.

The Pocket Paper Engineer, Volume I: Basic Forms e The Pocket Paper Engineer, Volume II: Platforms and Props, de Carol Barton.

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The Artist as Paper Engineer é um artigo escrito por Carol Barton para a publicação online The Bonefolder: an e-journal for the bookbinder and book artist que mostra, de um ponto de vista pessoal, a tragetória da autora como engenheira de papel e as dificuldades enfrentadas para poder publicar o seu primeiro livro. Um artigo cedido pela própria autora, foi uma leitura muito interessante para poder entendê-la e o mundo contemporâneo em relação a engenharia de papel.

periódicos

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A Concise History of Pop-up and Movable Books é um artigo disponível na internet e escrito pela historiadora de livros pop-up Ann Montanaro. Esse artigo foi de grande importância para a criação do capítulo Contextualizando Livros Móveis e a Engenharia de Papel, pois explica a evolução histórica da engenharia de papel de maneira compreensível e interessante.

web

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No mercado atual de livros pop-up, o perfil de usuários predominante é o infantil. As crianças se divertem com um objeto lúdico que, como resultado, proporciona o estímulo da imaginação e da leitura, além do desenvolvimento da perspectiva e do intelecto. Os pais compram os livros para seus filhos, esperando esses possíveis resultados. Assim, devido ao grande interesse desse público, a produção de livros pop-up infantis e a quantidade deles no mercado é alta. A qualidade varia, alguns são muito simples em estilo enquanto outros possuem um projeto gráfico bem pensado e desenvolvido. Nas livrarias brasileiras, é comum encontrar opções variadas de livros pop-ups nas áreas especificas para crianças, porém é mais difícil encontrá-los em qualquer outra categoria ou para qualquer outro público.

pesquisa de campo

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Existem títulos no mercado internacional para jovens e adultos, mas não na mesma proporção que os livros infantis. Os interessados por pop-up que se encaixam nesse novo perfil de usuários muitas vezes acabam comprando os livros infantis pois não existem títulos disponíveis que tratam de outros assuntos. No entanto, leitores de outros países tem mais facilidade em encontrar esses poucos livros para jovens e adultos do que os leitores brasileiros, que normalmente tem que importá-los e esperar semanas para poder ter o livro em mãos.

Portanto, de modo a atender a demanda por livros voltados para outros públicos no mercado atual, o público alvo escolhido para este projeto é: jovens e adultos, apreciadores de música, mais especificamente dos Beatles, aproveitando também o atual ressurgimento da banda na mídia. Para aqueles interessados em livros objeto, ilustração e interpretação visual.

público-alvo

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Existem várias editoras que se destacam no segmento de livros pop-up nacionais, entre elas: Editora Ática, Brinque-book, Editora Caramelo, Ciranda Cultural, Companhia das Letrinhas, Girassol, Publifolha, Salamandra e Todolivro. No entanto, os livros publicados em português são, em sua maioria, títulos comprados de editoras e autores internacionais.

A Ciranda Cultural é a editora mais presente no mercado brasileiro de livros pop-up. A editora publica os mais variados livros, de infantis à bíblicos e até de literatura brasileira. Eles possuem 92 títulos em pop-up, classificados como “livros em 3 dimensões”. A maioria desses títulos são de autores internacionais, porém 13 estão creditados como criação original da Equipe Ciranda Cultural. A renomada editora Companhia das Letras também entra nesse segmento editorial com 15 títulos sob o seu selo infantil, Companhia das Letrinhas. A editora Salamandra tem o direito da publicação da Encicopédia Pre-histórica: Dinosauros, de Robert Sabuda e Matthew Reinhart, no Brasil. O livro faz parte da coleção de Livros Brinquedo da editora, acompanhado de outros livros infantis interativos, mas desses, apenas 3 livros são pop-ups. O livro foi impresso na Tailândia, e não no Brasil, segundo as informações disponíveis no mesmo.

editoras e engenheiros gráficos

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No mercado internacional existem grandes e pequenas editoras que publicam livros pop-up. Entre as mais conhecidas está a Harper Collins, que possui poucos livros pop-up em seu catálogo, porém entre esses existem livros voltados para um público diferenciado de jovens e adultos, como o The Pop Up Book of Phobias do Gary Greenberg e o The Pop Up Book of Sex do grupo Melcher Media. A Little Simon é o selo infantil da Simon & Schuster que, segundo a própria editora, se “especializa em livros inovadores para crianças.” 1 Eles trabalham com muitos autores e engenheiros de papel, incluindo grandes nomes, como David A. Carter, David Pelham, Matthew Reinhart e Robert Sabuda, e são responsáveis por mais de 70 livros pop-up no mercado atual. A Random House, editora que preza trazer para seus leitores o melhor das categorias de ficção, não-ficção e infantil, possui cerca de 40 títulos pop-up em seu catálogo. Eles também trabalham com a dupla Matthew Reinhart e Robert Sabuda, produzindo os três volumes da série Encyclopedia Pre-historica: Dinosaurs, Sharks and Other Sea Monsters, Mega-Beasts (apenas o primeiro foi traduzido para o português.) Além de publicar alguns títulos pop-up para jovens, como

15

Littlesimon.com, 03/05/2009,

11:00

69


o Moon Landing, que celebra o 40˚ aniversário da aterrisagem da Apollo 11 na lua, e adaptações oficiais em pop-up do Homem Aranha, Incrível Hulk e X-Men em parceria com a Marvel Characters, Inc.

Provavelmente os autores e engenheiros gráficos mais conhecidos e publicados no ramo dos livros pop-up, Matthew Reinhart e Robert Sabuda, começaram suas carreiras separadamente. Robert Sabuda estudou arte no Pratt Institute, em Nova Iorque, e durante um estágio na Dial Books for Young Readers, ele aprendeu muito sobre livros infantis e descobriu sua paixão por ilustração infantil. Depois de pequenos trabalhos, ele começou a escrever suas próprias histórias e ilustrálas, eventualmente ele re-descobriu os livros pop-up de sua infância e aprendeu a técnica a partir deles. Em sua biografia, Sabuda diz que “quando seu trabalho é ser um artista, você pode fazer tanta confusão quanto você quiser!” 16 Matthew Reinhart, por sua vez, começou seus estudos com aulas focadas em biologia e medicina, porém conseguiu participar de algumas aulas de arte e criar seu portfólio. Depois de se formar no colégio e antes de entrar na faculdade de Medicina, Reinhart se mudou para Nova Iorque, onde conheceu Robert Sabuda e, por indicação do amigo, começou

16

robertsabuda.com, 10/04/2009,

15:00

70


a estudar Desenho Industrial no Pratt Institute. Depois de ajudar Robert Sabuda em vários de seus livros enquanto ainda estudava, Reinhart resolveu seguir o caminho da engenharia de papel. Hoje em dia, os dois artistas possuem muitos títulos sob seus nomes, dividem um estúdio em Nova Iorque e realizam vários projetos em parceria.

