TFG 2017 [parcial] AU| UNICAMP | MONIQUE COLI

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Trabalho Final de Graduação 2017 Arquitetura e Urbanismo | UNICAMP Aluna: Monique Coli Professor Orientador: Evandro Monteiro

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Introdução

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Urbanismo Sustentável

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Infraestrutura Verde

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História e formação de São Joaquim da Barra

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Levantamento territorial

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Referências Projetuais

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Proposta

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Primeiros Estudos

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Bibliografia

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Introdução

O tema Urbanismo sustentável nas últimas décadas tem sido bastante discutido, principalmente quando o assunto é revitalização de espaços os quais perderam sua qualidade (ou nunca tiveram). Neste trabalho final de graduação os conceitos de urbanismo sustentáveis, baseados principalmente em Douglas Farr, serão ambientados em uma pequena cidade interiorana, do nordeste do estado de São Paulo, localizada ao norte do eixo da Anhanguera. Tal motivação veio para trazer um novo significado a utilização desses conceitos, como ferramenta no processo de urbanização de um grande vazio remanescente de uma área de pedreira. E além disso, proporcionar um corredor verde no principal eixo da cidade, por onde passava a antiga linha férrea da FEPASA. De acordo com a bibliografia estudada, tal estratégia restabeleceria a conexão ecológica necessária para um melhor equilíbrio entre o homem e a natureza.

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Urbanismo Sustentรกvel


O termo “ Urbanismo Sustentável” utilizado neste trabalho faz referência aos conceitos descritos por Douglas Farr em seu livro de mesmo nome. Porém outras variações do termo são utilizadas por outros autores. O urbanismo sustentável estudado por Farr abrange três principais movimentos, o crescimento inteligente, o Novo Urbanismo e edifícios e infraestruturas verdes. Como princípios básicos, a compacidade e a biofilia são os os dois termos que mais se destacam.

“O Urbanismo sustentável chama a atenção para a oportunidade enorme de redesenhar o ambiente construído de uma maneira que sustente uma maior qualidade de vida e promova um estilo de vida saudável e sustentável [...] ” Douglas Farr,

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Smart Growth (crescimento inteligente) O conceito de Smart Growth ( crescimento inteligente) apesar de ter uma vertente mais ampla e abordar reformas econômicas e ambientais, também propõe diretrizes a serem consideradas quando abordamos as questões de urbanismo. Em 1995, a então diretora de empreendimento urbano, comunidade e meio ambiente na Agência de Proteção Ambiental dos EUA, Harriet Tregoning, criou os que seriam os 10 princípios do crescimento urbano inteligente mostrados no quadro ao lado.

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.

Crie uma gama de oportunidades e escolhas de habitação Crie bairros nos quais se possa caminhar Estimule a colaboração da comunidade e dos envolvidos Promova lugares diferentes e interessantes com um forte senso de lugar Faça decisões de urbanização previsíveis, justas e econômicas Misture os usos do solo Preserve espaços abertos, áreas rurais e ambientes em situação crítica Proporcione uma variedade de escolhas de transporte Reforce e direcione a urbanização para comunidades existentes Tire proveito do projeto de construções compactas.

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Novo Urbanismo Fundado por seis arquitetos, o Congresso do Novo Urbanismo tinha como visão comum promover o urbanismo tradicional como um antídoto para a urbanização dispersa convencional. (Douglas Farr, 2006) Em resumo, o Novo Urbanismo visava bairros compactos, respeitando os pedestres e com uso misto. Os corredores, variando de “bulevares e linhas de metrô a rios e estradas parque fazem conexôes. No quadro ao lado, três tipos de estratégias de regramento da ocupação são demonstrados através de diagramas. Estas foram novas abordagens e significativas de planejamento regional desenvolvidas pelo Novo Urbanismo. “ O Congresso para o Novo Urbanismo considera a falta de investimento em cidades centrais, a difusão da urbanização dispersa e sem caráter, o aumento da segregação de raças e classes sociais, a deterioração do meio ambiente, a perda de terras agrícolas e de áreas silvestres e a erosão da herança construída da sociedade como um só desafio de comunidade e construção relacionadas entre si.” Douglas Farr, 2006 Fig. 1: Tipos de regramento da ocupação. Fonte: Livro Urbanismo Sustentável, Douglas Farr, 2006.

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Compacidade e Biofilia

O Urbanismo Sustentável, segundo Farr, é impossível em baixas densidades. Para que se efetive esses limites de densidade é importante os projetos na escala do bairro, os quais permitam destinos acessíveis. Aumentar a população de um local já urbanizado ajuda a proteger áreas virgens e sensíveis. (Douglas Farr, 2006) Além da preocupação com a densidade, outro fator importante do urbanismo sustentável é a interação do homem com a natureza. Tal interação é necessária para a saúde e vida humana e com o passar do tempo e o avanço do urbanismo convencional, ela foi sendo deixada de lado.

O Urbanismo Sustentável tenta resgatar esses valores de forma a não só permitir a reaproximação das pessoas dos meios naturais, mas também usar esses meios naturais transformando-os em importantes ferramentas de engenharia para um alto desempenho ambiental dos meios urbanos. (Patrícia Akinaga, 2014)

“ Bairros densos e diversificados geram menos viagens per capita e criam oportunidades, liberam o solo para áreas verdes que adicionam qualidade ambiental e de vida aos centros urbanos” Patrícia Akinaga, 2014

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Diagrama resumo do Urbanismo Sustentável Biofilia Smart Growth Compacidade

Novo Urbanismo

Edifícios Verdes

Princípios da ecologia

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Urbanismo Sustentável


Infraestrutura Verde


A natureza precisa fazer parte da estrutura da cidade, nĂŁo pode mais ser negligenciada.

