UNIVERSIDADE VILA VELHA – UVV ARQUITETURA E URBANISMO
MOIRA INDIRA PANTOJA EL-HAGE
ARQUITETURA PAISAGÍSTICA EM ESPAÇOS LIVRES DE USO PÚBLICO: REQUALIFICAÇÃO DO PARQUE DA PRAINHA, VILA VELHA, E.S.
VILA VELHA 2018
MOIRA INDIRA PANTOJA EL-HAGE
ARQUITETURA PAISAGÍSTICA EM ESPAÇOS LIVRES DE USO PÚBLICO: REQUALIFICAÇÃO DO PARQUE DA PRAINHA, VILA VELHA, E.S.
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Profª. Dr.ª Ana Paula Rabello Lyra
VILA VELHA 2018
MOIRA INDIRA PANTOJA EL-HAGE
ARQUITETURA PAISAGÍSTICA EM ESPAÇOS LIVRES DE USO PÚBLICO: REQUALIFICAÇÃO DO PARQUE DA PRAINHA, VILA VELHA, E.S. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Profª. Dr.ª Ana Paula Rabello Lyra Parecer da Comissão em 21 de Junho de 2018.
COMISSÃO EXAMINADORA ___
_ Prof.ª Dr.ª Ana Paula Rabello Lyra Universidade Vila Velha Orientadora
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Arq. Raquel Corrêa Mesquita Universidade Vila Velha Avaliador interno
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João Paulo Dominguez Carvalho Arquiteto Urbanista Avaliador externo
VILA VELHA 2018
Fonte: Fabricio Silva (2014)
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por ter me proporcionado força, sabedoria e saúde ao longo desses anos. Agradeço aos mestres por todos os ensinamentos que me passaram, por sua dedicação, competência e por sempre estarem dispostos a nos ajudar quando for necessário. Agradeço aos amigos que fiz e que levarei para o resto da vida, bem como agradeço a todos que em algum momento me deram força, seja com algum gesto ou palavra. Agradeço à minha família por estar sempre perto me encorajando a seguir adiante e por se preocuparem comigo. Obrigada a minha querida irmã Lauren, ao meu pai, Roger Alain e a minha mãe, Moira. Um muito obrigada ao meu companheiro de todas as horas, Felipe Neves, por me tornar cada dia uma pessoa melhor, por sempre estar ao meu lado e por me ajudar a seguir em frente nos momentos mais difíceis dessa caminhada. Obrigada a todos que passaram por mim e que de alguma forma me fizeram crescer como pessoa. Muito obrigada!
Fonte: Arquivo Pessoal (2017)
“Para ser um bom arquiteto, você precisa amar as pessoas. Porque arquitetura é uma arte aplicada e lida com a moldura da vida [...]” Ralph Erskine
RESUMO Os espaços livres de uso público existem desde o início das cidades, sendo sua existência crucial para promover a relação interpessoal, dinâmica social e vitalidade urbana. Porém, com o desenvolvimento industrial a partir do século XVIII, ocorreu um adensamento populacional nos centros urbanos, e os espaços livres se tornaram escassos e desfavorecidos, situação esta que se agravou após o surgimento do automóvel, já que a infraestrutura começou a privilegiar o transporte individual, desconsiderando o pedestre do ambiente urbano. Tais problemas se refletem até os dias atuais, onde a valorização do veículo ainda se sobrepõe em relação aos transeuntes e ciclistas, o que impede a sensação de segurança e bem estar dos mesmos ao percorrer a cidade, bem como dificulta a integração social. Outra adversidade presente trata do surgimento de condomínios fechados, que são vistos como sinônimo de segurança e lazer, quando na realidade contribuem com a violência urbana e segregação social. Seguindo essas reflexões, foi feito um estudo teórico, abordado neste trabalho, de modo a garantir um bom entendimento sobre a relação dos espaços livres com a cidade e as pessoas, e a partir disso foi traçado como objetivo a requalificação do Parque da Prainha, localizado no Sítio Histórico de mesmo nome, no município de Vila Velha/ES, pois é uma área atualmente frágil e suscetível à degradação, e que possui uma importância histórico-cultural para o estado que deve ser preservada, além de potencialidades ambientais e turísticas bem marcantes. Com essa intervenção, o espaço será adequado às necessidades da população, bem como passará por um tratamento paisagístico, terá diversidade de usos e funções, infraestrutura apropriada, valorização dos visuais já existentes e proteção da herança histórica existente no local.
Palavras-Chave: espaços públicos, vitalidade urbana, parques urbanos, requalificação.
ABSTRACT Public spaces have existed since the beginning of cities, and their existence is crucial to promote interpersonal relationships, social dynamics and urban vitality. However, with the industrial development from the XVIII century, there was a population density in urban centers, and the public spaces became scarce and disadvantaged, a situation that got worse after the appearance of the automobile, since the infrastructure began to favor individual transportation, disregarding the pedestrian of the urban environment. Such problems are reflected to the current days, where the appreciation of the vehicle still overlaps with regard to passersby and cyclists, which prevent the sense of security and well-being of them by walking through the city, as well as hinders a social integration. Another present adversity deals with the emergence of closed condominiums, which are seen as synonymous with security and leisure, when they actually contribute to urban violence and social segregation. Following this reflections, a theoretical study was done, addressed in this work, in order to guarantee a good understanding about the relation of free spaces with the city and people, and from there, was designed as a goal the requalification of the Prainha’s Park, located in the Historic Site of the same name, in the municipality of Vila Velha/ES, because it is an area currently fragile and susceptible to degradation, and which has a historical-cultural importance to the state that must be preserved, besides a remarkable environmental and tourism potential. With this intervention, the space will be suitable to the needs of the population, as well as it will undergo a landscape treatment, it will have diversity of uses and functions, infrastructure appropriate, appreciation of the existing visuals and protection of the historical heritage on the site.
Key words: public spaces, urban vitality, urban parks, requalification.
LISTA DE FIGURAS
Figura 22 - Barreira vegetal direcionando o vento ................... 41
Figura 1 - Espaços livres e áreas verdes ..................................25
Figura 23 - Plinth bem projetado .............................................. 42
Figura 2 - Espaço público - Amsterdã, Holanda .......................26
Figura 24 - Serviço e função do ecossistema da floresta urbana:
Figura 3 – Parque de los Deseos – Medellín, Colômbia ...........26
na escala da árvore, da rua e da cidade .................................. 43
Figura 4 - Ágora de Atenas .......................................................27
Figura 25 - Condições para haver vigilância natural ................ 45
Figura 5 - Fórum Romano.........................................................27
Figura 26 - Esfera Pública........................................................ 46
Figura 6- Praça medieval - Piazza del Campo, Siena ..............28
Figura 27 - Espaço público cercado de vegetação .................. 47
Figura 7 - Jardim renascentista - Palácio de Versalhes, França
Figura 28 - Comparativo de rua sem e com vegetação ........... 48
..................................................................................................28
Figura 29 - Área esportiva e de caminhada - Parque da
Figura 8 - Jardim renascentista - Villa Lante, Itália ...................29
Juventude (SP) ........................................................................ 57
Figura 9 - Cidade industrial .......................................................29
Figura 30 - Área de contemplação - Parque Natural Municipal
Figura 10 - Cidade modernista, Ville Radieuse .........................30
Flor do Ipê (SP)........................................................................ 57
Figura 11 - Fachada no contexto da arquitetura do medo ........31
Figura 31- Área de estar - Parque Güell (Barcelona)............... 58
Figura 12-Parc de la Vilette - Paris, França ..............................32
Figura 32 - Recreação infantil - Parque de los pies descalzos
Figura 13-Mangal das Garças - Pará, Brasil .............................32
(Medellín) ................................................................................. 58
Figura 14 – Vias de alto tráfego - Texas, EUA..........................34
Figura 33 - O que faz um espaço público ser bem sucedido ... 61
Figura 15 - Cidade Modernista - Plano Piloto, Brasília .............34
Figura 34 - Fatores que geram conforto no espaço público ..... 62
Figura 16 - Trânsito em São Paulo, Brasil ................................35
Figura 35 - Aarhus, Dinamarca ................................................ 62
Figura 17: Tipos de acessos definidos por Carr .......................35
Figura 36 - Praça de Trafalgar, Londres, Inglaterra ................. 62
Figura 18 - Place Des Vosges - Paris, França ..........................36
Figura 37 - Bradford City Park - Inglaterra ............................... 63
Figura 19 - Praça de Armas de Cuzco, Peru ............................36
Figura 38 - Union Square - Nova York, EUA............................ 63
Figura 20 - Integração de modais - China.................................38
Figura 39 - Burnside Park - Providence, EUA .......................... 63
Figura 21 – Rio Cheonggyecheon, Seul – Coreia do Sul..........39
Figura 40 - Espaço público de HafenCity - Alemanha ............. 63
Figura 41 - Parque do Abaeté, Bahia ........................................65
Figura 63 - Área de banhistas e lazer ...................................... 77
Figura 42 - Vista de cima do núcleo central do parque .............67
Figura 64 - Área esportiva e de lazer ....................................... 77
Figura 43-Praça de eventos......................................................67
Figura 65 - Mercado e áreas de lazer ...................................... 78
Figura 44 - Planta de Implantação ............................................68
Figura 66 - Área de descanso e lazer ...................................... 78
Figura 45 - Implantação ampliada ............................................68
Figura 67 - Área cultural e de lazer .......................................... 78
Figura 46-Croqui do parque ......................................................68
Figura 68 - Cais de recreação e porto para lanchas e caiaques
Figura 47 - Fortaleza de São José, Macapá .............................69
................................................................................................. 78
Figura 48 - Anfiteatro e espelhos d’água ..................................71
Figura 69 - Camadas do novo desenvolvimento ...................... 79
Figura 49-Parque infantil...........................................................71
Figura 70 - Igreja do Rosário ................................................... 85
Figura 50 - Croqui dos jogos d'água .........................................71
Figura 71 - Convento da penha85
Figura 51- Croqui da área infantil .............................................71
Figura 72 - Casa da Memória .................................................. 85
Figura 52-Passeio beira-rio.......................................................72
Figura 73 - Museu Homero Massena ....................................... 86
Figura 53 - Croqui do acesso ao passeio beira-rio ...................72
Figura 74 - Casa Amarela ........................................................ 86
Figura 54 - Passeio beira-rio .....................................................72
Figura 75 - Gruta Frei Pedro Palácios .................................... 86
Figura 55-Planta de implantação ..............................................72
Figura 76-Marinha do Brasil e Morro do Jaburuna................... 86
Figura 56 - The Voronez Sea ...................................................73
Figura 77 - Capela do campinho do Convento......................... 94
Figura 57 - Plataformas flutuantes ............................................75
Figura 78 - Monumentos .......................................................... 94
Figura 58 - Plataformas flutuantes ............................................75
Figura 79 - Comércio artesanal no acesso ao Convento ......... 94
Figura 59 - Esquema demonstrando a proposta de recuperação
Figura 80 – Delegacia da mulher ............................................. 95
do rio .........................................................................................75
Figura 81 – Polícia Militar ........................................................ 95
Figura 60 - Passos de recuperação do rio Voronez ..................76
Figura 82 - Câmara Municipal .................................................. 95
Figura 61 - Usos propostos para o local ...................................77
Figura 83 - Correios ................................................................. 95
Figura 62 - Esquema dos usos .................................................77
Figura 84 - Fábrica de Gelo ..................................................... 96
Figura 85 - Moradias no Morro do Cruzeiro ..............................96
Figura 107 - Tendas............................................................... 113
Figura 86 - Clube de bocha ......................................................97
Figura 108 – Bancos depredados .......................................... 114
Figura 87 - Peixaria ..................................................................97
Figura 109 – Tanque pichado ................................................ 114
Figura 88 - Edificações em desacordo com a lei ......................99
Figura 110 – Lixeiras e postes depredados ........................... 114
Figura 89 - Sinalização horizontal – Rua Antônio Ataíde ........105
Figura 111 - EEEB da CESAN pichada ................................. 114
Figura 90 - Faixa elevada - Av. Luciano das Neves ...............105
Figura 112 - Lixo jogado no parque ....................................... 114
Figura 91 - Sinalização vertical ...............................................105
Figura 113 - Grama pisoteada ............................................... 116
Figura 92 - Sinalização vertical - compartilhamento de vias com
Figura 114 – Veículo em local impróprio ................................ 116
outros modais .........................................................................105
Figura 115 - Sinalizações implementadas proibindo a passagem
Figura 93 - Ponto de táxi próximo ao acesso do Convento ....106
de veículos ............................................................................. 116
Figura 94 - Ponto de táxi - Praça Otávio Araújo .....................106
Figura 116 - Carros estacionados na grama .......................... 116
Figura 95 - Ponto de Ônibus - Antônio Ataíde ........................106
Figura 117 - Bicicletas aglomeradas ...................................... 116
Figura 96 - Ponto de Ônibus - Praça Otávio Araújo ................106
Figura 118 - Poças e buracos ................................................ 117
Figura 97 - Bicicletário ............................................................106
Figura 119 - Barcos abandonados ......................................... 117
Figura 98 - Bike VV .................................................................106
Figura 120 - Construções antigas .......................................... 117
Figura 99 - Festa da Penha ....................................................109
Figura 121 - Venda de peixes ................................................ 117
Figura 100 - Festa da Penha ..................................................109
Figura 122 - Perfil da região................................................... 118
Figura 101 - Sinalização vertical dos Passos de Anchieta......109
Figura 123 - Perfil Topográfico – Corte AA’ ........................... 119
Figura 102 - Sinalização horizontal dos Passos de Anchieta .109
Figura 124 - Perfil Topográfico – Corte BB’ ........................... 119
Figura 103 - Usuários na Prainha ...........................................110
Figura 125 - Rosa dos ventos ................................................ 121
Figura 104 - Caçambas ..........................................................113
Figura 126 - Estudo solar (Verão - Janeiro) ........................... 121
Figura 105 - Banheiros públicos temporários .........................113
Figura 127 - Estudo solar (Inverno-Julho) .............................. 121
Figura 106 - Palco de eventos ................................................113
Figura 128 - Vista para a baía de Vitória ............................... 122
Figura 129 - Vista para Terceira Ponte e morro da Ucharia ...122
Figura 150 – Área infantil ....................................................... 145
Figura 130 - Convento da Penha ............................................123
Figura 151 – Pet park ............................................................ 145
Figura 131 - Cones visuais .....................................................125
Figura 152 – Pet park ............................................................ 145
Figura 132 - Eventos ocorridos na Prainha.............................126
Figura 153 – Área de descanso entre o pet park e o playground
Figura 133 - Muro da Marinha ................................................127
............................................................................................... 145
Figura 134 - Muro do Exército ................................................127
Figura 154 – Área de descanso com vista para o jardim
Figura 135 - Sinalização vertical .............................................127
sensorial................................................................................. 145
Figura 136 - Conceitos do projeto de intervenção ..................136
Figura 155 – Jardim sensorial ................................................ 145
Figura 137 - Diagrama de resgate à memória local ................137
Figura 156 –Jardim sensorial e horta ..................................... 145
Figura 138 - Diagrama de valorização visual ..........................138
Figura 157 – Vista da horta, do pomar e jardim zen .............. 145
Figura 139 - Assentos diferenciados ......................................141
Figura 158 – Área gastronômica ............................................ 145
Figura 140 - Redes para descanso .........................................141
Figura 159 – Área de eventos - Anfiteatro ............................. 145
Figura 141 - Elemento água pra recreação ............................141
Figura 160 – Área de estacionamento ................................... 145
Figura 142 - Brinquedos dinâmicos ........................................141
Figura 161 – Eixo para a Baía de Vitória ............................... 145
Figura 143 - Ambientes agradáveis e lúdicos .........................141
Figura 162 – Eixo para a Igreja do Rosário ........................... 145
Figura 144 – Setor ..................................................................144
Figura 163 – Vista geral do parque da Prainha...................... 145
Figura 145 - Setor esportivo - Pista de skate ..........................145 Figura 146 – Setor esportivo – Quadra poliesportiva e área de descanso ................................................................................145 Figura 147 – Setor contemplativo – Área de descanso ..........145 Figura 148 – Setor contemplativo – Orla e deck que avança o
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Tipologia de Parques...............................................55 Tabela 2 - Ficha Técnica do Parque do Abaeté........................66
mar..........................................................................................145
Tabela 3 - Ficha Técnica do Parque do Forte...........................70
Figura 149 – Setor contemplativo – Aquaviário ......................145
Tabela 4 – Ficha Técnica do Voronezh Sea.............................74
Tabela 5 – Síntese da análise e cada parque...........................80
Mapa 10 – Estacionamentos e romarias.................................108
Tabela 6 – Zoneamento urbano................................................91
Mapa 11 – Equipamentos urbanos..........................................111
Tabela 7 – Uso e ocupação do solo..........................................92
Mapa 12 – Sinais comportamentais e patologias urbanas......115
Tabela 8 – Número de pavimentos e suas respectivas áreas...99 Tabela 9 – Estacionamentos irregulares e regulares com e sem demarcação de vagas.............................................................109 Tabela 10 – Equipamentos urbanos........................................112 Tabela 11 – Potencialidades, vulnerabilidades, ações e programa de necessidade.......................................................130
Mapa 13 – Mapa topográfico...................................................118 Mapa 14 – Mapa ambiental.....................................................120 Mapa 15 – Potencialidades.....................................................124 Mapa 16 – Vulnerabilidades....................................................129 Mapa 17 – Síntese de uso e apropriação da área de estudo..132 Mapa 18 – Setorização............................................................143
LISTA DE MAPAS Mapa 1 - Localização da Prainha, Vila Velha (ES)....................84
LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Faixa etária da população......................................88
Mapa 2 - Área de estudo...........................................................85 Mapa 3 - Evolução da ocupação do solo..................................87
Gráfico 2 – Quantidade de pessoas e sua classe de rendimento nominal médio mensal...............................................................89
Mapa 4 - Zoneamento urbano na Prainha.................................90
Gráfico 3 – Meios de transportes utilizados pelos usuários....106
Mapa 5 - Uso de uso do solo.....................................................93
Gráfico 4 – Perfil dos usuários da região................................106
Mapa 6 – Uso do solo no parque da Prainha............................98
Gráfico 5 – Elementos considerados potenciais pelos usuários...................................................................................128
Mapa 7 – Gabaritos.................................................................100 Mapa 8 – Morfologia urbana....................................................102 Mapa 9 – Hierarquia viária......................................................104
Gráfico 6 - Elementos considerados potenciais pelos usuários...................................................................................128
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................................................................17
2 ESPAÇOS LIVRES NO DESENVOLVIMENTO URBANO.....................................................................................................................23 2.1 DA ÁGORA AO PARQUE PÚBLICO CONTEMPORÂNEO..................................................................................................................25 2.2 IMPACTO DO ESPAÇO PÚBLICO NO CONTEXTO URBANO...........................................................................................................32 2.2.1 Impactos na cidade................................................................................................................................................................................................................33 2.2.2 Impactos na população..........................................................................................................................................................................................................44
3. PARQUES...............................................................................................................................................................................................51 3.1 Definição e tipologia..............................................................................................................................................................................53 3.2 Função dos parques..............................................................................................................................................................................57 3.3 Requalificação de parques....................................................................................................................................................................59 3.3.1 Definição e recomendações para intervenções em parques.................................................................................................................................................59 3.3.2 Referenciais Projetuais...........................................................................................................................................................................................................64
4. DIAGNÓSTICO DA PRAINHA DE VILA VELHA...................................................................................................................................81 4.1 Localização da área de estudo.............................................................................................................................................................83 4.2 Contextualização histórica do sítio........................................................................................................................................................87 4.3 Perfil socioeconômico do bairro Centro................................................................................................................................................88 4.4 Análise Morfológica...............................................................................................................................................................................89 4.4.1 Zoneamento Urbano..............................................................................................................................................................................................................89 4.4.2 Uso e Ocupação do Solo........................................................................................................................................................................................................92
4.4.3 Gabaritos................................................................................................................................................................................................................................99 4.4.4 Morfologia urbana................................................................................................................................................................................................................101 4.4.5 Mobilidade Urbana................................................................................................................................................................................................................103 4.4.6 Equipamentos Urbanos no Parque da Prainha.....................................................................................................................................................................110 4.4.7 Sinais Comportamentais e Patologia Urbanas......................................................................................................................................................................114
4.5 Condicionantes ambientais.................................................................................................................................................................118 4.6 Potencialidades e Vulnerabilidade.....................................................................................................................................................123 4.7 Síntese do Uso e Apropriação da área de intervenção......................................................................................................................131
5. PROPOSTAS DE REQUALIFICAÇÃO NO PARQUE DA PRAINHA..................................................................................................134 5.1 Conceito e Partido Projetual................................................................................................................................................................136 5.1.1 Resgate à memória local......................................................................................................................................................................................................136 5.1.2 Valorizar os cones visuais e a paisagem natural.................................................................................................................................................................138 5.1.3 Vitalidade ao espaço............................................................................................................................................................................................................139 5.1.4 Sustentabilidade...................................................................................................................................................................................................................139 5.1.5 Interatividade e integração social.........................................................................................................................................................................................140
5.2 Proposta projetual...............................................................................................................................................................................142
CONSIDERAÇOES FINAIS......................................................................................................................................................................166
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................................................................................168
APÊNDICES.............................................................................................................................................................................................173
1 Introdução
Atualmente, vivemos em um mundo onde o dia a dia das pessoas se passa em escritórios, edifícios, shoppings, e demais ambientes fechados, sendo inabitual o contato com o meio natural e espaços livres. Dessa forma, é instintivo que a população demande por locais abertos, pela proximidade com áreas
verdes,
tranquilidade
e
conforto
que
tais
áreas
proporcionam para o corpo e a mente. Sendo assim, os espaços livres de uso público são essenciais para manter ativa a dinâmica das cidades e garantir qualidade de vida e interação social dos habitantes, já que permitem encontros, reuniões, momentos de descontração e lazer. Porém, os espaços livres de uso público tem sido cada vez menos utilizados, tanto devido à falta de planejamento e infraestrutura adequada aos mesmos, como também à sensação de insegurança que o meio urbano vem causando aos seus cidadãos. Isso ocorre devido a vários fatores, como por exemplo, o fato da gestão da cidade impulsionar progressivamente a criação de condomínios fechados, e áreas de lazer privativas no Fonte: Elene Válles (2011)
interior dos mesmos, dizendo garantir assim seguridade aos seus usuários, quando na realidade propiciam a segregação e fragmentação sócio-espacial. 18
Além disso, com a crescente utilização de automóveis nas
adequada para as necessidades dos usuários, e valorizar os
últimas décadas, ocorre cada vez mais a criação de vias e
potenciais locais relacionados à questão histórica, cultural e
equipamentos que privilegiam o transporte particular, havendo
paisagística. Vale ressaltar que a região de estudo é
assim um descuido quanto às necessidades dos pedestres e
denominada Sítio Histórico desde 2015, graças à sua relevância
ciclistas que percorrem a cidade. Dessa maneira, é gerado um
histórica para o estado do Espírito Santo, e por possuir uma
distanciamento social, bem como a perda da qualidade dos
diversidade de bens tombados, o que exige um cuidado ainda
espaços públicos, já que os usuários não possuem infraestrutura
maior para o projeto de requalificação.
adequada para usufruí-los, o que resulta na evasão das pessoas dessas áreas livres.
