Fueled

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K. BROMBERG

Fueled Série Driven Livro 2

São Paulo 2018


Fueled Copyright © 2013 by K. Bromberg Copyright © 2015 by Universo dos Livros Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

Diretor editorial: Luis Matos Editora-chefe: Marcia Batista Assistente editorial: Letícia Nakamura Tradução: Monique D’Orazio Preparação: Francisco Sória Revisão: Juliana Gregolin e Tássia Carvalho Arte: Aline Maria e Valdinei Gomes Capa: Rebecca Barboza Projeto gráfico e diagramação: Vanúcia Santos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057 B811f Bromberg, K. Fueled / K. Bromberg ; tradução de Monique D’Orazio. –– São Paulo : Universo dos Livros, 2018. 512 p. (Driven, 2) ISBN: 978-85-503-0290-4 Título original: Fueled 1. Literatura norte-americana – Romance 2. Literatura erótica 3. Automobilismo I. Título II. D’Orazio, Monique 18-0270

CDD 813.6

Universo dos Livros Editora Ltda. Rua do Bosque, 1589 – Bloco 2 – Conj. 605 Barra Funda – Cep: 01136-001 – São Paulo/SP Telefone/Fax: (11) 3392-3336 www.universodoslivros.com.br E-mail: editor@universodoslivros.com.br Siga-nos no Twitter: @univdoslivros


Para J.P. Obrigada pela paciência enquanto eu encarava este desafio que sempre foi meu sonho. Ah, e olha aqui, isso não é mais apenas um hobby…



Prólogo COLTON

M

alditos sonhos. Pedaços de tempo misturados que despencam no meu subconsciente. Rylee está aqui. Preenchendo-os. Consumindo-os. E, porra, é incrível como a constante visão dela num lugar geralmente muito nublado por essas memórias horríveis me invade com uma sensação de calma – acho que pode ser esperança – e me faz perceber que posso mesmo ter uma razão para me curar. Que posso ter um motivo para superar as coisas fodidas que espreitam por aqui. Que o abismo negro no meu coração pode ter a capacidade de amar. A presença dela aqui, em um lugar tão escuro, me faz pensar que as feridas que consomem minha alma, sempre purulentas e abertas, podem enfim cicatrizar. Estou sonhando – e sei que estou sonhando –, então como é possível que ela esteja em toda parte, até nos meus sonhos? Ela rouba meus pensamentos a todo instante, durante todos os malditos dias, e agora está se esgueirando para a porra do meu subconsciente. Ela me empurra. Me abate. Me consome.


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Ela me deixa apavorado. Rylee parece o início de uma corrida, fazendo com que meu coração pare e acelere ao mesmo tempo. Ela me traz pensamentos que eu não deveria ter. Escava fundo na minha escuridão e me faz pensar nos quandos, não nos ses. Porra! Devo estar mesmo sonhando para pensar numa puta besteira como essa. Quando foi que me tornei covarde desse jeito? Becks vai acabar comigo quando me ouvir falar uma merda dessas. Não pode ser mais do que a necessidade de me enterrar nela de novo. De sentir seu corpo morno debaixo do meu e de me afundar nele. Curvas suaves. Seios firmes. Boceta apertada. É só isso. Até lá vou ficar bem. Minha cabeça vai voltar ao lugar. Bom, na verdade, as duas cabeças. E, uma vez satisfeito, vou ser capaz de me concentrar em alguma outra coisa que não seja essa merda inútil que são os sentimentos e um coração palpitante incapaz de dar ou de aceitar o amor. Só pode ser a novidade representada por ela que me faz sentir como uma putinha carente; tanto que não tenho sonhado mais com aquele corpo perfeito e sem rosto com que sempre sonho e, sim, especificamente com ela. Existe algo tão sexy nela que me faz perder a cabeça. Merda, chego a cultivar a mesma expectativa pelo tempo que vou passar com ela antes de fodê-la, quanto pela foda em si. Bom, quase. À diferença de tantas outras garotas que se jogam para cima de mim de modo descarado e sexual, com os peitos de fora e um olhar que me sugere fazer o que eu quiser com eles, e com as pernas prontas para se abrir num estalar de dedos. E, pode acreditar, na maioria das vezes, sou apenas um joguete nas mãos delas. Rylee, no entanto, foi diferente desde o início, desde o momento em que caiu daquela porra de armário para dentro da minha vida. 8


Fueled As imagens tremulam nos meus sonhos. O choque inicial, quando ela me fitou com aqueles olhos magníficos pra caralho. A primeira vez que senti seu gosto, que ficou impresso na minha mente, me causou um arrepio na coluna, agarrou minhas bolas e me disse que não a deixasse ir embora, que eu precisava tê-la a todo custo. A imagem daquela bunda oscilando de um lado para o outro quando ela se afastou sem olhar para trás, me provocando com algo que eu nunca tinha achado sexy: um desafio. As imagens continuam a se suceder. Rylee ajoelhando-se para Zander, tentando trazer sua alma ferida para fora do esconderijo; montada no meu colo, vestida com a camiseta e a calcinha de que eu mais gosto, ontem à noite no pátio; no escritório dela, quando confusão misturada com raiva percorreram suas feições incríveis, depois da minha oferta irrecusável; Rylee parada na minha frente de calcinha e sutiã de renda, oferecendo-se, me concedendo tudo. Porra, Donavan, acorda! Você está sonhando. Acorda e vai atrás do que você quer. Ela está bem aí. Quente. Convidativa. Tentadora. A frustração toma conta de mim. Frustração por estar tão desesperado de desejo e não poder sair desse sonho e fazer o que eu bem entender com seu corpo sensual e pecador. Talvez seja isso. Ela não se dá conta do quanto é sexy. Diferente das inúmeras mulheres anteriores, que passavam horas olhando para si mesmas, analisando seus melhores ângulos, ela não tem a menor ideia. Suas imagens da noite anterior me consomem. Ela me olhando com os olhos cor de violeta, o lábio inferior carnudo entre os dentes, e seu corpo respondendo e se submetendo a mim por instinto. Sua marca registrada: perfume de baunilha misturado com xampu. Seu gosto viciante, doce e pecaminoso. Irresistível e inocente, malvada e tentadora, tudo dentro de uma embalagem curvilínea. 9


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Só de pensar, fico de pau duro. Só preciso de mais uma com ela. Nunca é o suficiente. A não ser que a novidade passe e eu siga em frente, como de costume. Não vou me submeter ao poder sexual de nenhuma mulher. Por que vou me apegar a alguém que, no fim, vai me deixar? A alguém que vai sair correndo após descobrir a verdade mais íntima a meu respeito, o veneno que se impregna na minha alma. Sexo casual é exatamente o que eu preciso. É a única coisa que eu desejo. A única coisa que vou permitir. Sinto sua mão acariciar meu abdome e mergulho na sensação. Merda, preciso disso agora. Preciso dela agora mesmo. Só de saber que algo apertado quente e molhado, algo que eu tanto desejo, está ao meu alcance, meu pau já acorda. A um estalar de dedos está a possibilidade de mergulhar na maciez do seu corpo e esquecer toda essa merda que está na minha cabeça. Minha ereção matinal chega a ser dolorosa, a implorar por ela. Meu corpo fica tenso quando me dou conta de que os braços que me envolvem não são macios ou suaves nem têm perfume de baunilha, como os de Rylee. Tremores de repulsa sacodem minha coluna e reviram meu estômago. A bílis sobe até a garganta e me sufoca. O cheiro de cigarros velhos e bebida barata permeia o ar, exalando dos poros dele por causa da intensa excitação. Sua barriga avantajada se encosta nas minhas costas e seus dedos carnudos e implacáveis se espalham sobre meu abdome. Fecho os olhos com força, e o som do meu coração disparado sobrepõe meus gemidos fracos de protesto. Homem-Aranha. Batman. Super-Homem. Homem de Ferro. Estou com tanta fome, tão fraco por não comer durante todo esse tempo em que a mamãe está fora, numa viagem, que estou dizendo a mim mesmo para não resistir. Mamãe disse que, se eu for bonzinho e fizer o que ela mandar, nós dois vamos ser recompensados. Que essa atitude por ela faz com que ela me ame; ela vai conseguir 10


