A primeira vez a gente nunca esquece!
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Você fica cansada só de ver os 500 exercícios e dietas das revistas femininas? Tem a sensação de que elas não dialogam com você ou sequer lhe representam? Sente falta de alguma que traga uma mulher normal, nada photoshopada, na capa? Se você respondeu “sim” para alguma dessas perguntas, você está no lugar certo. Ou melhor, na revista certa. Essa é a edição número 1 da FEMINA e, como toda primeira vez, estamos um pouco nervosas e apreensivas sobre o que você vai achar da gente. Será que vai gostar? Será que foi tudo o que você esA jornalista Alê Farah em momento desperava? Mas também estacontraído nos bastidores da sessão de fotos mos completamente segupara a capa de estreia da revista FEMINA. ras sobre o caminho que queremos seguir: escreveremos sobre e para mulheres possíveis. Nada de certinhas e politicamente corretas demais. Nada de super heroínas. Escrevemos para mulheres que erram, acertam, trocam uma academia depois do trabalho por um chope com os amigos e sabem que é praticamente impossível equilibrar trabalho, relacionamento, filhos e vida social sem deixar o prato cair uma vez aqui ou outra ali. Queremos que a FEMINA
seja um espaço para você encontrar um pouco de tranquilidade, bom conteúdo, divertimento e não um amontoado de metas a cumprir. Traremos discussões sobre mercado de trabalho, mulheres com histórias de vida – profissional ou pessoal – interessantes que nos fazem admirá-las e ter vontade de se espelhar, dicas e críticas de livros e filmes, além de outras atividades para tirar um tempo para você relaxar sem culpa. Afinal, não sei se já lhe contaram, mas tirar “férias” dos filhos e do marido não é nenhum crime hediondo. A propósito, se você ficou se perguntando sobre o nome FEMINA, a gente já mata essa curiosidade: de origem italiana, essa palavra significa feminina. Ela também está no dicionário português, só que com acento (fêmina), com o mesmo significado. Escolhemos esse nome porque muitas vezes nos sentimos estrangeiras na sociedade. E, além disso, poucas pessoas sabem o verdadeiro significado de ser feminina, de ser mulher. Nós da redação, de verdade, esperamos que seja bom para você. E que cada vez seja sempre melhor.
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Príncipe encantado virou um sapo? Já dizia a finada Cássia Eller, “quem sabe o príncipe virou um sapo, que vive dando no meu saco”. Pode ser que a sensação da cantora não fosse algo isolado e tenha repercussão entre o que as mulheres pensam e querem do seu parceiro. Uma pesquisa realizada em março último, por um site de relacionamento, com mais de três mil associados brasileiros, entre homens e mulheres, de diferentes classes sociais e graus de instrução, revela que a maioria do público feminino procura por homens bem-sucedidos, contrariando a máxima de que elas sonham com o príncipe encantado. Por outro lado, homens, nessa mesma faixa etária, buscam por uma companheira que seja fiel.
24%
das mulheres entrevistadas buscam um homem bem-sucedido
As mulheres sempre procuraram pelo homem ideal ou essa é uma falsa ideia que foi criada socialmente em nome da mulher? Para a psicóloga, Marcia Neder, especializada em feminino, a pesquisa desmistifica a idealização social sobre o modelo feminino de amor: “Houve uma imposição de que fosse assim. Essa pesquisa é uma generalização, mas talvez mostre uma tendência, desmistificação do ideal de feminino como ternurinha, voltado para o amor e o masculino voltado para o pragmático, duro e material”, finaliza. Muito dessa reação revelada pela pesquisa pode estar di-
retamente relacionada à maneira como a mulher é vista e tratada em sociedade, gerando o estereótipo de alguém sensível demais, delicada, insegura, incapaz e que precisa de um homem forte para protegê-la. Para Gaël Deheneffe, gerente de compras do site Par Perfeito, responsável pela pesquisa, o resultado foi algo inesperado. “Essa pesquisa foi uma surpresa. As mulheres, a partir de uma certa idade, colocaram bastante ênfase no sucesso, enquanto os homens colocam a fidelidade em um grau alto de importância”, concluiu Deheneffe. Essa mudança social pode estar muito relacionada à libertação feminina, que não precisa mais ficar ligada a um homem por obrigação.
