BE 2009-10-06

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Evandro Monteiro

TERÇA-FEIRA, 6 DE OUTUBRO, 2009 | ANO 1 | Nº 0 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR-ADJUNTO DARCIO OLIVEIRA | R$ 3,00

Empreendedorismo Jaques Weltman conquista escolas com robótica que ajuda a ensinar. ➥ P18

Santander Apetite estrangeiro pode inflar o preço das ações da oferta acima do valor justo. ➥ P42

Valorização Preço do aluguel da Alameda Lorena sobe mais que o da 5ª Avenida, em Nova York. ➥ P32

Oito países separados por um mar de burocracia e transporte ruim De 1999 a 2008, as vendas entre as nacões que falam português no mundo cresceu 1.178% e alcançou US$ 6,6 bilhões. O valor pode ser muito maior. O Brasil tem tudo para assumir a liderança e incitar negócios entre o grupo. ➥ P6 Nelson Almeida/STR

Novas regras para plantio de cana ameaçam o etanol do MT Entrada em vigor do zoneamento agroecológico da cultura coloca projetos de usinas em xeque e reacende discussão sobre o equilíbrio entre produção agrícola e devastação ambiental. ➥ P22

Marketing das corretoras acende luz amarela na CVM A diretoria do órgão regulador do mercado mobiliário investiga e pode punir empresas que utilizarem mal a internet para tentar atrair clientes. ➥ P46

Ibovespa

+ 1,96%

62.369,30

Dow Jones

+ 1,18%

9.599,75

S&P 500

+ 1,49%

1.040,46

Nasdaq

+ 0,98%

2.068,15

FTSE 100

+ 0,71%

5.024,33

Dólar

- 0,96%

1,762

Euro

+ 0,21%

2,584

Busca por competitividade une agências Redes de estatais podem Crise esvazia GP Brasil expandir banda larga e hotéis preveem queda Proposta de comissão é usar infraestrutura de estatais, como Furnas e Petrobras, para levar internet ao interior do país. Ideia é baratear projeto, que deve custar R$ 1,1 bilhão. ➥ P26

Na rede Atlantica Hotels, 50% das reservas feitas por operadoras não se confirmaram. Para cortar custos, grandes empresas deixaram de usar ingressos como prêmios para clientes. ➥ P30

As agências FabraQuinteiro e E*Inteligência Criativa passaram a ocupar o mesmo endereço este mês. É o mais recente caso de fusão que vem movimentando o mercado em busca de maior competitividade. ➥ P36

Mercado de talheres sofre garfada chinesa Para combater os baixos preços trazidos pelas empresas asiáticas, fabricantes nacionais de cutelaria lançam novas linhas de produtos e pressionam governo por mais barreiras comerciais. ➥ P28


2 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

NESTA EDIÇÃO Antônio Cruz

Em alta

Miolo aposta no mercado inglês Vinícola gaúcha lança nova marca de olho no consumidor britânico. Campanha se apoia na imagem “harmoniosa, festiva e feliz” do Brasil. ➥ P27

Divulgação

Exportações ainda sofrem com a crise A retomada do crescimento econômico ainda não chegou aos setores exportadores. Especialistas preveem que balança comercial pode ter déficit no ano que vem. ➥ P10 E 11

Aluguel na Alameda Lorena sobe 110% Exército brasileiro compra blindado leve da Iveco A Iveco, do grupo italiano Fiat, começa a estender seu campo de atuação para além dos caminhões e veículos comerciais leves no Brasil. A montadora venceu licitação do Exército para o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de pessoas (VBTP). O objetivo é substituir o lendário Urutu, que serve as Forças Armadas desde a década de 80. A partir desse primeiro contrato, a Iveco pretende estabelecer um linha exportadora de veículos militares leves dentro de sua unidade em Sere Lagoas (MG). O primeiro protótipo deverá entrar em testes em 2010. ➥ P29

Cade usou delação para desbaratar “cartel”

Expansão antecipa alta dos juros

Emmanuel Dunand

A recuperação da atividade econômica tende a antecipar um ciclo de alta das taxas de juros. O Banco Central, de Henrique Meirelles, projeta fechar 2010 com taxas de 9,75%. ➥ P45

CSN tem fundo desenquadrado Muitos fundos de pensão ainda estão fora do limite máximo para exposição à renda variável. É o caso do fundo da CSN que continua acima do limite permitido. ➥ P47

Tesouro Direto ainda pouco utilizado Concebido em 2002, o Tesouro Direto é uma alternativa rentável e barata para o investidor ter acesso aos papéis públicos, embora ainda esteja sendo pouco utilizado. ➥ P40

O presidente do Cade, Arthur Badin, afirma que “cartel” da Whirlpool foi desbaratado por meio de um acordo de leniência, por meio do qual a corporação teve de assumir todas as práticas ilícitas e ajudar a provar o esquema. Em entrevista ao Brasil Econômico, ele defende o pagamento pela empresa da contribuição pecuniária de R$ 100 milhões para poder se livrar dos processos administrativo e judicial. Badin diz que esse tipo de acordo é “imprenscindível” para combater práticas anticoncorrenciais. “A colaboração de alguém da organização criminosa é imprescindível para desbaratar cartéis”, diz o presidente do Cade. ➥ P12

Campanhas na internet

Murillo Constantino

Os partidos começam a definir suas estratégias de campanhas na internet. O responsável pela estratégia de Barack Obama, Ben Self, é uma das armas do PT na rede. ➥ P45

Entrevista com David Kupfer Para o professor da UFRJ, especialista em competitividade e política industrial, o risco de inflação por demanda no Brasil é pequeno. ➥ P17

Empresas discutem período de silêncio Objetivo é ampliar transparência antes da divulgação de resultados. No início do ano, a Petrobras foi investigada por suspeita de vazamento de informações trimestrais. ➥ P45

Claudio Pozo

A polêmica aberta com o abrigo dado a Zelaya

Pesquisa mostra que custo do metro quadrado no endereço paulistano teve a maior valorização do mundo, ultrapassando locais famosos como a 5ª Avenida. ➥ P33

Mercado aquecido pressiona dólar

Mais geladeiras

O retorno do apetite estrangeiro pelo mercado de capitais brasileiro ajuda a pressionar ainda mais a cotação do dólar, diz o sócio da Ernst & Young, Paulo Sérgio Dortas. ➥ P42

O reaquecimento da economia deve garantir aumento de 20% nas vendas de produtos da linha branca, prevê a Eletros. ➥ P33

Uma encomenda de US$ 3,2 trilhões

“Sim, nós podemos”

A Boeing, uma das maiores fabricantes de aviões do mundo, prevê a necessidade de 29 mil novas aeronaves nos próximos 20 anos, o equivalente a US$ 3,2 trilhões. ➥ P27

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parafraseou seu colega americano, Barack Obama, ao comemorar a escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016. ➥ P17 Marcello Casal Jr

A delegação da Organização dos Estados Americanos (OEA) chega amanhã a Honduras, na tentativa de negociar um acordo sobre a crise política local. Roberto Micheletti, presidente de facto, já afirmou que seu governo não aceitará decisões do exterior. A permanência do presidente deposto Manuel Zelaya na Embaixada do Brasil causa reações diversas. Para o professor Christian Lohbauer, da USP, trata-se de “trapalhadas da política externa desse governo”. Já Sonia Camargo, professora da PUC-Rio, acha que a atitude brasileira impediu que Zelaya corresse riscos caso saísse às ruas. “O governo não pode cruzar os braços”, diz. ➥ P14

A FRASE

“É a primeira vez que emprestamos para o FMI. Estamos passando de devedor para credor. É um momento histórico”

Guido Mantega, ministro da Fazenda, comemorando a oficialização da compra, pelo Brasil, de US$ 10 bilhões em Direitos Especiais de Saque (SDR) do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ao todo, Brasil, China, Rússia e Índia emprestarão US$ 80 bilhões para reforçar o caixa da instituição.


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 3

EDITORIAL Gary He

CAROLINA HERRERA E HERMÈS LIDERAM CHEGADA DAS GRIFES DE LUXO AO PAÍS

No comércio, ainda não se fala a mesma língua O português é a quarta língua mais falada do mundo, idioma pátrio de 250 milhões de pessoas espalhadas por quatro continentes. Somado, o Produto Interno Bruto dos países de língua portuguesa chega a US$ 2 trilhões. As trocas comerciais de Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste com todos as demais nações do mundo alcança US$ 550 bilhões. Mas apenas 2% disso se dá dentro da comunidade lusófona. É pouco, muito pouco.

O PIB dos países de língua portuguesa chega a US$ 2 trilhões. Mas o comércio entre eles ainda é pequeno Um olhar mais atento sobre este comércio multilateral aponta para duas questões cruciais. A primeira é a burocracia, que dificulta não apenas o visto de entrada de um patrício na nação irmã, mas também o desembaraço de mercadorias na alfândega. O segundo problema, ainda maior, é o da logística. Não existem, por exemplo, linhas marítimas ligando o Brasil ao continente africano. A viagem de navio demora cerca de 50 dias e as mercadorias são obrigadas a ir para portos da Europa – como Roterdã, na Holanda, ou Frankfurt, na Alemanha – fazer o transbordo e só então seguir para a África. Apesar de tudo isso, o futuro parece promissor. A demanda por obras na África, nos próximos anos, chega a US$ 20 bilhões, incluindo projetos de construção de hidrelétricas, rodovias, redes de saneamento, conjuntos habitacionais e até shopping centers, principalmente em Angola e Moçambique. Calcula-se que a Camargo Corrêa tenha, somente em Angola, investimentos somados de US$ 2 bilhões. O país africano, aliás, fez a lição de casa direitinho. Seu governo criou leis para facilitar o ingresso de investimentos estrangeiros, melhorou as condições de crédito e ajudou bancos locais no financiamento de novos projetos. Assim, atraiu os patrícios. ■

Uma pesquisa da consultoria Bain&Co mostra que o mercado de luxo brasileiro virou alvo das principais grifes internacionais, como a francesa Hermès e a comandada pela estilista Carolina Herrera. Ambas lideram uma verdadeira invasão, que pode chegar a 50 marcas. ➥ P34

Diretor de Redação Ricardo Galuppo Diretor-adjunto Darcio Oliveira

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França, Natália Flach, Natália Mazzoni, Phydia de Athayde, Regiane de Oliveira, Roberta Scrivano, Ruy Barata Neto Brasília Simone Cavalcanti, Silvio Ribas Rio de Janeiro Renata Batista e Ricardo Rego Monteiro BRASIL ECONÔMICO On-line Marcel Salim (Editor), Repórteres Carolina Marcondes, Conrado Mazzoni Webdesigner Rodrigo Alves Arte Pena Placeres (Diretor), Betto Vaz (Editor), Evandro Moura, Letícia Alves, Maicon Silva, Paulo Argento, Renata Rodrigues, Tania Aquino, (Paginação), Alex Silva, Monica Sobral (Infografia) Fotografia Antonio Milena (Editor), Henrique Manreza, Marcela Beltrão, Murillo Constantino, Roberto Donask (Fotógrafos) Tratamento de imagem Antonio Moura, Henrique Peixoto Secretaria/Produção Shizuka Matsuno

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4 Brasil Econ么mico Ter莽a-feira, 6 de outubro, 2009


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6 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

DESTAQUE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Comércio ainda difícil entre países lusófonos Mesmo com crescimento de 1178% registrado entre 1999 e 2008, vendas entre as oito nações não ultrapassam US$ 6,6 bilhões por ano

Marina Gomara mgomara@brasileconomico.com.br

Ele é empresário angolano ligado à companhia aérea TAG e foi convidado a participar de um encontro de negócios no nordeste brasileiro. Mas não compareceu porque não conseguiu visto de entrada no país. O atraso e a falta de emissão de licença para trabalho, negócio e turismo é um problema grave nos oito países da comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que inclui Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Burocracia que limita — e muito — o comércio multilateral. O potencial é grande: somado, o Produto Interno Bruto (PIB) do grupo chega a US$ 2 trilhões, as trocas comerciais com todos os países do mundo giram em torno de US$ 550 bilhões, mas apenas 2% disso se dá dentro da comunidade lusófona. “Hoje uma empresa brasileira que quiser participar de uma licitação para fazer negócios em Portugal precisa legalizar todos os documentos no consulado. Isso é um gargalo logístico que dificulta o investimento e o comércio. Nas relações Brasil e França, por exemplo, isso não é preciso”, afirma Rômulo Alexandre Soares, presidente do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil. Mesmo depois da papelada e antes das dificuldades de liberação da mercadoria na alfândega, há um problema logístico ainda maior: a falta de linhas marítimas entre o Brasil e o continente africano, por exemplo. A viagem, quando é feita, é cara e demora mais de 50 dias. “Como não existe nenhum porto ligando o Brasil à África, vamos para a Europa — para Roterdã, na Holanda, ou Frankfurt, na Alemanha — a fim de fazer o transbordo e voltar para a África”, explica Julio Perdigão, diretor de investimento da construtora Odebrecht, empresa que investe há 25 anos em Angola e também está presente em Moçambique. Mesmo com tantos entraves, o comércio do Brasil com a

CPLP cresceu 1178%, de 1999 a 2008, de acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil. Passou de US$ 585 milhões para US$ 6,6 bilhões. Deste total, mais de 90% correspondem às trocas comerciais do Brasil com Portugal e Angola

(veja gráfico na página 6). O investimento direto brasileiro também se concentra nesses dois países e o volume ainda é tímido: total de US$ 1,6 bilhão em 2008. Portugal investe, só no Brasil, cerca de US$ 10 bilhões por ano, principalmente no setor de energia, turismo e telecomunicação.

Potencial de investimento

Há um gargalo logístico que dificulta o investimento e o comércio Rômulo Alexandre Soares, presidente do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil

Os países africanos de língua portuguesa têm uma demanda de obras que chega a US$20 bilhões Kalil Cury Filho, diretor de relações institucionais, Camargo Corrêa

Ainda há muito a ser feito para potencializar o comércio do Brasil com os países lusófonos. Por ter passado por guerras, instabilidades políticas e crises econômicas recentes, muitas dessas nações começaram a se industrializar e a desenvolver suas economias tardiamente. Nesse sentido, Brasil e Portugal têm papel importante na restruturação desses países. “É necessário não investir só na economia petrolífera, mas fundamentalmente na agricultura e na indústria transformadora. Isso pode gerar o desenvolvimento de um nicho de mercado que fez da Angola um dos principais exportadores de cereais na década de 1970, antes da guerra civil”, diz o vice-presidente da Associação das Indústrias de Angola, Eliseu Gaspar. No setor de infraestrutura, apesar dos efeitos da crise financeira mundial, empresas brasileiras ainda têm presença forte na construção de hidrelétricas, rodovias, rede de saneamento, conjuntos habitacionais e até shopping centers, em Angola e Moçambique. “Só em Angola, a Camargo Corrêa tem investimentos que, somados, dão mais do que US$ 2 bilhões, e boa parte é com parceria portuguesa. Mas eu diria que os países africanos da CPLP têm uma demanda de obras que deve chegar a US$ 20 bilhões”, prevê Kalil Cury Filho, diretor de relações institucionais da construtora. “Ir para a África deve ser com uma visão de ficar para sempre, uma decisão cuidadosamente pensada, a longo prazo, de construir aquele país, não só prestando serviços, mas investindo”, diz Júlio Perdigão. ■

Empresários e políticos discutem formas de facilitar o comércio e aumentar os investimentos nos países africanos

CONSTRUÇÃO 1

Odebrecht acreditou na recuperação de Angola e opera no país há 25 anos Angola foi um dos primeiros países a receber investimentos da construtora Odebrecht. Hoje, a empresa está em mais de dezessete nações e em todos os continentes, com exceção da Oceania. A entrada em Angola teve muitos percalços. “No começo, era difícil até conseguir móveis para montar o escritório. Tínhamos que importar tudo porque não havia nada lá no país”, diz Júlio Perdigão, diretor de investimento da empresa. “Mas nós acreditamos que o país iria superar esses momentos de dificuldade, como guerra e corrupção, e apostamos nisso de uma forma muito consistente”. Atualmente, a empresa garante que conseguiu estabelecer uma relação de confiança com o governo local.


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 7

PONTOS-CHAVE

Ainda são poucos os investimentos diretos em países de língua portuguesa (CPLP) e praticamente todos são concentrados em Portugal e em Angola.

A CPLP engloba oito países, em quatro continentes (África, Ásia, América e Europa) num total de 250 milhões de pessoas que falam português.

O governo brasileiro importa dos países da CPLP 85% de produtos básicos. Exporta 59% de manufaturados e 31% de produtos básicos.

Jarbas Oliveira

ENTREVISTA RÔMULO ALEXANDRE SOARES Presidente do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil

Investir mais e ampliar trocas É assim que a comunidade pode conseguir reduzir assimetrias entre seus membros

Ele reconhece que ainda há muito a se fazer na cooperação econômica nos setores de turismo, infra-estrutura, recursos naturais, agronegócio e inovação tecnológica na Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP). Mas Rômulo Alexandre Soares, presidente do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, está disposto a enfrentar os desafios que o bloco impõe. Qual a importância do bloco de países da CPLP? Nós representamos a quarta língua mais falada no mundo - são 250 milhões de falantes do português, 190 milhões só no Brasil. Estamos presentes em quatro continentes (América, África, Europa e Ásia) e temos um volume de comércio com o mundo que chega a US$ 550 bilhões, de acordo a Organização das Nações Unidas (ONU). Quais assimetrias podem ser identificadas no bloco? Portugal está dentro da União Europeia e, apesar de estar em crise, conseguiu manter um padrão de qualidade de vida extremamente avançado. Há o Brasil como um país com graves problemas de desigualdades regionais, mas um país riquíssimo. E há países na África que amadureceram e tiveram um desenvolvimento econômico mais recente, alguns porque acabaram de sair da guera civil. A realidade de desenvolvimento de infraestrutura e, sobretudo, de ambientes de negócios, são bastante distintos nos diferentes países da comunidade. Então, acho que Portugal e Brasil têm uma importação missão de ajudar a reduzir essas assimetrias.

CONSTRUÇÃO 2 Divulgação

Camargo Corrêa investe em construções habitacionais na capital Luanda O déficit habitacional na capital angolana é enorme e a construtora brasileira Camargo Corrêa aproveitou a oportunidade para investir em moradias na cidade. “Eu diria que há quatro milhões de pessoas em Luanda e a capacidade é de apenas 500 mil”, diz o diretor de relações institucionais da empresa, Kalil Cury Filho. “Luanda não tem avenida ou rua. Às vezes, temos que construir um prédio onde mora um amontoado de gente. E, junto com o governo, temos de realocar as pessoas em outras regiões”. Além dos edifícios em Luanda, a empresa tem projetos para a construção de estradas, redes de transmissão de energia e de saneamento, acesso ao porto e vias urbanas.

O que pode ser feito para mudar este quadro? É importante aumentar o comércio. O Brasil pode comprar e vender produtos, mas é fundamental também fazer mais investimentos externos. Da mesma forma como Portugal tem feito no Brasil. As relações de comércio exterior entre os dois países são poucas, mas quando vemos o volume de investimento português no Brasil, na área de turismo, na área de energia e indústria, esses números são significativos. Estamos falando de um volume de US$10 bilhões.

“Acho que Brasil e Portugal têm muito a fazer para ajudar a reduzir as assimetrias econômicas na CPLP”

E o investimento brasileiro na África? As construtoras brasileiras como Andrade Gutierrez, Odebrecht, e Camargo Corrêa investem em Angola e Moçambique, por exemplo. Isso é positivo porque gera emprego e renda nesses países. Acho que o Brasil deve colaborar na inserção e no desenvolvimento econômico na África. Isso pode atender à sua política externa enquanto liderança mundial, ao mesmo tempo que colabora para que esses países se desenvolvam. Não só na área de planejamento urbano, mas no crédito imobiliário, no agronegócio, e também no desenvolvimento tecnológico e na inclusão digital, que é outro componente importantíssimo. Se os países não estiverem conectados, teremos um dumping digital no mundo. Como o comércio do bloco pode ser facilitado? Precisamos desenvolver posições comuns nas negociações internacionais. Precisamos de transporte marítimo e logística portuária, que é um dos maiores entraves para o aumento das trocas comerciais. Não se justifica que Fortaleza esteja há apenas três horas de Cabo Verde de avião, mas que demore quase 50 dias para chegar uma mercadoria por navio porque não há qualquer ligação direta entre os países. É possível pensar numa área de livre-comércio na comunidade? Área de livre-comércio? Bom, tanto o Brasil no Mercosul quanto Portugal na União Europeia têm seus acordos específicos. Pensar num bloco de livre-comércio na CPLP seria incluir esses dois blocos econômicos. Portanto, no curto prazo não consigo enxergar isso. Mas acho que algumas ações podem ser feitas que beneficiam a economia como desburocratização dos negócios. Ainda há muito a ser feito. Há muito dever de casa antes de pensarmos num mercado comum. ■


8 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

DESTAQUE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

COMUNIDADE DE PAÍSES DA LÍNGUA PORTUGUESA CPLP

Portugal

Oceano Atlantico

Cabo Verde Guiné-Bissau Oceano Pacífico São Tomé e Príncipe Brasil Angola

Timor Leste

Moçambique

Brasil deve ter liderança, mas com responsabilidade Os oito países de língua portuguesa, espalhados por quatro continentes, esperam que o Brasil os ajudem a se modernizar, além de representar a comunidade lusófona nos foros de decisão mundiais Marina Gomara mgomara@brasileconomico.com.br

Integrantes dos oito países da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP) são unânimes em destacar a importância brasileira como líder do grupo. Não é para menos. Das 250 milhões de pessoas que há no bloco, o Brasil responde por 190 milhões delas. O PIB, o volume das exportações e importações brasileiras também são infinitamente superiores a qualquer um dos países-membros. Além do peso econômico que coloca o Brasil como um dos BRICs no cenário mundial, ao lado de Rússia, Índia e China, e como um dos integrantes do G20, há também uma posição política cada vez mais relevante nos organismos de decisão multilaterais. A possibilidade de o país conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, apoiada por países como a França, traz em si responsabilidades. “O Brasil deve entrar nesta instituição não só para representar o povo brasileiro, mas todos os países bloco. Nós temos de falar em uníssono para que os nossos interesses sejam ouvidos”, declara o secretário executivo da CPLP, Do-

mingos Simões Pereira. “O Brasil é mais do que uma locomotiva, é o motor que impulsiona a formação deste espaço lusófono”. Segurança alimentar

O setor de alimentação é estratégico para toda a economia mundial, como se viu na crise de 2007 e 2008, quando os preços dos alimentos subiram em média 57%. Pensando assim, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), tem feito parcerias com países africanos. “A extensão arável, produtiva, o clima favorável, a abundância de recursos naturais faz com que eles tenham a oportunidade e também o desafio de atender às necessidades da segurança alimentar. Esse é um setor prioritário para as políticas públicas e para os investimentos e doações estrangeiras” afirma José Marcelo Goulart, do Sebrae Nacional. Ele reconhece, no entanto, que o Brasil deve criar facilidades para incentivar as parcerias entre as empresas da área. “O país precisa estabelecer regras mais claras do ponto de vista da legislação para favorecer a aproximação desses mercados. É preciso também derrubar barreiras comerciais”.

