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DIARIO d e P E R N A M B U C O

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Recife, QUA - 13/08/2014

Associação lança cartilha que trata de erro médico

diario urbano por jaílson da paz

jailsonpaz.pe@ dabr.com.br

A força da lei

Publicação com 500 exemplares traz orientações para pacientes e parentes de vítimas de imprudência e imperícia

Tudo teria sido solucionado ou estaria a caminho, quando o assunto é prédio-caixão na Região Metropolitana do Recife, se as empresas e governos com responsabilidades sobre o assunto tivessem assumido cada um a sua parte. A história indica, ao contrário, ter se estabelecido um jogo de empurraempurra nos últimos 15 anos, a contar do desabamento do Edifício Éricka, em Olinda. Isso teria importância relativa se não estivessem em perigo centenas de pessoas no Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Camaragibe. Na audiência de ontem, na Justiça Federal, os números apresentados reforçaram o tamanho do risco de se morar em qualquer um dos 215 prédios em situação alarmante, sendo 98,14% em iminência de desabar. Os dados dispensam as justificativas dos envolvidos no assunto para deixarem de agir. Diante de uma tragédia, que felizmente não ocorreu, o mínimo a pesar sobre os municípios, o estado, as construtoras e a Caixa Econômica Federal seria a pecha de omissão. Foi necessário a intervenção da Justiça para que a omissão comece a ceder espaço para a ação. É o peso da lei sobre entes acostumados a reclamar da falta de recursos financeiros, como se os cifrões estivessem acima de vidas.

A

Corridas, carros de som… À espera da prefeitura, os moradores da Rua da Aurora decidiram fazer um abaixo-assinado para que se discipline o uso de carros de som na área. Nos últimos domingos, esses veículos perturbam o sossego dos moradores. Basta o dia amanhecer que lá estão os carros com os sons nas alturas.

… e barulho na Aurora O torturante é que os carros de som, contratados por organizadores de corridas, não acompanham os atletas nos percursos das disputas. Eles ficam ligados por uma, duas ou mais horas na rua, repetindo a lista dos organizadores e das empresas patrocinadoras. A trilha sonora é um capítulo à parte.

Mudança na Fundaj Antes temor, a mudança de perfil da Fundaj está a um passo de se tornar realidade, para tristeza de dezenas de pesquisadores. O Plano de Desenvolvimento Institucional foi apresentado aos funcionários e prioriza as áreas de educação e cultura, deixando de lado ciência e tecnologia, economia e meio ambiente.

Tempo de espera Pacientes do Hospital de Câncer de Pernambuco sofrem para ser incluídos no tratamento de fisioterapia. A espera para o início das sessões demora meses, como a de uma senhora submetida recentemente às retiradas da mama e dos gânglios da axila. A vaga disponibilizada para a senhora será em dezembro.

GUILHERME VERISSIMO/ESP DP/DA PRESS

JOAO CARLOS LACERDA/DP/D.A PRESS

Só fachada

Quase 40 anos separam essas imagens de um dos conjuntos arquitetônicos mais importantes do Bairro do Recife. A antiga mostra o imóvel em decadência e clarifica a dúvida de muitos: o nome do prédio é Chantecler e não Chanteclair. No registro recente, a fachada está limpa, mas nada foi feito no interior.

GUILHERME VERISSIMO/ESP DP/DA PRESS

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os 47 anos, a engenheira elétrica e agrônoma Urbânia Carvalho tinha saúde invejável. A cirurgia para a retirada de um mioma, em outubro do ano passado, não preocupava os familiares. Quando deveria receber alta, porém, a paciente, mãe de dois filhos, precisou voltar para o centro cirúrgico. Durante o primeiro procedimento, ela teve o intestino perfurado. O quadro clínico se agravou e, após 60 dias, a engenheira morreu em um hospital do Recife. A morte de Urbânia motivou a criação da primeira Associação das Vítimas de Erro Médico do Estado de Pernambuco (Asvem-PE). Ontem, para marcar o surgimento da entidade, os associados lançaram uma cartilha com orientações sobre erros médicos. Inicialmente, foram impressos 500 exemplares. O lançamento da cartilha Erro médico, não deixe passar em branco, denuncie aconteceu na Câmara Municipal de Olinda. As entidades médicas de Pernambuco, como o Conselho Regional de Medicina (Cremepe), não informam quantos médicos respondem por imprudência, imperícia ou negligência no estado. No Brasil, o número de profissionais que respondem da Justiça por erro cresceu nos últimos anos. Subiu de 4 para 7%, ou seja, 28 mil médicos, o total de processados no país entre 2000 e 2012, de acordo com um levantamento feito