Kate Farley é uma artista britânica que escreve e produz manualmente os seus próprios livros objeto, que normalmente são edições limitadas de 20 cópias. Farley acredita que o processo de criação de um livro é sobre ”produzir algo que envolve muitas considerações diferentes que precisam se unir de forma organizada. Não é questão de jogar imagens em uma estrutura de livro, e sim de considerar todas as características que um livro oferece. Seqüencia, narrativa, tempo, assim como conteúdo estrutural e visual.” Para a artista, “quando existe a combinação perfeita do conteúdo estrutural e visual, você tem um bom livro.” 17

Outro autor que é importante mencionar é Ron van der Meer, o primeiro engenheiro gráfico que acreditou que adultos podiam ser cativados pelo pop-up tanto quanto as crianças. Em 1970, Van der Meer se interessava por animação, porém se formou em Design Gráfico e se especializou na criação de brinquedos. Seus livros normalmente

17

avella, 2009: 38

71


tratam de assuntos especiais e técnicos, como arquitetura, música e psicologia. Van der Meer possui um olhar interessantíssimo sobre design gráfico em relação ao processo de criação de elementos pop-up. O autor diz: “Eu não gosto dos truques que servem só para se mostrar - as minhas páginas são muito mais pragmáticas. Primeiro, eu olho para o assunto. Segundo, eu olho para ver se tem algo que eu posso adicionar a ele como designer para transformá-lo em algo que será melhor compreendido. Terceiro, eu me pergunto se é praticavel em termos de custo e dinheiro. E se você não tem o porque adicionar algo, deixe quieto.” 18 Sua visão transforma as mecânicas que cria em seus livros em uma lição para outros designers de todas as possibilidades que a engenharia de papel pode conter quando unida ao design.

Existem muitas editoras, colecionadores, engenheiros de papel e autores importantes para a continuidade dessa arte e para a criação de novas publicações, como David A. Carter, David Pelham, Corina Fletcher, Ellen Rubin, entre outros. Seria praticamente impossível mencionar todos, porém é importante constar que todos são essenciais para o desenvolvimento e propagação da técnica no mundo atual e para o futuro.

18

avella, 2009: 106

72


Ann Montanaro é a colecionadora, historiadora e fundadora da Movable Book Society. Influenciada pelo hábito de colecionar livros de seu pai, ela começou a colecionar seus próprios exemplares de livros pop-up. A partir de sua coleção, ela conseguiu compilar muitas referências sobre livros pop-up já publicados. Quando ela teve a oportunidade de conhecer um editor, ela comentou sobre sua pesquisa e, assim, nasceu o livro Pop-Up and Movable Books, uma grande fonte histórica de pesquisa. Depois da publicação de seu livro, Ann notou um grande interesse do público sobre a técnica e, em 1993, fundou a Movable Book Society com a intenção de unir “colecionadores, artistas, curadores, vendedores, produtores e outros que partilham do entusiasmo e querem trocar informações sobre pop-ups e livros móveis.” 19 A associação promove convenções bi-anuais, premia engenheiros de papel com o prêmio Meggendorfer e publica trimestralmente um jornal virtual de novidades, artigos, informações sobre exibições, entre outros assuntos pertinentes aos seus membros.

19

themovablebooksociety.com,

entrevistas

29/04/2009, 18:00

73


Entrevista por e-mail

Quando eu comecei a colecionar, existia

13 de maio de 2009

pouco que eu conseguia encontrar escrito sobre pop-ups. Bibliotecas

Quando você se tornou

não os compravam, então eles não

interessada por livros pop-up?

apareciam em seus catálogos. Assim,

Em 1986 eu participei de um curso

como uma bibliotecária, eu comecei a

onde um avaliador de livros estava

pesquisar quais livros já haviam sido

discutindo o valor do livro. Meu pai

publicados. Eu precisava saber quando

tinha uma grande coleção de livros e

eu teria uma coleção “completa.” Eu

eu sempre via o prazer que ele tinha

colecionei muitas referências de livros

em colecioná-los. Durante a tarde, o

e tive a oportunidade de conhecer um

avaliador disse “apenas colecione o que

editor que me perguntou “qual livro

você ama e nunca pense nisso como

você tem em sua cabeça?” Eu disse a ele

um investimento.” Eu pensei sobre um

sobre as referências e o meu desejo de

livro pop-up que eu tinha dado ao meu

escrever uma bibliografia sobre os livros

sobrinho de presente e perguntei sobre

pop-up publicados em inglês. Depois

colecionar pop-ups. Ele respondeu

que a primeira bibliografia foi publicada,

com a frase acima e no dia seguinte eu

as pessoas começaram a me enviar

comecei a procurar por outros pop-ups.

outras referências e a fazer perguntas. Parecia ser de grande interesse criar

Qual foi a sua motivação para criar a Movable Book Society?

74

uma sociedade de colecionadores.


Em seu livro “Pop-Up e Movable

contar da história? Eles se movem bem?

Books,” qual Foi o critério da

Eu acho que crianças se interessam pela

sua pesquisa? Você indexou

ação na página, e isso as encoraja a ler

todos os livros pop-up,

o texto para entender o que os pop-ups

ou existiu um processo de

estão mostrando.

seleção? Eu tentei documentar todos os livros

Você acha que os livros pop-up

pop-up e livros móveis publicados em

são, em sua maioria, apenas

inglês desde 1850.

para crianças? Podem livros pop-up se extenderem ou serem

Na sua opinião, o que faz um

especificamente criados para

livro pop-up relevante? Como

adultos?

ele pode atrair novos leitores?

Vários pop ups já foram e ainda

Um livro pop-up deve ser analisado

estão sendo criados para adultos. Na

do mesmo jeito que um livro plano - a

verdade, para mim, vários pop-ups

qualidade da escrita, o encanto, e as

recentes parecem ser para adultos

ilustrações adequadas. Porém, em um

e são arquivados erroneamente

pop-up, o outro fator é como o pop-

nas áreas infantis das livrarias.

up pode ajudar contar a história. Eles

Por exemplo, o ABC 3D da Marion

acrescentam algo ao conteúdo ou o

Battaile foi, inicialmente, publicado

sobrepõe? Eles são apenas uma adição

como uma edição limitada da própria

desnecessária, ou eles contribuem ao

artista. Quando o livro foi adiquirido e

75


publicado por uma editora, como tratava

completamente. O elemento surpresa

do abecedário, o livro acabou na sessão

quando se abre um pop-up não pode

infantil. Porém, é um livro artístico para

ser substituído por algo online. Muita

ambos, crianças e adultos. Birdscapes

coisa pode ser feita online, mas não é a

é outro livro para adultos. Apenas o

mesma coisa que elementos de papel

preço ($75) já o deixaria fora das mãos

dobrados movendo na página enquanto

de crianças. Existem vários outros livros

ela é aberta.

com tema adulto - o Kama Sutra, vinhos, moda, etc.