A mulher contemporânea brasileira trabalha fora, é independente, pode se sustentar e não quer mais apenas “um homem para chamar de seu”, como canta
mento e fidelidade também passam a ser contestados, porque essa mulher não vai sentir necessidade em aguentar um marido que a traia apenas por conveni
va Ney Matogrosso. Ela quer um homem que compartilhe os mesmos objetivos pessoais e profissionais dela. Além de tudo isso, ressalta Márcia, os valores sobre casa-
ência ou submissão. Da mesma forma, a mulher contemporânea também pode se interessar por outras formas de relacionamento, que a favoreça mais: casamento
aberto, monogamia, amizade colorida ou abolição do comprometimento com outra pessoa. “Em geral, o casamento vai acabar, a mulher não se sente mais obrigada a ficar casada. Ela não é dependente do homem e pode estabelecer que vai ter outros relacionamentos”, pontua Márcia. Enquanto isso, segundo a enquete, a maioria dos homens (24%) busca por mulheres fiéis. Uma contradição em relação a essa mulher contemporânea que não se importa mais com fidelidade, mas sim com interesse pessoal. Isso pode significar que homens e mulheres estão com discursos e interesses distintos. Algo que só com o desenvolver dos anos poderá ser constatado realmente.
“Se uma coisa tem que acontecer, vai acontecer” Colecionando fãs como Ignácio de Loyola Brandão e Eliane Brum, Paula Corrêa começa a conquistar espaço no meio literário
“A morte de qualquer pessoa já é uma demolição. Da sua mãe então é ainda pior”. É assim que a jornalista e poeta Paula Corrêa define o falecimento de sua mãe em 2007. Mas engana-se quem pensa que ela se fechou no luto. Ao invés disso, Paula resolveu expor essa perda e fazer dessa demolição uma (re) construção por meio de palavras. O resultado dessa experiência atende pelo nome de Tudo o que mãe diz é sagrado, seu mais
recente livro lançado em Março deste ano. Formada em Jornalismo pela PUC-SP há dez anos, a jovem escritora de 34 anos começou na primeira turma de Comunicação e Artes do Corpo também da PUC-SP. Mas a partir do segundo ano, as matérias deixaram de ser teóricas e as atividades práticas passaram a exigir muita interpretação, comenta a autora. Algo que não combinava com ela. As paixões por Truman Capote
e pela escrita – atividade que exercita desde criança – a fizeram assim pedir transferência para o Jornalismo. Paula Corrêa diz que sempre quis trabalhar com cultura e, apesar de ter ingressado no curso sonhando em trabalhar um dia na Folha Ilustrada, acabou sendo na assessoria de imprensa que trilhou seu caminho. A autora ficou cinco anos responsável pela assessoria do Itaú Cultural, o que ela qualifica como
em um livro intitulado As calotas não me protegem do sol. Costurado à mão por pacientes de uma ala psiquiátrica do Projeto Tear de Guarulhos e com desenhos da artista Amanda Justiniano, o livro era uma produção que fugia às regras das grandes editoras. Da capa ao papel que comporia o miolo, tudo foi decidido pela escritora. “Levei o dia todo para achar o papel da capa, por exemplo”. Esse cuidado na produção totalmente artesanal não poderia ter sido realizado se ela não tivesse trabalhando por conta própria. “Nenhum chefe vai te liberar em pleno horário de trabalho para fazer isso”, constata. Ela mostrou a obra à jornalista Eliane Brum, que desde o começo a incentivou a transformar esse período de sua vida em livro (“Ela vivia me dizendo: ‘essa história é tão bonita, por que você não escreve a respeito?’”). Eliane Brum não só adorou, como o levou para a editora LeYa que publicou sua primeira ficção, Uma, duas. A editora gostou do livro, mas pediu que ela o reescrevesse em prosa. A assessora fez isso em plena Flip (Festa Literária Internacional de Paraty),
numa época em que não estava mais trabalhando sozinha: “é quando a vida está mais corrida que você arranja tempo”, diz. Paula Corrêa escolheu uma época também inusitada para fazer a revisão do livro: a do Réveillon. Perfeccionista, ela conta que leu, releu, depois passou a ler em voz alta e até a gravar para se ouvir e testar a sonoridade das palavras. Todo esse cuidado valeu a pena. Com prefácio escrito por Ignácio de Loyola Brandão e Eliane Brum, Tudo o que mãe diz é sagrado recebeu ótimas críticas. Uma em especial, publicada no Diário do Comércio, a fez chorar. Ela diz ter ficado emocionada com a maneira como o jornalista e escritor Renato Pompeu, autor dessa crítica, conseguiu perceber e entender tão bem tudo o que o livro representava para a autora. Ainda desfrutando do sucesso do livro, Paula Corrêa pretende já no ano que vem iniciar seu doutorado em literatura na Universidade de Coimbra. Quanto ao futuro, a escritora que diz que acredita que os textos são seu lugar de liberdade arremata: “sempre achei que se uma coisa tem que acontecer, vai acontecer”.
