Sindrome de dor patelofemoral

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Síndrome de Dor Patelofemoral Dr. Gonçalo Borges Orientador, Diretor de Serviço do SMFR do Hospital da Prelada

José Luis Carvalho IFE de Medicina Física e Reabilitação

MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA


• • • •

INTRODUÇÃO EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA FACTORES DE RISCO • Anátomo-funcionais • Biomecânicos • Erros de treino • DIAGNÓSTICO • Anamnese • Exame físico • Imagem • TRATAMENTO FISIÁTRICO • TRATAMENTO CIRÚRGICO


INTRODUÇÃO


 MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

Dor na face anterior do joelho 

Instalação insidiosa

Exacerbada em condições de ↑ do stress patelofemoral

INTRODUÇÃO DOR PATELOFEMORAL

Squatting

Subir escadas

Corrida

Relação com determinados factores de risco multidimensionais

Apresenta-se habitualmente como um processo crónico 

Não limitativo

Falta de reconhecimento e tratamento dos factores predisponentes 

Pode persistir até 20 anos!


The 4th International Patellofemoral Research Retreat Manchester UK, 2015

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INTRODUÇÃO

Dor Patelofemoral (DPF)

Síndrome Patelofemoral

TERMINOLOGIA

Artropatia Patelofemoral

Condromalácia rotuliana

Síndrome da dor anterior do joelho

“Runners” knee

   

Focar no processo de doença degenerativa não é apropriado A ligação entre o processo degenerativo e apresentação de dor não é clara A Dor é o sintoma dominante Mantém o focus do Síndrome na clínica e não nas alterações imagiológicas


•

EPIDEMIOLOGIA


Corresponde a 25% das queixas de gonalgia em Medicina Desportiva Devereaux et al, 1984

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EPIDEMIOLOGIA

DOR PATELOFEMORAL

Comum em jovens adolescentes 

Prevalência de 7-28%

Incidência de 9.2% Myer et al, 2015

Lesão musculoesquelética mais comum nos corredores 

“Runners’ knee”

Corredores de fundo Scheers et al, 2011


Mais comum em mulheres Incidência e prevalência 2 a 3x superiores em relação aos homens MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

EPIDEMIOLOGIA DOR PATELOFEMORAL

Relação com predisposições anatómicas e biomecânicas 

↓ espessura da cartilagem articular

↑ stress articular patelofemoral em posições de risco (subida de escadas)

↓ força global e analítica do MI  ↓ força abdutores (ABD) e rotadores externos (RE) da anca em relação aos homens

Alterações estáticas e dinâmicas no alinhamento adequado do MI  ↑ Ângulo Q  Genus valgus dinâmico  ↑ ângulo de rotação interna da anca


•

ETIOLOGIA


Etiologia imprecisa e pouco compreendida

Parece existir uma correlação entre dor e ↑ do stress patelofemoral

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ETIOLOGIA

Alinhamento rotuliano aberrante e maltracking 

DOR PATELOFEMORAL

Corresponde a um factor de risco e não o factor de risco  Alterações imagiológicas de maltracking rotuliano são observadas apenas numa pequena fracção dos indivíduos com DPF  Grande percentagem de indivíduos com alterações radiográficas de maltracking nunca apresentaram DPF

Factores de Risco para Stress patelofemoral • • •

Anátomo-funcionais Biomecânicos Erros de treino


• • Anátomo-funcionais

• Biomecânicos • Erros de treino

FACTORES DE RISCO


Multifactorial MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

Dependente de vários factores de risco que podem ou não estar associados

FACTORES DE RISCO

A importância de cada um desses factores de risco, isoladamente, é discutível

DOR PATELOFEMORAL Sinergia entre múltiplas condições predisponentes ao aumento do stress articular patelofemoral habitualmente culmina com DPF

Reconhecimento desses factores de risco é de extrema importância  

Diagnóstico Definição do tratamento


Anátomo-funcionais    

Maltracking rotuliano e/ou hipermobilidade Fraqueza quadricipital Delay na activação do VMO Inflexibilidade de tecidos moles 

