Ar sta visual, pesquisador Mestre em Artes Visuais e pedagogo, interessado no corpo a corpo com a fotografia e no mergulho em epistemologias e ontologias que se agitam à beira mar. Reflete em sua dissertação de mestrado o atravessamento do tempo em programações fotográficas que encarnam a experiênciadocorpotransgêneronomundo.
E desde a condução metodológica do seu gesto fotográfico, tem pensado as temporalidades curvas, a percepção de corporalidades em transformação e os encantamentos de uma cosmologia da pesca, criando um imaginário das águas diante sua vivência com a colônia de pescadores do Pina.
Bolsa das águas (2015) captura analógica 35mm impressão em Fine-Art papel de algodão. edição 2/3 dimensões 30x45 cm
A fotografia de captura analógica, evidencia o momento exato que a película fotográfica entra na câmara escura, envolvida por um período onde a materialidade dessa imagem é latente e se agita no silêncio daquilo estará velado. Assim, bolsa das águas é uma gestação da própria imagem, avaliando seus processamentos de resguardo e espera, mas sobretudo, uma marcação poé caparanovoscomeçosapar rdaí.
Esta obra esteve exposta no SP-FOTO 2020 com o projeto Nacional Trovoa e foi alvo de uma avaliação curatorial de Gabriel Perez-Barreiro ao selecionar os destaquesdafeiraemumapublicaçãoin tuladaTheIn macyofForm.
«Este gesto, que significa coisas diferentes nas diferentes culturas, é descontextualizado pela super exposição do lado direito. Faz parte de uma série em que Queiroz explora materiais e gestos, na tenta va de criar e evocar um vocabulário de gestosmaispoé co.»
Gabriel Perez-BarreiroAs Ilhas Alagadas do Pina (2022) pesquisa do programa de comissionamento de obra Atos Modernos uma parceria da Coleção Ivani e Jorge Yunes com a Pinacoteca de São Paulo sob curadoria de Horrana Santoz Acervo Pinacoteca de São Paulo
crédito: Levi FananDe uma produção de sen do que nasce com o corpo que aprende a nadar nas águas salgadas da praia para encontrar seus parentescos humanos e não-humanos, surge a pesquisa “As ilhas alagadas do Pina” comissionada pela Coleção Ivani e Jorge Yunes em parceria inédita com a Pinacoteca do Estado de São Paulo no programa Atos Modernos coordenado pela curadora e pesquisadora transdisciplinar Horrana Santoz durante os anos de 2021 e 2022,decorrendodesteformações,exposição,publicaçãoeingressodasobrasaoacervodains tuição.
As ilhas alagadas do Pina é uma pesquisa que começa no porto de jangadas da praia do Pina, local da fotografia mais an ga da família que apresenta meu avô materno sentado em seu barco de pesca em 1975 na mesma areia em que eu com dois anos de idade em 1990 sorrio para uma câmera fotográfica em cima de uma jangada pela quarta geração. Deste ponto da praia, a pesquisa se propôs entender a geografia polí ca de um dos bairros com metro quadrado mais valorizado da cidade do Recife, vasculhando na historiografia e nos bancos de imagem fotográficososaterramentosdememóriaqueamodernidadepromoveucomapopularidadedobanhodemareo adventodascasasdeveraneiodesde1920comaconstruçãodaspontes.
A ilha foi um grande refúgio de negros, indígenas e caboclos escravizados pelo Porto do Recife. Ali encontraram na vegetação do mangue e na confluência do rio com o mar um cenário de liberdade e subsistência com a pesca artesanal. Hoje, a ecologia da paisagem do Pina sofre as ameaças de um regime climá co que promete devorar a praiaquetodopescadordolitoralprecisaparaviver
Despertei meu corpo para ser um aquário daquele mar com aulas de natação na mesma praia e lua cheia que não me ensinaram a respirar com as águas, nem iden ficar os peixes e suas iscas favoritas. Depois de todo empenho para que as gerações seguintes possuíssem outra fonte de renda que não dependesse do mar, sento em sua beira parapescar
Imagem 1: Geolocalização durante reconhecimento do território da bacia do Pina em barco motorizado
Imagem 2: Processo de criação
As Ilhas Alagadas do Pina (2022) cadernos de processo em exposição
As ilhas alagadas do Pina (2022) captura analógica médio formato ampliação analógica papel fotosensível Kodak Endura dimensões 1m² e 60x60cm
Acervo Pinacoteca de São Paulo Doado por Clarice Tavares
A pesquisa teve a duração de um ano e entre interlocuções, pesquisa de acervos, aulas de natação e demais aprendizagens, incluiu em sua etapa final a residência em laboratório fotográfico especializado em revelação e ampliação analógica colorida [processamento C-41].