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Escritora Paula Corrêa toma meio literário
uma ótima experiência, já que assim pode, ao contrário de limitar-se a uma área, conhecer um pouco sobre todas: institucional, teatro infantil e adulto, dança, música, educação e audiovisual. Mas foi também nessa época que a doença da mãe se agravou e um transplante de fígado se fez necessário. Com a piora do estado da mãe e como a fila do transplante não andava, ela e os irmãos resolveram pressionar os médicos em busca de alguma alternativa. E esta de fato existia: o transplante inter vivos. “Talvez ela (a mãe) já soubesse dessa possibilidade, mas não tinha nos falado por causa da gravidade da cirurgia”, conta. Por uma questão de compatibilidade sanguínea, Paula era a única dos três filhos que poderia ser doadora. A doação foi feita, mas, devido a complicações causadas por uma pneumonia, sua mãe faleceu. Quando a jornalista ainda estava no hospital se recuperando da cirurgia. Agora era a dor do pós-operatório somada a dor da perda: por ser um procedimento médico que deslocou suas costelas, a escritora sentia muita dor e precisou tomar até morfina. “Cheguei a ter delírios. Foi uma época também que meus sonhos eram coloridíssimos”, revela. Foi nas palavras que Paula Corrêa encontrou a forma de evasão para tudo o que estava sentindo. Ainda em 2007, o blog Calotas ganhava os primeiros textos. A autora já tinha publicado de forma independente, em 2004, seu primeiro livro, In Vitro, que reunia poemas escritos por ela ao longo de dez anos. Mas foi o sucesso do blog que a surpreendeu. Ela diz que não imaginava que teria tantos acessos, queria mesmo era ter um lugar que pudesse, além de acessar de qualquer local, poder encontrar todos os seus textos reunidos. Nesse meio tempo, a jornalista pediu demissão e decidiu trabalhar por conta própria em casa: “basicamente, você só precisa de um computador, um bom texto e um telefone com uma boa lista de contatos”. Em 2010, ela resolveu selecionar as melhores publicações de Calotas e transformá-los
Último livro lançado por Paula Corrêa, em 2013
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Idealizada pela jornalista Juliana de Faria, a campanha ganha cada vez mais adesões
Gostosa é a @#&!!%$# E As pessoas estão descobrindo a força da internet na hora de abrir espaços para discutir questões que são tabus e, assim, mobilizar a sociedade para a discussão desses assuntos. Recentemente, duas iniciativas movimentaram a imprensa e a população, no Brasil e no mundo. A jornalista brasileira Juliana de Faria, do blog Olga, que colocou no ar a campanha “Chega de Fiu Fiu” e o tumblr francês “Je connais un violeur” (Eu conheço um estuprador, em francês) foram lançados em setembro para chamar a atenção, por meio da web, do assédio sexual e já estão mobilizando os mundos virtual e real. A ação de Juliana foi resultado de uma pesquisa aberta em seu blog que contou com a participação de quase oito mil mulheres: 99,6% delas declaram já terem sido assedia-
das sexualmente. A enquete fez com que o tema virasse assunto na imprensa nacional. Em recente palestra na PUC-SP, a blogueira perguntou para um auditório lotado quase que totalmente por mulheres, se alguma delas não tinha sido assedia pelo menos uma vez. Silêncio, foi a resposta recebida. O sucesso da campanha, que fez lotar a palestra, é resultado de uma cultura que vê a mulher como objeto de consumo, que pode ser molestada na hora que o homem achar necessário, independente de classe social ou faixa etária. “Não se pode falar só com a mulher e feminista, senão você ficar pregando no deserto”, explica Juliana. Uma cantada inocente, pensam alguns homens. Reclamação de mulheres mal amadas, concluem outros. Mas, quando
a tal cantada inocente se reverte em cerceamento da liberdade de ir e vir feminina, ela se torna assunto tabu. Uma simples cantada pode ser a porta de entrada para assédios de violência física na rua, na escola, no trabalho, ou mesmo dentro de casa, pelas mãos de pais, maridos e irmãos. Por esta razão, no caso da iniciativa francesa, que conta com mais de mil depoimentos em um mês, a ideia é abrir um espaço para acabar com o tabu sobre o estupro e fazer com que o assunto seja discutido. Na França, em 80% dos casos de violação, o agressor conhece a vítima e, um em cada três estupros é cometido pelo marido ou companheiro da mulher. “O objetivo é mostrar que os estupradores não são apenas marginais ou loucos que atacam em rue-
las sombrias ou estacionamentos escuros. Isso corresponde a uma minoria. Na maior parte dos casos, os estupradores são parentes, namorados ou amigos”, disse Pauline, criadora do site, em entrevista à BBC Brasil - que não quis divulgar o sobrenome, Mas, para evitar retaliações e garantir que o blog não seja retirado do ar, os depoimentos não podem conter descrições físicas dos agressores. Quanto às vítimas, elas não são obrigadas a se identificarem, mas se quiserem, podem assinar os posts com seus nomes verdadeiros. Aparentemente, ações isoladas podem não gerar consequências contundentes para a comunidade, mas, enquanto questões tabus como o estupro foram tratados apenas como caso de polícia, talvez eles só venham a servir para
engrossar as estatísticas policiais. Iniciativas como as citadas acima, por meio de um veículo que vem se mostrando relativamente de massa, como a Internet, pode
abrir espaço para que números se tornem discussões sociais e que a violência contra a mulher deixe de ser um aspecto imanente da cultura mundial. FOTO: REPRODUÇÃO
TARSILA ZAMAMI
ALÊ FARAH A jornalista, nossa capa, é especialista no assunto moda, negócios, festas e cinema. Alê, como é conhecida, separou uma manhã para fazer a foto da FEMINA e bater um papo com a gente. A entrevista rolou entre um clique e outro porque Alexandra parece não desligar da vida nunca. Muito falante e espirituosa, falou sobre profissão, a mulher moderna, estudos, cinema e mostrou que moda não é futilidade, mas um negócio que movimenta uma indústria milionária. Para se destacar nele, é preciso estudar e trabalhar muito. Devore!