Fueled dele sua dose de “mamãe está se sentindo bem”, e eu terei aquela maçã meio comida e dois biscoitos embrulhados em plástico que, por sorte, ela achou em algum lugar e trouxe. Meu estômago dói e minha boca se enche de água só de pensar que vou comer alguma coisa depois de tantos dias. Homem-Aranha. Batman. Super-Homem. Homem de Ferro. Tenho que ser bonzinho. Tenho que me comportar. Repito esse mantra para mim mesmo enquanto o queixo barbado arranha meu pescoço por trás. Tento segurar a náusea e, embora não tenha nada no estômago para vomitar, meu corpo dá um espasmo violento, tentando mesmo assim. O calor do corpo dele nas minhas costas – sempre nas minhas costas – faz escorrer as lágrimas que tento tanto impedir. Ele geme no meu ouvido – meu medo o excita – e as lágrimas escorrem sob minhas pálpebras apertadas. Rolam pelo meu rosto e caem no colchão mofado da minha mãe, que fica no chão. Digo a mim mesmo para não resistir a essa coisa cada vez mais dura que está pressionando meu traseiro. Eu me lembro bem demais do que acontece quando eu resisto. Resistir ou não, as duas opções são doloridas, um pesadelo que termina sempre do mesmo jeito: na luta contra a dor, ou na aceitação da dor, mas sem lutar contra ela. Será que dói quando a gente morre? Homem-Aranha. Batman. Super-Homem. Homem de Ferro. – Eu te amo, Colty. Faça isso pela mamãe e eu vou te amar de novo, está bem? Um bom menino faz tudo pela sua mamãe. Tudo. Amar quer dizer fazer coisas assim. Se você me ama de verdade e sabe que eu te amo, faça isso, assim a mamãe pode ficar bem de novo. Eu te amo. Sei que você está com fome. Eu também estou. Eu disse pra ele que desta vez você não vai resistir porque você me ama. Sua voz suplicante ressoa no meu ouvido. Sei que posso gritar à vontade que ela nunca vai abrir a porta para me ajudar, mesmo que 11


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esteja sentada do outro lado. Sei que ela ouve meus gritos – a dor, o terror, a perda da inocência, – mas está tão chapada, a urgência da sua necessidade é tão forte que ela não se importa. Ela precisa da droga que ele vai lhe dar assim que terminar comigo. O pagamento dele. É só com isso que ela se importa. Homem-Aranha. Batman. Super-Homem. Homem de Ferro. Homem-Aranha. Batman. Super-Homem. Homem de Ferro. Repito o nome dos super-heróis, minha fuga silenciosa deste inferno. Do medo que corre nas minhas veias, cobre minha pele de suor e inunda o ar com esse cheiro inconfundível. Repito os nomes mais uma vez. Rezo para que um desses quatro heróis venha me salvar. Lutar contra o mal. – Me fala – resmunga ele –, fala, ou vou te machucar mais até você dizer. Mordo o lábio até sentir o gosto metálico do sangue, na tentativa de não chorar de medo e de terror. Para dar a ele o que ele quer, meus gritos pedem pela ajuda que nunca chegará. Ele me agarra com força. Me machuca muito. Eu desisto e digo o que ele quer ouvir. – Eu te amo, eu te amo, eu te amo… – repito mais e mais, sem parar até a respiração dele acelerar com a excitação provocada pelas minhas palavras. Enterro as unhas nos punhos cerrados, e as mãos dele agarram minhas costas. Seus dedos grossos encontram o cós da minha cueca esgarçada, a única que eu tenho, e eu ouço ele rasgá-la em movimentos bruscos de excitação. Prendo a respiração, meu corpo está tremendo muito porque sabe o que vem depois. A mão segura o volume entre minha virilha e me aperta com tanta força que machuca, enquanto a outra mão me parte ao meio por trás. Homem-Aranha. Batman. Super-Homem. Homem de Ferro. Não posso fazer nada. Estou com fome, mas… dói demais. ­Encolho o corpo junto ao dele. 12


Fueled – Não! – escapa dos meus lábios feridos. Luto com força para fugir do que acontece em seguida. Sacudo o corpo com violência e acerto alguma parte dele quando saio da cama num salto e fujo por um momento. O medo me consome e me engole quando ele se levanta do colchão manchado e vem até mim, uma expressão determinada no rosto e um desejo nos olhos. Tenho a impressão de ouvir chamarem meu nome. A confusão se agita na minha mente sobrecarregada de emoções. O que ela está fazendo aqui? Ela tem que ir embora. Ele vai machucá-la. Merda! Rylee também, não. Meus pensamentos desvairados gritam para ela fugir, para dar no pé, mas não consigo colocar as palavras para fora. O medo as aprisionou na minha garganta. – Colton. O horror vai se dissolvendo devagar na minha cabeça e se infiltra na luz matinal suave que entra pelo meu quarto. Não sei se posso confiar no que vejo. O que é real? Tenho trinta e dois anos, mas sinto como se tivesse oito. O ar frio da manhã se mistura com o brilho do suor que cobre meu corpo nu, mas o frio que sinto está no fundo da alma e eu sei que, por mais quente que eu esteja, nada vai me aquecer. Todo o meu corpo está tenso com o ataque iminente. Levo um tempo para me dar conta de que ele não está aqui de verdade. Olho para outro lado com o sangue pulsando nas veias e fixo o olhar em Rylee. Ela está sentada na cama gigantesca. Os lençóis de um tom azul-claro rodeiam sua cintura, e seus lábios estão inchados de dormir. Olho para ela, torcendo para que seja real, mas não acredito muito. – Que merda! – Solto o ar de modo entrecortado, relaxo as mãos e as esfrego no rosto, na tentativa de dissipar o pesadelo. A aspereza da barba por fazer, em contato com minhas mãos, é bem-vinda. Indica que estou mesmo aqui. Que sou um adulto e que ele não está por perto. 13


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Que não pode mais me machucar. – Meeerrrdaaa! – Esfrego o rosto de novo tentando dar um tempo no caos que há dentro da minha cabeça. Deixo as mãos caírem do lado do corpo. Quando Rylee se mexe, minha visão entra em foco. Bem devagar, ela levanta a mão e acaricia meu ombro oposto. Seu rosto se contrai de dor, mas seus olhos focados em mim demonstram preocupação. Eu a machuquei? Puta merda! Eu a machuquei. Isso não pode ser real. Meus nervos estão a milhão. A mente está agitada. Se isso é real, e se é mesmo Rylee, por que ainda sinto o cheiro dele? Como posso ainda estar sentindo a barba dele arranhando meu pescoço? Como posso ainda ouvir seus gemidos de prazer? Sentir dor? – Rylee, eu… Eu juro que o gosto dele ainda está na minha boca! Meu Deus. Meu estômago se revolve com o pensamento que a memória evoca. – Me dá uma porra de um minuto. – Não consigo chegar ao banheiro rápido o bastante. Preciso me livrar desse gosto na boca. Nem bem chego lá, caio de joelhos e esvazio o conteúdo inexistente do estômago no vaso. Meu corpo estremece com força enquanto faço o que posso para expurgar cada vestígio dele de dentro de mim, mesmo que os vestígios estejam apenas na minha mente. Escorrego para o lado, encosto na parede de azulejos, e o frio do mármore contra a pele quente me faz sentir bem. Limpo a boca com as costas da mão trêmula. Encosto a cabeça, fecho os olhos e tento empurrar as memórias para o esconderijo, mas é tudo em vão. Homem-Aranha. Batman. Super-Homem. Homem de Ferro. Que merda aconteceu? Faz quinze anos que não tenho esse sonho. Por que fui ter agora? O que foi – merda! Mas que merda! Rylee. Rylee viu tudo. Rylee foi testemunha do pesadelo que eu nunca confessei. 14