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  

FACTORES DE RISCO 

Biomecânicos 

DOR PATELOFEMORAL

Disfunção dos músculos da anca   

 

Quadriceps femoris Isquiotibialis Gastrocnemius Banda iliotibial

Fraqueza de ABD e RE Défice de resistência muscular Descoordenação neuromotora

Rotação interna do fémur Rotação externa da tíbia

Erros de treino  

Corredores inexperientes ↑ abrupto da carga  

Frequência Intensidade

Tempo de recuperação curto


Implicação clássica no desenvolvimento da DPF Complexo extensor quadricipital influencia sobremaneira o comportamento dinâmico da patelofemoral MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

Associação entre défice de força e volume do quadriceps e desenvolvimento de DPF Kaya et al, 2011

FACTORES DE RISCO

Correlação significativa entre atrofia quadricipital e DPF Giles et al, 2013

FRAQUEZA QUADRICIPITAL

Associação entre défice de força e de volume do VMO e DPF Pattyn et al, 2011

Estes estudos falharam na definição da fraqueza do quadricipital como primária/causal ou secundária/sequelar

Pappas et al, 2012 

Systematic review

Altura, peso, massa magra, ângulo Q, nº de sit-ups, ângulo de valgismo do joelho no ataque ao solo e força extensora do joelho Força extensora do joelho foi a única variável preditora de DPF (p < 0.01)


VMO é constituído por fibras que se inserem mais distal e horizontalmente na rótula Importante na estabilização dinâmica medial da rótula MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

FACTORES DE RISCO

Vários estudos correlacionam um delay na activação do VMO em relação ao VL no desenvolvimento de maltracking rotuliano

DELAY NA ACTIVAÇÃO DO VMO

Pal et al, 2012 

Estudo caso-controlo

54 pacientes

Maltracking rotuliano definido por tilt rotuliano e bisect offset em RMN em carga

Maltracking rotuliano + normal activação VMO:VL 

sem DPF

Maltracking rotuliano + delay na activação VMO 

DPF


Tensão excessiva nos restritores laterais do joelho está implicada no maltracking rotuliano

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Retináculo lateral 

FACTORES DE RISCO 

INFLEXIBILIDADE DE TECIDOS MOLES

Porção intermédia 

Fibras derivadas directamente da banda iliotibial

Orientação transversa que resiste à medialização da rótula

Tensão excessiva resulta em translação lateral rotuliana

Banda iliotibial 

Disfunção por tensão excessiva/encurtamento resulta num tracking rotuliano aberrante

↑ stress lateral na patelo femoral com consequente DPF

Waryasz et al, 2008 

Relação entre o encurtamento da banda iliotibial e DPF

67% dos corredores com DPF apresenta tensão/encurtamento da banda iliotibial


Défice de flexibilidade no quadriceps, isquiotibialis e gastrocnemius correlaciona-se com DPF

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Quadriceps femoris 

FACTORES DE RISCO INFLEXIBILIDADE DE TECIDOS MOLES

Mecanicamente ↑ da tensão/ encurtamento deste músculo associa-se com ↑ das forças posteriores de compressão da rótula contra a tróclea 

Isquiotibialis 

↑ stress patelofemoral, em especial em atividade

Mecanicamente ↑ da tensão/ encurtamento deste músculo associa-se a um momentum constante de flexão 

↑ da força exercida pelo quadriceps para a extensão do joelho

↑ do stress patelofemoral reactivo

Gastrocnemius 

Não exerce influência directa

Promove alterações na posição do pé e excessiva pronação subtalar que se correlaciona com DPF


Funcionando como uma cadeia cinética fechada, todo o MI influi no movimento e padrões de stress da patelofemoral A biomecânica do core, anca, tornozelo e pé é de considerar na etiologia e tratamento da DPF MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

FACTORES DE RISCO 

BIOMECÂNICA

ROTAÇÃO INTERNA DO FÉMUR 

Alteração biomecânica em particular que condiciona um excesso de stress patelo femoral e DPF

Rotação interna do fémur vs rótula pouco fixa 

Translacção lateral da rótula

Pal et al, 2012 

RMN dinâmica

Correlação entre a rotação interna do fémur com ↑ da lateralização e tilt rotuliano no momentum de flexão do joelho