FOCO, FÉ E FORÇA A mulher contemporânea brasileira é diferente daquela da década passada? Acho que a gente sofre menos. É a geração de mulheres de 24 a 40, solteiras, felizes, desencanadas. Existe esse tipo de mulher no mundo, uma categoria nova. Ela acabou de sair da faculdade e até 20 anos atrás ainda tinha uma pressão de ter que casar, ter que fazer tudo, hoje em dia a gente escolhe. São Paulo é uma cidade muito competitiva, então para você ter uma profissão, tem que focar, e acaba ficando feliz em se dar bem em apenas uma das áreas. Não casei, mas não sinto uma cobrança de ter que assumir todos os papéis da mulher, igual tinha nas gerações passadas que tinham que ser boas profissionais, boas mães e donas de casa. Hoje em dia, você escolhe dois ou três: casa, tem filho sozinha. A vida vem mudando e ficando mais leve o papel da mulher, com menos cobrança dela mesma, porque da sociedade ainda tem muita. O mundo pediu que a gente fosse assim. Hoje em dia tudo é foco, fé e força, e para conseguir isso, você tem que abrir mão de algumas coisas. Esse é o empoderamento feminino? Acho que a mulher vem ganhando poder desde os anos 1980 e hoje em dia, é uma conquista mais interna. Mas a gente ainda tem muita coisa para evoluir, ainda ganhamos menos que os homens. No meu caso, sou mais cidadã do que mulherzinha, porque meus problemas são universais. Tanto que acho que isso é transmitido até nas roupas, que nada mais são do que representação do que a sociedade precisa naquele momento. Hoje em dia a gente vê muitas roupas assexuadas, que não têm um gênero. São mais os valores que você representa que importam: se você é sustentável, consciente, se não fuma, se come direito. Isso não é um problema feminino ou masculino, é geral. Aliás, atualmente, comer direito é a nova bolsa
Chanel e é uma preocupação universal. Antigamente, a bolsa Chanel era só da mulher, hoje comer direito é um valor e um comportamento muito contemporâneo. Não penso muito nessa questão de gênero, mas sim, se estou escrevendo o texto bem, sendo uma boa profissional, um bom indivíduo. Tratar a mulher como minoria exclui ela mais ainda da sociedade? A minha realidade é diferente daquela da maioria das mulheres. A realidade da moda é diferente, porque ela é a segunda indústria que mais emprega no Brasil e a que mais emprega mulheres: cerca de 80% dos trabalhadores da moda – costureiras, estilistas, faxineiras de fábrica, jornalistas – são mulheres. Então, na minha realidade a gente domina. As modelos mulheres ganham mais que os modelos homens. Obviamente, ainda acho que tem problemas. Não sou especialista, mas é esquisito você tratar a mulher como minoria hoje, sendo que ela que dá as cartas, por exemplo, são as que mais decidem sobre compra de carros. Você se acha uma mulher poderosa? Coitada de mim (risos). Na verdade, não e sim... Todo mundo tem o poder, Hoje. a força horizontal é maior que a vertical. Todos juntos somos mais fortes do que um sozinho. É aquela coisa dos 15 minutos do Andy Warhol, todo mundo se expressa. Me sinto poderosa enquanto parte e força ativa de um grupo. Quanto mais estudo, mais aprendo. Publiquei no meu Instagram a frase “uma mulher bem lida, é uma criatura muito perigosa”, porque quanto mais você lê, seu raciocínio é mais rápido, acho que é isso que dá poder hoje. O que o mercado quer hoje em dia, é comunicação e estudo. Uma pessoa mal infor-
mada, é mais fraca que as outras. Conseguir se comunicar, é o que há. As pessoas falam que a arte é a última moda, mas acho que literatura é a última moda. De onde você tira sua força? Não sou de São Paulo. Quando você vem do interior, tem uma força maior de fazer alguma coisa de bom para a humanidade, para não passar batido. Se não, ficaria em casa, casada, com seis filhos (risos). A globalização aconteceu também entre os estados e nunca antigamente a moda teria pessoas do interior nesse volume, com cargos de destaque. Qual foi sua trajetória no jornalismo? Me formei em jornalismo em Belo Horizonte. O primeiro trabalho que tive foi em um jornal perto de