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Como já dito anteriormente a interação das pessoas com a natureza é extremamente importante e deve ser considerada no sistema de infraestrutura urbana, em oposição às infraestruturas existentes de extensas áreas asfaltadas e impermeabilizadas. O instrumento de corredores sustentáveis, proposto por Farr e as infraestruturas verdes no interior dos bairros restabelecem as dinâmicas naturais e proporcionam caminhos mais agradáveis, o que economiza a energia gasta no deslocamento de automóveis. O termo infraestrutura verde engloba tanto as áreas verde como também sistemas de drenagem como biovaletas e jardins de chuva. A infraestrutura verde deve ser usada para guiar o processo de urbanização de forma a conectar áreas verdes sendo uma importante ferramenta de conservação para atingir o equilíbrio ambiental. (Patrícia Akinaga, 2014) Dois importantes autores na conceituação de infraestrutura verde foram Benedict e McMahon. De acordo com eles, a sustentabilidade poderia ser representada em uma pirâmide na qual a infraestrutura verde estaria na base.

“A infra-estrutura verde deverá ser o suporte dos ecossistemas autóctones e da paisagem, deverá ter funções de corredor ecológico ao providenciar habitats para fauna e flora, constituir um filtro de ar e água, funções sociais e culturais ao promover um equilíbrio estético e paisagístico, propiciando à população espaços livres de recreio, lazer e educação ambiental.” Revista Labverde, v.1, n.1, 2010

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Capital Infraestruturas fĂŠrreas

Capital humano e social

Capital natural

Ecossistemas viĂĄveis Infraestruturas verdes

Pirâmide da sustentabilidade territorial, adaptado de Bennedict e McMahon, 2006 14


Princípios da Infraestrutura Verde Bennedict e McMahon definiram alguns princípios a serem considerados em relação a infraestrutura verde, os quais estão numerados ao lado. Alguns dentre esses princípios chamam atenção para o quanto importante é a conexão e o contexto no qual será aplicada a infraestrutura verde.

1. 2. 3.

No caso dos príncipios 1, 2 e 9, por exemplo, podemos interligá-los por um fio de meada sutil que considera uma boa leitura e uso do contexto para se obter boas conexões que efetivem os corredores ecológicos e também os massivos nos centros de bairros.

5.

Retomando os princípios do Crescimento Inteligente, projetá-los junto com a infraestrutura verde auxilia o equilibrio de interesses econômicos, ambientais, sociais e culturais. (Patrícia Akinaga, 2014)

4.

6.

7. 8. 9. 10.

Conexão é a chave O contexto importa A infraestrutura verde deve ser baseada na ciência e no planejamento do uso do uso Pode e deve ser utilizada como parâmetro para conservação e desenvolvimento Deve ser projetada e protegida antes da ocupação do solo A infraestrutura verde é um investimento público importante e deve ser financiado antecipadamente Promove benefícios para as pessoas e para a natureza Respeita as necessidades dos proprietários e outros stakeholders Requer conexões com atividades dentro e fora das comunidades Requer um compromisso de longo prazo

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História e formação de São Joaquim da Barra


Breve histórico

São Joaquim da Barra, assim como várias outras cidades interioranas teve sua formação vinculada ao “caminho de Goiás”, onde tropeiros abriam clareiras para repousar. Porém essa região do nordeste paulista não possui apenas o povoamento por desbravadores paulistas. Outro povoamento a ser considerado foi o de entrantes mineiros que buscavam terras férteis para se instalarem. É relacionado a esse segundo povoamento que no fim do século XIX, atraídos pela terra roxa, um grupo de mineiros se instalou na região que hoje podemos chamar de São Joaquim da Barra. Localizado na região nordeste do estado de São Paulo, no eixo norte-sul da rodovia Anhanguera, o município possui um relevo de ondulações com baixadas e espigões do planalto meridional brasileiro. A vegetação original da região era composta por florestas tropicais e áreas de cerrado. Com a exuberância de solo fértil, grande parte dessa vegetação original foi substituída por plantações, o que consagrou a região como grande produtora agrícola, inicialmente com culturas de café, algodão e soja, e atualmente de cana-de-açúcar.

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Fig. 2: Eixo norte- sul do estado de SP com localização do município de SJB. Fonte: Google Maps.

São Joaquim da Barra


As primeiras posses de terra na região foram por volta dos anos de 1800 por um grande número de mineiros vindos do sul de Minas Gerais que em menos de três décadas fizeram surgir dezenas de fazendas. (Lúcio Falleiros, 2007) A área limitada pelos rios Grande, Sapucaí e Pardo logo estava tomada por sesmeiros, posseiros e entrantes. As famílias que se deslocaram para cá eram de pequenos proprietários e também famílias com grandes riquezas. Uma delas, a família Junqueira, foi responsável por duas das seis fazendas da base fundiária do município, a Fazenda Invernada e a Fazenda Santo Ignácio. Outras quatro fazendas dessa base, Santo Antônio, São Joaquim, São Pedro e Cachoeira ou da Barra, eram de pequenos proprietários e enquanto as duas primeiras fazendas começaram a se erguer em 1812, essas quatro últimas foram em torno de 1820. Dona Tereza, em um relato de 1990, fala das primeiras pessoas que chegaram no povoado da Fazenda São Joaquim junto com seu pai, um espanhol de Portomourisco. Conta que ao redor de sua casa logo foram se erguendo outras já na década de 90. (Lúcio Falleiros, 2007). Além da família de Dona Tereza, também dividiam a fazenda outros 50 sócios que se organizavam em lotes.