Você tem alguma informação mercadológica sobre pop-ups,

Tecnologia e internet

como quantos pop-ups são

influenciam profundamente

publicados anualmente?

os consumidores nos dias de

Minha melhor estimativa é que são

hoje, você acha que existe o

publicados por volta de 200-250 livros

risco de livros não existirem

pop-up em inglês anualmente, desde

no futuro? Os livros pop-

os mais baratos e simples até os mais

up podem confiar em seus

complexos e caros. Muitos dos livros

elementos interativos para

não tem alta tiragem. Alguns são apenas

ultrapassar esse risco?

impressos em um único país. Os livros

Eu não acredito que livros de papel irão

pop-up de alta tiragem, como os do

desaparecer. E eu também não acredito

autor Robert Sabuda, são tipicamente

que livros pop-up irão desaparecer

licenciados para serem vendidos em

76


vários países. Eu não posso obter informações de editoras sobre a quantidade de livros que eles publicam, portanto a minha contagem do número de títulos publicados anualmente é baseada em minha pesquisa pessoal.

Carol Barton é professora e autora de livros pop-up, além de fundadora da sua própria editora, a Popular Kinetics Press. Após 25 anos aperfeiçoando sua técnica de ensino com aulas e workshops, Carol publicou os dois volumes do The Pocket Paper Engineer, seus livros que ensinam a técnica do pop-up, através da Popular Kinetics Press. O perfil de seus alunos varia em idade, sexo e etnia. O seu método de ensino é eficaz. Carol acredita que não é difícil aprender a técnica do pop-up, pois até as construções mais complexas partem de uma série de formas simples e fáceis de aprender.

77


Entrevista por e-mail

e clipes musicais que utilizam da

27 de maio de 2009

aparência visual do pop-up. A surpresa de virar uma página plana para revelar

Quando você se interessou

a forma dimensinal de um pop-up é o

pela engenharia de papel?

elemento chave na maioria dos livros

Em relação a datas, me formei no ensino

da engenharia de papel. Adicionar uma

médio em 1976. Eu comecei a trabalhar

página com pop-up em um livro pode

em Glen Echo Park em 1978. Meu

servir para várias funções. Ela pode

primeiro livro foi publicado em 1981.

trazer o espectador para dentro da narrativa e solidificar uma idéia com

Na sua opinião, qual é a

um modelo tridimensional. Também

importância de livros que

pode encorajar leitores a explorar a

utilizam A engenharia de papel

página de vários ângulos e perspectivas,

nos dias de hoje? eles podem

ou desafiá-los a repensar uma idéia

transformar a percepção do

no texto como algo de forma mais

leitor em relação ao objeto

concreta, ou adicionar um novo nível

livro?

de interpretação a narrativa. A adição

Livros pop-up foram por muito tempo

de um pop-up pode mudar a fluidez e o

considerados exclusívos para crianças.

ritmo do livro.

No entanto, hoje existem muitos popups criados para adultos, assim como campanhas publicitárias em pop-up

78

E pop-ups podem ser literais ou muito abstratos, dependendo do que é


necessário para realçar a totalidade da

substituídas por novas idéias.

experiência de leitura.

O que a motivou a escrever e Como é o seu processo

publicar os livros “The Pocket

criativo? No que você pensa

Paper Engineer”?

primeiro, na história ou na

Depois de 25 anos ensinando como

estrutura?

fazer pop-ups, eu desenvolvi um

Cada livro evolui de maneira diferente.

método de explicar as técnicas de

Algumas vezes eu começo com a

construção que funcionavam para a

estrutura e escolho um tema que

maioria dos meus alunos, independente

funcione a partir dela. Outras vezes uma

de sua idade ou background. A minha

sequência visual, história ou imagem

idéia foi colocar essas técnicas em papel

serve como o meu ponto de partida;

para atingir um público maior.

então eu procuro criar uma estrutura de livro apropriada para contê-la. Algumas

Após visitar o seu blog pessoal

vezes apenas uma palavra, ou lista de

e o website da Popular Kinetics

palavras, é o trampolim para um livro

Press, eu reparei que você leva

inteiro. Muitas idéias ficam em meu

as suas aulas e workshops

pensamento por muito tempo antes

para vários lugares do mundo.

de se tornarem realidade, e outras

O que te motiva a ensinar

idéias são abandonadas ao decorrer do

outros sobre pop-ups? Você

tempo pois elas perdem a graça e são

ensina pop-ups, encadernação

79


e variadas estruturas de livros. Entre essas técnicas, existe alguma que você prefere? Eu acho que a engenharia de papel não é apenas divertida, mas também um ótimo jeito de aprender geometria, design tridimensional, mecânica e resolução funcional de problemas. Eu amo ensinar as técnicas na sala de aula, e sou inspirada pelos trabalhos que meus estudantes criam. Os workshops sobre como fazer pop-ups são as minhas aulas favoritas, mas também gosto de ensinar estruturas como os livros do tipo túnel e carrossel.

Sally Blakemore é uma autora de pop-ups comerciais, diretora da Arty Projects Studio, Ltd. em Santa Fé, New Mexico. Ela já trabalhou com as seguintes editoras: Simon & Schuster, Disney Press, Harper Collins, Intervisual Books e White Heat, Ltd.

Entrevista por e-mail 23 de novembro de 2009

80


Você diz que ama o mundo do

Eu desmontei e reconstrui algumas

papel tridimensional desde

para entender como a engenharia

1994. Como você se intessou

funcionava. Eu nunca havia visto um

por esse mundo?

livro pop-up antes disso. Quando eu era

Em 1979, eu deixei o departamento de

criança, em Ft. Worth, Texas, eu tinha

Zoología da Universidade do Texas, onde

apenas Golden Books. Nós eramos uma

eu era uma ilustradora científica. Eu

família pobre e não podiamos comprar

mudei para Washington, DC e conheci

livros infantis luxuosos.

meu terceiro marido 3 meses depois da mudança.

Eu já havia trabalhado com impressos e publicidade em Nova Iorque, na New

Nós fomos apresentados por minha

York Magazine e também já havia

colega de apartamento na faculdade

ilustrado para designers de livro.

que era, na época, editora na Iowa Press.

Quando nos mudamos para Santa Fé,

Rusty trabalhava na Library of Congress

eu era diretora de arte e ilustradora da

como tradutor russo. Em nosso primeiro

John Muir Publications.

encontro, ele me levou para ver a bíblia de Gutenberg que fica na Library of Congress e nós fomos e uma fabulosa livraria. Eu encontrei o livro de Tor Lokvig e Jim Diaz, The Haunted House de Jan Pienkowski, e comprei 20 cópias.

Quando saí da John Muir que eu descobri que Jim Diaz tinha levado a White Heat. Ltd para Santa Fé.

Eu bati na porta da empresa e virei diretora de arte e montadora de livros

81


inovadores e aprendi diretamente de

transmissão de texto pelos olhos para

Jim, como meu mentor. Indiretamente,

o cérebro. Muitas pessoas criativas tem

através da verificação de imprensas

essas condições. Quando criança, eu

internacionais e supervisionar o

era castigada por não ser capaz de ler, e

departamento de arte, eu aprendi como

chamada de “estupida.” Eu encontrava

o negócio funcionava em apenas um

conforto em quartos escuros. Eu

ano e meio. Também conheci Tor Lokvig

descobri que ler no escuro diminuia a

em 1994 e sua irmã Jytte (ela vive

brincadeira de cores criadas pelo texto

em Glorieta, em um famoso campo de

preto na página branca.

batalha da Guerra Civil). Eu e ela somos como irmãs agora e eu adorava o pai de Tor, Gaston, que trabalhava com papel pela diversão, fazendo flores de guardanapos para entreter suas crianças durante o jantar, na Dinamarca.