A partir disso, definiu-se uma metodologia de estudo que abrange um embasamento teórico amplo relacionado às cidades
A partir disso, percebeu-se a importância de retratar sobre tal
e às pessoas, adentrando em temas essenciais e diretamente
tema, de modo a verificar e expor os impactos gerados pelo
ligados com a melhoria da qualidade de vida da população e a
planejamento cuidadoso das áreas livres de uso público, para a
vitalidade
cidade e sua população. Sendo assim, o objetivo deste trabalho
segurança e saúde. Tais estudos foram encontrados em livros
é requalificar o parque da Prainha, localizado no bairro Centro,
de autores como Gehl (2013), Jacobs (2011), Cullen (2008) e
no município de Vila Velha/ES, pois é uma região que apesar de
Marcus e Francis (1998), bem como em artigos, teses, e revistas
possuir
online.
diversas
qualidades,
atualmente
é
precária
em
infraestrutura e equipamentos oferecidos à sociedade, o que gera
constantes
problemas
relacionados
à
insegurança,
principalmente à noite. Portanto, o projeto visa criar a integração social e urbana, não somente com os bairros vizinhos, mas também com toda a cidade, trazer diversidade de usos e funções para dinamizar a área, bem como infraestrutura
urbana,
como
a
mobilidade,
sustentabilidade,
Sendo assim, este trabalho divide-se em cinco capítulos, onde o primeiro apresenta o tema a ser trabalhado, no caso Espaços Livres de Uso Público, abordando uma breve explicação sobre a importância do mesmo, o objetivo final do trabalho, justificando a escolha, e por fim a metodologia utilizada para no estudo. 19
Logo após, o capítulo dois dividido em dois itens, trata da
sendo que a primeira traz definições e recomendações para
fundamentação teórica relacionada ao espaço livre de uso
intervenções em parques, de modo a auxiliar na tomada de
público, onde a primeira parte apresenta uma breve definição e o
decisões no futuro projeto, e a segunda parte apresenta três
histórico dos espaços livres, de modo a melhor compreender o
projetos de parques que sofreram requalificação ou então que
que são, como surgiram e sua evolução no decorrer do tempo e
estão situados em áreas a serem requalificadas, analisando
durante o desenvolvimento das cidades. A segunda parte é
assim as condicionantes locais para a intervenção nos mesmos,
dividida em dois itens, onde um trata da relação desses espaços
estudo este que auxiliará na tomada de decisões do objetivo
com
proposto neste trabalho.
a
cidade,
trazendo
assuntos
sobre
mobilidade,
acessibilidade, sustentabilidade, vitalidade e economia, e o segundo item apresenta a relação das áreas livres com as pessoas, analisando questões referentes à segurança, bem estar, saúde, relação interpessoal e diversidade.
O capítulo quatro traz o diagnóstico da área de estudo e é divido em cinco partes, onde a primeira apresenta a localização da Prainha bem como a área limite de estudo, a segunda traz a contextualização histórica do sítio, explicando sua importância
Já o capítulo três, vai tratar especificamente de parques,
para todo o estado, a terceira aborda o perfil socioeconômico do
estando divido em três tópicos de estudo, sendo que o primeiro
bairro Centro, de modo a melhor compreender o contexto da
traz algumas definições apresentadas por autores como Kliass
área de estudo. Quanto à quarta parte, trata da análise
(2011) e Macedo e Sakata (2010), de modo a garantir uma
morfológica da região e já a quinta apresenta as condicionantes
melhor compreensão sobre o tema, e logo após serão
ambientais,
apresentas as diferentes tipologias de parques, gerando no final
relevantes para gerar uma proposta o mais adequada possível.
uma tabela de tais tipologias. No segundo item, serão analisadas as diversas funções exercidas pelos parques, de modo a atender as necessidades da população e da cidade. Já o terceiro item aborda a requalificação de parques, e é dividido em duas partes,
permitindo
assim
informações
completas
e
Já o quinto capítulo traz como primeiro item o conceito e partido do projeto, apresentando também a setorização da área, e o segundo item traz a proposta projetual em nível de estudo 20
preliminar, descrevendo as decisões tomadas em cada área do parque e os objetivos que foram tomados durante o processo, promovendo resgate à memória histórica, valorização dos potenciais, integração de pessoas e vitalidade ao espaço.
21
22
2 Espaรงos livres no desenvolvimento urbano
23
A primeira parte deste capítulo aborda uma breve definição e evolução histórica dos espaços livres de uso público, de modo a situar o leitor sobre o tema e garantir um melhor entendimento em relação ao mesmo. Já a segunda parte, divide-se em dois subitens que abordam
Fonte: TheCityFix Brasil (2017)
sobre a importância dessas áreas públicas para a cidade e para as
pessoas,
respectivamente,
descrevendo
algumas
das
contribuições dos espaços livres tanto para o desenvolvimento urbano, como para a qualidade de vida da população. Tais estudos servirão de embasamento teórico para compreensão dos fatores relevantes e essenciais para alcançar o objetivo proposto neste trabalho. 24
2.1 Da Ágora ao Parque Público Contemporâneo Existem diversas denominações sobre o que são Espaços Livres de Uso Público, e para isso foram analisados alguns autores que
conexões e suas inter-relações funcionais e hierárquicas”. Figura 1 - Espaços livres e áreas verdes
tratam sobre o tema, de modo a melhor compreender o significado e relevância destes para sociedade. De forma mais abrangente, espaços livres são aqueles não ocupados por edificações, mas sim, que estão presentes ao redor delas e que permitem livre acesso para as pessoas (MAGNOLI, 1982). Tais espaços, normalmente estão associados às áreas verdes, porém eles podem também estar livres de vegetação e possuir outras características, como por exemplo, serem áreas alagadas ou áridas. (HIJIOKA et al., 2007). A figura 1 ao lado demonstra o que são espaços livres e áreas verdes. Já espaços públicos, segundo Corsini (2007), são aqueles cuja função é comum para todos os usuários, salientando que tais espaços não podem estar totalmente separados uns dos outros, ou seja, deve haver uma continuidade, de modo que a cidade
Fonte: HIJIOKA et al., 2007 (Modificado pela autora)
seja totalmente conectada pelas áreas livres. Essa conexão trata do Sistema de Espaços Livres Urbanos, que segundo Hijioka et al. (2007, p. 121), “é o conjunto de todos os espaços livres de edificações existentes na malha urbana, sua distribuição, suas 25
Outra definição bem próxima é feita por Carr e Lynch (apud
de funções e de propósitos simbólicos, como mostram abaixo as
FRANCIS, 2003), descrevendo que os espaços livres são áreas
figuras 2 e 3.
que possuem acesso público, como parques, praças, ruas,
Figura 2 - Espaço público - Amsterdã, Holanda
jardins comunitários e corredores verdes, concordando assim com Hijioka et al. (2007) que cita que os espaços livres podem ser divididos em calçadas, quintais, pátios, terrenos e demais itens
mencionados
acima.
Ademais,
Lynch
(apud
MADANIPOUR, 2010), descreve tais áreas como regiões no ambiente que permitem não somente a liberdade de acesso, mas também realização de ações e atividades espontâneas pela população. Fonte: viagemeturismo.abril.com.br (2016)
Além disso, é importante ressaltar que o sucesso dos espaços livres depende da sua vitalidade e do bom uso que as pessoas
Figura 3 – Parque de los Deseos – Medellín, Colômbia
fazem deles, bem como devem saciar as necessidades dos usuários, serem significativos para a comunidade e permitir acessibilidade à população (FRANCIS, 2003). Segundo Altman e Zube
(1989),
tal
acessibilidade
deve
ser
para
todos
independente da idade, gênero, etnia, questão física, ou demais características, ideia esta também compartilhada por Sun (2008). Além do mais, Madanipour (2003), reitera que as áreas públicas nas cidades não devem se limitar a apenas um pequeno grupo social, mas sim ser utilizado por uma variedade
Fonte: premio.fundacionrogeliosalmona.org
26
Dito isso, é considerável analisar brevemente a evolução
Da mesma maneira, na Roma antiga existia o Fórum (figura 5),
histórica dos espaços livres de uso público, para o melhor
que desempenhava papel semelhante ao da Ágora, já que nele
entendimento de sua apropriação e uso ao longo do tempo.
também estavam localizadas construções coletivas destinadas à
Portanto, inicia-se esclarecendo que tais espaços se fazem
cultura, política e comércio, bem como ocorriam encontros
presentes desde o surgimento das cidades, na forma de vias de
intelectuais. Sendo assim, a vida pública grega e romana era
circulação, passeios públicos e praças.
extremamente importante, pois ademais das questões citadas
Sua origem data do mundo antigo, principalmente na Grécia, com as áreas circundadas por edifícios públicos, destacando-se a Ágora de Atenas (figura 4), onde, segundo Benévolo (1999, p.
acima, havia também lugares destinados a eventos esportivos e ao teatro. (WATERMAN, 2010). Figura 4 - Ágora de Atenas
Figura 5 - Fórum Romano
Fonte: wikimapia.org (2005)
Fonte: pt.wikipedia.org (2008)
78), “toda a população ou grande parte dela pode reunir-se e reconhecer-se como uma comunidade orgânica”. A Ágora teve fundamental importância na cidade, pois ali era o local destinado à vida política e ao comércio, atraindo a circulação de pessoas e constituindo-se no local ideal para as reuniões, decisões políticas, troca de ideias, manifestação da opinião pública, feiras livres, dentre outros (WATERMAN, 2010). Sobre essa questão, Waterman (2010, p. 24) diz: [...] era uma peça essencial da vida pública e democrática ateniense, oferecendo não somente um local para a comercialização de mercadorias, mas também para o intercâmbio de ideias. Filósofos como Sócrates desenvolveram suas teorias junto ao público que frequentava a Ágora.
Já avançando para as cidades medievais, na Idade Média, as áreas livres de uso público adquiriram uma nova função, pois as edificações eram muito próximas umas das outras, devido à alta densidade urbana, resultando em ruas apertadas. Desse modo, houve a necessidade de se criar espaços abertos onde a população pudesse se movimentar livremente e exercer a 27
função de cidadania, portanto, criou-se o principal ponto de
O processo de valorização do Espaço Público alcança uma
encontro, resgatando a ideia da Ágora na figura da praça pública
dimensão maior durante o Renascimento, onde Marcus e
(WATERMAN, 2010). Tal praça era considerada o coração da
Francis (1998, p. 85) afirmam que “a ideia de espaços livres
cidade, pois ali acontecia a vida ao ar livre, ou seja, era o local
cresceu simultaneamente com o renascimento urbano, que faz
onde se sediavam festivais, mercados, execuções e também
parte da emergente apreciação da vitalidade da cidade”. Nesse
onde as pessoas ouviam as novidades, coletavam água, ou até
período, as cidades passaram por grandes mudanças, pois um
mesmo conversavam sobre política (MARCUS; FRANCIS,
dos ideais da época era o humanismo, ou seja, dar prioridade ao
1998). A figura 6 ilustra um desses raros espaços, geralmente
ser humano e buscar sua perfeição. Tal pensamento refletiu-se
áridos e vazios, desprovidos de equipamentos urbanos para
sobre a composição dos espaços públicos da cidade, onde as
permitirem as diferentes apropriações da população.
vias se tornam organizadas, amplas e limpas, e ocorreram
Figura 6- Praça medieval - Piazza del Campo, Siena
criações de jardins (figura 7) tanto funcionais, como estéticos, onde os ideais se baseavam em simetria e proporção (WATERMAN, 2010). Figura 7 - Jardim renascentista - Palácio de Versalhes, França
Fonte: touropia.com Fonte: gruposervice.net.br (2016)
28
Figura 8 - Jardim renascentista - Villa Lante, Itália
Figura 9 - Cidade industrial
Fonte: en.wikipedia.org (2007)
Fonte: minimumvita.blogspot.com.br
Já no século XVIII, com a Revolução Industrial, ocorre a
Com toda essa desordem, ocorreram problemas em relação à
migração das pessoas do campo para a cidade, causando um
saúde da população, demandando por medidas na área do
drástico aumento da população urbana, bem como da produção
saneamento urbano pensadas por higienistas de modo a
em massa, o que consequentemente gerou um crescimento
contemplar as questões sociais inerentes à salubridade das
desordenado, tornando as cidades insalubres e problemáticas
cidades. Neste período, “a atividade dos arquitetos orientava-se
(figura 9). As casas foram sendo construídas sem afastamentos
[...] para a construção de prédios públicos e a criação de lugares
umas das outras, nas ruas corriam esgotos descobertos, se
simbólicos nas cidades, o que vinha reforçar a imagem burguesa
acumulava lixo, e havia a circulação de pessoas, veículos e
e urbana” (BERTONI, 2015, p.114). As reformas urbanas
animais, o que impedia o desenvolvimento de atividades ao ar
propostas a partir deste período do século XIX, a exemplo do
livre. (BENÉVOLO, 1999).
Novo Arrabalde, Plano de Saturnino de Brito para Vitória (CAMPOS, 1996) e do Plano de Haussmann para Paris 29
(WATERMAN, 2010), refletem uma preocupação com as
automóveis, como grandes artérias de mão única e ruas
características naturais da cidade, quando ocorrem criações de
subterrâneas (JACOBS, 2011).
parques públicos para dar fôlego e refúgio à população.
Ele procurou fazer do planejamento para automóveis um elemento essencial de seu projeto [...] manteve os pedestres fora das ruas e dentro dos parques. [...] Não importava quão vulgar ou acanhado fosse o projeto, quão árido ou inútil o espaço, quão monótona fosse a vista, a imitação de Le Corbusier gritava: "Olhem o que eu fiz!" Como um ego visível e enorme, ela representa a realização de um indivíduo. Mas, no tocante ao 1 funcionamento da cidade, tanto ela como a Cidade-Jardim só dizem mentiras. (JACOBS, 2011, p.23).
Durante o período caracterizado pelo modernismo (séc. XX), surgem novas ideias de organização funcional da cidade baseados na divisão por zonas, com funções específicas, e é neste momento que, como explica Benévolo (1999, p.631): as atividades recreativas são reavaliadas e requerem espaços livres apropriados, esparsos por toda a parte da cidade (as zonas verdes para o jogo e para o esporte perto das casas, os parques dos bairros, os parques da cidade, as grandes zonas verdes protegidas no território, isto é parques regionais e nacionais); estes espaços verdes devem formar espaço único, onde todos os outros elementos resultem livremente distribuídos: a cidade se torna um parque aparelhado para as várias funções da vida urbana.
Figura 10 - Cidade modernista, Ville Radieuse
O modernismo visava a individualidade e setorização por zonas, o que gerou muitas críticas por vários estudiosos, como Jacobs (2011) e Gehl (2013), pois estes defendem a cidade dinâmica, diversificada e que permita interações sociais. Como um Fonte: herancacultural.com.br
exemplo de cidade modernista, pode-se citar a Ville Radieuse (figura 10) idealizada pelo arquiteto europeu Le Corbusier, onde esta era composta de arranha-céus dentro de um parque, edificações setorizadas de acordo com o tipo de uso e de diversos mecanismos que valorizassem
a circulação de
1
Cidade idealizada por Ebenezer Howard, urbanista inglês, no século XIX, logo após observar a condição de vida dos pobres em Londres. O objetivo era criar cidades autossuficientes e que permita o contato dos seus habitantes com a natureza (JACOBS, 2011).
30
Com o passar do tempo, as cidades foram se desenvolvendo
propiciem a interação de pessoas. A figura 11 representa uma
rapidamente e atraindo novas pessoas, de modo que a
fachada que se insere no cenário da arquitetura do medo,
população crescente passa a residir mais nas áreas urbanas do
apresentando muro alto, cerca elétrica e câmeras de vigilância
que rurais, impondo um maior desafio na oferta de áreas livres
como meio de proteção contra a violência urbana. Em
de uso público (GEHL, 2013). A concentração de pessoas nas
contrapartida, as figuras 12 e 13 são exemplos de áreas livres
cidades e as transformações urbanas impulsionadas pelo
públicas que permitem encontros, passeios, lazer e descanso
período modernista, em que as vias destinadas a circulação de
para seus usuários.
veículos automotores eram privilegiados, resultou em sérios
Figura 11 - Fachada no contexto da arquitetura do medo
problemas vivenciados pelas cidades hoje (CUNHA, LYRA e SANTANA, 2016). Os altos níveis de poluição e aumento do tráfego de automóveis, seguidos da ausência de espaços para permanência de pessoas nas áreas comuns da cidade, tem sido relacionados ao aumento da vulnerabilidade sócio espacial urbana. A paisagem caracterizada pela arquitetura do medo2 (LIRA, 2014 e LIRA, LYRA e GUADALUPE, 2014), resultante dos enclaves fortificados3 (CALDEIRA, 2000), tem sido alertada por pesquisadores como NETTO (2006) e (LYRA, 2017) para a urgência de criação de espaços livres urbanos que também 2
A “arquitetura do medo” insere-se no contexto da criminalidade violenta contemporânea, onde esta influencia, por exemplo, a construção de grades, muros elevados, guaritas com seguranças particulares, colocação de cercas elétricas e circuitos de vídeo-monitoramento, modificando a paisagem das cidades brasileiras (LYRA, 2014). 3 São espaços privatizados, fechados e monitorados para residência, consumo, lazer ou trabalho (CALDEIRA, 1997).
Fonte: parquedaciencia.blogspot.com.br (2015)
31
Figura 12-Parc de la Vilette - Paris, França
2.2 Impacto do espaço público no contexto urbano Como já dizia Gehl (2013), as cidades tem se tornado espaços limitados, cheios de obstáculos, ruído, poluição, riscos de acidentes e condições geralmente vergonhosas, onde as funções social e cultural simplesmente foram descartadas. Situação esta que se intensifica no século XX, onde segundo Gehl (2013, p. 4) “Os modernistas rejeitaram a cidade e os espaços da cidade, mudando seu foco para construções individuais”, portanto, como consequência, ocorreu a negligência
Fonte: lavillette.com
com as áreas livres de uso coletivo e os encontros sociais foram desestimulados. Além disso, parte dos problemas citados acima
Figura 13-Mangal das Garças - Pará, Brasil
foi intensificada devido ao privilégio que os automóveis tiveram no desenvolvimento da malha urbana das cidades, que incentivou ainda mais a individualidade, criando também um maior distanciamento entre o meio urbano e as pessoas, já que o uso do transporte particular teve preferência durante o processo de urbanização, com a construção de estradas, pontes e sinalizações, deixando os pedestres em segundo plano. Logo, as áreas urbanas tem se tornado menos proveitosas e a relação
Fonte: percorrendobelem.blogspot.com.br
interpessoal que deveria ser incentivada, passa a ser suprimida em detrimento dos espaços destinados a circulação dos veículos individuais (CUNHA, LYRA e SANTANA, 2016). Sendo assim, 32
percebe-se que a cidade torna-se vazia e monótona, sem áreas
Tais reflexões destacadas pelos autores citados nos remetem a
de escape para lazer ou momentos de tranquilidade e,
analisar a composição desses espaços da cidade para as
consequentemente, com poucos atrativos para o convívio
pessoas, quando se pensa na criação de espaços livres de uso
público.
público no ambiente urbano, englobando-se questões diversas
Os
efeitos
da
arquitetura
destas
cidades
introspectivas
comprometem a vitalidade urbana defendida por Jacobs (2011), Gehl (2013) e Netto (2006), sugerindo que um dos principais meios para retomar a dinâmica da cidade e melhorar a qualidade de vida de seus habitantes, é projetar espaços livres de uso público, como largos, praças, parques, bulevares e outros, que disponibilizam equipamentos para serem livremente utilizados por
todos.
Projetos
estes
que
devem
considerar
as
características e demandas da realidade atual das cidades, onde a escassez de áreas verdes diante da qualidade do ar e do conforto urbano, precisa ser considerados na composição de um paisagismo ideal para o clima local, com vegetação adequada à proposta, e que garanta o bem estar dos usuários, além de assegurar uma estética agradável que valorize a paisagem urbana. Desse modo, essas áreas tornam-se naturalmente um atrativo pra a população, o que contribui para um maior senso de comunidade, gera vitalidade na região, proporciona segurança aos pedestres e aumento da qualidade de vida.
como sociais, culturais, históricas, econômicas, estéticas, climáticas e psicológicas, reunidas e descritas a seguir a partir das recomendações de Cullen (2008), Jacobs (2011), Gehl (2013), Sun (2008), Mascaró (2005), Bauman (2009) e diversos outros. 2.2.1 Impactos na cidade Com o crescente processo de urbanização nas últimas décadas, as cidades passaram a ser rapidamente transformadas, tanto em função da inserção de novos edifícios quanto em função do aumento da utilização do automóvel e consequente criação de novas ruas, avenidas e estradas construídas para comportar o fluxo crescente de veículos motorizados, o que resultou em um grande
problema
na
mobilidade
urbana
das
cidades
contemporâneas (figura 14). [...] o automóvel tem-se insinuado nas nossas cidades, travessas, jardins e praças [...] os habitantes aventuram-se a sair dos prédios por sua conta e risco, avançando de ilha em ilha, procurando passadeiras, semáforos e faixas separadoras. (CULLEN, 2008, p. 123)
33
Figura 14 – Vias de alto tráfego - Texas, EUA
Percebe-se neste contexto uma diminuição das áreas de convívio social, onde se verifica que os passeios para pedestres passaram a comportar equipamentos como placas, sinalizações, iluminações, pontos de ônibus, chaveiros, bancas e outros, em detrimento da acessibilidade das pessoas que passaram a ser esquecidos. Ademais, percebe-se ainda que o modal não motorizado perde espaço na cidade, e a mobilidade urbana torna-se conflituosa. Abaixo, a figura 15 retrata uma cidade modernista com grandes áreas vazias, e vias de circulação voltadas para os automóveis.