COMÉRCIO DO BRASIL COM CPLP Exportações* 4.000 3.500

ILHA DA MADEIRA TIMOR LESTE SÃO TOME E PRÍNCIPE GUINÉ-BISSAU

MOÇAMBIQUE CABO VERDE PORTUGAL ANGOLA

3.763,2 3.099,5

3.000 2.500

2.364,3

2.000 1.588,8

1.500 1.000

1.358,9 405,6 494,3

500

1999

2000

656,9

2001

815,0

883,5

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2004

2005

2006

2007

2008

Importações* 3.000 2.500 2.000

ILHA DA MADEIRA TIMOR LESTE SÃO TOME E PRÍNCIPE GUINÉ-BISSAU

MOÇAMBIQUE CABO VERDE PORTUGAL ANGOLA

1.500 1.000

500 0

1999

2000

*Volume em US$ milhões

2001

2002

2003

Fonte: Secex. Elaboração: Assessoria Econômica / MDIC

Para o presidente do conselho empresarial da CPLP, Braima Camará, o Brasil não é só um parceiro comercial, mas um país irmão, amigo, que compartilha da mesma cultura, dos mesmos laços e que tem papel fundamental na modernização dos outros países. No que diz respeito às dificuldades encontradas no comércio com o Brasil, Camará tem muitas a enumerar. “Não são só os altos impostos. O fato de o Brasil ser altamente industrializado e praticamente autossuficiente faz com que o governo adote políticas não tão favoráveis, muito menos competitivas para que outras empresas e nações possam efetivamente entrar no Brasil”. Camará destaca que é preciso realizar outros encontros de negócios para que o governo brasileiro se sensibilize e passe a incentivar a cooperação, realmente indo da teoria para a prática. “O Brasil pode ser útil na área da indústria, principalmente fornecendo equipamentos para a agricultura. Em países como Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, vários produtos agrícolas estragam simplesmente porque não temos sequer condições mínimas para armazenar os produtos ou para reaproveitá-los”. ■


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 9

Nações africanas são bons locais de investimento África do Sul e Angola se destacam por boa infraestrutura e leis que facilitam a vida de companhias estrangeiras Fábio Suzuki fsuzuki@brasileconomico.com.br

Os países africanos não estão à espera apenas dos craques brasileiros que irão disputar a primeira Copa do Mundo de futebol da África. O continente, que por muito tempo passou despercebido pela atuação das grandes corporações, começa a emergir como uma região propícia para as companhias brasileiras injetarem seus investimentos. E nesse cenário, além da mão-de-obra barata, África do Sul e Angola se destacam pelas melhorias estruturais ocorridas nos últimos anos e por novas leis que facilitam a entrada de investimentos estrangeiros. Com a maior e mais avançada economia africana, sendo responsável por 18% de todo o PIB do continente, a África do Sul começa a colher os resultados

da abertura de suas relações exteriores após mais de 40 anos de isolamento político e econômico. Atualmente, o país conta com boa infraestrutura e passa por um processo de melhorias em diversos setores por ser sede do maior evento esportivo da história do continente: a Copa do Mundo de 2010. “A África do Sul conta com uma economia sofisticada, desenvolvida e de muita concorrência. E seu sistema de escoamento de produtos está entre os melhores do mundo”, aponta o advogado Emile Myburgh. Como exemplo, ele cita a mineradora Vale do Rio Doce, que tem o país africano como base no continente devido à infraestrutura de qualidade para exportar produtos. Além da Vale, a fabricante de carrocerias para veículos pesados Marcopolo mantém uma fábrica na cidade de Joanesburgo. Em parceria com a Scania do Brasil, a companhia ganhou recentemente a licitação para a entrega de 143 veículos para a

Emile Myburgh advogado

“A África do Sul conta com uma economia sofisticada, desenvolvida e de muita concorrência. E seu sistema de escoamento de produtos está entre os melhores do mundo.”

prefeitura local, que serão utilizados no sistema de transporte da cidade até o início da Copa. “Os números mostram que as relações entre Brasil e África do Sul estão se estreitando”, aponta Yusuf Omar, cônsul geral sulafricano em São Paulo.

Já Angola aprovou há dez anos uma nova lei de instituições financeiras, que deu maior proteção aos investimentos estrangeiros, melhorou os empréstimos locais e ajudou os bancos angolanos no financiamento de projetos. “Essa regulamentação específica modernizou a área financeira e hoje Angola é o país que mais cresce no continente africano”, diz Myburgh. As empresas estrangeiras não precisam ter parceiros locais para fazer uma investida no país. Os especialistas chamam a atenção, no entanto, para a burocracia em relação aos investimentos, principalmente à tributação. Eles são diversos, dependendo do país africano em questão. “Acredito que isso esteja sendo aprimorado pelo governo brasileiro”, afirma Cesar Amendolara, sócio do escritório Velloza, Girotto e Lindenbojm Advogados Associados. Para que as relações econômicas sejam bem sucedidas, as discrepâncias precisam ser evitadas. ■

BOM NEGÓCIO

US$ 2,5 bi é o total movimentado pelo comércio brasileiro e sul-africano em 2008

DAQUI PRA LÁ

US$ 2,7 bi é a soma das exportações brasileiras para a África no 1º quadrimestre deste ano

NO BOLSO

US$ 2 bi é o quanto os empresários brasileiros lucraram com as vendas para Angola em 2008


10 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

BRASIL

Crise financeira ainda prejudica exportação Baixa demanda derruba venda ao mercado internacional. Especialistas afirmam que páis poderá chegar a ter déficit na balança comercial no próximo ano Roberta Scrivano rscrivano@brasileconomico.com.br

Enquanto o país se prepara para a retomada do crescimento econômico, os exportadores nacionais ainda se esforçam para recuperar seus clientes, perdidos em meio à turbulência, e não registrar prejuízo até o final deste ano. “Voltaremos ao patamar pré-crise somente no final de 2010 ou no começo de 2011”, afirmou Ricardo Martins, diretor do departamento de Comércio Exterior (Derex) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A estimativa de Martins é compartilhada por José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “Não teremos recuperação em 2010. Podemos até registrar um déficit no ano que vem”, comentou . As informações dadas pelos especiliastas no setor estão baseadas no resultado da balança comercial do país em setembro (superávit de apenas US$ 1,33 bilhão, divulgado pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio - Mdic), pior número verificado desde janeiro deste ano, mês fortemente impactado pela turbulência econômica. “Estamos sentindo os efeitos de termos uma moeda valorizada. Este resultado já era previsto”, comentou Castro, ao explicar que somente no mês passado os exportadores sentiram de fato a valorização do real iniciada em abril. “O efeito do câmbio demora cinco meses para afetar as vendas”, completou o vice-presidente da AEB. Nos dois primeiros dias de outubro, a balança somou superávit de US$ 415 milhões, de acordo com o Mdic, o número, segundo Castro, não pode ser considerado já que só leva em conta as importações e exportações de um período muito curto. Para Martins, da Fiesp, haver o superávit de US$ 1,33 bilhão em setembro é até uma surpresa, já que as condições para exportar estão ainda mais complicadas neste momento por conta da crise. “O sucesso rápido de sair da crise, como o Brasil afir-

Estamos sentindo os efeitos de termos uma moeda valorizada. A queda nas exportações já era prevista José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil

Não temos a mesma competitividade que outros países. Os entraves vão desde a área fiscal até a logística Ricardo Martins, diretor do departamento de Comércio Exterior da Fiesp

ma ter efetuado, não aconteceu em outros países”, comentou o executivo. As vendas das commodities, segundo análise do diretor da Fiesp, ainda foram as responsáveis pelo saldo positivo verificado no mês passado. “As commotidies seguraram a queda”, disse o executivo que avalia que o mesmo deverá acontecer no fechamento do mês de outubro. Castro disse ainda que se o Brasil exportasse mais produtos manufaturados, a balança comercial seria menos impactada pela crise financeira mundial. Martins, diretor da Fiesp, afirmou também que, desde antes do desencadeamento da turbulência econômica mundial, a vida do exportador é complicada. “Não temos a mesma competitividade dos outros países”, explicou. Oscilações do câmbio, infraestrutura logísta precária, muita burocracia e alta carga de impostos são apontados por Martins como os fatores que mais dificultam o deslanche das vendas brasileiras ao exterior. “Os entraves são desde a área fiscal até a logística”, insistiu. Segundo Martins, o saldo da balança comercial brasileira deverá cair ainda mais nos próximos meses. “Por exemplo, o dólar está em um dos patamares mais baixos da história e a tendência é de não haver estabilização e até ocorrer uma queda maior”, analisou. Tal cenário, de acordo com o diretor da Fiesp, dificulta as exportações e reduz drasticamente a remuneração do exportador. ■

RESUMO DOS FATOS

1.

Real valorizado atrai importações A forte valorização do real diante do dólar é duramente criticada por exportadores. O fato é que, com a moeda nacional valendo mais, os produtos importados passam a ser comprados por um preço mais baixo, muitas vezes até menor que o produto similar produzido em território nacional. “Por isso é preciso controlar o câmbio, ou somos invadidos por importações”, explica Ricardo Martins, diretor da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp)

2.

Infraestrutura logística precária A falta de infraestrutura logística, alta carga tributária e muita burocracia são outros fatores apontados por especialistas como gargalos no setor exportador. De acordo com José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), estas são criticas antigas do segmento. “Não há planejamento no Brasil, tampouco metas e, desta forma, não é possível corrigir os gargalos”, afirmou o especialista.

3.

Crise financeira reduz mercado consumidor BALANÇA COMERCIAL Em US$ bilhões 5 4 3 2 1 0 -1 Jan

Mar

Fonte: MDIC

Mai

Jul

Set

A crise financeira mundial piorou ainda mais as expectativas de crescimento das exportações. O principal problema gerado pela turbulência econômica, é a diminuição das demandas internacionais. Tal cenário, faz com que a competição dos países vendedores se acirre ainda mais. E, nesta situação, aquele que tem preços mais baixos, independentemente da qualidade do produto, ganha a concorrência.


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 11 Don Emmert/AFP

País sobe no ranking do IDH

AGENDA DO DIA

O Brasil conquistou mais pontos na nova lista do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2009 e se manteve na categoria de “desenvolvimento humano elevado”. Com índice de 0,813, ocupa a 75ª posição e não é mais o lanterna desse grupo de países. Em 2008, o IDH era de 0,807. Na América Latina, permanece atrás de Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, México, Venezuela e Panamá. As informações foram divulgadas ontem pelo UNDP, agência da ONU chefiada por Helen Clark.

● Chega a Brasília amanhã o presidente da África do Sul, Jacob Zuma. ● WEF divulga o relatório Desenvolvimento Financeiro Global 2009. ● Receita Federal libera amanhã o quinto lote de restituições do Imposto de Renda.

Vitor Salgado

Vendas externas devem fechar ano em US$ 158 bi Enfraquecimento do comércio mundial influencia decisão do governo de reduzir estimativa para as exportações em 2009, diz Welber Barral Simone Cavalcanti scavalcanti@brasileconomico.com.br

O volume financeiro das exportações brasileiras poderá retroceder dois anos em razão do enfraquecimento do comércio mundial ainda abalado com a crise. Por conta disso, o governo já fez um ajuste na projeção de vendas de produtos nacionais ao exterior e agora espera que haja uma repetição no final deste ano do montante de US$ 158 bilhões que vem sendo apurado em 12 meses ante US$ 160 bilhões estimados. “Há uma tendência de médio prazo de recuperação, mas o cenário ainda é preocupante”, afirmou o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral. Ele enfatizou que, apesar de o Brasil ter sido um dos primeiros a sair da crise, outros países no mundo não estão se recuperando no mesmo ritmo e isso continua arrefecendo o comércio como um todo. Muito embora no cenário atual o Brasil continue exportando - em setembro foram US$ 13,86 bilhões, acumulando no ano US$ 111,78 bilhões – a participação dos manufaturados continua em retrocesso: de janeiro a setembro deste ano, a parte dos produtos de mais alto valor agregado recuou para 42,8% ante 46,6% em igual período de 2008. Enquanto isso a de produtos básicos chegou a 42,4% contra 37,1% anteriores. A parcela de semimanufaturados sofreu pouca oscilação, de 13,7% para 12,8%. Dados publicados ontem no site do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, mostram que o mês de outubro, por enquanto, mostra sinais de reverter o saldo negativo das duas últimas semanas do mês passado. Com apenas dois dias úteis, o superávit comercial foi de US$ 415 milhões, com exportações de US$ 1,424 bilhão e importações de US$ 1,012 bilhão. Ricardo Martins, da Fiesp, afirma que balança comercial só retomará os níveis superávitários verificados antes da crise no início de 2011

Menos competitividade

Em linha com o discurso da Federação das Indústrias do Esta-

do de São Paulo (Fiesp), Barral afirmou que o empresariado brasileiro também está perdendo competitividade no mercado internacional. O secretário de Comércio Exterior atribuiu essa perda, pela ordem, aos problemas logísticos, à burocracia e à carga de impostos. Ele disse que dentro e fora do governo há pessoas ainda que não se convenceram da importância do comércio exterior. Mais: em clara crítica aos estados, Barral afirmou: “Se os exportadores sabem que não vão receber o ressarcimento do ICMS (Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) voltam-se ao mercado interno”, enfatizou. Mesmo em ritmo mais lento de vendas, com recuo anual de 25,1%, o Brasil ainda está fazendo superávit maior do que no ano anterior, fechando o acumulado do ano com US$ 21,27 bilhões. Muito disso, porém, deve-se à queda também no volume das importações (30% a menos do que em igual período de 2008) e não só ao desempenho das exportações. ■

Welber Barral Secretário de Comércio Exterior

“Se os exportadores sabem que não vão receber o ressarcimento do ICMS, voltam-se ao mercado interno”


12 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

BRASIL TJ

LEGISLATIVO

JUDICIÁRIO

Câmara pede orçamento de R$ 126 milhões para obras em 2010

Tribunais de Justiça planejam ter gasto recorde no próximo ano

A Câmara dos Deputados projeta gastar cerca de R$ 126 milhões em obras no ano que vem. Os gastos são destinados à ampliação e construção de novas instalações para os parlamentares, segundo o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2010 que vai ser votado até o fim do ano. Os valores podem ser alterados até a sanção presidencial. Um dos prédios deve abrigar um museu e uma biblioteca.

O Judiciário ultrapassou o Legislativo na previsão de gastos com obras em 2010: pediu R$ 428 milhões para construções, ampliações e reformas de instalações de tribunais. É o maior gasto já previsto em uma proposta de orçamento do Judiciário desde, ao menos, 2006. No ano que vem, devem ser gastos R$ 370 milhões na construção de 48 edifícios pelo país afora, segundo o orçamento proposto.

Judiciário solicita R$ 428 milhões para construções e reformas

ENTREVISTA ARTHUR BADIN Presidente do Cade

Delação foi imprescindível para desbaratar “cartel” Whirlpool fez acordo com Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência com o objetivo de pagar contribuição pecuniária no valor de R$ 100 milhões e evitar os processos administrativo e judicial Divulgação

Daniel Haidar

Presidente do Cade espera que conselho possa analisar fusões bancárias

dhaidar@brasileconomico.com.br

O presidente do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade), Arthur Badin, defendeu ontem o acordo firmado com a Whirlpool para que a empresa pague uma contribuição pecuniária de R$ 100 milhões e se livre dos processos administrativo e judicial, mas destacou que a corporação formou um “cartel mundial” que não seria possível combater sem uma delação. Pelo acordo de leniência (espécie de delação premiada em que a empresa acusada assume as práticas ilícitas mas ajuda a provar o esquema), a Whirlpool se comprometeu a pagar R$ 100 milhões e cada um dos dirigentes terá de pagar R$ 3 milhões. Em entrevista ao Brasil Econômico, Badin disse que esse tipo de acordo é “imprescindível” para combater práticas anticoncorrenciais. “A colaboração de alguém da organização criminosa é imprescindível para desbaratar cartéis”, afirmou. O acordo firmado com a Whirlpool não prevê um pagamento menor do que os prejuízos causados? Foi o maior valor já pago em contribuição pecuniária. O relator estimou a multa em uma faixa entre 22% e 25% do faturamento da empresa, assim como é estimado no caso das empresas autuadas e processadas. É difícil avaliar quanto foi o prejuízo ao longo dos anos. Quais as dificuldades que o Cade enfrenta para investigar cartéis no Brasil? É difícil conseguir provas, porque muitas vezes acordos são feitos com palavras. A colaboração de alguém da organização criminosa é imprescindível para desbaratar cartéis. O Bra-

É difícil conseguir provas, porque muitas vezes acordos são feitos com palavras. A colaboração de alguém da organização criminosa é imprescindível para desbaratar cartéis

sil tem 18 técnicos encarregados de identificar cartéis no Brasil inteiro. É muito pouco. Busca e apreensão que envolvam dois ou mais estabelecimentos comerciais envolvem pelo menos 12 técnicos, então praticamente a secretaria fecha as portas.

blemático. Pela teoria econômica, há alguns setores mais propensos à ocorrência de cartéis, geralmente produtos homogêneos. Área de terceirização de mão-de-obra é super complicada também. O parecer da Advocacia-Geral da União que transfere para o órgão a função de defender as causas judiciais das agências de regulação pode prejudicar o funcionamento do Cade? As decisões [do Cade] não podem ser revistas no âmbito do poder executivo. Grande parte delas são judicializadas. A eficácia das decisões do Cade depende essencialmente da sua defesa judicial. Veja que situação complicada se decisões do Cade não forem defendidas por advogados próprios dele. Como garantir essa independência?

Quais setores têm mais problemas de concorrência? Construção civil é um setor pro-

O Cade está cumprindo o parecer? Hoje a defesa está sendo feita pela procuradoria do Cade. Na semana passada, teve início o julgamento no Superior Tribunal de Justiça se os bancos têm ou não de se submeter ao Cade, onde a procuradoria atuou por exemplo. ■

PRINCIPAIS POLÊMICAS SOBRE A ATUAÇÃO DO CADE

1.

Análise de fusões bancárias pelo Cade Arthur Badin espera que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decida em favor da análise de fusões bancárias pelo Cade e derrube parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que limitou o poder de veto ao Banco Central.A norma foi baixada na gestão de Gilmar Mendes, atual presidente do Supremo Tribunal Federal, como advogadogeral da União, no governo Fernando Henrique Cardoso.

2.

3.

Cade disputa R$ 1,2 bilhão em multas devidas na Justiça

4.

Mudança do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência O presidente do Cade acredita que o projeto de lei que reformula o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência seja votado no Senado até o fim do ano, restando depois a votação na Câmara e a eventual sanção do Executivo. Com a mudança, um novo órgão será formado com a junção da Secretaria de Acompanhamento Econômico, da Secretaria de Direito Econômico e do Cade.

O Cade tenta conseguir na Justiça o recolhimento de R$ 1,2 bilhão em multas devidas mas não pagas por empresas autuadas por práticas anticoncorrenciais. A AmBev foi multada em R$ 352 milhões, a maior autuação da história do órgão, mas tenta anular a cobrança na Justiça. Segundo investigação, a companhia de bebidas exigia venda exclusiva de seus produtos em vendas.

Em 2008, o Cade fez o maior recolhimento em multas ao fim do ano. Foram arrecadados R$ 80 milhões. A arrecadação do órgão antitruste cresceu exponencialmente de 2005 até os dias de hoje, época em que o órgão começou a aplicar sanções mais severas a empresas acusadas de práticas anticoncorrenciais. Em 2006, foram arrecadados R$ 12 milhões em multas. Em 2007: R$ 34 mi.

Multas renderam R$ 80 milhões em 2008


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14 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

BRASIL Ricardo Stuckert

AJUDA FINANCEIRA

ESTEREÓTIPOS

Rússia estuda pedir empréstimo de até US$ 4 bi ao Banco Mundial em 2010

“Brasil não pode mais ser visto como país do carnaval, do futebol e da favela” diz Lula

O ministro de Finanças russo, Alexei Kudrin, admitiu a possibilidade de o país receber um crédito de US$ 2 bilhões a US$ 4 bilhões do Banco Mundial, desde que seja simplificado e rápido. O governo russo, no entanto, não aceitará um empréstimo atrelado a mudanças nas políticas econômicas do país. A crise financeira mundial provocou um rombo no orçamento que deve chegar a 8% do Produto Interno Bruto este ano.

Num encontro com empresários belgas e brasileiros, em Bruxelas, o presidente Lula criticou alguns estereótipos que ainda se perpetuam sobre o Brasil. “Não é possível que um país que tem a terceira fábrica de avião no mundo — a Embraer — seja vendido assim”. O comércio entre os dois países chegou a US$ 6 bilhões no ano passado, sendo US$ 4,4 bi de exportações brasileiras e US$ 1,6 bilhões, belgas.