As Ilhas Alagadas do Pina (2022) caixa de luz com películas nega vas e provas de contato em que cada película encarnou um gesto de fotografar dis nto refle ndo os fenômenos de percepção do tempo
crédito: Levi FananAs ilhas alagadas do Pina (2022) captura analógica médio formato ampliação analógica papel fotosensível Kodak Endura dimensões 60x60 cm Acervo Pinacoteca de São Paulo Doado por Clarice Tavares
Na imagem, a peixeira afiada de herança e um camuflado caco de espelho que me acompanha na assinatura de alguns trabalhos meus, agora fincados na beira mar da colônia de pescadores do Pina.
Publicação do programa Atos Modernos
Pinacoteca de São PauloTítulo: O relógio que trabalhava dentro d’água [2022]
Técnica: Fotografia de captura analógica médio formato 120 Peixe, aquário e vísceras; Dimensões: 120x120cm
Esta obra foi comissionada pelo Solar dos Abacaxis e exposta na cole va Raio a Raio no MAMRio, MAMAM - Recife e Galeria Arte Plural.
Num nega vo de imagens coloridas o vermelho assume uma pigmentação esverdeada, além de todo laranja mais expressivo da película. Essa daí é Kodak Portra 160 revelada sem muito cuidado pelo úl mo laboratório expresso de revelação desse po de película aqui em Recife. As manchas que caem como chuva cin lando a imagem posi va são resquícios dos banhos químicos e os arranhões do minilab. De todas as tenta vas do rolo de filme esta foi a escolhida, já que minha poé ca tende assumir as consequências do inesperado como potencialidades dessa materialidadesensível.
Nos dias da ressaca, quem pisa em rocha solta orienta um labirinto (2022)
Fotografia de captura analógica médio formato 120 Impressão Fine-art Dimensões: 40x40cm
Esta obra par cipou do Programa de Comissionamento Atos Modernos uma parceria Pinacoteca de São Paulo e Coleção Ivani e Jorge Yunes
A tempestade de areia (2022)
Posi vo de película da 120 colorida importada da URSS vencida desde 1970 com fabricação es pulada em 1950, revelada com químicos alterna vos.
Ventania (2023)
Fotografia de captura
analógica médio formato 120
Impressão Fine-art
Dimensões: 40x40cm cada
Esta primeira linha existe no dia de hoje pela chegada das contrações Na verdade, não saberia dizer desde quando a dor que só me beliscava com a ponta da unha, passou a inflamar meus gritos e tomar conta de todo o meucorpo.
Esperei uma manhã de sol para voltar a escrever sobre um reinado úmido e a sedução de um quarto pouco arejado. No apanhado de estratégias para circular entre as dores e desfazer seus nós, abro as camadas desse álbum como quem descasca às pressas um o ovo quente debaixo da água corrente. Supondo que as altas temperaturas dessa lembrança não dariam conta de secar o chão molhadodacasaquemorei.
Emtemposdechuva,opequenovãodasalase dividia entre baldes e panelas para recolher as goteirasquealisurgiam.Avigilânciadenãose permi r transbordar naqueles domingos era tamanha, que repe das vezes torcíamos o enxoval, represando a cachoeira que abria caminho pelas paredes da cozinha. Já bem afastado dos interruptores, observava cair com muito sono os pequenos riachos que se encontravam e inundavam aquele primeiro andar No dia seguinte, as paredes que reves am a casa mudavam de cor, as colônias de mofo estouravam em todos os cômodos e rompiam com as camadas de nta mais an gas. As paredes floresciam vibrantes entre verdemusgo,olivaebandeira,assis daspelos fungos que ainda hoje carrego vivos na super ciedasfotosdessaprimeirainfância
com sabão no topo da minha cabeça. Sem forma definida, os filamentos desse fungo são como uma ligação su l entre a morte e a vida que se abre na velocidade desse corpo em transformação.