Fueled O pesadelo cheio de coisas que ninguém nunca ficou sabendo. Será que eu disse alguma coisa? Será que ela ouviu? Não, não, não! Ela não pode descobrir. Ela não pode estar aqui. A vergonha recai sobre mim e para na garganta, forçando-me a respirar fundo para não vomitar de novo. Se ela souber as coisas que fiz – as coisas que ele me fez fazer, as coisas que fiz sem me opor –, vai saber que tipo de pessoa eu sou. Ela vai saber como sou horrível, imundo e imprestável. Por que amar alguém, por que aceitar o amor de alguém que não serve para mim? Nunca. O medo arraigado que vive na superfície do meu interior, sobre alguém descobrir a verdade, borbulha e sobe, escorre pela borda. Puta que pariu! De novo não. Meu estômago reage violentamente, e quando minhas náuseas secas se acalmam, dou descarga e me forço a levantar. Vou tropeçando até a pia e, com as mãos agitadas, aperto o tubo de pasta de dentes na escova e escovo os dentes agressivamente. Fecho os olhos, mandando os pensamentos embora, ao mesmo tempo em que tento me lembrar da sensação das mãos de Rylee – em vez de qualquer uma das inúmeras mulheres que usei descaradamente por todos esses anos, sob o pretexto de atenuar o horror na minha mente –, para conseguir apagar as memórias. De usar o prazer para enterrar a dor. – Porra! – Não dá certo, então escovo os dentes até sentir o gosto de cobre do sangue da gengiva. Jogo a escova na pia, encho de água as mãos em concha e espalho no rosto. Pelo reflexo do espelho, vejo os pés de Rylee entrando no banheiro. Respiro fundo. Ela não pode ver isso. Ela é muito inteligente, tem muita experiência com esse tipo de coisa, e eu não estou pronto para revelar meus segredos, para expor tudo e passar um pente fino. Acho que nunca estarei. 15


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Enxugo o rosto na toalha sem saber o que fazer. Quando a jogo de lado, olho para Rylee. Meu Deus, como ela é linda. É de tirar o fôlego, ela é linda pra caralho. As pernas saindo da minha camiseta toda amassada, o delineador borrado, o cabelo despenteado depois de dormir e uma marca do travesseiro no rosto não a fazem menos atraente. Por algum motivo, quase provocam o efeito oposto. Fazem com que ela pareça tão inocente, tão intocável. Eu não a mereço. Ela é muito mais do que alguém como eu merece. E agora está perto demais, mais perto do que eu já deixei alguém chegar. Isso me aterroriza. Nunca deixei ninguém se aproximar até agora porque isso significa que segredos começarão a ser revelados e que passados começarão a ser descobertos. E porque isso significa que você precisa. Até hoje, só precisei de mim mesmo. Precisar dos outros acaba em dor. Em abandono. Em horrores indizíveis. E, ainda assim, preciso de Rylee neste instante. Cada célula do meu corpo quer correr para ela, puxá-la contra mim e agarrar-se a ela neste exato momento. Usar o calor de sua pele macia e o som da sua respiração para aliviar a pressão que se expande no meu peito. Quero me perder nela para me encontrar de novo – nem que seja por um minuto – e, por esse simples motivo, ela precisa ir embora. Por mais que eu queira, não posso… Não posso fazer isso com ela. Comigo. Com a minha vida tão bem planejada e com meu modo de lidar com as coisas. Sozinho é melhor. Sozinho, eu sei o que esperar. Posso mapear as situações e atenuar os problemas com antecedência. Porra! Como vou fazer isso? Como vou afastar a única mulher em quem pensei que permitiria se aproximar de mim? Melhor perdê-la agora do que deixá-la fugir depois de descobrir a verdade. Respiro fundo para me fortificar e me preparar para olhá-la nos olhos. Muitas emoções invadem suas íris cor de violeta, e mesmo assim, é sua pena que me desestabiliza, que me faz agarrar uma des16


Fueled culpa esfarrapada: o que estou prestes a fazer. Já vi esse olhar tantas vezes na vida que nada me deixa mais irritado do que ele. Não mereço pena. Não preciso da compaixão de ninguém. Em especial, não a dela. Rylee diz meu nome com aquela voz rouca de sexo por telefone e eu quase desisto. – Não, Rylee. Você tem que ir embora. – Colton? – Seus olhos procuram os meus e fazem perguntas demais. No entanto, nada passa através de seus lábios. – Vá embora, Rylee. Não quero você aqui. – Ela fica pálida com a minha declaração. Meus olhos percorrem seu rosto e vejo que seu lábio superior está tremendo. Mordo a parte interna da boca. Meu estômago se contorce. Acho que vou vomitar de novo. – Só quero ajudar… Estremeço por dentro ao som de sua voz, me odiando porque sei a dor que vou lhe causar. Mas ela é teimosa demais, e eu sei que não vai sair sem lutar. Rylee dá um passo até mim e eu reajo apertando os dentes. Se ela me tocar – se eu sentir a ponta dos dedos dela na minha pele –, vou ceder. – Sai daqui! – grito. Os olhos dela procuram os meus, e a descrença se reflete neles, mas também sinto que está decidida a me confortar. – Caralho! Dá o fora daqui, Rylee! Não quero você aqui! Não preciso de você aqui! Ela arregala os olhos e contrai o maxilar para impedir que os lábios tremam. – Você não está falando sério. O arrebatamento silencioso de sua voz chega aos meus ouvidos. As lágrimas alcançam lugares dentro de mim de cuja existência eu nunca soube. Acaba comigo ver como a estou fazendo sofrer, vê-la disposta a ficar aqui e a ouvir o que estou dizendo até ter certeza de 17


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que estou bem. Agora, mais do que nunca, está provado que ela é uma santa e que, sem dúvida, eu sou o pecador. Puta que pariu! Vou ter que destruí-la com mentiras deslavadas para fazê-la sair daqui. Para evitar ter que me desculpar e deixar que ela fique, para ter que revelar coisas das quais sempre tentei me proteger. – Pode ter certeza de que estou falando sério, porra! – grito, frustrado, jogando do outro lado do banheiro a toalha que eu estava segurando e fazendo-a derrubar umas porcarias de uns vasos em forma de garrafa. Rylee levanta o queixo, obstinada, e me encara. Só vá embora, Rylee! Facilite as coisas para nós dois! Em vez disso, ela sustenta meu olhar. Chego mais perto, tentando ser o mais ameaçador possível, tentando ver se ela vai embora. – Eu comi você, Rylee, e agora acabou! Eu disse que era só pra isso que eu servia, querida… As primeiras lágrimas escorrem pelo rosto dela. Forço a respiração a parecer normal, tento fingir que nada me afeta, mas a dor naquele olhar cor de ametista quase me mata. Ela precisa ir… Agora! Pego sua bolsa de cima do balcão da pia e empurro em cima dela. Estremeço ao ver que ela se inclina para trás com a minha força. Colocar as mãos nela faz meu estômago se revirar ainda mais. – Fora! – rosno, cerrando os punhos para não tocá-la. – Não está vendo que eu já enjoei de você? Foi só uma diversão para passar o tempo. Agora já chega. Sai! Daqui! Ela me olha pela última vez. Seus olhos lacrimejantes ainda procuram os meus com uma força silenciosa. Um soluço escapa de sua garganta, e ela sai do meu quarto com passos incertos. Eu me agarro no batente da porta e fico parado ali, com o coração disparado e os dedos doendo de me segurar para não ir atrás dela. Quando ouço a porta da frente bater, dou um suspiro trêmulo. 18