Presidente Lula se encontra com rei da Bélgica Albert II

Orlando Sierra / AFP

O presidente deposto Manuel Zelaya ao lado de seus assessores na embaixada brasileira

Isso é pura ideologia, não tem cabimento dar refúgio a Zelaya. É vaidade de uns e outros que estão desconectados do interesse nacional Christian Lohbauer, cientista político, USP

Foi corretíssima a posição do Brasil. O governo não pode cruzar os braços para uma situação como essa Sonia Camargo, professora de Relações Internacionais, PUC - Rio

Refúgio dado a Zelaya expõe lado polêmico do Itamaraty Cresce no país a discussão sobre razão que levou o Brasil a abrir as portas ao presidente deposto Marina Gomara mgomara@brasileconomico.com.br

Amanhã chega a Honduras a delegação da Organização dos Estados Americanos (OEA) que participará das negociações para um acordo sobre a crise política no país. Mas, apesar de sinalizar com um possível acordo com o presidente deposto Manuel Zelaya, o presidente de facto, Roberto Micheletti, disse que seu governo não aceitará uma “decisão do exterior” como resolução para o impasse. Com ou sem perspectiva de uma solução, a concessão de refúgio e a permanência prolongada de Zelaya na embaixada brasileira têm provocado reações distintas de cientistas políticos, professores de relações internacionais e ex-embaixadores. “Isso é pura ideologia, não tem cabimento dar refúgio a Zelaya. É vaidade pura de uns e

outros que estão desconectados do interesse nacional. É mais uma demonstração das trapalhadas da política externa brasileira deste governo” avalia o professor Christian Lohbauer, cientista político da Universidade de São Paulo (USP). Para ele, antes de ser destituído, Zelaya era um presidente desprestigiado, autoritário e com baixa popularidade, que tentou “rasgar” a Constituição do país ao propor um plesbiscito sobre a reeleição presidencial, mesmo após as negativas do Congresso e da Suprema Corte do país. O presidente de Honduras foi deposto no dia anterior ao plebiscito ter sido realizado e foi mandado de pijamas para a Costa Rica (ver cronologia ao lado). Lohbauer ressalta ainda que antes do que ele classifica como “invasão” da embaixada brasileira, as Forças Armadas hondurenhas já tinham retor-

CRONOLOGIA ● 28 de junho - Zelaya é retirado do poder por militares e enviado de pijamas para a Costa Rica. ● 21 de setembro - Zelaya volta a Honduras e pede refúgio na embaixada brasileira ● 5 de outubro - presidente de facto Roberto Micheletti anuncia revogação do estado de sítio ● 7 de outubro - comissão da OEA chega ao país para tentar negociar fim do impasse político

nado ao quartel e o regime, voltado a ser civil. Não é o que pensa a professora de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC - Rio), Sonia Camargo. Para ela, não houve ingerência por parte do governo brasileiro nos assuntos internos de Honduras. “O Brasil abriu as portas da sua embaixada como normalmente se faz em situações de força como essa. Zelaya foi expulso de Honduras e o Brasil impediu que ele corresse risco de morrer caso saísse às ruas” avalia Sonia. Para ela, o Brasil tinha a obrigação de dar abrigo como uma forma de manter as boas relações e zelar pela paz entre os países da América Latina. “Foi corretíssima a posição do Brasil. O governo não pode cruzar os braços numa situação com essa”. Sonia destacou que o Ministério das Relações Exteriores brasileiro sempre foi cauteloso com gover-

nantes autoritários e sempre evitou interferir nas questões políticas dos outros países. “O que temos de fazer é esperar as instituições multilaterais como a OEA e a ONU resolverem este problema. O que o Brasil pode fazer é tentar negociar ao máximo”. Ela lembrou ainda que durante as ditaduras militares da América Latina muitos conseguiram asilo nas embaixadas e que isso salvou a vida de milhares de pessoas. O professor Lohbauer discorda. Para ele, o que acontece em Honduras é completamente diferente do que ocorreu nas décadas de 1970 e 1980 nos países latino-americanos. “O que aconteceu foi uma reação às intenções autoritárias de Zelaya”. Ingerência política ou não, fato é que o Brasil se expôs internacionalmente e se envolveu num impasse político cuja solução parece ser muito mais complicada do que se previa. ■


Ter莽a-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econ么mico 15


16 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

OPINIÃO

Romulo Pinheiro

Alexandre Gama

Marcos Quintela

Vice-presidente de Branding da agência Africa

Presidente e Diretor Geral de Planejamento & Criação da agência Neogama-BBH

Diretor-geral da Y&R

Resgate estratégico

Pseudo-especialistas

A hora e agora

O mercado publicitário é muito dinâmico. É muito exposto, por sua própria natureza de expor conteúdos, e muito atrelado aos momentos da economia, para o bem e para o mal. Já foi criticado, incensado, elogiado, sepultado e renascido. Aguentou bem o tranco da última crise econômica (pelo menos no Brasil), e está atento às possíveis novas crises – principalmente de novas mídias digitais. Mas uma perspectiva que sempre me vem à cabeça quando analiso este setor é a seguinte: o quão estratégico ele está sendo para os clientes/anunciantes? Neste momento de superação de crise, o setor é fonte de pensamento estratégico para as empresas, como as consultorias? As agências, de qualquer especialidade, já foram mais estratégicas? Algo se perdeu? “Estratégico” tem sido tão usado como adjetivo que seu significado ficou vazio. Quer dar mais importância a um plano? Chame-o de “estratégico”. Então vamos resgatar o significado. Para algo ser considerado estratégico precisa atender a dois requisitos – ter longo alcance no tempo (longo prazo) e impactar muitas áreas da empresa (e não apenas um ou outro departamento).

Você aí que procura consistência, coerência, identidade, posicionamento e estratégia para sua marca. Eu sei que você quer Branding mas se não estiver atento, pode acabar levando “Blading”. O Blading parece Branding, soa como Branding, mas como a primeira sílaba diz, é feito de blá-blá-blá. É que hoje em dia qualquer talking head com um pouco de prosa ensaiada, posa de expert em marca e mascateia sua pseudo-relevância sobre o assunto, citando cases genéricos e estatística genérica, que são só blá-blá-blá especializado. Centenas de livros já foram cometidos e milhares de palestras foram vociferadas sobre Branding, mas em geral não passam de Blading. Nesses casos, os espertos lucram com vendas nas livrarias e cachês falando generalidades à platéias que acabam preenchendo sua avidez de conhecimento apenas de ar condicionado e slides de power point. Isso sem falar dos profissionais de Blading que depois de não conseguirem mais fazer seja lá o que for que faziam, se lançam em carreira-solo de guru de marca. Ou aqueles que vão praticar Blading em empresas de serviços de marketing ou comunicação que tentam criar uma aura de empresa mais estratégica. Já vi também Blading ser oferecido por empresas de design de marcas que faziam um cliente crer que alguém que desenha uma logomarca, tem e usa o mesmo conhecimento requerido para cuidar de marcas no sentido mercadológico. Pode? Não, mas é fácil atualmente citar Obama e dizer “we can”, não é mesmo? Como então separar Branding de Blading? Para começar, Branding mesmo é uma disciplina mais prática que teórica, porque a teoria do trabalho de marca é commodity. Outro ponto: Branding não é um departamento ou área distinta em uma empresa. É o contrário. Branding deve estar em todas as etapas do processo permeando concepção, construção, posicionamento, comunicação e ativação de uma marca. Branding é uma tarefa diária de manter a marca nos trilhos em todas as suas expressões e pontos de contato com o consumidor e stake holders.

De volta ao chão, depois de alguns saltos, em distância e alturas recordes, em comemoração ao tão almejado direito de sediar uma Olimpíada, é preciso agir. Planejar, monitorar e colocar a mão na massa é o que todos nós, brasileiros, precisamos fazer para transformar em realidade o sonho de ver o Rio de Janeiro se tornar também a “Cidade Maravilhosa” da paz e da infraestrutura. O carisma e a determinação do presidente Lula, aliados à sua competência para reunir um time de primeira, deram ao país uma oportunidade de ouro para consolidar essa fase de crescimento rumo à 5ª posição do ranking das nações mais ricas do mundo. Em um curto período de tempo, teremos os dois principais eventos do esporte mundial – a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e a Olimpíada do Rio em 2016. O primeiro efeito positivo a ser percebido no curto prazo é a melhora na autoestima do brasileiro. Se no ano passado, na última edição do BAV – Brand Asset Valuator, uma ferramenta de pesquisa global da agência Y&R, a marca Brasil aparecia em declínio junto aos brasileiros entrevistados quando se tratava de atributos como Diferenciação e Estima, provavelmente, esse quadro terá um cenário novo já no próximo ano.

A palavra estratégico tem sido tão usada que seu significado ficou vazio. Pior, as agências perderam a noção do que é realmente estratégico Partindo deste ponto, como a publicidade se torna realmente estratégica? Quando ela se relaciona e ajuda o negócio de seus clientes a longo prazo, construindo valor para um ativo estratégico que, vez ou outra, cai do caminhão nas discussões de planejamento – a Marca. Estratégico é falar do business, da entrega da empresa inteira atuando no mercado. Relembrando uma frase de David Ogilvy que concordo muito – “cada anúncio é parte do investimento de longo prazo na personalidade da marca” –, mas ouso complementar: desde que tenha intenção e pensamento estratégico por trás. Se não, cada anúncio é só mais um anúncio. E hoje, a partir de técnicas de mensuração de ROI que o velho Ogilvy nem sonhava em ter, dá para comprovar se o investimento feito em cada anúncio está realmente deixando algo para o patrimônio da marca. Além de vários outros males, momentos de crise também destroem o pensamento de longo prazo e a preocupação com o intangível. Planejadores passam a ser tachados de “sonhadores” com muita facilidade. A tentação de mostrar pragmatismo sem reflexão é alta, e alguns gestores tendem a ficar satisfeitos com ideias que vão até o próximo mês e só ajudam no fechamento do trimestre. Mas o longo prazo de ontem é o nosso presente de hoje, sempre nos lembrando se alguém se esqueceu de pensar no futuro quando teve a chance. Os americanos que o digam... Já que a crise amainou, está aí a oportunidade: resgatar a autoridade estratégica que a publicidade, como instrumento fundamental de construção de marcas, deve ter perante os anunciantes. Entendo que, mais que em outras empresas, o objeto de trabalho de agências são as Marcas – não apenas a comunicação. Assim, como especialistas em marcas que são, publicitários podem liderar o discurso pela retomada do pensamento estratégico na comunicação. Alguém aí já tem idéia de como quer chegar em 2016? ■

Hoje em dia qualquer um posa de expert de marca e sai por aí fazendo o que chamo de “blading”, que é o blá-blá-blá especializado O preço do Branding é a eterna vigilância e não a pontual consultoria. Outra verdade que precisa ser dita: Branding leva um grande componente de Criatividade, tanto quanto os componentes de disciplina e foco. Sem criatividade, fundamental para criar e articular a Visão da marca, Branding é um monte de regrinhas técnicas de bom senso que não levam a marca e a empresa além da boa intenção. Na NEOGAMA/BBH o Branding está naturalmente inserido no processo de trabalho da agência como um todo e não em parte. Ele permeia todas as áreas desde o começo, quando a agência se coloca ao lado do business, marketing e estratégia do cliente na identificação dos objetivos de negócio da empresa. Segue traduzindo as necessidades da marca em endomarketing, estratégia, conteúdo e linguagem próprias. E vai até a ponta auxiliando diretamente o cliente no controle de todas as formas de interação com o exterior, visando integridade e consistência. ■

Melhor preparadas, as próximas gerações vão potencializar ainda mais os investimentos feitos pelo país até a realização dos jogos Curiosamente, essa mesma pesquisa mostrou a Espanha no topo da lista quando os brasileiros elegeram os países que primam pela Diferenciação como qualidade de marca. Ou seja, vencer a disputa pela Olimpíada de um país que há um ano era tido como uma das referências, com certeza, é uma grande injeção de ânimo na população e nos negócios. Vale ressaltar também a importância do esporte como agente transformador, pelo papel que este exerce na formação dos jovens. O fato de os Jogos acontecerem aqui, na nossa terra, será ainda um grande estímulo a todos, inclusive para as autoridades públicas e a iniciativa privada investirem ainda mais em centros esportivos e patrocínios de jovens atletas. Se fizermos direito, com planejamento sustentável, vamos dar um salto no âmbito social. Fato que se converterá em um retorno financeiro incalculável, pois os benefícios intangíveis disso, espero, se estenderão além de 2016. Melhor preparadas, as próximas gerações vão potencializar ainda mais os investimentos que serão atraídos pelo país até a realização dos Jogos. Os segmentos de infraestrutura vão explodir, assim como hotelaria e turismo, entre muitos outros. Agora, é preciso que todo ânimo expressado nas areias de Copacabana e o foco tão bem delineado na apresentação da candidatura para o COI – Comitê Olímpico Internacional sejam colocados em campo para fazer valer a pena todos os esforços empreendidos e posicionar o Brasil entre as principais economias mundiais, em um futuro muito próximo. Gestão de recursos humanos e financeiros com muita transparência é fundamental. Serão sete anos para convencermos o restante do mundo de que, de fato, como diz a música, “chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor”. ■


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 17 R. Donask

Emprego melhora na América Latina A taxa de desemprego urbano na América Latina e Caribe chegou a 8,5% no segundo trimestre de 2009 e poderia fechar o ano nesse mesmo nível, segundo projeção da Cepal e da OIT. Essa estimativa significa que 2,5 milhões de pessoas se somariam à população urbana sem emprego na região e o total de desempregados chegaria a 18,4 milhões de pessoas. A projeção considerou retrocesso de 1,9% PIB no ano e é ligeiramente mais otimista que a publicada no boletim anterior.

AGENDA DO DIA ● O Enem será realizado em novembro. O exame, que seria aplicado no domingo, foi cancelado após o vazamento da prova. ● O eBay impediu que uma garota de 10 anos leiloasse sua avó “reclamona” na rede. A menina tinha recebido 20 propostas pela avó.

AFP

“SIM, NÓS PODEMOS”

Foi parafraseando o presidente americano, Barack Obama _que marcou seu discurso de posse com a frase “Yes, we can” que o presidente Lula comemorou em Copenhague a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. “Dito da boca de um americano é muito bonito. Nós nunca dissemos porque, no Brasil, estávamos habituados a dizer que não podemos, nós somos pobres, como se fôssemos cidadãos inferiores. Desta vez, queremos olhar para o mundo e dizer: ‘sim, nós podemos’ e vamos realizar essas Olimpíadas”, disse Lula. A decisão sobre a escolha da sede das Olimpíadas, segundo a FIA, que poderá gerar R$ 51 bilhões em investimentos para a cidade, será anunciada às 13h30 de hoje. O Rio é finalista ao lado de Tóquio, Madri e Chicago.

ENTREVISTA DAVID KUPFER, coordenador do programa de pós-graduação do IE/UFRJ

“A demanda será atendida” Para especialista em competitividade e política industrial, ameaça de inflação é pequena

No início de 2008, a perspectiva de inflação causada pelo aumento da demanda parecia inevitável. A crise que estourou em setembro acabou com essa ameaça, porém também provocou a suspensão da maior parte dos investimentos programados exatamente para atender a esse aumento no consumo. Especialista em política industrial, o economista David Kupfer acre-

da das indústrias é normal e consistente com os demais sinais da economia.

dita que, mesmo com a perspectiva de retomada de crescimento do PIB em 2010, a inflação por demanda não é preocupante no médio prazo, como explica a seguir: As perspectivas de crescimento do PIB acima de 5% em 2010 podem trazer a ameaça de inflação por demanda? Com os dados que temos atualmente, não é possível fazer uma afirmação definitiva de que haverá inflação, nem de que não existe essa ameaça. Atualmente, o uso da capacidade instala-

David Kupfer, economista e professor da UFRJ

“Se a retomada da economia acontecer, a volta dos investimentos também deve ser realizada com celeridade porque os projetos [de expansão] já estavam prontos”

A suspensão dos investimentos provocada pela crise poderá de alguma maneira reforçar novamente a perspectiva de inflação, que parecia iminente no início do ano passado? De fato, houve um a paralização nos projetos de expansão por conta da crise. Mas se a retomada da economia acontecer, a volta dos investimentos também deve ser realizada com celeridade porque os projetos es-

tavam prontos e foram apenas suspensos. Detalhar os projetos e aprová-los é, muitas vezes, a parte mais demorada do investimento e já foi feita. Há alguma condição para que essa retomada de investimentos aconteça? Se houver uma volta da confiança do empresariado, como têm mostrado as pesquisas, a indústria poderá se expandir com rapidez e a médio prazo não haverá problema. Vai existir capacidade para atender à demanda. ■


18 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

EMPREENDEDORISMO

QUARTA-FEIRA LEGISLAÇÃO

Robótica nas escolas rende R$ 5 milhões Jaques Weltman faz fortuna vendendo kits de tecnologia e ensinando sua arte aos professores

Amanda Vidigal Amorim avidigal@brasileconomico.com.br

Com um faturamento anual nada desprezível de R$ 5 milhões, Jaques Weltman, de apenas 25 anos, comemora seu terceiro ano na presidência da PETe, cuja missão é levar a robótica aos bancos escolares. Foi da empresa o primeiro projeto dessa área a obter certificação do Ministério de Educação (MEC). Hoje, a carteira de contratos inclui 60 escolas, que compram da PETe dois tipos de serviço: a inclusão da robótica no currículo escolar e o desenvolvimento do conhecimento por meio da disciplina. Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, Weltman já mostrava seu espírito empreendedor aos 8 anos, enquanto cursava a segunda série do ensino fundamental e criava o Jornal das Crianças para distribuir entre os colegas de classe. A brincadeira acabou censurada pela clientela. “Comecei a publicar os casinhos amorosos da classe e o pessoal não gostou”, lembra. Persistência

O primeiro fracasso não arrefeceu o espírito empreendedor de Weltman, que passou a vender colares na escola e criou ainda um consórcio de videogames entre os colegas. Outros projetos surgiram e morreram no decorrer do ensino médio, mas na faculdade, em 2007, Weltman começou a estagiar na empresa Trio Alimentos. Não chegou a fazer planos de seguir carreira ali, mas foi nessa ocasião que conheceu a PETe. Fundada pelos professores de engenharia Marcello Duarte e José Pacheco, a empresa estava alocada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas de São Carlos, no interior do estado. “Por considerarem o curso de engenharia muito teórico e pouco prático, eles tinham como objetivo criar brinquedos educativos que estimulassem o desenvolvimento do conhecimento”, conta Weltman. Colegas dos dois professores gostaram da ideia e pediram que a empresa desenvolvesse kits de robótica para terceiros. Weltman se apaixonou pela iniciativa. Aproveitando o fato de estar dentro da Trio, aproximou-se do presidente Mário

Passei o chapéu pedindo ajuda a todos que conhecia, e foi assim que consegui o dinheiro para me tornar o sócio majoritário da empresa Lúcio de Oliveira e lhe propôs sociedade na PETe. Inicialmente, Oliveira concordou e manteve o salário de Weltman por quatro meses para que ele se dedicasse ao novo projeto. Passado esse tempo, porém, Oliveira abandonou a ideia. A cada obstáculo deve corresponder uma nova solução e Weltman, então, decidiu pedir ajuda a familiares e amigos. “Passei o chapéu mesmo, solicitando uma colaboração financeira a todos que conhecia. Foi assim que consegui comprar a minha parte na empresa, tornando-me sócio majoritário.” O investimento inicial de R$ 500 mil foi suficiente para mudar definitivamente o futuro da PETe. Em 2007, a empresa praticamente nada faturava. Este ano, vai atingir R$ 5 milhões e, para 2010, a expectativa é dobrar a receita a R$ 10 milhões. A expansão geográfica caminha ao lado da evolução econômica e levará a PETe a ter sua primeira filial, na Paraíba. “A rede pública de João Pessoa é o nosso principal cliente. Atendemos também a alguns colégios e universidades de São Paulo”, diz o jovem. Suporte dentro de casa

A pouca idade não é impeditivo a uma gestão competente. “Meus próprios sócios me deram apoio quando alguns na equipe me taxaram de muito novo. Eles me respeitam e me garantem a tranquilidade necessária para tomar decisões.” Confiante no futuro, Weltman acha que o momento da economia é propício. “Temos vários projetos em andamento. Hoje a educação no Brasil tem evolução qualitativa e não apenas quantitativa. Além disso, gasta-se muito dinheiro com ela.” ■

QUINTA-FEIRA SUSTENTABILIDADE

SEXTA-FEIRA INOVAÇÃO

Investimento de R$ 500 mil permitiu a Weltman, 25 anos tornar-se sócio majoritário da incubada

SÁBADO EDUCAÇÃO

SEGUNDA-FEIRA MEDICINA E SAÚDE


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 19

Evandro Monteiro

Divulgação

PRINCIPAIS MANDAMENTOS

1.

Christian Barbosa CEO da Triad Consulting

Educação com tecnologia Acreditando que, no mundo atual, as escolas precisam investir em aparatos tecnológicos, a PETe desenvolveu ferramentas educacionais que proporcionam o ensino por meio da interatividade. Os kits de robótica educacional custam por volta de R$ 1,2 mil e podem ser utilizados por grupos de cinco alunos. Os professores recebem também um treinamento para aprender a manusear o equipamento.

2.

Expansão O primeiro escritório da empresa fora de São Paulo está sendo aberto este ano em João Pessoa. Além da Paraíba, Weltman estuda a abertura de novas filiais. “Estamos fazendo uma pesquisa de mercado para atingir o público certo”, afirma o empresário. Por enquanto, mais de 60 escolas espalhadas pelo país, a maioria em São Paulo, são clientes da PETe

3.

Visão empreendedora Weltman começou sua carreira de empreendedor aos 8 anos, enquanto cursava a segunda série do primário. Criou o Jornal das Crianças para distribuir entre os colegas de sala, mas a aventura acabou na terceira edição. “Comecei a publicar os casinhos amorosos da classe e o pessoal não gostou”, diz. Apesar do fracasso, Jaques não desistiu. Continuou tentando até ter seu próprio negócio.

4.

Juventude com atitude Apesar da pouca idade, Jaques Weltman não se deixa intimidar. Os sócios, mais velhos, incentivam e apoiam suas atitudes. “Foram eles que me deram suporte quando alguns na equipe me acharam muito novo. Eles me respeitam e me deixam tranquilo para tomar as decisões que a empresa precisa”, afirma. Como nem tudo é perfeito, Weltman teve de despedir um funcionário que não aceitou a diferença de idade.

Patrão de si mesmo não tem tempo livre Várias pessoas sonham em ter seu próprio negócio, para ter tempo para família, lazer, esporte e passeios. Aquela cena de filme do empresário bem sucedido à beira da praia, bebendo com os amigos e contabilizando seus lucros. Com certeza, essa é uma cena que está longe da maior parte dos empreendedores e o mito do tempo livre é apenas mais uma lenda do mundo corporativo. O que acontece é um processo invisível e silencioso que aparece no começo de muitos negócios. Chamo esse fenômeno de “Síndrome da Fusão”: onde a vida pessoal se une com a empresarial. Um sintoma clássico disso é quando o pró-labore se mistura ao caixa da empresa. Outro sintoma é marcar reuniões com frequência aos sábados, domingos ou após o expediente. Nesse momento é que o empreendedor descobre que ele na verdade é o pior tipo de patrão: o patrão de si próprio. Um patrão exigente, que cobra por resultados, não tem superiores para pedir folga e que tem de trabalhar o máximo possível para a empresa crescer. O estresse toma conta, a ansiedade aumenta, os problemas crescem e a vida começa a ficar difícil. No Brasil, o empreendedorismo por necessidade é muito frequente A pessoa é demitida do seu trabalho, e por falta de oportunidades no mercado, acaba utilizando seu conhecimento técnico acumulado para abrir seu negócio, geralmente no segmento que tem mais experiência. Surge então o papel de técnico, mas às vezes falta o papel do empreendedor.

O problema para a maioria dos empreendedores é que o papel de técnico acaba tomando controle da vida e da empresa. Esse é um grande perigo O papel de técnico é o executor, que tem o conhecimento para criar e desenvolver os produtos e serviços da empresa, seu pensamento é o agora e a visão focada no seu ambiente de operação. O papel empreendedor é aquele que busca oportunidades, planeja o negócio a longo prazo, investe no desenvolvimento de estratégias, tem visão e sonhos para a empresa. O problema para a maioria dos empreendedores é que o papel de técnico acaba tomando controle da vida e da empresa. O técnico, como todo executor, gosta de acumular o máximo de responsabilidades, tem como conceito que devido a seu conhecimento e experiência é a pessoa ideal para fazer o trabalho bem feito. Essa atitude rouba um tempo precioso do empreendedor, que se vê absorvido pelo dia-a-dia operacional e não consegue ter tempo para o papel de empreendedor. O papel do técnico é importante para a empresa, mas pode e deve ser delegado. Se o empreendedor tiver de ser técnico na empresa, então ele precisa de um sócio empreendedor ou voltar a ser funcionário. Quando olhamos a empresa pelo papel empreendedor, ela é vista como uma forma de negócio que deve crescer para atingir os objetivos pessoais e não comprometê-los. A empresa não é sua vida e sua vida não é a empresa. Nesse conceito, o empreendedor se foca para a empresa crescer cada vez mais. Para deixar o papel de empreendedor aflorar é preciso dedicar algumas horas para isso. Talvez para o lado técnico, ele diga que é “impossível se afastar uma hora da empresa”. Mas quanto mais o empreendedor aparecer, menos o técnico ficará dando desculpas, pois ele será domado com planejamento, estratégia e delegação. Não basta ser empreendedor, é preciso ter tempo para a empresa crescer. ■


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EMPRESAS

Zoneamento muda rota de expansão do etanol no MT

Mapa da discórdia Oito das onze usinas em funcionamento no Mato Grosso não poderão expandir sua produção por estarem dentro das áreas dos biomas Pantanal, Bacia do Alto Paraguai e Amazônia. Três novos projetos também.

