8 minute read
INDIRA PAGANOTTO
Indira Paganotto faz parte daquele seleto grupo de artistas que realmente fazem a coisa acontecer.
Dona de um som poderoso, que transita entre o psy trance, acid e o techno, Indira, que é natural da Espanha, é uma artista completa, promissora e de grande talento.
Advertisement
Seja tocando em clubs ou festivais, seja tocando seu próprio label, a Phase Insane, ou mesmo na sua própria marca de moda, Indira está em ascenção na Dance Music internacional.
Entrevistamos Indira direto de Madri para a capa de Mixmag Brasil para conhecer mais sobre sua trajetória. Confira a seguir!
Conte sua história pra gente. Como começou na Dance Music? Saudações a todos direto de Madrid! É um prazer estar na capa da Mixmag Brasil pela primeira vez e que vocês possam me conhecer um pouco mais com essa entrevista!!
A música me atrai desde sempre, embora minha carreira como produtora e DJ tenha começado há mais de dez anos.
Tudo o que tem a ver com a arte em si sempre fez parte da minha vida, criar é um dos dons que faz você se desenvolver em lugares desconhecidos, seja em si mesmo e para os outros!
Então desde pequena, sabia que essa seria a minha forma de me comunicar com o meu meio, não sou de muitas palavras mas crio muito, haha! Quando eu tinha 16 anos fui ao primeiro club de techno e lá descobri a música eletrônica e me apaixonei completamente por esse gênero.
Comecei a praticar com os discos do meu pai, mas era uma música muito psicodélica, então fui para os clubes de meus amigos e pratiquei antes de abrirem ... que memórias!
Um ano depois, eu já tocava nos Clubs de Las Palmas de Gran Canaria.
Foi um começo muito rápido e não sabendo nada sobre club e cena eletrônica em geral, de repente me vi tocando em clubs lendários como Egg Club em Londres, Harry Klein em Munique e Rex Club em Paris. Tudo isso e m uma idade muito jovem!
Logo comecei a produzir e aos 17 anos tive a honra de lançar meu primeiro vinil ‘Undergeround Love’ pelo selo de Ian Pooley. E foi assim que tudo começou, nos anos seguntes lancei mais dois vinis pelo selo alemão, e depois comecei a pesquisar outros estilos musicais, voltando às minhas raízes, o Psytrance, que sempre ouvi e toquei, mas não havia mergulhado na quantidade de subgêneros que tem esse estilo mágico para mim.
Nos últimos anos, tenho procurado sons mais sombrios e mentais, e fui gradualmente pendendo em direção ao techno, no qual, acredito, encontrei minha linguagem, na qual me sinto totalmente à vontade.
Sabemos que seu pai foi DJ em Goa nos anos 80 e que a coleção de discos dele costumava ser seu playground. Como era a vida naquela época? Que valores você aprendeu que se tornaram úteis para sua carreira como DJ e Producer hoje?
Isso mesmo, meu pai é médico e era médico sem fronteiras quando era jovem. Viajava por toda a Ásia em campos de refugiados e quando tinha licença, ele ia para Goa, Índia, onde tocava em raves de psytrance na praia. Ele sempre me contou histórias incríveis daquela época e isso me fez crescer junto com minha mãe, com uma visão de mundo onde o amor e a verdade podem fazer tudo e onde com respeito e sensibilidade você pode se comunicar de forma real com todos.
Sinceramente, deve ter sido maravilhoso fazer parte desse movimento puro e estou orgulhosa por ele ter compartilhado todas essas experiências comigo e por eu as ter realizado na minha vida!
O meu dia a dia é assim também, não acredito no amanhã mas no agora, e procuro dar o meu melhor a cada momento do dia, desfrutando dos meus momentos de música em estúdio (que são muitos haha); os momentos em contato com a natureza e com os animais, ou mesmo cozinhando ou assistindo a um pôr do sol. São dons que a vida nos dá e devemos aproveitar!
Quando comecei é verdade que tocávamos juntos em casa, mas nunca tive a oportunidade de tocar como DJ com meu pai em nenhum festival ou boate porque ele diz que está em outra onda agora e que gosta de me ver, hahah é uma pena mas com certeza um dia vou convencê-lo a fazer um b2b! Você produz há mais de uma década e seus sets tem uma mix de groove e elementos de gêneros como psytrance, acid e techno. Que tipo de som você acha que tocará daqui a 10 anos? Quais são os artistas e labels que ainda te inspiram hoje?
Muito boa pergunta! Suponho que seja outro gênero ou subgênero relacionado ao Techno, mas sempre com a minha essência.
Ouço faixas minhas de 10 anos atrás e até hoje me surpreendo com as boas ideias que tive e a sensibilidade em contar mesmo sem saber o que sei hoje.
Sempre gostei de desenvolver vários “filmes” ou histórias em uma música, não sendo monótona e sendo surpreendida por alguma parte também com um som que nada tem a ver com aquele gênero.
Tenho uma gama muito ampla de influências que aprendi nesses anos, de selos que sempre estiveram comigo como Boshke Beats, Iboga Records, Zenon Records (mais focado em Psytrance) e em techno: Klockworks, Trip, Be As One, Figure, BPitch ou Octopus Recordings, entre outras.