Fueled Que diabos eu acabei de fazer? As imagens do meu sonho ressurgem, e é só disso que eu preciso me lembrar. Tudo me atinge de uma só vez. Vou cambaleando até o chuveiro e abro a água quente no máximo que consigo suportar. Pego o sabonete e esfrego o corpo com força, na tentativa de remover a sensação das mãos dele de mim. Para lavar a dor de ter me lembrado dele e a dor de ter mandado Rylee embora. Quando a barra de sabonete acaba, viro em mim um frasco de um sabão líquido e começo de novo, com as mãos desesperadas na tarefa. Minha pele está esfolada, mas ainda não está limpa. O primeiro soluço arrancado da minha garganta me pega completamente de surpresa. Merda! Eu não choro. Meninos bonzinhos não choram se amam a mamãe. Meus ombros estremecem, tento segurar as lágrimas, mas tudo o que aconteceu nas últimas horas foi demais; todas as emoções, todas as memórias, ver a dor nos olhos da Rylee. As comportas se abrem e não consigo mais fechá-las.

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Um Q

uando os soluços que sacodem meu corpo vão se acalmando, o ardor nos joelhos me traz de volta ao presente. Percebo que estou ajoelhada na calçada em frente à casa de Colton, usando apenas a camiseta dele. Sem sapatos. Sem calça. Sem carro. E o celular ainda está lá dentro, em cima do balcão da pia do banheiro. Balanço a cabeça. A dor e a humilhação dão lugar à raiva. Ainda estou sob o choque inicial de suas palavras e agora quero dar o troco. Ele não pode me tratar nem falar comigo desse jeito. Com uma descarga repentina de adrenalina, eu me levanto e escancaro a porta da frente com força. Ela bate com um barulho seco. Colton pode não querer mais saber de mim, mas eu ainda não comuniquei o que tenho para dizer. Existe tanta coisa confusa na minha cabeça que talvez eu não tenha a chance de expressá-las numa outra situação. Arrependimento é o único sentimento que não preciso acrescentar à lista de coisas a lamentar. Subo a escada de dois em dois degraus, nunca tão ciente do pouco que estou vestindo como ao sentir o ar frio da manhã atravessar a camiseta e me atingir a pele nua; pele que está li-


Fueled geiramente inchada e machucada da minuciosa atenção recebida de Colton e de suas enormes habilidades nas inúmeras vezes em que transamos ontem à noite. Esse desconforto acrescenta uma tristeza silenciosa ao feroz incêndio de raiva. Baxter me cumprimenta balançando a cauda assim que entro no quarto e ouço o som do chuveiro ligado. Corre fogo nas minhas veias agora que os comentários dele começam a se repetir na minha mente: um completando o outro. Cada qual transitando entre a raiva e a humilhação. Focada no que vim fazer aqui, jogo a bolsa de qualquer jeito no balcão, ao lado do celular. Entro no banheiro com raiva, pronta para cuspir o veneno de volta em Colton e informar que não dou a mínima para quem ele é na escala social, e que babacas declarados como ele não merecem garotas como eu. Ao passar pelo boxe, as palavras morrem na minha boca. Colton está em pé debaixo do chuveiro, com as mãos apoiadas na parede. A água cai sobre seus ombros curvados e derrotados. A cabeça pende para a frente, sem vida, sem esperança. Seus olhos estão fechados e apertados. A linha distinta e forte de sua postura, que passei a reconhecer, não está mais lá. O homem confiante e poderoso não está em parte alguma. Está completamente ausente. O primeiro pensamento a cruzar minha mente é: bem feito para esse imbecil. Ele tem mesmo que ficar chateado e sentir remorso pelo modo como me tratou e pelas coisas detestáveis que me ­disse. Nem que ele venha rastejando vai conseguir apagar a dor que me causou com suas palavras e com a rejeição. Cerro os punhos ao lado do corpo, envolvida num conflito sobre o que fazer, pois agora que estou aqui me sinto perdida. Demora um pouco, mas decido sair sem chamar atenção, solicitar um táxi e ir embora sem dizer uma palavra. Contudo, bem quando dou um passo atrás em retirada, soluços escapam da boca de Colton e fazem seu corpo sacudir. 21


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Um som gutural e primitivo que sugere seu controle à custa de cada grama de suas forças. Fico imóvel ante o som, vendo esse homem forte e viril se acabar, e noto que a angústia que o devasta tem a ver com algo muito maior do que a nossa discussão. Neste momento, testemunhando tamanha agonia, eu me dou conta de que as pessoas têm muitas maneiras de sofrer. São muitas definições que eu nunca percebi que podiam estar contidas em uma simples palavra. Meu coração dói com a humilhação que Colton provocou em mim a partir de suas palavras. Eu me abri depois de todo esse tempo e agora vejo meu coração dilacerado novamente com tanta crueldade. Minha cabeça dói por saber que há muito mais coisas acontecendo, coisas que eu não percebi nem com toda a minha experiência, pois estava cega demais por ele, pela sua presença, pelas suas palavras e por seus atos, nos quais não prestei a devida atenção. Olhei para as árvores e não enxerguei a floresta. Minha alma dói por ver Colton lutar como um cego contra os demônios que o perseguem durante o dia e contra os pesadelos que o torturam à noite. Meu corpo dói pelo anseio de ir até ele e oferecer algum tipo de conforto, na tentativa de aliviar o tormento que esses demônios causam. De deslizar minhas mãos sobre ele e tentar aliviar as memórias das quais ele acha que nunca vai conseguir fugir, de que nunca vai conseguir se curar. Meu orgulho dói por querer defender minha posição, por ser teimosa e permanecer fiel a mim mesma. Para nunca voltar por vontade própria para alguém que me tratou daquele jeito. Estou à beira de um abismo de indecisão, sem saber a qual dor interna dar ouvidos, quando Colton solta mais um lamento abafado e inconsolável. Seu corpo treme com a violência do martírio. Sua expressão está tão contorcida que a dor parece palpável. 22