USINAS EM FUNCIONAMENTO

Das 11 usinas do estado, apenas três poderão expandir o plantio e ao menos três projetos de novas plantas serão cancelados Luiz Silveira lsilveira@brasileconomico.com.br

As mais distantes fronteiras agrícolas da cana no Mato Grosso mudaram com o anúncio, no final de setembro, do zoneamento agroecológico da cultura. O decreto que proíbe o plantio de cana em novas áreas nas regiões da Amazônia, do Pantanal e da bacia do Alto Paraguai atingiu em cheio o estado. Regiões tradicionais de cana no oeste do agora perdem destaque para a região do rio Araguaia e a divisa com Goiás. Se, por um lado, pelo menos três projetos de usinas deixarão de ser construídos porque estavam na área dos três biomas, por outro as indústrias de cana dessas regiões não poderão aumentar sua área plantada em um hectare sequer. “Se eu não posso crescer mas meu vizinho pode, ele provavelmente vai me engolir”, diz o diretor-executivo do sindicato das usinas do Mato Grosso (Sindálcool-MT), Jorge dos Santos. O zoneamento impede o plantio de novas áreas de cana em 115 dos 141 municípios do estado, segundo cálculos da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato). Das onze usinas em operação no estado, apenas três se encontram nos 26 municípios liberados: Coprodia, Araguaia e Libra. Mais de 70% da produção está em zonas de crescimento proibido. O problema, para os usineiros, é que o zoneamento impede que

Se ficar como está, a proibição a novos plantios nesses biomas é uma sentença de morte para o setor de açúcar e álcool mato-grossense Jorge dos Santos, diretor do Sindálcool-MT

a cana avance mesmo sobre áreas já ocupadas por pastos ou plantações. “Se ficar como está, a proibição a novos plantios nesses biomas é uma sentença de morte para o setor”, alega Santos. Isso afeta também os projetos que ainda não saíram do papel, mas que já tiveram investimento inicial. Ao menos três projetos receberam investimento de R$ 1 milhão cada, nos relatórios ambientais necessários para o pedido de licenciamento junto ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). “Novos projetos, que aguardavam licenciamento am-

Chegada de alcoolduto se torna improvável Se a logística já era o grande empecilho para um crescimento mais acentudado da produção de etanol no Mato Grosso, o zoneamento praticamente sepultou as esperanças dos usineiros do estado de receber um alcoolduto da Petrobras para escoar sua produção. O volume necessário para levar o duto ao estado seria de quatro bilhões de litros por ano,

mas Mato Grosso produz hoje pouco menos de um bilhão. Com os os projetos de novas usinas, o estado iria para pouco mais de dois bilhões, mas a maior parte deles está sendo abortada agora. “Atendemos a demanda local e de estados do Norte, por isso para crescer precisamos de logística de exportação”, diz o diretor executivo do Sindálcool-MT, Jorge dos Santos. L.S.

biental, morrem no ninho”, diz Norberto Corral, vice-presidente da Famato e diretor presidente da CiaTerra. A companhia foi formada por 50 produtores de cana e grãos da região de Tangará da Serra. Metade dos sócios já é fornecedora da usina Itamarati, a maior do estado. Há ainda um projeto semelhante, no município de Denise, da Companhia Energética Verde Norte (CEVN), também formada por agricultores. O que querem os sócios das duas empresas, diz o presidente da CEVN, Ralf Kruger, é que seus projetos entrem em um regime de exceção ao zoneamento, por já terem sido protocolados junto ao MMA. Isso para o caso de o lobby ruralista não conseguir excluir do zoneamento a bacia do Alto Paraguai, onde se localiza a maior parte das usinas do estado. A bancada ruralista defenderá ainda que áreas ocupadas por outras culturas possam receber cana. “Plantamos nessas regiões há 26 anos, e de Amazônia lá não tem nem o circunflexo”, diz Santos, do Sindálcool. Migração

Mas nem todos foram prejudicados. Há dois grandes projetos fora das zonas de proibição do decreto. A Brenco, apesar das dificuldades financeiras e de gestão, está construindo uma unidade em Alto Taquari, no Araguaia, e a Cluster Bioenergia já disse que seu projeto de três usinas em Água Boa não sofrerá alteração com o zoneamento. Se tudo permanecer como está, a maior parte das usinas já estabelecidas no Mato Grosso estará fadada à estagnação, o que é uma grande ameaça em um setor em expansão. Mas, segundo Santos, o zoneamento deixa 6,8 milhões de hectares livres para a cana, dos quais 1,5 milhão com potencial para a cultura. Ou seja: o foco da expansão do etanol no Mato Grosso está migrando para o leste do estado e às margens da BR-070, que liga Cuiabá a Brasília. ■

MATO GROSSO MUNICÍPIO Campos de Júlio

MUNICÍPIO São J. do Rio Claro

USINA Usimat

MUNICÍPIO Nova Olímpia

MUNICÍPIO Lambari d'Oeste

USINA Itamarati

MUNICÍPIO USINA Campo N. do Parecis Coprodia MUNICÍPIO Mirassol d'Oeste

USINA Libra USINA Cooperb

MUNICÍPIO BBarra do Bugres

USINA Barrálcool

USINA Cooperb II MUNICÍPIO Poconé

USINA Alcopan

MUNICÍPIO USINA Jaciara Jaciara e Pantanal

USINAS EM PROJETO/CONSTRUÇÃO MUNICÍPIO

USINA

UNIDADES

Barra do Garças

Cluster Bioenergia

Taguari

Brenco

3

Tangará da Serra

CiaTerra

Denise

Cia. Energética Verde Norte

2

PRODUÇÃO DE CANA DO ESTADO

8,1

Milhões de toneladas

4,9 3,3

3,1

90/91

92/93

Fonte: Famato e Unica

94/95

96/97


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Motos asiáticas desembarcam no Brasil Depois da Dafra Motos, o Brasil deverá ter mais duas novas marcas asiáticas atuando no país a partir de 2010. A montadora indiana Bajaj Auto informou que planeja construir uma fábrica na Zona Franca de Manaus e a operação deve se iniciar em abril de 2010. Além disso, a chinesa MVK Motos pretende abrir uma unidade de produção também em Manaus, em 2010. A empresa já atua no país desde 2002 e para este ano a estimativa é que as vendas da marca alcancem 4 milhões de motos.

AGENDA DO DIA ● A Kopenhagen, grife nacional de chocolates finos, vai apresentar no dia 8 de outubro a sua linha de Natal para 2009. ● O fundador da RE/MAX, Dave Liniger, estará em Salvador nesta quinta para lançar a rede de franquias imobiliárias.

ENTREVISTA NORMANDO CORRAL presidente da CiaTerra e vice-presidente da Famato

“Estado fica fora da produção” Segundo empresário, regras inviabilizam surgimento de novas usinas de etanol

MUNICÍPIO Confresa

À frente de uma sociedade de 50 agricultores que pretendia criar duas usinas no Mato Grosso, Corral defende que os projetos que aguardavam licenciamento ambiental sejam excluídos da regra de zoneamento.

USINA Araguaia

Qualquer novo crescimento no plantio de cana virá da região da BR-070, que liga Cuiabá a Brasília, e da bacia do rio Araguaia, no nordeste do estado.

O projeto da CiaTerra de construir duas usinas de cana em Tangará da Serra morre com o zoneamento? Sim. Não só o nosso, mas vários outros. Sobram 26 municípios para expandir a produção de cana, e metade deles são grandes produtores de grãos. Em nome da segurança alimentar, não é aconselhável trocar áreas de alimentos por terras para a produção de combustível. Além disso, há muitas áreas supostamente disponíveis que são as piores para a cana, e os estudos de viabilidade técnica e econômica podem deixá-las de fora da área apta à produção. Por tudo isso, digo que o Mato Grosso, como está hoje, está fora da produção de etanol.

PRODUÇÃO DE ETANOL

952 milhões de litros em 2008/2009 MUNICÍPIOS PROIBIDOS DE AMPLIAR ÁREA COM CANA

115 Municípios autorizados a ampliar área com cana 26

Os projetos da CiaTerra e da CEVN já aguardavam licenciamento ambiental, mas estão comprometidos pelo zoneamento

15,3

14,5 13,2

12,4 10,3 8,7 Crescimento total acumulado nas décadas de 90 e 2000:

364%

98/99

00/01

02/03

04/05

06/07

08/09

Em que estágio estão esses projetos? Há hoje quatro projetos de novas usinas aguardando licenciamento ambiental e que não poderão ser concretizados se o zoneamento ficar como está. Se tudo permanecer assim, são projetos que morrem no ninho. Isso é muito ruim para o estado, inclusive na geração de empregos e renda. Apenas para ficar no exemplo da própria CiaTerra: a companhia criaria cinco mil empregos diretos em Tangará da Serra, uma cidade que tem hoje 80 mil habitantes. Mas não é correto impedir o plantio em áreas de biomas que devem ser preservados, inclusive do ponto de vista dos compradores estrangeiros? As terras para a cana não viriam de devastação de floresta. Ninguém é louco hoje de defender algo assim e ninguém aqui no Mato Grosso quer derrubar uma árvore. E nem precisam, porque as terras para a cana que alimentaria os novos projetos viriam principalmente de pastagens degradadas. Hoje temos excesso de terras

“As terras para a cana não viriam da devastação florestal”

na região de Tangará da Serra, onde pretendemos instalar nossos projetos. Quanto a CiaTerra já investiu no projeto das duas usinas? Com estudos de viabilidade técnica e econômica e os estudos de impacto ambiental exigidos para o pedido de licenciamento junto ao Ministério do Meio Ambiente gastamos R$ 1 milhão por unidade. Só as taxas de protocolo chegam a R$ 50 mil por unidade. Como dirigente da Federação da Agricultura do estado, qual reação o setor terá ao zoneamento como está? Primeiramente, vamos tentar mudar a regulamentação para os projetos que já estavam com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto no Meio Ambiente (RIMA) concluídos. Já havia quatro projetos nessas condições quando o decreto do zoneamento foi apresentado: as duas da CiaTerra em Tangará da Serra, uma da Companhia Energética Verde Norte (CEVN) em Denise e uma [da família Cabrera] em Juara. O que defendemos é que esses projetos que já protocolaram o pedido de licenciamento possam ser concretizados, porque surgiram antes do zoneamento. Mas, além disso, acredito que o estado do Mato Grosso tenha que entrar com uma ação contra o zoneamento, porque ele praticamente extermina um setor da economia mato-grossense. ■


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EMPRESAS MINAS GERAIS

DISPUTA POR MARCA

Feira de Inovação Tecnológica acontece em Belo Horizonte

Justiça permite que Nokia continue usando marca Ovi no Brasil

Começou ontem e vai até dia 9 a quinta edição da Feira de Inovação Tecnológica (Inovatec). O evento acontece no Expominas, com promoção da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior de Minas Gerais, e apoio de várias instituições, entre elas a Anpei. Além de pequenas empresas inovadoras, participam gigantes como Braskem, Embraco, Pirelli, Bosch, Rhodia e Whirlpool.

A Nokia pode continuar usando a marca Ovi no Brasil, mas a disputa judicial quanto à marca de serviços da companhia prosseguirá, segundo a agência Reuters. A empresa brasileira de serviços de telecomunicação Ouvi solicitou um mandado proibindo a finlandesa de usar a marca, mas o juiz negou o pedido. A disputa no país é o mais novo percalço para a Ovi, lançada com grande alarde em 2007, mas sem grande sucesso.

Estatais em plano de inclusão digital Proposta prevê o uso das redes de infraestrutura da Petrobras e de Furnas no projeto nacional de expansão da banda larga Carlos Eduardo Valim cvalim@brasileconomico.com.br

O grupo interministerial que discutirá, a partir desta semana, o projeto de criação de uma rede de banda larga pública nacional vai avaliar proposta de utilização das redes de empresas estatais, como Petrobras e Furnas, para interligar os municípios que levarão internet à população. O projeto busca incentivar a criação das chamadas cidades digitais – as que contam com infraestrutura de banda larga, que fica disponível publicamente por meio de telecentros ou por internet sem fio. O cabeamento da rede principal, chamada de “backbone” (espinha dorsal , em inglês), em fibra óptica das grandes empresas públicas permitiria baratear o projeto geral do governo. Segundo o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa, o grupo deverá mandar uma proposta ao presidente em prazo máximo de 30 a 40 dias. A proposta pode conter, além dessa ideia, as características do plano de banda larga, como o nome do projeto e o modelo de participação das operadoras privadas de telecomunicações. Com a intenção de uso das redes estatais, das 164 cidades digitais que existem hoje nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste, 111 seriam conectadas entre si. O plano de banda larga está estimado em R$ 1,1 bilhão. Segundo o gerente do Ministério do Planejamento, Silvio Lima, as estatais possuem 20 mil quilômetros de redes de fibra óptica. “Elas podem servir para que as cidades digitais não fiquem ilhadas”, disse Lima, durante o Primeiro Fórum de

Andrè Barbosa Assessor especial da Casa Civil

“O grupo interministerial deve mandar proposta ao presidente Lula em um prazo entre 30 e 40 dias. O nome do plano de banda larga não está definido. Era Infovia Brasil. Agora deve ser Brasil Digital”

O projeto vai interconectar 111 das atuais 164 cidades digitais existentes nas regiões Nordeste, Norte, Sul e Sudeste

COMUNICAÇÃO COMPARTILHADA Confira no mapa as redes de fibras óptica que serão interligadas segundo o plano do governo

AP

MA

AM

CE

PA

RN PB

PI

PE AL

TO

MT

Cidades Digitais, que terminou dia 2 na capital federal. O gerente de planejamento comentou que a Austrália tem plano de banda larga pública similar ao brasileiro, mas que o projeto foi orçado em US$ 33 bilhões. Segundo ele, aquele país não conta com uma infraestrutura já existente, como a das estatais brasileiras.

SE

15 mil km

BA

Extensão da fibra óptica interligada das empresas

MG ES MS SP

RJ

Abrangência do projeto

O governo brasileiro criou um esboço de como seriam as interligações no Nordeste, Sudeste e Sul entre as redes de empresas, contabilizando mais de 15 mil quilômetros de distância, e mostrando as cidades que estão na rota da estrutura conectada. Cobrindo essas regiões, que abrangem 17 estados mais o Distrito Federal, as redes privadas passam por 59% dos municípios de todo o país. São 3.273 cidades, onde moram cerca de 135 milhões de pessoas. Além das fibras ópticas de Petrobras e Furnas, seriam utilizadas as da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Empresa de Transmissão de Energia do Oeste (Eteo), Centrais Elétricas (Eletrosul), Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora - Rio de Janeiro, Concer e Centrais Elétricas do Norte doo Brasil (Eletronorte). ■

Estação Nordeste Estação Sul Estação Petrobras Estação Nordeste Cemig Estação Sul Cemig Fibras Nordeste Fibras Sul Fibras Petrobras Fibras Furnas Fibras Nordeste Cemig Fibras Sul Cemig Fibras Sul Concer

PR ABRANGÊNCIA 17 estados mais Distrito Federal

SC

3.273 municípios (59% do país) 135 milhões de pessoas (72% do país)

RS

TOTAL DE ESTAÇÕES 181 fibras ópticas utilizadas Petrobras, Chesf, Cemig, Eteo, Eletrosul, Concer, Eletronorte Fonte: Ministério do Planejamento

ARGUMENTOS DO GOVERNO

1.

2.

3.

Aproveitamento de extensa rede em funcionamento

Custo total do projeto atingirá R$ 1,1 bilhão

Austrália parte do zero e gasta 30 vezes mais

As empresas públicas serão alternativas para a instalação ou aluguel de redes privadas. Conectando as estruturas das estatais, a nova rede soma cerca de 20 mil quilômetros de fibra óptica, interligando cidades.

O governo tem buscado formas de baratear o plano de criação de uma banda larga pública para todo o país. Ele foi estimado em R$ 1,1 bilhão. Propostas como a de uso das estatais fazem parte do barateamento.

O governo reforça as vantagens da proposta ao comparar com o caso da Austrália, que tem um plano similar de levar internet à população. Sem uma rede preexistente, aquele país prevê gastar US$ 33 bilhões.


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 27

Divulgação

PETROQUÍMICA

TRANSPORTES

Petrobras pode fazer licitação internacional para refinaria

Para Boeing, demanda mundial por aviões pode atingir US$ 3,2 trilhões

A Petrobras admitiu a possibilidade de realizar uma licitação internacional para uma das etapas de construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, caso não consiga, até o final deste mês, reduzir as propostas oferecidas. A afirmação foi feita pelo diretor de Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa. Segundo ele, o pacote licitado com maior dificuldade de redução de preços é o de integração da refinaria.

A fabricante americana de aviões Boeing afirmou que o mundo precisará de 29 mil novos aviões nos próximos 20 anos, uma demanda avaliada em US$ 3,2 trilhões. O maior mercado para o setor está na Ásia/Pacífico, que concentrará 31% do total, com 8.960 aeronaves. Na América Latina a projeção é de 1.640 novos aviões, com gasto estimado de US$ 150 bilhões, sendo que o Brasil representará de 30% a 40% do total, ou até 656 jatos.

Boeing estima que 30% da produção mundial irá para a Ásia/Pacífico

Martin Bernetti /Image Forum

Estratégia é vender primeiro na Inglaterra o vinho produzido em terras gaúchas

Brasilidade é a aposta da Miolo para conquistar mercado inglês de vinhos Nova linha de bebidas se apoia em imagem “harmoniosa, festiva e feliz” do país para desembarcar na Europa Natália Mazzoni nmazzoni@brasileconomico.com.br

A tradicional vinícola Miolo, da cidade gaúcha de Bento Gonçalves, embarcou esta semana para a Inglaterra um contêiner com a primeira produção de sua nova linha de vinhos Alísios, feita especialmente para o consumidor britânico. A operação representa uma mudança na antiga estratégia da marca, de exportar o mesmo vinho vendido no Brasil para o mercado internacional. Desta vez, o movimento é no sentido contrário: a produção chega antes às prateleiras dos supermercados e restaurantes da terra da Rainha, e só depois circulará por aqui. Foco na marca Brasil

Segundo o grupo, a grande aposta do investimento é a criação de uma linha totalmente voltada para esse território, confiando que o produto consiga se estabelecer no mercado internacional como detentor de um diferencial: a nacionalidade da marca.

O nosso vinho ainda não conseguiu construir um conceito lá fora, mas o mercado está totalmente aberto para nós Carlos Eduardo Nogueira, diretor de relações internacionais da Miolo

A produção da Alísios foi elaborada depois da empresa ter passado mais de um ano em uma grande pesquisa de tendência de mercado, e vai chegar nas prateleiras internacionais com o que a empresa acredita ser a cara do Brasil. “Detectamos que esse público tem uma imagem alegre do Brasil. Pensa no nosso País como um lugar harmonioso, festivo e feliz. Foi então que decidimos fazer o rótulo da linha com as cores da nossa bandeira”, diz o diretor de relações internacionais, Carlos Eduardo Nogueira. A linha Alísios vai apresentar vinhos frescos e frutados, o que a Miolo Group concluiu ser o que o consumidor estrangeiro espera de um vinho brasileiro. Segundo a assessoria de imprensa da marca, “esse vai ser um vinho que reúne alguns atributos do Brasil admirados no exterior, como o calor humano, a qualidade de vida e a receptividade do povo brasileiro”. Durante a pesquisa, foi demonstado que, ao contrário do que acontece por aqui - onde os brasileiros preferem os vinhos importados aos nacionais - o pú-

blico inglês parece não ter problemas em consumir um vinho feita no “País do Carnaval”. “Ao contrário do brasileiro, que ainda tem muito preconceito em consumir o vinho que é produzido pelas vinícolas nacionais, o público inglês está aberto a conhecer nossa produção. O nosso vinho ainda não conseguiu construir um conceito lá fora, mas o mercado está totalmente aberto para nós”. A miolo afirma que as perspectivas para a abertura desse mercado são boas, mesmo estando em grande desvantagem de produção em relação à Argentina e Chile, países reconhecidos internacionalmente como exportadores da bebida. “O Chile exporta todos os anos cerca de 800 milhões de litros de vinho, e a Argentina consegue mandar para o mundo mais de um bilhão de litros. Nós sabemos que não conseguiremos ter a mesma escala de produção desses dois países, pelo menos não agora, mas o vinho brasileiro pode sim ser reconhecido em termos de qualidade”. O diretor afirma que o próximo passo do grupo, se as investidas no mercado inglês forem bem su-

cedidas, é mandar a nova linha Alísios para a Holanda. Perfil

A busca do mercado internacional pela Miolo começou em 2002, mas as exportações da marca só emplacaram um ano depois, quando o grupo conseguiu mandar 48 mil garrafas para os Estados Unidos, Canadá, Suiça e República Tcheca, se tornando a maior exportadora de vinhos finos em faturamento do país. Em 2004, ingressou na Itália e França, vendendo 98 mil garrafas de vinho. No ano de 2008 a Miolo registrou aumento de 94% nas vendas internacionais, chegando a quase US$ 2,4 milhões de receita. Em volume, esses embarques totalizaram 685 mil garrafas, um aumento de 96%. A vinícola hoje exporta para 28 países e tem planos de vender também para o Oriente Médio. O objetivo para este ano é que as exportações cresçam pelo menos 150% em volume. A pretensão é que a marca entre em menos quatro redes de venda nos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e Holanda. ■


28 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

EMPRESAS Isaac Medeiros

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

TRANSPORTE

Fabricante de carretas Paletrans fecha acordo com grupo alemão Mafi

Gol tem aumento no tráfego aéreo e na taxa de ocupação em setembro

A Paletrans Carretas, do grupo brasileiro Unihold, fechou acordo de parceria comercial com a alemã Mafi Transport Systems. O contrato prevê que a Paletrans comercialize com exclusividade no Brasil os tratores terminais rebocadores de carga fabricados pela companhia europeia. Em contrapartida, a empresa brasileira terá suas carretas industriais oferecidas para países no exterior.

A companhia aérea Gol teve aumento de 26% no tráfego aéreo em setembro na comparação com 2008, considerando voos domésticos e internacionais. A ocupação em seus aviões subiu para 66%, frente aos 57% anteriores. A empresa atribuiu o crescimento à reorganização da malha para ampliar a oferta de assentos e a continuidade do projeto de revitalização do programa de milhagem Smiles.