Fonte: texasmonthly.com (2017)
Figura 15 - Cidade Modernista - Plano Piloto, Brasília
A esse respeito, Jacobs (2011) já alertava desde a década de 60, que o dramático aumento do tráfego de automóveis e a ideologia urbanística do modernismo, que separa os usos da cidade e destaca edifícios individuais autônomos, poriam um fim ao espaço urbano e à vida da cidade, resultando em cidades sem vida, esvaziadas de pessoas. As artérias viárias junto com estacionamentos, postos de gasolina e drive- ins, são instrumentos de destruição urbana poderosos e persistentes. Para lhes dar lugar, ruas são destruídas e transformadas em espaços imprecisos, sem sentido e vazios para qualquer pessoas a pé (JACOBS, 2011, p. 377). Fonte: urbanchange.eu (2017)
34
Acompanhando esse raciocínio, é importante destacar que um
Portanto, percebe-se que para aqueles que não utilizam o
dos principais conflitos existentes trata dos denominados
transporte automotor, as áreas são precárias e escassas, já que
horários de “pico”, ou seja, momentos do dia onde a maioria das
faltam ciclovias e locais de livre circulação para transeuntes,
pessoas se movimenta com maior intensidade, gerando tráfego
principalmente se tratando da acessibilidade universal, criando
intenso, engarrafamentos nas vias e maior risco de acidentes
limitações para as pessoas alcançarem seus locais de destino,
(figura 16). Outro problema que também vale salientar é a
além de situações propícias a acidentes. Vale ressaltar que o
disputa de espaço dos pedestres e bicicletas com os veículos.
termo acessibilidade, também pode ser designado como
À medida que mais carros tomam as ruas, cada vez mais planejadores de tráfego e políticos concentraram-se em criar espaços para eles e para estacionamentos. Como resultado, deterioraram-se as condições para pedestres e ciclistas. Gradualmente, calçadas estreitas foram ficando pontilhadas de placas de sinalização, parquímetro, postes, luminárias de rua, e outros obstáculos [...] (GEHL, 2013, p. 91). Figura 16 - Trânsito em São Paulo, Brasil
liberdade de acesso ao local público, de modo que isto é uma condição primordial para o uso e apropriação dos espaços livres (SUN, 2008). Quanto a isso, Carr (apud SUN, 2008), classifica os três tipos de acessos a esses espaços como: Figura 17: Tipos de acessos definidos por Carr
Físico: refere-se à ausência de barreiras para entrar ou sair do local
Visual:
definido pela quantidade do primeiro contato que o usuário tem com o local
Simbólico ou social:
refere-se à presença de sinais, sugerindo quem é bem vindo ou não ali Fonte: Elaborado pela autora a partir de Carr (apud SUN, 2008)
Fonte: jornaldoonibusdecuritiba.com.br (2017)
35
Dessa forma, ao unir os três tipos de acessos, é possível tornar
Analisando assim tudo que foi dito anteriormente, entende-se
o espaço mais ou menos convidativo. As figuras 18 e 19
então que a criação de espaços livres de uso público pode
retratam espaços públicos convidativos, com a presença das
contribuir para melhorias no ambiente urbano, visto que com a
características citadas acima.
preocupação em se projetar áreas livres, tem-se o pedestre
Figura 18 - Place Des Vosges - Paris, França
como prioridade, portanto tudo começa a ser pensado de maneira a proporcionar melhores experiências das pessoas nas cidades. Dessa forma, com um planejamento adequado são analisadas questões como, segurança, conforto ambiental, acessibilidade universal e mobilidade urbana através de, por exemplo, integração de modais de transporte público e criação de vias exclusivas para pedestres e ciclistas. Sobre essa situação, Gehl (2013, p. 107) diz:
Fonte: ipiu.org.br (2017)
Figura 19 - Praça de Armas de Cuzco, Peru
Boa paisagem urbana e bom sistema de transporte público são dois lados da mesma moeda. A qualidade das viagens entre os pontos de ônibus e estações tem influência direta sobre a eficiência e qualidade dos sistemas de transporte público [...] Bons trajetos para pedestres e ciclistas e bons serviços nas estações são elementos essenciais para garantir conforto e sensação de segurança.
Portanto, é importante existir a integração com os demais modais de transportes coletivos na cidade, já que este item é essencial para uma melhor mobilidade urbana (figura 20). Dito isso, os usuários passam a se sentir atraídos por esses locais e Fonte: archdaily.com.br (2013)
pela facilidade de locomoção, propiciando, consequentemente, o 36
uso de bicicletas, meios de deslocamento coletivos e inclusive passeios a pé. Por conseguinte, passa a haver diversificação de usos no local, o convívio social é estimulado, a dinâmica da cidade torna-se presente no dia a dia e a vitalidade urbana é retomada. Vale destacar, entretanto que o problema gerado pela exagerada necessidade de veículos, tem sido assunto presente nas principais pautas dos gestores públicos bem como das políticas instituídas pelo Ministério das Cidades através da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana. Desde então, tem-se buscado alternativas que são pautadas em planejamentos favoráveis à circulação de transportes não motorizados. Realidade esta que vem abrindo espaço para uma visão mais equilibrada da cidade contemporânea, onde o transeunte passa a ser o indicador da mobilidade urbana. Segundo Gehl (2013), nas décadas mais recentes, áreas urbanas pelo mundo estão criando melhores condições para pedestres, o que tem melhorado muito a relação da população com a cidade.
37
38 Figura 20 - Integração de modais - China Fonte: itdpbrasil.org.br (2016)
Outro ponto que tem sido muito abordado atualmente trata da sustentabilidade, já que as cidades atingiram um nível de poluição, consumo e descarte abundante, de modo que tem prejudicado não só as pessoas, mas também o próprio planeta. Segundo Gehl (2013), o conceito de sustentabilidade aplicado às cidades é amplo, estando inclusas preocupações como consumo de energia, emissões dos edifícios, atividades industriais, fornecimento de energia e gerenciamento de água, esgoto e transportes. Portanto, qual a relação dos espaços livre de uso público com tal tema? Segundo LERNER (2013, pág. XIII)4, “a sustentabilidade reflete o diálogo entre o ambiente urbano e natural”, logo, é indispensável compreender que quanto maior a proximidade com áreas verdes, cursos d’água e demais elementos naturais, melhor é a vivência das pessoas na cidade e a qualidade visual da mesma (figura 21). Sendo assim, as áreas livres públicas devem valorizar tais componentes da paisagem, já que estes são essenciais para atender a função de sustentabilidade.
4
LERNER, Jaime. Prólogo à edição brasileira. In: GEHL, Jan. Cidade para Pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013. P. XII – XIII.
39 Figura 21 – Rio Cheonggyecheon, Seul – Coreia do Sul Fonte: caosplanejado.com (2012)
Porém, esta não se limita apenas à questão da paisagem
transportes
natural, ou seja, ela está presente de diversas formas, que serão
sustentabilidade.
analisadas a seguir. Antes de tudo, vale relembrar que, como já dito anteriormente, os espaços livres de uso público estão diretamente relacionados à mobilidade urbana, o que nos leva primeiramente a analisar a relação de tal questão com a sustentabilidade. Segundo Gehl (2013), atualmente há um interesse crescente no planejamento de cidades sustentáveis, sendo um dos principais motivos, a poluição gerada pelos meios de transporte, já que estes são responsáveis por um grande consumo de energia e emissão de carbono. Sendo assim, citando um pensamento de Gehl (2013, p. 105) “Priorizar o pedestre e as bicicletas, modificaria o perfil do setor de transportes e seria um item expressivo nas políticas sustentáveis em geral”.
públicos,
gerando
consequentemente,
maior
Outro aspecto importante trata da presença de vegetação nas áreas livres, já que, por exemplo, a arborização utilizada em locais de clima tropical permite o sombreamento das ruas e calçadas, amenizando a temperatura tanto da superfície dos pavimentos, como das fachadas dos edifícios (MASCARÓ, 2005). Além disso, através dessa arborização, é possível controlar a direção e velocidade dos ventos, garantindo assim a menor utilização de meios artificiais de resfriamento, o que gera maior sustentabilidade na cidade (figura 22). Uma barreira de vegetação bloqueia a passagem do vento, reduzindo a sua velocidade e atenuando seus efeitos na diminuição da temperatura do ar [...] Barreiras de vegetação podem ser mais eficazes do que barreiras sólidas (ex.: muros, paredes, edificações, etc.), pois a redução da velocidade se dá de forma gradual [...] (MASCARÓ, 2005, p. 47).
A partir desse pensamento, entende-se a importância dos espaços públicos para amenizar a situação na qual as cidades se encontram, pois ao aumentar as áreas de circulação para ciclistas e transeuntes, há um aumento de interesse pelo uso de tais meios de locomoção, o que permite menos poluição sonora, emissão de gases, e também diminuição da sobrecarga dos 40
Seguindo esse raciocínio, Mintz (2015) ressalta que as Figura 22 - Barreira vegetal direcionando o vento
atividades
são
a
chave
para
continuar
a
estabelecer
comunidades vibrantes com vias prósperas, já que “quanto mais funções acontecem na cidade, mais viva e vibrante ela será” (MINTZ, 2015, p. 82). A esse respeito, Cullen (2008) complementa que o cérebro humano reage a diversidade, portanto a monotonia da cidade é o que faz a mesma perder a vida, e já diversidade e multiplicidade, dá vida e animação à Fonte: Elaborado pela autora a partir de Mascaró (2005)
As áreas livres públicas também estão diretamente relacionadas com a vitalidade e economia local. Segundo Corsini (2007), os espaços públicos são essenciais para assegurar vitalidade ao ambiente urbano, sendo que tal pensamento é também compartilhado por Gehl (2013), destacando que o que realmente importa não é o número de indivíduos, senão a sensação de que o local é habitado e está sendo utilizado, já que a presença de outras pessoas transmite uma sensação de segurança. Gehl (2013, p. 63) ainda complementa dizendo que “o que importa não são os números, multidões ou o tamanho da cidade, e sim a sensação de que o espaço da cidade é convidativo e popular; isso cria um espaço com significado”.
cidade, o que gera diferentes emoções e sensações aos transeuntes, causando também vitalidade ao ambiente. Em relação à questão da economia, vale destacar que o adensamento de construções próximas às áreas livres e a concentração de atividades são imprescindíveis para o comércio e a especulação imobiliária (SUN, 2008). Os locais vizinhos aos espaços livres verdes são privilegiados e consequentemente possuem
maior
valorização
e
estabilidade
econômica,
aumentando o preço do valor da terra (MASCARÓ, 2005), uma vez que “vendem” saúde, vitalidade espacial e social, bem como visuais agradáveis. Segundo Mascaró (2005), a população muitas vezes enfrenta problemas como os custos para manutenção da vida nas cidades, o que gera aumento em seus 41
gastos, fazendo-se assim necessários, espaços de lazer com
Figura 23 - Plinth bem projetado
áreas verdes perto de suas moradias. Ainda sobre a questão econômica, Karssenberg e Laven (2015), citam a Estratégia do Plinth, onde o valor do “plinth”5 está na capacidade do térreo dos edifícios em atrair pessoas. Bons plinths, são de interesse da economia urbana, e não somente em razão dos gastos dos consumidores. Um mercado de trabalho equilibrado [...] demanda um entorno urbano funcional para viver, fazer compras e brincar. (KARSSENBERG; LAVEN, 2015, p. 16).
Karssenberg e Laven (2015) ainda deixam claro que quando os plinths são bem projetados, lojas, restaurantes e bares acabam lucrando mais pela capacidade de atração do local. Ao lado, a figura 23 representa um plinth ideal, que gera espaços públicos atrativos.
Fonte: La citta vita (flickr.com)
Outro item relevante na questão econômica trata dos créditos de carbono, mercado este que surgiu a partir das Conferências Internacionais sobre o Meio Ambiente, como a Rio 92. Um exemplo sobre como esses créditos podem funcionar é possível de ser explicado através da experiência do pesquisador do Serviço Florestal dos EUA, Greg McPherson, que calcula o valor monetário e ecológico das árvores. Depois de se formar, fez suas primeiras experiências sobre os impactos econômicos do
5
É o andar térreo de um prédio. É a parte mais crucial do prédio para a cidade a nível dos olhos, já que conecta o espaço público com o privado (KARSSENBERG; LAVEN, 2015)
espaço verde e examinou a capacidade das árvores para absorver a poluição do ar, reduzir o efeito da ilha de calor, 42
reduzir os custos de energia, interceptar as chuvas e até mesmo proteger as superfícies pavimentadas. Posteriormente através de
suas
pesquisas,
participou
de
vários
trabalhos
revolucionários, onde desenvolveram modelos de funções florestais, como o sequestro de carbono e a absorção de ozônio e outros poluentes do ar, monetizando depois os benefícios (FISHER, 2006). Segundo estudos realizado pelo Prof. Mc Pherson em 1997, o plantio de três árvores em torno de cada edifício da comunidade estudada poderia economizar cerca de US $ 50 a US $ 90 por habitação em custos de aquecimento e resfriamento anuais, devido ao aumento da sombra e à redução da velocidade do vento. Como conclusão, a equipe de pesquisa afirma que o valor líquido que os serviços das árvores fornecem é estimado em $402 por árvore plantada, ou $38 milhões no total em 1997 (FISHER, 2006). A figura 24 ao lado, apresenta os benefícios e funções da cobertura vegetal no ambiente urbano:
43
Figura 24 - Serviço e função do ecossistema da floresta urbana: na escala da árvore, da rua e da cidade Fonte: S.J. Livesley, G.M. McPherson e C. Calfapietra (2016)
2.2.2 Impactos na população Os espaços públicos também desempenham funções que
as ruas de uma cidade parecerem interessantes, a cidade
atingem diretamente a população, portanto o seu ambiente deve
parecerá interessante, se elas parecerem monótonas, a cidade
proteger a saúde das pessoas e garantir segurança e bem-estar,
parecera monótona”. Para a autora, o perigo está na percepção
incluindo os indivíduos tanto com capacidades limitadas, como
de insegurança.
diversificadas, garantindo assim o bem comum. (ALTMAN e ZUBE, 1989). Já Corsini (2007), cita a acessibilidade como item essencial para garantir o contato final entre os espaços urbanos, gera liberdade de ação e decisão dos usuários, permite a relação verdadeira entre os espaços públicos de diversas categorias, garante a comunicação da sociedade com o território, e confere vitalidade ao espaço urbano, sendo isso a chave da segurança e um freio para sua possível deterioração social.
Segundo Castel (apud BAUMAN, 2009) a insegurança é culpa da sociedade moderna, que como já analisada anteriormente, incentivava ao individualismo, substituindo as comunidades solidamente unidas, que possuíam suas próprias regras de proteção, por insegurança e a ideia de que o perigo esta em toda a parte. Sendo assim, percebe-se que a falsa ideia de segurança dentro de muros de loteamentos fechados foi disseminada e contraditoriamente hoje é um dos principais motivos da inquietação e medo social, propiciando ainda mais a
Um dos principais problemas enfrentados hoje trata da
criminalidade. Sobre os condomínios fechados, Bauman (2009,
insegurança presente no dia a dia das cidades. Segundo Jacobs
p. 39), destaca como sendo “um lugar isolado que fisicamente se
(2011), manter a segurança urbana é uma função fundamental
situa dentro das cidades, mas social e idealmente, está fora
das ruas das cidades e suas calçadas, sendo que essas vias
dela”.
são parte primordial dos espaços livres urbanos, portando elas devem garantir segurança aos usuários, bem como movimento ao local. Jacobs (2011, p. 29) ainda diz que “se
Uma pesquisa citada por Marcus e Francis (1998), feita na Philadelphia, faz uma ligação entre a relação das áreas de recreação e a prevenção da criminalidade, onde voluntários do 44
bairro estudado, juntamente com a ajuda da polícia, fizeram uma
redor, além de existir o contato visual entre o interior e os
limpeza das áreas vazias e plantaram jardins nas mesmas.
espaços públicos.
Como resultado dessa ação, houve uma queda de 90% da criminalidade na região. Portanto, a ideia de substituir os espaços livres de uso público por locais privados, é problemática e deve ser repensada, já que as áreas públicas tem função essencial de gerar a vitalidade e o espírito de comunidade que está em falta atualmente, de modo que as pessoas geram sua própria segurança.
Um último item que é relevante destacar, pois também garante um aumento da segurança nas cidades, trata da dimensão humana. Segundo Gehl (2013), tal questão foi esquecida por décadas e seriamente negligenciada no planejamento urbano, sendo essencial para uma melhor vivência e segurança na cidade, já que é no nível térreo que as pessoas se movimentam, portanto é para onde os olhos devem estar voltados. Voltada
Voltando à ideia de Jacobs (2011) sobre a segurança nas ruas e
para a mesma questão, pode-se destacar a Estratégia do Plinth,
calçadas, a autora propõe três condições para que haja pessoas
já citada em itens anteriores, onde este é considerado a parte
suficientes nas ruas, de modo que elas exerçam vigilância
mais relevante dos prédios para a cidade no nível dos olhos.
natural: Figura 25 - Condições para haver vigilância natural
1 2 3
Deve ser nítida a separação entre o espaço público e o espaço privado
Devem existir olhos na rua A calçada deve ter usuários transitando ininterruptamente
[...] um prédio pode ser muito bonito, porém se o andar térreo é um muro cego, a experiência na rua pouco será positiva. Plinchs são cruciais para a experiência e atividade do espaço urbano, seja em áreas residenciais ou comerciais. Pesquisadores mostram que se o destino é seguro, limpo, relaxado e fácil de compreender [...] visitantes permanecerão três vezes mais tempo e gastarão mais dinheiro do que numa estrutura antipática e confusa (KARSSENBERG; LAVEN 2015, p. 15).
Complementando tal pensamento, Karssenberg e Laven (2015), descrevem que os habitantes vivenciam a cidade na chamada
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Jacobs (2011)
esfera pública, que inclui tanto o espaço público, como as
Tais medidas auxiliam na sensação de segurança das pessoas, pois dessa maneira é fácil enxergar o que está acontecendo ao 45
fachadas dos edifícios e demais itens vistos ao nível dos olhos,
agradável, já que a população sente necessidade de encontrar
como demonstra a figura 26.
cenários tranquilos que amenizem a pressão e tensão do trabalho (MACEDO e SAKATA, 2010). Segundo Spirn (apud
Figura 26 - Esfera Pública
Waterman, 201, p. 170), o próprio ambiente “sustenta a vida e fomenta o crescimento pessoal e coletivo”, ressaltando dessa forma, sua relevância. Sendo assim, em se tratando de bem estar, a função dos espaços públicos são primordiais, principalmente pelo fato de que os mesmos normalmente possuem arborização e zonas verdes, característica esta buscada pela maioria da sociedade.
Fonte: Karssenberg e Laven (2015)
estratégias
Uma pesquisa feita no ano de 1979 em Detroit, EUA, e
voltadas para a melhoria da segurança pública, e que através
apresentada por Mascaró (2005), mostrou que a população
delas as cidades podem se tornar cada vez mais humanas,
urbana reconhece a importância da arborização tanto de
diminuindo a violência e criminalidade.
parques como ruas, já que como resultado dos estudos, a
Portanto
compreende-se
que
existem
muitas
preferência por áreas verdes ficou em segundo lugar, atrás Os espaços livres de uso público também tem relação direta
apenas do item educação. Quando se tratando exclusivamente
com a qualidade de vida da sociedade, por ser um ponto de
de parques, os entrevistados gostavam de ter mais áreas de
encontro e interação de pessoas e também um escape da
sombras para realizar atividades de descanso e contemplação.
correria do dia a dia da cidade. O arquiteto paisagista Frederick Law Olmsted, idealizador do Central Park, acreditava que
Além disso, outras análises foram levantadas e concluiu-se que
através de espaços abertos na cidade e áreas de recreação para
os principais motivos das pessoas preferirem a vegetação, são
a comunidade, era possível fornecer um estilo urbano mais
referentes aos benefícios gerados pela mesma, como por 46
exemplo, equilíbrio ambiental, purificação do ar e efeitos
diminuem as ilhas de calor da região, criando microclimas mais
psicológicos, que geram a sensação de alegria e vitalidade ao
agradáveis tanto para quem está na calçada, como para os
ambiente (MASCARÓ, 2005). Tal análise está de acordo com
moradores de edifícios próximos. Além disso, “a vegetação
Francis (2003, p. 23, tradução nossa), que diz que “a sensação
protege o muro e amplia psicologicamente os espaços urbanos,
de conforto psicológico é uma das experiências que as pessoas
melhorando sua ambiência” (MASCARÓ, 2005, p. 24), como
procuram nos espaços abertos. Este benefício pode ser
pode-se ver na figura 28 ao lado.
promovido pelo efeito restaurador da água ou verde urbano [...]”.