Urbaneide, irmã de paciente que morreu, reclama de excesso de burocracia

+ saibamais

Sugestões preventivas da cartilha Erro médico, não deixe passar em branco:

Participe ativamente de todas as etapas do tratamento

Peça informações sobre a finalidade de cada medicação, o tempo de uso e horários

Após um diagnóstico, procure uma segunda opinião

Ao receber alta hospitalar, solicite explicação sobre os próximos passos do tratamento

Certifique-se de que seu médico ouviu tudo que você relatou, com relação à alimentação e aos medicamentos, por exemplo

Certifique-se de que todos os médicos envolvidos em seu tratamento têm informações sobre o seu estado de saúde

Nunca deixe de informar a seu médico sobre alergias e efeitos colaterais de medicamentos utilizados

Indique um familiar ou pessoa de confiança para conversar com os médicos e ter acesso ao seu prontuário

Leia com atenção a prescrição médica e verifique se ela está legível

Leia atenciosamente os dados da internação e os termos de responsabilidade

Fonte: Associação das Vítimas de Erro Médico do Estado de Pernambuco (Asvem-PE)

pelo advogado Raul Canal, especialista em direito médico. Para a pedagoga Urbaneide Beltrão, 55, irmã de Urbânia, além da dor por perder um parente, os familiares de vítimas de erro médico enfrentam muita burocracia. “Além de promover um trabalho

PACIENTE DO HR

Suspeita de caso do mal da vaca louca Um motorista de 49 anos foi enterrado ontem, no Barro, sem que a família soubesse a causa da morte. Entre as suspeitas está a doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), o mal da vaca louca. O exame para determinar a causa não foi feito porque o tempo de 72 horas para retirada de amostra do cérebro expirou. Diante da dúvida, a Secretaria Estadual de Saúde recomendou aos parentes que o corpo fosse enterrado em saco selado e não fosse exumado por três anos. Internado em 14 de maio no Hospital da Restauração, o paciente morreu quinta-feira com infecção no cérebro. Segundo a família, ele deu entrada com tremores, sem falar, e com comportamento agressivo, quadro semelhante à DCJ.

Um exame com líquido do cérebro, feito em São Paulo, deu resultado negativo, mas não conclusivo, segundo a SES. A pasta informou que só a análise do cérebro seria determinante, mas destacou que a chance de DCJ é mínima porque não há registro de carne contaminada no país e o paciente não viajou. A SES acrescentou que como havia suspeita de envenenamento, relatada por parentes, o corpo foi levado ao IML, que não tem estrutura para retirar a amostra do cérebro. A secretaria tentou levar o corpo ao Serviço de Verificação de Óbito, mas o prazo expirou. A Secretaria de Defesa Social informou que foi instaurado inquérito para apurar a suspeita de envenenamento.

educativo que vamos realizar com panflet panf letagem e caminhadas, a associação orienta as vítimas de erro médico com relação aos seus direitos”, pontuou. Cerca de 100 pessoas, da Região Metropolitana do Recife, já estão associadas. As his-

tórias dos pacientes são contadas no blog (www.asvempe.blogspot.com.br) da AsvemPE, onde há um link para uma petição criada pela entidade. “Lutamos pela criação de uma vara judicial especializada em ações relacionadas à saúde”, explicou Urbaneide.

+ adoença A Doença de CreutzfeldtJakob (DCJ) afeta o sistema nervoso central e se manifesta de várias formas clínicas

Os sintomas mais frequentes são demência rapidamente progressiva associada a tremores musculares de extremidades

Uma teoria de grande aceitação na comunidade científica é que o agente causador da DCJ não é um vírus ou qualquer organismo conhecido, mas sim um novo agente, recentemente descoberto

Ela acomete homens e animais

O príon é uma partícula proteinácea com capacidade infectante. A DCJ pode ser classificada em três tipos: a DCJ esporádica (85% dos casos), DCJ genética e a DCJ infecciosa (variante da DCJ)

O termo mal da vaca louca, como a doença é conhecida foi utilizado, em 1996, no Reino Unido, com o surgimento de casos humanos associados ao consumo de carne de gado. Nenhum caso dessa variante foi notificado no Brasil Fonte: Secretaria Estadual de Saúde


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