Empresa registrou elevação de 26% no tráfego e 66% na ocupação

Setor aposta na qualidade superior para enfrentar os preços baixos dos faqueiros da China

Garfada na indústria de talheres Fabricantes de cutelaria buscam alternativas para combater a chegada de produtos chineses ao país Fábio Suzuki fsuzuki@brasileconomico.com.br

O apetite da indústria chinesa continua a avançar sem limites. Depois de conquistar espaço em segmentos mais previsíveis, como eletroeletrônicos e informática, as empresas chinesas começam a fazer novas vítimas em áreas onde a indústria brasileira

sempre teve tradição exportadora, caso dos fabricantes de talheres. Nem mesmo a cultura oriental de comer com “pauzinhos” (kuaizi, em chinês) evitou a entrada de facas, garfos e colheres fabricados do outro lado do mundo para fatiar o mercado interno. Diante desse cenário, as companhias nacionais têm realizado diversas iniciativas para evitar a

Para se manter no mercado, algumas empresas estão segurando o preço do produto no mesmo patamar por três anos

perda de faturamento frente à concorrência chinesa. Entre as ações está o lançamento de novas linhas e a pressão junto ao governo por mais proteção comercial. A Cutelaria Bianchi, situada no interior paulista, afirma que os preços atuais de seus produtos são os mesmos de três anos atrás. “É a única saída para ficar no mercado. Não tem como concor-

rer com um produto que custa de 15% a 20% o valor do nosso”, explica Luiz Antônio Cerezer, sócio-gerente da empresa. “Caso não haja um esforço do Governo muitas empresas vão sair do mercado”, afirma. A Corneta Cutelaria aponta a qualidade de seus produtos como o grande diferencial frente aos utensílios fabricados na China.


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 29

Wilson Dias / ABr

ACORDO COM A BRASKEM

HABITAÇÃO

Protetores solares Sundow terão embalagem ecologicamente correta

Programa “Minha Casa, Minha Vida” ganhará mais 500 projetos

A Braskem anunciou um acordo com a Johnson & Johnson para a venda do chamado polietileno “verde”. O produto, desenvolvido com cana-de-açúcar, será utilizado nas embalagens da marca de protetores solares Sundown. Os valores do acordo não foram divulgados. Será a primeira marca de cosméticos do Brasil a iniciar o desenvolvimento de embalagens com polietileno ecologicamente correto.

Até o fim de outubro, a Caixa Econômica Federal deve aprovar mais 586 projetos do programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, que estão em fase final de análise. A entidade já recebeu 1.784 propostas, que representam um investimento de R$ 22,2 bilhões ou 341.997 unidades habitacionais. Existem ainda outros 550 projetos em negociação, que somam o valor de R$ 7,3 bilhões.

Maria Fernanda Ramos Coelho, a presidente da Caixa Econômica Federal

Ian Klauss

Iveco fornecerá blindado leve ao Exército brasileiro O novo veículo vai substituir o tradicional Urutu, em serviço desde a década de 1980 Ana Paula Machado amachado@brasileconomico.com.br

Depois de se firmar no mercado brasileiro como um dos principais fabricantes de caminhões e veículos comerciais leves, a italiana Iveco Latin America quer agora se tornar uma fornecedora para as forças armadas dos países da América Latina. A empresa, que pertence ao Grupo Fiat, ganhou uma licitação do Exército para o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de pessoas (VBTP), que substituirá o legendário Urutu, em serviço nas Forças Armadas desde a década de 1980. Com esse negócio, a companhia quer montar uma base exportadora de veículos blindados em sua fábrica na cidade de Sete Lagoas (MG). Todo o protótipo do blindado foi desenvolvido no centro de engenharia da Iveco - também localizado em Sete Lagoas - e deverá custar cerca de US$ 1,8 milhão por veículo, segundo informações do Exército. A primeira unidade, um protótipo, será entregue em 2010 para o início da fase de testes, que durará cerca de dois anos após a assinatura do contrato. Outras 16 unidades serão fabricadas e testadas

até 2011. Os testes serão conduzidos no Centro de Avaliações do Exército (CAEx), em Guaratiba (RJ), e incluem confiabilidade (durabilidade), ensaios balísticos (blindagem estrutural), anti-minas e ergonomia, entre outros. “Se aprovado nos testes, o VBTP desenvolvido pela Iveco entra em produção em série e poderá até ser exportado para os países da América Latina”, diz o engenheiro de produtos avançados e inovações da Iveco e responsável pelo Centro de Desenvolvimento da montadora italiana, Alexandre Capelli. Segundo ele, o índice de nacionalização de componentes e peças no novo veículo blindado chegará a 60% do total. Segundo Capelli, o veículo será montado sobre um chassi em longarinas de aço, comuns em caminhões e ônibus. “Modelos deste tipo possuem carroceria monobloco. A adoção do chassi visa baixar custos. O veículo fica mais alto com relação ao solo, o que oferece algumas vantagens operacionais. Além disso, é projetado para andar na terra e na água”, explicou. ■

Protótipo será entregue em 2010, e período de testes do modelo vai durar cerca de dois anos

O NOVO ANFíBIO BRASILEIRO

PRATO CHEIO

R$ 232 mi é o faturamento médio anual do setor de acordo com o último levantamento realizado pela Abitac no mercado brasileiro.

NAS FÁBRICAS

191 milhões de peças de cutelaria e utensílios domésticos são fabricadas por ano no país. Com essa produção são gerados cerca de 2 mil empregos diretos e 1,6 mil empregos indiretos.

“Na parte de talheres não estamos preocupados, pois trabalhamos com linhas exclusivas. Vendemos qualidade e não quantidade”, afirma Constance Bennecke, gerente de cutelaria da companhia. O principal problema das companhias brasileiras frente aos produtos asiáticos é o preço, devido à mão-de-obra barata dos chineses. Para evitar a concorrência desleal, uma saída encontrada pelas empresas nacionais foi pressionar o governo para que haja taxas mais elevadas frente à entrada dos produtos aisáticos no País. A China é o país contra o qual o Brasil aplica o maior número de medidas de defesa comercial.

Em 2006, 25% das ações protecionistas foram contra os chineses. “As estatísticas mostram que as maiores importações são produtos eletrônicos e radiofônicos. Nos outros segmentos, o número tem aumentado, mas ainda não é significativo para a balança comercial”, diz Paul Liu, presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE). Segundo Liu, os esforços para evitar a entrada de produtos chineses são muito pequenos para conter o avanço no mercado nacional. “A medida antidumping é apenas para ganhar tempo pois não impede a entrada de produtos”, diz Liu. ■

Veja as diferenças entre o novo projeto e o Urutu já utilizado pelo Exército Brasileiro Novo projeto

Urutu

Capacidade de transporte 9 soldados e 11 tripulantes

Capacidade de transporte 12 soldados e 2 tripulantes

Peso 15 toneladas

Peso 13 toneladas

Tração 6x6

Tração 6x6


30 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

EMPRESAS Divulgação

RECUPERAÇÃO

VIDEOCONFERÊNCIA

Alimentos abrandam queda no varejo na zona do euro

Governo de São Paulo cria rede para a formação de professores

As vendas no varejo da zona do euro caíram menos que o esperado em agosto devido a uma recuperação no setor de alimentos, informa a agência Reuters. Economistas aguardavam queda mês a mês de 0,5%, mas na comparação anual a diminuição foi menor, de 0,2%. Após registrarem baixa por três meses seguidos, as vendas de alimentos, bebidas e fumo aumentaram 0,5% em agosto em comparação a julho.

O governador de São Paulo, José Serra, assinou decreto que institui o Programa de Tecnologia para a Rede de Escolas de Governo (Tec-Reg). O objetivo é ajudar a reduzir custos de formação e capacitação, por meio de ferramentas como videoconferência. A Tec-Reg contará, de início, com 50 salas de videoconferência em todo estado e estúdios de geração de conteúdos. O governo afirma que a expectativa é ter 88 salas.

Recurso frequente no mundo corporativo chega agora às escolas

Mauricio Lima/ImageForum

RECEITA

260 milhões É quanto o GP deve movimentar em reais, valor 13% maior do que em 2008. O crescimento é menor do que o registrado no ano passado, que foi de 15% em relação a 2007

INGRESSOS

75 mil Ingressos foram colocados à venda, mas a poucos dias do evento ainda restam lugares. Em 2008, as entradas se esgotaram 60 dias antes do Grande Prêmio

HOSPEDAGEM

35% Dos ingressos costumam ser reservados por empresas e agências de viagens, mas parte deste público desistiu do GP

Ritmo de vendas do GP Brasil desacelera e afeta setor hoteleiro Na rede Atlantica Hotels, 50% das reservas feitas por operadoras não foram confirmadas; a menos de duas semanas para o evento no Autódromo de Interlagos, ainda restam ingressos à venda Cintia Esteves

A FORÇA DE INTERLAGOS

cesteves@brasileconomico.com.br

A dez dias do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 ainda restam ingressos à venda e quartos vagos em hotéis da capital paulista. Nas quinze unidades que a rede Atlantica Hotels possui em São Paulo, 50% das reservas feitas por operadoras não foram confirmadas. Um dos motivos é que as grandes empresas, que sempre usaram ingressos para o GP como estratégia de marketing - para presentear clientes, por exemplo - resolveram deixar este hábito de lado em 2009. Devido à crise, muitas delas cortaram custos e não confirmaram a compra de lugares para o evento, que acontece no Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos, entre os dias 16 e 18 de outubro. As reservas de

Fabiana Conde gerente de vendas Atlantica Hotels

“As operadoras de hotéis não conseguiram repassar os apartamentos reservados conosco e por isso renegociam os preços, o que está nos obrigando a reduzir as margens em cerca de 10%.”

● A história da Fórmula 1 no Brasil é marcada por uma trajetória de sucesso. Os ingressos sempre se esgotaram com antecedência. ● Nem mesmo a morte de Ayrton Senna, que chocou o país em 1994, foi capaz de abalar as vendas de ingressos. ● A capital paulista possui 410 hotéis à disposição dos turistas que chegam de outras localidades para assistir à Fórmula 1.

empresas e operadoras de viagem representam 35% do total de 75 mil ingressos colocados à venda, segundo Castilho de Andrade, diretor de imprensa do GP Brasil. “Parte destes clientes não confirmou a compra . Existe a chance de sobrar lugares no autódromo pela primeira vez na história”, diz Andrade, sem revelar quantas entradas ainda estão à venda. “As operadoras não conseguiram locar os apartamentos reservados conosco e estão renegociando os preços, o que está nos obrigamos a reduzir as margens em cerca de 10%”, afirma Fabiana Conde, gerente geral de vendas da Atlantica Hotels. No Sheraton WTC, as reservas para o período estão 20% menores. “Sentimos uma queda, principalmente, por parte dos grupos que vinham sempre convidados por empresas. Neste pe-

ríodo, o normal seria não termos mais disponibilidade para os dias dos treinos e da corrida”, diz Camila Oliveira, da área de reserva do grupo Sheraton. Os ingressos para a Fórmula 1 costumam ser muitos disputados no Brasil. No ano passado, por exemplo, as entradas acabaram cerca de 60 dias antes da corrida. No hotel Transamérica, a maior parte das reservas é para as escuderias. Apenas 8% dos quartos costumam ser destinados a hóspedes que não trabalham no evento. “Nós costumamos deixar alguns apartamentos disponíveis para nossos clientes habituais e são justamente eles que estão demorando para confirmar a vinda ao evento”, afirma Vania Aibara, gerente de vendas do hotel. A situação se repete no Hilton Morumbi, que também teve queda na demanda e está com suítes disponíveis. ■


Ter莽a-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econ么mico 31


32 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

EMPRESAS Agência Brasil

COMPANHIA EM CRISE

CRESCIMENTO DE 1%

Financiadora habitacional alemã diz que precisa de mais US$ 14,5 bilhões

Empresas puxam aumento no consumo de energia elétrica

A financiadora de crédito imobiliário alemã Hypo Real Estate, que foi nacionalizada pelo governo devido à crise, informou que precisa de um aumento de capital de US$ 14,5 bilhões devido a perdas passadas e aos resultados previstos no futuro. A companhia disse que não espera voltar a ter lucro antes de 2012 e que também não acredita que será capaz de devolver integralmente os empréstimos do governo antes de 2015.

Companhias registraram elevação no consumo de energia elétrica A retomada da atividade pelas empresas e indústrias foi a principal responsável pelo aumento de 1,1% constatado em setembro em relação ao mês anterior, segundo o Operador Nacional do Sistema. No entanto, frente ao mesmo período do ano passado – quando o país ainda não havia sido afetado pela crise – o consumo teve baixa de 0,5%.

Frente ao mesmo período de 2008, consumo registrou baixa

Alameda Lorena se valoriza mais que a 5ª Avenida, em NY Pesquisa da Cushman & Wakefield mostra que o preço do metro quadrado no reduto de luxo paulistano cresceu 110%, enquanto a avenida dos EUA teve queda de 8% Natália Flach nflach@brasileconomico.com.br

ENDEREÇOS MAIS CAROS

A crise econômica causou uma verdadeira reviravolta nos preços dos aluguéis ao redor do mundo. Pela primeira vez em 20 anos, pesquisa da Cushman & Wakefield apontou retração no valor do metro quadrado de alguns dos mais famosos endereços corporativos na maior parte dos 60 países analisados. Já o Brasil está na contramão dessa tendência. O país apresentou o melhor desempenho na pesquisa ao pular da 32ª posição, no ano passado, para a 15ª este ano. Os responsáveis por esse impulso foram o Shopping Iguatemi, hoje com aluguel cotado a US$ 3.784 por metro quadrado, e o comércio de rua da Alameda Lorena, Oscar Freire e Haddock Lobo. Segundo dados da pesquisa, o comércio no país teve valorização de 9,6%. Mas a alta da Alameda Lorena foi além. O endereço teve o maior incremento de preços do mundo, com incremento de 110%. Isso se deve principalmente à chegada no local das antigas lojas da Rua Estados Unidos, que nos últimos tempos só podem abrigar showrooms. Com isso, o metro quadrado passou a custar US$ 557. O terceiro lugar no ranking de endereços mais valorizados

1.

5ª Avenida apresenta queda, mas fica no topo do ranking A região mais movimentada de NY sofreu queda de 8,1%, mas se manteve no topo do ranking. O aluguel do metro quadrado custa US$ 18.299, por ano.

2.

Causeway Bay, em Hong Kong, registra redução acentuada A crise econômica na Ásia afetou a 2º colocada: o preço na Causeway Bay, em Hong Kong, sofreu retração de 15,1%. Hoje, o custo médio no local é de US$ 16.416 o metro quadrado.

Iguatemi quer levantar R$ 400 mi com ações O Shopping Iguatemi - o metro quadrado mais caro do país e o décimo quinto do mundo segundo o ranking da consultoria Cushman & Wakefield - anunciou no final do mês de setembro que entrou com um pedido de registro para oferta pública de ações na Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). De acordo com o comunicado, o objetico do shopping localizado na cpaital paulista é levantar R$ 400 milhões com a oferta. Segundo a empresa, seu intuito é captar recursos para fazer um aumento de capital. As ações, que ainda não têm preço definido —

serão calculados com base na cotação dos papéis na Bovespa e em função do bookbuilding — vão ser ofertadas tanto em território nacional quanto no exterior. Outra empresa do setor que está fazendo oferta de ações é a Multiplan. A companhia, dona do planeja levantar o valor de R$ 700 milhões A Multiplan é dona do MorumbiShopping e do shopping Anália Franco, em São Paulo, e do Barra Shopping, no Rio de Janeiro. No total, a Bolsa de Valores de São Paulo registra quatro companhias do ramo de shoppings com ações ofertadas no mercado. (N.F.)

do planeta também é ocupado pelo Brasil. O Shopping Iguatemi teve aumento de 79% nos valores dos aluguéis. Para Milena Morales, gerente de Pesquisa de Mercado para a América do Sul da Cushman & Wakefield, isso é reflexo do bom desempenho da economia brasileira, que, segundo ela, saiu quase ilesa da turbulência financeira. “O ano de 2008 foi o melhor para o mercado imobiliário brasileiro e, mesmo com a chegada da crise em setembro, ele continuou crescendo”, diz. “Pode reparar que não tiveram lojas fechando e a demanda continuou alta.”

OS ESPAÇOS MAIS VALORIZADOS DO PLANETA Ranking aponta que o Brasil pulou da 32ª posição para a 15ª, entre os 274 endereços corporativos de alto padrão analisados pela Cushman & Wakefield Valor de locação por ano (metro quadrado)

1º 5ª Avenida, em Nova York

US$ 18.299

Desvalorização

Os endereços mais famosos do mundo, como a 5ª Avenida, em Nova York, não tiveram tanta sorte. Pelo contrário, a avenida sofreu uma queda de 8,1% em relação a junho de 2008. Milena, explica que esse comportamento nos países desenvolvidos foi causado pela crise econômica. “O comércio é o setor que sente primeiro a retração. As pessoas deixam de fazer compras quando perdem os seus empregos, consequentemente, as lojas fazem menos pedidos às fábricas e renegociam o valor dos aluguéis ou até fecham as portas”, comenta. “Dessa forma, a vacância aumenta e os preços caem”, completa. Mas, curiosamente, os endereços que tiveram o pior desempenho não estiveram no epicentro do pânico financeira. Eles ficam na Índia, mais especificamente nas cidades de Mumbai e de Nova Deli A medalhista de ouro do recuo é a Rua Colaba Causeway, em Mumbai, que teve uma retração de 63,5% nos preços dos aluguéis. Logo em seguida vem a Linking Road, na mesma cidade, que sofreu uma queda de 63% no custo. A gerente explica que a redução dos preços na Índia se deve principalmente aos efeitos da crise global no país, que levaram muitas lojas a fecharem as suas portas. “É a lei da oferta e da procura.” ■

2º Causeway Bay, em Hong Kong

US$ 16.416

3º Avenue des Champs Elysées, em Paris

US$ 10.861

15º Shopping Iguatemi, em São Paulo

US$ 3.784,61

O ano de 2008 foi o melhor para o mercado imobiliário brasileiro. Mesmo com a chegada da crise, em setembro, os negócios seguiram trajetória positiva


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 33

Divulgação

TELECOMUNICAÇÕES

ECONOMIA REAQUECIDA

Telenor e Alfa criam gigante de US$ 23 bilhões na Rússia

Eletros prevê aumento de 20% nas vendas de linha branca

A norueguesa Telenor e a russa Alfa Group concordaram em integrar suas holdings em uma companhia de comunicações avaliada em US$ 23 bilhões, colocando fim à uma longa disputa corporativa do mercado russo. O enfrentamento vinha sendo visto como obstáculo para investimentos estrangeiros na Rússia e poderia ter significado a perda para a Telenor do segundo posto entre as operadoras de telefonia móvel da Rússia.

O reaquecimento da economia deverá ter reflexos positivos nas vendas de final de ano em todo o setor de eletroeletrônicos. A previsão é de Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Segundo ele, o segmento de linha branca — geladeiras, máquinas de lavar e fogões — deve crescer 20% em relação à 2008. Já no consumo de portáteis, o crescimento esperado é de 10%.

Para entidade, reaquecimento da economia vai aumentar negócios

Emmanuel Dunand/ImageForum

Mesmo com a queda nos preços médios dos aluguéis em Manhattan em 2008, a 5ª Avenida ainda tem o metro quadrado mais caro do mundo

CONTINENTE AMERICANO

América Latina lidera crescimento da região O aumento nos preços do aluguel no continente americano - 0,3%, segundo a pesquisa - foi o resultado do período positivo registrado nos países da América Latina, que cresceu 10,3%.

40% Foi o crescimento na Venezuela, principal aumento da região

22% É o rejuste no Equador, liderado pela valorização de Quito

9,6% O aumento nos preços do Brasil foi puxado pela capital paulista

-15% Pelo outro lado, a Argentina teve a maior queda do continente


34 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

EMPRESAS Marcio Azevedo

FILÃO LUCRATIVO

PESQUISA DA KPMG

Brasil exporta US$ 400 milhões por ano em produtos exóticos do agronegócio

EUA lideram compra de empresas de países emergentes em 2009

O Brasil arrecada cerca de US$ 400 milhões por ano com exportações de produtos exóticos do agronegócio como bile congelada (usada na produção de medicamentos), pé de frango, cérebros, diafragmas, medulas, testículos e pulmões de bovinos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura . Entre os principais países importadores estão Hong Kong, Nova Zelândia, Japão e Argentina.

Os americanos foram quem mais realizaram fusões e compras de empresas nos mercados emergentes no primeiro semestre de 2009, de acordo com estudo da consultoria KPMG. No entanto, o ritmo de compras de empresas nos EUA diminuiu na comparação com o segundo semestre do ano passado. A atividade caiu 28%, enquanto o total de aquisições dos emergentes nos mercados desenvolvidos recuou 50%.

Ritmo de compras dos americanos teve queda de 28%

Richard Drew/Associated Press/AE

Por que as marcas de luxo decidem vir para o Brasil

DEPOIS DA HERMÈS, HERRERA

Mercado nacional deve receber 50 novas grifes nos próximos cinco anos Denise Barra dbarra@brasileconomico.com.br

Em setembro a Hermès, grife símbolo de uma era, abriu suas portas no Brasil. A marca ganhou notoriedade na década de 90, quando o então presidente Fernando Collor de Mello adotou como uma de suas marcas pessoais as gravatas da empresa francesa. Quase 20 anos depois, a grife finalmente chega ao país, após uma disputa pelo uso do nome com a empresa de vendas porta-a-porta brasileira Hermes. E ela não chega sozinha. De acordo com pesquisa da consultoria Bain&Co, outras 50 marcas deverão aportar no país nos próximos cinco anos. “As marcas de luxo estão de olho no Brasil”, diz Vera Lopes, diretora da consultoria Luxury Marketing Council. “O mercado ainda tem muito a crescer e não está saturado como lá fora.” A demora para chegar no país, por estranho que pareça, não está ligada ao poder aquisitivo do consumidor brasileiro, mas à elevada alíquota de importação para produtos de luxo no Brasil -60%, uma das mais altas do mundo. Nos outros países disputados por esses fabricantes, como Rússia e China, a taxa média é de 20%. “Para as empresas internacionais, a prioridade é a China. depois vem o Brasil e, na sequência, a Índia”, afirma Gabriele Zuccarelli, da Bain&Co. Crescimento forte

A previsão de crescimento para o mercado de luxo no Brasil, em 2009, é de 8%. No ano, as empresas do setor deverão movimentar US$ 6,45 bilhões, de acordo com as consultorias MCF e Gfk Brasil. É esse mercado que está atraindo a Carolina Herrera. As brasileiras são as maiores compradoras das fragrâncias da estilista venezuelana, que deve abrir as portas de sua primeira loja no Brasil em outubro. Em 2008, 20 marcas de luxo

PROJEÇÃO OTIMISTA

25% é o crescimento previsto no mercado de luxo para os próximos 5 anos, de acordo com pesquisa realizada pela consultoria internacional Bain&Co

EXPANSÃO

540 novas lojas, voltadas para o público de alto poder aquisitivo, serão inauguradas na zona sul de São Paulo, com a construção de mais dois novos shoppings e a expansão do Cidade Jardim

inauguraram lojas próprias no país, quase o dobro de 2007. Uma delas é a suíça IWC, fabricante de relógios que custam entre US$ 3.700 e US$ 9.700. “A IWC não sente qualquer recessão no Brasil, ao contrário, estamos crescendo por aqui”, disse Michel Cheval, diretor-geral da IWC para América Latina e Caribe , durante visita ao país. Crediário

Acostumadas aos clientes endinheirados, as grifes tiveram de adaptar-se à cultura local. Isso significou, entre outras coisas, aprender a parcelar os pagamentos. A Tiffany, por exemplo, vende braceletes que chegam a custar R$ 150 mil. Para os brasileiros, abriu uma exceção e permitiu a divisão da conta em até três vezes. No entanto, é preciso cuidado para não deixar o produto perder o status.“A marca Pierre Cardin foi destruída quando diversificou demais o seu portfólio de produtos, fazendo um licenciamento indiscriminado”, afirmou Jean Baptiste Danet, presidente da Interbrand, durante o Atualuxo 2009, conferência internacional do negócio do luxo. Nesse mercado, ser exclusivo é tudo. ■

A primeira loja brasileira da grife Carolina Herrera será no térreo do shopping Cidade Jardim, em São Paulo. A estilista, nascida na Venezuela e radicada em Nova York, se disse encantada com São Paulo. Herrera veio com a filha ao Brasil para a comemoração de 20 anos do primeiro perfume da grife, no ano passado. A loja terá linhas feminina e masculina, além das fragrâncias e acessórios da marca


Sexta-feira, 25 de setembro, 2009 Brasil Econômico 35

Divulgação

“Novo Urutu” terá capacidade para 9 soldados O substituto do lendário Urutu terá motor diesel eletrônico Iveco Cursor 9, que será produzido no Brasil pela divisão de motores do Grupo Fiat. O engenheiro Alexandre Capelli disse que o novo blindado brasileiro terá tração 6x6, com 15 toneladas de peso e poderá transportar nove soldados mais 11 tripulantes. “Mas essa

configuração poderá ser modificada se assim o Exército desejar. Haverá flexibilidade na produção”, afirmou Capelli. O desenvolvimento do VBTP começou em 2007, com o edital do projeto. Uma das razões para a vitória da Iveco foi a experiência da empresa com a área de defesa na Itália, através da Iveco Defence Vehicles.