Figura 27 - Espaço público cercado de vegetação
Essas vantagens são também decisivas no fator saúde tanto mental, quanto física. Um estudo realizado por Kuo e Faber (2004), pesquisadoras do Laboratório da Paisagem e Saúde Humana da Universidade de Illinois, EUA, demonstra que os sintomas de crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tendem a melhorar após atividades realizadas em locais verdes e abertos se comparadas com atividades que ocorrem em locais fechados. Sendo assim, percebe-se que as pessoas se identificam naturalmente com as áreas verdes e são atraídas pela sensação de conforto que tais áreas causam (figura 27). Algumas funções
Fonte: ondanaranjacope.com (2010)
citadas por Mascaró (2005) também interferem na saúde e bem estar dos indivíduos, como por exemplo, a influência que as áreas arborizadas tem na temperatura e umidade do ar, já que 47
Figura 28 - Comparativo de rua sem e com vegetação
Outro item citado e também relevante, que permite uma maior qualidade de vida trata da acústica urbana, visto que em cidades grandes, os níveis de ruído são extremamente elevados causando desconforto aos cidadãos. Portanto o uso de vegetação pode auxiliar na redução desses ruídos, pois além de absorver parte do som, ela o desvia da região, que por ofertar mais áreas verdes passa a incentivar a troca do carro por caminhadas e passeios ciclísticos. [...] o alto nível de ruído provocado por algumas ruas dos centros urbanos prejudica o conforto de praças ou parques próximos a elas. O Uso de barreiras de vegetação possibilita relativo isolamento dos usuários no interior desses espaços. (MASCARÓ, 2005, p. 48).
Outro elemento expressivo a ser citado refere-se ao controle da poluição atmosférica, essencial quando se fala em saúde humana. Atualmente a poluição do ar tem se tornado um problema grave nas cidades e várias medidas estão sendo pensadas para atenuar o dano. Dessa maneira, com a arborização implantada nos espaços livres, ocorrem processos de amenização da poluição do ar, através da absorção, oxigenação, diluição e oxidação, proporcionadas pela folhagem verde (GREY; DENEKE, apud MASCARÓ, 2005). Portanto Fonte: MASCARÓ, 2005 (Modificado pela autora)
quanto mais arborizadas as ruas, calçadas e parques, maior é a 48
absorção das partículas poluentes soltas na atmosfera e mais
Jacobs (2011), pois dizia que tal pensamento fazia o convívio
saudável a cidade se tornará para seus habitantes.
social diminuir extremamente, já que tudo incentivava à
Outro fator relevante para o estudo trata da relação interpessoal e diversidade, sendo de suma importância entender que a relação social nas áreas livres é primordial, pois é ali que se faz presente a, já explicada, vitalidade urbana e é onde as pessoas criam o senso de comunidade entre si. Segundo Gomes (2002), o espaço livre trata essencialmente de uma área com diversidade social, onde os diferentes interesses e expectativas se
alimentam
da
presença
e
interação
das
pessoas,
transpassando o individualismo através da prática da conversa e civilidade. Através do mesmo pensamento, Marcus e Francis (1998) verificam que as pessoas vão aos parques, exatamente por causa desse contato social, já que é possível observar e conhecer outras pessoas ou então frequentar o local para encontrar os amigos e familiares.
individualidade.
Além disso, problemas como,
falhas no
planejamento da cidade geram descuidos cada vez mais frequentes, principalmente quando se tratando de áreas ociosas, ocorrendo
assim,
apropriação
inadequada
por
parte
da
população. Para que isso não aconteça, deve haver um planejamento adequado de tais áreas, além de ser fundamental criar nos espaços públicos atividades sociais diversificadas (GEHL, 2013), de modo a atrair pessoas de diversas idades e características, não excluindo nenhum grupo social. As necessidades dos usuários devem ser bem analisadas e projetadas para obter sucesso nos espaços livres, pois é comum ocorrerem conflitos, onde um invade o espaço do outro, e o que deveria ser um encontro saudável e necessário para todos, acaba se tornando algo inconveniente e um empecilho para as pessoas usufruírem desses locais (FRANCIS, 2003). Sendo assim, a socialização do espaço público não deve ser lançada
Porém, vale relembrar, como já explicado em parágrafos
para um plano secundário, pois essa questão é definidora da
anteriores, que na época do modernismo, defendia-se a
qualidade social urbana.
segregação de usos e a criação de áreas verdes e edifícios isolados, questão esta muito criticada por estudiosos como 49
Após toda a análise feita durante o capítulo acima, sobre as diversas questões relacionando a cidade e as pessoas no contexto dos espaços livres de uso público, fica clara a importância destes no meio urbano, de modo que é um dos itens essenciais para garantir a qualidade de vida da população e vitalidade urbana. Dentre tais espaços livres, será dada uma ênfase ao parque, pois em se tratando de áreas de lazer e descanso para a população, este é o local normalmente mais procurado, já que possui elementos que contemplam as necessidades dos usuários, além de atividades diversas para todas as idades. Portanto, o parque tem funções relevantes no ambiente urbano, que serão estudadas a seguir.
50
3 Parques
51
Este capítulo é composto de três partes, onde a primeira aborda definições de parque através da visão de vários autores, de modo que a compreender os diversos conceitos existentes, e também são apresentas as tipologias dos parques públicos, que gerará uma tabela final que sintetiza as informações pesquisadas. A segunda parte identifica as funções dos parques para a qualidade da vida na cidade contemporânea e, dessa forma, será possível concluir qual o tipo de parque será trabalhado no projeto final desta monografia. A terceira parte aborda a requalificação de parques, onde o primeiro subitem apresenta uma breve definição dos conceitos de requalificação necessários para a compreensão da estratégia de intervenção a ser desenvolvida para a área escolhida como cenário da proposta projetual deste trabalho, bem como são estudadas recomendações para tais intervenções em espaços públicos. Já o segundo subitem apresenta um repertório de parques requalificados ou construídos em áreas que careciam de infraestrutura adequada, estudados como referência projetual, de modo a compreender estes projetos e analisar as funções exercidas por estes parques, seus usos, equipamentos, e como as necessidades dos usuários foram atendidas. Este capítulo resume a temática de espaços livres de uso público ao objeto estudado
Fonte: archdaily.com.br (2014)
através da compreensão de questões mais específicas relacionadas à requalificação e instalação de parques urbanos, colaborando assim, para o adequado desenvolvimento do partido e conceito a serem aplicados na proposta projetual.
52
3.1 Definição e tipologia figura
morfológica é autossuficiente. Além disso, afirmam que o parque
que
é estruturado por vegetação e atende a uma grande diversidade
procuravam construir uma figuração urbana semelhante dos
de solicitações de lazer, tanto culturais quanto esportivas, não
exemplos internacionais, ao contrário do caso europeu, onde o
possuindo necessariamente a destinação voltada para o lazer
parque surge da emergência social de atender às necessidades
contemplativo. Uma explicação equivalente também foi definida
da população urbana do século XIX. (MACEDO e SAKATA,
pela arquiteta paisagista Kliass (2011), que diz que os parques
2010).
urbanos são espaços públicos que possuem dimensões
O
parque
urbano
complementar
ao
brasileiro cenário
surgiu
das
elites
como
uma
emergentes,
consideráveis e predominância de componentes naturais, como Segundo Mascaró (2008), foi o jardim que deu lugar ao parque
cobertura vegetal, destinados à recreação.
público urbano e consequentemente este deu lugar ao sistema de parques e aos corredores verdes. Dessa forma, o autor diz
Por outro lado, Olmsted (apud Scalise, 2002), afirma que
que o parque é um espaço de vários hectares, aberto, onde a
parques são locais com extensão e espaço suficientes e com
vegetação prevalece sobre os materiais inertes, e geralmente é
todas as características necessárias que justifiquem a aplicação
atravessado por vias de circulação, podendo ser de pedestres
a eles daquilo que pode ser encontrado na palavra cenário ou
ou então de veículos nos casos de parques maiores, permitindo
paisagem, no seu sentido mais antigo e radical. E ainda de
assim o acesso dos usuários ao diferentes setores do local.
acordo com o Ministério do Meio Ambiente (Governo do Brasil, acesso em 23/02/2018), parque urbano é uma área verde com
Já segundo Macedo e Sakata (2010), a definição de parques no Brasil é abrangente, e nem sempre muito precisa. Sendo assim,
função ecológica, estética e de lazer, e com uma extensão maior que as praças e jardins públicos.
os mesmos consideram parque todo espaço de uso público destinado ao lazer da população, qualquer que seja seu tipo,
Após
as
várias
definições
encontradas,
é
necessário
capaz de introduzir intenções de conservação e cuja estrutura
compreender que existem diversos tipos de espaços livres de 53
uso público, e que vários autores citam e explicam tais tipologias em seus livros. Porém aqui o foco se destinará aos parques, e as análises feitas estão contidas nos livros de Francis (2003), Macedo e Sakata (2010), Marcus e Francis (1998) e Mascaró (2008). Dessa maneira, foi produzida uma tabela indicando o tipo de parque, o autor que o cita, sua definição e as principais características, de modo a comparar as diferentes visões dos autores para cada tipologia. Porém, antes de apresentá-la, é importante deixar claro certas observações. Alguns tipos de parques foram encontrados em mais de um livro, de modo que é possível fazer comparações, já outros apenas foram citados por um único autor, mas apesar disso, todos foram colocados na tabela de modo a facilitar a análise. Segue abaixo a tabela 1:
54
Tabela 1 - Tipologia de parques
55
Fonte: Arquivo Pessoal (2017)
56
3.2 Função dos parques
Figura 29 - Área esportiva e de caminhada - Parque da Juventude (SP)
Os parques exercem diversas funções para a cidade e para sociedade, de modo que isso os torna essenciais para a vitalidade urbana. Segundo Macedo e Sakata (2010), os parques possuem três funções de lazer, sendo elas a cultural, com a presença de museus e exposições, o esportivo, com quadras e até tanques para modelismo de barcos e lazer contemplativo, com visuais da vegetação, das fontes, dos lagos e dos cenários criados. Dentro da função lazer, Francis (2003), destaca que deve haver engajamento passivo, que trata das ações observar,
Fonte: aflalogasperini.com.br
descansar, dormir, conversar, bem como o ativo, que envolve a
Figura 30 - Área de contemplação - Parque Natural Municipal Flor do Ipê (SP)
questão física, com a presença de diversas atividades e esportes, como caminhadas e corridas, sem se descuidar da presença de espaços para todas as faixas etárias, desde playgrounds para as crianças até espaços para idosos, promovendo consequentemente a função de socialização. As figuras a seguir demonstram as funções descritas acima.
Fonte: olhardireto.com.br
57
Figura 31- Área de estar - Parque Güell (Barcelona)
Segundo Francis (2003), para que esses espaços desenvolvam a sua função e possam ser bem utilizados pela população deve haver conforto, com a presença de bancos para sentar, descansar e admirar a paisagem, devem oferecer comida e água para os usuários e também locais com exposição ao sol e com sombra. Tal pensamento está de acordo com Marcus e Francis (1998), que citam que os parques além de promover tais locais de conforto, devem garantir também passeios sinuosos pelas áreas naturais para que as pessoas apreciem melhor o contato
Fonte: traveler.es
com o ambiente. Sobre o esse tema, algumas entrevistas feitas em São Francisco e Londres, são apresentadas por Marcus e
Figura 32 - Recreação infantil - Parque de los pies descalzos (Medellín)
Francis (1998), onde o resultado confirma que a maioria das pessoas procuram os parques para ter contato com a natureza, e as mesmas os descrevem utilizando palavras como vegetação, natureza, relaxamento, conforto, tranquilidade paz, oásis urbano, dentre outras. Já Macedo e Sakata (2010, p. 13) destacam que:
Fonte: viajeros.com
Novas funções foram introduzidas no decorrer do século XX, como as esportivas, as de conservação de recursos naturais, típica dos parques ditos ecológicos, e as de lazer sinestésico dos brinquedos eletrônicos, mecânicos e dos espaços cenográficos dos parques temáticos. Essas funções requalificam os parques e novas denominações, novos adjetivos, são atribuídos a eles como, por exemplo, parque ecológico e parque temático.
58
Sendo assim, existe também a função ecológica, com o objetivo
3.3 Requalificação de parques
de preservar a vegetação nativa dentro do meio urbano, e criar atividades relacionadas com a educação ambiental no espaço dos parques, de modo que ocorra a conscientização ecológica
3.3.1 Definição e recomendações para intervenções em parques
(Macedo e Sakata, 2010), questão esta também citada por
A Carta de Lisboa (1995, p. 2), sugere que a requalificação
Marcus e Francis (1998), ressaltando que o tema vem ganhando
urbana “aplica-se sobretudo a locais funcionais da “habitação”;
força nos debates sobre parques, e que estes vem sendo
tratam-se de operações destinadas a tornar a dar uma
considerados como um oásis de vegetação em um deserto de
actividade adaptada a esse local e no contexto actual.” Já
concreto.
segundo Moura et al. (2006, p.20):
Dessa forma, fica claro que as funções são benéficas e necessárias para o ser humano, meio ambiente e para toda a cidade, e que a criação de parques públicos é fundamental para toda a sociedade urbana.
a requalificação urbana é sobretudo um instrumento para a melhoria das condições de vida da população, promovendo a construção e recuperação de equipamentos e infra-estruturas e a valorização do espaço público com medidas de dinamização social e econômica. Procura a (re) introdução de qualidades urbanas, de acessibilidade ou centralidade a uma determinada área [...]
A partir do estudo feito acima, pode-se afirmar que o Parque da
Além disso, com seu caráter mobilizador e estratégico, promove
Prainha, objeto deste estudo de intervenção, é um parque
modificações culturais, paisagísticas e sociais, bem como
urbano, pois possui ligação com o sistema de transporte público,
mudanças no valor econômico da região, além de sempre
sua frequência de utilização é diária ou semanal e está envolvido
estabelecer novos padrões de organização e utilização da área
pelo tecido urbano. Além do mais, possui grande importância
(Moura et al., 2006).
para toda a cidade devido aos seus eventos de médio e grande
Já outra definição trazia por Mendes (2013, p.35) diz que a
porte, com destaque para a Festa da Penha, que acontece
requalificação “visa restituir a qualidade a um determinado
anualmente e reúne milhares de fiéis na região.
espaço a partir da melhoria das condições físicas dos edifícios 59
e/ou dos espaços urbanos, podendo ser alterada a função
for Public Spaces6, quatro qualidades são essenciais para tornar
primitiva de forma a dar resposta às exigências da época”. Ainda
o espaço público bem sucedido.
complementando as ideia citadas acima, Sotratti (2015) cita que: A requalificação apresenta propostas alicerçadas na recuperação e na valorização das origens e das verdadeiras representações sociais, humanizando e controlando o sistema de exclusão das cidades contemporâneas, e ao mesmo tempo, reinventando identidades baseadas em produções socioculturais locais.
Dito isso, pode-se afirmar que a requalificação de parques afeta várias questões relevantes, como economia, sociedade e paisagem, sendo seu principal objetivo, valorizar as qualidades do local em que se insere, resgatando sempre seu potencial histórico-cultural, de modo a criar uma identidade local. Além disso, o projeto deve se integrar com a cidade e a população, trazendo novos usos, diversidades de funções, e garantindo a melhoria da qualidade de vida dos habitantes. Após o que foi explicado acima, vale analisar algumas recomendações que devem ser levadas em conta para gerar uma intervenção de qualidade em parques. Para isso, utilizaramse guias que trazem fundamentos para projetar áreas livres de uso público.
1. ATIVO Trata do dinamismo que as atividades existentes geram no local, pois quando não se oferece algo atrativo para as pessoas, então o espaço torna-se inutilizado. Sendo assim, deve haver diversas formas
e Santiago (2015), baseados nos princípios e práticas da Project
uso
do
ambiente,
com
múltiplas
atividades
acontecendo, de modo que permitam a permanência de usuários de variadas idades durante o dia todo. 2. ACESSÍVEL Aborda o fato de que pessoas de todas as idades e condições, como por exemplo, as que possuem dificuldades de locomoção, consigam chegar ao espaço e circular livremente nele. Trata também das conexões físicas e visuais existentes para o espaço público, levando em consideração a facilidade de acesso, sua visibilidade no ambiente, a forte presença do sistema de transporte público e também as características das ruas do 6
Segundo o “Guia de Espaços Públicos”, produzido por Heemann
de
Organização sem fins lucrativos de Nova York, que ajuda pessoas a criar e
manter espaços públicos com o objetivo de construir comunidades mais fortes. Fonte: placemaking.org.br
60
entorno, já que estas se tornam mais seguras e interessantes
Figura 33 - O que faz um espaço público ser bem sucedido
com a presença de lojas e cafés, por exemplo, o que consequentemente atrai mais pessoas. 3. SOCIÁVEL Já quanto à questão da sociabilidade, é um item de extrema importância, pois gera o encontro entre amigos, e inclusive incentiva o surgimento de novas amizades, portanto traz vitalidade ao local e cria a sensação de pertencimento ao espaço público. 4. CONFORTÁVEL Este item diz que o espaço público deve possuir características convidativas, como por exemplo, lugares para a pessoa se sentar, visuais agradáveis e deve incluir também percepções sobre segurança e limpeza, de modo que tornem o ambiente mais atraente. É dessa maneira que o espaço torna-se confortável para seus usuários. Fonte: placemaking.org.br, 2015 (Modificado pela autora)
A seguir, a figura 33 apresenta os quatro itens essenciais nas áreas públicas e suas respectivas características:
61
A seguir são apresentadas imagens de espaços públicos bem Já o guia "Fundamentos para Projetar Espaços Públicos Confortáveis", criado pelos arquitetos Martínez, Ciriquián e
sucedidos, que seguem os elementos descritos nos guias analisados:
Moure (2013), apresenta os fatores determinantes para o conforto nas áreas livres públicas, o que consequentemente atrai
Figura 35 - Aarhus, Dinamarca
usuários e gera prosperidade ao local. Abaixo seguem as condicionantes estabelecidas para gerar conforto: Figura 34 - Fatores que geram conforto no espaço público Condições Térmicas
O espaço urbano deve garantir conforto térmico para seus usuários e qualidade ambiental
Escala Urbana
Deve haver proporção entre a altura das edificações e a escala do espaço urbano
Ocupação do Espaço
Trata das atividades realizadas no espaço público, de modo que garantam diversidade de usos e segurança para seus usuários
Paisagem Urbana
O ambiente torna-se confortável através da criação de visuais agradáveis e de focos de atração
Segurança
Deve-se promover a transparência no espaço público, garantindo assim a visibilidade natural
Condições Acústicas
Trata dos ruídos gerados por veículos e que devem ser amenizados com barreiras vegetais e pavimentos com materiais absorventes
Qualidade do Ar
Elemento este ligado ao conforto e à saúde, que pode ser melhorado com a implantação de arborização e controle na utilização de automóveis
Ergonomia
Trata da correta aplicação das medidas dos mobiliários urbanos e no próprio desenho do espaço público
Fonte: archdaily.com.br, 2013 (Modificado pela autora)
Fonte: e-dublin.com.br (2015) Figura 36 - Praça de Trafalgar, Londres, Inglaterra
Fonte: archdaily.com.br (2013)
62
Figura 37 - Bradford City Park - Inglaterra
Fonte: discoversociety.org (2014)
Figura 38 - Union Square - Nova York, EUA
Fonte: kid101.com (2018)
Figura 39 - Burnside Park - Providence, EUA
Fonte: goprovidence.com
Figura 40 - Espaço público de HafenCity - Alemanha
Fonte: hafencity.com
63
3.3.2 Referênciais Projetuais
relevante bem como problemas pertinentes relacionados à
A escolha dos parques urbanos analisados neste trabalho
questão ambiental, social e de degradação da área.
seguiu um critério de seleção feito de uma maneira simples e
Este processo resultou na identificação de três parques urbanos,
objetiva.
seriam
sendo dois exemplos brasileiros, e um estrangeiro. O primeiro
estudados parques localizados em área de importância histórica,
trata de um parque que já era existente, mas que precisou sofrer
cultural ou paisagística para a cidade e para a população, de
um processo de requalificação devido ao grau de degradação do
modo a analisar possíveis compatibilidades com o sítio da
local. O segundo não existia, porém foi criado em uma área de
Prainha, que será estudado neste trabalho. Sendo assim,
interesse histórico, que se encontrava descaracterizada e
utilizaram-se para a pesquisa, o livro “Desenhando paisagens,
depredada, com o objetivo de levar diversidade de usos e
moldando uma profissão” de Rosa Kliass e “Parques Urbanos no
dinamismo para a região. Já o terceiro exemplo, trata de um
Brasil” de Silvio Soares Macedo e Francine Sakata, além de
local público de extrema importância para a população, porém
buscas online.
deteriorado e escasso em infraestrutura, o que gerou uma
Primeiramente
foi
definido
que
apenas
A partir dos resultados encontrados, foram selecionados os espaços públicos com afinidade à realidade sócio espacial e cultural da Prainha. Destes, foram verificados os problemas da área em que eles se encontram, e o porquê da necessidade de
barreira dividindo a cidade. Com isso, neste último exemplo, pensou-se na criação de um parque e de outras áreas livres no próprio local, de modo a trazer qualidade à região e conexão com a cidade.
requalificação, contribuindo assim para um melhor entendimento sobre a situação da região e sobre quais eram as demandas dos usuários e da própria cidade para aquele ambiente em que se inserem os parques. Com esta delimitação, a busca foi reduzida para parques que abrangem contexto histórico e cultural 64
65 Figura 41 - Parque do AbaetĂŠ, Bahia Fonte: pt.wikipedia.org (2012)
Tabela 2-Ficha Técnica do Parque do Abaeté
Parque do Abaeté Autor
Rosa Grena Kliass e Luciano Fiaschi
Local
Salvador, BA - Brasil
Ano
1992
Área
4.000.000m², sendo 2.500.000m² urbanizados
Atividades
Esporte, contemplação, eventos culturais, recração infantil, atividades tradicionais
Fontes
preservando a vegetação nativa e garantindo um tratamento paisagístico
e
inserção
de
equipamentos
urbanísticos
adequados à tradição local e memória popular (MOURA, 1995). O entorno da lagoa foi conservado e a intervenção ocorreu afastada das margens, em áreas próximas à cidade, já que
AU Urbanismo (1995) Macedo; Sakata (2010) Kliass (2011)
apresentavam maior degradação pelo uso intenso (MACEDO; SAKATA, 2010 e KLIASS, 2011). Dessa forma, foi criado um núcleo central (figura 42) com equipamentos turísticos e uma praça de eventos (figura 43), circundada com áreas gramadas e percursos sombreados, incluindo a vegetação nativa, que
Fonte: Elaboração da autora (2017)
garantem locais de encontro e descanso para os usuários, assim
O parque Abaeté (figura 41) localiza-se em Salvador/BA, e
como de contemplação da paisagem, já que é possível ter uma
segundo o artigo publicado na revista AU por Moura (1995), foi
vista para o mar, as dunas e para a cidade de Salvador. Da
declarado parque público devido a sua área de interesse, pois se
mesma forma, encontram-se outras atrações como a Casa de
situa bem próximo a uma lagoa de extrema importância para os
Música
ritos afro-brasileiros, e possui em seu entorno dunas que
equipamentos esportivos, como campo de futebol e instalações
alcançam até 40 metros de altura, sendo estas, características
de ginástica, e áreas de recreação infantil, com presença de
naturais e culturais bem marcantes na região. Porém no final da
playground. (AU Urbanismo, 1995; KLIASS, 2011).
da
Bahia,
destinada
às
atividades
culturais,
década de 80, a área estava sofrendo processo de degradação, com poluição na lagoa e ocupação irregular das dunas, o que levou a se pensar numa requalificação daquele ambiente, 66
Figura 42 - Vista de cima do núcleo central do parque
Outro ponto relevante é que a tradição das lavadeiras foi valorizada com a criação da Casa das Lavadeiras, que possui todas as instalações necessárias, como tanques e sanitários, para garantir o conforto das mulheres que utilizam o local (KLIASS, 2011). Além disso, o parque conta com uma infraestrutura completa, com a presença de lanchonetes, quiosques, lojas, estacionamento, lixeiras, bancos e demais equipamentos que atendem as necessidades dos usuários (MACEDO; SAKATA, 2010). As descrições acima sugerem que o Parque do Abaeté cumpre
Fonte: vivasalvador.com.br
com sua função em relação à cidade e sociedade, pois além de Figura 43-Praça de eventos
proporcionar atividades culturais, esportivas e de lazer para todas as idades, características estas essenciais para assegurar vitalidade ao espaço urbano, também garantiu a preservação do ambiente
natural
ali
existente.