Você está lançando o próprio selo, o Phase Insane Records. Sempre quis ter uma gravadora ou é um projeto mais recente? Quais são os principais objetivos desta iniciativa empresarial?
Sempre quis ter minha própria gravadora porque experimentei muito entre psytrance, techno, minimal e house, então foi nesse ano que me senti melhor artisticamente e decidi moldá-la porque tenho minha própria linguagem e eu posso seguir uma linha, minha linha!
É um prazer tê-lo feito junto com o meu amigo Unkle Fon, que é um grande artista e um suporte ao longo desta aventura. É também a mistura perfeita entre arte e música, já que as capas do vinil serão miniaturas de pinturas reais do artista David Morago, cada Release será uma pequena obra de arte à disposição de todos.
Quanto à parte musical, queremos que seja um selo atemporal, fora da moda e dos negócios, vamos lançar apenas as músicas que gostamos muito e falar a nossa própria língua, sempre numa linha Techno é claro.
E sobre os primeiros lançamentos da Phase Insane Records. Existem outros lançamentos na fila para serem lançados nos próximos meses? Como a música de outros artistas será escolhida para a nova marca do techno? Além do primeiro lançamento que será composto por dois originais meus e Unkle Fon, além de dois remixes incríveis de Flug e Ricardo Garduno, estou preparando meu primeiro Álbum, que lançarei em 2021.
Será um vinil duplo onde você poderá ouvir o meu trabalho de dez anos em 8 faixas! Vou escolher o que há de mais significativo na minha carreira musical, assim como novas produções, para que você possa me conhecer profundamente, você vai ouvir todo o meu crescimento pessoal e artístico compactado em dois discos de vinil!
Um grande desafio para mim em termos de seleção, já que fiz mui-
tas faixas nesses anos, tenho verdadeiras jóias que quero trazer à tona, e onde melhor do que lançar isso em minha própria gravadora!
Também tenho outro EP muito interessante fechado com um artista mítico de psytrance que todos vocês conhecem. E mais um EP com outro artista menos conhecido mas muito contemporâneo que já está bombando nas pistas, então fiquem ligados, tem várias bombas chegando!
Com os eventos ainda paralisados, como você conseguiu manter a cabeça erguida durante os meses de quarentena e lockdown? É verdade que a incerteza das primeiras semanas me fez quebrar a inspiração de produzir, foquei em criar streamings todas as semanas, com origens diferentes, nas quais meu marido David Morago e eu focamos toda a nossa energia pintando e construindo com diferentes materiais que tínhamos no nosso estúdio de pintura, foi muito motivador trabalhar com as nossas mãos e fazer algo diferente!
Estava no meio da quarentena quando voltei ao meu estado natural de espírito e pude entrar no meu pequeno templo, meu estúdio!
E eu já era capaz de criar música, consegui fluir naquele novo estado e criei muitas músicas que agora serão lançadas nesses meses assim como o EP “Death Valley” que acabou de sair pela Octopus Records, Warehouse Series em novembro, com remixes de SUDO e Maxie Devine e vários outros EPs por vir.
Recentemente, compartilhamos no Brasil um stream que você fez com a Mixmag Mexico. Em novembro, divulgamos seu EP ‘Death Valley’ lançado pela Octopus Recordings. Com certeza você esteve bem ocupada. Sabemos que a vacina do Coronavírus está chegando, mas ninguém sabe quando os eventos estarão de volta. Quais os planos para 2021?
Em relação aos lançamentos, o EP “Jungle” será lançado com um remix incrível de Oliver Deutchman no dia 29 de janeiro pela OFF Recordings; também uma compilação que estou preparando para Octopus Recordings onde, entre outras faixas que estou escolhendo, quatro de minhas músicas originais e três outras colaborações irão aparecer.
Assim como outra faixa “Cathedral Rave” entre Heerhorst, aparecerá na compilação que Flug está preparando para o selo Uncage. Além disso, como eu disse antes, estou terminando meu primeiro álbum que irei lançar no meu selo Phase Insane Records e outros EPs e colaborações que ainda não posso revelar!! Vou continuar na minha linha de fazer correntes nas quais a arte e a sensibilidade à luz são peças fundamentais para o espectador, incluir lugares únicos sempre sob uma aura cinematográfica.
Além das produções, lançarei minha própria linha de roupas da Phase Insane Records, nesta entrevista vocês verão algumas das peças que desenhei: macacões, leggings, camisetas com mangas japonesas e body, tudo em Latex, feito à mão em Madrid junto com Madrubb, com muito carinho e nos mínimos detalhes para quem a adquirir, tenha uma peça única e exclusiva!!
Muita música e muito amor criado nas montanhas de Madrid que espero que gostem !! Clothing : MadRubb (www.madridrubber.com/ ) in collab with Indira Paganotto. New Designs for “Phase Insane Records” Edition.
Photographer : moragodop.com / litestudio.es
Art Direction : David Morago
Instagram.com/indirapaganotto Facebook.com/indirapaganotto Soundcloud.com/indirapaganotto Youtube.com/c/IndiraPaganotto