casa. Nem sei se ganhava alguma coisa no começo, só sei que fui subindo e fiquei lá quase um ano. O outro que fui fazer foi o “Metropolitano”, um jornal onde entrevistava artistas, ia às coletivas e participava da vida jornalística da cidade. Depois, consegui emprego na Rádio Confidência e na Itatiaia até ser demitida. Fazia cobertura policial, mas não dava certo, porque chorava. Fiquei lá até cinco meses depois de me formar, mas o delegado falou para o editor que não combinava com o trabalho e fui demitida. Achei que nunca mais ia conseguir um emprego na minha vida. Mas, olha como é a vida, no mesmo dia, quando cheguei em casa, tinha uma carta da Editora Abril dizendo que eu tinha sido selecionada para fazer o curso Abril de jornalismo e revista. Vim para São Paulo e fiquei para sempre. Todo ano era selecionada para o prêmio Abril de jornalismo com matérias de política - porque era muito politizada - mas ganhei, depois anos depois, o prêmio por uma matéria de esportes sobre o time de
Alê Farah mostra os catálagos de “Filme Fashion”
vôlei feminino e a matéria de política acabou virando livro. Sobre o Filme Fashion? Depois de ganhar os prêmios na Editora Abril, pedi um ano sabático para estudar inglês em Nova York. Lá, veio o “Filme Fashion”. No interior de Minas Gerais, onde morava, não tinha cinema, eu ia no cinema em Belo Horizonte, mas não era a mesma coisa. Quando cheguei em Nova York, no final dos anos 1990, tinha um cinema em cada esquina. E, aquilo, tomou conta de mim. Quando trabalhei na “Claudia”, era apaixonada pela editoria de moda e tentava dar umas ideias de moda e comportamento e aí, em Nova York, comecei a estudar moda e cinema. Quando cheguei no Brasil, tinha uma coleção de livros, filmes de moda e chamava meus amigos para ver vários filmes e eles não aguentavam mais, então o diretor do Centro Cultural Banco do Brasil (um dos amigos) me falou para escrever uma mostra de cinema e moda. Foi assim que fiz o primeiro “Filme Fashion – Grandes Estilistas no Cinema” (2003), uma história da moda contada através do ci-
nema. Aí fazendo esse, descobri que o musical foi o gênero mais fashion, mesmo porque o primeiro filme com personagem de moda foi “O Musical”, que tinha um alfaiate como protagonista, e fiz o segundo Festival. Sempre gostei muito de estudar, mas, em vez de fazer uma tese (de mestrado), fiz esses três livros (programas do “Filme Fashion”). Agora, estou me candidatando para um mestrado. Esse foi o primeiro Festival de cinema e moda do mundo, hoje já tem em Londres, que surgiu logo depois e chama “Fashion on film”, mas aí cansei, porque veio o YouTube e outras mídias, e tenho esse problema de cansar um pouco e agora está todo mundo ganhando dinheiro com o Filme Fashion, abandonei (risos), mas vou voltar, mesmo porque, estudo nunca é desperdiçado. Quanto mais conteúdo, mais você é versátil. Mas isso não é o mais novo que faço: tenho o programa “Moda e Negócios”, na BandNews e o Miss V (coluna) na revista Vogue. Mas o negócio é estudar para ter independência, porque gente bobinha não tem vez; o mercado está muito competitivo para homens e
mulheres. Existe indústria da moda? “O Diabo Veste Prada” (filme de 2006, baseado no livro de mesmo nome de Lauren Weisberger) foi muito bom para quem é jornalista de moda. Quando a personagem da Anne Hathaway (Andy Sacks) chega com o discurso de “vocês são todos uns fúteis e eu sou politizada”, Maryl Streep (Miranda Priestly, editora de moda da revista “Runway”), acaba com ela e mostra o caráter social da moda. No Brasil, a moda tem muita indústria informal, então é mais difícil conseguir incentivo do governo. No Brás, existem umas 150 mil confecções e nunca ninguém pagou imposto, essa economia informal da moda gera menos ICMS para o governo que não se preocupa com ela. Economicamente, a economia informal é muito grande, mas socialmente, se você acabar com a indústria da moda, o Brasil inteiro fica desempregado. A moda tem um valor muito grande ainda socialmente, e é uma indústria menos robotizada, que está longe de ser fútil.