Entre esses 51 sócios estava um grupo de mineiros considerados os responsáveis por fundar a cidade. Um deles, João Baptista da Silveira, se destacou por ter a primeira casa comercial da Fazenda São Joaquim em 1892. Ele também foi um dos membros da comissão responsável pela primeira capela que em 1901 começou a ser planejada. No final do ano de 1902, o povoado de São Joaquim passou então para o título de distrito, que evoluiu para vila em 1906 e município em 1917.

“ Desde 1904 já era considerado, o distrito de São Joaquim, o mais próspero do enorme município de Nuporanga. Com apenas seis anos de vida muitas conquistas obtivera. Em janeiro de 1901 iniciara a construção de sua primeira capela na praça que em outubro de 1914 receberia o nome de Sete de setembro. Em março de 1902 seria inaugurada a estação da Companhia Mogiana e, em 6 de dezembro do mesmo ano, o povoado era elevado a distrito…” Lúcio de Oliveira Falleiros, 1998

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Fig. 3: mapa das fazendas aproximadas de formação do município de SJB. Fonte: Acervo Crônicas de São Joaquim da Barra, Lucio Falleiros.

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Fig. 4: Primeiro registro da estação de trem Mogiana no município de SJB. Fonte: Acervo Crônicas de São Joaquim da Barra, Lúcio Falleiros..

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Quarenta e oito anos depois de

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ser inaugurada a primeira via férrea no Brasil, foi a vez de São Joaquim da Barra ganhar seus trilhos. A estrada de ferro que por ali passava foi importante para o escoamento do café na região que ficou conhecida como Alta Mogiana. Porém essa estação não foi importante só para levar produção agrícola do município. Ela também teve importância em trazer o progresso. Foi pela estação a chegada das máquinas que serviriam para a montagem da Usina São Joaquim construída por Flávio Uchoa. E por ela, em 1910, autoridades da região chegaram para a inauguração da tal usina que trouxe luz a São Joaquim da Barra, ainda como vila. Em questões de traçado da cidade, a linha férrea teve grande influência, pois poderia separar de forma negativa dois lados de uma cidade que começava a expandir em suas duas bordas. Mas ao mesmo tempo, ela criou um eixo que abrangia o perímetro da cidade, o que poderia, posteriormente, ser um forte elemento de conexão.

Fig. 5: Montagem maria fumaça saindo da estação de SJB. Fonte: Acervo Crônicas de São Joaquim da Barra, Lúcio Falleiros..


Desenvolvimento Urbano

Em

1918, um engenheiro da cidade de Ribeirão Preto

desenhou o que seria o primeiro mapa de São Joaquim da Barra. Além de desenhar o contorno do terreno que constitui o patrimônio da cidade, junto com um senhor que entregava pão nas casas, ele deu nomes aos moradores das residências, o que marcou um importante trabalho historiográfico na cidade. Nesse mapa as quadras aparecem quadradas com um “X” central que organiza os lotes. A grelha ortogonal cercada por fazendas dá início a urbanização do município ao longo da linha de trem e em torno da praça da igreja matriz.

Os moradores da casas da atual rua Minas Gerais, cujos quintais davam para a linha do trem lembram em relatos como subiam no muro dos fundos para ver o trem passar.

Ao passar das décadas as casas foram multiplicando, os sobrados aparecendo majestosamente, e a cidade ganhava cada vez mais ruas. A praça central foi se modificando e ganhou várias modelagens de jardim conforme as tendências das épocas. Em um registro fotográfico aéreo da cidade, de 1968, a cidade já podia ser vista bem desenvolvida, sempre com o eixo bastante visível da linha férrea ao fundo, nesse caso ainda em funcionamento. Destaque também para o primeiro edifício alto na cidade em frente a igreja matriz em construção no momento da imagem aérea.

“Já notaram esse ar progressista de nossa ‘urbe’, crescendo, se ‘espichando’ para todos os lados, se revestindo das roupagens novas das lindas construções?[...]” Lúcio de Oliveira Falleiros, 1998

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Fig. 6: Primeiro mapa de SJB em 1918. Fonte: Acervo Crônicas de São Joaquim da Barra, Lúcio Falleiros..

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Fig. 7: Vista do centro de SJB em 1968 com a matriz nova e eixo da estrada de ferro destacada. Fonte: Acervo Crônicas de São Joaquim da Barra, Lúcio Falleiros..

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Na década de 60, a malha ortogonal da cidade de São Joaquim da Barra já havia crescido bastante e esbarrara na propriedade de João Mattaraia, na qual funcionava a Pedreira Mattaraia. O parque industrial começou a se desenvolver também na década de 60 e até o fim da década de 70 já haviam algumas indústrias as margens e arredores da rodovia Anhanguera, entre elas metalúrgicas e siderúrgicas. Uma década depois, acompanhando o desenvolvimento das fazendas de cana-de-açúcar da região, foi a vez da Usina Alta Mogiana começar o seu desenvolvimento, à princípio voltado para a produção de álcool combustível e na década posterior também para a produção de açúcar. Ainda na década de 80, o eixo ferroviário que cortava a malha ortogonal da cidade foi transferido para fora do perímetro urbano na porção esquerda da rodovia Anhanguera, passando estrategicamente pelas entranhas do mais novo parque industrial do município. E o eixo que até então era linha férrea deu lugar, em 1988 (data de inauguração) a uma extensa avenida que se inicia na continuação da estrada municipal SJB - Nuporanga, e percorre toda a cidade até uma estrada de terra paralela a Anhanguera no sul do município.