O NOVO ANFíBIO BRASILEIRO Veja as diferenças entre o novo projeto e o Urutu já utilizado pelo Exército Brasileiro Novo projeto

A

Urutu


36 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

ESPECIAL PUBLICIDADE E PROPAGANDA

União de forças para ganhar em competitividade Agências se fundem em busca de aprimorar os serviços aos clientes e ao mesmo tempo reduzir os custos operacionais Ruy Barata Neto rneto@brasileconômico.com.br

A FabraQuinteiro, dos sócios Paschoal Fabra Neto e Fernando Quinteiro, e a E*Inteligência Criativa, controlada pelo Grupo Eugênio, são as agências do mercado de propaganda a protagonizar o mais recente acordo de fusão. O resultado poderá ser conferido na FabraEQuinteiro, que a partir da semana que vem, deverá estar definitivamente instalada no mesmo prédio em que estão reunidas as demais operações da holding Eugênio: TudoMídia, Eugênio Marketing Imobiliário e a Polis Desenvolvimento Imobiliário, em São Paulo. As agências decidiram unir forças como forma de aumentar a rentabilidade. Sem revelar valores absolutos, o presidente do novo negócio, Odemir Putini, afirma que embora as duas operações tivessem boas receitas, os custos com folha de pagamento e com a manutenção da infraestrutura operacional estavam muito elevados. “A fusão nos possibilitará economizar os custos e evitar passivos, tornando a empresa mais rentável”, afirma o executivo. Na análise de Putini, nos últimos anos, os acordos de fusão entre os maiores anunciantes do país têm concentrado bastante a verba de comunicação e diminuído a possibilidade de obter receitas das agências menores. A situação piorou neste ano com a crise, porque forçou algumas empresas a reduzirem investimentos em comunicação. “Acredito que muitas agências do nosso mercado ainda vão anunciar fusões em breve e não duvido que algumas venham bater na nossa porta”, diz. Ag407 encerra atividades

Não é a primeira vez que a FabraQuinteiro busca acordo de fusão. Em janeiro, Fabra Neto e Quinteiro estiveram à beira de realizar acordo com a Ag407, de Alex Schönburg e Selma Navarro. A nova marca seria chamada de FabraQuin-

PONTOS FORTES ● A FabraEQuinteiro conseguiu reduzir custos e evitar passivos para tornar a operação mais lucrativa. ● A Fischer América + Fala! agregou mais experiência na comunicação de varejo em seu leque de serviços. ● A Fábrica alia seu conhecimento de marketing direto com o de uma agência online para agregar serviços digitais.

teiro/407 e ocuparia a sede da própria Fabra. Entretanto, o negócio não se concretizou levando a Ag407 a encerrar atividades em agosto. Ainda este ano, outras empresas também optaram por unir forças. Exemplos são os da Fischer América e Fala! (ambas do Grupo Total, de Eduardo Fischer, que hoje atendem pelo nome Fischer América + Fala!), em março. Outra a fazer o mesmo foi a Fábrica Comunicação Dirigida, que em agosto anunciou união com a agência digital Kwead, comandada por Renato Sertório e Eduardo de Souza. De acordo com a sócia-diretora de criação da Fábrica, Marisa Furtado, a economia de custo operacionais é uma vantagem, mas não determinante no caso da agência. O principal objetivo da fusão foi aumentar a competitividade. “Em ano de crise, precisávamos ser mais fortes”, diz Marisa. O presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap), Luiz Lara, acredita que são as razões estratégicas que pesam na decisão de fusões no mercado. “As agências se unem para trazer mais valor à comunicação de seus clientes, que precisam de um parceiro estratégico forte, apto a coordenar todas as interações de suas marcas”, afirma Lara, da Abap.

Odemir Puttini, Paschoal Fabra Neto, Luciana Ceccato, Fernando Quinteiro: unidos e mais fortes para enfrentar os grandes

Mais oportunidades

Foi o caso das agências do Grupo Total, segundo o diretor comercial, Allan Barros. A Fischer América + Fala! aumentou seu potencial de atendimento no varejo, o que acabou refletindo o movimento de uma de suas principais contas. Em junho, a varejista de eletroeletrônico Ponto Frio foi adquirida pelo Grupo Pão de Açúcar e pode decidir rever contrato de publicidade no final deste mês, depois que forem anunciados os resultados do terceiro trimestre do ano. Assim, os ganhos com a fusão podem ser importantes para manter contas na carteira. ■

QUATRO PERGUNTAS A...

DALTON PASTORE presidente do Fórum Permanente de Comunicação (ForCom)

“A vida das agências que estão abaixo das 30 maiores é complicada”

O movimento de fusões e aquisições de empresas se reflete nas agências de publicidade. Com a verba cada vez mais concentrada nas mãos das grandes, a busca por maior competitividade tem resultado no atual movimento de integração de agências vivido pelo setor, avalia Dalton Pastore, presidente do Fórum Permanente de Comunicação (ForCom). A seguir trechos da entrevista.

Este ano foi marcado por algumas fusões. Trata-se de uma tendência causada por diminuição de verbas? Quem fizer um levantamento dos maiores anunciantes do


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 37

Divulgação/Fabra

NOVO CENÁRIO

1º.

FabraEQuinteiro Odemir Putini é o presidente; Fernando Quinteiro e Luciana Ceccato dividem a direção de planejamento; Fabra Neto dirige a criação e Eugênio os novos negócios. Daniel Barbará atua como diretor executivo de desenvolvimento de negócios e relacionamento com o mercado.

2º. Fischer América + Fala! Antônio Fadiga é o presidente, função que já exercia na Fischer América, e Allan Barros atua como diretor comercial. Com a fusão, a Fischer América + Fala! passou a ocupar o sétimo lugar no último levantamento das 50 maiores agências do Brasil realizado pelo Ibope Monitor. A receita da nova empresa soma R$ 672 milhões.

3º.

Fábrica e Kwead

Brasil nos últimos 30 anos, verá que a maioria das 20 maiores empresas ou foi comprada ou se fundiu e, mais tarde, desapareceu. Esse fenômeno aconteceu recentemente para as agências, mas já vem de muito tempo nos setores financeiros, de saúde, de aviação e por aí vai. As agências acompanham esse movimento, principalmente as menores. A vida das agências que estão abaixo das 30 maiores do país é bem complicada. A maioria tem dificuldade de obter receita suficiente para bancar custos de ferramentas que são básicas para poder atuar no mercado, notadamente aquelas com as

quais se faz pesquisa de mídia e softwares. A fusão acontece para cortar custos e aumentar a rentabilidade.

Qual a sua perspectiva em relação ao desempenho do mercado em 2009? O mercado de publicidade e comunicação em geral acompanha a economia. Este ano teremos um crescimento real de um pouco mais que zero. Mas não dá pra saber exatamente quanto deve crescer porque existe uma enorme quantidade de meios, de emissoras de rádio, centenas de emissoras de televisão, e formas de comprar inserções comerciais

que dificultam uma avaliação mais exata. Além disso, existe a questão do desconto, um hábito do mercado.

ordem de 7% a 8%, o que vai impulsionar o mercado como um todo para um crescimento acima do zero.

Os anunciantes pisaram no freio?

Esse crescimento atinge todo o mercado?

Temos três tipos de comportamento no momento de maior tensão econômica: aquele anunciante que mantém exatamente o ritmo (que é a maioria); aquele que se assusta e corta todos os investimentos, e o que aumenta o orçamento mesmo correndo alguns riscos. Algumas empresas seguiram nesta direção e conseguiram aferir taxas de crescimento em volume e faturamento da

Em tempos de crise, os anunciantes se refugiam nos veículos tradicionais, apostam no que já dá certo. O discurso da aposta em mídias inovadoras, em novas experiências de comunicação se descola da prática. O resultado disso é que os veículos consolidados da mídia tradicional não sofrerão queda, até crescerão. Quem perde são as mídias mais recentes, inovadoras. ■

Por um ano as empresas vão avaliar a operação conjunta e posteriormente decidem se haverá ou não qualquer mudança societária. Na estrutura do negócio conjunto, Renato Sertório e Rodrigo Pará respondem pelo planejamento on-line e off-line, Luiz Buono por novos negócios, e na criação estão Eduardo de Souza, Carolina Glich, Marisa Furtado e Sidney Ribeiro.


38 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

ESPECIAL PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Partidos se preparam para campanha pela internet Com olhos em 2010, as legendas constroem sites e criam presença institucional na web Maicon Miller

Ruy Barata Neto rneto@brasileconomico.com.br

Com a reforma eleitoral que permitiu livre campanha política na internet, os partidos já começam a reforçar sua presença on-line visando as eleições de 2010. Antes mesmo de definir os candidatos para a disputa, as legendas colocarão novidades em seus sites institucionais ainda este ano, com a perspectiva de formar uma base de cabos eleitorais entre os internautas. Segundo o coordenador de projetos digitais do PSDB, Eduardo Graeff, embora o PT não tenha a mesma capilaridade que o seu partido nos estados, possui uma organização bastante rigorosa da militância, o que precisa ser enfrentado na disputa. “Precisamos modernizar a organização do PSDB”, diz Graeff. O primeiro passo do projeto será o lançamento, nos próximos dias, de um novo site chamado Rede PSDB, que integrará redes sociais como Orkut e Twitter, e lançará debates entre os participantes. A movimentação confirma a expectativa das legendas em torno da internet. Para o cientista político Amaury de Souza, esse alvoroço é resultado da experiência das últimas eleições municipais, em que Fernando Gabeira (PV-RJ) surpreendeu ao ir para o segundo turno com Eduardo Paes (PMDB-RJ). “Gabeira utilizou uma rede de 10 mil voluntários para promover sua candidatura e disparou em votos”, lembra Souza. Além disso, há a influência da campanha on-line de Barack Obama no mundo. Ben Self O PT foi até buscar consultoria de Ben Self, responsável por estruturar a campanha do presidente americano, Barack Obama, na internet. Embora não tenha contrato assinado com o partido, segundo o secretário nacional de comunicação do PT, Gleber Naime, Self já conversa com João Santana, marqueteiro de Lula em 2006, sobre iniciativas a serem tomadas para eleger Dilma Rousseff. “João Santana tem uma parceria bastante adiantada com Self”, afirma Naime. O partido aposta alto na rede e prevê lançar em novembro uma rádio e TV na web, com conteúdo, por enquanto, produzido por uma equipe própria de comunicação. Um estúdio está em fase de construção na sede do partido em Brasília.

PROJETOS EM ANDAMENTO

Ben Self, responsável pela campanha on-line de Barack Obama, trabalha com o marqueteiro João Santana em torno da pré-candidatura de Dilma Rousseff

PT

Televisão e rádio na rede O partido está construindo um estúdio de rádio e TV, na sede nacional, em Brasília, que será responsável pela produção de conteúdo para abastecer uma TV e rádio web. Elas serão lançadas em novembro

PSDB

Interação com o internauta Tem como principal foco a interação com o internauta militante do partido. Inaugura nos próximos dias novo site dedicado a debates. Mantém equipe de 3 pessoas responsáveis pelo contato por meios eletrônicos

PMDB

Novo site em outubro Deve estrear um novo portal em outubro. O projeto é tocado por sete jornalistas especializados em web. Um dos destaques do endereço será uma comunidade virtual que reunirá militantes. O partido nega que o foco seja, por enquanto, a campanha PV

Cobertura de eventos partidários Alternativa

Na esteira dos demais partidos, o DEM elabora um projeto de TV pela internet como forma de suprir a carência de espaço que possui na grande mídia. O PSDB e o PPS devem ser convidados para integrar o projeto. Já o PMDB prevê colocar seu novo site na internet em outubro. Segundo Padilha, a página está sendo construída por sete jornalistas especializados em web. Um dos destaques do endereço será uma comunidade virtual que reunirá militantes do partido. O coordenador do projeto, Eliseu Padilha (PMDB-RS), afirma que o foco do site ainda não é a campanha de 2010. Mas, o próprio Padilha confirma que a estrutura pode servir para a disputa eleitoral. ■

Doações pelo computador ainda serão raras A reforma da legislação eleitoral permitiu aos partidos arrecadar doações de pessoas físicas pela internet. Porém, especialistas não acreditam que este seja um canal eficiente. “O brasileiro não tem cultura de doação, como acontece com os americanos. Pela internet, sentirá ainda menos confiança”, afirma Guilherme Ribemboim, presidente do

Interactive Advertising Bureau (IAB) Brasil. Para o cientista político Amaury de Souza, a burocracia exigida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dificulta as doações de pessoas físicas. Para ele, a fiscalização desse processo deveria ser feita pela Receita Federal e não pelo TSE. “A Receita está mais capacitada pra fazer esse tipo de trabalho”, diz.

INTERNET NO BRASIL

PESQUISA

64,8 milhões 78% de pessoas tinham acesso em julho, segundo Ibope Nielsen Online. A estimativa é crescer 4 milhões até o fim do ano

de 1.088 pessoas entrevistadas pelo Instituto DataSenado, entre 8 e 21 de setembro, usam blogs e portais para saber sobre política

O projeto é montar uma equipe dedicada à internet para abastecer o site recém-lançado. Inicialmente, reforçará a cobertura de eventos dentro do Brasil para depois distribuir o conteúdo em seus canais on-line, multiplicando a informação


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 39

Já que estamos em um jornal de economia, aproveitamos para mostrar nossos indicadores. STP STIHL Shefa Sebrae Sebrae - DF Reed Exhibitions Mahogany Loteria do Estado de Minas Gerais Lojas Marisa Joe & Leo’s Indica IBDD (Inst. Bras. dos Direitos da Pessoa com Deficiência) Grupo Marsans Embratur Digital Pages Crédito Y Caución Continental Shopping CCF (Conselho Federal de Farmácia) Camisaria Colombo Brasilveículos - BB Seguro Auto BNDES AOC Televisores APEX - Brasil Alameda Shopping

www.giacometti.com.br

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40 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

INVESTIMENTOS

Aline Lima alima@brasileconomico.com.br

Tesouro Direto é alternativa barata e rentável, mas ainda pouco utilizada O Tesouro Direto foi concebido em 2002 com o objetivo de democratizar o investimento em renda fixa. Por meio do sistema de negociações de títulos públicos via internet, quem tem R$ 200 consegue obter a mesma rentabilidade de uma pessoa com R$ 200 mil. Antes de sua criação, a única alternativa eram os fundos de renda fixa e DIs, que cobram taxas de administração elevadas (entre 3% e 5% ao ano) para o investidor de varejo. Os custos para operar pelo Tesouro Direto saem bem mais em conta: 0,1% de tarifa de serviço mais 0,3% de custódia (guarda dos títulos), pagos à BM&FBovespa, além de uma taxa cobrada pela corretora que fará a intermediação do negócio, normalmente inferior a 1%. Curiosamente, apesar dessa vantagem, os investidores que operam pelo Tesouro Direto são poucos. Os dados de agosto apontam para 164.668 usuários – muito inferior, por exemplo, aos 550 mil que operam ações na bolsa de valores. Em parceria com o Tesouro Nacional, a BM&FBovespa iniciou, em abril, um programa de popularização do Tesouro Direto que compreende desde esforços de divulgação até uma nova política de preços. A taxa de emolumento de 0,1% agora é cobrada de forma pró-rata. Ou seja, se o investidor vende o título antes da data de vencimento, a tarifa será proporcional ao tempo que ele permaneceu com o ativo. Caso o investidor compre um papel de longo prazo e permaneça com ele até o vencimento, a tarifa só incidirá uma vez, no primeiro ano de vigência. Portanto, quanto mais longo for o prazo de vencimento do título, menores serão os custos – inclusive tributários. As alíquotas de

Imposto de Renda (IR) que incidem sobre o rendimento são regressivas, variando de 22,5%, para aplicações com prazo de até seis meses, a 15%, para um período superior a dois anos. O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) só é recolhido para aplicações com prazo inferior a 30 dias. O retorno do Tesouro dependerá também do tipo de título que o investidor irá adquirir. Os papéis prefixados (LTN e NTN-F) têm rentabilidade definida no momento da compra. Quem opta por eles aposta que o valor a ser recebido no fim do prazo será maior que a Selic. O risco, portanto, está no aumento da taxa básica de juro. Uma LTN com vencimento em janeiro de 2012, por exemplo, está sendo oferecida a 11,53%. Essa será a taxa de desconto a ser aplicada sobre o preço do título. Para receber R$ 1 mil no vencimento, o investidor vai desembolsar R$ 781,27. Se a Selic aumenta, o valor pago pelo ativo fica mais barato. Assim, o investidor que vender a LTN antes do vencimento perderá dinheiro. “O ideal é que ele faça o contrário e aproveite o momento para comprar mais”, ensina Fábio Urban, diretor de mercado à vista da BM&F Bovespa. Os títulos pós-fixados podem tanto acompanhar a evolução da Selic (LFT) como da inflação (NTN-B e NTN-B Principal). O retorno, no caso, será maior se taxa básica de juro e o IPCA subirem. Para saber mais sobre o Tesouro Direto, confira o simulador e o curso disponíveis no www.bmfbovespa.com.br/tesourodireto. A bolsa desenvolveu também um sistema que vai permitir negociar os títulos do governo pelo home broker. A novidade chega ainda este mês a cerca de dez corretoras. ■

MAPA DO TESOURO

LTF 10,50% NTN-B PRINCIPALL 18,20%

NTF-N 24,60%

LTN 22,80%

NTN-B 23,90%

27,20

17,10 15,50 13,90

Vendas por prazo Acima de 5 anos 46,80%

8,80 7,10 5,40 2,70

Até 1 ano 2,90% Fonte: Tesouro Nacional

Menos dividendos

Escolha do Rio embala setores aéreo e de infraestrutura

Endividamento da Cesp sugere pagamento menor de proventos

O anúncio do Comitê Olímpico Internacional, na sexta-feira, de que o Rio de Janeiro será a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 fez os analistas reforçarem as perspectivas positivas para alguns setores. Na corretora do Bradesco, a notícia foi recebida como “muito positiva” para as ações das companhias aéreas brasileiras. De acordo com relatório da instituição, já é previsto que o atual volume de passageiros – de 60 milhões por ano – suba para 100 milhões em 2014, já que o país também sediará a Copa do Mundo daquele ano, e aumente ainda mais no ano das olimpíadas. “Estima-se que o número de turistas internacionais em 2016 será entre 10% e 15% maior do que o volume esperado para 2015 e as companhias aéreas provavelmente terão de expandir suas frotas em um patamar superior a este crescimento”, segundo o relatório. Na corretora Ágora, os analistas reforçaram a recomendação de compra para os papéis da Gerdau, já que os Jogos Olímpicos resultarão na necessidade de fortes investimentos na infraestrutura do Brasil – o que promete beneficiar o setor siderúrgico e principalmente as empresas produtoras de aços longos. “A Gerdau é a principal fornecedora de aço para a indústria de construção civil, devendo absorver parcela significativa do crescimento da demanda esperada por este metal no país”, afirma em relatório.

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) pagará aos seus acionistas, na sexta-feira, dia 9 de outubro, juros sobre o capital próprio referentes aos resultados do segundo trimestre de 2009. Os detentores das ações ordinárias e preferenciais classe “B” em 13 de agosto receberão R$ 0,140896611 por papel. As expectativas em relação aos próximos pagamentos de dividendos da empresa, no entanto, parecem não ser tão otimistas. O analista da Itaú Corretora Marcos Severine avalia que a Cesp (especificamente o papel CESP6, que compõe o Ibovespa) não conseguirá combinar um alto pagamento de dividendos com o ritmo acelerado de redução do nível de endividamento. A companhia precisa cumprir obrigações da ordem de R$ 2,4 bilhões, com vencimentos entre 2009 e 2011. Severine se mostra preocupado com a reação do mercado no caso de a Cesp realizar nova emissão de dívida - o cenário mais provável, na sua opinião. Para manter um pagamento de proventos da ordem de R$ 600 milhões por ano, Severine estima que a Cesp teria de rolar mais de R$ 1,2 bilhão em dívidas. Por isso, o analista não acredita na combinação de rápida desalavancagem com manutenção de altos dividendos. Ele recomenda aos investidores que não montem posição em CESP6 tomando por base essa perspectiva.

POUPANÇA

GOL

Captação

Oferta

O volume de depósitos líquidos na poupança (descontados os resgates) apurado pelo Banco Central até dia 29 de setembro indica que a caderneta pode ter tido, no mês passado, um desempenho mais fraco que o registrado em agosto. Um dia antes do encerramento do mês, a captação totalizava R$ 1,8 bilhão, frente a R$ 2,6 bilhões no mesmo período de agosto. No dia 29, o saldo aplicado na caderneta era de R$ 298,3 bilhões. Neste ano, julho foi o mês com melhor resultado de captação, com depósitos de R$ 6,7 bilhões.

