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DIARIO d e P E R N A M B U C O

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Recife, QUI - 30/10/2014

EXCLUSIVABR/DIVULGAÇÃO

Pesquisa genealógica do cearense Cândido Pinheiro aponta curiosidades sobre origens da população, que serão lançadas em 10 volumes

Autor conta conta que estudo studoss for foram am feito eitoss ao longo de duas décadas: décadas: “Queria conhec conhecer er minha origem” origem”

FELLIPE TORRES fellipetorres.pe@dabr.com.br

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costumado a trabalhar mais de 15 horas por dia, o médico cearense Cândido Pinheiro Koren de Lima não soube como ocupar o tempo livre quando, há duas décadas, passou a ter espaços em branco na agenda. Não suportava televisão. Um dia, ganhou de presente uma versão xerocada de Nobiliarquia Pernambucana (1748), a mais importante obra de estudo das origens do povo nordestino, escrita por Antônio Borges da Fonseca. Assim, começou uma paixão pelo tema e um intenso trabalho de pesquisa, cuja dedicação durou 20 anos e deu origem a dez livros, três deles já publicados. “O primeiro impulso foi a vontade pessoal de descobrir minha origem. orig Mas foram tantos os achados e tão interessantes, que não pu-

Nordeste de sangue judeu

TRÊS LIVROS DA COLEÇÃO BORGES DA FONSECA JÁ CHEGARAM ÀS LIVRARIAS

ro, ele repete aquilo que o projeto genoma fez, mas utilizando a genealogia como arma. Entre as descobertas, a de que 97% da população nordestina têm sangue judeu, do negro muçulmano da África do Norte e muçulmano semita. “Nós trazemos um caldo cultural em decorrência de nossa

de guardar só para mim. A quilo servia para todo o Nordeste”, disse, ontem, em palestra na Academia Pernambucana de Medicina, no Derby. O estudo buscou responder perguntas básicas a respeito da população: quem somos, de onde viemos, como somos. Segundo Cândido Pinhei-

A extensividade da presença judaica no Nordeste é surpreendente, pois se vê dentro da cultura açucareira muitos judeus, inclusive cristãos novos. É muito difícil se falar em famílias nordestinas de ‘sangue puro’, pois aqui sempre esteve presente a

interculturalidade. A comunidade judaica é exemplo de valorização ancestral. Toda a história do povo é baseada na cultura oral, com adultos transmitindo as tradições religiosas para os jovens, e também há a preocupação com a ancestralidade. Por isso, judeus convertidos reforçaram muito os estudos genealógicos, na tentativa de comprovar as próprias raízes familiares. Alguns desses documentos fazem parte do acervo do Arquivo Historico Judaico de Pernambuco, que pode ser consultado pela população”. Tânia Kaufman, historiadora especialista em cultura judaica

origem. A influência ibérica é fortíssima, com Portugal e Espanha, mas em algum momento adicionamos a isso uma cultura indígena muito forte”. A Coleção Borges da Fonseca – batizada em homenagem ao pioneiro nessa área de estudo – publicou até agora os três primeiros volumes: Al-

PAINTING-HERE.COM/REPRODUCAO DA INTERNET

buquerque: A herança de Jerôni-mo, o Torto, Os Liras – O nome e o sangue – uma charada fami-liar no Pernambuco Colonial e Simões Colaço. A viabilização do projeto foi via Lei Rouanet (Ministério da Cultura) e se baseou em documentos históricos da Fundação Gilberto Freyre e da Fundação Joaquim Nabuco.

Jerônimo (no cavalo branco): “Adão pernambucano”

+ ancestral S E R V I Ç O Albuquerque: A herança de Jerônimo, o Torto (654 páginas, R$ 45); Os Liras – O nome e o sangue – uma charada familiar no Pernambuco Colonial (610 páginas, R$ 80); Simões Colaço (458 páginas, R$ 45). Editora: Fundação Gilberto Freyre

Jerônimo de Albuquerque – Conhecido como “Adão pernambucano”, chegou ao estado com Duarte Coelho e teve 36 filhos, o que permeou seu sangue por provavelmente todo o Nordeste. Segundo Cândido Pinheiro Koren de Lima, ele trouxe sangue judeu, muçulmano semita e muçulmano negro da África do Norte. “Vinte e quatro desses filhos ele teve com mulheres indígenas. Assim, a descendência indígena é muito mais importante do que a branca. Falar de Jerônimo de Albuquerque é falar da fundação de Pernambuco”, aponta Cândido Pinheiro.

CURTAS JANELA

SUPERFILMES/DIVULGAÇÃO

ESTREIAS

UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO

LANÇAMENTO

A nova obra de Irandhir

Um Tim nunca mostrado

Assombrações reunidas

O curta pernambucano João Heleno dos Brito, dirigido por Neco Tabosa, reconstitui uma confusão que ocorreu em Caruaru por causa da morte de John Lennon (dos Beatles). O filme é exibido hoje, às 16h45, no São Luiz, no Janela Internacional. Ainda no festival, o premiado Loja de répteis (PE), de Pedro Severien, às 16h, na Fundação. Outros destaques

Três filmes entram em cartaz no circuito de cinemas hoje. Baseado no livro de Nicholas Sparks, O melhor de mim retrata o reencontro de um casal que passou 20 anos separado. James Marsdenestá no elenco. Em O último concerto (no Moviemax Rosa e Silva), Christopher Walken e Philip Seymour Hoffman interpretam músicos de um quarteto de

Quarenta e seis autores narram mitos da cultura popular na coletânea Lendas do Nordeste (Nova Presença, 174 páginas), organizada pelas escritoras Bartyra Soares, Lourdes Nicácio e Raphaela Nicácio. Nas histórias, lugares supostamente mal-assombrados, como a Praça Chora Menino, no Centro do Recife, além de figuras do imaginário,

de hoje são os longas paulistas Obra (com Irandhir Santos, foto) e Sinfonia da necrópole, além do carioca Casa grande. Veja a programação completa e acompanhe a cobertura no blog: diariode.pe/janela.

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cordas no fim da carreira. A terceira estreia é o longa-metragem nacional Tim Maia (foto), adaptação do livro de Nelson Motta que retrata a carreira de um dos maiores nomes da música brasileira.

NOVA PRESENCA/DIVULGAÇÃO

como o Papa-Figo, Curupira, Mãe D’Água, Comadre Florzinha e Zé Rapadura. O lançamento será hoje, às 19h, na Academia Pernambucana de Letras (Av. Rui Barbosa, 1596, Graças).


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