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Perfil
Conheça mais sobre os trabalhadores da Cana Planta
Gregório Leandro Gonçalves Melhorias na educação e proteção a família são os principais lemas deste homem
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umildade e simpatia são as principais características deste colaborador da Cana Planta. Gregório Leandro Gonçalves, de 48 anos, é morador de Taciba desde criança e dedicou boa parte da vida no trabalho a usinas e empresas do ramo da cana. Neste período, conquistou a amizade e o respeito de todos e se tornou conhecido e querido no município. “Me mudei para a região de Taciba, Regente Feijó ainda criança e hoje me considero tacibense. Foi aqui que cresci, que me criei e que a vida me deu muitas lições, aprendi a amar esta terra, além de ter me identificado muito com o pessoal daqui”, afirma. Como morador da cidade, Gonçalves aprendeu a avaliar as administra-
ções e a apontar os principais pontos a serem melhorados no município. Ele acredita que o mercado de trabalho, tanto de Taciba quanto da região, tem vários oportunidades e o que falta realmente são profissionais capacitados. “Temos aqui ao lado Prudente, que é uma cidade de grande porte, onde existem várias escolas com cursos profissionalizantes. Acho que convênios deveriam ser realizados com estas escolas, com os governos para que mais pessoas entrem no mercado de trabalho”, afirma. Ele aponta como principais contratantes da região as usinas e empresas do ramo da cana. “Estes locais precisam constantemente de pessoas qualificadas. Estas empresas também só tendem a crescer. Eu que trabalho no ramo, já vi muita gente perder vaga de emprego, por falta de qualificação profissional”, ressalta. No lado pessoal, Gonçalves orgulha-se ao falar da esposa Maria do Rosário. “Eu prezo muito a família. A minha esposa é minha companheira e também pertencente a uma família muito boa e tradicional de Taciba”, conta. Pai de três filhos – todos adultos e bem criados - ele afirma que a família é uma instituição que precisa cada vez mais de proteção e respeito. “A família é a base de todo ser humano e não pode ser banalizada. O carinho que você tem pelos seus filhos, esposa, irmãos é o mesmo com o que você deve tratar todas as pessoas, afinal somos todos iguais”, destaca.
Daniel Batista de Oliveira Entusiasmo e vontade de mudar o cenário atual movem este jovem de 27 anos
Cana Planta prioriza trabalhador
Cana-de-açúcar, investimento viável JORNAL VIDA VERDE - JULHO 2012
Saiba a importância das normas regulamentadoras do trabalhador rural na empresa.
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AGROINFORMATIVO EMPRESARIAL - ANO I - JULHO 2012 - NÚMERO 2
Entenda porque fazendeiros abandonaram a pecuária para investir no plantio desta cultura. PÁG 7
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ntusiasmo, juventude e muita vontade de mudar a vida da população tacibense. Este foi o perfil traçado durante a entrevista de Daniel Batista de Oliveira. Em 2004, ele foi eleito o vereador mais jovem da cidade de Taciba - com apenas 20 anos - para representar o povo na câmara de vereadores. Com 27 anos, ele nasceu e vive até hoje no município, o técnico de segurança no trabalho, que hoje trabalha na Cana Planta, tem correndo nas veias o dom para política. Neto de vereador, ele conquistou a confiança do povo diante da credibilidade da família e também de trabalhos desenvolvidos na cidade. “Eu era secretário do padre e acabei conhecendo muita gente, meus amigos sempre falavam para eu me candidatar. É aquela história muitas vezes você escolhe ser da política, outras você é escolhido por ela, e eu considero que fui escolhido, porque de tanto as pessoas me incentivarem eu tomei coragem e entrei”, conta. Então vereador, ele ganhou em 2005 do Instituto de Pesquisa Liderança como “Vereador Destaque” do município, diante de atividades desenvolvidas em prol da população. Daniel defende a ideia de que o mundo só vai mudar se você fizer alguma coisa para obter a mudan-
ça. Ele acredita que diante de atitudes que você não está contente, a pessoa não deve se manter parada e sim tomar iniciativas para melhorar a situação. “Isso não só na política, mas em todos os setores da nossa vida”. Na cidade de Taciba ele afirma que todos os setores merecem atenção especial, para que no final o resultado seja a melhoria de vida da população. “Acho que a saúde, a parte social, geração de mais emprego, consequentemente mais renda, moradias, enfim, eu como cidadão tacibense vejo que a cidade tem muita a crescer e a prosperar nos próximos anos”, finaliza.