Ademais,
o
projeto
de
requalificação respeitou e valorizou as tradições religiosas locais, de modo que o símbolo da cultura baiana perdura no parque até os dias de hoje. Segue ao lado a planta de implantação para a melhor compreensão do projeto, e um croqui do parque do Abaeté: Fonte: vivasalvador.com.br
67
Figura 44 - Planta de Implantação Figura 46-Croqui do parque
Fonte: KLIASS, 2011 Fonte: lfpaisagismo.com.br Figura 45 - Implantação ampliada
Fonte: KLIASS, 2011 (Modificado pela autora)
68
69 Figura 47 - Fortaleza de São José, Macapá Fonte: vitruvius.com.br (2007)
Tabela 3-Ficha Técnica do Parque do Forte
Parque do Forte - Complexo Fortaleza de São José
requalificar a área em seu entorno, criando assim um parque com projeto paisagístico adequado ao local, sem conflitar com
Autor
Rosa Grena Kliass
tal monumento, e cuja principal preocupação era integrar o rio, a
Local
Macapá, AP - Brasil
fortaleza e a cidade (KLIASS, 2011).
Ano
2004
O projeto recuperou a vegetação de uma área antes asfaltada,
Área
120.000m²
que era utilizada como estacionamento, e criou-se ali um
Atividades Passeio, eventos culturais, recreação infantil Fontes
vitruvius.com.br (2007) Fundação Joaquim Nabuco (2014) Kliass (2011)
anfiteatro para apresentações ao ar livre (figura 48). O acesso ao forte, que se dá por essa esplanada de eventos, foi desenhado de modo a permitir a visualização dos restos arqueológicos, bem como foram concebidos dois espelhos
Fonte: Elaboração da autora (2017)
d’água que seguem o desenho das construções históricas que
À beira do rio Amazonas, encontra-se a Fortaleza de São José,
existiam no local, de modo a fazer referência às mesmas
indicada hoje como cartão postal da cidade do Macapá (figura
(KLIASS, 2011). Do outro lado, em uma zona mais baixa,
47), construída no século XVIII e tombada pelo IPHAN em 1950
respeitando sempre as visuais da edificação principal, foi
(MORIM, 2014). Apesar da importância histórica do local para a
projetada uma área de recreação infantil que traz como ideia
cidade, com o crescimento urbano e novas construções que
principal a água, em homenagem ao rio Amazonas (figuras 49,
surgiram a partir do século XX, o forte foi perdendo a sua
50 e 51). Nesse pequeno parque foram utilizadas cores e
identidade e valor histórico, situação esta agravada pela
também elementos lúdicos, de modo a tornar o espaço mais
ocupação inadequada da população em áreas de remanescente
vivo, estimulando assim os jogos das crianças (KLIASS, 2007).
arqueológico, extinguindo assim, a relação da edificação com a cidade. Com isso, no ano de 1999, o monumento passou por
Outro item concebido no projeto trata de um passeio às margens
uma restauração e ao mesmo tempo houve a proposta de
do Amazonas (figuras 52, 53 e 54), designado aos pedestres e 70
ciclistas, potencializando assim a conexão da população com o
Figura 49-Parque infantil
rio, bem como interligando as áreas construídas no Parque do Forte (KLIASS, 2011). Sendo assim, percebe-se que todas as características do projeto conversam entre si e respeitam a questão histórica do local, sem ignorar as necessidades da população, que agora possui uma área pública de qualidade para as atividades culturais e de lazer. A seguir são apresentadas as figuras que retratam as descrições do parque, bem como sua planta de implantação (figura 55) e alguns croquis para auxiliar no melhor entendimento do projeto. Figura 48 - Anfiteatro e espelhos d’água Fonte: vitruvius.com.br
Figura 50 - Croqui dos jogos d'água
Figura 51- Croqui da área infantil
Fonte: KLIASS, 2011
Fonte: KLIASS, 2011
Fonte: youtube.com, 2016 (MegaView Pro)
71
Figura 52-Passeio beira-rio
Figura 55-Planta de implantação
Fonte: vitruvius.com.br
Fonte: KLIASS, 2011
Figura 53 - Croqui do acesso ao passeio beira-rio
Figura 54 - Passeio beira-rio
Fonte: KLIASS, 2011
Fonte: vitruvius.com.br
72
73 Figura 56 - The Voronez Sea Fonte: bustler.net (2014)
Tabela 4 - Ficha Técnica do Voronzh Sea
The Voronezh Sea
assim como a falta de infraestrutura adequada para a sociedade. Portanto, em 2014, o Departamento de Ecologia e Recursos
Autor
BudCud
Naturais promoveu uma competição com o objetivo de
Local
Voronezh, Rússia
desenvolver
Ano
2014
reservatório, bem como estimular o desenvolvimento urbano e
Área
157 km²
Atividades
Recreação, lazer, contemplação, esportiva, cultural
Dessa forma, o vencedor foi o escritório polonês BudCup, que
bustler.net (2014) ecosistemaurbano.com (2014) budcud.org (2014) arquitecturaviva.com (2015)
recuperará o reservatório, mas que também irá integrá-lo na
Fontes
estratégias
de
limpeza
e
recuperação
do
natural na região (Bustler Editors, 2014).
em sua proposta prevê uma ação multifacetada que não apenas
estrutura da cidade. O projeto conta com a criação de espaços públicos
multifuncionais,
acessíveis
e
atraentes
para
a
Fonte: Elaboração da autora (2018)
população, bem como traz soluções sustentáveis que criam
The Voronezh Sea (figura 56) é o nome como ficou conhecido o
assim um valor ecológico no local (BudCud, 2014). As figuras
reservatório de água construído no centro da cidade de
que seguem abaixo são esquemas que demonstram alguns dos
Voronezh, na Rússia, em 1972, sendo uma área de recreação
meios utilizados na recuperação do reservatório.
muito utilizada pela população. Porém, em 1992, o local passou a ser abandonado pelos seus usuários devido à intensa poluição das águas e do cais, bem como perdeu sua conexão com a cidade, criando-se assim uma barreira física e visual na região (Bustler Editors, 2014; Arquitectura Viva, 2015). Outros fatores que motivaram a evasão das pessoas daquele local foram a ausência de paisagens atraentes e de mobiliários urbanos, 74
Figura 57 - Plataformas flutuantes
Figura 59 - Esquema demonstrando a proposta de recuperação do rio
Fonte: ecosistemaurbano.com
Figura 58 - Plataformas flutuantes Fonte: budcud.org
Segundo o escritório BudCup (2014), como a poluição do cais e do reservatório estava em nível crítico, bloqueando inclusive o desenvolvimento da fauna e da flora, decidiu-se que o processo de purificação do tanque e a introdução de funções públicas seria dividido em três etapas:
- Estágio de teste (2015-2017): ocorrerão testes em nove pontos escolhidos e haverá a utilização de eco tecnologias para Fonte: ecosistemaurbano.com
75
purificar a água e inibir a entrada de agro poluentes no reservatório;
- Segunda etapa (2017-2022): o fundo do reservatório será mecanicamente aprofundado e limpo, e o solo retirado do fundo será utilizado para remodelar e ampliar a orla. Além disso, ocorrerá a criação de um parque paisagístico;
- Terceira etapa (2022-2025): o cais ecológico será o novo centro multifuncional da cidade de Voronez. A área passa a ser chamada de "mar de mil cais" e reconstruirá a estrutura da cidade, conectando de forma atraente e equilibrada ambos lados do reservatório.
Com isso, o projeto se tornará o centro de encontro e lazer da
1. Testes no cais, revitalização ecológica e espacial, locais compostos de cais de madeira flutuantes, jardins ecológicos e bóias ecológicas
1. Aprofundando
2.Pesquisa social e ecológica do litoral, para encontrar todos os conflitos e fraquezas
3. Criação do parque paisagístico
2. Revitalização ecológica do litoral em parceria pública e privada, baseada nas conclusões do testes
1. Mar limpo e sustentável (ecológica, econômica e socialmente). Área agora denominada “Mar de mil cais”, novo ícone da cidade
população, garantindo melhorias tanto na qualidade de vida dos habitantes, como no próprio tecido da cidade. Ao lado segue a figura 60, que apresenta as etapas de recuperação citadas acima, para o melhor entendimento do projeto.
Figura 60 - Passos de recuperação do rio Voronez Fonte: budcud.org (Modificado pela autora)
76
As figuras abaixo apresentam os diversos usos que o local
Figura 62 - Esquema dos usos
oferecerá aos seus usuários, dentre eles, plataformas para banho de sol, mercados, áreas de recreação em contato direto com a água, áreas esportivas, portos para caiaques e lanches, e muitos outros. Figura 61 - Usos propostos para o local
Fonte: ecosistemaurbano.com
Figura 63 - Área de banhistas e lazer
Figura 64 - Área esportiva e de lazer
Fonte: budcud.org
Fonte: budcud.org
Fonte: budcud.org
77
Figura 65 - Mercado e áreas de lazer
Figura 67 - Área cultural e de lazer
Fonte: arquitecturaviva.com
Fonte: ecosistemaurbano.com
Figura 66 - Área de descanso e lazer
Figura 68 - Cais de recreação e porto para lanchas e caiaques
Fonte: ecosistemaurbano.com
Fonte: budcud.org
78
Figura 69 - Camadas do novo desenvolvimento
adequados e houve a valorização do ambiente natural, atendendo assim as necessidades do público. Após as análises das intervenções acima, pode-se concluir que cada uma, apesar de diferentes, possui o objetivo de reestabelecer a qualidade do espaço público, trazendo dessa maneira novos usos, vivências e infraestrutura ao local, de modo a atrair as pessoas e gerar um ambiente dinâmico, vivo, com lazer e relações sociais. Além disso, são mudanças que atingem não somente o bem estar dos usuários, mas também a própria cidade, pois como já estudado nos capítulos anteriores, consequentemente impacta na economia, sustentabilidade, segurança, mobilidade, dentre outros aspectos urbanos. A seguir será apresentada uma tabela síntese contendo as potencialidades de cada parque trazido como exemplo, suas
Fonte: ecosistemaurbano.com
principais fragilidades e as soluções pra tais adversidades, de
Com isso, pode-se perceber que a intervenção foi pensada para
modo que sirvam de inspiração para o projeto final deste
além da purificação das águas, contanto com estratégias de
trabalho de conclusão de curso.
integração entre o mar, a cidade, e seus habitantes, assim como trouxeram soluções sustentáveis que criaram na área um valor ecológico de extrema importância. Além disso, foram inseridos diversos usos para todas as idades, equipamentos urbanos 79
Tabela 5 – Síntese da análise de cada parque Projetos analisados
Potencialidades
Fragilidades/Problemas
Área degradada, poluição da lagoa, ocupação irregular das dunas
Tratamento paisagístico; preservação da vegetaçao nativa e da lagoa; inserção de equipamentos urbanos adequados; criação de áreas de contemplação e descanso, lazer para todas as idades, incluindo áreas esportivas e de playground; valorização da cultura local
Perda da identidade e valor histórico, ocupação inadequada da população, perda da relação do forte com a cidade
Projeto paisagístico adequado; integração entre o rio, o forte e a cidade; criação de áreas de lazer e recreação para todas as idades; valorização das visuais da edificação; inserção de infraetrutura adequada
Poluiçã crítica das águas, o mar tornouse uma barreira que divide a cidade, ausência de infraestrutura e mobiliário adequado
Limpeza do mar e do cais; uso de tecnologia sustentável para criar um valor ecológico no local; colocação do meio de transporte aquático; criação de espaços públicos multifuncionais, acessíveis e atraentes para todas as idades
Ambiente natural: lagoa e dunas Parque do Abaeté
Questão cultural:ritos africanos e lavadeiras
Soluções de projeto
Ambiente natural: beira do rio Amazonas Parque do Forte
Questão histórica: Fortaleza de São José (séc. XVIII) e remanescentes arqueológicos
Ambiente natural: beira do mar Voronezh
The Voroneh Sea
Questão cultural: antigamente muito utilizada pela população para recreação
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
80
4 diagnรณstico da รกrea de estudo
81
Este capítulo apresenta em sua primeira parte a localização e delimitação da área a ser estudada, situada numa região reconhecida por sua relevância histórico-cultural, considerando a quantidade de bens tombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que ali se encontram. A segunda parte apresenta a contextualização histórica do sítio em estudo, de modo a retratar os principais acontecimentos da região, bem como sua importância para o município. A terceira traz informações sobre o perfil socioeconômico do bairro, compreendendo melhor o contexto em que a área em estudo se Fonte: vilavelha.es.gov.br (2013)
situa. O quarto item aborda a morfologia urbana, descrevendo os elementos viários, gabaritos, uso do solo, equipamentos urbanos, dentre outros elementos. Já o quinto item apresenta as condicionantes ambientais, que possuem uma grande relevância para a tomada de decisões no projeto final, portanto apresenta topografia, cortes, a marcação das áreas de preservação e demais
pontos
essenciais
de
serem
analisados. 82
memória local. A região possui também um rico acervo histórico
4.1 Localização da área de estudo
compreendido pelo Convento da Penha, Casa da Memória, O Sítio Histórico da Prainha está localizado no município de Vila Velha, no estado do Espírito Santo e apesar de ser conhecida pela população como um bairro, de acordo com a prefeitura a região está situada no bairro denominado Centro.
Museu Homero Massena, Casa Amarela da Família Shalders, Igreja do Rosário, Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro, Marinha do Brasil, e Gruta Frei Pedro Palácios, todos pertencentes ao sítio histórico, que inclui também os morros do
A área de estudo deste trabalho abrange os morros do Convento da Penha, da Ucharia, do Jaburuna e morro do Cruzeiro da Prainha, limitando-se ao norte pela Baía de Vitória e ao sul pela avenida Castelo Branco. A escolha da Prainha para a proposta de intervenção foi definida primeiramente por já possuir uma área de parque que atualmente está em condições precárias e
Convento da Penha, da Ucharia e do Cruzeiro. Ao lado, segue o mapa de localização do bairro Centro e a poligonal do Sítio Histórico, definida pela Prefeitura Municipal de Vila Velha (mapa 2). Logo após será apresentado um mapa com a delimitação da área de estudo e de intervenção final, bem como algumas imagens dos bens históricos citados acima.
que será utilizado na intervenção, e também por reunir um potencial físico espacial e raro na área central do município para apropriação de um espaço público destinado ao uso da população. Além disso, possui uma característica singular de estar inserida em sítio histórico que, como dito anteriormente, faz limite com a baía de Vitória, onde até a década de 90 existia o transporte aquaviário que contribuía para reduzir as distâncias e aumentar a relação da comunidade “canela verde”
7
com a
7
Nome utilizado para todo cidadão nascido no município de Vila Velha (Morro do Moreno, 2014)
83
Mapa 1- Localização da Prainha, Vila Velha (ES)
Fonte: Elaborado pela autora a partir de IJSN e PMVV (2018)
84
Mapa 2- ร rea de estudo
Figura 71 - Convento da penha
Fonte: folhavitoria.com.br (2018) Figura 72 - Casa da Memรณria Fonte: Elaborado pela autora a partir de PMVV (2018)
Figura 70 - Igreja do Rosรกrio
Fonte: portal.iphan
Fonte: vilavelha.es.gov.br (2013)
85
Figura 73 - Museu Homero Massena
Fonte: vilavelha.es.gov.br (2016) Figura 74 - Casa Amarela
Fonte: Arquivo pessoal (2017)
Figura 75 - Gruta Frei Pedro Palรกcios
Fonte: Arquivo pessoal (2017) Figura 76-Marinha do Brasil e Morro do Jaburuna
Fonte: Arquivo pessoal (2017)
86
4.2 Contextualização histórica do sítio
transformações espaciais, incluindo quatro aterros ao longo dos anos, que foram feitos de modo a suprir as necessidades que o
Vila Velha é o munícipio mais antigo do estado do Espírito Santo, onde em 1535 desembarcavam em sua enseada, os portugueses, dentre eles Vasco Fernandes Coutinho, donatário
local demandava, o que acabou por descaracterizar a forma original da Prainha. Abaixo segue um mapa com a localização de tais aterros:
da Capitania do Espírito Santo e responsável pela colonização da mesma (VIEIRA, 2012). A construção da Igreja Nossa
Mapa 3 – Evolução da ocupação do solo
Senhora do Rosário foi o marco dessa colonização, tombada em 1950 pelo IPHAN devido à sua importância histórica (IPHAN, acesso em 21/11/2017). Anos mais tarde, em 1558, o Frei Francisco Pedro Palácios foi responsável por construir em um penhasco, a 154 metros de altitude, um dos santuários mais antigos do Brasil, o Convento da Nossa Senhora da Penha (VIEIRA, 2012). Tombado pelo IPHAN em 1943, hoje é o maior símbolo religioso do estado, bem como um dos principais cartões postais do Espírito Santo, visitado não somente pela população local, mas também por devotos e turistas de todo o Brasil (IPHAN, acesso em 1º Aterro
Ocupações do séc. XVI XVII
2º Aterro
Ocupações do séc. XVIII e XIX
Localizada entre morros e limitada pelo mar, a ocupação da
3º Aterro
Ocupações do séc. XX
Prainha de Vila Velha foi se expandindo para o interior, e
4º Aterro
Construções históricas
21/11/2017).
conforme a cidade crescia, o local foi sofrendo diversas
Fonte: Calmon, Nunes, De Nardi, Almeida (2015)
87
Primeiro aterro (1912): feito para aumentar o raio de
4.3 Perfil Socioeconômico do Bairro Centro
curvatura da linha de bondes na época, invadindo assim o mar da Prainha
Segundo aterro (déc. 50): feito para implantar a Escola de Aprendizes de Marinheiros
Terceiro aterro (entre 1951 e 1954): feito para a construção da Av. Beira Mar e quebra mar
Quarto aterro (1970): feito para a construção do Parque da Prainha
As demais transformações da região também incluem o
Para esta análise, levou-se em consideração o contexto do bairro Centro como um todo, sendo consultado o documento “Perfil Socioeconômico por Bairros” (2013), disponibilizado pela Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão (SEMPLA), produzido com base nas informações do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo tal documento, o bairro conta com uma população de 7.880 habitantes, com a faixa etária de acordo com o gráfico 1:
acréscimo de novas construções com relevância histórico-
Gráfico 1 – Faixa etária da população
cultural, sendo que a Prainha conta atualmente com uma grande
Faixa Etária
quantidade de bens tombados pelo IPHAN. Graças à relevância
15,4%
4,1% 10,0%
histórica e religiosa do local, em 2015 a Prefeitura de Vila Velha
0 a 4 anos
sancionou uma lei que transformou a Prainha em Sítio Histórico,
5 a 14 anos
cujo objetivo é de preservar o patrimônio cultural, religioso,
15 a 64 anos
histórico e paisagístico da região (PMVV, 2015), além de
65 anos ou mais 70,4%
incentivar também o crescimento do turismo na região (Rádio CBN Vitória, 2015).
Fonte: Elaborado pela autora a partir do IBGE (2010)
Portanto, ao analisar o gráfico, percebe-se que o bairro possui uma quantidade muito baixa de crianças, sendo a população predominantemente jovem e adulta. 88
Quanto aos domicílios particulares permanentes ocupados,
4.4 Análise Morfológica
obteve-se um total de 2.719, sendo que dentre eles 66,6% são próprios, 27,1% são alugados, 6% são cedidos e 0,3% possuem
4.4.1 Zoneamento Urbano
outras formas de ocupação. É importante ressaltar também que
De acordo com o artigo 69º do Plano Diretor Municipal (PDM) de
a média de habitantes por moradia é de 2,9.
Vila Velha (Lei nº 4575, de 26 de Novembro de 2007), “o
Já quanto ao rendimento nominal médio mensal de pessoas com dez anos ou mais, o documento da SEMPLA apresenta o valor de R$2280,60. O gráfico 2 a seguir apresenta em porcentagem a quantidade de pessoas que recebem até um salário mínimo, mais de um salário mínimo ou que não possuem rendimentos, levando em consideração um salário mínimo de R$510,00. Gráfico 2 – Quantidade de pessoas e sua classe de rendimento nominal médio mensal Classe de rendimento médio mensal
zoneamento urbano institui as regras de uso e ocupação do solo urbano para cada uma das zonas criadas, com o objetivo de consolidar e otimizar a infraestrutura básica instalada de maneira a evitar vazios urbanos e a expansão desnecessária da malha urbana”. Segundo a Minuta de Projeto de Lei Complementar n° 040 de 20 de dezembro de 2017 (revisão decenal da Lei Municipal nº 4575/2007), o bairro Centro possui seis zonas diferentes, porém a área de estudo da Prainha possui apenas quatro, sendo elas a Zona de Especial Interesse Ambiental (ZEIA B), Zona de Especial Interesse Cultural (ZEIC A), Zona de Ocupação Restrita
11,8% 29,6%
Até 1 salário mínimo
58,6%
Mais de 1 salário mínimo Sem rendimentos
(ZOR D) e Zona de Especial Interesse Público (ZEIP), apresentadas no mapa 4 abaixo e descritas logo em seguida na tabela 4.