Fueled Meu conflito sobre o que fazer em seguida é mínimo, pois não posso me esquivar do fato de que, quer aceite ou não, ele precisa de alguém neste momento. Precisa de mim. Todas as palavras cruéis cuspidas na minha cara evaporam com a visão do meu homem derrotado. Evaporam para algum lugar; serão encaradas em outro momento. Os anos de treino me ensinaram a ser paciente e também o momento de tomar a iniciativa. Desta vez, não vou ignorar os sinais. Nunca fui capaz de abandonar alguém necessitado, ainda mais um garotinho. E agora, bem aqui, olhando para Colton tão desolado e desamparado, só enxergo um garotinho ferido que acaba de partir meu coração – que ainda está partindo meu coração – e, por mais que eu saiba que ficar aqui resultará no meu suicídio emocional, não consigo ir embora. Não consigo me salvar em detrimento de outra pessoa. Eu sei que, se visse alguém tomar essa decisão, diria que era burrice voltar. Questionaria seu julgamento e diria que mereceu o que teve. Mas é muito fácil julgar de fora sem saber que decisão tomaria se estivesse no lugar do outro. Porém, desta vez… desta vez estou no lugar dele. E a decisão é tão natural, está tão enraizado em mim dar um passo à frente enquanto outros teriam ido embora, que isso nem sequer pode ser chamado de decisão. Por instinto, entro no chuveiro com cuidado, caminhando voluntariamente rumo ao suicídio emocional. Ele está debaixo de um dos dois grandes chuveiros, debaixo de numerosos jatos de água que rebatem na parede azulejada e escorrem ao longo de seu corpo. Há um banco embutido na parede; há vários frascos em um canto. Em outras circunstâncias, eu ficaria de queixo caído com a grandiosidade do chuveiro e pensaria em ficar lá durante horas. Mas não agora. A imagem de Colton parado ali – tão magnífico de corpo, embora isolado na emoção – e o modo como a água corrente forma riachos 23


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que descem pelas linhas artisticamente esculpidas de seu corpo me oprimem de tristeza. A angústia que irradia dele em ondas é tão tangível que posso sentir seu peso opressor ao me aproximar. Eu me inclino contra a parede ao lado de onde suas mãos estão apoiadas. A água escaldante que ricocheteia dele faz cócegas na minha pele. A indecisão reaparece quando tento tocá-lo, mas recuo, não querendo assustá-lo, pois ele já está fragilizado. Depois de um tempo, Colton levanta a cabeça e abre os olhos. Soluça alto ao me ver parada diante de si. Choque, humilhação e arrependimento reluzem fugazes em seus olhos, antes que ele os abaixe por um instante. Quando Colton me olha novamente, a dor incontida que vejo no mais profundo do seu ser me deixa sem palavras. Ficamos parados assim por algum tempo: imóveis, mudos, olhando nas profundezas desconhecidas de cada um. Uma troca silenciosa que não resolve nada, porém explica tanto. – Me desculpa – diz ele, por fim, num sussurro vacilante, antes de baixar os olhos e se encostar na parede. Cambaleando, ele recua, senta no banco embutido e eu não consigo mais me segurar. Dou alguns passos para cruzar o espaço do boxe e uso o corpo para afastar seus joelhos e me colocar entre suas pernas. Antes que eu possa fazer menção de tocá-lo, ele me pega de surpresa, prende os dedos na carne dos meus quadris e me puxa para junto de si. Enfia as mãos debaixo da minha camiseta, que agora está molhada, e a levanta até eu cruzar os braços na frente do corpo e me livrar dela. Deixo a roupa cair de forma displicente atrás de mim, como um tapa forte contra o azulejo. No minuto em que fico nua, Colton me abraça e aperta meu corpo junto ao seu. Ele está sentado e eu em pé, seu rosto pressiona meu abdome, e seus braços são ferrenhos ao meu redor. Ponho as mãos em sua cabeça e apenas o seguro ali, sentindo seu corpo tremer em virtude dessa emoção que o engole. Sinto-me 24


Fueled desarvorada, sem saber o que dizer nem o que fazer com alguém tão fechado emocionalmente. Posso lidar com uma criança, mas um homem feito tem suas fronteiras. E, se eu as ultrapassar com Colton, não sei como ele poderá reagir. Com carinho, deslizo os dedos em seu cabelo molhado, visando acalmá-lo da melhor maneira. Tento expressar com o toque o que ele não quer ouvir, e esse movimento é tão reconfortante para mim quanto, tenho certeza, é para ele. Nesse ínterim, meus pensamentos são processados e entram num redemoinho. Na ausência de suas palavras que me entorpecem a mente, sou capaz de ler o que reside por trás de sua explosão venenosa. A rejeição. O ataque verbal. Qualquer coisa para me fazer sair e não testemunhar sua ruína e sua tentativa de convencer a si mesmo de que não precisa de nada nem de ninguém. Essa é a minha profissão e eu não enxerguei nenhum dos sinais. O amor e a dor sobrepujaram minha experiência. Aperto os olhos que já estavam fechados e mentalmente me repreendo, embora saiba que eu não conseguiria ter agido de outro modo. Ele não teria deixado. É um homem acostumado a ficar sozinho, a lidar com os próprios demônios, fechado para o mundo exterior e sempre esperando o inevitável, o pior. Sempre esperando que alguém fosse abandoná-lo. O tempo se prolonga. Só se ouve o som da água do chuveiro caindo no chão de pedra. Colton vira o rosto, e sua testa encosta na minha barriga. É um gesto tão íntimo e inesperado que sinto um aperto no coração. Ele leva a cabeça para a frente e para trás com cuidado e me pega de surpresa quando beija as cicatrizes espalhadas por meu abdome. – Me desculpa por ter te machucado – ele murmura um pouco mais alto do que o som da água. – Sinto muito mesmo, por tudo. 25


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E sei que esse pedido de desculpas é por muito mais do que a crueldade e as agressões verbais com que ele me rejeitou. É por outros motivos que vão além da minha compreensão. A angústia que ele transmite na voz é desoladora; mesmo assim, meu coração palpita e exulta com suas palavras. Pressiono os lábios no topo da sua cabeça e os mantenho ali como uma mãe faria ao filho, como eu faria a um dos meus meninos. – Lamento que você também esteja sofrendo. Colton solta um grito abafado e puxa meu rosto. Entre uma respiração e outra, seus lábios estão nos meus num beijo devorador de almas. Os lábios colidem e as línguas se chocam. A necessidade cada vez maior. O desespero que consome. Eu me abaixo de forma que meus joelhos ficam entre os joelhos dele. Seus lábios ferem os meus, marcam-me como propriedade sua. Suas mãos trêmulas envolvem meu rosto. – Por favor, Rylee, eu preciso de você – suplica, sem fôlego e com a voz engasgada. – Só preciso sentir você junto de mim. – Ele muda o ângulo do beijo e move minha cabeça, controla-me. – Preciso estar dentro de você. Posso sentir o gosto da urgência e o desespero no seu toque frenético. Seguro seu rosto com as duas mãos e puxo. Ele ergue os olhos, procura os meus e enxerga minha sinceridade quando pronuncio as seguintes palavras: – Então me come, Colton. Ele me olha e sinto os músculos do seu maxilar pulsarem nas minhas mãos. Sua hesitação me irrita. Meu homem arrogante e autoconfiante nunca vacila quando se trata do contato físico entre nós. Pensamentos sobre o que o faz reagir assim me assustam. Eu afasto a cabeça. Posso processar tudo isso depois. Colton precisa de mim agora. 26