FRAQUEZA DOS MÚSCULOS DA ANCA

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Fraqueza de abdutores (ABD) e rotadores externos (RE) correlacionase com DPF 

FACTORES DE RISCO

Subsequente rotação interna do fémur e ↑ stress patelofemoral lateral Piva et al, 2005 Bolgla et al, 2008

BIOMECÂNICA

Ireland et al, 2003

Fortalecimento dos ABD e RE da anca associa-se a diminuição da dor e optimização funcional na DPF Dolak et al, 2011 Fukuda et al, 2010 Fukuda et al, 2012

Khayambashi et al, 2012

Mais importante o papel de performance neuromuscular no controlo dinâmico da rotação interna do fémur que propriamente a força estática dos ABD e RE


PRONAÇÃO DO PÉ Excessiva pronação do pé predispõe ↑ do stress patelofemoral e DPF

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FACTORES DE RISCO

Marcha normal 

Ataque ao solo 

BIOMECÂNICA

Midstance  

Pronação do pé e rotação interna da tíbia Supinação do pé com contacto completo no solo Rotação externa da tíbia promovendo a extensão do joelho

Marcha com pé pronado  

A excessiva pronação do pé impede que haja supinação adequada da subtalar na midstance, não ocorre rotação externa da tíbia Para ocorrer extensão do joelho, o fémur compensa com rotação interna 

Translacção lateral da rótula, ↑ stress patelofemoral e DPF


Erros de treino correlacionam-se directamente com ↑ da DPF

↑ abrupto da carga 

Frequência 

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Intensidade 

FACTORES DE RISCO

32 a 64 Km por semana

↑ da distância semanal em 30% Nielsen et al, 2014

Tempo de recuperação curto

“Runners’ knee”

ERROS DE TREINO 

Corredores inexperientes Técnica de corrida pobre

 

Excessiva adução e rotação interna do fémur na passada Pobre controlo neuromuscular na activação dos ABD e RE na passada

Lesão de sobrecarga  

Sem dano estrutural imediato Stress articular de repetição a condicionar perda da homeostasia condral e consequente lesão


• • Anamnese

• Exame físico • Imagem

DIAGNÓSTICO


DOR 

Insidiosa, sem nenhum evento precipitante franco

Difusa, na face anterior do joelho

Exacerbada em actividades que aumentam stress patelofemoral

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DIAGNÓSTICO 

ANAMNESE

Flexão prolongada do joelho (sinal do teatro, movie-goers sign)

Descer escadas

Squatting

Salto

Corrida

Noção subjectiva de rigidez e derrame 

Habitualmente a DPF não se apresenta com derrame articular, neste contexto devem ser pesquisada patologia alternativa

HÁBITOS DE TREINO 

Sobrecarga repetitiva da patelo femoral

Início de nova atividade desportiva

Escalada abrupta no treino

“Hill training” 

↑ stress patelofemoral até 6x o peso corporal


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DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO


AVALIAÇÃO EM ORTOSTATISMO  MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

Inspecção estática 

Genu varum ou genu valgum

Rotação interna do fémur excessiva

DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO

Inward-pointing patella ou “Squinting patella”

Fraqueza de ABD e RE da anca

Rotação externa da tíbia

Valgismo do calcâneo/ pé pronado

Hiperlaxidez articular 

Hiperextensão dos cotovelos e joelhos > 10º

Inspecção dinâmica 

Single leg squat 

Squat lento até flexão do joelho de 45º-60º 

Valgismo do joelho

Rotação interna do fémur 

Fraqueza de ABD da anca


AVALIAÇÃO EM SEDESTAÇÃO 

Inspecção do tracking rotuliano 

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DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO

J-sign test 

Extensão do joelho desde 40º de flexão

Joelho normal com tracking sempre alinhado ou com frustre lateralização no final da extensão

Tracking patológico com lateralização da rótula durante a extensão 

J invertido

Grasshopper eyes sign 

Rótula alta e lateralizada


AVALIAÇÃO EM DECÚBITO DORSAL 

Sinais inflamatórios 

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Solicitar contracção isométrica  

DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO

Investigação de causas alternativas para o quadro clínico

Atrofia do quadrieps femoris Atrofia do VMO Delay na activação VMO em relação ao VL

Avaliar ângulo Q 

Intersecção  

Quantifica o risco de translacção lateral e maltracking rotuliano 

Linha espinha ilíaca antero-superior/ centro da rótula Linha centro da rótula/ TAT Ângulo Q entre 15-20º  ↑ forças de translacção lateral da rótula e maltracking  ↑ risco de DPF

Discutível a sua significância no diagnóstico de DPF  

Em parte devido á alta variação intra e inter-observador na medida desse ângulo Posição neutra do MI é mandatória  Rotação externa do pé aumenta o ângulo Q  Rotação interna da anca reduz o ângulo Q


Crepitação 

Rabot e Grind test 

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DIAGNÓSTICO

Pouca especificidade

Posição estática e mobilização rotuliana 

Mediolateral glide 

Equidistância do ponto médio da rótula aos côndilos femorais com flexão do joelho a 20º, plano coronal

Deslocação lateral > 0.5cm sugere Mediolateral glide positivo

EXAME FÍSICO 

Excesso de tensão dos restritores laterais

Défice de força/ atividade do VMO

Teste de mobilidade rotuliana 

Quantifica o ROM medio-lateral da rótula

Joelho a 20º de flexão, dividido em 4 segmentos longitudinais

Translacção lateral > 1 quadrante sugere excesso de restritores laterais

Translação lateral > 3 quadrantes sugere hipermobilidade rotuliana

Tilt rotuliano 

Inclinação da rótula no plano transverso, joelho em extensão

Aumento da altura da asa interna sugere Tilt lateral

Aumento da altura da asa externa sugere Tilt medial


Flexibilidade de tecidos moles 

Ângulo poplíteo 

 MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO

Ober test 

Flexibilidade dos isquiotibialis e gastrocnemius Tensão da banda iliotibial

Ely test 

Flexibilidade do quadriceps femoris


O diagnóstico é clínico Exames de imagem com maior utilidade na exclusão de diagnósticos diferenciais

Rx simples MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

Merchant

Axial a 30-45º de flexão

DIAGNÓSTICO

Posição da rótula na tróclea

Presença de translacção lateral ou tilt lateral

IMAGEM

Ângulo do sulco

Ângulo de congruência

Deslocação lateral

Ângulo patelofemoral lateral

Lateral

Sagital a 30º de flexão 

Índice de Insall Salvatti

Blackburne-Peel Index


The 4th International Patellofemoral Research Retreat MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

DIAGNÓSTICO CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS INTERNACIONAIS

Manchester UK, 2015


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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL


• • • • • • • • • •

Fraqueza quadricipital Delay na activação do VMO Maltracking rotuliano Hipermobilidade rotuliana Défice de flexibilidade de tecidos moles Fraqueza dos músculos da anca Alterações do pé Alterações da marcha Erros de treino

TRATAMENTO FISIÁTRICO


DESAFIADOR

91% dos pacientes do DPF apresenta sintomas a médio longo prazo Stathopulu et al, 2003

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TRATAMENTO FISIÁTRICO

Abordagem inicial  

 

Alterações no estilo de vida Modificação do treino e/ou do gesto técnico Analgésicos/ ciclo curto de AINEs Agentes físicos para controlo da dor

Tratamento fisiátrico Individualizado e baseado  Clinica  nos factores de risco  achados imagiológicos identificados e predisponentes ao desenvolvimento da DPF 

Processo de reabilitação orientado é crucial para o sucesso do tratamento Dutton et al, 2014 Halabchi et al, 2015 Selhorst et al, 2015


Tratamento fisiátrico

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Individualizado e baseado na clinica, nos factores de risco e achados imagiológicos identificados e predisponentes ao desenvolvimento da DPF

Processo de reabilitação orientado é crucial para o sucesso do tratamento Dutton et al, 2014