Fonte: Elaborado pela autora a partir do IBGE (2010)
89
Mapa 4 – Zoneamento Urbano na Prainha
Legenda ZEIA B ZEIC A ZOR D ZEIP Centro Limite da área de estudo Fonte: Elaborado pela autora a partir de Google Earth e PDMVV (2018)
90
Tabela 6 - Zoneamento Urbano
Art. 90
Constitui-se pelos vazios urbanos ou áreas próximas Parcelas do território municipal, de domínio público ou a remanescentes ambientais, áreas de interesse privado, onde é fundamental a proteção e a ambiental, orla municipal ou áreas com baixa ZEIA's Art. 84 ZOR's conservação dos recursos naturais, com sua adequada infraestrutura existente e sem potencial para sua utilização visando à preservação do meio ambiente. qualificação, observando-se as condições ambientais a serem protegidas.
Art. 92 §2
ZOR D
Parâmetros urbanísticos: I - Coeficiente de Aproveitamento Mínimo: 0,2; II - Coeficiente de Aproveitamento Básico: 1,0; III - Taxa de Ocupação Máxima: 60%; IV - Taxa de Permeabilidade Mínima: 15%; V - Gabarito: 2 (dois) Pavimentos; VI - Altura da Edificação: limitada em 8 (oito) metros; VII - Altura Máxima da Edificação: limitada por interferência em cones aeroviários, visual do Convento da Penha, Carta Náutica Nº 1401 e Estudos de Sombreamento, o que for menor; VIII - Graus de Impacto Permitidos: 1, 2 e 3.
ZEIP
Áreas do território municipal, de propriedade ou interesse público, onde é fundamental a manutenção e qualificação dos espaços livres de uso público ou voltados à implantação de equipamentos públicos.
ZEIA B
Parcelas do território municipal, de domínio público ou privado, com características ambientais passíveis de estudos para definição de novas Zonas de Especial Interesse Ambiental A – ZEIA-A e, no entorno das Art. 86 áreas definidas como tal, deverão ter características de ocupação urbanística restrita e com uso predominantemente residencial unifamiliar ou multifamiliar com baixas densidades.
Art. 93
Áreas destinadas à proteção do patrimônio histórico, ZEIC's cultural e natural, com o objetivo de garantir a proteção e valorização dos bens existentes.
Art. 95
Parâmetros urbanísticos: I - Coeficiente de Aproveitamento Mínimo: 0,2; II - Coeficiente de Aproveitamento Básico: 1,5; III - Taxa de Ocupação Máxima: 70%; IV - Taxa de Permeabilidade Mínima: 10%; V - Gabarito: 2 (dois) Pavimentos; VI - Altura da Edificação: limitada em 8 (oito) metros; VII - Altura Máxima da Edificação: limitada por interferência em cones aeroviários e visual do Convento da Penha, o que for menor; VIII - Graus de Impacto Permitidos: 1, 2 e3
ZEIC A
Art. 100
Legenda ZEIA B
ZOR D
ZEIC A
ZEIP
Fonte: Elaborado pela autora a partir de PDMVV (2018)
91
4.4.2 Uso e Ocupação do Solo O estudo de uso e ocupação do solo é de extrema importância
Abaixo segue a tabela 7 com as áreas e porcentagens do uso do
para o bom entendimento das atividades que acontecem na
solo na região, e logo em seguida serão apresentadas imagens
região, bem como para compreender como o espaço está sendo
é apresentado o mapa 5, produzido levando em consideração o
utilizado,
conclusões
Artigo 60º da Minuta de Projeto de Lei Complementar n° 040 de
melhores
20 de dezembro de 2017, que estabelece os tipos de usos
essenciais
o
que que
posteriormente serão
permite
empregadas
para
tirar gerar
propostas de intervenção. Ao analisar as ocupações do solo, foi possível perceber que o
existentes. Tabela 7 – Uso e ocupação do solo
parque da Prainha, local que receberá a intervenção, possui uma área significativa, ocupando 16,06% da região estudada, porém quanto aos tipos de uso, a Prainha é composta predominantemente pelo residencial, seguido do uso misto, sendo que este está adensado principalmente em frente às praças e nas imediações do acesso ao Convento da Penha, onde é possível encontrar especialmente produtos artesanais. É importante destacar também, que o terceiro tipo de uso com maior área é o institucional, compreendido por relevantes edificações como a Câmara Municipal de Vila Velha, Delegacia da Mulher, Correios, Posto da Polícia Militar, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 38º Batalhão de Infantaria, Marinha do Brasil, dentre outros. 92
Fonte: Arquivo pessoal (2017)
93
Patrimônios Históricos
Seguem abaixo figuras que apresentam o
1 Escola de Aprendiz de Marinheiro
comércio
artesanal
descrito
anteriormente, bem como alguns dos
2 Museu Homero Massena
edifícios
3 Casa da Memória
institucionais
existentes
na
região:
4 Igreja do Rosário
Figura 77 - Capela do campinho do Convento
5 Prédios do 38º Batalhão de Infantaria
Fonte : Arquivo pessoal (2017)
6 Pórtico dos Fiéis 7 Gruta do Frei Pedro Palácios 8 Portão da Ladeira-Acesso de veículos 9 Ladeira do Fiéis 10 Convento Nossa Senhora da Penha 11 Capela de São Francisco de Assis no campinho do Convento
M1
M2
Monumentos M1 Âncora de ferro fundido M2 Busto em homenagem à Marinha do Brasil M3 Monumento do Frei Pedro Palácios
M3
Figura 78 - Monumentos Fonte : Arquivo pessoal (2018)
Figura 79 - Comércio artesanal no acesso ao Convento Fonte : Arquivo pessoal (2017)
94
Figura 80 – Delegacia da mulher
Figura 81 – Polícia Militar
Observando
o
mapa
5,
notam-se
também
algumas
irregularidades nos usos da região, que serão descritas a seguir, estando assim, em desacordo com o PDM de Vila Velha. A área do parque da Prainha, como visto anteriormente, insere-se na ZEIP, zona destinada à manutenção e qualificação dos espaços livres de uso público e que possui os seguintes objetivos segundo
o
artigo
101º
da
Minuta
de
Projeto
de
Lei
Complementar n° 040 de 20 de dezembro de 2017: Fonte: Arquivo pessoal (2017)
Fonte: Arquivo pessoal (2017)
I - garantir a reserva de áreas de espaço livre de uso público; Figura 82 - Câmara Municipal
Figura 83 - Correios
II - fomentar a qualificação dos espaços públicos municipais; III - permitir, em consonância com os desígnios dos moradores, a utilização dos espaços de forma que melhor aprouverem as necessidades da região. Apesar de ainda não terem sido definidos os parâmetros urbanísticos para tal zona, os itens citados acima são suficientes
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: gazetaonline.com.br (2016)
pra tornar inapropriada a presença de uma fábrica e distribuidora de gelo no local (figura 83). Outro uso inadequado percebe-se também em relação às moradias que se encontram em áreas de ZEIA, como por exemplo, no Morro do Cruzeiro, já que nessas zonas é 95
necessária a proteção e a conservação dos recursos naturais,
Figura 85 - Moradias no Morro do Cruzeiro
pois visam a preservação do meio ambiente. Alguns dos objetivos das ZEIA’s citados no artigo 91º da Minuta de Lei são: - Proteger as áreas frágeis, alagáveis e/ou brejosas - Proteger todas as lagoas e matas e seu entorno - Promover a criação de parques urbanos Portanto, o fato de existirem construções em tal área, gera desacordo em relação ao Plano Diretor Municipal (figura 84 e 85). Fonte: Google Earth (Modificado pela autora) Figura 84 - Fábrica de Gelo
Uma análise complementar sobre o uso e ocupação do solo a ser feita trata do artigo 286º, que apresenta os deveres da população quanto às obras de infraestruturas, demolições, reformas, urbanização e novas construções que são executadas no Sítio Histórico da Prainha: a) privilegiar a boa qualidade visual para os bens tombados ou identificados como de interesse a preservação; b) ser ordenadas de forma a favorecer a visibilidade do Outeiro e Convento Nossa Senhora da Penha; c) ser submetidas ao exame e manifestação do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural; d) no caso específico de intervenções no Parque da Prainha, a proposta também deverá ser encaminhada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para manifestação e
Fonte: Arquivo Pessoal (2018)
96
aprovação. (Minuta de Projeto de Lei nº XXX/2017, Art. 286. Parágrafo Único)
O mapa 6 a seguir, mostra a área de uma maneira mais aproximada, de modo a verificar melhor os usos no próprio
procurado pelos moradores, remete à memória do local (figura 87). Figura 86 - Clube de bocha
parque da Prainha. A partir de análises no mapa, visitas feitas ao local e de conversas com usuários do parque, foi possível pontuar algumas observações sobre tais usos ali existentes. Primeiramente, é importante citar o fato de que existem pescadores tanto artesanais, como industriais na região, onde os primeiros pescam de forma tradicional e em pouca quantidade, diferentemente dos segundos, que visam a pesca predatória e venda em grande escala. Portanto, apesar de existir uma Associação de Pescadores, essa situação gera um conflito entre ambos.
Fonte: Arquivo pessoal (2017) Figura 87 - Peixaria
Outra questão relevante é a importância que o Clube de Bocha tem na região, já que é uma atividade esportiva tradicional e antiga, fundado em 1996, atraindo adultos e idosos todos os dias, sendo seu horário de funcionamento a partir das 16h, estendendo-se até a noite e gerando certo movimento na no parque da Prainha (figura 86). Da mesma forma, percebeu-se também que a peixaria é um elemento muito relevante para a população, pois além de ser um ponto comercial muito
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
97
98
4.4.3 Gabaritos
Segundo o artigo 95º da Minuta de Projeto de Lei nº 040 de 20
A análise dos gabaritos na região em estudo é fundamental, pois a Prainha apresenta patrimônios históricos, paisagens naturais e vistas significativas, além de possuir o Convento da Penha como marco visual que deve ser conservado e valorizado devido à sua importância histórica e religiosa para o estado do Espírito Santo e para o Brasil.
ZEIC A, zona esta que ocupa a maior parte plana da Prainha, o número máximo de gabaritos permitidos são dois, com a altura das edificações limitadas em oito metros, podendo ser menor quando interferir em cones aeroviários e visuais do Convento da Penha, contudo, existem edificações que ultrapassam o permitido na lei (figura 88).
Sendo assim, observou-se que a maior parte da região em estudo possui edificações com dois gabaritos, predominando sobre as de um pavimento por uma diferença muito baixa. Segue abaixo a tabela 8, com os resultados obtidos quanto ao número de pavimento e as respectivas áreas que ocupam em solo na região. Número de pavimento
de dezembro de 2017, que trata dos parâmetros urbanísticos da
Com isso, obteve-se um total de 21,44 % de edificações em desacordo com o PDM, considerando também aquelas que se encontram em áreas de ZEIA, que como visto anteriormente, possui o objetivo de preservar e conservar seus recursos naturais, não sendo permitido qualquer tipo de edificação no local. A seguir é apresentado o mapa de gabaritos.
Área (m²)
Porcentagem
1 pavimento
40625,41 m²
38,68%
2 pavimentos
41878,7 m²
39,88%
3 pavimentos
13556,74 m²
12,91%
4 pavimentos
7318,47 m²
6,97%
Mais de 4 pavimentos
1644,12 m²
1,57%
Total
105023,4 m²
100,00%
Tabela 8 – Número de pavimentos e suas respectivas áreas Fonte: Arquivo pessoal (2018) Figura 88 - Edificações em desacordo com a lei Fonte: Arquivo pessoal (2018)
99
100
4.4.4 Morfologia urbana
assim em desacordo com o PDM de Vila Velha, como já foi visto
Do ponto de vista da arquitetura e do urbanismo, morfologia
anteriormente.
urbana é o estudo da forma das cidades, de modo mais específico, “o estudo do meio físico da forma urbana, dos processos e das pessoas que o formataram” (REGO e MENEGUETTI,
2011,
p.
124).
Seguindo
esse
mesmo
pensamento, tal estudo é voltado, segundo Del Rio (1990, p. 71), para “o tecido urbano e seus elementos construídos formadores através da sua evolução, transformações, inter-relações e dos processos sociais que os geraram”. Portanto, a análise a seguir trata da forma urbana, demarcando as edificações existentes e expondo as áreas vazias, de modo a relacioná-las entre si e verificar como isso pode influenciar na dinâmica social e da cidade. Como pode ser visto no mapa a seguir, a maior parte da área de estudo está ocupada por edificações, porém é possível encontrar áreas vazias com dimensões significativas, que podem se tratar de pátios, bem como de terrenos abandonados ou vazios. É importante destacar também que existem edificações no próprio parque da Prainha e no entorno dos morros, estando
101
102
4.4.5 Mobilidade Urbana O estudo da mobilidade urbana é fundamental para o trabalho, pois permite compreender como ocorrem os deslocamentos e
Via local: via caracterizada por interseções em nível não semaforizadas, destinada apenas ao acesso local ou a áreas restritas
fluxos na região, quais modais de transportes são utilizados e
No mapa 6 apresentado a seguir, foram destacadas também as
quais
atender a
vias locais com paralelepípedo, pois é relevante citar que tal
população, de modo a verificar se a mobilidade cumpre sua
pavimentação é normalmente utilizada como estratégia para a
função de segurança e conforto aos usuários.
redução da velocidade de veículos, o que pode servir de
são
as
infraestruturas
existentes para
De acordo com a Minuta de Projeto de Lei de 2017, a área de estudo possui três diferentes hierarquias viárias, que são descritas no artigo 233º da seguinte maneira:
influência para a inserção de tal piso no futuro projeto, de modo a impedir o fluxo rápido. Vale destacar também, que atualmente a região do Sítio Histórico da Prainha conta com um projeto denominado Zona 30, projeto este que reduz a velocidade
Via arterial (Av. Luciano da Neves e Rua Antônio Ataíde):
máxima dos veículos para 30km por hora, além de implementar
via caracterizada por interseções em nível, geralmente
faixas elevadas e sinalização horizontal na pista, visando assim
controlada por semáforo, com acessibilidade aos lotes
melhorar a segurança viária para os motoristas, ciclistas e
lindeiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o
pedestres, bem como valorizar o próprio Sítio Histórico
trânsito entre as regiões da cidade
(Prefeitura de Vila Velha, 2017).
Via coletora (Av. Castelo Branco): via destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade
Vale ressaltar que segundo a Prefeitura de Vila Velha (2017), tais medidas foram estabelecidas em conjunto com os moradores
da
região,
que
inclusive
já
haviam
pedido
modificações no fluxo viário para tornar a área mais segura.
103
104
Abaixo seguem imagens do projeto Zona 30 implantado pela Prefeitura de Vila Velha: Figura 89 - Sinalização horizontal – Rua Antônio Ataíde
Figura 91 - Sinalização vertical
Fonte: vilavelha.es.gov.br (2017)
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Figura 90 - Faixa elevada - Av. Luciano das Neves
Figura 92 - Sinalização vertical - compartilhamento de vias com outros modais
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
105
Quanto aos modais de transportes oferecidos na região,
Ademais, é possível encontrar um bicicletário em frente à
encontraram-se dois pontos de ônibus, localizados na rua
Câmara Municipal (figura 97), bem como uma instalação do
Antônio Ataíde e em frente à praça Otávio Araújo, bem como
sistema de compartilhamento de bicicletas “Bike VV” em frente à
dois pontos de táxi, sendo um situado próximo ao acesso
praça Almirante Tamandaré (figura 98), programa este criado no
principal do Convento da Penha e outro também na praça Otávio
ano de 2018, que oferece aluguel de bicicletas para a população
Araújo. Ver figuras abaixo:
de Vila Velha.
Figura 93 - Ponto de táxi próximo ao acesso do Convento
Figura 94 - Ponto de táxi - Praça Otávio Araújo
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: Arquivo pessoal (2017)
Figura 95 - Ponto de Ônibus Antônio Ataíde
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Figura 97 - Bicicletário
Figura 98 - Bike VV
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Figura 96 - Ponto de Ônibus - Praça Otávio Araújo
Fonte: Arquivo pessoal (2017)
106
Ainda sobre os meios de locomoção, foi feita uma pesquisa com
Com isso, percebe-se que o meio de locomoção principal é o
usuários da região para saber qual o transporte mais utilizado
ônibus, utilizado principalmente por trabalhadores e estudantes
por eles e os resultados encontram-se no gráfico 3 abaixo,
da região. O segundo modal mais utilizado é o automóvel,
seguido do gráfico 4, que apresenta o perfil dos entrevistados:
seguido da locomoção a pé, esta feita principalmente por
Gráfico 3 – Meios de transporte utilizados pelos usuários Meio de transporte utilizado
moradores da própria região. Por último, com apenas 14% do total, encontra-se o uso da bicicleta, pois devido a ausência de ciclovias, o ambiente torna-se inseguro para tal meio de transporte, inibindo a população de usufruí-lo.
21%
Ônibus
36%
29%
Bicicleta
Já o mapa apresentado a seguir, permite analisar as áreas
Carro
regulares e irregulares de estacionamentos no Sítio Histórico.
A pé
14%
Dessa maneira, é possível observar que a maior parte dos locais demarcados como irregulares localizam-se no próprio parque da
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Prainha, próximos à orla e à peixaria, já que tais áreas sofreram
Gráfico 4 – Perfil dos usuários da região
apropriações devido às necessidades da população local. Logo
Perfil dos entrevistados
após o mapa, será exibida uma tabela com figuras que demonstram tais áreas.
9% Morador 37%
18%
Trabalhador Estudante Lazer
36%
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
107
108
Tabela 9 – Estacionamentos irregulares e regulares com e sem demarcação de vagas ESTACIONAMENTOS IRREGULARES
ESTACIONAMENTOS REGULARES SEM DEMARCAÇÃO DE VAGAS
ESTACIONAMENTOS REGULARES COM DEMARCAÇÃO DE VAGAS
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
109
No mesmo mapa é possível analisar também os caminhos
Figura 100 - Festa da Penha
realizados em eventos religiosos, como por exemplo, os Passos de Anchieta que ocorrem entre maio e junho anualmente e as romarias que acontecem durante a Festa da Penha, festa religiosa esta considerada a maior do estado e a terceira maior do Brasil, atraindo milhares de pessoas de todo o país (Folha Vitória, 2017). Além de fazerem caminhadas, os fiéis se reúnem no parque da Prainha para celebrações, portanto fica clara a necessidade de infraestrutura adequada para atender a todos. Seguem abaixo figuras de tais eventos:
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Figura 99 - Festa da Penha
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Figura 101 - Sinalização vertical dos Passos de Anchieta
Figura 102 - Sinalização horizontal dos Passos de Anchieta
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: Arquivo pessoal (2017)
109
4.4.6 Equipamentos Urbanos no Parque da Prainha A análise dos equipamentos urbanos no parque da Prainha foi
Já na área próxima da orla, existem três tanques para o uso dos
feita de modo a verificar quais elementos estão presentes ali,
pescadores, cinco lixeiras e o total de nove bancos, todos
quais suas condições de uso, seu nível de degradação e se
depredados e em condições precárias, assim como os demais
realmente suprem as necessidades do local, gerando assim o
elementos citados. Vale destacar que em uma das visitas ao
mapa 7 ao lado, que identifica tais elementos para o estudo.
local, encontrou-se uma caçamba isolada no parque.
A partir disso, percebe-se que alguns equipamentos estão
O parque também conta com dois orelhões, bem como com
distribuídos de forma inadequada na região, como por exemplo,
duas quadras esportivas, sendo que uma está totalmente
a área localizada na parte inferior do mapa possui uma
inutilizada e outra apenas é usufruída por estudantes da escola
quantidade muito grande de lixeiras e nenhum banco para
Godofredo Schneider8 que está a uma rua de distância do local
descanso, o que leva os usuários a se sentarem na grama, ou
e por moradores do bairro. Da mesma forma, é importante
então a levarem seu próprio assento para descanso (figura 103).
destacar que próximo à quadra existe uma Estação Elevatória
Figura 103 - Usuários na Prainha
de Esgoto Bruto (EEEB) da Cesan9 que deve ser mantida na região, e que também sofre com pichações. Logo
após
o
mapa,
serão
apresentadas
figuras
dos
equipamentos urbanos descritos acima.