Já decidido que a casa precisava da chuva como uma fotografia precisa dos seus banhos de revelação. Rego por semanas, sem resposta, incerto de que a semente enraiza, até que os brotos raiem no início do dia me perguntando: quais as condições de se revelar no mundo dessa maneira? Para entender a con ngência daquilo que esqueço, nego e que certamente ressurge sem tantos avisos? Para medarcontadequetudoémudançaequenão há quem suporte o peso dessas decisões sem o gosto de terra na boca? A espera pelos temporais estoura como bolsas de água sobre mim, encharcando o que ainda estava seco e soterrandoomedodaquiloquedesconheço.
Me pareceu mesmo que essa transição era um eterno retorno de despedidas, todas contabilizadaspelainsegurançadedeixaralgo para trás que me fizesse falta, como quem às pressas fecha uma mala pequena para uma viagem longa sem des no ou volta. Hoje, sen aalgodefamiliaraoencherosbolsoscom sementes para aguentar o longo percurso dessas despedidas, que na verdade acenavam para quase todas as esperanças em torno de quemMitsyseria.
De treze meses à três décadas a manta desse bolor se nutre e desenvolve, decompondo os laços cor de rosa cuidadosamente grudados
Chá de revelação (2020) papel fotográfico e fungos decompondo a emulsão dimensões 10x15 cm frente e verso
Texto poé co revista Propágulo nª7
A pesquisa denominada Imagem Latente Corpo Sensível aborda processos cria vos atravessados pela epistemologia de um corpo transgênero em sua experiência assimétrica de um corpo sem categoria, analisando sua consciência interna do tempo e os deslocamentos de uma imagem programada. A saber as tecnologias de produção de imagens que são conduzidas por fenômenos dilatados no tempo. Sejam as imagens fotográficas e seus processamentos analógico e digital, sejam as imagens do meu próprio corpo enquanto arquivo biopolí co tecnovivo. Todas imagens em dissolução de suas programações no reconhecimento dos seus limites, na dilatação de suas potencialidades e modos de produção de sen do. Sendo o aprofundamento das implicações de uma percepção que se insere e explora o mundo com um corpo próprio.
h ps://issuu.com/mitsyqueiroz5/docs/miu_imag emlatente_corposensivel__1__bd34af3360435d Dissertação Imagem Latente Corpo Sensível Programa de Pós-graduação em Artes Visuais Universidade Federal de Pernambuco, 2020.
« Assim, para ser justa, há de se cuidar de não ter pressa, o que se vela, exige calma: nada aqui se apressa a entender, caso contrário, seria injusto com a poesia de sua fenomenologia dizer que alcanço toda a inteligência de sua escrita e inves gação. Porque existe uma inteligência incomum em suas elipses, em seus mistérios, em seus silêncios, em suas noites interiores.»
PhD. Roberta Ramos
Eu e você (2016/2019) fotografia de captura analógica película 35mm vencida impressão Fine-Art dimensões 14x20 cm cada
Esta obra par cipou da exposição ENTREMOVERES no Museu da Abolição [2019. Recife, PE] e no SPARTE 360 [2020. São Paulo, SP]
Sem tulo (2014) fotografia de captura analógica película 35mm com intervenção impressão Fine-Art dimensões 30x45 cm
Esta obra par cipou da projeção da revista OLD no Valongo Fes val Internacional da Imagem [2017. Santos, SP]
A série Nuvem parte das provocações de como encontrar as estrias de uma paisagem efêmera. Nos ímpares de uma super cie quase impossível de se a ngir, mas que se realiza no imaginário das texturas sem toque. Seja na densidade que hospeda a noite ou nas par culas que reunidas anunciam a chuva, a entrega desse corpo é inevitável para quem dança com as correntes que sopram ao leste.
