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jornal do commercio 3

Recife I 31 de outubro de 2014 I sexta-feira

cidades

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No rastro de 2 tipos de câncer

SAÚDE Parceria entre hospital e clínica de diagnóstico vai permitir exame gratuito que aponta risco da doença na mama ou no ovário Fotos: Ricardo B. Labastier/JC Imagem

Cinthya Leite cleite@jc.com.br

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epois que a atriz Angelina Jolie se submeteu, no ano passado, à retirada dos seios para prevenir o câncer de mama, muita gente começou a ficar atenta a dois genes: BRCA1 e BRCA2, cujas mutações indicam risco aumentado da doença e do câncer de ovário. Portadora de um defeito no BRCA1, Angelina despertou a atenção para o rastreamento do tumor. Conhecer essa mutação relacionada a dois tipos de câncer que assustam as mulheres custa caro: cerca de R$ 4 mil. Os planos de saúde cobrem o teste em alguns casos e, na esfera pública, o Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) passará a ser o primeiro serviço do Estado a oferecer o exame gratuitamente. Esse passo será dado graças ao programa Amigas do Peito, que nasceu de uma iniciativa do médico João Bosco Oliveira, diretor-executivo do laboratório Genomika, no bairro da Ilha do Leite, área central do Recife. A ação, que se inicia em novembro, funcionará da seguinte maneira: a cada teste realizado no Genomika, um será oferecido a quem se trata no HCP. “No hospital, devem ser investigadas as mulheres que já passaram pelo câncer de mama ou de ovário e que, além disso, têm casos da doença na família”, diz João Bosco. Ele explica que aquelas com resultados positivos para mutações no BRCA1 e/ou BRCA2 serão orientadas, pelo HCP, para um acompanhamento mais intenso. “São pacientes que precisam se submeter à mamografia e ressonância magnética anualmente. Em casos particulares, após discussões com o médico, pode ser feita a retirada dos seios”, informa João Bosco. Já para o rastreamento do câncer de ovário, indica-se ultrassonografia e o exame de sangue CA125, um marcador que pode ser útil para o diagnóstico desse tipo de tumor. No Genomika, a taxa de positividade para a mutação chega

Oficinas ajudam a elevar autoestima

ALVO João Bosco lembra que devem ser investigadas mulheres que já passaram pelo câncer de mama ou de ovário e que têm casos da doença na família, como a dona de casa Augusta Mendes

Ao receber o diagnóstico de câncer de mama em outubro do ano passado, a blogueira Guiong Lee Ribeiro da Silva, 33 anos, decidiu que a melhor arma para vencer a doença seria seguir o tratamento com responsabilidade e abraçar uma imensa rede de solidariedade. Foi inspirada nesse pensamento que ela criou a campanha Lenços do Amor, que convida a população a doar lenços a quem está em tratamento no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). Ontem, durante a terceira edição do projeto, Guiong ministrou uma oficina em que ensinou várias formas de se usar lenços a mulheres que passam por quimioterapia. “Graças ao poder da internet, arrecadamos 265 turbantes para distribuir. Esse trabalho me ajuda a encarar melhor o tratamento, pois consigo ajudar outras mulheres”, diz a blogueira, que vê na campanha uma válvula de escape. E o trabalho para a próxima edição da oficina no HCP, que será em dezembro, já começou. “As pessoas interessadas em ajudar podem procurar as lojas Contém 1g e doar lenços. Também movimento meus amigos nas redes sociais e, dessa maneira, consigo

a 10%, ou seja, a cada 10 mulheres que se submetem ao teste, uma tem o defeito genético. “No HCP, como só serão incluídas mulheres que têm histórico familiar e já vivenciaram o câncer de mama ou de ovário, esse percentual pode chegar a 20%”, reforça João Bosco. O HCP não será a única unidade da rede pública de saúde de Pernambuco a oferecer o exame. O Genomika já fez contato com outros serviços. Entre eles, estão o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), o Hospital das Clínicas da Universidade Federal

APOIO Guiong Lee (à direita) ensina paciente a usar lenços

de Pernambuco (HC/UFPE) e o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). O resultado do exames demora de quatro a seis semanas para ser divulgado. O protocolo sugere que, se a mulher descobre a mutação nos genes BRCA1 e BRCA2, membros de sua família (como mãe, filha e irmã) devem também se submeter à investigação. Paciente do HCP, a dona de casa Augusta Mendes de Lima, 51 anos, enquadra-se no perfil de mulheres atendidas pelo hospital que têm chances

de ser indicada para se submeter ao teste. Há 10 anos, ela venceu o câncer de ovário e, há três meses, faz tratamento contra um tumor na mama. Já passou pela cirurgia para retirada do seio e enfrenta as sessões de quimioterapia. “Minha mãe morreu com câncer de colo de útero. Estou fazendo o tratamento corretamente e sei que vai dar tudo certo”, diz Augusta. Em situações como a dela, pesquisar a possibilidade de mutação nos BRCA1 e BRCA2 ajuda a investigar o risco de reaparecimento do câncer.