Fueled Estendo a mão para baixo, seguro o membro rígido e o conduzo em direção à minha abertura. Uma respiração curta e forte é a única resposta. Quando ele não dá nenhuma indicação de movimento, seus olhos se apertam, e sua testa se enruga com o que ainda assombra os limites da memória. Passo a mão por todo o seu comprimento, para cima e para baixo. Fazendo a única coisa que pode ajudá-lo a esquecer, eu me abaixo sobre ele. Solto um grito de espanto quando ele me empurra e nossos corpos se conectam e se tornam um só. Ele fixa os olhos bem abertos nos meus e me permite vê-los escurecer e ficarem vítreos de luxúria até ele não poder mais resistir ao sentimento. Colton joga a cabeça para trás, fecha os olhos com a sublime sensação e com luta pelo autocontrole – luta para afastar o que é ruim e focar apenas em mim e no que estou lhe oferecendo. Conforto. Segurança. Contato físico. Salvação. Observo o conflito perpassar seu rosto, incitá-lo em silêncio. – Não pense, querido, só me sinta – murmuro no seu ouvido, ao me mexer e criar a sensação necessária que vai ajudá-lo a esquecer. Ele solta o ar de um jeito trêmulo, mordendo o lábio inferior e levando as mãos para agarrar meus quadris com força. Colton me penetra de novo, enterra-se em mim o mais fundo possível, como jamais fez. Solto um gemido extasiado sentindo-o tão dentro de mim. Minha única reação possível é entreabrir a boca e dizer: – Vem… vem mais, faça o que quiser comigo… Ele grita, sua contenção obliterada, e me mantém imóvel ao mesmo tempo em que impulsiona os quadris com um ritmo implacável, punitivo. Nossos corpos, escorregadios da água, deslizam com facilidade. O atrito nos meus seios aumenta meu desejo de libertação. Ele passa a língua sobre um mamilo e vai deslizando sobre meu corpo arrepiado até capturar o outro na boca. Solto um gemido de prazer, aceitando cada golpe contundente. Permito que me possua para encontrar o alívio de que ele precisa e esquecer 27


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seja lá o que o assombra. A agilidade dos movimentos aumenta à medida que ele se empenha mais e mais e não dá a si mesmo outra opção a não ser esquecer. Seus grunhidos e o som da pele molhada dos nossos corpos se chocando reverbera nas paredes do banheiro. – Goza pra mim – peço entre dentes, ao encontrar suas estocadas com meu corpo. – Deixa vir. Ele acelera o ritmo. Pescoço e rosto tensos com propósito. – Ah, caralho! – Colton grita alto, apertando-me contra si com braços poderosos e enterrando o rosto no meu pescoço, no instante em que encontra a libertação. Embala nossos corpos unidos e suavemente se esvazia dentro de mim. O desespero no aperto sufocado me diz que estou proporcionando a ele apenas o mínimo do que precisa. Ele suspira meu nome sem parar, tecendo beijos ausentes a cada vez, e transparecendo emoção. Sua absoluta reverência depois dos insultos anteriores me rouba o ar e me imobiliza por completo. Ficamos sentados em silêncio durante alguns minutos até ele se recompor. Não deve ser fácil para um homem como ele, sempre no controle, ter uma testemunha para seu momento tão emocional. Colton passa os dedos na pele arrepiada das minhas costas. A água corrente bem atrás de mim soa como o paraíso. Quando ele finalmente fala, não é sobre nada do que acabamos de experimentar juntos. Mantém a cabeça enterrada no meu pescoço, recusando-se a encontrar meus olhos. – Você está com frio. – Estou bem. Colton dá um jeito de se levantar com minhas pernas em volta dele. – Fique aqui – ele me diz, colocando-me debaixo da água quente antes de sair do boxe. Confusa, eu o observo, tentando saber se aquele rompante de emoção foi demais e por isso agora ele precisa de certa distância. Não tenho certeza. 28


Fueled Ele volta em seguida, água ainda escorrendo pelo corpo. Então me surpreende quando me arrebata em seus braços, desliga o chuveiro com o cotovelo e me carrega. Estremeço com o ar frio do banheiro. – Espera aí – murmura ele por cima da minha cabeça. Na mesma hora, descubro qual é sua intenção. Depois de alguns segundos, ele para na frente da banheira que está se enchendo e me coloca em pé. Entra e se afunda na enorme abundância de bolhas de sabão e puxa minha mão para que eu o siga. Eu me abaixo e sinto um calor de felicidade plena me envolver ao me sentar entre suas pernas. – Ah! Isso é o paraíso. Estou encostada nele, o silêncio nos consome e eu sei que Colton está pensando no pesadelo e no que aconteceu depois. Traça linhas invisíveis no meu braço, para cima e para baixo, tentando, com os dedos, acalmar os arrepios que ainda estão ali. – Você quer falar sobre o que aconteceu? – questiono. Seu corpo fica tenso com a pergunta. – Foi só um pesadelo – ele responde, alguns instantes depois. – Aham… – Como se eu acreditasse que era o tipo de pesadelo em que um monstrinho qualquer estivesse correndo atrás dele num beco escuro. Sinto-o abrir e fechar a boca ao lado da minha cabeça antes de falar. – Só espantando meus demônios. – Entrelaço as mãos nas dele e as levo unidas até meu tronco. O silêncio se estende entre nós por um momento. – Que merda! – ele diz com um suspiro. – Faz anos que isso não acontece. Acho que ele ia dizer mais alguma coisa, mas fica quieto. Penso no que falar e escolho as palavras com cuidado. Sei que se disser do jeito errado vamos acabar onde começamos. 29


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– Tudo bem precisar de alguém, Colton. Ele dá uma risada de deboche e fica quieto enquanto meu comentário pesa entre nós. Queria poder ver seu rosto para avaliar se devo ou não dizer as próximas palavras. – Tudo bem precisar de mim. Todo mundo tem seus momentos. Os pesadelos podem ser horríveis e eu entendo isso mais do que qualquer pessoa. Ninguém vai te criticar por precisar de um minuto para se recuperar. Não precisa ter vergonha. Quer dizer, não vou correr para o primeiro tabloide e publicar seus segredos… segredos que eu nem sei. Com o polegar, ele afaga minha mão. – Você não estaria aqui se eu soubesse que faria uma coisa dessas. Reluto antes do que dizer em seguida. Ele está sofrendo, mas também me fez sofrer. Preciso colocar para fora umas coisas que estão dentro de mim. – Olha aqui, você me mandou embora, tudo bem. Me diga que precisa de um tempo… que precisa… – Vacilo à procura de algo com que ele possa se conectar. – Que precisa de um pit stop. Não precisa me magoar para me afastar e conseguir seu espaço. Ele xinga em voz baixa na parte de trás do meu cabelo. Sinto seu hálito quente aquecer meu couro cabeludo. – Você simplesmente não iria embora. – Ele exala, exasperado. Quando estou prestes a responder, ele continua: – E eu preciso que você vá. Fiquei apavorado que pudesse conseguir enxergar dentro de mim, Rylee, do jeito que só você foi capaz… e, se você olhasse, se visse as coisas que fiz… você nunca mais iria voltar. – Sua última fala é quase um sussurro, tão baixinho que tenho de me esforçar para ouvir. As palavras abriram seu invólucro exterior endurecido e expuseram a vulnerabilidade que havia por baixo. O medo. A vergonha. A culpa infundada. 30


Fueled Então você queria ter certeza de que minha ida seria do seu jeito. Não do meu. Você precisava ter controle. Tinha que me machucar para não machucar a si mesmo. Sei que a confissão é difícil para ele. O homem que não precisa de ninguém – que rechaça as pessoas antes que elas se aproximem demais – estava com medo de me perder. Minha mente gira mediante tais pensamentos. Meu coração se oprime de emoção. Meus lábios se apertam em busca das palavras adequadas. – Colton… – Mas você voltou. – O choque absoluto de sua voz me desconcerta. O significado por trás da aceitação paira no ar. Ele me testou, tentou me afastar, porém eu ainda estou aqui. – Ei! Eu já enfrentei um adolescente com uma faca antes… Você não é nada – provoco, tentando aliviar o clima. Espero uma risada, mas Colton me puxa para trás e me abraça mais apertado, como se precisasse ter certeza da minha pele nua contra a sua. Começa a dizer algo, mas depois limpa a garganta e para, enterrando o rosto na curva do meu pescoço. – Você é a primeira pessoa a saber sobre esses pesadelos. O impacto da confissão atinge minha mente. Será que com toda a terapia sobre seja lá o que aconteceu, ele nunca falou disso com ninguém? Será que está sofrendo tanto, que está tão envergonhado, tão traumatizado com o que aconteceu que guardou tudo para si por quase trinta anos sem procurar nenhuma ajuda? Deus. Meu coração se aperta pelo garotinho que cresceu e se tornou o homem que está atrás de mim… tão perturbado pelo trauma que manteve tudo trancado dentro de si. – E os seus pais? Seus terapeutas? Colton está quieto, com o corpo tenso e imóvel, e eu não quero forçar a barra. Inclino a cabeça no ombro dele e me posiciono para me acon31