Eu fui colocada em uma classe de leitura para “retardados” quando tinha 9 anos e era excruciante tentar entender a leitura. Mas eu adorava livros e tudo que era impresso. Quadrinhos, livros de imagens e até a Biblia de King James,

Você acha que criar elementos tridimensionais em um livro pode transformar a percepção do leitor? Eu tenho dislexia e sinestesia. Essas são deficiências que interferem com a

que mostrava as palavras de Jesus em vermelho na página, que pareciam quebrar a cor para que eu pudesse ler com menos dificuldade. Para mim, a mágica que é encontrada nas capas de livros, seja ela palavras, illustração ou arte móvel tridimensional, é a

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fascinação primária ao abrir um livro.

receber informações em pequenas

Quando uma criança abre um livro

doses.

que salta, cria ambientes e mundos tridimensionais, ela se torna viva. Elas

Como é o seu processo criativo

são imediatamente levadas para uma

quando você cria um de seus

fantasia de illusão e maravilha. Minha

livros? E, se você conseguir

função principal é criar qualquer mágica

escolher um, qual é o seu

para uma mentes jovens e velhas. O

favorito?

lema da Arty Projects Studio, Ltd.

Eu gosto de criar livros que tem um

é “manter o espírito infantil vivo.”

conceito pesado. O que eu quero dizer

Embora video games de fantasia

é que eles não são conduzidos apenas

sejam fascinantes, a mágica de um

pela história, mas também pelo ritmo

livro animado com esculturas cria um

do design de papel, que envolve o leitor.

mundo de animação na mente. Se um

Eu gosto de utilizar a frente e o verso

ser humano pode segurar um mundo em

das peças de pop-up para criar um novo

suas mãos, fechar o mundo e colocá-

ambiente visual dentro das páginas.

lo em uma estante para ser revisitado

Eu crio um conceito e um storyboard

depois, o objeto cria um espaço privado

para mostrar o fluxo das peças e dar

de um mundo incrível, tátil e interativo.

o ritmo da história através de abas,

Eu gosto de fazer livros com espaços

dioramas, pop-ups, e uma variedade de

pequenos de texto, para crianças que

combinações da engenharia de papel.

tem deficiências de aprendizado possam

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Eu recebo uma história, se acredito que

selvagem e design moderno. Circus:

ela seria um bom design inovador, crio

a Pop-Up Adventure é um de meus

um storyboard para o ilustrador, peço

favoritos, devido a arte e história. Para a

que eles desenvolvam alguns rascunhos

Disney Press, eu criei um pequeno gift

para que eu possa trabalhar no design

box no verso do livro Pooh’s Christmas

tridimensional. Como em Circus: a

Box que continha toda uma festa na

Pop-up Adventure que eu criei para

parte de dentro. Era um bom elemento

Simon and Schuster, eu vi as ilustrações

para um livro não muito caro. O NASCAR

de Meg Davenport antes. Ela adorava a

Pop-up Guide to the Sport, 2009, é um

idéia de design de papel e um tema de

livro excitante em que as ilustrações

circo. Nós fizemos um brainstorm, junto

digitais de Doug Chezem realmente

com dois outros parceiros, e escrevemos

trouxeram à vida o dia que passei nas

o storyboard.

corridas em Phoenix.

Em alguns casos eu tenho um conceito,

Quando é necessário lidar com a

como um livro que contém elementos

manufatura e quem publica, o primeiro

que aparecem e desaparecem e

objetivo é atingir o orçamento de

escrevem a história, ou desenvolvido

varejo da editora. Então, ser criativo

especificamente para determinada

e ser criativo na manufatura são duas

estrutura de papel. Eu amo Aesop’s

dinâmicas diferentes de nosso trabalho.

Fables que criei com Eileen Banashek

O primeiro é a criação divertida e livre

para o The Getty Museum de arte

enquanto o outro é trabalho duro, fazendo papel caber em uma folha

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gráfica e desenhar para que a história

de peças é feito para que o ilustrador

flua e a fábrica de montagem possa

possa trabalhar sobre. O alinhamento é

fazer o livro “funcionar” para o público

um grande quebra-cabeça com todas as

alvo.

páginas e peças em uma folha de 101,6 cm x 71,12 cm.

Como os parques gráficos funcionam na China e

No caso de existirem módulos de som

Tailândia?

ou luz, esses serão desenvolvidos

Eu supervisionei impressões na

na fábrica, apenas devemos enviar

Colômbia, Equador, Tailândia, China,

o som masterizado. Meu irmão, Paul

Hong Kong, Singapura e Malásia. Embora

Blakemore, um engenheiro do som da

eu não fale essas línguas, existe um

Concord Recording, cria arquivos de

entedimento comum na linguagem da

som desse tipo. Assim que a fábrica

impressão e da engenharia de papel.

fecha o preço da composição, nós

Nos comunicamos através de dobras,

sabemos se podemos realizar o projeto

trabalhando em conjunto com nossas

pela quantidade de dinheiro que a

mãos como um guia de comunicação. É

editora quer gastar. Se o valor não está

muito divertido e recompensador criar

dentro do orçamento, então temos

relações com pessoas de todas essas

que cortar partes de papel do projeto;

cultura. Assim que eu completo uma

modificar as mecânicas para simplificar

composição, cortada e montada à mão,

a montagem e durabilidade; nós

eu envio para a fábrica. Eles fazem um

redesenhamos e cortamos os custos dos

alinhamento de todas as peças e um kit

recursos extras como lenticulars (folhas

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brilhantes, holográficas e adesivas),

mês, morando nas acomodações para

lâminados interessantes com textura

trabalhadores. Trabalhei diretamente

ou glitter; portanto, removemos esses

com algumas garotas chinesas

extras ou modificamos a manufatura. É

incríveis, talentosíssimas em dobrar

um processo que dura um ano, as vezes

papel. As fábricas eram enormes e os

até dois, para completar.

trabalhadores tinham de 16 a 24 anos. Alguns dos 4,000 trabalhadores que

A fábrica recebe todos os meus arquivos

moram lá durante o ano se alimentam

de arte em alta resolução através do

nas praças de alimentação das fábricas,

FTP ou por discos. Quando temos nosso

possuem moradia e são levados em

design final, eles imprimem uma prova

viagens culturais de curta duração como

do livro. Eles fazem uma cópia impressa

parte de seu pagamento. Os salários

em plotter de verificação das facas.

são pequenos, mas a cultura serve

Se o autor e o editor aprovam, então

de incentivo para os trabalhadores. É

os fotolitos são feitos. Eu costumo

realmente uma indústria incrível.

viajar para encontrar com os grupos de estudos preliminares, normalmente

Não podemos fazer esse trabalho na

um grupo de 14 mulheres que irão

América pois a maioria dos americanos

aprender a montagem e, então, ensinar

não tem coordenação motora ou visual e

mais de 2000 outros em uma das

exigem salários inflacionados. Portanto,

várias tarefas na linha da montagem.

não poderíamos produzir esses tipos de

Eu fiquei em uma fábrica por um

livros.

