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P E R NA M B U C O

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P E R N A M B U C O - Recife, segunda-feira, 16 de dezembro de 2013 DIARIOdeP Edição: Paula Losada FOTOS: BLENDA SOUTO MAIOR/ESP. DP/D.A PRESS

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ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS

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Dietmar Bock

Aproximando os alemães do NE

1987 - 1989: Formou-se para o Serviço Superior da Carreira Diplomática 1989 - 1991: trabalhou na Embaixada da Alemanha na Guatemala

MIRELLA FALCÃO mirellafalcao.pe@dabr.com.br

1991 - 1994: foi conselheiro para Assuntos de Política Interna e Assuntos JurídicosConsulares, na Embaixada da Alemanha em Damasco

Do Nordeste da África para o Nordeste do Brasil. Após três anos, o embaixador da Alemanha no Djibuti, Dietmar Bock assumiu neste ano o Consulado Geral do país no Recife, órgão com atuação nos nove estados da região. Um dos desafios do cônsul é apresentar o Nordeste brasileiro, ainda pouco conhecido para os alemães, como um local propício para os investimentos. A nação que, em 2007, conseguiu superar a crise econômica que ainda lastima a Europa, tem uma forte produção em alguns dos setores que estão se desenvolvendo em Pernambuco, como energias renováveis, o automobilístico e o metal-mecânico. Recentemente, o governador Eduardo Campos esteve no país para atrair empresas para o estado. E os pernambucanos também devem buscar negócios no país, que será um dos próximos destinos da missão da Fecomércio. O diplomata tem conhecido um pouco mais sobre o estado através da leitura de A costureira de Pernambuco, novela que se passa no interior, escrita por Frances Peebles. Também está animado com o jogo da Alemanha no Recife, durante a Copa do Mundo.

O Nordeste tem atraído investimentos da Alemanha? Temos poucas empresas alemãs em Pernambuco, como a Hamburg Süd, no setor logístico, e a Lanxess (maior fabricante mundial de borracha sintética para pneus). Porém, no longo prazo, esperamos que Pernambuco e outros estados do Nordeste sejam mais atrativos para os investidores alemães, nos setores de energias renováveis, automobilístico, informática e maquinário. Mas isso não muda de hoje para amanhã. Por isso, o governador Eduardo Campos visitou a Alemanha com uma delegação, na primeira semana de novembro. Esteve em cidades como Berlim, Potsdam e Stuttgart, falando com políticos e visitando empresas. Quais foram os resultados

mais concretos dessa visita do governador? A visita teve um foco em energias renováveis, economia criativa, no setor de moda, inovação e tecnologia. Em janeiro, o governo da província de Baden-Württemberg, no sudoeste da Alemanha, assinará um memorando para a cooperação com o governo de Pernambuco. Haverá uma missão, em abril ou maio do ano que vem, de empresas dessa região para o estado. Uma das que podem assinar um memorando é a Bosch. Com a vinda da Fiat, a Bosch se integraria ao polo automotivo. A Impsa também integrou a delegação de Eduardo Campos. Apesar de argentina, ela tem 50 fornecedores da Alemanha e quer atrair as empresas para Suape, pois precisa cumprir a cota de componentes nacionais exigida pelo BNDES. A área de energia é uma das maiores oportunidades em Pernambuco? Há 30 anos, a Chesf é uma parceira da Alemanha, que fornece os geradores das hidrelétricas. Inclusive, há engenheiros lá com conhecimentos em alemão. Por causa da redução na tarifa das geradoras, fficou claro que a Chesf tem que se reinventar. E a Alemanha quer dar destaque às energias renováveis. Em Araripina, para evitar a queima da madeira na produção de gesso, está em discussão um fogão solar. Em maio de 2014, haverá uma missão atendendo especificamente ao solar, com cerca de 20 empresários de diversas empresas alemãs. A Alemanha tem sido um exemplo para o mundo pela sua opção pelas fontes renováveis e pela decisão de fechar as usinas nucleares. A conta de energia do país, no entanto, subiu cerca de 40%. Como o país está lidando com este problema?

1994 - 1997: atuou no Ministério das Relações Exteriores em Bonn 1997 - 2001: teve o cargo de chefe do Departamento Econômico, na Embaixada da República Federal da Alemanha em Canberra 2001 - 2004: foi sub-chefe da Divisão Turquia, Chipre e Malta, no Ministério das Relações Exteriores em Berlim 2004 - 2007: trabalhou como chefe do Departamento das Relações Exteriores, na Chancelaria do Estado Federal de Turíngia, Erfurt (Alemanha) 2007 - 2010: foi cônsul geral adjunto em Los Angeles 2010 - 2013: foi nomeado primeiro embaixador da Alemanha, na República do (África). Djibuti (África).