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Fig. 8: Mapa de SJB na década de 70. Fonte: Acervo Crônicas de São Joaquim da Barra, Lúcio Falleiros..


Continuando o desenvolvimento

Fig. 9: Vista aérea da pedreira Mattaraia em SJB e construções de habitações populares em 1996. Fonte: Acervo Crônicas de São Joaquim da Barra, Lúcio Falleiros..

urbano, no final da década de 90, o perímetro da cidade adquiriu um novo contorno de habitações populares, e a extensa avenida prolongou-se ainda mais se dividindo em dois ramos. Um dos ramos da larga avenida seria o limite da propriedade onde funcionava a Pedreira Mattaraia. A nova expansão urbana, apesar de ainda conter traços de uma malha ortogonal, se configurou um pouco mais desalinhada em relação a primeira grelha de formação da cidade. Suas quadras foram desenhadas em formatos retangulares, divididas ao meio e com lotes voltados para as duas faces. Chamo a atenção aqui para observar a tendência de urbanização “espalhada” com casas térreas, ocupando uma grande extensão de terras férteis que seriam grandes promissoras a ajudar abastecer a economia da cidade. Esse tipo de urbanização condenado pelo urbanismo sustentável gerou o que seria uma tendência por mais décadas mesmo que um vazio tão grande permanecia no coração da cidade. 27


Últimas décadas

Seguindo os mesmos padrões de expansão das décadas anteriores, a partir dos anos 2000, São Joaquim da Barra foi apresentando um perímetro urbano cada vez maior. E com as atividades da Pedreira Mattaraia ainda em funcionamento, o vazio continuou cercado como uma barreira urbana. Os loteamentos foram surgindo um a um e começaram a ultrapassar os limites naturais que envolviam a malha urbanizada. Através de imagens comparativas do Google Earth é possível observar esses loteamentos surgindo. Cada vez mais essa expansão vai indo contra os conceitos levantados na fundamentação teórica. As áreas naturais vão perdendo espaço para loteamentos padrões que visam como infraestrutura as redes de básicas de esgoto e água e a pavimentação asfáltica nas ruas, sem ao menos se preocupar com as calçadas.

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Fig. 10: Novo conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida em SJB. Fonte: Acervo próprio, 2017.


2004

2010

2017

“Esse empreendimento de baixa densidade resulta nas mais altas demandas per capita sobre sistemas e habitats naturais.” Douglas Farr, Urbanismo Sustentável

Figs. 11, 12 e 13: situações de expansão urbana em SJB. Fonte: Google Earth.

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Levantamento territorial


Plano Diretor

Em um primeiro contato com a Prefeitura Municipal de São Joaquim da Barra, foi notificado que a cidade não contaria com um plano diretor, o que para uma cidade com aproximadamente 46000 habitantes seria preocupante. Porém, persistindo o contato, foi constatado um plano diretor datado de 2006. Tal plano diretor, em sua primeira parte, faz menção a uma política de desenvolvimento sustentável citando missões, objetos e planos de ação de forma a alcançá-la. Alguns dos objetivos citados são: fortalecer a agricultura, desenvolver consciência ecológica; melhorar a estrutura urbana da cidade através do planejamento urbano; e, melhorar a qualidade habitacional. Para isso algumas metas também foram colocadas: Criar “centros ou distritos empresariais” voltados à diversificação econômica pretendida; Implementar mercado ou feiras livres municipais com produtos do pequeno produtor local; Aumentar a produção de hortifrutigranjeiros e outras culturas próprias da atividade do pequeno produtor, tais como floricultura, piscicultura, eucalipto, etc;

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Manter protegido o Comércio local com suas características de comércio de rua, garantindo o acesso da micro-região; Diminuir os vazios urbanos em face do IPTU progressivo; Melhorar a malha viária; Dotar a cidade de transporte urbano acessível, seguro e confortável; Distribuir os usos e interesses de ocupação do solo de forma compatível com o meio ambiente, a infra-estrutura, a vizinhança e as funções sociais da cidade como um todo; Reduzir os tempos de deslocamentos entre locais de trabalho e habitações, entre os diversos bairros, entre estes e o centro da cidade; Nota-se na teoria uma boa intenção em relação às questões abordadas pelo Plano Diretor, no entanto, quando se interpõe teoria e prática, o resultado não foi efetivado. O macrozoneamento da região quando sobreposto com a realidade da urbanização entra em choques, bem como as intenções de desenvolvimento sustentável colocadas. `Pois como já visto, o desenvolvimento se portou de forma contrária aos conceitos expostos na introdução temática.


Macrozoneamento

Ă rea de projeto


Aspectos naturais

Quando

intenção

de

se

abordar

o

tema

de

sustentabilidade é essencial que haja uma leitura dos aspectos físicos do local onde será proposto um projeto. Afinal é a partir dessa análise, por exemplo, que se viabiliza a conexão dos corredores verdes que restabelece um equilíbrio ecológico, como estudado nos conceitos teóricos já apresentados. Como primeira layer desses aspectos está a topografia, a qual define os cursos d’água que enquadram o perímetro urbano de São Joaquim da Barra. No recorte destacado, nota-se pouco desnível o que proporciona uma potencialidade alta de caminhabilidade. Os cursos d’água colocados em segunda layer, contornam a cidade e unem-se mantendo o nome de Córrego São Joaquim, o qual foi responsável pelo nome no município. Junto com o Córrego da Olaria( a sudeste no mapa) são os dois cursos d’água que passam dentro do perímetro urbano. O abastecimento de água da cidade, segundo engenheiro João Mattaraia Neto do setor de águas da prefeitura municipal de São Joaquim da Barra, é feito 70% através da captação de água dos córregos (principal São Joaquim) recalcada para estação de tratamento. Outros 30% seriam complementados

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por poços artesianos dispostos nos bairros. Essa informação reforça a importância do equilíbrio ecológico para preservação dos córregos. Como última layer retratada, os maciços verdes que acompanham os cursos d’água os protegem, ajudando a se manterem. No entanto, a urbanização sem devidos cuidados têm interferido em seus volumes, reduzindo suas áreas de preservação.