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
8 9
Escola Estadual de Ensino Médio Godofredo Schneider Companhia Espírito Santense de Saneamento
110
111
Quadra sendo utilizada por crianças
Orelhão
Tabela 10 – Equipamentos urbanos Caçamba
Tanque
Área apenas com lixeira
Banco
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
112
É importante citar o fato de que em dias de eventos, o parque da
Figura 106 - Palco de eventos
Prainha ganha infraestruturas temporárias de modo a atender os visitantes, como por exemplo, instalações de palcos e tendas para comportar as feiras artesanais e praça de alimentação. Além disso, são implementadas caçambas e banheiros públicos para suprir a demanda. Abaixo seguem figuras representativas: Figura 104 - Caçambas
Fonte: Arquivo pessoal (2018) Figura 107 - Tendas Fonte: Arquivo pessoal (2018) Figura 105 - Banheiros públicos temporários
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
113
4.4.7 Sinais Comportamentais e Patologias Urbanas
Figura 110 – Lixeiras e postes depredados
Figura 111 - EEEB da CESAN pichada
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
O mapa de sinais comportamentais e patologias urbanas é de extrema importância para complementar o estudo do parque da Prainha, pois verifica-se assim onde ocorre depredação por parte da população e onde há falhas na própria infraestrutura da região. Portanto após visitas ao local, foi produzido o mapa 8, apresentado logo a frente, que demonstra esses elementos. Vale
destacar
que
algumas
considerações
sobre
sinais
comportamentais já foram feitas no item anterior, pois tratam da depredação de bancos, lixeiras, tanques e da EEEB da Cesan. Porém, também foram observadas outras atitudes, como por
Figura 112 - Lixo jogado no parque
exemplo, lixo jogado na grama, inclusive em locais onde existem lixeiras próximas, além de pichações nas paredes da quadra esportiva. Abaixo seguem imagens das descrições feitas: Figura 108 – Bancos depredados
Figura 109 – Tanque pichado
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
114
115
Observando o mapa, é possível analisar ainda locais de grama
Ademais, vale destacar que em dias de eventos, devido a falta
pisoteada, piso degradado e caminhos irregulares provocados
de vagas, foi possível encontrar carros estacionados em cima da
pelos usuários, tanto os que se locomovem a pé e de bicicleta,
grama, bem como bicicletas aglomeradas em locais impróprios,
como os que utilizam automóvel, pois no parque existem poucos
já que não existem bicicletários que atendam a demanda dos
caminhos definidos por onde os mesmos possam se deslocar,
usuários. Ver imagens abaixo:
ocasionando tais atitudes. Devido a esse fato, atualmente
Figura 116 - Carros estacionados na grama
existem sinalizações que proíbem a passagem de veículo em locais antes utilizados. Seguem imagens das descrições feitas: Figura 113 - Grama pisoteada
Figura 114 – Veículo em local impróprio
Fonte: Arquivo pessoal (2018) Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Figura 117 - Bicicletas aglomeradas
Figura 115 - Sinalizações implementadas proibindo a passagem de veículos
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
116
Já quanto às patologias urbanas, foi possível verificar a
Outros problemas detectados foram o ruído produzido pela
presença de buracos e poças no parque em dias chuvosos. Tais
fábrica de gelo e pelo estaleiro, bem como o odor muito forte da
itens, juntamente com calçadas irregulares e degradadas, criam
venda de peixe próximo à orla. Além disso, é importante
uma zona insegura e desconfortável de circular, principalmente
destacar a existência de marcas de construções antigas que
para pessoas com deficiência física e idosos.
permanecem no parque, bem como barcos abandonados,
Figura 118 - Poças e buracos
degenerando ainda mais o local. Figura 119 - Barcos abandonados
Fonte: Arquivo pessoal (20018)
Figura 120 - Construções antigas
Figura 121 - Venda de peixes
Fonte: Arquivo pessoal (20018)
Fonte: Arquivo pessoal (20018)
117
4.5 Condicionantes Ambientais O município de Vila Velha possui, segundo o Instituto Capixaba de Pesquisas, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER), um relevo plano com grandes elevações e área litorânea, características estas marcantes na Prainha. A figura 120 abaixo demonstra o perfil da região, visto desde a Baía de Vitória, onde é possível visualizar os morros no entorno do Parque. E ao lado, encontra-se o mapa topográfico da região, com dois cortes que serão analisados mais a frente (figura 123 e 124).
Mapa 13 - Mapa topográfico Fonte : Geobases e IBGE (Modificado pela autora)
Figura 122 - Perfil da região Fonte: Arquivo pessoal (2018)
118
Figura 123 - Perfil Topográfico – Corte AA’
Fonte: Google Earth (Modificado pela autora)
Figura 124 - Perfil Topográfico – Corte BB’
Fonte: Google Earth (Modificado pela autora)
Analisando o mapa topográfico e os cortes acima, percebe-se
Vila Velha, 2017). Dito isso, vale ressaltar que as regiões baixas
que parte do terreno pode ser aproveitada em termos de
estão sujeitas a inundações, bem como as encostas dos morros
ocupação, por possuir área praticamente plana, apresentando
são suscetíveis a deslizamentos de terra (Companhia de
desníveis de no máximo 2 metros, e declividade que varia de 0%
Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM), porém não se tem
a 5%. Porém, quando se tratando das elevações, é importante
registros de tais acontecimentos na área em estudo. No mapa
destacar que estas fazem parte das Áreas de Preservação
14 que segue, é apresentado o estudo ambiental feito,
Permanente (APP) e devem ser mantidas e conservadas, sendo
retratando as áreas que possuem riscos para a região.
proibido qualquer tipo de construção nas mesmas (Prefeitura de 119
120
Analisando o mapa ambiental e os estudos
Figura 126 - Estudo solar (Verão - Janeiro)
Figura 127 - Estudo solar (Inverno-Julho)
Fonte: Arquivo Pessoal (2017)
Fonte: Arquivo Pessoal (2017)
de insolação ao lado, identifica-se que o parque da Prainha está exposto à insolação tanto
no
verão
quanto
no
inverno,
principalmente em horários de sol a pino, situação
esta
agravada
pela falta
de
vegetação adequada no local, já que há poucas árvores para sombreamento, além da vegetação principal da área ser rasteira e estar bastante desgastada. Vale destacar que o vento predominante na região é nordeste, como mostra a figura abaixo: Figura 125 - Rosa dos ventos
Velocidade predominante por direção
Primavera Verão Outono Inverno
Fonte: Analysis SOL-AR
121
Se tratando das zonas de riscos, segundo o CPRM (2015),
Figura 129 - Vista para Terceira Ponte e morro da Ucharia
observa-se que no morro do Convento da Penha e da Ucharia existe uma alta suscetibilidade de movimento de massa, ou seja, alto risco de deslizamentos, apesar de não se terem relatos de tal acontecimento na região. Ainda no morro do Convento e também no Jaburuna, há uma média suscetibilidade de movimento de massa, e nas demais áreas de estudo a suscetibilidade é baixa. Já quanto aos principais atrativos da Prainha de Vila Velha relacionados ao meio ambiente, destacam-se seus elementos naturais, pois é uma área banhada pelo mar, oferecendo uma
Fonte: blog.elefanteverde.com.br (2014)
vista para a Baía de Vitória (figura 128) e para a Terceira Ponte (figura 129), bem como é cercada pelas elevações rochosas apresentadas no mapa ambiental, compondo assim uma paisagem marcante e que deve ser valorizada.
122 Figura 128 - Vista para a baía de Vitória Fonte : Arquivo pessoal (2017)
4.6 Potencialidades e Vulnerabilidades
circuito histórico cultural na área, promovendo dessa forma mais visitações e consequentemente preservando a memória do local.
A análise das potencialidades e vulnerabilidades da Prainha foi feita levando em consideração toda a área de estudo, de modo a
Figura 130 - Convento da Penha
auxiliar na tomada de decisões para o futuro projeto. Como as principais potencialidades do local, ou seja, elementos positivos que podem ser trabalhados para dar uma maior valorização à região, podem-se destacar os cones visuais existentes, sendo eles da orla da Prainha para a Baía de Vitória, do próprio parque para a Igreja do Rosário, incluindo neste eixo as praças Almirante Tamandaré e da Bandeira, e também os cones de vários pontos da área em estudo para o Convento da Penha. Tais cones visuais serão numerados no mapa 15 a seguir, bem como serão apresentadas figuras para cada ponto numerado. É importante ressaltar que o Convento da Penha por si só é uma
Fonte: http://vivendoavidabemfeliz.blogspot.com
potencialidade (figura 130), pois é considerado marco visual do estado do Espírito Santo, atraindo fiéis de todo o país durante o ano, portanto é um ícone que deve ser preservado e valorizado da melhor maneira possível. Vale destacar também a presença de outros patrimônios históricos na região, o que pode gerar um 123
124
1
2
3
5
6
7
8
9
10
4
Figura 131 - Cones visuais Fonte : Arquivo pessoal (2017)
125
Outro potencial muito grande apresentado no mapa trata dos
criação de novos usos para a população. Como ponto positivo,
elementos naturais, como o mar e as elevações rochosas, onde
também foram apresentadas as áreas de predominância do uso
o primeiro possibilita a criação de fluxos e conexões com a Baía
residencial, pois isso significa proximidade de pessoas na área
de Vitória, trazendo uma nova opção de mobilidade urbana, e de
de intervenção, o que poderia gerar um movimento constante de
integração intermunicipal. Já as elevações, por serem APP’s,
usuários de diversas idades em todos os horários do dia.
podem ser utilizadas para passeios turísticos, de modo que permitam os usuários a melhor apreciarem os visuais existentes no local.
Da mesma forma, o parque da Prainha foi considerado um potencial por possuir uma área livre significativa, podendo comportar grandes eventos e permitindo a criação de múltiplos
No mapa foram demarcadas também as edificações com
usos e funções ali, de modo a atrair público de todas as idades.
características arquitetônicas antigas, que podem servir de
Vale ressaltar que atualmente a área é utilizada para eventos
incentivo para futuros tombamentos e para ampliação da área de
sazonais diversificados, como eventos gastronômicos, musicais,
Sítio Histórico, bem como houve a demarcação de lotes vazios e
religiosos, dentre outros. Abaixo seguem alguns exemplos de
áreas abandonadas, já que estes possuem potenciais para a
eventos já ocorridos no parque:
Figura 132 - Eventos ocorridos na Prainha Fontes : diocesedesaomateus.org.br (2018) cajuproducoes.art.br (2017) vilavelha.es.gov.br (2017)
126
Em seguida, será apresentado o mapa de vulnerabilidades da área de estudo, trazendo análises de pontos negativos na região, elementos estes que devem sofrer modificações para se adequarem à identidade do local. Dentre as vulnerabilidades analisadas, pode-se citar a fábrica de
Figura 133 - Muro da Marinha
gelo e o estaleiro, já que estão em local inadequado, pois como
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
visto anteriormente, de acordo com a Minuta de Projeto de Lei de 2017, o parque da Prainha é uma Zona de Especial Interesse Público, destinado à manutenção e qualificação desse espaço livre. Outro item relevante trata das barreiras criadas pelos muros da Marinha do Brasil e do Exército (figura 133), já que limitam o parque, bem como suas visuais, portanto deve ser
Figura 134 - Muro do Exército Fonte: Arquivo pessoal (2018)
levado em consideração na proposta de projeto. Quanto às águas do mar, atualmente encontram-se em estado impróprio para banho devido à poluição e esgoto que é jogado na Baía, portanto torna-se um ponto negativo, já que impede que os usuários usufruam do local. Ao lado segue a figura 135, que apresenta uma sinalização vertical existente na orla, de modo a impedir que os usuários se banhem na região.
Figura 135 - Sinalização vertical Fonte: Arquivo pessoal (2018)
127
Já quanto à própria área do parque, assim como é uma
um ponto negativo à noite devido à ausência de pessoas nas
potencialidade, também é uma vulnerabilidade local, pois
ruas, situação causada pela falta de iluminação, bem como de
atualmente está degradada, sofre com maus cuidados por parte
usos que gerem movimento na área. Abaixo seguem dois
da população, a iluminação dos postes é ineficaz e não possui
gráficos produzidos a partir de entrevistas com usuários da
mobiliários urbanos nem infraestruturas adequadas para os
região, de modo a analisar quais elementos eles consideram
usuários, gerando assim grandes vazios no parque, atraindo
como potencialidade ou vulnerabilidade na Prainha, auxiliando
moradores
assim, na tomada de decisões no projeto de intervenção.
de
rua
e
dependentes
químicos,
o
que
consequentemente torna o local inseguro. Vale ressaltar que em Potencialidades
dias muito quentes, a ausência de arborização apropriada no parque impossibilita a permanência de pessoas ali, o que propicia ainda mais a evasão da população daquela região. Outro ponto negativo demarcado trata das edificações com
Convento da Penha 18% 32%
Pescadores/Peixaria Grande área do parque
18%
altura inadequada com a área de estudo, ou seja, são
11% 21%
edificações que possuem acima de dois gabaritos, limite este
Paisagem natural Turística e cultural
Gráfico 5 – Elementos considerados potenciais pelos entrevistados Fonte: Arquivo pessoal (2018)
máximo permitido pelo PDM de Vila Velha. Também foram marcados os lotes vazios e áreas abandonadas, pois apesar de
Vulnerabilidades 4%
serem potenciais de mudanças, atualmente estão prejudicando a identidade do local, principalmente na área da orla, onde existe o
Insegurança
14% 41%
antigo píer do aquaviário, juntamente com barcos abandonados.
Moradores de rua
23%
Um último item analisado trata sobre a predominância de usos residenciais em certas partes da área de estudo, que se torna
Falta iluminação Sujeira
18%
Usuários de drogas
Gráfico 6 – Elementos considerados vulneráveis pelos entrevistados Fonte: Arquivo pessoal (2018)
128
129
Abaixo segue a tabela 11 com as principais potencialidades e vulnerabilidades detectadas na área de estudo, contendo também as ações que devem ser promovidas na Prainha e o programa de necessidades final. Tabela 11 – Potencialidades, vulnerabilidades, ações e programa de necessidades Fonte: Arquivo pessoal (2018) Potencialidades Cones visuais
Elementos naturais Convento da Penha (marco visual)
Vulnerabilidades Ações Ausência de equipamentos Criar diversidade de usos no local, urbanos e infraestrutura de modo a atrair usuários adequada no local Valorizar as paisagens naturais, Área vazia e insegurança bem como os cones visuais existentes
Programa de Necessidades Criar áreas de contemplação, descanso e lazer para todas as idades (crianças, jovens, idosos), bem como áreas para cães Criar elementos que valorizem as visuais, utilizando vegetação, pavimentação e outras estratégias
Presença de moradores de Inserir equipamentos urbanos e Inserir equipamentos esportivos, playgrounds, assentos, rua e dependentes químicos infraestrutura adequada no parque bicicletários, sanitários, iluminação e demais infraestruturas Criar estratégias sustentáveis, como eliminação correta dos Implementar tratamento das águas resíduos descartados, uso de materiais ecologicamente do mar corretos, reuso de água, aproveitamento da água da chuva e purificação da água do mar na região
Presença de patrimônios históricos
Água do mar poluída
Relevância cultural, histórica e religiosa
Presença da fábrica de gelo
Retirar a fábrica de gelo do local
Arborização escassa
Resgatar a memória local, bem Criar um circuito histórico que conecte os patrimônios e como promover o turismo na região permitam visitações aos mesmos
Grande área do parque Parque utilizado para eventos sazonais Ainda possui atividades tradicionais
Criar um estaleiro de pequeno porte para atender aos pescadores artesanais e para manter a tradição local Inserir um projeto paisagístico Inserir arborização no parque, de modo a melhorar o Muros da Marinha e do 38º adequado, com áreas agradáveis e conforto térmico local, garantindo a permanência de pessoas Batalhão presença de arborização ali
Edificações com altura Manter uma área livre para que o local receba os eventos da Proibir construções com altura em inadequada em desacordo cidade, bem como criar locais de parada de ônibus para a desacordo com o PDM com o PDM chegada dos visitantes
130
4.7 Síntese do Uso e Apropriação da Área de
temporárias para atender a demanda. Mas, apesar disso,
Intervenção
apenas uma parte do parque é utilizado, mantendo os demais espaços isolados, criando assim, uma grande incoerência de
Após diversas visitas feitas em dias e horários diferentes ao
usos no local.
Parque da Prainha, foram gerados mapas de uso e apropriação da área de intervenção, que se encontram no apêndice deste trabalho. A partir disso, reuniram-se as informações coletadas e então houve a elaboração do mapa síntese ao lado, com as principais características observadas no local.
Outro elemento analisado é quanto ao fluxo de pessoas em direção à orla e peixaria, o que demanda por caminhos seguros e confortáveis, além de locais de parada de veículos e bicicletários, elementos hoje não existentes, gerando assim caminhos e estacionamentos irregulares.
É importante destacar que o parque é pouco utilizado pela população devido à carência de infraestrutura adequada e de atividades no local, o que gera abandono de certas áreas. Um exemplo disso são as quadras existentes, onde uma delas é totalmente inutilizada e encontra-se degradada, e a outra é apenas utilizada por alunos da escola próxima ao local e ocasionalmente por moradores do bairro. Além disso, existem áreas que foram apropriadas por autoescolas, já que eram espaços antes com pouco uso.
Quando se tratando da permanência de pessoas no parque, percebe-se que as mesmas optam por regiões próximas às árvores, por serem áreas sombreadas, e que os próprios usuários levam seus assentos para descanso, seja em dias de eventos ou não. Sendo assim, é possível perceber a demanda existente por arborização e bancos, observações estas que devem ser levadas em consideração para o projeto de intervenção.
Porém, em dias de eventos, a situação do local sofre algumas alterações, pois ocorre uma grande concentração de pessoas nas áreas demarcadas no mapa, bem como de infraestruturas 131
132
133
5
Proposta de requalificação no parque da prainha
134
Neste capítulo serão apresentados primeiramente o conceito e partido projetual definidos a partir do embasamento teórico apresentado nos primeiros capítulos, bem como dos estudos feitos na região da Prainha, levando em consideração as informações coletadas durante o diagnóstico e os mapas produzidos em cada item, desde o mapa de localização, até o de uso e apropriação da área de intervenção. Logo em seguida, será apresentado o resultado da proposta projetual decorrente do embasamento teórico obtido com os capítulos dois e três, assim como com o diagnóstico presente no capítulo quatro. A proposta teve como objetivo requalificar o parque da Prainha, de modo a resgatar a memória local, valorizar seus elementos naturais e dar estímulo a novos usos e atrações para o público, garantindo uma melhor vivência e qualidade dos espaços para seus usuários. 135
5.1 Conceito e partido projetual
5.1.1 Resgate à memória local
Os conceitos estabelecidos para o projeto de intervenção foram
Como já visto anteriormente, a Prainha possui uma relevância
resultantes das análises das demandas exigidas pela região e
histórica, religiosa e cultural devido ao fato de a colonização do
pela população, detectadas através de visitas ao local em
Espírito Santo ter se iniciado ali, bem como a presença de
diversos dias e horários, entrevistas com usuários, produção de
patrimônios históricos tombados pelo IPHAN, a construção da
mapas e do diagnóstico da área, além do embasamento teórico
Igreja do Rosário e do Convento da Penha no século XVI e
produzido sobre espaços livres de uso público e parques
devido à pesca artesanal que ainda acontece na região. Porém,
urbanos. Abaixo segue uma figura esquemática retratando os
atualmente o parque se encontra descaracterizado graças aos
conceitos da proposta de intervenção:
aterros que aconteceram com o passar dos anos, à presença da fábrica de gelo e com as demais construções existentes tanto no
Figura 136 - Conceitos do projeto de intervenção
próprio parque, como no seu entorno.
resgate à memória local
Sendo assim, pensou-se em criar um circuito histórico, com início na Casa Amarela, que será transformada em um ponto de Interatividade e integração social
Valorizar os cones visuais e a paisagem natural Conceitos
informações turísticas, de modo a conectar e valorizar os patrimônios ali presentes, juntamente com a implantação de totens explicativos sobre a evolução da Prainha, colocados de forma estratégica durante o percurso. Além disso, decidiu-se utilizar pavimentação em paralelepípedos na via Beira Mar,
Sustentabilidade
Vitalidade ao espaço
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
remetendo assim a um dos primeiros pisos utilizados na Prainha, bem como foi definida a colocação de balizadores demarcando até onde o mar avançava antes do primeiro aterro e a 136
implantação de uma estátua de Vasco Fernandes Coutinho, responsável pelo início da colonização do estado. Outra medida proposta foi a retirada da fábrica de gelo e do grande estaleiro do parque, permitindo apenas a permanência da peixaria e dos pescadores artesanais, já que são demandas exigidas pela população e que mantem a memória do local viva, criando-se assim um estaleiro de pequeno porte para atender os barcos pesqueiros. Também houve a retirada do edifício da Polícia Militar, construção esta realocada para um dos lotes atualmente vazios e próximos ao parque da Prainha. Segue ao lado o diagrama que demonstra alguns dos elementos descritos acima, para o melhor entendimento da proposta:
±
Legenda Balizadores
Legenda Casa Amarela 0
Legenda
Km 0,2
Alguns 0,05patrimônios 0,1 Balizadores Polícia Casa Amarela
Balizadores Balizadores
Área que receberá Área depatrimônios peixaria Alguns
a peixaria, os pescadores e o estaleiro
Casa Amarela Casa Amarela
Paralelepípedo Polícia
Figura 137 - Diagrama de resgate à memória local
Alguns patrimônios Patrimônios Históricos
FábricaParque de gelo e estaleiro Perímetro da Prainha Área de peixaria
Polícia Polícia
Pavimento Paralelepípedo
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
Área de peixaria
Militar será realocada
Paralelepípedo Perímetro Parque da Prainha
de paralelepípedo
Perímetro dodaparque Perímetro Parque Prainha
da Prainha
137
5.1.2 Valorizar os cones visuais e a paisagem natural
deck em madeira que adentra o mar, de modo a permitir também
Uma das principais potencialidades da Prainha trata dos visuais
uma melhor apreciação da Baía de Vitória.
existentes tanto para o Convento da Penha, como para os
Já para permitir que os cones visuais para o Convento e para os
elementos naturais da região, como já analisado no diagnóstico,
morros do entorno sejam preservados, foram deixadas áreas
portanto, como estratégias de valorização de tais visuais, foi
livres de modo estratégico, bem como houve a substituição da
criado um eixo de 12 metros de largura que abrange desde a
fiação elétrica aérea pela subterrânea. Além disso, houve a
Igreja do Rosário até a orla da Prainha, sendo que seu percurso
criação de uma área de contemplação na beira da orla, com
é delimitado por uma paginação diferente, bem como conta com
assentos para descanso e decks que levam até a areia, de modo
a presença de palmeiras no início e no fim do eixo, destacando
a privilegiar tais visuais. Ao lado segue o diagrama que
ainda mais o caminho. Também ao final do eixo, foi inserido um
apresenta as propostas ditas acima: Figura 138 - Diagrama de valorização visual
Baía de Vitória
Fonte: (2018)
Legenda
Arquivo
pessoal
Eixo Deck Área de contemplação Convento da Penha Palmeiras Cone visual livre de qualquer lugar do parque
± 0
0,075
0,15
138 Km 0,3
5.1.3 Vitalidade ao espaço
5.1.4 Sustentabilidade
Atualmente o parque da Prainha possui áreas vazias e em
A sustentabilidade é um elemento chave para obter melhores
processo de degradação, com quadras desocupadas, barcos
resultados no projeto, auxiliando também no desenvolvimento
abandonados e espaços inutilizados. Sendo assim, pensou-se
mais saudável da cidade e de seus habitantes. Para isso, foram
em soluções baseadas nos estudos teóricos produzidos sobre
tomadas medidas estratégicas como, purificação das águas do
este tema, retratado por autores como Gehl (2013) e Cullen
mar, permitindo assim banhistas no local e melhorando a
(2008), e também a partir das análises feitas no local de
qualidade da vida marinha, aproveitamento da água da chuva
intervenção.
para os espelhos d’água, bem como reuso da mesma para os
Segundo Cullen (2008), o que gera animação e vitalidade ao ambiente é a diversidade e multiplicidade de usos e atividades, promovendo assim diferentes sensações e emoções aos usuários. Dito isso, buscou-se inserir múltiplos usos e funções em toda a extensão do parque, de modo a atrair pessoas de diferentes idades e em diversas horas do dia, mantendo assim os espaços ocupados e consequentemente tornando-os mais seguros
e
convidativos.