Mulheres no campo Sem perder a feminilidade, trabalhadoras garantem o sustento do lar. PÁG 4
Conheça o perfil dos colaboradores da Cana Planta: Gregório e Daniel. PÁG 8
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Investir na cana-de-açúcar é garantia de lucro, emprego e benefício social Entenda porque fazendeiros abandonaram a pecuária para investir no plantio desta planta que contribuí para diminuir a emissão de poluentes na atmosfera Jacinto Francisco da Costa
O momento mais sublime na vida É
tão sublime que só aconteceu uma vez. Sem dúvida, a juventude é uma idade de ouro e sempre lembrada com nostalgia. É um breve momento inesquecível, romântico, vibrante, emocionante e feliz. É uma fase vigorosa e criativa, onde tudo é novo e fresco como uma densa nuvem no céu, com nuances de rosas. Devemos reconhecer que essa mesma juventude, tão louvada, cantada e tocante é também um momento repleto de nuvens escuras e nunca livre de incertezas, turbulências, medo e ansiedade. E nesta certeza incerta que moldamos “quem vamos ser” e “para onde vamos”. É na juventude que contrariamos a lógica pelo impreciso, pois se for conveniente, dois mais dois são cinco. Quantos amores que entendíamos como definitivos e únicos, deixamos para trás? Felizmente, tanto na natureza como também nos seres humanos, depois da tempestade vem a bonança e talvez o melhor da juventude é descobrir que ela tenha passado. A verdade é que sem saber quando, para alguns “antes”, outros “depois”, mas em algum ponto impreciso da vida chega o tempo em que tudo fica mais claro e lento ou melhor, é quando começamos a diminuir a marcha , pau-
Este amor de agora é você que em algum momento da sua juventude deixou-se levar por devaneios, sonhos e tenta como uma folha na correnteza, lutar inutilmente contra a maré. Não vou deixar que você se afunde na imensidão das águas e no desespero da agonia. Estenda-me o braço que eu te acolherei e me tornarei o seu porto seguro. Estou pronto para te amar e tão seguro desse amor que chego a pensar que ele não é desta vida.
JORNALISTAS RESPONSÁVEIS: FOTO / PRODUÇÃO / REPORTAGEM / EDIÇÃO:
CAROLINA MESCOLOTI sando suavemente e sem pressa, dentro de nós mesmos. Ao contrário de uma folha que se deixa levar pela correnteza, conhecemos na maturidade, escolher caminhos e destinos mais seguros. E neste momento, o rio caudaloso se transforma em um fluxo de paz e move-se lentamente, quase despercebido, pois se transforma em grandeza infinita, profunda e imensurável que antagoniza com tudo que acreditávamos ser eterno e definitivo, inclusive os amores que pensávamos em ser para sempre. Que seja bem vinda a maturidade. A maturidade não é exatamente o meio do dia, após momentos de nevoeiros que se dissolvem lentamente quando tocados pela luz do sol. A maturidade é algo extraordinário, pois não estamos mais preocupados com as tendências ou mudanças
Mtb 69141/SP
que experimentam as novas gerações. Eles estão dobrando nortes, se debatendo para fazer inovações naquilo que já inovamos um dia para eles. Agora queremos o básico e o essencial, queremos coisas palpáveis, queremos diamantes lapidados, acreditamos que dois mais dois são realmente quatro e geralmente já amadurecidos, entendemos que o amor não é um grande laço e nem um passo para agonia. Não é uma flor que com a mesma precisão floresce, murcha e cai. É na maturidade que cessam as dúvidas e as incertezas consoantes. Definitivamente, o que tínhamos de ser, já somos e o que não haveríamos de ser não seremos, pois a idade dos impulsos arrebatadores terminou. Agora que venha o amor, pois temos a consciência que estamos prontos para sermos felizes, fazer feliz e viver feliz.