Topografia

Recorte de intervenção


Cursos d’água

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Recorte de Intervenção


Maciços verdes

Recorte de intervenção


Recorte de intervenção

Tendo em vista a análise da cidade, a área recortada a fim de ser a base da proposta, inclui a área do grande vazio urbano e também o eixo que conecta os lados da cidade e tem importante influência nos fluxos. Ambos estes objetos serão utilizados na etapa de projeto, cada qual com seu devido foco em relação a sustentabilidade urbana. Saúde

Educação

Lazer

A região de vazio é composta por duas áreas: uma área onde haverá o projeto de desenho urbano, a qual tem cerca de 58 hectares; e outra com limites aparentes no mapa que se destinará a um parque público com áreas de reserva ambiental e as cavas da antiga pedreira, a qual possui em torno de 39 hectares. Essas duas áreas somam um total de 97 hectares.

Institucional

Praça central Antiga Estação-biblioteca Prefeitura e Câmara Municipais UPA

Hospital Santa Casa

Esporte Clube Espigão

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Principais ruas Apesar de na década de 90 e começo dos anos 2000, segundo relatos dos moradores mais antigos, a população utilizar frequentemente bicicletas como meio de transporte, esse costume foi se perdendo, se sobrepondo os veículos que hoje chegam em média a metade da população ( segundo IBGE), índice extremamente alto para uma cidade relativamente pequena.

O principal sistema de vias da cidade, organizado a partir de uma grelha ortogonal, se originou no centro primitivo da zona urbana e irradiou para as áreas de expansão. As antigas “Rua da estação” ( Rua Marechal) e “Rua do comércio” ( Rua XV de Novembro) foram duas das primeiras ruas do município.

Rua Minas Gerais Rua Voluntário Geraldo Rua Rio de Janeiro

Rua Paraná

Rua Bahia

re Av. P

f. Jo

s

Rua S. Vicente de Paula

Rua Goiás

Rua São Benedito

Rua Piratininga

r Jabu

Rua Mato Grosso

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Rua Maranhão

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Rua Pernambuco

R. Niterói

ércia es Qu t s e r Av. O

Rua Marechal

Rua São Paulo

Rua XV de Novembro

R. Brasília

R. Amapá

R. Itu

Ciclofaixa (Domingo período da manhã)

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Densidade - entorno imediato

Como já visto, a expansão da cidade ocorreu de forma espalhada, com casas térreas em quase sua totalidade. Os dados do IBGE apontam uma densidade de 113 hab/km². Essas informações de crescimento espalhado e baixa densidade, como estudado no embasamento teórico são justificativas para o índice anteriormente mostrado de quanti0 - 3 pav

dade de veículos alta. Em relação a ocupação das quadras, nota-se no centro uma maior ocupação perimetral com miolo das quadras vazios, em uma zona intermediária os vazios são observados com maior frequência e novamente mais denso em uma terceira zona a esquerda do recorte de intervenção.

12 - 15 pav

Praça central

Antiga Estação

Prefeitura e Câmara Municipais UPA

Hospital Santa Casa

Esporte Clube Espigão

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Uso do solo - entorno imediato

Em relação ao uso do solo no entorno imediato aos objetos

Seria este também um fator que contribui para o aumento da frota de veículos municipais. Para contrapor este ponto, a dispersão dos tipos de usos aliada ao aumento de densidade traria melhor aproveitamento do solo.

de intervenção a maior massa é residencial, ficando concentrado no centro os serviços e comércios. Essa forma de ocupação demanda grande fluxo em direção ao centro, o que desequilibra o fator de sustentabilidade urbana.

Residencial

Serviço

Comércio

Institucional

Misto

Praça central

Antiga Estação

Prefeitura e Câmara Municipais UPA

Hospital Santa Casa

Esporte Clube Espigão

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Vazio Fig. 14: Vista do vazio urbano a partir de um ponto na Pedreira. Fonte: Acervo prรณprio, 2017.

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Responsável pelo enorme vazio deixado dentro do perímetro urbano, a Pedreira Mattaraia foi desativada em 2005 devido aos transtornos causados ao meio urbano como rachaduras nas casas. Em relato cedido pelo encarregado administrativo da empresa de engenharia Mattaraia, Gilberto, foi levantado que o atual vazio está dividido 4 partes: uma primeira área seria de apoio da própria empresa, na segunda funciona uma empresa de concreto (Polimix), a terceira seria uma área de reserva com a cava da pedreira já de poder municipal para realização de um possível parque, e por fim uma quarta área que atualmente possui plantio de milho e criação de gado. Essa última área, ainda segundo Gilberto, já está em mãos de uma construtora, Sthefani Nogueira, de Ribeirão Preto, a qual está desenvolvendo um projeto de loteamento para a área. Esse loteamento seguindo os padrões da construtora seria mais um como os outros recentes desenvolvidos na cidade. Fig. 15: Cava maior Pedreira Mattaraia. Fonte: Acervo próprio, 2017.