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Não foi realizada uma análise de produtos congêneres, mas sim uma observação de alguns livros pop-ups inspiradores para a criação do produto final

Os livros Alice’s Aventure in Wonderland e The Chronicles of Narnia de Robert Sabuda e Enciclopédia Pré-Histórica de Robert Sabuda com Matthew Reinhart são livros muito similares em estilo por serem do mesmo autor. As ilustrações são bem desenvolvidas e os pop-ups complexos. O Pequeno Príncipe publicado no Brasil pela editora Agir, possuí estruturas simples, porém combinam com o estilo das ilustrações de Antoine de Saint-Exupéry. Wall-E Saves The Day da Disney é um dos livros com estruturas mais simples, e voltado para o público infantil. The Pop-Up Book of Phobias de Gary Greenberg, ABC3d de Marion Bataille e The Art of Paper Folding for Pop-Up de Miyuki Yoshida são alguns dos livros para o público jovem e adulto.

Até o presente momento, a pesquisa encontrou apenas um outro livro pop-up no qual o tema é os Beatles. O livro foi lançado em 1985: The Beatles, a story. Através de ilustrações, ele mostra em pop-ups todas as eras importantes dos Beatles. No entanto, não foi encontrada uma cópia para análise.

produtos

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esses não são livros, blocos de papel sem vida, mas mentes vivas nas estantes. Gilbert Highet

análise e síntese

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A partir da pesquisa de campo, foi constatado a falta de livros pop-ups dedicados a o público jovem e adulto. Não significa que esses títulos não existam no mercado, mas eles se perdem no meio de tantos títulos infantis. Também foi possível descobrir com a pesquisa quais são os nomes mais conhecidos da engenharia de papel — eles publicam vários títulos, que são sempre os mais procurados nas livrarias. As entrevistas com as autoras que trabalham no mercado foi muito esclarecedora. A parte pessoal sobre a criação de projetos é interessante, porém os aspectos técnicos são ainda mais, já que são informações não encontradas durante a pesquisa em nenhuma outra fonte. Foi importante estudar vários livros pop-up, que abordam os mais diferentes assuntos e públicos, para que a inspiração pudesse ficar na hora de desenvolver o projeto final.

O professor Gilbert Highet disse a frase ao lado sobre a sua própria obra, porém ela pode ser aplicada a qualquer livro que tenha um projeto gráfico diferenciado. O livro que tem a preocupação com a engenharia de papel é capaz de criar um mundo completo em que o leitor pode desviar sua atenção por quanto tempo desejar. O livro é um mundo vivo, esperando na estante para ser descoberto.

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conceituação

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painel sem창ntico da linguagem

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painel sem창ntico do projeto

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texto

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imagem

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lem.bran.ça ato ou efeito de lembrar memória recordação que a memória conserva por certo tempo presente

o conceito

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A partir do primeiro painel semântico, sobre a linguagem, foi possível definir imagens e palavras que definem o estilo que a autora busca para o projeto no quesito da ilustração: delicadeza, felicidade, nostalgia, fantasia. Foi possível definir algumas cores iniciais, que não eram as corretas para o projeto. Com o auxílio de um segundo painel semântico, sobre o tema escolhido para ser abordado no livro, foi possível aprimorar e adequar as cores ao projeto. Partindo desses primeiros estudos, foi possível chegar a uma única palavra que resumisse o conceito: lembrança.

O conceito deste projeto é a lembrança. Através da criação de um artist book — um livro objeto autoral — de edição limitada (apenas 5 edições na primeira tiragem), a autora busca apresentar uma visão pessoal sobre o tema escolhido e criar um produto artístico exclusivo. A afinidade com o tema vem do passado, da família, da recordação. Todas as ilustrações foram desenvolvidas a partir das músicas dos Beatles, que remetem a lembrança da própria autora, e deverão remeter também a vida de muitos dos futuros leitores do produto. A banda dispensa apresentações formais, por serem uma das maiores influências da música de todos os tempos.

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o livro do clube dos corações solitários do sargento pimenta

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estudos preliminares

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cores

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Como referência de linguagem gráfica, para este projeto, foram escolhidos três ilustradores: Gemma Correll e Anke Wekmann, duas ilustradoras freelancers de Londres e Marc Johns, um ilustrador canadense, de traço simples e humorístico.

Os ilustradores tem em comum seu traço aparentemente infantil, porém seus desenhos transmitem maturidade. Crianças podem se identificar, no entanto esses desenhos não foram feitos especificamente para esse público. A mensagem é melhor entendida por destinatários jovens e adultos.

Tais caracteristicas enquadram-se perfeitamente no objetivo do livro, uma vez que trata-se de um tema que abrange um público jovem e adulto, que busca a nostalgia.

linguagem gráfica

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gemma correll

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marc johns

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anke wekmann

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all you need is love strawberry fields forever yellow submarine the fool on a hill the long and winding road eleanor rigby nowhere man blackbird hey jude lucy in the sky with diamonds sgt. pepper’s lonely heart club band

roteiro

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O roteiro foi desenvolvido a partir da escolha pessoal de uma lista com mais de 30 músicas. Como o projeto seria autoral, era necessário que as músicas transmitissem algum sentimento à autora, para facilitar na hora da interpretação ilustrativa de cada uma. No entanto, também era necessário avaliar o potencial de cada música como um pop-up, quais delas funcionariam e quais não funcionariam. As músicas que contavam uma história ou descreviam um personagem eram mais propícias para esse desenvolvimento. Enquanto músicas muito abstratas seriam difíceis de interpretar corretamente.

Logo, a lista de 30 músicas foi reduzida a 11. Não foi seguido nenhum critério com relação a qual album pertenciam as músicas, ou as datas específicas em que elas foram lançadas. A idéia foi criar uma progressão natural entre as músicas e as ilustrações, através dos personagens, das estruturas de papel e das cores utilizadas.

Para facilitar a criação e composição de cada “cena” foi criado um colorscript — uma paleta de cores para cada música, mostrando as cores principais a serem utilizadas nas respectivas ilustrações. Foi importante que as cores também fluissem de uma página a outra, criando harmonia entre as músicas e a narrativa do livro.

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all you need is love

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Lov e , love , lov e . Love , lov e, lov e. Love, lov e , lov e. The re’s noth i ng yo u can d o that can’ t be do ne. Not h in g yo u can s in g that can’ t be sung . N oth i ng yo u can say but you can learn how to play t he ga me . I t ’s ea sy. Not h ing you can make t hat can’ t be m ade. N o one yo u can save that can ’t b e s aved. N oth i ng yo u can do, b ut yo u can lea rn h ow to b e yo u i n t i m e. I t ’ s ea sy. A ll you need is lov e. A ll yo u need i s lov e . A ll yo u need i s lov e , lov e . Love is all yo u need. All yo u need i s lov e . All you need is lov e. All yo u need i s lov e , lov e . Love i s all you need. The re’s not hing you can k n ow that i sn ’ t k now n. Not h ing you can see that i sn ’ t sh ow n. N ow her e you can b e t hat is n’t w he re you ’re meant to b e. I t ’ s ea sy. A ll you need is lov e. A ll you need i s lov e. All you need i s lov e, lov e. Love is all you need. All you need i s lov e . All yo u need is lov e. All yo u need is lov e, love . Love i s all yo u need. Lov e is all you need. Love i s all yo u need. Lov e i s all yo u need. Lov e is all yo u need. Lov e i s all yo u need. . .