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chegar. Beijo a parte inferior do seu maxilar suavemente e descanso a cabeça, fechando os olhos, absorvendo sua tranquila vulnerabilidade. – Eu pensei… – Ele limpa a garganta, na tentativa de encontrar a voz. Engole em seco e sinto o movimento de sua garganta nos meus lábios. – Pensei que, se eles soubessem, se soubessem de verdade os motivos de eu ter esses pesadelos, eles não… – Colton para de falar por um momento. Sinto a dificuldade que ele sente, como se as palavras fossem fisicamente difíceis de pronunciar. Dou outro beijo no pescoço dele em confirmação silenciosa. – Eles não iriam me querer mais. – Expira devagar, sabendo que admitir lhe custou caro. – Oh, Colton. – As palavras saem da boca sem que eu possa segurá-las, embora saiba muito bem que a última coisa que ele deseja é minha compaixão. – Não… – ele implora. – Não tenha pena de mim… – Eu não tenho – digo, apesar de que meu coração não pode fazer nada a não ser sentir pena. – Só estou pensando como deve ter sido difícil ser apenas um garotinho sozinho sem nunca poder falar sobre o assunto… É isso. – Fico em silêncio pensando no que acabo de dizer, insistindo num ponto no qual, é óbvio, ele não quer tocar. Porém, não posso evitar que outras palavras saiam da minha boca, sussurradas sobre sua pele: – Você sabe que pode contar comigo. Não vou julgar nem tentar te consertar, mas, às vezes, o fato de colocar para fora, de se livrar do ódio e da vergonha, ou de seja lá o que estiver te consumindo, torna tudo um pouquinho mais suportável. – Quero dizer muito mais, mas me forço a deixar para outro dia, para outra hora, para quando ele estiver menos vulnerável, menos exposto. – Peço desculpas – sussurro –, eu não deveria ter… – Não, eu é que peço desculpas – diz ele, suspirando nervoso, inclinando-se para trás e beijando o ombro que marcou com o cotovelo. – Peço desculpas por muita coisa. Pelas minhas palavras e 32


Fueled pelas minhas ações. Por não querer lidar com as minhas próprias merdas. – O arrependimento em sua voz é muito profundo. – Primeiro eu te ofendo, depois pego pesado com você no chuveiro. Não posso evitar o sorriso que se forma nos meus lábios. – Não vou dizer que achei ruim. Ele ri um pouco. É um som maravilhoso de se ouvir, depois da angústia que havia antes. – Por causa do seu ombro ou por causa do chuveiro? – Hum, do chuveiro – respondo, percebendo sua tentativa de desviar o tema. Acho que mudar de assunto é exatamente o necessário para acrescentar um pouco de leveza a essa manhã extremamente intensa e sombria. – Você me surpreende a cada momento. – Como assim? – Alguma vez o Max te tratou assim? O quê? Aonde ele quer chegar com isso? Seu comentário me pega de surpresa. Quando me viro e o encaro, ele apenas aperta os braços ao redor do meu corpo e me puxa para mais perto. – O que isso tem a ver com alguma coisa? – Tratou? – insiste o mestre da mudança de assunto. – Não – admito de modo contemplativo. Percebendo que estou um pouco mais relaxada, ele desenlaça os dedos dos meus e sobe de novo para desenhar linhas aleatórias nos meus braços. Olho para as mãos e, distraída, começo a furar as bolhas de sabão. – Você estava certo. – Sobre o quê? – Quando nos conhecemos. Você me disse que meu namorado devia me tratar como se eu fosse de vidro e pudesse quebrar – digo baixinho como se estivesse traindo a memória de Max. – Você tem razão. Ele era um perfeito cavalheiro. Até fazendo sexo. 33


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– Não há nada de errado com isso – Colton admite, levando as mãos para massagear meu pescoço. Não falo nada, chocada comigo mesma por estar me sentindo dessa forma. – O que foi? Seus ombros ficaram tensos. Exalo um suspiro entrecortado, constrangida com minha linha de pensamento. – Eu pensava que as coisas deveriam ser daquele jeito… era como eu queria que o sexo fosse. Ele era minha única experiência. E agora… – E agora o quê? – explode, com um toque de diversão na voz. – Nada. – Um calor enrubesce meu rosto. – Rylee, fala comigo, pelo amor de Deus. Acabo de te foder no chuveiro feito um animal. Pra todos os efeitos, eu te usei para o meu próprio alívio, e ainda assim você não pode me dizer em que está pensando? – É exatamente isso. – Começo a fazer círculos nas coxas que me rodeiam. O fato de admitir joga meu pudor no chão. – Eu gostei. Nunca pensei que poderia ser diferente. Que poderia ser tão selvagem e… – Meu Deus, estou me afogando aqui. Acho que nunca falei sobre sexo assim com Max, e olha que ficamos juntos por mais de seis anos. Conheço Colton há menos de um mês e estamos discutindo o tesão que me dá ser maltratada. Como Colton diria, puta que o pariu. – Carnal – completa ele, e eu percebo certo orgulho no tom de sua voz. Ele beija a lateral da minha cabeça. Dou de ombros, sem graça com minha falta de experiência e confissão irrestrita. Ao sentir meu desconforto, Colton me aperta mais. – Não precisa ficar com vergonha. Muitas pessoas gostam disso de maneiras diferentes, querida. Há muito mais do que a posição papai e mamãe para se experimentar. – Ele respira no meu ouvido, e eu me pergunto como ele pode me deixar excitada com essa declaração. 34


Fueled Minha mente volta para Colton exigindo que eu lhe confessasse meu desejo de que ele me comesse na nossa primeira vez. Para ele me levando ao limite ao me possuir rápido e com força. Para ele dizendo coisas explícitas no meu ouvido enquanto transávamos… levantando-me, pressionando-me contra a parede e nos apertando até o alívio. Para como a consciência de que qualquer uma dessas coisas pode me fazer arder com uma necessidade tão intensa que chega a me enervar. Fico vermelha com os pensamentos e grata por ele não poder ver meu rosto, pois saberia exatamente por onde minha mente estava andando. Solto um suspiro trêmulo, em uma tentativa de sufocar a vergonha pelo rumo que a conversa está tomando e pelas revelações a meu respeito. – Essa é uma das coisas que gosto em você. Você é muito desinibida. O quê? Quero olhar ao redor do banheiro para ver com quem mais ele está falando. – Eu? – pergunto com a voz rouca. – Aham – ele murmura. – Você é incrível. – O movimento de seus lábios roça minha orelha, e sua voz no meu rosto é suave como uma pena. Suas palavras me deixam sem ação. Colton disse o que eu estava pensando dele, apesar do caos e da mágoa de antes. Será possível que essa química combustível que existe entre nós é porque eu significo mais do que algumas das outras? Colton está me enviando todos os sinais para confirmar essa afirmação e, ainda assim, ouvi-la significaria muito mais. Ele ensaboa as mãos e começa a passá-las nos meus braços e na frente do peito. Prendo a respiração quando seus dedos roçam preguiçosamente o bico dos meus seios, e sua boca desliza na curva do pescoço. – Acho que eu nunca poderia me satisfazer de você. – Provando o que eu pensava. Palavras que quase dizem, mas não dizem de verdade. – Você é sempre tão reservada, mas quando estou em você… – Ele balança a cabeça, e um som gutural escapa do fundo 35