Termina amanhã o período de reserva da oferta pública de ações ordinárias e preferenciais da Gol. Os pequenos investidores podem fazer pedidos entre R$ 3 mil e R$ 300 mil nas corretoras participantes. O critério de rateio será a divisão igualitária das ações. O preço dos papéis – que começam a ser negociados no pregão da Bovespa na terça-feira da próxima semana – será definido nesta quinta-feira. As ações preferenciais da empresa fecharam ontem cotadas a R$ 18,38. A oferta pode alcançar um volume de R$ 974,3 milhões.

Faixas de aplicação, em R$

Participação dos títulos

De 1 a 5 anos 50,90%

Jogos Olímpicos

2,50

Até 1 mil De 1 mil De 2 mil De 3 mil De 4 mil De 5 mil De 10 mil De 50 mil Acima de a 2 mi a 3 mil a 4 mil a 5 mil a 10 mil a 50 mil a 100 mil 100 mil


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 41

BOLSA

EMISSÕES

Desempenho

Mercado de capitais

R$ 5,3 bi

R$ 57,6 bi

foi o volume negociado ontem no segmento Bovespa da BM&F Bovespa. O número de operações chegou a 340.141. O Ibovespa avançou 1,96%, com destaque para a ação da B2W, que registrou alta de 7,01%.

foi o total de emissões de títulos de dívida e renda variável feitas neste ano, até setembro, segundo a Anbid. O volume é 34,2% inferior aos R$ 87 bilhões registrados nos primeiros nove meses de 2008.

RENDA FIXA

IBOVESPA Valor mobiliário

Código ação

Última cotação

Variação %

Máxima sessão

Mínima sessão

Comportamento anual %

ALL AMER LAT UNT N2 AMBEV PN ARACRUZ PNB N1 B2W VAREJO ON NM BMF BOVESPA ON NM BRADESCO PN N1 BRADESPAR PN N1 BRASIL ON EJ NM BRASIL T PAR PN N1 BRASIL TELEC PN BRASKEM PNA N1 BRF FOODS ON NM CCR RODOVIAS ON NM CELESC PNB N2 CEMIG PN N1 CESP PNB N1 COMGAS PNA COPEL PNB N1 COSAN ON NM CPFL ENERGIA ON NM CYRELA REALTY ON NM DURATEX PN N1 ELETROBRAS ON N1 ELETROBRAS PNB N1 ELETROPAULO PNB N2 EMBRAER ON NM GAFISA ON NM GERDAU PN N1 GERDAU MET PN N1 GOL PN N2 ITAUSA PN N1 ITAUUNIBANCO PN ED N1 JBS ON NM KLABIN S/A PN N1 LIGHT S/A ON NM LOJAS AMERIC PN LOJAS RENNER ON NM MMX MINER ON NM NATURA ON NM NET PN N2 P.ACUCAR-CBD PNA N1 PETROBRAS ON EJ PETROBRAS PN EJ REDECARD ON NM ROSSI RESID ON NM SABESP ON NM SID NACIONAL ON SOUZA CRUZ ON TAM S/A PN N2 TELEMAR ON TELEMAR PN TELEMAR N L PNA TELESP PN EJ TIM PART S/A ON TIM PART S/A PN TRAN PAULIST PN N1 ULTRAPAR PN N1 USIMINAS ON N1 USIMINAS PNA N1 V C P ON N1 VALE R DOCE ON N1 VALE R DOCE PNA N1 VIVO PN IBOVESPA

ALLL11 AMBV4 ARCZ6 BTOW3 BVMF3 BBDC4 BRAP4 BBAS3 BRTP4 BRTO4 BRKM5 PRGA3 CCRO3 CLSC6 CMIG4 CESP6 CGAS5 CPLE6 CSAN3 CPFE3 CYRE3 DURA4 ELET3 ELET6 ELPL6 EMBR3 GFSA3 GGBR4 GOAU4 GOLL4 ITSA4 ITUB4 JBSS3 KLBN4 LIGT3 LAME4 LREN3 MMXM3 NATU3 NETC4 PCAR5 PETR3 PETR4 RDCD3 RSID3 SBSP3 CSNA3 CRUZ3 TAMM4 TNLP3 TNLP4 TMAR5 TLPP4 TCSL3 TCSL4 TRPL4 UGPA4 USIM3 USIM5 VCPA3 VALE3 VALE5 VIVO4

13,48 152,30 3,97 51,90 13,23 36,65 32,57 30,85 19,56 16,22 11,36 45,90 32,90 34,40 26,94 22,50 33,82 32,04 20,40 32,89 23,50 28,80 28,00 25,15 36,92 10,17 26,85 24,80 31,11 18,38 10,92 36,70 9,80 4,33 26,60 12,28 32,75 11,70 32,76 21,68 51,00 39,97 34,45 28,68 13,35 34,71 54,99 65,52 24,15 39,44 32,60 60,50 44,00 6,08 4,63 53,15 71,20 45,30 47,00 29,22 41,50 37,14 47,55 62.369

1,77 1,53 2,32 7,01 2,72 3,44 1,78 1,75 3,82 3,97 4,12 0,66 3,30 0,73 1,47 3,31 0,96 2,36 5,21 2,02 0,86 2,13 2,19 1,82 0,87 0,20 0,56 3,94 4,57 0,22 1,96 1,94 3,81 5,87 3,46 4,24 6,68 3,08 1,36 1,26 1,35 0,38 0,85 4,29 1,91 -0,40 2,69 4,08 1,43 -0,13 -0,70 1,68 -0,02 2,36 4,04 3,00 1,42 1,23 1,51 2,53 1,32 1,53 2,04 1,96

13,56 153,65 3,97 52,10 13,30 36,73 32,57 30,87 19,69 16,26 11,38 46,30 33,16 34,40 27,09 22,73 33,83 32,09 20,45 32,89 23,76 28,90 28,00 25,19 37,45 10,24 27,21 24,95 31,15 18,70 10,92 36,75 9,97 4,33 26,94 12,44 32,75 11,70 32,90 21,69 51,30 40,16 34,55 28,68 13,44 35,27 54,99 65,98 24,43 39,56 32,96 60,50 44,19 6,08 4,63 54,38 71,58 45,50 47,24 29,22 41,67 37,23 47,80 62.459

13,20 149,00 3,88 48,51 12,85 35,40 31,61 30,32 18,28 15,40 11,04 45,69 30,97 34,01 26,55 21,90 33,46 31,13 19,38 32,25 23,30 28,10 27,07 24,44 36,65 10,03 26,43 24,10 29,95 18,30 10,67 35,88 9,52 4,13 25,86 11,76 30,89 11,41 32,05 21,19 49,60 39,50 33,90 27,53 12,91 34,23 53,90 62,20 23,90 38,64 32,60 59,40 43,80 5,82 4,44 51,24 69,90 44,90 46,33 28,20 41,06 36,61 45,90 61.177

37,86 55,02 59,44 119,58 125,88 64,13 73,98 123,07 12,35 18,91 104,68 54,34 46,69 4,85 12,04 50,58 8,16 38,62 81,49 17,88 158,96 108,11 14,12 10,52 73,28 15,44 158,70 65,23 55,47 85,47 59,77 58,25 99,06 34,30 34,24 97,06 109,82 322,38 82,20 63,29 66,42 48,63 54,95 18,85 260,23 29,50 102,61 62,39 26,51 17,65 21,04 16,73 3,80 23,83 63,41 34,71 44,29 79,29 81,58 52,10 58,19 74,66 66,10

Fundo

Rent. Rent. 12 meses Ano

ITAU PERS MAXIME RF FICFI BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI CAIXA FIC EXECUTIVO RF LONGO PRAZO CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO BB RENDA FIXA 25 MIL FICFI BRADESCO FIC DE FI RF MERCURIO BB RF MIL FICFI ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI BB RENDA FIXA 200 FICFI

10,40 10,26 10,25 10,11 9,55 9,09 8,98 7,93 7,30 6,56

Taxa Adm.

7,99 7,38 7,38 6,93 6,52 6,51 6,27 5,65 5,29 4,70

1 1 1 1,1 1,5 2 2,5 3 4 3,5

Rent. Rent. 12 meses Ano

Taxa Adm.

Aplic. mín. (R$ milhares) 80.000,00 50.000,00 30.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 200,00 300,00 50,00

DI Fundo ITAU PERSONNALITE MAXIME REF DI FICFI BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI CAIXA FIC DI LONGO PRAZO BB REFERENCIADO DI 10 MIL FICFI NOSSA CAIXA REFERENCIADO DI BB REFERENCIADO DI MIL FICFI ITAU PREMIO REFERENCIADO DI FICFI HSBC FIC REFERENCIADO DI LP POUPMAIS BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPERFUNDO SANTANDER FIC FI CLASSIC REFERENCIADO DI

10,47 10,19 8,97 8,54 8,49 7,94 7,13 7,09 6,86 5,49

7,29 7,20 6,07 5,98 5,76 5,55 4,85 4,88 4,64 4,38

1 1 2 2,5 2,47 3 4 4 4,5 5

Aplic. mín. (R$ milhares) 80.000,00 ND 100,00 5.000,00 100,00 200,00 1.000,00 30,00 100,00 100,00

AÇÕES Fundo

Rent. Rent. 12 meses Ano

BRADESCO FIC DE FIA ITAU ACOES FI SANTANDER FIC FI ONIX ACOES BRADESCO FIC DE FIA IV BRADESCO FIC DE FIA MAXI CAIXA FMP FGTS VALE I BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI ITAU ACOES VALE FUNDO DE INVESTIMENTO ALFA FIC DE FI EM ACOES BB ACOES PETROBRAS FIA

15,90 15,34 14,78 14,72 14,51 11,69 11,62 10,73 0,20 -0,80

Taxa Adm.

50,14 53,12 51,09 49,37 48,89 44,45 46,09 43,26 42,05 46,77

4 4 2,5 ND 4 1,9 2 3 8,5 2

Rent. Rent. 12 meses Ano

Taxa Adm.

Aplic. mín. (R$ milhares) 1.000,00 100,00 200,00 1.000,00 200,00

MUNTIMERCADOS Fundo

REAL CAPITAL PROTEG VAN GOGH FI MULTIMER 19,44 CAPITAL PERFORMANCE FIX IB MULT FIC 12,55 ITAU PERSONNALITE MULT AGRESSIVO FICFI 11,95 UBS PACTUAL MULTISTRATEGIES FI MULTIMER* 11,41 BRAD FIC FI MULTI GOLDEN PROFIT DIN 11,29 ITAU PERSONNALITE MULT ARROJADO FICFI 11,04 BB MULTIMERCADO TRADE LP ESTILO FICFI* 11,04 ITAU PERSONNALITE MULT MODERADO FICFI 10,48 BB MULTIMERCADO CONSERVADOR LP MIL FICFI 7,96 SANTANDER FIC FI ESTRATEGIA MULTIMERCADO 5,19

18,87 8,62 17,55 7,71 16,55 13,05 7,66 10,78 6,20 4,03

2 1,5 2 1,1 3 2 1,5 2 2 2

Aplic. mín. (R$ milhares) 10.000,00 20.000,00 5.000,00 50.000,00 1.000,00 5.000,00 5.000,00 1.000,00 50.000,00

* Taxa de performance. Ranking por número de cotistas. Fonte: Anbid. Elaboração: Brasil Econômico.

IBOVESPA

IBRX-100

SMAL CAP - SMLL

MIDLARGE CAP - MLCX

62.500

20.000

990,00

886,00

19.750

981,25

880,75

61.650

19.500

972,50

875,50

61.225

19.250

963,75

870,25

Máxima Mínima Fechamento

62.075

62.459,54 61.177,82 62.369,30

60.800

955,00

19.000

10h00

11h00

Fonte: BMF&BOVESPA

12h00

13h00

14h00

15h00

16h00

17h00

17h13

10h00

17h13

10h00

865,00

17h13

10h00

17h13


42 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

FINANÇAS

Conjuntura e estrangeiro derrubam dólar

“As operações não são apenas de ações, mas também de debêntures”, diz Paulo Dortas, da Ernst & Young

Número gigantesco de ofertas de ações e outros produtos de captação reforçam a tendência de valorização do real Gustavo Kahil gkahil@brasileconomico.com.br

A CAMINHO

A criação de modelos para traçar a trajetória de uma moeda no mercado internacional é tarefa tida como quase impossível por alguns economistas. Mas, apesar disso, a tendência macroeconômica mais definida no Brasil após a fase mais aguda da crise financeira internacional sugere uma apreciação adicional do real ante ao dólar ainda este ano. E a avaliação de que o País será o primeiro a sair da crise motivou uma forte retomada da captação de recursos pelas empresas brasileiras, tanto por meio das ofertas de ações, quanto pela emissão de debêntures e outras operações de venda de dívida. “Estamos com um número gigantesco de operações este ano e com perspectiva de aumentar”, afirma o superintendente de Registro de Valores Mobiliários da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Felipe Claret da Mota. “O otimismo é para ações, debêntures e tudo. Porém, a procura pela emissão de ações é muito grande. A retomada da pontuação da bolsa ajudou muito”, explica. Mota diz que nas reuniões realizadas com executivos de bancos de investimentos, muitos dizem

Ofertas de ações em andamento VALOR ESTIMADO EM R$ Santander

15,6 bilhões

CCR Rodovias

1,32 bilhão

GOL Linhas Aéreas

1,25 bilhão

Brookfield

918 milhões

Iguatemi

400 milhões

Brazilian Finance & Real Estate

*

JBS

*

Aliansce Shopping Centers

*

Direcional Engenharia

*

CETIP

*

Marfrig

*

Cyrela

*

*Ainda sem valor estimado t bid

Clientes do Real sem homebroker Os investidores que efetuaram o pedido de reserva da oferta de ações do banco Santander na ABN Amro Real Corretora não poderão utilizar o homebroker (via internet) no primeiro dia de negociações, que ocorre na BM&FBovespa na quinta-feira, dia 7. Portanto, para vender as ações, os clientes precisarão ligar para a corretora e solicitar a operação. Em nota de esclarecimento, a corretora alegou “questões puramente sistêmicas” e que está “apta a atender os seus clientes normalmente no primeiro dia”. O

texto diz ainda que foram disponibilizadas 24 posições telefônicas adicionais de atendimento em decorrência da oferta do banco. O uso do homebroker será normalizado no dia 8 de outubro. A corretora disponibilizou os seguintes telefones para os clientes: 113553-4279 (São Paulo), 21-34607379 (Rio de Janeiro) e 0800723-5008 (Demais localidades). A corretora não divulgou informações sobre o uso do homebroker para a compra de papéis do Santander.G.K.

que ainda trarão mais três ou quatro empresas para abrir capital. O sócio da área de transações corporativas da Ernst & Young, Paulo Sérgio Dortas, diz que os clientes voltaram a conversar sobre a possibilidade de abrir o capital. “E as operações agora não são apenas de ações, mas também de debêntures”, explica. “Nos últimos 175 meses para os quais temos dados mensais, apenas em seis a entrada líquida foi maior que a vista em agosto”, dizem os analistas do Departamento de Pesquisas Econômicas do Bradesco. Apreciação

“O câmbio ainda tem uma tendência de apreciação. A confiança em relação ao Brasil cresceu muito. Vamos crescer mais do que a média mundial e temos reserva de dólares superior a dívida externa”, afirma Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Investimentos e ex-diretor de política monetária do Banco Central, onde era responsável pelos departamentos de mercado aberto, bancário e de sistema de pagamentos (DEBAN) e câmbio. Além disso, o dólar continua com a sua tendência de desvalorização ante às principais moedas internacionais, apesar do ritmo ter reduzido com os sinais de melhora da economia global. “Muito da depreciação do dólar no mundo já veio”, analisa Figueiredo. Estimativas

Para 2009, a expectativa do Banco Central é de que os investidores estrangeiros tragam US$ 22 bilhões para o mercado acionário, e para aplicações em renda fixa. No início de 2009, o dólar era negociado a R$ 2,40, patamar que já caiu abaixo de R$ 1,80 em setembro. O estoque do BC saltou de US$ 210,9 bi no final de julho para US$ 224,3 bi na semana passada. O mercado, segundo as projeções do relatório Focus, vê o real cotado a R$ 1,80 ao final deste ano. ■

DEBÊNTURES

FIDCS

R$ 15,7 bi

R$ 3,3 bi

Este é o montante captado, até setembro de 2009, nas 32 emissões feitas pelas empresas brasileiras. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o volume das operações cresceu 121,1%, isso sem considerar as operações de leasing.

Os Fundos de Investimento em Diretos Creditórios, também conhecidos como Fundos de Recebíveis, ainda mostram captação inferior aos R$ 11,2 bilhões registrados até o final de setembro de 2008. O número de operações chegou a 40.


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 43 Marcello Casal Jr

Brasil empresta US$ 10 bilhões ao FMI O Brasil formalizou a decisão de fornecer recursos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) por meio da compra de US$ 10 bilhões em Direito Especial de Saque (SDR). O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que isso confirma a decisão tomada de fornecer recursos para o fundo. “O Brasil confirma sua decisão de ajudar a aumentar os recursos disponíveis do FMI, como uma forma de assegurar os meios necessários para efetivamente responder à atual crise financeira”, afirmou Mantega.

AGENDA DO DIA ● A Fundação Getulio Vargas divulga, às 8h, o índice de preços IGP-DI do mês de setembro. ● Às 9h, o IBGE publica a Pesquisa Industrial Mensal Regional referente a agosto. ● Não estão previstos indicadores de relevância nos EUA e na UE.

Murillo Constantino

Forte demanda pode inflar preço do Santander Apetite estrangeiro por ações do setor tende a precificar papel acima do justo, diz especialista

Divulgação

Gustavo Kahil gkahil@brasileconomico.com.br

A oferta de ações do banco Santander, que pode superar os R$ 15 bilhões, pode ter o seu preço inflado pelo grande apetite dos investidores estrangeiros pelo setor. Os coordenadores da oferta, que estimam um preço entre R$ 22 e R$ 25,00, devem anunciar o valor final nesta terça-feira. “A demanda será a suficiente para levantar o desejado”, disse o analista de bancos da casa de análise americana Morningstar, Maclovio Pina. Ele lembra que o Bradesco, em captação recente, desejava emitir US$ 500 milhões em dívida, porém ajustou a oferta para US$ 750 milhões. A demanda chegou a US$ 3,4 bilhões. “Este fato dá uma noção da demanda para este IPO. Acredito que um valor justo estaria na metade do intervalo de preços (R$ 23,50). Porém, a demanda pode puxar o preço para o teto do limite ou acima”, explica. Pina vê o Bradesco com um futuro mais brilhante que o Santander, mas avalia que o banco também possui um cenário promissor.

Maclovio Pina Analista de bancos da Morningstar

“Acredito que um valor mais correto estaria na metade do intervalo previsto pelo coordenador da oferta. Porém, a demanda pode puxar o preço para o teto do limite ou acima.”

Vice-liderança

NOTAS PROMISSÓRIAS

CRI

AÇÕES

R$ 14,3 bi

R$ 2,2 bi

R$ 21,9 bi

A emissão de notas promissórias até o final do mês passado já supera todo o montante captado por este produto em 2008, quando foram levantados R$ 13 bilhões. O número de emissões chegou a 56, segundo informações da Anbid.

A captação por meio da emissão dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ainda está abaixo do visto no ano passado (R$ 3,7 bilhões), porém já está acima do R$ 1,5 bilhão captado em 2007. Até setembro, foram realizadas 74 operações.

As emissões de renda variável estão 36,2% abaixo dos R$ 34,4 bilhões captados até setembro do ano passado. Entretanto, o grande número de ofertas em análise e a operação do Santander devem fazer com que este ano supere com folga o visto em 2008.

Serão distribuídas 525 milhões de units a serem listadas no Nível 2 de governança corporativa da BM&F Bovespa, sob o código SANB11. O Santander irá alienar cerca de 15% de sua participação na filial brasileira. Ao se considerar o teto das estimativas e as opções de lotes suplementar e adicional, a oferta pode chegar a R$ 15,6 bilhões. A operação deve alcançar a viceliderança das ofertas de ações no Brasil desde a reabertura dos mercados em 2004. O Santander ficaria atrás da oferta da Vale no ano passado, que movimentou R$ 19,4 bilhões, e à frente da VisaNet, que levantou R$ 8,4 bilhões este ano. Operação local

O Grupo Santander Brasil é o terceiro maior banco privado do País. Com uma fatia de mercado de 10%, 21 milhões de clientes e 10 milhões de contas correntes, as operações brasileiras corresponderam, no primeiro semestre do ano, a mais

de 20% do lucro líquido do grupo em todo o mundo e 53% do lucro líquido na América Latina, segundo informações do prospecto da oferta. Em ativos, o Brasil representa 9% no grupo e 51% na América Latina. O banco espanhol estima utilizar 70% dos recursos captados na expansão da rede de agências e da estrutura física das já existentes, além de incrementar as operações de crédito nos segmentos de banco comercial e de atacado. Outros 20% serão utilizados para melhorar a estrutura de funding e, os 10% restantes, para expandir a base de capital. As ações do Santander estreiam no pregão de quarta-feira. ■


44 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

FINANÇAS Divulgação

CRISE

MERCADO EXTERNO

Concessora alemã de crédito Hypo Real precisa elevar capital em € 10 bilhões

Internacionalização, diz presidente do Itaú Unibanco, só daqui a um ano

A concessora alemã de crédito imobiliário Hypo Real Estate, que foi nacionalizada, informou que precisa de um aumento de capital de € 10 bilhões (US$ 14,5 bilhões) devido a perdas passadas e previstas no futuro. Do total, € 3 bilhões já foram assegurados. A Hypo Real State não espera voltar a ter lucro antes de 2012 e não acredita que será capaz de devolver integralmente os empréstimos do governo antes de 2015.

O Itaú Unibanco reafirmou ter planos de expansão no exterior, assim que a fusão for completa, o que demorará pelo menos mais um ano. O presidente do banco, Roberto Setubal, relembrou o interesse, anunciado logo após a fusão, de crescer em outros mercados, mas com cautela. “Não estamos procurando ativos em dificuldades. Se comprarmos algo fora do Brasil, deve ser algum banco bom”, disse o executivo.