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strawberry fields forever

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L et me tak e yo u d ow n , ‘caus e I’m goi n g to Str awberry F i elds . N oth i ng i s real, and n oth ing to g e t hun g a bo u t. S t raw be r ry F i elds f o r e v er . L i v in g is ea sy wit h eye s closed, m i sunder s tandi ng all yo u see. It ’s g etti n g ha rd to b e s o me one, b ut i t all wo r k s o ut; it doe sn ’t m att e r m uch to me . Le t me tak e yo u dow n, ` cause I’m goi ng to Str awb erry F i elds . N ot hi n g i s real, and not hi ng to g e t hun g abo u t. St raw be r ry F i elds f o r ev e r . N o one I t h ink is in m y tr ee, I mean, i t m us t b e h i gh o r low. That is, you can ’t, you k now, t une i n , b u t i t ’ s all r i g h t. That i s, I t h in k it ’s not too b ad. S t raw be r ry F i elds F o r ev e r . Le t me tak e yo u dow n, ‘cau se I ’ m g o ing to S t raw b er ry F i elds. Not h ing is r eal , and noth i ng to ge t hung a b o u t. S trawb erry F ields for ever. L i v i ng i s ea sy w i t h eyes clo s ed, mis unde rstand ing all yo u s ee. I t ’ s ge t t in g har d to be som eo ne, b ut it all works o ut; i t d o es n’ t mat te r much to me . Let m e ta ke you d own, ‘caus e I ’ m g o ing to S t r aw b e r ry F ield s. Not h ing is real, and noth i ng to ge t hung a b o ut. S tr awbe rry F ield s for ever. Always k now, s o m et i me s th in k it ’s m e . b ut yo u k n ow, I know when i t ’ s a d r eam . I th in k a “No,” I m ean a “Y es,” b u t i t ’ s all w ro ng . That i s , I t h in k I disagr ee. L et m e ta ke yo u d own , ‘caus e I ’ m g o in g to S t rawb erry F i elds. Noth ing is r eal,and not h i n g to ge t hung a bo ut. Str awberry F ield s f o re v e r . S t raw b er ry Fi elds f o rev er, Str awb erry F ield s f o rev e r , St r aw b e r ry F i elds f o r e ver.

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yellow submarine

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In t he town w her e I was b o r n, l ived a man w ho s a iled the s ea. and he to ld us o f h i s li f e, i n t he land of subm ari nes S o we s ai led o n to t he s un, till w e fo und the sea of g reen, And w e li v ed b eneath the wave s, In o ur yellow s ub ma r ine . We all li v e in a yellow s u bm arine , Yellow s ub ma r ine, yellow s ub m ar i ne, We all liv e i n a yellow s u b mar ine , Yellow s u b m ar i ne , yellow s ubm arine , And ou r f r iends ar e all a b oar d, Many mor e of t he m l ive next do o r , And the b and b eg i ns to play. We all liv e in a yellow su b mar i ne , Y ellow su b m ar i ne , yellow subm a rine, We all l i ve in a yellow su b m a r i ne, Y ellow s ubm a rine, yellow su b mar i ne , A s w e li ve a li f e o f ea se, Ev’ryo ne of us ha s all w e need, S k y o f blue and sea of green , In ou r yellow s ub m ar ine . We all li v e i n a yellow s ubm a rine, Y ellow s ub m ar i ne, yellow s ub m a r i ne, We all liv e i n a yellow su b mar i ne, Yellow s ub m ar i ne, yellow s ubm a rine.

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the fool on the hill

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Day af te r day, alo ne o n a h ill , the m an wit h t he foo l ish g r in i s k eepi ng pe r f ect ly s t i ll. But nobo dy wants to k now h i m , they can s ee that he' s jus t a foo l . And he ne ver giv es an ans w er , Bu t the f o ol o n the h ill see s t he sun goi ng d own, A nd the eyes i n h i s head see t he wor ld s pinning ' round. Well o n t he way, head i n a clo ud, t he m an of a t h ou sand vo ice s talk i ng per f ec tly loud. Bu t n obo dy e v e r hear s hi m , o r the s o und he appea rs to mak e. And he ne v er s eem s to not i ce , Bu t the foo l on t he h ill sees the sun g o ing d ow n , A nd the eyes in h is head see t he wor ld s p innin g ' ro und. N o b ody s eem s to l ik e h im, They can tell what he wants to d o, A nd he ne ver sh ows h is feelin gs, Bu t the f o o l o n t he h i ll s ees the sun goi ng dow n, A nd t he eyes i n h i s head s ee the wor ld s pi nning 'ro und. He nev e r li s ten s to them , He k nows t hat t hey 'r e t he foo l s, They d o n' t l i k e h i m . But the f oo l o n t he h ill see s t he s un g o in g d ow n , And t he eyes in h is head see t he world sp i nni n g ' round.

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the long and winding road

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The lo ng and w indi ng road that leads to yo ur door, W ill ne v er d i s appear , I ’ v e s een that road b efor e It always leads me her e , lead m e to yo u r door. The wi ld and wi ndy n i gh t that the r ai n wa s hed away, H as le ft a poo l of t ear s c ry i n g f o r t he day. Why leave m e stand in g he re, le t me kn ow t he way. Many t i mes I’ve been alo ne and m any t i me s I ’ ve c r i ed, A nyway yo u’ ve always k n ow n t he m any ways I ’ v e t r i ed, But s t ill t hey lead me back to t he long, w ind i ng road, Yo u lef t me wa i t in g here a lon g, lo ng tim e ag o. D o n ’ t leave me s tandi n g her e, lead m e to yo ur d oor. Da da , da da. . .

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eleanor rigby

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Ah , lo o k at all the lo nely pe o ple ! Ah , look at all t he lo nely peo ple! Eleano r R i g by p icks up t he ri ce in the chu rch w her e a w eddi n g has b een, Liv es in a d ream. Waits at t he w i ndow, w ear i n g the face t hat she keep s i n a ja r by t he d o o r , w h o i s i t f o r ? All t he lonely pe ople , w he re d o they all co m e f ro m ? A ll the lo nely pe ople, w he r e do t hey all belo n g? Father McKenzi e writi ng t he word s of a s er m on that no o ne w i ll hear , No o ne com es near. Look at h i m wo r k ing , dar n i n g hi s s o ck s in t he nig h t w hen t he re’s no b ody ther e , what do es he ca re ? All t he lonely pe o ple, whe r e d o t hey all co me f ro m? A ll the lo nely peo ple , whe re d o they all b elon g? Ah, look at all t he lonely pe ople! Ah, lo o k at all t he lonely pe ople ! Elean or Rigby, d ied in t he church and wa s bu ri ed along wit h he r na m e, N o b ody ca me . Father McKenz i e, wi ping t he d irt from h is hand s as he walk s f ro m the g r ave, no o ne was saved. All t he lonely peo ple, wher e d o they all com e from? All t he lonely peo ple, w her e do t hey all b elo ng?