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da garganta – … você perde o sentido de tudo, torna-se só minha, submete-se a mim por completo. As palavras são pura sedução, isso sem contar o pênis ereto que pressiona a fenda na minha bunda. – Como isso faz de mim uma mulher desinibida? – pergunto, inclinando a cabeça para esfregá-la contra a barba do seu maxilar. A risada de Colton reverbera nas minhas costas. – Bom… vamos usar uma analogia do futebol, já que você parece gostar tanto delas. Quase enfiou a bola na rede num lugar público. Duas vezes. – Ele dá risada. – Pegou a bola na praia, quando estávamos deitados na esteira. – Cada palavra deixa meu rosto mais corado. – E gol na janela do meu quarto… – ele faz uma pausa – … com vista para uma praia pública. – O quê? – gaguejo. Ah. Puta. Merda. O que acontece com ele que me faz perder a cabeça? Minha bunda estava pressionada contra uma parede de vidro enquanto a gente transava. E qualquer um podia ver. Acho que morrer de vergonha seria a única alternativa viável no momento. Não tenho escolha senão jogar a culpa nele. – A culpa é sua – digo, dando um empurrão e jogando água. Um sorrisinho maldoso ilumina seu rosto. É um sinal positivo depois do olhar assombrado de antes. O bad boy, sombrio e invocado está de volta na minha frente, com o tronco e o joelho emergindo de uma abundância de bolhas de sabão, e com um olhar brincalhão no rosto. Não admira que eu tenha me apaixonado por um homem que seja essa justaposição de características e ações. Caí direitinho, sem um apoio para me segurar. Droga, estou completamente ferrada. – Que tal? – Ele joga água em mim e agarra meu pulso com rapidez antes que eu devolva. Brincando, me puxa para ele e eu resisto. Colton desiste. Eu me viro e espalho a água da banheira para todo lado. Caímos 36


Fueled num acesso de riso, e as bolhas flutuam no ar com meus movimentos bruscos. – Já estive com muitas mulheres, querida, mas a maioria não foi tão sincera na hora do sexo como você, por isso não pode me culpar. Fico feliz por estarmos rindo quando Colton faz seu comentário espontâneo, pois noto que está tenso, mesmo que mostre um sorriso no rosto. Tomo uma decisão rápida e continuo descontraída apesar da aflição que suas observações me causam. Na verdade, não quero pensar sobre todas as mulheres com quem ele já esteve, mas acho que também não posso ignorá-las. Talvez eu possa usar esse deslize a meu favor e conseguir mais informações sobre o meu futuro, além de transmitir minha mensagem. – Ah, é mesmo? – Levanto uma sobrancelha e chego mais perto com um sorriso. – Todas as mulheres, hein? Que bom que consigo surpreender um homem tão experiente como você – brinco enquanto passo os dedos no pescoço e entre o peitoral. O pomo de adão sobe quando ele engole sob meu toque. – Fala – cochicho de modo sugestivo, mergulhando a mão na água e alcançando o pênis já rígido. – São muitas? Por quanto tempo você costuma mantê-las por perto? Ele respira fundo quando meus dedos tocam a ponta do membro. – Agora não é hora de… Aahh! – Ele geme quando minha mão envolve e massageia suas bolas com suavidade. – Nunca é uma boa hora, mas as mulheres precisam saber dessas coisas. – Abaixo a cabeça e chupo um dos seus mamilos, prendendo-o de leve com a boca. Ele solta um grunhido, e seus lábios se separam quando o observo sob os cílios. – Quanto tempo, Ace? – Rylee… – ele implora quando mordo o outro mamilo e, ao mesmo tempo, pressiono o ponto logo atrás dos testículos. – Quatro ou cinco meses – ele responde, ofegante. Dou uma risadinha sedutora escondendo o arrepio que me percorre a coluna, sabendo que meu tempo com ele está se esgotando. Passo a língua ao longo do 37


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pescoço e dou uma mordidinha no lóbulo da orelha. – Ah… – ele suspira quando traço o contorno dela. – Bom saber… Colton permanece em silêncio. Só se ouve a respiração rasa. – Você joga sujo. – Uma vez, alguém me disse que é preciso jogar sujo para conseguir o que se quer – repito suas palavras, respirando junto dele. Meus mamilos endurecidos por causa do ar frio roçam em seu peito. Colton emite uma risada baixa e profunda, e seus olhos se iluminam com humor, pois sabe que não é o único atingido. Escorrego a outra mão no peito dele por debaixo da água e o observo notá-la desaparecer. Ele olha para mim e levanta as sobrancelhas, curioso para saber até onde vou. Continua me olhando quando agarro seu pênis pela base e o movimento para a frente e para trás, e o polegar da outra mão dá uma atenção especial à glande. – Nossa, que delícia, linda – ele murmura. A olhada que me lança é tão intensa de desejo e luxúria que me acende por dentro. Massageio o pênis mais algumas vezes, gostando desse jogo em que estamos envolvidos, gostando do fato de gerar uma reação tão visceral nesse homem. Paro o movimento, e os olhos de Colton, que estavam semicerrados de prazer, se abrem de repente para encontrar os meus. Esfrego o corpo no dele bem devagar. – Só mais uma coisa. – Posso ver a confusão em sua expressão, o maxilar cerrado como se implorasse em silêncio para o prazer voltar. Agora que tenho a atenção dele, prossigo, alternando o toque e o ângulo dos movimentos. Colton suspira com a sensação diferente, sua cabeça cai para trás sobre a borda da banheira. Paro e seguro os testículos de novo. – Olha, eu sei que você está chateado, mas nunca mais me trate como me tratou hoje de manhã… – Pronuncio cada palavra, agora 38


Fueled sem o tom de humor da minha provocação, ainda movendo a mão em volta dele. – Se você me desrespeitar, degradar ou desprezar, ou me mandar embora com humilhações, fique sabendo que não volto mais, como voltei hoje… Não me interessa quais sejam seus motivos, o que sinto por você, ou o que existe entre nós. Colton encara meu olhar implacável, mas não se intimida. Sua boca se abre num leve sorriso. – Bom, parece que você me segurou pelas bolas, nos sentidos literal e figurativo, sabia? – brinca, e a malícia dança em seus olhos. Aperto com carinho, segurando o sorriso travesso que escapa dos cantos da minha boca. – Está entendido? Não tem acordo. – Perfeitamente claro, querida – ele diz, transmitindo sinceridade no olhar. Satisfeita por ele ter compreendido minhas palavras, me desloco na água e liberto as bolas do meu domínio. Mantendo os olhos fixos nos dele, deslizo as mãos até seu longo comprimento e repito o movimento que derruba suas barreiras. Colton resmunga, rendido: – Não tem acordo. – Não dou nenhuma resposta porque estou muito excitada observando a reação. – Pelo amor de Deus, mulher – ele desabafa, entre dentes, agarrando meus quadris e me puxando para ele. – Você joga pesado, não é? Aceito a alfinetada e me posiciono sobre a parte superior do membro. Inclino o corpo para a frente, passando meus dedos em seus cabelos e encosto o rosto no seu. Vou descendo num ritmo dolorosamente lento, apesar de suas mãos me pedirem para acelerar. Sussurro no ouvido suas próprias palavras: – Bem-vindo à liga dos campeões, Ace.

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