DANUZA AZEVEDO MARCOS CORREA Mtb 67987/SP TIRAGEM:
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Usando o subproduto de cana - bagaço e levedura – engorda-se o boi em regime de confinamento. Diminuindo o espaço e utilização de pastagens, não comprometendo a produção do alimento
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uitos fazendeiros deixaram o ramo pecuário para investir na cana e esta é uma atitude, que apesar de estar se tornando cada vez mais comum, é criticada por muitas pessoas. Muito se discute a troca de uma lavoura do ramo alimentício, ou do gado, que também é alimento, para se plantar a cana. Para o engenheiro agrônomo e proprietário da Cana Planta, Francisco Jacinto da Costa, “Chicão”, o ciclo da cana está em um bom momento e que o mercado só tende a melhorar. “Investir na cana é garantia de lucro. Na pecuária a reposição do boi é muito caro, porque o mercado não oferece boi magro em um bom custo para a reposição”, comenta. Ele ainda ressalta que a cana é garantia de lucro. “Hoje em dia a tecnologia é parceira da cana, existe técnicas de manutenção e correção de solo que ga-
rantem a longevidade da cana no no país está em um momento tão bom, que até investidores de outros mesmo solo”, afirma. Segundo ele existe um tabu de que países procuram nossas terras para ina cana deixa o solo infértil, o que ele vestir. “Aqui temos tecnologia mais afirma ser uma mentira. “Além das avançada, conseguimos tirar 7.500 litécnicas de correção, adaptação e tros de álcool por hectare da cana. Nos preparação do solo, também existe EUA eles produzem, do milho, apenas três mil litros de álcool por a rotatividade de cultuhectare”, diz. ra. Não existe essa, de “Hoje em dia, a Exemplo - O tacibendeixar a terra infértil”. produção mundial de se Benedito da Silva, que Chicão aponta alguns etanol é de 50 há mais 30 anos, ele, junnúmeros importantes milhões de m³, tamente com a família, da cana no Brasil. Senúmero que só o tinha a pecuária como gundo ele, o plantio da Brasil deverá atividade, e há 5 anos cana ocupa menos de produzir sozinho em passou a arrendar terras 5% da área nacional 10 anos”, conta para o plantio da cana. agricultável, portanto é Ele conta que a decisão incorreto afirmar que a Chicão. foi tomada devido à descana ocupa espaço de alimento no campo. São destinados valorização do gado. “Os preços estaseis milhões de hectares para a cana, vam lá embaixo e os custos altíssimos. contra 30 milhões de lavoura e 50 Parece que o mercado deixa o preço para o gado. “Na área onde se cria cair até faltar gado, depois volmil bois, são necessário apenas dois ta com o preço muito alto e isso funcionários para cuidar desses ani- gerava muita instabilidade. mais, nesta mesma área onde é Quem mexe com gado, geralplantada cana são necessários mente gosta disso, por isso 100 funcionários. A cana gera muita gente continua neste muito mais empregos para o ramo”, conta. E estabilidade era o que o país”, conclui. Segundo ele, hoje a produção pecuarista procurava. “Eu dede etanol no Brasil é de 25 mi- cidi arrendar parte da terra lhões de m³, e que em 10 anos a para o plantio de cana, além expectativa é de que este núme- de todo o município já ser volro dobre. “Hoje em dia, a produ- tado para esta atividade, tamção mundial de etanol é de 50 bém existem empresas que milhões de m³, número que só o arrendam as terras que são Brasil deverá produzir sozinho em sólidas no mercado e que pagam certinho. É mais garanti10 anos”, conta. Ele afirma que o setor da cana do o lucro, sem contar que a
Colheita de amendoim em rotação de cultura com a cana de açúcar, quebra o mito de que a cana ocupa o lugar do alimento
cana não tem risco de morrer como é o animal, também não tem risco de ser roubado, porque acontecia muitos roubos de gado”, diz. Outro fator que agrega ao município, segundo Silva, são os empregos que a cana cria para a região. “Antes quando a criação de gado predominava no município as pessoas não ganhavam tão bem quanto hoje. Houve melhor acréscimo de ganhos para o trabalhador, o que melhora também a economia da cidade. Silva se diz feliz com a mudança de ramo de atividade. “Eu não aconselho ninguém a mudar, porque cada um tem que saber da sua área, mas eu estou muito feliz e não me arrependo de ter arrendado parte das terras para a cana, e para a agricultura, porque também existem outras culturas”, finaliza.
