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GUILHERME VERISSIMO/ESP DP/DA PRESS

Recife, SÁB - 06/09/2014

Coqueluche avança em Pernambuco De janeiro a julho de 2013, 78 pessoas contraíram a doença no estado. Este ano, no mesmo período, o número de casos saltou para 232 ALICE DE SOUZA alicesouza.pe@dabr.com.br

ebre, coriza, espirros e tosse. É normal associar esses sintomas a gripe ou virose, mas eles podem estar ligados a outra doença contagiosa: a coqueluche, também conhecida como tosse comprida. O número de casos confirmados em Pernambuco triplicou entre janeiro e julho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

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Oito pessoas morreram, quatro vezes mais que em 2013. No ano passado foram confirmados 78 casos de 1º de janeiro a 21 de julho. Em 2014, o número foi de 232, com 775 casos notificados no mesmo período. Transmitida pela bactéria Bordetella pertussis, a coqueluche pode causar complicações pulmonares, neurológicas, hemorrágicas e desidratação, principalmente em crianças e idosos. O crescimento vem desde 2010 nos Estados Unidos e Europa. No Brasil, começou em 2011. Segundo pesquisadora da Universidade de Pernambuco e pediatra infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, Analíria Pimentel, ainda não foi identificada a causa do que ela

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Mesmo que a mãe tenha se vacinado quando criança, a cobertura não é suficiente para a vida toda” Ana Antunes, coordenadora de vigilãncia epidemiológica

Gilvanete levou a filha a UPAs e policlínicas cinco vezes antes de o problema ser detectado classifica como “surto”. A situação é preocupante sobretudo no Recife, que teve 162 casos confirmados neste ano. No ano passado, entre janeiro e julho foram registrados 30 casos na cidade. Ou seja, houve aumento de mais de 440%. Em 2012 houve 59 casos no mesmo período. “O que falta é notificação e diagnóstico precoce”, explica

Analíria, que pesquisou o diagóstico da coqueluche em policlínicas do Recife. “Ainda se pensa que é doença de criança. Nem os médicos a identificam na primeira consulta.” Depois de visitar unidades nos seis distritos sanitários da cidade, a médica identificou que 5% dos moradores apresentavam características da doença, mas não foram

Crianças são as maiores vítimas Em crianças recém-nascidas, a doença pode gerar da falta de ar até a morte. Esse grupo é o mais acometido em Pernambuco. Dos 232 casos confirmados neste ano, 130 estão na faixa etária de até 4 meses de idade. “Se a gestante tiver contato com a doença no último trimestre da gravidez, pode contaminar o bebê. Estamos pedindo aos médicos maior atenção para pessoas com tosse prolongada, independentemente da idade”, afirmou Analíria Pimentel. Enquanto 5% dos adultos doentes se internam, a taxa sobe para 95% em crianças. Foi o que aconteceu com Alana Pereira, de 1 mês e 20 dias. “Desde que ela nasceu, começou a tossir e ficar roxa. Fui cinco vezes a policlínicas e UPAs até identificarem o que era”, contou a mãe, Gilvanete Andrade, 36. A vacina só é oferecida pelo SUS para crianças. As doses são dadas a partir do segundo mês de vida, com reforços posteriores. O último acontece entre os 4 e 6 anos. A cobertura vacinal em Pernambuco é considerada alta. Só no Recife, 95% dos menores de um ano são vacinados. O Ministério da Saúde garantiu que, até o fim do ano, o sistema público irá oferecer também a vacinação para grávidas, fundamental para conter o avanço da moléstia. “Mesmo que a mãe tenha se vacinado quando criança, a cobertura não dura para a vida toda. Vacinando as mães, amenizamos o risco de transmissão”, ressaltou a coordenadora das doenças imunopreviníveis da vigilância epidemiológica do estado, Ana Antunes.

diagnosticados. Os dados da pesquisa ela apresentará na terça-feira, no Espírito Santo, durante o 9º Congresso Brasileiro de Epidemiologia. A Secretaria Estadual de Saúde credita o aumento ao desenvolvimento cíclico da doença. “Desde 2007, e especialmente a partir de 2011, quando informamos à rede que temos subnotificação,

houve o crescimento”, disse a coordenadora de Doenças Imunopreviníveis da Vigilância Epidemiológica da SES, Ana Antunes. “O Ministério da Saúde ampliou a definição de casos suspeitos e confirmados. Isso contribuiu nessas estatísticas”, garante Ana Antunes. Ela afirma que a SES têm feito ações constantes de profilaxia.

+ saibamais oqueluche é uma doença ontagiosa aguda do trato atório, transmitida pela actéria Bordetella pertussis

nsmissão e pelo contato direto com o e ou pela saliva (conversas, o e tosse) Nas crianças e nos idosos, ela pode evoluir com omplicações neurológicas, hemorrágicas e pulmonares

RAFAEL/DP

Pernambuco casos notificados como suspeitos

casos confirmados

775 232 361 78 Janeiro a Julho

3 vezes mais casos confirmados neste ano 2014

8 óbitos confirmados por coqueluche * 2013

2 óbitos *4 vezes mais óbitos neste ano

Sintomas ■ O período de incubação varia entre 7 e 17 dias ■ Os sintomas duram cerca de 6 semanas e podem ser divididos

em três estágios consecutivos 1 - estágio catarral (uma ou duas semanas) febre baixa, coriza, espirros, lacrimejamento, falta de apetite, mal-estar, tosse noturna, sintomas que podem ser confundidos com os da gripe e resfriados comuns 2 - estágio paroxístico (duas semanas) acessos de tosse. De início repentino, esses episódios são breves, mas ocorrem sucessivamente sem que o doente tenha condições de respirar entre eles. Os períodos de falta de ar e o esforço para tossir deixam a face azulada (cianose) e podem provocar vômitos 3 - estágio de convalescença em geral, a partir da quarta semana, os sintomas vão regredindo até desaparecerem completamente

Fonte: Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Analíria Pimentel e DrauzioVarella.com.br


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