“A Alemanha tem muito a oferecer a Pernambuco”” LANXESS/DIVULGACAO

Como está o encaminhamento da representação regional da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha? Em novembro do ano passado, criamos uma sede provisória dentro do Consulado Geral no Recife. Agora, esperamos uma decisão da Câmara de São Paulo sobre como dar continuidade para que possa ter uma atividade própria, fora do consulado. Acredito que, em 2014, a gente já tenha uma resposta mais definida e um diretor executivo. Por enquanto, temos representantes no Recife, Fortaleza e Natal, levantando dados sobre o potencial da região. Para muita gente, o Nordeste é uma incógnita. O nosso trabalho é mostrar que a região tem apresentado um crescimento mais alto que o do Brasil. Há universidades qualificadas na região. Então, não há razão para não vir ao Nordeste. A câmara não vai ser só para empresas alemãs, mas também para as empresas daqui que tenham interesse em fazer negócio na Alemanha.

+ saibamais 1981 - 1986: cursou Ciências Jurídicas nas Universidades de Regensburg e Tübingen

A alemã Lanxess, maior fabricante de borracha sintética para pneus, atua no estado De fato, a energia aumentou por conta dos investimentos realizados, como gigantescos parques eólicos, e dos subsídios para incentivar a energia renovável. O consumidor final, sem dúvida, está pagando uma conta mais alta agora. Mas vemos que, ao longo do tempo, o preço vai baixar porque os investimentos irão se pagar. Qual a próxima missão empresarial de pernambucanos para a Alemanha? Estamos discutindo com a Fecomércio para fazer uma missão no próximo ano. Em 2005, a Fecomércio foi para a Alemanha. Podemos reformular essa visita para as áreas de maquinário têxtil, plásticos, reciclagem na construção civil… A indústria farma-

cêutica também demonstrou interesse. Fomos procurados pela Hebron para abrir um mercado de fitoterápicos na Alemanha, que é enorme. Como estão as atividades do ano Alemanha + Brasil? Foi iniciado em maio deste ano e vai continuar até o fim de maio de 2014, pouco antes do Mundial, quando a Alemanha vai confrontar os Estados Unidos, no Recife (risos!). O peso dos projetos foi no Sul do país, onde está a maior parte das instituições alemãs. No Nordeste, estamos promovendo eventos para interação como o Future Visions, realizado em novembro na Universidade Federal de Pernambuco, com um intercâmbio nas áreas de saúde, mobilidade

e pequenas empresas. Em março de 2014, haverá um grande evento focado em design de moda. O empresário hoje se inspira na telenovela, mas não cria. A Alemanha tem muito a oferecer nessa área. Queremos criar um eixo de moda entre Recife e Fortaleza, envolvendo a academia, instituições e desenvolvedores. Falta um diálogo entre a academia e o business. Por falar em universidade, muitos estudantes estão optando por fazer o intercâmbio do Ciência Sem Fronteiras na Alemanha. A procura tem surpreendido? Em Pernambuco, a Alemanha agora está em primeiro lugar, superando os Estados Unidos. No Centro Cultural Brasil Ale-

manha há muitos novos alunos com o interesse em se preparar para o programa. As pessoas acham complicado aprender o idioma. Mas acredito que compreenderam que a Alemanha é um destaque no currículo pela reputação das nossas universidades. Cidades como Berlim e Munique são atrativas para os jovens. Temos um transporte público organizado e não é preciso investir muito em habitação. Uma pena que esteja restrito a Ciências Naturais, principalmente engenharia. Um intercâmbio na área de Direito, por exemplo, seria interessante. A lei fundamental aqui foi inspirada na lei fundamental alemã. Como avaliam a participação pernambucana na Feira Literária de Frankfurt? Foi fraca. A missão não foi articulada, porque não foi organizada a tempo. Estamos trabalhando em cima disso porque faz parte da economia criativa e há muito talento aqui. O Clube Alemão é alemão mesmo? Existe alguma relação com o consulado? O clube foi fundado por alemães. Oficialmente, vivem 250 alemães em Pernambuco. Mas essa comunidade, em contradição com o Rio Grande do Sul, está muito mais integrada. Já não fala mais alemão. O clube não tem uma conexão direta com o consulado, mas estamos em contato para criar uma unidade, encontrar os alemães e aumentar a interação entre as pessoas.


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