A série americana extrapola em estereótipos
Devious Maids inunda a TV com clichês Reciclagem é muito bom, todo mundo sabe: é uma ação que deve ser incentivada e valorizada. Mas se tem um lugar em que ela dificilmente funciona é na televisão. Não adianta, não dá certo. Precisa-se de produtos totalmente novos, de originalidade o tempo todo. Seria como contar uma mesma piada duas vezes. Na segunda já não vai ter mais tanta graça. Foi assim, por exemplo, com CSI Miami e CSI New York que nunca foram tão convincentes como a original Las Vegas – tanto é que, apesar de terem perdurado por algumas temporadas, ambas já foram canceladas. Necessita-se de inteligência, coragem e humildade para encerrar uma série no auge, enquanto ela ainda goza de audiência e boas críticas. Com Desperate Housewives foi assim: depois de oito temporadas, o adeus à Wisteria Lane foi dado no
momento certo. Muito melhor deixar a sensação de “quero mais” do que a memória de uma história que ficou se arrastando. Infelizmente, Marc Cherry – criador das donas de casa desesperadas – não entendeu bem o conceito de “em time que está ganhando não se mexe” e resolveu criar um novo Desperate Housewives. Com o mesmo universo das famílias ricas norte-americanas, só que sob um novo ponto de vista: o das empregadas domésticas que trabalham para essas famílias. Até aí tudo bem, reciclagem dificilmente funciona, mas quem sabe dessa vez a sustentabilidade televisiva pudesse dar certo. O problema é que Cherry apostou tanto no confortável que nem se deu ao trabalho de pelo menos minimizar a enxurrada de estereótipos. Depois de tantos anos vendo latinas sendo retratadas como serviçais ou amantes sedutoras e
ardilosas, o fato de uma mulher hispânica ganhar o papel principal em um seriado no horário nobre era algo que merecia ser comemorado, ainda mais depois de saber que, na verdade, seriam cinco latinas estrelando uma trama dos Estados Unidos. Mas a comemoração só durou até o dia da estreia do primeiro episódio de Devious Maids (empregadas desonestas, em tradução livre). O enredo, baseado na telenovela mexicana Ellas son la Alegría del Hogar (“Elas são a alegria do lar”, em tradução livre), conta a história de cinco empregadas hispânicas que trabalham em mansões de Beverly Hills e (que novidade! Como elas são diferentes de todo mundo!) estão em busca de uma vida melhor: seja trazendo o filho do México ou conseguindo alavancar uma carreira na indústria musical, por exemplo. Para atingir seus objetivos, elas es-
tão dispostas a dormir com patrões, chantagear maridos infiéis, flertar com o filho da patroa ou esconder o vício em drogas. Se a série é boa? Sim, confesso. Um brutal assassinato de uma das empregadas durante uma festa de gala (produzindo uma boa cena que contrasta a dança dos convidados e a luta de Flora com seu assassino) logo no primeiro episódio seduzem o público a querer acompanhar a trama para descobrir quem foi o responsável pela morte da jovem. Uma versão bem mais fraca de Revenge também é feita: após seu filho ser preso injustamente pela morte da empregada, a professora universitária Marisol se infiltra como doméstica em uma das mansões para descobrir quem foi o verdadeiro assassino. E o humor negro de Cherry (“Minha empregada morreu! Quem vai limpar esta sujeira?”, dispara a sra.
Delatour ao se deparar com a poça de sangue em seu escritório), sua marca registrada, não nego, garante risadas espontâneas. Mas o festival de imagens superficiais não passam em branco. Pelo contrário: incomodam muito. Além de fazer um tremendo desserviço. Ao invés de promover uma mudança na forma como a sociedade norte-americana enxerga as 20 milhões de latinas que vivem em seu país, a série reforça clichês. Nenhum estereótipo escapa: toda empregada é latina (“nunca encontrei uma empregada que não tenha sotaque”, diz uma das patroas) e toda jovem latina é apresentada como ardilosa, barraqueira, extremamente sensual e disposta a usar o corpo para subir na vida. Para completar a avalanche de superficialidade, todo patrão vai para cama com a empregada e toda patroa é má e futil. Apesar da bela fotografia e interpretação
coerente com a proposta do enredo, Devious Maids não tem nada de original e não merece nem de longe levar um Emmy de melhor série. Mas também é preciso reconhecer que traz na sua receita elementos chaves para atrair telespectadores: intrigas, traições, vingança e reviravoltas. A história faz o que se espera do entretenimento: prende atenção. Não chega, assim, a ser um caso de demissão. Só precisa aprender a cozinhar melhor o roteiro, enxugar uns exageros, varrer para bem longe uns clichês e fazer uma limpeza urgente no lamaçal de estereótipos para trazer uma versão mais limpa e arrumada na segunda temporada já renovada pelo canal Lifetime. Com atrizes como Ana Ortiz (Ugly Betty) e Roselyn Sanchez (Without a Trace), além de Eva Longoria assinando a produção, Devious Maids ainda não tem previsão de estreia no Brasil.