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A importância da adequação no setor sucroalcooleiro à NR 31 Cana Planta apoia resolução e prioriza segurança e conforto do trabalhador
N Chicão e um dos colaboradores da Cana Plana Nando, á frente dos caminhões oficina e comboio, ambos para manutenção e abastecimento de tratores e máquinas na roça.
Cana Planta participa da festa junina na propriedade do Juvenal Scatolon
Festejo junino: Chicão participa da reza do terço em devoção á Nossa Senhora Aparecida
Leitora confere a primeira edição do Vida Verde: Sucesso
Pula fogueira: Chico, Gustavo e Juvenal em clima de festa junina
Diversão: Chicão e amigos em pescaria em Serra da Mesa – GO
o dia 3 de março de 2005, o Ministério do Trabalho e Emprego aprovou a Norma Reguladora n° 31, que trata da segurança e da saúde na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, com o objetivo de estabelecer preceitos a serem observados no meio ambiente do trabalho rural. A resolução estabelece os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho. A Canaplanta - uma empresa do setor sucroalcooleiro especializada em assistência técnica, logística e prestação de serviços de Taciba - realizou avaliações dos riscos para a segurança e a saúde dos trabalhadores e, com base nos resultados obtidos, adotou as medidas de prevenção e proteção adequadas. A prioridade é a eliminação dos riscos à saúde do empregado. O proprietário da Cana Planta, Francisco Jacinto da Costa, o Chicão, afirma que a empresa apóia a NR 31 e considera a norma uma regulamentação de primeiro mundo. “Muitas pessoas julgam a norma um pouco radical, mas nós apoiamos. Foi preciso essa medida. Antigamente o trabalhador rural foi escravizado, sofria muito abuso e essa norma foi uma conquista para a categoria”, afirma. Ele conta que a Cana Planta prioriza a segurança e o conforto do trabalhador rural, por isso é disponibilizado na roça – mesmo sem ser exigência - uma ambulância, para atender eventuais emergências, marmitas térmicas, que garatem uma refeição de qualidade e quentinha, isotônico para reposição de energia. “Nós temos também a área de vivência, que é um espaço onde o nos-
so parceiro pode almoçar, tomar uma água gelada, descansar no horário de almoço. Também disponibilizamos banheiros químicos, femininos e masculinos”, destaca. Chicão ressalta que a partir dessa relação de respeito e cuidado com o trabalhador a empresa só tem a ganhar em produtividade. “Nós acreditamos que é necessário que o parceiro tenha prazer em trabalhar para uma empresa, onde ele sabe que é bem cuidado e que é respeitado. Uma pessoa que não está sa-
tisfeita no trabalho, não produz e a empresa é a maior prejudicada quando uma situação desta acontece”, ressalta. A Cana Planta também mantém no campo um profissional na área de segurança para orientar os trabalhadores sobre o uso dos EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual). Não significa o simples fornecimento de EPI’s, que deve ser a última medida a ser tomada, para a neutralização dos riscos. Tal equipamento só deve ser usado após o empregador reduzir ao mínimo possível, ou eliminar, os riscos à saúde do obreiro. “Além de fornecer os equipamentos de segurança, nós orientamos o trabalhador a usar, fazemos o trabalho de conscientização da importância destes equipamentos para o desenvolver seguro do trabalho que ele está realizando. Porque temos que assegurar que sejam fornecidas aos trabalhadores instruções compreensíveis em matéria de segurança e saúde, bem como toda orientação e supervisão necessárias ao trabalho seguro”, destaca.