Nuvem (2022)
fotografia de captura analógica película 35mm vencida impressão em papel algodão Fine-Art dimensões 30x45 cm cada
Lembrança do futuro (2016) fotografia de captura analógica película 35mm vencida impressão Fine-Art dimensões 30x45 cm
Esta obra par cipou do SP-FOTO [2020. São Paulo, SP]
Sem tulo (2014)
fotografia de captura analógica película 35mm com intervenção impressão Fine-Art dimensões 30x45 cm
Esta obra par cipou do SP-FOTO [2020. São Paulo, SP]
Exposição Cole va Da diversidade Vivemos - Arte Plural Galeria [Recife, PE] [2023]
Exposição Cole va Raio a Raio - MAM-Rio e Solar dos Abacaxis [Rio de Janeiro, RJ] [2022]
I Salão de Beleza - MAMAM [Recife, PE] [2022]
Exposição Cole va Isto é um roçar de mãos? - MAMAM [Recife, PE] [2022]
Programa Atos Modernos Pinacoteca de São Paulo com Coleção Ivani e Jorge Yunes [2021-2022]
Vídeo arte Primeiras Contrações [Plataforma Prá cas Desviantes] [Lei Aldir Blanc] [2021]
Desmonte II: Corpo, gênero e interseccionalidades. [Salvador, Bahia] [2020]
SP-FOTO 2020 [São Paulo, SP] [2020]
SP-ARTE 360 com o cole vo Nacional Trovoa [São Paulo, SP][2020]
Exposição Cole va Escrever Resistências: Corpos e Territórios Dissidentes - Mostra FlutuantesFes val Aldeia do Velho Chico [Petrolina, PE] [2010]
Exposição Cole va ENTREMOVERES_ Nacional TROVOA - Museu da Abolição [Recife, PE] [2019]
Performance Dark Show nº 13 - Cole vo OCUPIRA [Recife, PE] [2019]
Projeto de residências ar s cas SESC Confluências [PE] [2018-2019]
Mostra de Performance Corpo, Arquivo e Reagências [Centro de Artes e Comunicação, UFPE] [Recife, PE] [2018]
Performance Feira Autônoma Sexodissidente - Cole vo OCUPIRA - Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães [Recife, PE] [2018]
Exposição em processo ATOS de Mover - Galeria Capibaribe [Recife, PE] [2018]
Cole va EIXO 2018 - Fábria Bhering [Santo Cristo, RJ] [2018]
Exposição Cole va Tramações: Cultura Visual, Gênero e Sexualidades (2ª edição) - Galeria Capibaribe [Recife, PE] [2018]
Exposição Cole va Transi vo JF Foto’17 – Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage [Funalfa] – Museu Mariano
Procópio [Juiz de Fora, MG] [2017]
Exposição Cole va Mostra À Beira – Edi cio AIP [Recife, PE] [2017]
Projeção Revista OLD – Valongo Fes val Internacional da Imagem [Santos, SP] [2017]
Exposição Cole va Galeria AIREZ 2017 – Circuito de Galerias da Bienal de Curi ba 2017 [Curi ba, PA] [2017]
Exposição Cole va Presenças de Anita – I Semana de Artes Visuais Centro de Arte e Comunicação UFPE – Galeria Capibaribe [Recife, PE] [2017]
Exposição Cole va Rizoma – Mostra Nômade Mul mídia Internacional de Arte Contemporânea – Casarão II da Secretaria Municipal de Cultura [Pelotas, RS] [2017]
Projeção Associação Brasileira das Mulheres da Imagem – [Circuito da projeção nas cidades de: Aracaju, Belo Horizonte, Curi ba, Cu a, Florianópolis, Londrina, Macapá, Maceió, Paraty, Porto Velho, Rio de Janeiro, São Luis do Maranhão, São Paulo e Rio Branco.] [2017]
VIII UNICO – Salão Universitário de Arte Contemporânea do SESC – i nerância: Sesc Casa Amarela [Recife, PE] e Sesc Petrolina – Galeria Ana das Carrancas [Petrolina, PE] [2016/2017]
Exposição Cole va Diversidade – Estúdio Papaya Imagens [São Paulo, SP] [2016]
Exposição Cole va Incerteza, Viva! – Galeria Capibaribe – Centro de Artes e Comunicação – Universidade Federal de Pernambuco [Recife, PE] [2016]
Exposição Cole va Amar e (des) Armar – Museu da Cidade do Recife – Forte das Cinco Pontas [Recife, PE] [2016]
Exposição Cole va. Ensaio Dois Cenários e Um Desencanto – La Kasita – Fes val de Inverno de Garanhuns [Garanhuns, PE] [2015]
Exposição Cole va. Ensaio Arritmia – Espaço Casarão. Inserido na programação do evento 10 às 10 [Recife, PE] [2015]
Exposição Cole va Arquivo Corpo – Memorial de Medicina de Pernambuco [Recife, PE] [2015]
Exposição Diáfano – Inserido na programação do Pequeno Encontro de Fotografia – Galeria Estação 4 Cantos [Olinda, PE] [2014]
Exposição Cole va Corpo Território – Memorial de Medicina de Pernambuco [Recife, PE] [2014]
Exposição Cole va 1ª Salão de Arte Fantás ca – Centro de Artes e Comunicação – Universidade Federal de Pernambuco [Recife, PE] [2012]