uma boa quantidade de peças”, conta. Em março do ano que vem, ela termina o tratamento. “Ao me envolver com outras pacientes e apoiá-las, tenho forças para enfrentar todas as fases com esperança”, acrescenta Guiong Lee, que compartilha toda a sua experiência no blog que assina (leeahistoriadeumaguerreira. blogspot.com.br). A mastologista do HCP Denise Sobral ressalta que atitudes como a de Guiong Lee são fundamentais para enfrentar um tumor que muita gente enxerga como ameaça à essência da feminilidade. “Atividades como essa ajudam a aumentar a autoestima e a segurança da mulher que enfrenta o câncer de mama”, acredita a médica, que também aplaude as atividades da Rede Feminina Estadual de Combate ao Câncer de Pernambuco – instituição filantrópica de apoio aos pacientes do HCP. A entidade desenvolve ações educacionais e recreativas, além de atividades de lazer e integração social.

q Mais na web Aprenda a amarrar lenços no www.jconline.com.br/cidades

Vacina e soro antirrábicos em falta Guga Matos/JC Imagem

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Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) formalizou, ontem, denúncia no Ministério Público Federal (MPF) contra o suposto desabastecimento, nos postos de saúde do Recife, da vacina e do soro antirrábicos usados na prevenção e combate ao vírus da raiva. De acordo com o órgão, o Ministério da Saúde reduziu o repasse dos imunobiológicos antirrábicos para o Estado. A medicação enviada seria insuficiente para suprir a demanda. No Recife, o número que era de 3.000 doses por mês, foi reduzido para 900 em outubro. O Cremepe afirma que essa remessa é apenas suficiente para um mês de vacinação no Recife, cujo estoque está zerado. Ainda segundo o conselho, o problema ocorre em todo o Estado, com maior reflexo na capital por causa da demanda de pacientes provenientes de outras cidades. “A insegurança e a preocupação dos profissionais em relação à quantidade do medicamento disponível foi o que nos motivou a fazer a denúncia”, afirma o presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues. O soro e a vacina antirrábi-

PREVENÇÃO Em Pernambuco, aproximadamente 1,2 milhão de animais devem ser imunizados cos são as únicas maneiras de prevenir a raiva, considerada uma doença fatal e com poucas chances de cura. As vacinas para prevenir a raiva são ministradas, geralmente, em 5 doses em um prazo de 28 dias. Já o soro deve ser ministrado no dia do possível contato com o vírus. Por causa da redução, os médicos foram informados pela Secretaria de Saúde do Recife que, em caso de necessidade de uso do soro, eles de-

vem preencher uma ficha do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan) e encaminhá-la para a enfermeira de plantão, no entanto, o soro só deve ser administrado com a autorização do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Estado. “Esse processo demora uns dois dias. O medicamento deve ser administrado imediatamente, no dia do contato com o vírus. Quanto maior o tempo de espera, mais aumenta o

risco para o paciente”, esclarece Rodrigues. Procuradas pela reportagem, as Secretarias de Saúde do Estado e do Recife confirmaram que houve redução no envio dos imunobiológicos antirrábicos para Pernambuco, mas afirmaram que a responsabilidade sobre essa questão é do Ministério da Saúde. Até as 18h de ontem, o Ministério da Saúde não havia informado o que motivou a redução.

Imunização de cães e gatos ocorre amanhã Donos de animais de estimação devem ficar atentos à Campanha Nacional de Vacinação Antirrábica Canina e Felina, que acontece amanhã em todo o País. Em Pernambuco, cerca de 1,2 milhão de animais, entre cães e gatos, devem ser imunizados. A vacinação será oferecida em 7.350 postos de saúde no Estado. A ação é realizada pelas prefeituras dos municípios em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES). O objetivo da campanha é diminuir os casos de raiva, uma doença viral e infecciosa que ataca o sistema nervoso central do portador, causando convulsões e que pode levar à morte. A raiva pode ser transmitida por mamíferos, tanto de animal para animal quanto para o ser humano pela saliva. A transmissão do vírus pode ocorrer por meio de mordida, arranhão e lambedura de qualquer animal infectado. Por

isso, os bichos domésticos devem ser vacinados periodicamente para evitar transmissão para seres humanos. A expectativa é que 890 mil cães e 386 mil gatos sejam vacinado em Pernambuco durante este sábado, das 8h às 17h. De acordo com a SES, o último caso de raiva humana registrado no Estado ocorreu em 2008, no município de Floresta, no Sertão do São Francisco. A doença foi transmitida através da mordida de um morcego contaminado. O jovem de 21 anos contaminado pelo vírus conseguiu sobreviver e é considerado o primeiro caso de cura de raiva humana no Brasil e o terceiro no mundo. Ainda segundo a secretaria, os casos da doença vêm decrescendo em Pernambuco. Em 2012, foram feitos dois registros de raiva canina. Já em 2013 não houve nenhuma ocorrência, a exemplo deste ano.


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