TRATAMENTO FISIÁTRICO

Halabchi et al, 2015 Selhorst et al, 2015


PEDRA BASILAR NO TRATAMENTO DA DPF 

Forte evidência de que o fortalecimento isolado do quadríceps femoris é superior a um processo de educação e ensino de estratégias isolado no tratamento da DPF

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Kooiker et al, 2014

TRATAMENTO FISIÁTRICO

Fortalecimento muscular quer em cadeia cinética aberta, quer em cadeia cinética fechada 

Cadeia cinética aberta  AA de 90 a 45º de flexão  Melhor tolerado em quadros álgicos e de maior fraqueza  Fase inicial da reabilitação

Cadeia cinética fechada  Ênfase na co-contracção e controlo neuromuscular  Benefício na optimização da função  Fase mais avançada da reabilitação

FORTALECIMENTO QUADRICIPITAL

Barton et al, 2015


FORTALECIMENTO ANALÍTICO DO VMO Pela sua importância na medialização dinâmica da patelofemoral, vários estudos tentaram demonstrar benefício do fortalecimento selectivo do VMO em relação ao fortalecimento global do quadriceps

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TRATAMENTO FISIÁTRICO 

FORTALECIMENTO QUADRICIPITAL

Fortalecimento selectivo do VMO com adução da anca Song et al, 2009

Fortalecimento selectivo do VMO com biofeedback (electromiografia de superfície) Syme et al, 2009

Nenhum destes estudos demonstrou benefício de um fortalecimento analítico do VMO em relação a um fortalecimento global do quadriceps femoris


Dada a relação entre o delay da activação do VMO/ VL na extensão do joelho, maltracking rotuliano e desenvolvimento de DPF, é importante no processo de reabilitação reeducar e equilibrar este padrão de activação/ discinésia MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

TRATAMENTO FISIÁTRICO

Reeducação da activação do VMO com biofeedback (electromiografia de superfície) Syme et al, 2009

ACTIVAÇÃO DO VMO

Sem benefício no fortalecimento analítico do VMO

Evidência limitada na reeducação do padrão de activação do VMO

Associado a exercício terapêutico, o biofeedback com EMG aumento a activação do VMO mantendo a activação do VL constante

Equilíbrio no ratio VMO/VL

Faltam estudos para robustecer cada uma das conclusões


A fraqueza dos ABD e RE da anca é comum nos indivíduos com DPF

Independentemente de ser causa ou efeito, o fortalecimento destes músculos chave é fundamental na reabilitação da patologia, suportado por forte evidência científica MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

TRATAMENTO FISIÁTRICO

Nakagawa et al, 2008   

FORTALECIMENTO DOS MÚSCULOS DA ANCA

ECR 14 mulheres com DPF Adição do fortalecimento dos ABD e RE da anca ao fortalecimento quadricipital clássico Diminuição da dor e ↑ da activação neuromuscular do médio nadegueiro Ireland et al, 2003 Dolak et al, 2011 Fukuda et al, 2010 Khayambashi et al, 2012

Cochrane Review, 2015 “ targeted hip muscle strengthening is encouraged for PFP rehabilitation, particularly in women who demonstrate static or dynamic evidence of hipweakness and medial femoral collapse on physical examination”


Técnicas de alongamento e flexibilização são obrigatórias em doentes cuja DPF se relaciona com inflexibilidade de tecidos moles e encurtamentos de cadeias musculares chave MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

TRATAMENTO FISIÁTRICO ALONGAMENTO

Pouca evidência para o alongamento analítico/selectivo dos músculos

Benefício significativo de protocolos de alongamento global dos quadriceps, isquiotibialis, banda iliotibial e gastrocnémius Moyano et al, 2013

Alongamentos em PNF  

Combinação de estiramentos passivos e isométricos Aumenta o controlo da dor e optimiza função Halabchi et al, 2015


A ligadura funcional é um adjuvante comum no tratamento conservador da DPF

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TRATAMENTO FISIÁTRICO 

TAPING

McConnell taping technique 

Controlo do tilt rotuliano e translacção lateral

↑ da atividade do VMO

Alinha temporalmente a posição da rótula na tróclea (RMN dinâmica)

Equilibra a distribuição de forças ao longo da patelofemoral, diminuindo zonas de stress em fricção aumentado