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Entorno Pedreira

Por ser um vazio muito amplo, ele abrange um entorno vasto e com características diversas. Nas figuras (1, 2 e 3) ao lado são distinguidos três diferentes espaços. O primeiro deles, no canto esquerdo, é o mais aberto, onde estão as pastagens na borda e um pouco mais adentro a plantação, atualmente, de milho. Seria este o local de maior intervenção, no qual seria definido um novo traçado. O segundo ponto colocado, na parte mais alta do vazio, mostra a borda limite com uma área mais residencial com características calmas e de baixo fluxo. Essa área, assim como a primeira também é cercada por uma larga avenida com canteiro central espaçoso. Já o terceiro ponto difere dos outros dois por não estar cercado por avenida, pelo contrário, está em uma ruazinha onde seu fim é justamente a entrada para a pedreira. Local bem arborizado e tranquilo, no qual os caminhões que por ali passam tiram esse sossego.

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1

2

3

Fig. 16, 17 e 18: Vistas entorno Pedreira Mattaraia. Fonte: Acervo próprio, 2017.

Praça central

1

Antiga Estação

Prefeitura e Câmara Municipais UPA

3 Hospital Santa Casa

Esporte Clube Espigão

2 45


Eixo Fig. 19: Vista do eixo da Av. Orestes Quércia. Fonte: Acervo próprio, 2017.

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Construída

na década de 80,

após a retirada dos trilhos da companhia Mogiana, a avenida Orestes Quércia, inaugurada em 1988, é um importante eixo de estruturação da cidade, assim como um dia a estrada de ferro foi importante para o transporte. Porém diferente da estrada de ferro que tinha uma área de interferência regional, a nova avenida tem seu efeito local na zona urbana. Em contraste com a grelha ortogonal da cidade, ela deixa o seu toque orgânico oriundo da linha férrea. Nesse eixo mais orgânico as quadras foram se adequando formando umas quadras triangulares e trapezoidais. Pela extensão da avenida, assim como na pedreira, seus trechos apresentam características diferentes de acordo com cada entorno. Para este estudo foram considerados três trechos.

Fig. 20: Vista da estação a partir da Av. Orestes Quércia. Fonte: Acervo próprio, 2017.

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Trecho 1 - continuação da estrada municipal SJB-Nuporanga

O primeiro trecho nomeado como continuação da estrada municipal que liga São Joaquim da Barra a Nuporanga é o trecho mais orgânico do eixo. Do seu lado esquerdo ainda mantêm-se uma área mais verde, remanescente das margens do córrego o qual esse trecho corta. O canteiro central nessa região é amplo e alguns pontos bem arborizados e com desníveis. A passagem de pedestres é bastante escassa, até mesmo pela falta de acessibilidade nas calçadas. O fluxo fica por conta dos veículos que apesar de também não ser alto, é de maior velocidade, a qual é controlada por lombadas. A variação de largura do trecho vai de aproximadamente 63 metros na região das rotatórias até 24 metros em regiões mais estreitas.

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Fig. 21, 22 e 23: Vistas do trecho 1 da esquerda para a direita. Fonte: Acervo próprio, 2017.

Praça central

Antiga Estação

Prefeitura e Câmara Municipais UPA

Hospital Santa Casa

1

Esporte Clube Espigão

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Trecho 2 - área central

Seguindo em direção ao centro identifica-se um outro trecho, já com mais movimento de carros e pedestres. Nesse trecho a largura da avenida diminui, diminuindo consequentemente o canteiro central, que em alguns pontos é impermeabilizado. Quando não há impermeabilização, a arborização é dispersa e feita por coqueiros. Para controle do trânsito, além de lombadas com faixa elevada, também estão presentes os semáforos nesse trecho da área central. Pode-se dizer que o entorno desse trecho é o mais antigo do eixo, já que foi a região que deu origem a zona urbana. No ponto da estação a largura pode atingir 45 metros, chegando em 23 metros na parte mais estreita.

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Fig. 24, 25 e 26: Vistas do trecho 2 da esquerda para a direita. Fonte: Acervo próprio, 2017.

Praça central

Antiga Estação

2

Prefeitura e Câmara Municipais

UPA

Hospital Santa Casa

Esporte Clube Espigão

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Trecho 3 - pedreira

Como terceiro trecho foi definido a região que permeia a pedreira e a transição da área central até que chegue nela. Nessa região a avenida volta a se alargar e o canteiro central ganha maior imponência, novamente apresentando trechos em desnível e mais arborizados, seja por coqueiros ou por árvores com copa maiores. Em relação ao trânsito desse local, pode-se dizer que o fluxo de veículos novamente diminui porém aumentando sua velocidade. Já o trânsito de pessoas ganha força em horários específicos, como manhã e fim da tarde, as quais utilizam o local para caminhadas e corridas. Em questões de medida, o ponto mais largo desse trecho chega a medir em torno de 42 metros, num ponto de não rotatória. E os pontos menos largos medem em torno de 30 a 35 metros.

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Fig. 27, 28 e 29: Vistas do trecho 3 da esquerda para a direita. Fonte: Acervo próprio, 2017.

