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Recife I 5 de novembro de 2014 I quarta-feira

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No quarto dia da série Novembro Azul, iniciada no dia 1º de novembro sobre câncer de próstata, o Jornal do Commercio traz informações sobre os tratamentos disponíveis. Na edição de amanhã, a reportagem focará nos preconceitos em relação a exames de diagnóstico e também sobre mitos em torno da doença.

“O

diagnóstico do câncer de próstata não é uma sentença de morte.” As palavras são do chefe do Serviço de Oncologia do Hospital das Clínicas, Luiz Alberto Mattos, por saber que as chances de cura da doença são reais, desde que diagnosticada em estágios precoces, e que a medicina evoluiu muito no tratamento do câncer de próstata. “Nos casos diagnosticados com mestástases, isto é, com presença de células tumorais em outros órgãos como, por exemplo, nos ossos, a doença é dita incurável”, afirma. Apesar disso, a medicina dispõe de uma gama de estratégias que aumentam a sobrevida desses pacientes. Mais ainda: com dignidade. “Nesse estágio, priorizamos a qualidade de vida, com o controle da doença e dos sintomas associados.” Vigilância ativa, cirurgia, braquiterapia, radioterapia, quimioterapia e terapia hormonal são alguns dos tratamentos disponíveis para a cura ou controle do câncer de próstata. Cada um é recomendado a depender do paciente e do estágio da doença, levando-se em conta idade, tamanho do tumor, se há metástase, expectativa de vida e consequências do tratamento. “Na doença localizada, restrita à próstata, dependendo dos fatores como tamanho do tumor, grau de agressividade da célula tumoral ou do nível do PSA (antígeno prostático específico), pode-se utilizar a cirurgia isolada ou radioterapia. E, em alguns casos, é feita a administração de bloqueadores hormonais para diminuir a chance do retor-

Fotos: Bernardo Soares/JC Imagem

Chances de cura da doença são reais

FRAGA Busca pela precisão

Em casos de complicações há tratamento

OTIMISMO Luiz Alberto Mattos diz que há novas drogas combinadas ao arsenal terapêutico

no da doença”, explica Mattos. Nos casos mais avançados, de acordo com o oncologista, fazse uso de algumas formas de bloqueio hormonal e, quando ele não mais funcionar, o tratamento quimioterápico é iniciado por via oral ou venosa. “Nos últimos anos, temos visto a incorporação de novas drogas ao arsenal terapêutico com resultados animadores no controle da doença.” Ele citou a enzalutamida, ainda não está disponível no Brasil, pois se encontra em processo de registro junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “É uma droga oral e que bloqueia a capacidade das células cancerígenas de se ligarem à testosterona, que serve como um alimento para o tumor. Esse medicamento tem sido considerado por alguns como um divisor de águas no tratamento do câncer de próstata. Aguardamos com muita ansiedade a sua liberação no Brasil”, conta.

REINCIDÊNCIA

A recidiva em taxa maior ou menor varia de acordo com fatores avaliados quando do diagnóstico da doença. De um modo geral, é comum. Para evitá-la os especialistas aconselham que o paciente faça o tratamento correto, mantenha um acompanhamento periódico com seu urologista e oncologista, mesmo na ausência de sintomas. “Nos casos de chance de reincidência elevada, podemos utilizar a hormonioterapia como estratégia de prevenção por uma média de três anos”, tranquilizou Mattos, demonstrando as inúmeras possibilidades de tratamento.

q Mais na web Veja vídeo sobre diagnóstico e a importância da ida ao urologista com o médico Fábio Vilar no site http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/novembroazul

A prostatectomia radical é uma cirurgia para retirada da próstata – ela pode ser realizada por via aberta, laparoscópica ou robótica. Esta última modalidade do procedimento não está disponível no Estado, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia Seccional Pernambuco, Clovis Fraga. “A cirurgia radical consiste na retirada de toda a próstata, das vesículas seminais e um segmento dos canais deferentes. Todos estes três tipos de procedimentos possuem a mesma taxa de cura oncológica, e o índices de complicações são semelhantes.” Em relação às principais complicações da cirurgia de próstata está a incontinência urinária e a impotência sexual. Fraga ressalta que é importante que as pessoas saibam que, caso essas complicações apareçam, há tratamento. “O principal objetivo ao descobrir o câncer de próstata precocemente é conseguirmos fazer um tratamento eficaz. E, na presença de complicações, temos como acompanhar e tratar da melhor forma possível.” O paciente que não recupera imediatamente a continência pode começar a fazer fisioterapia no assoalho pélvico. “Dentro de três meses, a maioria já deve estar recuperada. Em último caso pode-se também fazer uma cirurgia para colocação de um esfíncter artificial para controlar a incontinência.” A taxa desse tipo de complicação é de apenas 3%. Já sobre a disfunção erétil ela atinge de 40 a 50%, sem levar em consideração o estágio da doença, da população masculina após a cirurgia. “A disfunção pode ser em diferentes níveis, de leve a total. Dependendo da situação, é feito o tratamento à base de medicamentos. Noutros casos, quando a medicação não funciona, o paciente é um candidato à colocação da prótese peniana.”


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