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Esforço diário para o sustento do lar Mulher garante a renda de sua família através da cana
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cordar cedo, preparar o café para os filhos, despedir-se do lar e seguir em rumo a mais um dia de trabalho. Esta é a rotina de muitas mulheres que trabalham no plantio e corte de cana. A conquista da mulher por um espaço no mercado de trabalho teve início na I e II Guerra Mundial, quando os homens foram para as frentes de batalha. Com a morte de seus esposos e pais, elas passaram a assumir a posição e seus cargos no setor profissional. A partir deste mo-
mento, as mulheres tiveram que conciliar as obrigações do lar com seus projetos de trabalho, além de se preocupar com o sustento da casa, já que se tornavam chefes de família. O sol forte e o peso do facão não intimidam Eliete Maria Alves Quaresma, 30, moradora da cidade de Nantes e mãe de dois filhos, Larissa de 12 anos e William de 10 anos. “Trabalho na roça desde os 8 anos na colheita do algodão. Meu pai era muito rígido com seus filhos e tínhamos que contribuir com a renda da família, já que a nossa infância era muito humilde”, afirma. Ela diz que seus dois irmãos também trabalhavam na roça e que tinham, assim como ela, muitas vontades que não eram possíveis de serem conquistadas na época. “An-
Ambulância de plantão - Assim como consta nos direitos dos trabalhadores rurais é necessário que a empresa disponibilize uma ambulância para ficar de plantão durante a jornada de trabalho de seus funcionários. No caso de qualquer eventualidade é preciso que um profissional da área da saúde esteja disponível para realizar o atendimento de urgência. Letícia Gava Gerardini, 22, enfermeira, é quem realiza o atendimento destes trabalhadores. Ela conta que o trabalho deles é exaustivo devido ao sol forte durante o dia e que por isso existe a necessidade do acompanhamento de plantão. “Graças a Deus nunca tivemos uma ocorrência grave, as queixas dos trabalhadores são em relação à desidratação do sol e cansaço. Por isso sempre temos às mãos um isotônico e um soro para repor os líquidos perdidos pelo organismo”, diz. A enfermeira conta que por ser mulher, a proximidade com as trabalhadoras rurais também facilita. “As mulheres se abrem mais comigo, por eu ser mulher e acredito que este fator auxilia também nos cuidados emergenciais”, destaca.
tigamente, as coisas eram mais difíceis. Não tínhamos equipamentos para trabalhar, até para beber água tínhamos que beber da garrafa de outras pessoas, porque não
havia dinheiro para comprar uma. Tínhamos vontade de ter uma roupa, um sapato novo e um brinquedo”, salienta. Eliete conta que sua rotina é cansativa, mas que tudo o que conseguiu até hoje é resultado de seu trabalho. “Hoje, as condições de trabalho são boas, temos água gelada, protetor solar, equipamentos de segurança como botas, luvas, chapéu. Trabalho na Cana Planta há 4 meses e chego na roça por volta das 7h30, saio às 15h40 e
volta pra casa às 17h”, diz. Além da melhoria nas condições de trabalho, ela diz ainda que as leis em benefício dos trabalhadores são cumpridas. “Ás vezes, quando não estou bem de saúde o atestado médico é pago pela Cana Planta, sem nenhum problema. Hoje, graças a Deus tenho todos os meus direitos garantidos com a carteira assinada”, explica. Como toda mulher, Eliete diz que é vaidosa e gosta muito de cuidar de seu cabelo. “Gosto de usar maquiagem leve como base, pó e um brilho labial, mas o que eu mais gosto de cuidar é do meu cabelo que é bem comprido”, conta. Foi também na roça que ela conheceu seu esposo, Cícero Ferreira Quaresma, com quem é casada há 14 anos. “Tudo o que construímos foi através do trabalho no campo e principalmente com o corte da cana. Juntos, eu e meu esposo conseguimos comprar a nossa casa própria, agora estamos comprando a segunda, além de dois terrenos. Conseguimos até um carro que ainda estamos pagando”, afirma. Mãe dedica-
