Bibliotecas Escolares de Mira, fevereiro de 2015
“O Estranhão”
Boletim BE n.º27
Boletim das Bibliotecas Bibliotecas Escolares de Mira, n.º27 | fevereiro de 2015
F
rederico, o Estranhão, é um rapaz de 11 anos, inteligente e sensível, que conta, em pequenas histórias, o que lhe vai acontecendo no dia a dia. A sublinhar as suas reflexões, há desenhos, que acrescentam muito humor ao que descreve. Fica aqui um bocadinho, para vos aguçar o apetite! (p.66) Já ouviram falar do “Dia das Mentiras”, no primeiro de abril? Disparate! Pelo que tenho visto, todos os dias são dias das mentiras, de manhã à noite. O que devia ser celebrado, ao menos uma vez por ano, era um “Dia das Verdades”. Havia de ser bonito… O mundo acabava nesse dia, digo-vos eu. Para já, vamos a um inquérito. Quando mentem as pessoas?
É verdade: as pessoas só não mentem quando estão caladas. E quanto mais falam, mais mentem, pois esgotam depressa o stock das verdades. 4
Álvaro Magalhães
M
uito em breve, os alunos dos 5.º e 6.ºanos do Agrupamento de Escolas de Mira terão o prazer de conversar com o escritor Álvaro Magalhães, a propósito das novas histórias de Fred, O Estranhão. Álvaro Magalhães, sobejamente conhecido de todos, por os seus livros serem muito requisitados nas bibliotecas do nosso Agrupamento, integrarem as listagens do PNL, as Metas de Aprendizagem de Português e os portais Casa da Leitura e Catalivros, nasceu há 63 anos no Porto, cidade onde reside. A sua escrita, repartida pela poesia, ficção e texto dramático, tem recebido inúmeros prémios, tais como os da Associação Portuguesa de Escritores e do Ministério da Cultura (1981-
1985), a inclusão na Honour List do Prémio Hans Christian Anderson (2002), o Grande Prémio Calouste Gulbenkian (2004) e o prémio Autores, da Sociedade Portuguesa de Autores (2014). Face à excelência do nosso convidado, desejamos a todos um bom encontro e que a sua vinda a Mira seja uma fonte de inspiração! A equipa das Bibliotecas Escolares
Bibliotecas Escolares de Mira, fevereiro de 2015
Entrevista a Álvaro Magalhães Quando era pequeno, Álvaro Magalhães não dispensava uma boa partida de futebol, mas era também aficionado dos livros. Nesta pequena entrevista, fala das suas memórias e da importância de sonhar e de ler, pois, como diz, a literatura ajuda a sonhar a vida!
ditei, mais tarde, com o título de O Circo das Palavras Voadoras. Escrevi-o para a minha filha, quando ela tinha seis anos e aprendia as primeiras letras. Ela gostou, eu também, e continuei. Até hoje. Até sempre.
Num dos seus poemas lê-se:
Qual foi o livro que gostou mais de escrever?
O Álvaro, quando jovem, chegou a jogar com algum guarda -redes míope e desastrado como o do seu poema? O rapaz que eu fui era esse guardaredes, ou eu não o teria retratado tão bem, mas já encontrei outros pelo caminho.
Do que mais gostava era de jo2
Entrevista a Álvaro Magalhães
gar futebol, como todos os rapazes. No sítio onde morava havia vários baldios, espaços abertos, e era aí que nós jogávamos. Não faltavam sítios onde jogar à bola; agora já não é bem assim…
“Sou míope, não vejo a bola, Não distingo as cores, Gritei muito alto. Ninguém ouviu. (…) O pior era a bola, que chegava de repente, vinda de lado nenhum, à procura da baliza. “
O Álvaro nasceu e cresceu no Porto. Quais eram as brincadeiras de que mais gostava em pequeno e onde costumava brincar?
Boletim BE n.º27
Talvez tenha sido O Brincador, o livro que reúne todos os meus poemas para os mais novos. Ou terão sido os quatro livros da série Contos da Mata dos Medos, que, sendo escritos em prosa, estão muito próximos da poesia.
Quando começou a gostar de ler e de escrever? Desde sempre. Eu era o irmão mais novo de uma família com quatro irmãos e era o único que tinha essa tendência para ler e escrever. Em minha casa não havia livros; só se lia o Jornal de Notícias, mas desde os 6 ou 7 anos que procurava livros. Mais do que ler, já escrevia, inventava histórias e sobretudo poemas.
Porque é que é importante gostar de ler?