Praça central

3 Antiga Estação

Prefeitura e Câmara Municipais UPA

Hospital Santa Casa

Esporte Clube Espigão

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54


ReferĂŞncias Projetuais


High Point, Seattle, EUA

O projeto High Point foi proposto para renovação de uma comunidade próxima ao centro de Seattle com sua primeira fase construída em 2006. O projeto tinha como um dos seus principais objetivos transformar habitações de baixa renda em uma nova comunidade. Em uma área de 48 hectares foram previstas 1600 unidades de moradia com 930 metros quadrados de área comercial construída. O antigo traçado mais orgânico se reconectou com a malha facilitando os acessos. Outros pontos considerados foram a economia de energia, o escoamento da água, a biodiversidade no local, a integração das habitações, bem como fatores locais como iluminação. Considerando toda essa abordagem, o projeto pode ser considerado um bom exemplo do urbanismo sustentável citado por Douglas Farr.

Fig. 30: Plano High Point, Seattle. Fonte: Website <http://www.svrdesign.com/high-point-redevelopment/6xnk clbt6sgq89of2yg7eo51qxlebm>

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1


2003

2006

2017

Fig. 31, 32 e 33: Situações do Plano High Point, Seattle. Fonte: Google Earth

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Dockside Green, Victoria, Canadá

Ao contrário de High Point, esse projeto ocupa uma área bem menor de apenas 6 hectares com aproximadamente 860 moradias. Porém apesar de pequeno, a infraestrutura ambiciosa investida nele atingiu proporções muito altas que impediram a completa efetivação do projeto em realidade. Enquanto High Point tem metade de suas habitações subsidiadas, Dockside Green teria apenas 11%. Entre os destaques do projeto estão economia de água e energia, certificação LEED Platinum para todas as edificações, usinas de geração de energia de biomassa e biodiesel, revitalização da área portuária e reuso ou reciclagem dos resíduos in loco. Uma das principais características em relação ao conceito e partido de Dockside seria a via de pedestres na parte interna das quadras referenciando o projeto de RadBurn, o qual foi o primeiro a implementar esse tipo de caracterização de quadra. Atualmente o projeto tem poucas partes construídas e se investe em propagandas para tentar atrair uma população para o local.

Fig. 34: Plano Dockside Green, Victoria. Fonte: Website <http://cite.dreamhosters.com/wp-content/uploads/20 12/01/Dockside_Green_siteplan_web1.jpg>

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1


2003

2010

2016

Fig. 35, 36 e 37: Situações do Plano Dockside Green, Victoria. Fonte: Google Earth

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Paris Rive Gauche, Paris, França

Com início em 1990, a operação urbana Paris Rive Gauche tinha como principal desafio unir uma antiga região industrial separa por linhas de trem a malha da cidade. A área de 130 hectares possui hoje edifícios institucionais, corporativos, residenciais, comerciais e escolares, sendo essa operação considerada a maior desde a reforma de Hausmann. Desta área total de 130 hectares, 26 hectares foram construídos sobre as linhas de trem, demandando espessas lajes de concreto. A divisão do programa foi feita de forma a obter-se 20% da área para uso residencial, dividido entre unidades para estudantes, unidades de interesse social e de iniciativa privada; 18% da área para serviços, como escolas; 30% para bibliotecas e universidade; 32% para escritórios; e 10 hectares de área verde. A princípio o foco do projeto começou com preocupação mais social e aos poucos foi se tornando sustentável acrescentando outras preocupações como redução do consumo de energia e gestão da água. Fig. 38: Plano Paris Rive Gauche. Fonte: Website <http://www.parisrivegauche.com/>

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1


1949

2001

2016

Fig. 39, 40 e 41: Situações do plano Paris Rive Gauche, Paris. Fonte: Google Earth

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Proposta


Objetivos

A partir dos conceitos de urbanismo sustentável juntamente com os de infraestruturas verdes, propor desenho para o grande vazio e diretrizes para o eixo que o acompanha. Efetivar também com isso o que aparece em teoria no plano diretor.

Aumentar a densidade (compacidade)

Infraestrutura Verde

Biofilia

Aumentar a relação humana x natureza (biofilia) Propor uso misto inserir infraestrutura verde

Caminhabilidade Compacidade

Permitir um caminhar agradável

Uso misto

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Definir traçado de urbanização no vazio a partir de estudos dos traçados já existentes e das proposições do Plano diretor (2006)

Infraestrutura Verde

Propor diretrizes de ocupação a partir dos tipos de estratégias de regramento da ocupação: zoneamento, diretrizes e códigos baseados na forma

Biofilia

Caminhabilidade Compacidade

Uso misto

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Projetar corredor ecológico

Agregar infraestrutura seguintes ferramentas: biovaletas, agricultura permeáveis

verde através da jardim de chuva, urbana, e pisos

Infraestrutura Verde

Biofilia

Propor diretrizes de equipamentos urbanos que auxiliam no bem estar tanto de caminhabilidade como de permanência (ciclovia, mobiliários…)

Caminhabilidade Compacidade

Uso misto

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Primeiros Estudos


Estudos de traçado

O

tecido urbano de São Joaquim da Barra, como já

observado anteriormente é formado basicamente por uma grelha ortogonal orientada noroeste-sudeste. No entanto, conforme a cidade foi se expandindo, a grelha original foi sendo acrescida por grelhas irregulares, como mostra as figuras abaixo. As quadras originalmente quadradas pararam de ser utilizadas para dar lugar a quadras retangulares com lotes voltados para ambos os lados. Para dar início aos estudos de implantação de um traçado na área de intervenção do vazio é importante entender quais os traçados que configuram a malha viária existente, seja ela regular, mista ou irregular.