da, Eliete diz que tudo o que não pôde ter na infância hoje proporciona a seus filhos. “Tenho orgulho hoje de poder comprar roupas, sapatos, material escolar e o que meus filhos precisam, graças a Deus e ao meu trabalho, hoje eles têm tudo o que querem”, salienta. E completa: “O que é mais importante para mim como mãe é passar os exemplos e valores do trabalho e esforço para meus filhos. Quero que eles estudem, tenham uma profissão e um futuro melhor ”, enfatiza. Ela diz que não teve oportunidade de terminar a escola e parou de estudar no segundo ano do Ensino Médio. “Como tinha que trabalhar era muito difícil conciliar o trabalho com o estudo e parei de estudar no segundo colegial, mas o meu sonho é terminar a escola e poder trabalhar em um emprego na sombra, pois o sol é desgastante”, afirma. Emocionada e com algumas lágrimas nos olhos, Eliete conta que não há nada que pague o carinho e o reconhecimento dos filhos ao observar a sua luta como mãe. “Várias vezes minha filha já me disse que tem orgulho de mim, porque sou uma mulher trabalhadeira e me esforço pelos meus filhos. Isso é uma benção de Deus”, finaliza.
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Feminilidade na roça Seja no corte ou plantio da cana, mulheres se preocupam com a vaidade
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empre com um batom no bolso pronto para ser passado, Sulamita dos Santos, 19, moradora de Nantes e funcionária da Cana Planta, não dispensa o objeto de beleza no trabalho. Ela conta que começou a trabalhar na colheita de milho aos 16 anos e que contribuía com o sustento da família já que sua mãe era a chefe do lar. “Somos em quatro irmãos, três homens e eu de mulher. Apenas eu e mais um irmão trabalhávamos na roça para ajudar minha mãe com as despesas da casa. Os outros dois trabalhavam em cidades de fora”, explica. A jovem conta que optou pelo trabalho na roça, já que trabalhando como empregada doméstica o salário pago era muito baixo. “Normalmente era uma diária muito baixa e para nós que precisamos muito do dinheiro, o valor pago pelo trabalho na roça compensa mais”, diz. Quem observa Sulamita na roça com chapéu e vestes rústicas, não imagina a mulher vaidosa que existe em seu interior. “Gosto muito de concursos de beleza e sempre que posso participo na minha cidade. Quando me arrumo pra sair, gosto
de passar lápis no olho, rímel e fazer uma escova no cabelo”, conta. Ela participa dos concursos de beleza desde 2010, que ocorrem durante o Rodeio de Nantes. “Desde 2010 participo do concurso para a Rainha do Rodeio de Nantes, este ano fiquei em 5º lugar”, diz. E completa: “A Cana Planta me patrocinou fornecendo minha roupa e calçado. Eu não participaria do concurso se não tivesse a ajuda da empresa”, explica. Entre os concursos, o prêmio que Sulamita se orgulha é do primeiro lugar no Concurso de Beleza de Nantes em 2011, ela conta que foi uma surpresa e que não esperava ter ganhado. Sulamita foi mãe ainda na adolescência e hoje conta com a ajuda de sua mãe, Edinalva dos Santos, para cuidar de seu filho Vitor Augusto de 3 anos. “Quero com o meu trabalho poder garantir um futuro bom para o meu filho e para minha mãe”, diz. A jovem conta que tem um sonho e que ainda quer realizá-lo. “Quero ainda poder fazer uma faculdade de Psicologia e trabalhar no departamento de Recursos Humanos de alguma empresa”, revela. E completa: “Eu acredito que um dia isso será possível”, finaliza.