Setubal, presidente do Itaú Unibanco, reafirma interesse no exterior

Joedson Alves

Meirelles: saída do BC para corrida eleitoral gera incertezas no mercado financeiro

Ritmo de expansão econômica pode antecipar alta de juros Contratos futuros começam a pôr na conta um ciclo mais próximo de elevação da Selic; conforme levantamento do Banco Central, expectativa é taxa de 9,75% ao final de 2010 Maria Luíza Filgueiras mfilgueiras@brasileconomico.com.br

A volatilidade do mercado futuro de juros, operado através de contratos DI, está refletindo a ansiedade de analistas e investidores em relação ao desempenho da economia brasileira no próximo ano e também da forma de condução de política monetária e fiscal no exercício. O boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC) com a opinião de economistas de mercado, mostra expectativa de que a taxa básica de juros (Selic) encerre 2010 em 9,75% ao ano – elevação em relação aos 9,5% apontados no relatório anterior. Ao mesmo tempo, na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa), os contratos têm recuado esta semana, espe-

cialmente aqueles com vencimento em 2011. O contrato mais líquido, que vence em fevereiro de 2011, apontava no primeiro pregão do ano taxa de 12,14%. Ontem, fechou a 10,18%. Essa relação não é incoerente. O movimento do juro no mercado futuro e a discussão no Focus estão relacionados à expectativa de que o BC antecipe o ciclo de alta ou realize um ajuste mais forte - antes esperado para o final do segundo semestre de 2010 e agora já cogitado para o primeiro trimestre. “Todo mundo sabe que a Selic vai subir, a dúvida é quando”, resume Elson Teles, economista da Concórdia. Aceleração do PIB

A dúvida é gerada pela forte recuperação da atividade econô-

mica no Brasil no segundo trimestre, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9% em relação ao trimestre anterior. No período, a massa salarial real avançou 3,3% e as operações de crédito do sistema financeiro para pessoas físicas aumentaram 20,3%. Alguns bancos e corretoras já trabalham com um crescimento de 6% do PIB em 2010, enquanto a maioria projeta expansão de 4,5% a 5% do indicador. Unese a esta expansão a pressão fiscal para equilíbrio nas contas do governo e a corrida eleitoral, que podem afetar a inflação em 2011. O presidente do BC, Henrique Meirelles, filiou-se ao PMDB na última semana e, ainda que tenha destacado em discurso que tem foco exclusivo na condução da política monetária

PROJEÇÃO

2011 Apesar da inclinação positiva na curva de juros futuros no curto prazo, indicando alta da Selic, no médio prazo a tendência é de novo recuo na taxa básica

até maio (quanto tira licença de 15 dias para cuidar de possível candidatura), há especulação sobre quando ele deixa a cadeira e quem a ocupará. “Os burburinhos contribuem para o mercado de juros ficar nervoso”, diz Teles, destacando que na semana passada o DI futuro mostrava tendência de alta de taxas. Para André Perfeito, economista da Gradual Corretora, o fato é que quanto mais cedo a atividade econômica sinalizar pressão sobre os índices inflacionários, mais cedo o Banco Central ajusta a Selic– e, em 2011, esse ciclo já pode ter sido revertido ou estabilizado. “Se subir o juro antes, lá na frente o BC pode não subir mais ou até mesmo reduzir a Selic em 2011”, diz Perfeito. ■


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 45

Divulgação

BANCO AVANÇA NO SETOR DE ENERGIA

FINANCIAMENTO

BNDES eleva participação no capital da Eletrobrás de 14% para 21% do total

Caixa libera R$ 20 bilhões em crédito para pequenas e médias empresas

O BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ampliou a participação no capital da Eletrobrás, adquirindo ações da União na estatal. Com a operação, a fatia do BNDESPar nas ações da Eletrobrás com direito a voto subiu de 14,78% para 21,08% do total. No caso das preferenciais, aumentou de 0,44% para 8,23% do total.

A Caixa Econômica Federal disponibilizará R$ 20 bilhões em linhas de capital de giro e antecipação de receitas para serem usados por pequenas e médias empresas no último trimestre. Segundo a Caixa, até agosto foram investidos R$ 18,24 bilhões em crédito para o setor, 16,85% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é chegar aos R$ 38,24 bilhões até o fim de dezembro, uma alta de 56%.

Recurso liberado pela Caixa para pequenas empresas cresce 16% no ano

Mercado busca ajustar período de silêncio Autorregulação esclarece empresas que legislação sobre o tema não as impede de falar antes de balanços Luciano Feltrin lfeltrin@brasileconomico.com.br

Uma das principais dificuldades das empresas de capital aberto – a forma como calibrar a comunicação com imprensa e analistas em períodos que antecedem a divulgação de balanços - pode estar com os dias contados. Pelo menos é o que espera o Codim (Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado). O órgão, que reúne entidades representativas do mercado de capitais que tentam melhorar as práticas de governança cor-

porativa, divulgou um pronunciamento para reduzir falhas e dúvidas sobre o tema. O período de silêncio antes da divulgação de balanços é considerado um assunto polêmico. Isso embora, nesse sentido, a legislação brasileira para empresas com ações em bolsa seja clara. A lei diz que executivos não podem se manifestar sobre resultados trimestrais ou anuais antes de sua divulgação à imprensa e ao mercado. No entanto, as regras atuais não limitam as companhias de falar durante esse período sobre suas atividades e operações. Na prática, porém, o que se nota é algo bem diferente. Muitas empresas simplesmente param de atender analistas e a mídia cerca de 15 dias antes de soltar

seus números. Em alguns casos, esse período de completa apatia chega a alcançar 30 dias antes da divulgação. “A legislação brasileira veda apenas a negociação das ações das empresas para seus administradores 15 dias antes da divulgação de resultados. Muitas das companhias aproveitam essa brecha e ficam em silêncio pelo mesmo prazo. Isso traz uma certa confusão para o público em geral”, afirma Haroldo Levy, um dos coordenadores do Codim que estiveram à frente da revisão do assunto. Autorregulação é o caminho

Para o executivo, não há, entretanto, a necessidade de estabelecer previamente um prazo padrão para que as companhias

Gabrielli, da Petrobras

A Petrobras, comandada por José Gabrielle, está sendo investigada por suspeita de vazamento de informação no segundo trimestre deste ano. Casos como o da estatal levou órgão de autorregulação a pedir a limitação de pessoas que têm acesso ao balanço.

adotem a prática do período de silêncio. O Codim acredita que o ideal é deixar a escolha para as empresas. “O que tem de haver é a clareza na divulgação. A companhia precisa falar que adota ou não a prática e em qual o prazo a utiliza”, diz Levy. Além de reforçar que as empresas não precisam ser tão tímidas em períodos que antecedem a divulgação de seus números, o Codim também traz recomendações sobre quais cuidados elas devem tomar para evitar o uso de informações privilegiadas. A Petrobras, por exemplo, foi acusada no início do ano de ter feito divulgação seletiva de seus dados trimestrais. O caso da petrólífera está sendo investigado pela Comissão de Valores Mobiliários. ■

A economia do Brasil acaba de receber mais uma boa notícia. O Grupo Votorantim dá as boas-vindas ao jornal Brasil Econômico. Sua chegada demonstra a força da economia do nosso país, que, só neste ano, já conquistou o Grau de Investimento e a sede das Olimpíadas de 2016 e agora recebe mais um Grupo, que, como a Votorantim, acredita e contribui para o desenvolvimento do Brasil. Em ação para o futuro.


46 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009

FINANÇAS Divulgação

REGULAÇÃO

INVESTIMENTO

Presidente da Telebrás é advertido pela CVM por comunicação inadequada

Fundo Lazard atinge 5% do total de ações preferenciais da Usiminas

O presidente da Telebrás, Jorge da Motta da Silva, recebeu advertência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por não ter sido “diligente” sobre uma notícia sobre o uso ou não da companhia para o projeto de banda larga publicada em abril de 2008. O executivo afirmou à época que o ministro das Comunicações, Hélio Costa, “já não tinha tanta certeza” de que a companhia seria usada no projeto de banda larga do governo.

O fundo de investimento Lazard Asset Management, que compra fatias de empresas de capital aberto no Brasil, atingiu uma participação de mais de 5% no total das ações preferenciais da Usiminas. O percentual, que equivale a quase 13 milhões de papéis sem direito a voto da companhia controlada pelo governo mineiro, inclui todos os investimentos feito pelos clientes do fundo na empresa.

Usiminas: fundos se interessam por bons dividendos pagos pela estatal

Marketing das corretoras preocupa CVM

Shopping Iguatemi, de Salvador, é um dos empreendimentos administrados pela Aliansce, que decidiu ir ao mercado de capitais

Superintendente do órgão regulador do mercado investiga e pode excluir empresas das ofertas em andamento no Brasil Gustavo Kahil gkahil@brasileconomico.com.br

O investidor que planeja reservar ações para as próximas ofertas precisa ficar atento. A Comissão de Valores Mobiliárias (CVM) disse estar investigando algumas corretoras pelo uso de publicidade fora dos padrões estabelecidos ou não autorizada pelo regulador do mercado. Caso as análises resultem na suspensão da participação das investigadas nas ofertas em andamento, o aplicador precisará abrir conta em outra corretora para poder participar da oferta. A notícia pode novamente frustrar os investidores que buscam participar de mais uma grande operação do mercado brasileiro: a oferta do banco Santander. Com a distribuição de units (ativo composto por mais de um papel mobiliário, no caso do banco são 55 ações ordinárias e 50 preferenciais) em andamento, a instituição pode levantar mais de R$ 15 bilhões e ocupar a segunda posição do ranking das maiores ofertas já realizadas no Brasil desde a reabertura dos mercados em 2004, ficando somente atrás da Vale.

a publicidade aos mesmos moldes exigidos pela autarquia. “Detectamos alguns casos que as próprias corretoras corrigiram. Temos outros casos em investigação, mas não deve chegar ao tamanho da Visanet”, disse. O executivo não especificou o número de corretoras sob investigação e quais seriam as ofertas que elas estariam cadastradas. “O ofício orienta e oferece um padrão. Não é obrigatório, mas se a corretora segui-lo há tranquilidade de que se está fazendo a coisa correta. Se for outro padrão, então existe a necessidade de aprovação da CVM”, explica Mota. “Ninguém será prejudicado”

Manoel Félix Cintra Neto, presidente da Associação Nacional das Corretoras (Ancor), que também participou do desenho da recomendação junto com a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), disse que as corretoras foram orientadas. “Olhamos todas comunicações das corretoras e achamos que todas estão dentro do regulamento”, disse. “Tenho certeza que nenhum cliente vai ser prjudicado. O

Segundo Mota, a orientação da autarquia depois da VisaNet reduziu, mas não acabou com os problemas de publicidade irregular

episódio da VisaNet foi uma exceção porque houve uma mudança na CVM e eles optaram por suspender as corretoras. Foi uma coisa muito encima da hora”, aponta Neto, que foi presidente da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e também membro do Conselho de Administração da BM&FBovespa, que hoje ocupa a vicepresidência do banco Indusval. De acordo com profissionais do mercado de capitais, muitas corretoras excluídas no IPO da VisaNet já ajustaram a publicidade nos mesmos moldes exigidos pela autarquia. “Detectamos alguns casos que as próprias corretoras corrigiram. Temos outros casos em investigação, mas não deve chegar ao tamanho da VisaNet”, disse o superintendente da CVM. ■

Aliansce retoma A empresa se junta a outras companhias que buscam recursos abrindo capital

Padrão único

O caso da VisaNet ainda está fresco na memória de milhares de investidores. Em junho deste ano, o Bradesco BBI, coordenador-líder da oferta da administradora de cartões de crédito, excluiu 23 corretoras da operação. Depois do caso VisaNet, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou, em 26 de agosto, um ofício com modelos gráficos da publicidade autorizada. “A orientação reduziu, mas não encerrou o problema”, revelou Felipe Claret da Mota, superintendente de Registro de Valores Mobiliários, em entrevista ao Brasil Econômico. Segundo apurou o jornal, muitas corretoras excluídas ajustaram

APERTO NA FISCALIZAÇÃO DA PROPAGANDA IRREGULAR

1

2

IPO da OGX em meados de 2008

Caso VisaNet: 23 corretoras suspensas

Em junho do ano passado, duas corretoras foram excluídas do IPO da OGX Petróleo, o maior de 2008 com movimentação de R$ 6,7 bilhões. Na ocasião, o órgão regulador do mercado concedeu mais um dia para que os investidores prejudicados pudessem encontrar outra corretora. A oferta era destinada para investidores qualificados.

Caso emblemático para o mercado de capitais brasileiro, a notícia da exclusão das corretoras foi uma bomba tanto para os investidores quanto para as corretoras. A CVM não ampliou o prazo para que os investidores pudessem encontrar outra casa para participar da oferta. O IPO arrecadou R$ 8,4 bilhões com a participação de 50 mil pessoas.

A Aliansce Shopping Centers protocolou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um pedido de registro para realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A operação inclui uma emissão primária e a venda de papéis detidos pelos atuais acionistas da companhia (secundária), segundo informações disponibilizadas no site da CVM. Os planos da empresa de captar recursos vendendo ações haviam sido revelados pela agência Reuters. A companhia tenta retomar assim o plano de abrir o capital, frustrado em 2007, depois que CVM suspendeu a análise do pedido de aprovação de oferta

pública, alegando que um executivo da empresa teria fornecido à imprensa informações que não constavam do prospecto preliminar. Formada por uma parceria entre a Nacional Iguatemi e a norte-americana General Growth Properties, a Aliansce foi criada em 2004 e atualmente administra ou participa de 20 empreendimentos, entre os quais o Shopping Iguatemi Salvador. Conforme informação do site da empresa, outros quatro projetos estão em desenvolvimento. Necessidade de capital

Em 2009, dois grupos do setor já listados recorreram mais uma vez à bolsa com vistas a financiar a abertura de novos empreendimentos. Em julho, a BR Malls levantou R$ 836 milhões.


Terça-feira, 6 de outubro, 2009 Brasil Econômico 47

Crédito de FOTO

CRISE FINANCEIRA

CAPITAL ABERTO

Governo tem de estar atento para evitar atuação pouco produtiva, alerta Greenspan

Lupatech prepara programa de emissão de ADRs no mercado americano

O governo americano tem de manter o foco na tentativa de estimular a economia. No entanto, também é preciso ter atenção para que o possível exagero da iniciativa não acabe por ser contra-produtivo, declarou o expresidente da Federal Reserve, o Banco Central (Fed) dos Estados Unidos, Alan Greenspan, em entrevista ontem à emissora de tv ABC. .

A Lupatech, uma das principais fornecedoras da Petrobras, anunciou ontem a aprovação de um plano de emissão de American Depositary Receipts (ADRs) nível 1 nos Estados Unidos. Isso significa que a empresa irá negociar seus papéis em mercado de balcão e não de bolsa de valores. Cada ADR será equivalente a uma ação ordinária da empresa. O Bradesco será a instituição financeira responsável pela custódia dos papéis.

Lupatech: listagem nos Estados Unidos aumentará visibilidade da companhia

skyscraperlife.com

CSN e Caixa têm fundos de pensão desenquadrados Limites de 70% para investimentos em ações valem apenas para Novo Mercado

Mesmo com as novas regras estabelecidas para os investimentos dos fundos por meio da Resolução nº 3792 do Conselho Monetário Nacional (CMN), existem alguns fundos que continuam desenquadrados, segundo a Secretaria de Previdência Complementar (SPC). É o caso da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, da CBS, fundo da CSN, e da Caixa, dos funcionários da Usiminas, que continuam excedendo os limites de investimento em renda variável. Embora o limite tenha sido ampliado de 50% para 70%, o secretário Ricardo Pena Pinheiro explicou que ele vale apenas para as empresas listadas no Novo Mercado, enquanto os limites para os outros níveis de governança são mais restritos. Segundo Pena, o fundo de pensão da Emater, Fapa, também está fora dos padrões, mas seu desenquadramento está na área de imóveis. O secretário não detalhou os investimentos de cada fundo. Crescimento em shoppings

planos para vender ações No mês passado, foi a vez da Multiplan conseguir R$ 792,35 milhões também com uma oferta primária de ações. Atualmente, há cinco empresas de shopping centers na BM&FBovespa. Junto com Multiplan e BR Malls, estão General Shopping, Iguatemi e JHSF. Em todo o país, de acordo com dados fornecidos pela a Alshop, havia 695 shopping centers em operação ao final do primeiro semestre, com um total de 85.878 lojas. Em termos de vendas brutas, considerando-se dados da Abrasce, o setor atingiu a marca de R$ 64,4 bilhões no ano passado, devendo chegar a R$ 70 bilhões em 2009. Mercado aquecido

As empresas estão se aproveitando da melhora no ambiente

Atualmente, há cinco empresas do setor de shopping centers na BM&FBovespa: Multiplan, BR Malls, General Shopping, Iguatemi e JHSF global, com a recuperação econômica que estimula a busca por rentabilidade, para retomar projetos antigos de abertura de capital. O investidor tem pela frente ao menos 11 emissões programadas no mercado de capitais. A maior delas é a oferta de ações do Santander, que pode levantar R$ 15,6 bilhões. Se este volume for alcançado, será a maior emissão do ano no mercado global. Ou-

tras empresas também estão na fila para captar recursos no mercado de ações. A PDG Realty pode conseguir outros R$ 1,074, recursos para sustentar os investimentos necessários em um momento em que o setor imobiliário retoma projetos parados por conta da crise que se instalou no mercado global em meados do ano passado. Outra empresa do setor, a Rossi Residencial, pode conseguir, via emissão de papéis no mercado de ações, R$ 922 milhões, enquanto a Gol planeja captar R$ 1,35 bilhão. Outras duas empres com processos de emissão em andamento são a CCR Rodovia, cuja oferta pode conseguir R$ 1,32 bilhão, e a Brookfield, antiga Brascan, que tem planos de levantar R$ 918 milhões. ■ Reuters

O fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil tem interesse em crescer nos setores de energia, shoppings e imóveis comerciais. Segundo o diretor de participações, Joilson Rodrigues, o fundo tem interesse em eventuais vendas de participações em ativos de energia no Brasil. Ele citou o processo de venda da fatia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na Brasiliana, que está parado. Ainda no setor de energia, ele afirmou que investimentos diretos, como na construção da hidrelétrica de Belo Monte, a Previ só deve atuar por meio das suas controladas (CPFL e Neoenergia), e não de forma direta. No segmento imobiliário, a Previ tem “bastante interesse” devido à boa rentabilidade deste tipo de investimento. Segundo Rodrigues, também há a possibilidade de avançar em galpões industriais. Atualmente, o fundo

tem R$ 3 bilhões em carteira no setor, mas tem espaço para crescer porque aplica menos de 3% do seu patrimônio nestes ativos, enquanto o limite é de 8%. Atualmente, a Previ já tem participações no segmento. O fundo é sócio do Shopping Curitiba, noTatuapé e Morumbi, no Barra Shopping, no Rio de Janeiro, e no Ribeirão Shopping, localizado no interior de São Paulo. ■ Reuters

Previ, maior investidor institucional da América Latina, quer reforçar investimentos em shoppings centers


48 Brasil Econômico Terça-feira, 6 de outubro, 2009 BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Rua Quintana, 11.633, 8º andar - CEP 04569-011 - Brooklin, São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000 Central de atendimento e venda de assinaturas: 4007 1127 (capitais), 0800 6001127 (demais localidades) atendimento@brasileconomico.com.br - Atendimento ao jornaleiro: 0800 550553 (OESP) É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômico S.A.

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Bancos precisam de US$ 78 bilhões

Marcela Beltrão

Ricardo Galuppo rgaluppo@brasileconomico.com.br

Commerzbank, Allied Irish Banks, Bank of Ireland e Société Générale estão entre os bancos europeus que precisam captar um total conjunto de US$ 78 bilhões, afirmou ontem em relatório o JPMorgan Chase. Os bancos europeus precisarão de US$ 38 bilhões para a recompra de participações pertencentes a governos e mais US$ 40 bilhões para atenderem a coeficientes de capitalização mais rígidos, escreveram os analistas Kian Abouhossein e Cormac Leech do JPMorgan Chase. Os líderes dos países integrantes do Grupo dos 20 (G-20) concordaram no mês passado em desenvolver regras para exigir que os bancos tenham mais capital e de melhor qualidade e que limitem a alavancagem, com um mínimo de 8% de coeficiente de capital principal, uma medida da força financeira, disse o JPMorgan. O Commerzbank, o segundo maior banco da Alemanha, tem o maior déficit de capital, de US$ 17 bilhões, segundo os analistas. Os irlandeses Allied Irish Banks e Bank of Ireland poderão ter que captar US$ 10 bilhões e US$ 7 bilhões, respectivamente, enquanto o Société Générale, o segundo maior banco da França, precisa de US$ 6 bilhões de capital adicional. Intesa Sanpaolo SpA, Banca Monte dei Paschi di Siena SpA e Deutsche Bank têm déficits de capital de cerca de US$ 5 bilhões cada, estimaram eles. Na contramão, HSBC Holdings Plc, UBS AG e Credit Suisse Group AG têm as maiores quantias de capital excedente, segundo os cálculos dos analistas. O déficit de capital total de US$ 78 bilhões exclui os US$ 67 bilhões de que os britânicos RBS e Lloyds Banking Group Plc precisariam captar conjuntamente, no caso de saírem do Esquema de Proteção de Ativos (APS, na sigla em inglês), do governo do Reino Unido, disseram os analistas. ■

Anúncios e liberdade de expressão Durante anos, as principais redações do Brasil foram palco de um conflito velado entre os responsáveis pelo conteúdo editorial e os profissionais encarregados de vender espaço publicitário nos jornais e revistas. Os do primeiro grupo – ou seja, os jornalistas – sempre desconfiaram da força misteriosa que, na última hora, empurrava para as páginas da publicação anúncios capazes de ocupar o espaço de reportagens que haviam custado horas e horas de trabalho. Um jornal repleto de anúncios, imaginava-se, era a consequência de uma linha editorial tíbia, flexível e, pior do que isso, negociável. Na outra ponta, os publicitários nunca entenderam a razão pela qual os jornalistas tanto resistiam em abrir espaço para anúncios que, no final das contas, garantiriam o faturamento da empresa e, por consequência, o pagamento dos salários de toda a equipe.

Quanto maior o número de anúncios e mais variado o de anunciantes, maior será a certeza na independência do conteúdo

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Brasil prefere a França no acordo dos caças O Brasil disse ontem estar mais inclinado à empresa francesa Dassault do que à suíça Saab e à americana Boeing na disputa por um contrato para a compra de aviões de combate. Em visita a Buenos Aires, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, explicou o apoio do governo brasileiro ao caça francês Rafale, da Dassault, no contrato para o fornecimento de 36 aeronaves. O Rafale compete com o Gripen NG da Saab e o F-18 Super Hornet da Boeing. “A questão básica para a decisão final é a capacitação nacional. O Brasil não pode ser comprador de armas e querer desenvolver tecnologias”, disse Jobim. O presidente Nicolas Sarkozy, da França, afirmou que faria uma transferência de tecnologia irrestrita, enquanto a afirmação dos Estados Unidos indicou que a Boeing faria transferências tecnológicas necessárias. O processo de seleção deve passar por análises sem prazo definido. ■ Reuters

Hoje em dia, felizmente, questões como essa parecem cada vez mais superadas. O ambiente profissional tem evoluído e já é comum encontrar, de um lado e de outro, profissionais que defendem o equilíbrio. Desde que fique claro para o leitor onde começa a publicidade e onde termina o conteúdo editorial, é mais do que desejável a coexistência pacífica entre um e outro. Numa sociedade democrática, a publicidade, mais do que a principal fonte de receita das publicações, é a grande fiadora da liberdade de expressão. Quanto maior a quantidade de anúncios e, sobretudo, quanto mais variado for o número de anúncios, maior será a certeza do leitor na independência do conteúdo de uma publicação. O círculo virtuoso desse processo parece extremamente simples: um jornal rico em publicidade dispõe de mais recursos para investir em seu conteúdo e em sua qualidade editorial. Agindo dessa maneira, ele se torna mais atraente para quem de fato interessa: o leitor. Converte-se, por esse caminho, numa mídia mais poderosa e, portanto, mais atraente para os anunciantes. ■

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