Foram
criadas
tanto
atividades
recreativas, dinâmicas, culturais e esportivas, como também locais de descanso e de contemplação, todos com mobiliários
chafarizes e quedas de água criadas. Além disso, foi inserido o sistema de fitodepuração em algumas áreas do parque, sistema este que trabalha com a depuração da água através de vegetação aquática, alcançando níveis de qualidade necessária para uso posterior da água. Outra estratégia utilizada trata da contenção de inundações em casos de chuvas muito fortes, onde a água excedente será armazenada na pista de skate criada, bem como na quadra de futebol society e no anfiteatro, já que a Prainha encontra-se em uma área plana, suscetível a alagamentos.
urbanos e infraestrutura adequada para atender os usuários,
Outra
medida
tomada
trata
da
utilização
de
materiais
garantindo dessa forma a maior permanência dos mesmos no
ecologicamente corretos, tanto para os mobiliários urbanos
local.
como para as pavimentações que serão colocadas. Será 139
priorizada a utilização de madeira reflorestada para os assentos
interação entre eles e o senso de comunidade, bem como a
e pergolados, materiais reciclados para os demais mobiliários,
vigilância natural dos ambientes e cuidados com o próprio
placas de concreto drenantes para os pisos, bem como pisos
espaço público.
que geram energia elétrica ao serem pressionados. Além disso, será utilizada a iluminação LED10, bem como serão colocadas placas solares na cobertura do campo de bocha, do vestiário, e dos contêineres presentes na área gastronômica.
Sendo assim, criou-se uma área de pet park, ou seja, ambiente destinado aos animais domésticos, bem como houve a criação de áreas de recreação infantil com brinquedos lúdicos, mobiliários interativos e jatos de água que saem do piso.
Vale ressaltar também que dentre as estratégias sustentáveis
Também foi concebido um espaço esportivo em uma área antes
implementadas, houve a realocação das árvores já existentes no
degradada e desocupada, com colocação de quadras de futebol
parque da Prainha, como também foram colocadas novas
society, poliesportiva e de vôlei, bem como pista de skate,
espécies de diversos portes, de modo a evitar que ilhas de calor
equipamentos de academia e campo de bocha, sendo todos os
sejam formadas e também atraindo espécies aviárias, criando
ambientes intercalados com área de descanso contendo
assim ambientes agradáveis, promovendo o bem-estar e a
assentos e arborização.
saúde dos usuários. 5.1.5 Interatividade e integração social A interatividade e integração entre pessoas são elementos definidores da qualidade social urbana, portanto foram pensadas soluções que promovessem o dinamismo e convívio saudável entre usuários de diversas idades e gostos, incentivando assim a 10
Termo em inglês para Light Emitting Diode, traduzido como diodo emissor de luz
Também houve a criação de uma horta comunitária, de modo a aproximar os moradores do bairro e a atrair novos membros para a comunidade, além da criação de um jardim sensorial e zen, garantindo assim integração entre todos os públicos. Ademais, foram implantados elementos que promovam a questão cultural, como a colocação de um anfiteatro ao ar livre, que poderá receber atrações durante o ano e a presença de áreas amplas desprovidas de mobiliários fixos, permitindo assim 140
eventos diversos e estimulando ainda mais a interatividade entre a população. Outro item implantado foi a área gastronômica, concebida com a colocação de contêineres empilhados e coloridos, juntamente com assentos, pergolados e árvores, gerando um ambiente descontraído e de incentivo às relações sociais. Com isso, o parque da Prainha será usufruído de diversas formas, pelos mais variados públicos e durante todos
Figura 141 - Elemento água pra recreação Fonte: colombia.com (2015)
os períodos do dia, garantindo assim um ambiente vivo, saudável, seguro e dinâmico. A seguir, são apresentadas imagens de elementos que tornam o ambiente mais vivo e diversificado: Figura 142 - Brinquedos dinâmicos Fonte: archdaily.com.br (2018)
Figura 139 - Assentos diferenciados Fonte: archiexpo.com (2018)
Figura 143 - Ambientes agradáveis e lúdicos Figura 140 - Redes para descanso Fonte: arcoweb.com (2017)
Fonte: archdaily.com.br (2018)
141
5.2 Proposta projetual Após os estudos feitos neste trabalho, desde o embasamento teórico até as definições do conceito e partido, deu-se início à
ESPORTIVO: área criada para a prática de diversos esportes por pessoas de todas as idades, desde crianças até os idosos, promovendo integração entre os usuários.
setorização do parque da Prainha, buscando sempre a
CONTEMPLATIVO: local destinado à contemplação da dos
implantação de atividades adequadas ao local, de modo a atrair
elementos da paisagem, tanto naturais como artificiais, contendo
usuários de diferentes idades em diversas horas do dia e suprir
decks e assentos para melhor experiência dos usuários.
as necessidades da população para a área. Sendo assim, neste projeto em nível de estudo preliminar, optou-se por criar uma
RECREATIVO: espaço destinado aos animais domésticos e ao
grande variedade de usos no parque, posicionando-os em áreas
lazer das crianças, com a presença de equipamentos lúdicos e
estratégicas e apropriadas, além de manter alguns já existentes
dinâmicos que despertem o interesse e criatividade do usuário.
e de grande importância para a região, como por exemplo, a
SENSORIAL: composto por três setores menores, o jardim
área de pescadores e de eventos.
sensorial, a horta comunitária e o jardim zen, todos destinados à
Dessa forma, foram definidos setores, que serão brevemente
interação do usuário com o ambiente.
descritos abaixo e apresentados no mapa ao lado, cada um
GASTRONÔMICO: composto por contêineres e por uma grande
contendo objetivos e atividades em comum. MEMÓRIA HISTÓRICA: ponto inicial do circuito turístico, localizado próximo aos bens históricos existentes no entorno (Casa da Memória, Casa Amarela e Museu Homero Massena), e
estrutura em madeira, destinado principalmente à culinária local. EVENTOS: grande área livre designada a eventos diversos, sendo composta por mobiliários móveis.
que possuirá totens digitais com a explicação da história da
PESCA: setor criado para a manutenção da pesca artesanal,
Prainha, de modo a inserir o visitante no cenário local.
garantindo infraestrutura adequada à lavagem e venda de peixe. 142
143
SETOR MEMÓRIA HISTÓRICA
distribuição de energia elétrica para recarregar aparelhos eletrônicos.
Local onde se dá início ao circuito histórico proposto no Sítio Histórico da Prainha, composto por totens digitais e informativos
Outros itens inseridos foram balizadores que se encontram no
que contem informações desde a descoberta da Prainha,
antigo limite existente entre a areia e o mar, de modo a mostrar
passando pelas modificações que ocorreram com o tempo,
às pessoas onde começa o aterro existente na Prainha. O setor
chegando na situação atual. Tais totens utilizam energia solar
também possui pergolados, assentos, lixeiras e áreas gramadas
para seu funcionamento, sendo alimentados através de placas
que possibilitam os usuários de descansarem em tais espaços
solares acopladas em sua parte superior, permitindo também a
sombreados. Figura 144 – Setor memória histórica Fonte: Arquivo pessoal (2018)
144
SETOR ESPORTIVO
academia. Além disso, possui uma rede de infraestruturas necessárias para atender a demanda dos usuários, com a
Setor criado com uma grande diversidade de usos esportivos que atraem desde crianças até os idosos, já que é composto por um campo de futebol society, uma quadra poliesportiva, quadra
presença de vestiário feminino e masculino, lanchonetes, bebedouros, arquibancadas, mesas e bancos, ademais de arborização e iluminação adequada para o local.
de tênis, campo de bocha, pista de skate e equipamentos de Figura 145 - Setor esportivo - Pista de skate Fonte: Arquivo pessoal (2018)
145
Vale ressaltar que os alunos da escola Godofredo Schneider
água da chuva, de modo a evitar alagamentos no parque. Outro
atualmente utilizam a quadra existente, portanto a área esportiva
item que o setor apresenta são os filetes de água com
criada também é destinada ao uso da escola. Outra observação
iluminação durante a noite, que cortam o piso em algumas
relevante de ser lembrada é o fato de que a pista de skate e o
áreas, despertando assim a curiosidade das pessoas e criando
campo de futebol society possuem a função de armazenar a
um elemento diferenciado e atrativo no setor. Figura 146 – Setor esportivo – Quadra poliesportiva e área de descanso Fonte: Arquivo pessoal (2018)
146
SETOR CONTEMPLATIVO
Na região limite do parque com a Marinha do Brasil, foi concebida uma área de estar com a presença de vegetação de
Localizado próximo à orla, este setor é destinado à valorização das visuais para a Baía de Vitória, terceira ponte, elevações naturais e demais paisagens do entorno. Dito isso, decidiu-se criar um grande deck que avança o mar, seguindo o formato natural do limite da areia, com a implantação de assentos e floreiras, permitindo uma melhor experiência aos usuários.
grande porte para permitir sombreamento, espaços gramados, redes para descanso e assentos em madeira. Além disso, também houve a concepção de decks contemplativos, criando desníveis que levam até a areia, estes vencidos por rampas acessíveis de modo a garantir a livre circulação de pessoas pelo ambiente (figura 147).aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa. Figura 147 – Setor contemplativo – Área de descanso Fonte: Arquivo pessoal (2018)
147
Já nas demais áreas, criou-se um percurso beira mar, com a
do trajeto, permitindo descanso e apreciação das visuais. Ver
presença de canteiros, pergolados e bancos diversos ao longo
imagem 148 abaixo: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Figura 148 – Setor contemplativo – Orla e deck que avança o mar Fonte: Arquivo pessoal (2018)
148
Vale ressaltar que neste setor foi criado o transporte aquaviário
urbana e trazendo benefícios para a cidade e para a população.
unindo Vila Velha e Vitória, auxiliando na melhoria da mobilidade Figura 149 – Setor contemplativo – Aquaviário Fonte: Arquivo pessoal (2018)
149
SETOR RECREATIVO
e coloridos e a presença de goiabeiras, já que esta árvore frutífera é de pequeno porte e possui tronco liso, o que permite
Este setor é composto por uma área infantil, cujo objetivo é incentivar a curiosidade e a diversão das crianças, bem como a interação entre elas, portanto o ambiente conta com a implantação de brinquedos lúdicos e variados, bancos dinâmicos
livremente brincadeiras infantis sem riscos à saúde dos usuários, bem como interatividade entre eles. Além disso, o espaço infantil faz limite com uma área de jatos d’água que saem do piso, proporcionando uma atividade diferenciada e dinâmica no local. Figura 150 – Área infantil Fonte: Arquivo pessoal (2018)
150
Outro uso existente neste setor trata da área de pet park, ou
como brinquedos diversos, circuitos que auxiliam na prática de
seja, destinada à recreação de animais domésticos, contando
exercício físico dos animais e áreas de areia e grama.
com a presença de equipamentos específicos para os mesmos, Figura 151 – Pet park Fonte: Arquivo pessoal (2018)
151
Figura 152 – Pet park Fonte: Arquivo pessoal (2018)
152
Ambos os usos são integrados com áreas de descanso para as
além de possuírem o piso em formato orgânico faz os ambientes
pessoas que acompanham as crianças e os animais domésticos,
conversarem entre si.
contendo pergolados, arborização, e assentos diversificados, Figura 153 – Área de descanso entre o pet park e o playground
Fonte: Arquivo pessoal (2018)
153
A figura 154 abaixo representa mais uma área de descanso bem
sensorial, este localizado em outro setor que será apresentado a
equipada que faz transição entre a área infantil e o jardim
seguir. Figura 154 – Área de descanso com vista para o jardim sensorial Fonte: Arquivo pessoal (2018)
154
SETOR SENSORIAL
O jardim também possui espelhos d’agua durante o percurso e caminhos demarcados com pergolados e pisos em madeira.
Este setor conta com a presença de três setores menores, que serão descritos a seguir. Primeiramente foi concebido um jardim sensorial, de modo a estimular os sentidos das pessoas e a criar uma atividade diferenciada e prazerosa ao público, portanto foram trazidos elementos que contemplam tais objetivos. O jardim conta com uma variedade de plantas que exalam aromas agradáveis,
bem
como
possuem
texturas
diferenciadas,
permitindo que sejam tocadas pelos usuários, além de terem
Vale ressaltar que de forma a explorar a experiência sensorial do usuário, foi implantado um pergolado com quedas de água laterais, criando assim uma cortina durante o caminho. A água é proveniente de um sistema de reutilização, e a mesma quando cai do pergolado, atinge o espelho d’água, impedindo assim que ocorra desperdício. Este sistema foi colocado, pois a ideia não somente do jardim, mas a do parque, é de gerar surpresas e despertar a curiosidade de quem está usufruindo o local.
sido colocas árvores frutíferas na região, criando um pequeno pomar. Figura 155 – Jardim sensorial Fonte: Arquivo pessoal (2018)
155
Em seguida foi criado um espaço de horta comunitária, cujo
hortaliças que poderão ser cuidadas pelos próprios usuários.
objetivo é gerar integração de pessoas e aproximação entre os
Assim como os demais ambientes, a horta é equipada com
moradores do bairro, onde tal área contém uma variedade de
assentos e iluminação adequada para receber o público. Figura 156 –Jardim sensorial e horta Fonte: Arquivo pessoal (2018)
156
O terceiro ambiente criado dentro do setor sensorial trata do
auxiliam na sensação de tranquilidade do espaço. O jardim zen
jardim zen, destinado à prática de atividades relacionadas à
possui também uma área de fitodepuração, sistema que consiste
meditação e yoga, com a presença de espelhos d’água, áreas
na depuração da água com a utilização de plantas aquáticas de
gramadas, seixo e pedriscos que formas desenhos no piso,
modo a possibilitar o reuso das águas no espelho d’água. Figura 157 – Vista da horta, do pomar e jardim zen Fonte: Arquivo pessoal (2018)
157
SETOR GASTRONÔMICO
como com áreas de pergolado e cobertura em policarbonato reutilizável.
Este setor foi criado com o objetivo de conceber uma opção gastronômica para a população, contendo restaurantes variados,
Além disso, o setor possui infraestrutura necessária para seu
todos com a reutilização de contêineres. O espaço é composto
bom funcionamento, com área de carga e descarga na parte
de áreas descontraídas, com bancos em madeira, poltronas,
posterior, limitada pelo muro do 38º Batalhão. E sua localização
sombreiros, mesas e vegetação que criam sombreamento, bem
próxima à área de pescadores incentiva a compra de peixes locais, auxiliando a manter viva a tradição da região. Figura 158 – Área gastronômica Fonte: Arquivo pessoal (2018)
158
SETOR DE EVENTOS É o setor que acomodará os diversos eventos que ocorrerão ao
Próximo ao anfiteatro também foram colocados equipamentos
longo do ano no parque, portanto uma grande área foi mantida
sustentáveis de recreação, com pisos iluminados que remetem à
livre de mobiliários fixos, contando apenas com árvores de
pista de dança, e geram energia ao serem pressionados, unindo
grande porte que garantem sombreamento aos usuários,
lazer com cuidados ao meio ambiente. As demais áreas contem
iluminação, assentos móveis que podem ser facilmente retirados
assentos para atender ao público, lixeiras e iluminação tanto
em dias de eventos e realização de atividades esporádicas,
funcional como decorativa.
como slackline11. Porém, além dos espaços livres, decidiu-se criar um anfiteatro com 1,80 metros de profundidade, contendo rampa acessível, cujo palco poderá ser visto de diversos pontos da área de eventos, integrando ainda mais a população e garantindo mais diversidade de usos em um mesmo local,
Neste setor também foi criada a área de estacionamento, com capacidade para 106 automóveis, 15 motos e 12 ônibus para acomodar os visitantes, contendo arborização para evitar ilhas de calor. A seguir são apresentadas figuras que contem as descrições acima.
evitando assim espaços inutilizados.
11
Esporte de equilíbrio sobre uma fita elástica esticada entre dois pontos fixos. Fonte: http://desviantes.com.br/blog/post/o-que-e-slackline-e-comocomecar-praticar/. Acesso em 07/06/2018
159
Figura 159 – Área de eventos - Anfiteatro Fonte: Arquivo pessoal (2018)
160
Figura 160 – Área de estacionamento Fonte: Arquivo pessoal (2018)
161
SETOR DE PESCA
Todos os setores criados foram organizados de modo integrado, com paginação de piso e arborização harmônica, conexões
Setor criado com o objetivo de valorizar a pesca artesanal, tradição esta existentes há tempos na Prainha, contendo infraestrutura adequada que atende aos pescadores, com um estaleiro de pequeno porte, que faz limite com o muro do 38º Batalhão da Infantaria, permitindo a manutenção dos barcos e armazenamento de materiais, bem como tanques e apoios para a lavagem dos peixes e uma área de peixaria, com tendas e mesas para vendas. Por ser uma área com odor muito forte proveniente do peixe, foi-se criada uma barreira vegetal entre este setor e a área gastronômica, evitando desconforto para os usuários presentes no local.
entre as áreas e entre os usos, de modo a estabelecer uma relação única no parque. Isso foi acontecendo também durante o eixo visual principal, que possui 12 metros de largura e conecta ambos os lados do parque através de pisos em madeira, pergolados que geram continuidade aos caminhos e filetes de água que conversam entre si. O eixo é uma estratégia muito importante que privilegia a Igreja do Rosário e a Baía de Vitória, portanto é demarcado com palmeiras em seu início e final, possui em seus limites uma paginação diferenciada que guia o transeunte, e apresenta em uma certa região pequenos jatos de água que brotam do piso, de modo a direcionar o olhar das pessoas para frente. No final do eixo foi selecionada uma área para colocação de um monumento que represente o Sítio Histórico da Prainha, obra esta que será obtida através da abertura de um Concurso Público. Com isso, pode-se perceber que todas as necessidades do local foram levadas em conta e foram solucionadas da melhor forma possível, garantindo um espaço vivo, confortável, seguro e utilizado por todos. 162
Figura 161 – Eixo para a Baía de Vitória Fonte: Arquivo pessoal (2018)
163
Figura 162 – Eixo para a Igreja do Rosário Fonte: Arquivo pessoal (2018)
164
Figura 163 – Vista geral do parque da Prainha Fonte: Arquivo pessoal (2018)
165
CONSIDERAÇOES FINAIS Apesar da importância dos espaços livres de uso público para o ambiente urbano e sua população, ele ainda está sendo pouco utilizado na maioria das cidades, já que a valorização se dá principalmente
ao
automóvel,
equipamentos
exclusivos
necessidades
dos
para
pedestres
com
criação
o
mesmo,
e
ciclistas.
de
vias
ignorando Além
e as
dessa
problemática, vale ressaltar também a questão dos espaços privativos criados nos grandes centros urbanos, que passam a ideia de conforto e segurança para seus usuários, onde na realidade propiciam a segregação social e espacial, além de contribuírem com o medo já recorrente nas pessoas, quando se tratando de insegurança nas ruas e calçadas. Com isso, as áreas livres na cidade perdem seu espaço tanto para construções individualistas, como para os carros, o que gera abandonado dessas áreas por parte população, pois tornam-se locais descuidados, isolados, sem atrativos para os usuários, e consequentemente passam a ter uma ocupação inadequada, o que gera maior insegurança para os habitantes. Sendo assim, ocorre o afastamento entre o ambiente público e as pessoas, situação esta que propicia a cidades a se tornarem 166
monótonas e sem vida. A partir desse contexto, o trabalho apresentado vai em busca de embasamento teórico que contemple as relações dos espaços livres de uso público com a cidade e seus habitantes, adentrando em questões relacionadas à vitalidade, segurança, mobilidade, economia, bem estar, sustentabilidade, dentre outros itens diretamente ligados com a melhoria da qualidade de vida da população, bem como melhoria da vivência urbana. Além disso, o trabalho também aborda sobre a importância dos
Dessa maneira, a proposta utiliza mecanismos e estratégias que valorizam
os
potenciais
visuais,
turísticos
e
ambientais
existentes, além de trazer diversidade de usos e funções para o local, melhoria na dinâmica social, equipamentos adequados para todas as idades e propostas que proporcionem a relação interpessoal, todas descritas ao longo do capítulo cinco. Ademais disso, os elementos que compõe o parque solucionam os problemas e vulnerabilidades detectadas na região durante o diagnóstico da área.
parques públicos nas cidades, de modo que foram analisadas
Portanto, é possível concluir que a proposta de intervenção
suas funções dentro do contexto urbano, ademais de haver um
atinge seus objetivos, já que os elementos que compõe o parque
estudo sobre as diversas tipologias de parques, resultando
privilegiam seus potenciais e solucionam as vulnerabilidades e
assim em um acúmulo de informações relevantes a serem
os problemas detectados na região, criando assim um parque
consideradas na proposta de requalificação do parque da
urbano diversificado, vivo, seguro, sustentável e adequado para
Prainha.
a cidade e a população.
O parque da Prainha foi escolhido como local da proposta de intervenção por ser uma área repleta de valores culturais, históricos e religiosos, identificados e estudados no diagnóstico deste trabalho, portanto o objetivo principal foi resgatar esses valores, já que possuem importância não só para a área em estudo, mas também para o município. 167
ReferĂŞncias
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