Feminicídio tem cura Pesquisa inédita, realizada pelo Instituto Avon/Data Popular com mil homens e 500 mulheres, de 50 municípios, nas cinco regiões do país, em 2013, revelou como a maioria dos homens enxerga as mulheres e seu papel na sociedade. Entre os entrevistados, 89% não acham aceitável que a parceira deixe a casa desarrumada; 43% concordam que o marido pode até ajudar, mas a obrigação de arrumar a casa é da mulher; 53% veem a esposa como a responsável por manter um bom casamento; 23% creem que a mulher só para de falar se levar um tapa e 29% declaram que o homem só bate na mulher, porque ela provoca. Para reverter estatísticas como es-
sas e acabar com o feminicídio - assassinato de mulheres por questões de gênero - pessoas no mundo todo desenvolvem projetos em prol do empoderamento, autoestima e liberdade feminina. A seguir, FEMINA elencou algumas dessas iniciativas.
“Femme: Women Healing The World” Mulheres Curando o Mundo, em livre tradução do inglês, é o documentário dirigido por Emmanuel Itier e produzido pela atriz norte-americana Sharon Stone que retrata mulheres de diversas localidades, que se dedicam a transformar a sociedade em que atuam. Para mais informações, acesse: femmethemovie.com/.
“Girl Rising” “It’s Your Fault” A Culpa É Sua, em livre tradução do inglês, é o vídeo produzido pelo coletivo indiano AIM365, composto por atriz de Bollywood Tanmay Bhat, Gursinran Khamba, Rohan Joshi e Ashish Shaky, que usa a ironia para denunciar a violência e abuso sexual cometido contra mulheres no mundo todo, mas em especial na Índia. Para ver o vídeo, acesse o canal no YouTube: http://www.youtube.com/ watch?v=8hC0Ng_ajpY/.
Menina em Ascensão, em livre tradução do inglês, é o documentário dirigido por Richard Robbins e produzido por Justin Reeves, que mostra a luta de nove garotas que batalham para estudar em países pobres ou em desenvolvimento. Reeves revela que quando o número de alunas cresce 10%, o PIB de país delas sobe cerca de de 3%. do filme é disponibilizado pela campanha Chega ao Brasil, global 10X10 por meio em DVD, em 2014, do endereço 10x10act. mas um capítulo org/idg/.
“O Sexo Mais Rico” Liza Mundy constrói uma obra onde reflete sobre a nova ordem mundial dos gêneros. A jornalista e escritora do Washington Post analisa a vida de casais que vivem um momento de independência feminina e traça um panorama mento e a vida dodas mudanças que méstica dos casais envolvem o casa- no novo milênio.
Rádio Mulher
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“O Que Realmente as Mulheres Querem?”
“Eu Sou Malala” Livro escrito pela jornalista Cristina Lamb em parceria com Malala Yousafzai, menina paquistanesa que aos 15 anos levou um tiro na cabeça por insistir em estudar, no Vale do Swat, no Paquistão. Malala concorreu ao Nobel da Paz por sua luta e agora está refugiada na Inglaterra.
Neste livro, o jornalista e escrito Daniel Bergner conversa com sexólogos, psicólogos, cientistas comportamentais e mulheres em geral para decifrar questões sobre excitação e desejo feminino como: mulheres são naturalmente monogâmicas?; desejam realmente intimidade e elo emocional?; são mais dade determina?; adeptas do sexo ca- são, de fato, o sexo sual do que a socie- frágil?.
Transmitida do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, tem como principal atração o programa “Manhã no Complexo” apresentado por Sheyla Santos, 37; Anatália dos Santos, 51 e Rose Sabino, 56. Ganhador do prêmio do Instituto Avon, nele, o trio feminino fala de bem-estar, saúde, comportamento, mas, sobretudo, batalham para combater a violência doméstica sofrida pelas mulheres da comunidade.