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nowhere man

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H e ’ s a r eal N owher e Man, S i t t ing i n h is Now he re Land, Mak in g all hi s N ow her e plans f or nobo dy. Doe sn’t have a po i nt o f v iew, Kn ow s n ot w he r e he ’s goi n g to, Isn’t he a b i t l i ke yo u and me ? N owher e man plea se list en, Yo u do n’t k now what yo u ’ r e m i ss i n g , N ow her e Man , the world is at your co m mand. La , la, la, la, H e’s as bl ind a s he can be, Ju s t see s what he wan ts to see , Nowhe re Man can yo u s ee me at all? N owher e Man d on’t worry, Ta ke yo ur tim e, d on ’ t hur ry, Leav e i t all t i ll som ebo dy else, L end s yo u a hand. D o es n’ t hav e a p o i nt of vi ew, Kn ows not w he re he’ s g o ing to, I s n’ t he a b i t l i ke you and me ? Now he re Man pleas e li s ten, Yo u d o n ’ t kn ow w hat you ’r e missing, N owhe re Man, the wo r ld i s at your comm and. L a, la , la , la , He ’ s a r eal N owher e Man, S i tti ng i n his Now he re L and, Mak in g all hi s N owher e plans for nobo dy. Makin g all hi s N ow her e plans f o r no b o dy. Maki ng all h is Now he re plans f o r n o b o dy.

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blackbird

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Black b i rd s i n g in g i n t he dead o f nig h t, tak e the se broken w in g s and lear n to fly. A ll you r lif e, you we re o nly wai t in g f o r the m o men t to a r i s e. Blackbird singi ng i n t he dead o f ni g h t, ta k e t hes e sunk en eye s and lea rn to s ee. All yo ur l i fe , you we r e only waiti ng for t he mom en t to b e f r ee. Black b i r d f ly, black bird f ly in to t he l ig ht of t he da r k black ni g h t. Black b i rd f ly, black bir d f ly into t he l i gh t o f the dar k b lack n i g ht. Blackbir d sin gi ng i n t he dead o f n i gh t Tak e thes e b rok en wi ngs and lea rn to f ly. All yo u r l i f e You w er e only wa itin g for t h is mom ent to ar i se . Yo u w e r e o nly wai t i ng for this mom en t to arise. Yo u w er e o nly wa i t in g f o r th i s mom en t to a rise.

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hey jude

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H ey Jude, do n’ t mak e i t bad, ta k e a sad so ng and m ak e it b e t te r . Reme m b e r to let her i n to you r hea rt, then yo u can s tart to m a k e i t b e t te r . Jude , do n’t b e afr a id, you w er e made to g o out and g et her. The minu te yo u let he r under yo u r s k i n , then yo u begi n to m a k e it b ett er. And any t i me yo u f eel t he pa in , hey Jude , refr a in, don ’t car ry t he wo r ld upo n yo ur s houlde r. F or w ell, you k now t hat i t ’ s a f o o l w h o plays it coo l by m a kin g h is wo rld a l i t tle colder . N a, na, na , na , na na, na , na . na. Hey Jude, d o n ’ t let m e d ow n . Yo u hav e fo und he r, now g o and g et her . Re m em b er to let he r i n to yo u r hea rt, t hen yo u can s ta rt to ma k e i t b ett er. So let it o u t and let i t in , hey Jude, b e g in , yo u’ r e wa iti ng for som eo ne to per f o r m w i th . A nd do n’ t yo u k now t hat it ’s ju st yo u? H ey J ude, yo u ’ll d o, the mov emen t yo u need is o n yo ur s h oulder . N a , na , na , na, na na, na , na. na . Hey Jude, d on ’ t mak e i t bad, ta k e a s ad song and m a ke it b et t er . Rem em b e r to let her under yo ur ski n, t hen yo u b e g in to mak e i t be t ter , b et ter , be tt er, b ett er, be tt er, be t t er , oh ! N a , na , na, na , na , na, na, na , na, na, na, na , hey, Jude .

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lucy in the sky with diamonds

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P ic t ur e yo u r s elf in a b oat on a rive r, wit h tan gerine tr ee s and mar m alade s k i es . S o m eb o dy calls you, yo u answer qui te slow ly, a g i r l w i th k alei dos cope eye s. Cellophane f low er s o f yellow and g r een, tow ering ov e r yo ur head. Lo o k f o r the g i r l w i t h t he s un in he r eyes, and she’s g one . Lucy i n the s k y w i t h di a m ond s, Lucy in t he sk y wit h d i am ond s , Lucy in t he s k y w i th d ia mo nds, A h . F ollow he r d own to a b r i dg e by a f o unta in, w he re rocking hors e pe ople eat mar s h m allow p i e s . Ev’ryone smi le s a s yo u d r i f t pa s t the f lowe r s , that grow so incred ibly hig h. N ew spaper tax i s appear o n the sh or e, wa iti ng to tak e yo u away. Cl i m b in the b ack w i t h yo ur head in t he clo uds, and you’ re g o ne . Lucy i n t he s k y w it h di amo nds, Lucy in the s ky w i th d i am o nds , Lucy i n the sky wit h diamo nds, Ah. P ic t ur e yo ur s elf o n a t ra i n i n a statio n, wit h Pla stic ine po rte r s w i t h lo o k i ng glass t ie s. Suddenly som eo ne is the re at the t u r ns t i le, the g i r l wit h kalei doscope eye s. Lucy i n the s k y w i t h d i a m o nds, Lucy in t he sk y wit h di am ond s , Lucy in the s k y w i th diamo nds, Ah .

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sgt. pepper’s lonely heart club band

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I t was t w enty year s ag o to day, Sergean t P eppe r tau g ht t he b and to play. They’ ve b een g o i n g in and o ut of st yle , bu t they ’ re g uar ant eed to ra i s e a s mi le . So m ay I i ntroduce to yo u the act yo u ’ ve k n ow n f o r all t hes e years? Serg eant P epper ’ s Lonely Hea rts C lub Band. We ’re Sergean t P eppe r’s Lo nely H ea rts Clu b Band, We h ope you wi ll enj oy the s h ow, We ’ re Serg eant P epper ’ s Lonely H earts C lub Band, S i t back and let the ev eni ng g o. Sergean t P eppe r’s lonely, Sgt. P epper ’ s lo nely, Se rgeant Peppe r’s Lo nely H earts C lub Band. I t ’ s wonder f ul to b e here. I t ’s ce rta inly a th ri ll . Yo u’ re s uch a lov ely audi ence, we ’d like to ta k e yo u hom e w i th us . We ’ d lov e to ta k e yo u h om e . I don’t r eally wan t to s top t he sh ow, b u t I t ho ugh t you mig h t lik e to k now t hat the s i n ger ’ s g o nna s ing a s o ng and he wants you all to s ing alo n g . S o let me i nt ro duce to yo u, the o ne and o nly B i lly Shear s , and Serg eant P eppe r’s Lo nely H ea rts C lu b Band, yeah.