É importante gostar de ler porque ler transforma-nos. Eu tenho a certeza que não seria a mesma pessoa se não tivesse lido certos livros que li na miGostava de saber qual foi o seu nha infância e adolescência. É primeiro livro... uma oportunidade muito granO primeiro livro que escrevi pa- de para nos transformarmos e ra os mais novos foi Uma Histó- realizarmos enquanto pessoas. ria com Muitas Letras, que ree- Entrevista adaptada a partir dos textos publicados em http://catalivros.org/
3
Bibliotecas Escolares de Mira, fevereiro de 2015
Entrevista a Álvaro Magalhães Quando era pequeno, Álvaro Magalhães não dispensava uma boa partida de futebol, mas era também aficionado dos livros. Nesta pequena entrevista, fala das suas memórias e da importância de sonhar e de ler, pois, como diz, a literatura ajuda a sonhar a vida!
ditei, mais tarde, com o título de O Circo das Palavras Voadoras. Escrevi-o para a minha filha, quando ela tinha seis anos e aprendia as primeiras letras. Ela gostou, eu também, e continuei. Até hoje. Até sempre.
Num dos seus poemas lê-se:
Qual foi o livro que gostou mais de escrever?
O Álvaro, quando jovem, chegou a jogar com algum guarda -redes míope e desastrado como o do seu poema? O rapaz que eu fui era esse guardaredes, ou eu não o teria retratado tão bem, mas já encontrei outros pelo caminho.
Do que mais gostava era de jo2
Entrevista a Álvaro Magalhães
gar futebol, como todos os rapazes. No sítio onde morava havia vários baldios, espaços abertos, e era aí que nós jogávamos. Não faltavam sítios onde jogar à bola; agora já não é bem assim…
“Sou míope, não vejo a bola, Não distingo as cores, Gritei muito alto. Ninguém ouviu. (…) O pior era a bola, que chegava de repente, vinda de lado nenhum, à procura da baliza. “
O Álvaro nasceu e cresceu no Porto. Quais eram as brincadeiras de que mais gostava em pequeno e onde costumava brincar?
Boletim BE n.º27
Talvez tenha sido O Brincador, o livro que reúne todos os meus poemas para os mais novos. Ou terão sido os quatro livros da série Contos da Mata dos Medos, que, sendo escritos em prosa, estão muito próximos da poesia.
Quando começou a gostar de ler e de escrever? Desde sempre. Eu era o irmão mais novo de uma família com quatro irmãos e era o único que tinha essa tendência para ler e escrever. Em minha casa não havia livros; só se lia o Jornal de Notícias, mas desde os 6 ou 7 anos que procurava livros. Mais do que ler, já escrevia, inventava histórias e sobretudo poemas.
Porque é que é importante gostar de ler?
É importante gostar de ler porque ler transforma-nos. Eu tenho a certeza que não seria a mesma pessoa se não tivesse lido certos livros que li na miGostava de saber qual foi o seu nha infância e adolescência. É primeiro livro... uma oportunidade muito granO primeiro livro que escrevi pa- de para nos transformarmos e ra os mais novos foi Uma Histó- realizarmos enquanto pessoas. ria com Muitas Letras, que ree- Entrevista adaptada a partir dos textos publicados em http://catalivros.org/
3
Bibliotecas Escolares de Mira, fevereiro de 2015
“O Estranhão”
Boletim BE n.º27
Boletim das Bibliotecas Bibliotecas Escolares de Mira, n.º27 | fevereiro de 2015
F
rederico, o Estranhão, é um rapaz de 11 anos, inteligente e sensível, que conta, em pequenas histórias, o que lhe vai acontecendo no dia a dia. A sublinhar as suas reflexões, há desenhos, que acrescentam muito humor ao que descreve. Fica aqui um bocadinho, para vos aguçar o apetite! (p.66) Já ouviram falar do “Dia das Mentiras”, no primeiro de abril? Disparate! Pelo que tenho visto, todos os dias são dias das mentiras, de manhã à noite. O que devia ser celebrado, ao menos uma vez por ano, era um “Dia das Verdades”. Havia de ser bonito… O mundo acabava nesse dia, digo-vos eu. Para já, vamos a um inquérito. Quando mentem as pessoas?
É verdade: as pessoas só não mentem quando estão caladas. E quanto mais falam, mais mentem, pois esgotam depressa o stock das verdades. 4
Álvaro Magalhães
M
uito em breve, os alunos dos 5.º e 6.ºanos do Agrupamento de Escolas de Mira terão o prazer de conversar com o escritor Álvaro Magalhães, a propósito das novas histórias de Fred, O Estranhão. Álvaro Magalhães, sobejamente conhecido de todos, por os seus livros serem muito requisitados nas bibliotecas do nosso Agrupamento, integrarem as listagens do PNL, as Metas de Aprendizagem de Português e os portais Casa da Leitura e Catalivros, nasceu há 63 anos no Porto, cidade onde reside. A sua escrita, repartida pela poesia, ficção e texto dramático, tem recebido inúmeros prémios, tais como os da Associação Portuguesa de Escritores e do Ministério da Cultura (1981-
1985), a inclusão na Honour List do Prémio Hans Christian Anderson (2002), o Grande Prémio Calouste Gulbenkian (2004) e o prémio Autores, da Sociedade Portuguesa de Autores (2014). Face à excelência do nosso convidado, desejamos a todos um bom encontro e que a sua vinda a Mira seja uma fonte de inspiração! A equipa das Bibliotecas Escolares