Estudos de evidência grau 1 apontam no benefício em dor, ganho de força e optimização funcional da ligadura funcional tipo McConnell associada a : 

Exercício terapêutico

Fortalecimento quadricipital

Alongamento quadricipital 

vs cada uma das intervenções isoladamente

Relaciona-se com ganho de confiança do doente, facilita a activação neuromuscular medializadora da rótula, diminui a sensação de dor imediata e optimiza outcomes


Várias ortóteses rotulianas têm sido propostas para modificar a cinemática patelofemoral e melhorar a DPF

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TRATAMENTO FISIÁTRICO ORTÓTESES ROTULIANAS

Ortóteses de estabilização medial da rótula 

↓ translacção lateral

Equilibra a distribuição de forças ao longo da patelofemoral, diminuindo zonas de stress em fricção aumentado

Importantes da diminuição imediata da dor Powers et al, 2004

Benefício duvidoso a longo prazo Arazpour et al, 2013 

Inconsistência na escolha adequada das ortóteses

Inconsistência na selecção dos doentes

Ortotetização adequada para estabilização medial da rótula é considerada boa prática pelas guidelines actuais 

Doentes com maltracking rotuliano documentado

Taping contra-indicado (hipersensibilidade ao material)


O papel das ortóteses plantares na DPF não se encontra bem esclarecido No entanto está estabelecida a correlação entre a pronação do pé e o desnvolvimento de DPF MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

TRATAMENTO FISIÁTRICO

ORTÓTESES PLANTARES

Ortóteses de correcção da hiperpronação do pé 

Resultados duvidosos

Poucos estudos demonstraram benefício

Dos que demonstraram benefício, não foi superior a 3 meses

Os melhores candidatos à ortotetização plantar são os indivíduos que referem imediata redução da dor em single leg squat, logo após aplicação de palmilha Barton et al, 2011

Cochrane Review, 2011 “ while foot orthoses may help relieve knee over the short term, the benefit may be marginal”


Deve ser preconizada a modificação do treino até um nível pain-free

Análise da metodologia de treino

Correcção de erros de programação de treino em frequência e intensidade

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TRATAMENTO FISIÁTRICO

↑ volume ou intensidade nunca > 10%/ semana

↑ volume ou intensidade nunca > 30%/ 2 semanas Nielsen et al, 2014

ERROS DE TREINO

Avaliar tempos de recuperação adequados

Avaliar excesso de hill work 

Corrida em downhill é habitualmente mais problemática

Educação do atleta 

Controlo da dor e estimulação da recuperação

Evicção da re-introdução ao treino ou ao aumento de carga/intensidade com reprodução dos sintomas de DPF


TRATAMENTO CIRÚRGICO


Apenas efectiva em pacientes com teste de tilt lateral positivo 

Excesso de tensão do retináculo lateral

Apenas tratamento de recurso após programa fisiátrico exaustivo falhado

Contra-indicado:

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TRATAMENTO CIRÚRGICO LIBERTAÇÃO LATERAL ARTROSCÓPICA

Instabilidade rotuliana

Hiperlaxidez rotuliana 

Pode complicar com subluxação medial iatrogénica

Agravamento da instabilidade rotuliana


A DPF constitui uma causa de gonalgia comum e muitas vezes incapacitante, especialmente em mulheres e corredores MAIS MISERICÓRDIA | MELHOR MISERICÓRDIA

Tem uma origem multifactorial

CONCLUSÕES O sucesso do tratamento depende da compreensão da multiplicidade dos factores de risco para a patologia, bem como a maneira como se relacionam sinergisticamente entre si

A programação do tratamento deve ser individualizada, de acordo com a identificação desses mesmos factores de risco

Para além das correcções biomecânicas preconizadas, a modificação da atividade até uma zona pain-free é essencial para promover o processo de recuperação, especialmente em atletas, em particular corredores


Síndrome de Dor Patelofemoral Dr. Gonçalo Borges Orientador, Diretor de Serviço do SMFR do Hospital da Prelada

José Luis Carvalho IFE de Medicina Física e Reabilitação

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