139


hvd rowdy aller aller light Para representar as letras das músicas e fazer parte do projeto foram escolhidas duas tipografias distintas. A tipografia HVD Rowdy, da HVD Fonts, foi escolhida por sua característica desconjuntada. Na maioria das vezes é utilizada nas músicas mais psicodélicas, seu alinhamento depende das ilustrações na página e o tamanho dos caracteres variam entre si. Aparece, às vezes, em pequenas frases quando utilizada com a Aller. Também foi a tipografia escolhida para representar o título do livro, e as páginas com os títulos de cada música. A tipografia Aller e sua variação light, da Dalton Maag Ltd, são utilizadas nas letras das músicas em que existe a necessidade de clareza na interpretação. O corpo da letra varia de 11pt à 24pt, dependendo de como a tipografia é aplicada na página. É normalmente alinhada a esquerda, com grande espaçamento entre linhas. As duas tipografias funcionam bem, em conjunto ou separadamente e ambas estão de acordo com a linguagem gráfica do projeto.

tipografia

140


O título do livro, O Livro do Clube dos Corações Solitários do Sargento Pimenta, é uma brincadeira com o título da música dos Beatles que encerra o projeto: Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band. Como trata-se de um livro em que todas as músicas fazem parte do repertório dessa banda fictícia em pop-up, a palavra “livro” substitui a palavra “banda” na tradução para o português.

Seguindo essa idéia, todos os nomes das músicas que aparecem nas páginas antes de cada pop-up também foram traduzidas de maneira similar, e sempre aparecem acompanhados de um símbolo da música.

títulos

141


142


143


formas

144


145


Os personagens principais foram desenvolvidos a partir da narrativa das músicas. Acima: a menina que representa o Amor em All You Need Is Love, o Marinheiro de Yellow Submarine, O Louco de The Fool on the Hill, Eleanor de Eleanor Rigby, Zé Ninguém de Nowhere Man, Melro de Blackbird. Ao lado: Jude de Hey Jude, Lucy de Lucy in the Sky with Diamonds, e os quatro Beatles, Paul, John, Ringo e George.

personagens

146


Apenas duas músicas do roteiro não precisaram de personagens principais, Strawberry Fields Forever e The Long and Winding Road. Na página seguinte, os Beatles como Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band.

147


148


149


composições e cenários

150


all you need is love

151


strawberry fields forever

152


yellow submarine

153


fool on the hill

154


the long and winding road

155


eleanor rigby

156


nowhere man

157


blackbird

158


hey jude

159


lucy in the sky with diamonds

160


161


sgt. pepper’s lonely heart club band

162


163


capa

título

all you need is love

yellow submarine

fool on the hill

the long and winding road

eleanor rigby

definições projetuais

164


nowhere man

blackbird

hey jude

lucy in the sky

contra capa

sgt. pepper

รกrvore do projeto

165


produto final

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tudo que vocĂŞ precisa ĂŠ amor

170


171


campos de morango para sempre

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173


submarino amarelo

174


175


o louco na colina

176


177


a longa e tortuosa estrada

178


179


eleanor rigby

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181


zé ninguém

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183


melro

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185


ei, jude

186


187


lucy no cĂŠu com diamantes

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189


a banda do clube dos corações solitários do sargento pimenta

190


191


192


193


20.6 cm

componentes

194


58 cm

sobrecapa

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capa

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ex libris

197


detalhamento tĂŠcnico

198


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Sobrecapa Impressão: Offset Papel: Offset, Suzano, 180g/m2 Cores: 4x0 Acabamento: Laminação BOPP brilhante

Capa Impressão: Offset Papel: Offset, Suzano, 180g/m2 Cores: 4x0 Acabamento: Laminação BOPP brilhante Guarda: ArjoWiggins Skin Lavender, 270g/m2

Miolo Impressão: Offset Papel: Offset, Suzano, 240g/m2 Cores: 4x0

produção gráfica

200


66 cm

96 cm

aproveitamento de papel

201


peรงas

202


203


204


205


66 cm

96 cm

simulação do alinhamento de peças

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66 cm

96 cm

simulação da faca de corte

207


aplicações

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modelos

210


Ao lado: primeiro mock-up em tamanho reduzido (12 cm x 12 cm) e primeiro teste de peรงas. Teste de capa vermelha com o logo em branco. Abaixo: segundo mock-up, em tamanho real (19 cm x 19 cm) e peรงas ainda com erros. Teste de capa em tecido preto.

bonecos

211


Acima: terceiro mock-up, em tamanho real (19 cm x 19 cm), ainda com pequenos erros nas peças. Teste de capa em papel lâminado. Ao lado: pré modelo, em tamanho real (19 cm x 19 cm), já com sobrecapa. Detalhe lateral das páginas montadas.

212


prĂŠ-modelo

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teste de usabilidade

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O livro é ergonomicamente correto. Todas as peças funcionam como deviam, cada uma interpretando a sua música. Os usúarios que testaram o livro não encontraram nenhum problema.

A maioria dos leitores não leu a letra das músicas em um primeiro momento. Pode-se notar que fãs de Beatles, já familiares com as músicas tem a mesma atitude. A letra passa a ser secundária para esse segmento do público. Porém, também existe uma minoria que faz o processo inverso, começando pela letra e observando o pop-up depois.

Algo interessante que foi percebido é que até leitores que conhecem superficialmente a obra da banda, acabam cantarolando as músicas enquanto observam o livro. Portanto, o livro atende ao público proposto e também é capaz de cativar aqueles que não são fãs de Beatles através das ilustrações.

215


bibliografia

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livros

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web

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Robert Sayer — página 28 http://theconveyor.wordpress.com/2008/05/27/ harlequinades/

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Yoshiyasu Nishikawa — página 27 http://www.flickr.com/photos/mitikusa/ 25/11/2009 21:58

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consideraçþes finais

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O Livro do Clube dos Corações Solitários do Sargento Pimenta foi, às vezes, um projeto árduo e estressante. No entanto, acredito que o aprendizado que adquiri da engenharia de papel foi muito grande. Muitos autores dos livros que compõem a bibliografia deste projeto falam que a técnica é essencial para a resolução de problemas e depois de um ano imersa neste projeto, eu não poderia deixar de concordar.

Montado completamente a mão, para alcançar um resultado satisfatório no produto final, foram necessários muitos testes. A compreensão da engenharia de papel é baseada na tentativa e erro. Um ângulo errado ou a cola que escapa do local correto podem estragar o pop-up rapidamente. É o que chamo de “acidentes invisíveis”. Se tudo está dando certo, algo inesperado acontecerá. As vezes este era um insight que viria por resolver o problema, outras vezes um erro que resultava numa página amassada.

A criação desse livro me deixou muito feliz. Descobri uma área do design que não sabia que existia, aprendi muitas lições durante este ano todo e me apaixonei por esses maravilhosos livros e o efeito que proporcionam as pessoas. Espero que, no futuro, possa expandir a minha coleção e idealizar um novo projeto de pop-up, que gerem frutos tão maravilhosos quanto esse.

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