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“Qualquer arquiteto terá de saber que não trabalha sobre tábua rasa, mas sobre um território que já existe. Isto é tão válido para o edifício que substitui um lote a construção degradada, para a modificação de uma construção, como para novos bairros ou novos edifícios. Há que procurar no território os elementos estimulantes e geradores do partido arquitetônico, e também os elementos que deverão ser mantidos.” José M. Lamas, 1993


Estudo 1 Em um primeiro estudo foi tomado como partido a grelha primária da cidade, como foi analisado anteriormente. Este traçado harmoniza mais com a cidade como um todo, apesar de seu entorno não ter mantido essa grelha quadrangular.

As quadras com essas dimensões permitem maior liberdade para que seja trabalhado posteriormente seu desenho. Com essa disposição de traçado, a área aproximada bruta de quadras somaria 40 hectares, sendo os 18 hectares restantes destinados às vias .

Praça central

Antiga Estação

Prefeitura e Câmara Municipais UPA

Hospital Santa Casa

Esporte Clube Espigão

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Estudo 2 O segundo estudo apresenta um partido ainda pautado na grelha regular, porém neste caso deslocado em diagonal criada a partir de uma das laterais da área destinada a parque e reserva. Os lotes neste caso seriam retangulares com largura de 40 metros e 50 metros, com exceção dos lotes maiores na borda

área parque. A área aproximada bruta das quadras neste caso diminuiria para 34 hectares em relação ao estudo 1. Restando, portanto, uma área maior de vias de circulação que subiria para 24 hectares, aproximadamente.

Praça central

Antiga Estação

Prefeitura e Câmara Municipais UPA

Hospital Santa Casa

Esporte Clube Espigão

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Estudo 3 Por fim no terceiro estudo proposto, o partido adotado foi o de continuidade do traçado do entorno imediato. Com isso, algumas quadras se estreitaram para 39 metros, o que acarretaria alguns limites em posteriormente estudo de ocupação das quadras.

Quantos aos números, a área aproximada bruta de quadras seria de 37 hectares, ficando esse valor entre os outro dois estudos levantados. Com 21 hectares de circulação.

Praça central

Antiga Estação

Prefeitura e Câmara Municipais UPA

Hospital Santa Casa

Esporte Clube Espigão

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Estudos de implantação de infraestrutura verde

Como observado no mapa de topografia, o grande vazio e o eixo estão acima do nível do centro da cidade, isso gera um escoamento de água pluvial em direção ao centro causando transtornos de acúmulo de água durante as chuvas, já que inexiste um sistema de drenagem eficaz. A implementação de infraestrutura verde na nova área urbanizada bem como no eixo da avenida é imprescindível para que com o aumento da impermeabilização do solo não afete ainda mais o problema de inundações. A infraestrutura verde para sistema de drenagem foi escolhida devido ao baixo grau de dificuldade e custo em contraposição com a alta eficiência comprovada por estudos e pesquisas.

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Figs. 42 e 43: Alagamentos no centro de SJB. Fonte: Acervo próprio, 2017.


Principais ferramentas de Infraestrutura Verde Jardim de chuva ( rain garden) Os jardins de chuva são bacias de retenção de água da chuva que retardam o escoamento da água fazendo com que ela infiltre lentamente. Eles demandam um espaço maior, porém não tem uma forma pré determinada. No estudo em questão, os jardins de chuva serão considerados, a princípio, nos canteiros mais alargados, que seriam os citados nos trechos 1 e 3 da avenida Orestes Quércia. Esquematicamente, abaixo a figura aponta uma das possibilidades de implantação desses jardins.

Fig. 44: Esquema de implantação de jardim de chuva na Av. Orestes Quércia. Fonte: Croqui e montagem próprios.

Fig. 45 e 46: Referências visuais de jardim de chuva. Fonte: desconhecida.


Ferramentas de Infraestrutura Verde Biovaletas e trincheiras infiltrantes Enquanto os jardins de chuva são mais pontuais e mais volumosos, as biovaletas e as trincheiras infiltrantes são elementos mais longilíneos. Em primeiro estudo eles são considerados nos canteiros mais estreitos. Geralmente eles direcionam a água pluvial proveniente do escoamento para outros pontos, enquanto a infiltração ocorre simultaneamente. Fig. 47: Esquema de implantação de biovaleta na Av. Orestes Quércia. Fonte: Croqui e montagem próprios.

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Fig. 48: Referência visual de biovaleta. Fonte: desconhecida.


Bibliografia


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Endereços eletrônicos https://cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/sp/sao-joaquim-da-barra/panorama http://www.revistalabverde.fau.usp.br/anteriores.html http://www.stefaninogueira.com/empreendimento/alto-da-barra/ http://www.cronicassaojoaquimdabarra.com.br/index.php?pagina=cronica s http://saojoaquimdabarra.sp.gov.br/

Kostof, S. The City Assemled, the Elements of Urban Form Through History. London: Bulfinch Press, 1992.

http://www.camarasaojoaquimdabarra.sp.gov.br/

LAMAS, José M. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fundação Calouste Gulheran, 1993.

http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/176/paris-revi-gauche-ur banismo-sustentavel-116364-1.aspx

MC’HARG, I. L. Proyetar con la Naturaleza. Barcelona: Gustavo Pili, 2000 (1967).

http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/34/conheca-a-o peracao-urbana-paris-rive-gauche-que-transformou-um-302589-1.aspx

________ LEI Nº 086/2006, DE 11 DE OUTUBRO DE 2006. Plano Diretor Participativo do Município de São Joaquim da Barra”

http://www.parisrivegauche.com/

Base cartográfica Prefeitura Municipal de São Joaquim da Barra, 2017

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http://www.docksidegreen.com/ http://www.svrdesign.com/high-point-redevelopment/6xnkclbt6sgq89of2y g7eo51qxlebm



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