Mulheres Possíveis Como de costume, Carol acordou às 5h:30min. Foi correndo para o banheiro tomar um banho para tirar a oleosidade do cabelo. Poderia ter tomado ontem, mas Henrique teve dificuldades com a lição de matemática e levou um tempo para ele (e ela) acharem o valor de x. Não era muito cedo para uma criança de nove anos ter equações? Carol não era muito velha para ter que passar pelo temido x ao quadrado de novo? Alberto, seu querido marido que também atendia no mundo profissional como analista financeiro, não poderia ter ajudado o filho ao invés dela, 10 língua portuguesa x 0 matemática? Mas ele tinha tido um dia difícil no trabalho e... Droga, já eram 6 horas! Demorou demais no banho, não ia dar tempo de secar o cabelo. Arrumou-se rapidamente, acordou os filhos, tomou o café com eles, deu para cada um o dinheiro do lanche (sairia muito, muito, muito mais barato levarem o sanduíche e o suco de caixinha de casa, mas “levar lanche de casa é muito brega, mãe”). Deixou Clarinha e Henrique no colégio e rumou para o engarrafamento habitual. Ia chegar atrasada. Cortou pelo acostamento, jurando que, assim como na semana passada e na anterior, essa seria a última vez. Dentro ou fora da lei, chegou dez minutos adiantada. Carol era assim: profissional dedicada, gostava de chegar dez minutos antes. O dia correu
como de costume: apresentação de proposta para o cliente, telefonemas, e-mails, reuniões. Até seu chefe a chamar na sala dele. Celso elogiou o trabalho dela, seu desempenho nos últimos anos, mas disse que a promoção seria de Juliana. Carol tinha mais anos de empresa e um mestrado, mas, tudo bem, ela também tinha que reconhecer que Juliana era competente e conseguiu clientes grandes no último ano. Porém, será que o fato dela ser dez anos mais nova, corpo de academia e com a unha vermelhíssima sempre feita não influenciaram nem um pouquinho? Não teve tempo de chegar a um veredicto. Ligaram da escola de Clarinha dizendo que ela estava com febre. Com esse clima também. Em um dia, São Paulo registra 35 graus, no outro, 15. Não há saúde de menina de 7 anos que aguente. Nem de mulher de 37. Bateu na porta do chefe, explicou a situação e pediu para sair um pouco mais cedo para poder buscar a filha. Permissão concedida, mas a cara de reprovação que foi feita fazia a frase “está vendo porque a Juliana-sem-filhos conseguiu a promoção e você não?” ressoar na sua cabeça. Se saísse mais cedo por causa da filha ela não era comprometida com o trabalho e tinha que encarar o olhar condenatório dos outros. Já quando Pedro saiu mais cedo na semana passada para levar o filho ao médico só faltou
A nossa editora, Tarsila Zamami, assinou o conto desse mês. Quer ser a próxima a publicar um conto na FEMINA? Envie um texto seu temática do univero feminino para contodomes@femina.com.br que ele pode aparecer na próxima edição.
ganhar o prêmio de pai do ano. Bah! Foi até à farmácia para comprar o antitérmico, pegou Clarinha na escola, deu o remédio para abaixar a febre, passou no supermercado para comprar a carne que ficou faltando. Olhou para o relógio. Tarde demais para ir para casa, cedo demais para ir buscar Henrique. Resolveu fazer hora na banca de jornal perto do colégio. Clarinha, já sem febre, foi direto para os gibis e Carol para a seção de revistas femininas. Deparou-se com várias Julianas. Mulheres lindas e magérrimas na capa, dicas de como perder cinco quilos em uma semana, como ficar com uma barriga chapada um mês depois do parto (um insulto para ela que ainda tinha os seis quilos que insistiam
em fazer aniversário junto com sua filha de sete anos), como agradar o marido na cama (apostava que as revistas masculinas não tinham a matéria “como agradar sua mulher na cama”), e listas de roupas lindas e maquiagens eficientes, mas que custavam quase o seu salário inteiro. Carol ficava exausta só de ver os 500 exercícios e dietas das revistas femininas. Sentia falta de alguma que trouxesse uma mulher normal, nada photoshopada, na capa. Nada de certinhas e politicamente corretas demais. Nada de super heroínas. Sentia falta de alguma revista que escrevesse sobre e para mulheres possíveis – que erram, acertam, trocam uma academia depois do trabalho por um chope
com os amigos e sabem que é praticamente i m p o s s í v e l equilibrar trabalho, relacionamento, filhos e vida social sem deixar o prato cair uma vez aqui ou outra ali. Era isso! Carol ia criar uma revista assim. Não, revista não. Ia ser muito complicado. Mas um blog cairia bem. Seria um espaço para que suas leitoras encontrassem um pouco de tranquilidade, bom conteúdo, divertimento e não um amontoado de metas a cumprir. Com discussões sobre mercado de trabalho, mulheres com histórias de vida – profissional ou pessoal – interessantes que fizessem as pessoas se sentirem motivadas a se (re)inventar, dicas e críticas de livros e filmes, spas ou outras atividades para se tirar um tempo para
si própria e relaxar sem culpa, roteiros de viagens para locais não tão óbvios assim: Milão e N.Y. são incríveis, todo mundo sabe, mas Carol queria apresentar outras cidades tão boas e surpreendentes quanto. A propósito, por que não incentivar suas futuras leitoras a viajarem sozinhas? Tirar “férias” dos filhos e do marido não era nenhum crime hediondo... Estava decidido! Iria criar o mulherespossiveis. com! Já conseguia se imaginar respondendo comentários das leitoras e fazendo sucesso na blogosfera. Mas antes precisava responder o amontoado de e-mails do trabalho e, caramba, precisava correr para buscar Henrique! Iria ter que cortar pelo acostamento de novo... mas jurou que essa seria a última vez.